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Moarah Brito | FASAI | 5º período Osteomielite . Introdução ➔ Processo inflamatório que afeta qualquer parte dos ossos, causando destruição ➔ Causado por microrganismos infecciosos ➔ Infecção com rápida propagação, podendo comprometer a vida do paciente ➔ A destruição óssea causada pela necrose tende à cronificação se não for tratada ➔ Eficientes métodos de exames complementares e antibióticos já estão disponíveis, porém, ainda é comum diagnósticos errados ➔ Leva a sequelas permanentes, podendo comprometer a vida escolar, social e esportiva Classificação ➔ Osteomielite aguda→ ◆ Processo inflamatório que evolui num período geralmente de 4-6 semanas ◆ Forma mais comum de infecção óssea ◆ Em alguns casos, são detectados focos infecciosos à distância, como dentários, respiratórios, cutâneos, ferimentos e escoriações ➔ Osteomielite crônica → ◆ Infecção longa, num período de meses ou, mais raramente, anos ◆ Ocorre quando a abordagem terapêutica da fase aguda é iniciada com atraso, ou na falta de tratamento ◆ A cronificação leva a uma grande quantidade de tecido necrosado e sequestro ósseo, que pode comprometer todo o osso (osteomielite pandiafisária) Fisiopatologia ➔ Patógenos mais comumente encontrados ◆ 1: Staphylococcus aureus ◆ 2: Estreptococos ➔ Em infecções do pé em diabéticos, os mais comumente envolvidos são ◆ Microrganismos aeróbicos ● Staphylococcus aureus ● Staphylococcus epidermidis ● Enterococos ● Outros Estreptococos ● Corynebacterium sp. ◆ Microrganismos anaeróbios ● Peptostreptococcus sp ➔ Na osteomielite secundária com ferimento no pé, a Pseudomonas aeruginosa é identificada e frequentemente se associa ao uso de tênis ➔ Se associa à doença falciforme → Salmonella ➔ Outras causas mais raras incluem ◆ Vários fungos; Micobactérias; Brucela; Actinomicetos; Parasitas ➔ A disseminação hematogênica, especialmente em crianças e em idosos, é o mecanismo mais comumente associado à infecção óssea ➔ Embora também sejam reconhecidos ◆ Traumatismos ◆ Cirurgias ◆ Implantes ➔ O paciente diabético tem um risco aumentado de osteomielite, secundariamente às ◆ Consequências metabólicas da doença Moarah Brito | FASAI | 5º período ◆ Isquemia dos ossos e tecidos moles ◆ Presença de neuropatias motoras, sensoriais e autonômicas periféricas Fatores de risco ➔ Vários fatores, tanto extracelulares como celulares, elaborados pelos microrganismos patogênicos contribuem muito para sua virulência ➔ Os fatores que promovem a aderência (adesinas - estrutura de superfície) a proteínas da matriz extracelular desempenham um papel-chave no desencadeamento da osteomielite ➔ Outros fatores promovem a resistência a mecanismos de defesa do hospedeiro (proteína A, toxinas e polissacarídeos capsulares) ➔ Enquanto exotoxinas atacam células do hospedeiro ou degradam componentes da matriz extracelular para promover a invasão ou a penetração dos tecidos pelos microrganismos ➔ Além disso, as cepas de S. aureus possuem outros fatores de virulência, incluindo fatores que promovem sua captação por endocitose por células epiteliais ou endoteliais ➔ Uma vez no interior da célula, essas bactérias podem permanecer em um estado metabolicamente alterado e podem até alterar sua morfologia, para as assim chamadas variantes de pequenas colônias, o que pode explicar sua persistência nos ossos ➔ Estafilococos e alguns organismos Gram-negativos podem, também, formar biopelículas, que são difíceis de serem tratadas com drogas antimicrobianas ➔ Essa resistência das biopelículas é mediada por vários fatores, incluindo ◆ Baixas taxas metabólicas ◆ Respostas adaptativas ao estresse ◆ Taxas sub-reguladas de divisão celular dos micróbios profundamente incrustados ➔ Finalmente, a reabsorção e a necrose do osso são uma consequência direta da liberação de mediadores inflamatórios, como ◆ Prostaglandinas ◆ Fatores de crescimento ◆ Citocinas, como a TNF-alfa ◆ Monócitos ◆ Osteoclastos Patologia ➔ O processo inflamatório nos ossos é influenciado por ◆ Microrganismos presentes ◆ Natureza do infiltrado celular que ocasiona liberação de mediadores inflamatórios ◆ Natureza rígida do osso ➔ Na osteomielite hematogênica aguda, em geral existe um foco infeccioso responsável por bactérias circulantes ou bacteremia silenciosa ➔ A região metafisária de ossos longos é especialmente mais vascularizada, por tratar-se de uma zona de crescimento ➔ Há circulação capilar término-terminal, em que os pequenos êmbolos bacterianos não prosseguem na circulação, ocasionando o foco infeccioso inicial ➔ Neste momento, é formado a osteomielite Moarah Brito | FASAI | 5º período ➔ Após, desenvolve-se reação inflamatória local, com formação de exsudato e infiltração intersticial ➔ O aumento da pressão intra-óssea resultante determina a área de isquemia e posterior necrose óssea, formando o abscesso intra-ósseo ➔ Concomitante com todo esse processo inicial de instalação bacteriana no osso, ocorre também o início dos mecanismos de defesa do paciente, com aporte de leucócitos polimorfonucleares, que tentam impedir a proliferação bacteriana ➔ Essa fase dura cerca de 48 horas, e, até esse momento, no qual ainda não se deu necrose óssea, a antibioticoterapia pode ser eficiente ➔ Após o edema local, com isquemia e subsequente surgimento de tecidos necrosados, forma-se o abscesso ósseo ➔ O pus infiltra-se pelos canais de Havers e Volkmann, inicialmente na região metafisária, seguindo, depois, para o canal medular e espaço subperiosteal ➔ Sem a drenagem cirúrgica, o pus descola o periósteo (camada de tecido conjuntivo que envolve o osso), ocasionando mais necrose tecidual e invade partes moles, produzindo, às vezes, fístula para o exterior ➔ O descolamento do periósteo determina uma reação de neoformação óssea, a qual, como achado radiográfico, corresponde à periostite ➔ A pressão intraóssea aumentada, somada à isquemia determinada pelo periósteo, resulta em fragmento ósseo de tamanho variado, que sofre necrose ➔ Surge, então, o sequestro ósseo ➔ Toda essa evolução dura dias ou semanas ➔ O momento exato da transição da fase aguda para a crônica ocorre a partir da formação do osso necrosado por isquemia ➔ Na prática, é difícil determinar com exatidão quando ocorre. Alguns autores consideram 48 horas ➔ O importante é que o diagnóstico e o tratamento sejam realizados antes de surgir necrose óssea e invasão periosteal Moarah Brito | FASAI | 5º período ➔ Em geral, a invasão do osso ocorre da região metafisária para o canal medular e diáfise ➔ A placa epifisária funciona como barreira, impedindo a invasão na epífise ➔ No entanto, em articulações como coxofemoral, a glenoumeral e tibiotarsal, a localização intra-articular da dise pode resultar em espaço livre para a coleção purulenta invadir essas cavidades ➔ Em tais situações, ocorre também a artrite séptica ➔ O inverso também pode ser observado, ou seja, a artrite séptica pode ocasionar osteomielite metafisária e, posteriormente, diafisária ➔ Em alguns casos, torna-se difícil estabelecer qual condição iniciou o processo Diagnóstico Diagnóstico clínico Dor ➔ Geralmente é a primeira queixa ➔ A dor é gerada pela hiperemia tecidual e pelo aumento de pressão intraóssea ➔ Apresenta-se com instalação aguda ➔ Aumento de intensidade com o passar das horas ➔ Não cede a analgésicos comuns, nem recrudesce em período curto ➔ Paciente torna-se inquieto, irritadiço, perde apetite e diminui atividades habituais ➔ Com evolução, é possível verificar sonolência e prostração Impotência funcional ➔ Surge na fase inicial ➔ Piora com evolução ➔ Quando ocorre edema e infiltração de partes moles, torna-se mais acentuada, impossibilitando o exame da articulação mais próxima e impedindo a realização de movimentos ativos e passivos ➔ A claudição é um fator constante quando o membro inferior estiver envolvido Edema ➔ Surge nos primeiros dias, acompanhando quadro de dor ➔ Inicialmente é leve e vai tornando-se mais volumoso Hiperemia ➔ Decorrente de reação inflamatória local ➔ Acompanha dore edema ➔ Em geral, existe aumento de calor local Hipertermia ➔ Geralmente acima de 39ºC ➔ Tende a ser constante com a evolução da bacteremia ou da septicemia ➔ Não cede com facilidade a antitérmicos usuais Obs: Em um paciente com quadro clínico sugestivo, recomenda-se internação hospitalar de urgência. Isso é justificado pelo fato de que a rapidez dos exames complementares estabelecerá de forma mais precoce, diagnóstico e tratamento rápidos Exames complementares Hemograma ➔ Leucocitose característica de infecção aguda nos primeiros dias ➔ Com uma semana, surge desvio à esquerda (aumento dos neutrófilos imaturos) ➔ Posteriormente, detecta-se anemia e baixa de hemoglobina Moarah Brito | FASAI | 5º período Velocidade de hemossedimentação ➔ Elevada desde o início, geralmente em valores superiores a 15mm na primeira hora ➔ Também é um dos critérios de cura quando normalizada Proteína C reativa (PCR) Hemocultura ➔ Pode ser utilizada como recurso auxiliar ➔ Na metade dos casos é positiva Cultura e antibiograma ➔ Método auxiliar que confirma diagnóstico etiológico ➔ Quando observado pus na seringa de coleta, está feito o diagnóstico de osteomielite Pesquisa do Gram ➔ Dar pista em relação à etiologia, podendo-se instituir tratamento antes do resultado da cultura e antibiograma Radiologia ➔ Nos primeiros 5-7 dias, não são detectadas alterações ósseas locais ➔ Podem ser observados edema de partes moles e infiltração local pelo exsudato e porose ou desmineralização óssea metafisária, seguida de necrose óssea ➔ Com o deslocamento do periósteo, haverá neoformação óssea, com o correspondente quadro radiológico de periostite característico dessa fase Ecografia ➔ Sua utilização, na osteomielite, recai na possibilidade de mostrar as infiltrações de partes moles e edema ➔ Auxiliar no diagnóstico diferencial com artrite séptica Cintilografia óssea ➔ Evidencia muito bem a área de hiperemia, onde o contraste tem captação maior ➔ Apesar de não ser um exame específico para o processo infeccioso, é de extrema utilidade no diagnóstico diferencial ➔ Existem marcadores ósseos específicos para infecção, como gadolínio Tomografia computadorizada ➔ Pouca utilizada para diagnóstico na fase aguda ➔ Mais indicada para localizar sequestros ósseos na osteomielite crônica ➔ Maior precisão que radiografia em casos de infecção em osso esponjoso (ilíaco e vértebras) Ressonância ➔ Não é exame de rotina ➔ Pode ser solicitada em casos de dúvida no diagnóstico e como diagnóstico diferencial ➔ A qualidade da imagem é excelente, principalmente para partes moles adjacentes ao osso Fontes: ➔ Cecil, 23ª edição ➔ Ortopedia e Traumatologia - Princípios e Práticas, 5ª edição
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