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1 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC HEMATOLOGIA JULIANA OLIVEIRA EOSINOFILIA DEFINIÇÃO Eosinofilia ≥ 500 eosinófilos/micro. ➔ E. Leve: 500 a 1500 ➔ E. Moderada: 1500 a 5000 ➔ E. Grave > 5000 Esses valores são importantes porquê, geralmente, as causas primárias de medula estão sempre acima de 5000, mas o mais importante em relação a numero é se o eosinófilo está ou não acima de 1500, porquê toda vez que se tem acima de 1500 tem-se uma hipereosinofilia. Sendo assim, hipereosinofilia ≥ 1500, pode haver ou não envolvimento de órgão alvo. Toda vez que for possível determinar uma causa para essa hipereosinofilia deve-se tentar colocar nos grandes grupos responsáveis pelas eosinofilias, no entanto, a causa pode ser indeterminada. O que fazer quando diante de uma hipereosinofilia? Primeiro devemos procurar por causas reacionais, visto que na maioria dos casos tem-se problemas secundário e a mínima parte dos casos serão problemas relacionados de fato à medula. Se essas causas reacionais estiverem positivas, devemos considerar como uma eosinofilia reacional e tratar a causa de base. Contudo, se não houver causa reacional, deve-se investigar a medula. As duas principais causas são as doenças alérgicas e as doenças infecciosas (países subdesenvolvidos). ➔ Doenças alérgicas: Pode ser desencadeada pelo uso de alguns medicamentos como cefalosporina, AINES e alopurinol, no entanto, a eosinofilia secundária ao uso de medicação tem uma relação temporal. ➔ Doenças infecciosas: É o mais comum no Brasil, principalmente por conta dos helmintos (strongyloides, toxocara, ancylostoma, filaria e schistossoma) todas são causas de eosinofilias. É importante em nosso meio fazer um teste terapêutico no paciente com um antiparasitário. Existem outras infecções p.ex pacientes muito imunossuprimidos neutropênicos prolongados, de modo que a aspergillu pode causar eosinofilia. Outras infecções como HTLV e até vírus HIV também podem ocasionar eosinofilia. ➔ Causas mais raras: Linfomas B ou T. Existem também tumores sólidos que também podem causar, principalmente o adenocarcinoma de TGI e pulmão. Nesse sentido, se o paciente tem tumores nessas regiões e tem eosinofilia, há uma tendência a se pensar que a principal causa são as tumorações. Qualquer coisa que infiltre órgãos como doenças reumatológicas, doenças inflamatórias intestinais podem levar a eosinofilia, bem como o hipoadrenalismo. Assim, é necessário bastante atenção ao dosar o eosinófilo desses pacientes. MECANISMOS DE EOSINOFILIA ➔ Policlonal: São várias células produzindo IL-5 e isso leva a produção de eosinófilos. Justificando as causas secundárias ou reacionais. ➔ Monoclonal: Nesse caso uma célula doente produz os eosinófilos exageradamente. Tem-se esse mecanismo quando os problemas estão relacionados com a medula óssea. p.ex. leucemia eosinofílica crônica. 2 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC HEMATOLOGIA JULIANA OLIVEIRA SÍNDROME HIPEREOSINOFÍLICA Consiste na presença de hiperosinofilia (> 1500) em, pelo menos, 2 medidas diferentes e é necessário que se tenha sinais de lesão em órgão-alvo. ➔ Subtipos: ▪ Mieloproliferativa ▪ Linfoproliferativa ▪ Familiar (cromossomo 5) ▪ Idiopática ▪ Sobreposição ▪ Secundária p.ex. pacientes com doenças oncológicas. Esse paciente precisa ser investigado! ABORDAGEM 1. É importante que a gente se questione: Essa eosinofilia é reacional? Existe uma causa que eu possa atribuir? 2. Há sinais de acometimento orgânico? Apresenta sinais de que necessita de internação? O paciente está clinicamente bem ou não? É necessário diferenciar o pcte em 4 grupos: - Eosinófilos normais há um mês e cursa com eosinófilos de 50 mil no momento atual. - Sinais de acometimento de órgãos alvos graves. - Eosinófilos muito elevados (> 100 mil). Cabe internamento! - Pcte com sinal de acometimento orgânico cursa com queixa de dispneia, diarreia, lesões na pele, mas não tem nenhuma apresentação que chame atenção, logo, é uma queixa crônica, assim, deve-se avaliar se o seguimento será ambulatorial ou se cabe internamento. 3. Achado incidental em indivíduo saudável → reavaliação a cada 6 meses. Atenção! Primeira coisa: Existe causa para essa eosinofilia? Segunda coisa: Como manejar esse paciente de acordo com a clínica dele? Desse modo, nos pacientes que cursam com uma instalação muito aguda ou que requerem hospitalização, devemos internar o paciente e pesquisar para saber qual o órgão acometido. P.ex. Se o paciente tem dispneia devemos solicitar ECG, troponina, tomografia de tórax e gasometria, direcionando a investigação da lesão de órgão alvo para os sintomas do paciente. Nos pacientes que estiverem muito graves, pode-se fazer uso de corticoide, para diminuir a quantidade de eosinófilos, mas SEMPRE esses pacientes vão merecer uma investigação de medula. Aqueles que possuem acometimento orgânico sem apresentação aguda que necessite de internação, podemos investigá-lo ambulatorialmente, pedindo para repetir hemograma, fazer teste com antiparasitário, repetindo teste 15 dias depois para ver se resolveu, levando com mais tempo e mais calma. QUEM AVALIAR? Toda vez que houver eosinófilos ≥ 1500 em, pelo menos, 2 hemogramas, temos duas opções: ▪ Fazer o teste terapêutico com o antiparasitário, repetindo com 15 dias. ▪ Eosinófilos muito elevados devemos repetir a dosagem em 3 a 5 dias, dependendo da clínica desse paciente. Eosinófilos ≥1500 persistente + sinal de lesão de órgão alvo, esse paciente precisa ser investigado, não pode ficar na condução ambulatorial. A clínica do paciente conduz a investigação p.ex. rash, rx alterado, troponina elevada, etc. COMO AVALIAR? ➔ Hemograma completo: Tem alguma descrição de células blásticas ou displásicas? ➔ Lâmina de sangue periférico: Células imaturas? Displásicas? ➔ Sumário de urina, bioquímica. ➔ B12 sérica: Na síndrome mielodisplásica normalmente está elevada. ➔ Função hepática, cardíaca e renal: É necessário investigar qual órgão está acometido. ➔ Troponina ➔ RX de tórax ➔ Citometria de fluxo: Em casos de: ▪ Síndrome hiperosinofílica linfocítica. ▪ Malignidade linfóide. ▪ Síndromes de imunodeficiência. Exames adicionais: ▪ Sorologias virais ▪ Sorologia para strongyloides, toxocara ▪ ANCA ▪ TCS de estadiamento/biópsia ▪ Dosagem de cortisol (o cortisol pode elevar eosinófilo) Quando avaliar medula óssea? ▪ Acometimento agudo ou eosinófilos > 100.000 sem outra causa evidente. ▪ Eosinófilos ≥ 1500 ou sinais de envolvimento orgânico sem outra causa evidente. ▪ Anormalidades em sangue periférico que sugerem doenças hematológica p.ex. anemia, plaquetopenia, displasia.