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Conceito: • Tumores encapsulados benignos que podem ocorrer em tecidos moles, órgãos internos ou raízes de nervos espinhais. • Tumor originado das células de Schwann, benigno (grau I), geralmente solitário, que desloca as fibras nervosas do segmento do nervo em que cresce. • Mais frequente: porção vestibular do oitavo nervo. • Os tumores que se originam a partir de uma raiz nervosa ou do nervo vestibular podem estar associados a sintomas relacionados à compressão da raiz nervosa, a qual inclui perda de audição no caso de schwannomas vestibulares. Epidemiologia: • A maioria dos schwannomas é esporádica, mas cerca de 10% estão associados à neurofibromatose familiar do tipo 2. o Schwannomas vestibulares bilaterais é uma marca registrada do NF2. • Schwannoma dos nervos periféricos: o Menos frequente; o Qualquer idade; o Gênero feminino. o Localização: grandes troncos nervosos, em especial na face flexora dos membros, e nos nervos cutâneos e autonómicos da cabeça e do pescoço. Ocasionalmente, é encontrado em outras sedes (nervos intercostais, mediastino posterior, estômago etc.). • Schwannoma das raízes dos nervos raquidianos (dentro do canal vertebral): o O tumor intrarraquidiano primário mais frequente (29% dos casos). o Preferencialmente adultos; o Gênero masculino. o Geralmente solitário. o Raízes mais acometidas são as posteriores, distalmente à pia-máter. o Reside de preferência na porção lombossacral do canal vertebral e na cauda equina, tendo posição intradural e extramedular. • Schwannoma das raízes dos nervos cranianos: o Adultos e mulheres; o Mais comum nas raízes sensitivas: Raiz vestibular do VIII nervo craniano é a mais acometida (cerca de 80 a 90% dos schwannomas intracranianos), formando o típico tumor do ângulo pontocerebelar. o Mais raramente, afeta o nervo trigêmeo (raiz do nervo, o gânglio ou as suas 3 ramificações). o Outros nervos são atingidos, como facial, oculomotor, troclear e hipoglosso e, inclusive, o parênquima cerebral. o A neoplasia localiza-se sempre no segmento distal da raiz, após a raiz ter atravessado a pia-máter. Fisiopatologia: • Perda dominante de função devido a uma mutação do gene Merlin no cromossoma 22. o Merlin - proteína do citoesqueleto que atua como supressor de tumores por facilitar a inibição por contato mediada pela E-caderina. • Alguns casos têm sido recentemente associados a mutações de perda de função em um gene supressor de tumores no cromossoma 22 que codifica uma proteína que regula a estrutura da cromatina. • Schwannomatose: doença familiar associada a múltiplos schwannomas, na qual os schwannomas vestibulares estão ausentes. MORFOLOGIA: • Macroscópico: o Massas circunscritas contíguas a um nervo adjacente. o Encapsulado; o Bem delimitado; o Esférico ou ovoide; o Mede alguns milímetros a vários centímetros de diâmetro. o Ao corte: consistência macia e cor esbranquiçada e pode conter cistos, áreas amareladas e focos de hemorragia. - No VIII nervo craniano → pode atingir volume considerável → compressão do tronco encefálico e do cerebelo + distorção e suboclusão do IV ventrículo → hipertensão intracraniana + manifestações cerebelares e piramidais. • Microscópico: O aspecto histológico varia segundo o componente celular e seu arranjo, sendo descritos, classicamente, dois tipos. o Tipo A de Antoni ou fasciculado: ▪ Células alongadas, dispostas de forma compacta em feixes que se entrelaçam em várias direções ou formam espirais. ▪ Núcleos alongados e centrais células; e os do mesmo feixe se colocam no mesmo plano, formando paliçadas; estas, quando se dispõem frente a frente, separadas por material fibrilar, constituem os corpos de Verocay. O material fibrilar é formado por feixes de fibrilas delgadíssimas que correspondem à membrana basal que envolve a célula de Schwann. o Tipo B de Antoni ou reticular: ▪ núcleo arredondado e arranjam-se frouxamente, de limitando pequenos vacúolos ou microcistos. • É frequente a associação dos dois tipos histológicos na mesma lesão. - O tumor é bem vascularizado e contém vasos ectásicos; são comuns transformação fibrinoide e hialinose da parede vascular, trombose oclusiva e focos de hemorragia recente e antiga, necrose e acúmulo de macrófagos xantomizados. Existem variantes do schwannoma: 1. Celular: com elevada densidade celular, baixo índice mitótico, constituído quase totalmente por padrão Antoni A; 2. Plexiforme: com arquitetura multifascicular ou multinodular; melanótico, contendo melanossomos e pigmento melânico. A grande maioria origina-se na pele ou subcutâneo e podem ocorrer na cabeça, pescoço, tronco ou extremidades. Esses tumores estão associados a NF2, não a NF1, e também com a schwannomatose em pacientes sem NF2. 3. Melanótico: Tumor macroscopicamente pigmentado, que pode simular melanoma metastático. São, contudo, bem delimitados e extramedulares como os schwannomas comuns. Reticulina pericelular é abundante como nos outros schwannomas. Schwannomas melanóticos são positivos para S-100 e HMB-45, como melanoma, mas ao contrário deste, mostram positividade pericelular para laminina e colágeno IV. . Quadro clinico do schwannoma do VIII nervo craniano: • diminuição da audição; • zumbido; • vertigem; • ataxia; • perda do reflexo comeano; • espasmos ou discreta paresia da face e cefaleia; Quadro clinico dos schwannomas das raízes dos nervos raquidianos: • quando pequenos, são em geral assintomáticos. • Quando maiores: parestesia e dor. o Compressão da medula espinal ou raízes anteriores → Sintomas motores Schwannoma dos nervos periféricos → dor constante, que pode irradiar-se ao longo do trajeto do nervo. IMAGENS PARA ILUSTRAÇÃO: comprometimento do VIII nervo, do cerebelo, da raiz sensitiva do trigêmeo, do nervo facial e compressão do IV ventrículo (hidrocefalia e hipertensão intracraniana). Exames de imagem: • Todos os outros nervos cranianos (exceto nervos olfativo e óptico) e espinais têm raízes compostas em parte por células de Schwann → locais potenciais de schwannomas. • São mais comuns os schwannomas do nervo vestíbulo-coclear, o VIII par craniano (90%). De 5-6% podem acometer o N. trigêmeo (V), vindo em terceiro lugar o N. facial (VII). Outros nervos cranianos são envolvidos só raramente, exceto se há neurofibromatose do tipo 2. 1. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA: • São iso- ou hipodensos em relação ao cérebro. • Calcificações ou hemorragias são incomuns. • Praticamente todos se reforçam intensamente pelo contraste iodado. o A impregnação pode ser homogênea ou, especialmente em lesões maiores, pode ser heterogênea por causa de degeneração cística, alteração xantomatosa ou áreas de hipocelularidade (Antoni B) adjacentes a áreas hipercelulares (Antoni A) ou colágenas. 2. RESSONÂNCIA MAGNETICA: • Massa extraaxial, com orla de líquor ou de vasos, e comprime o tronco e o córtex cerebelar. • Nos schwannomas do nervo vestíbulo-coclear, a porção extracanalicular é tipicamente maior que a intracanalicular. COM CONTRASTE SEM CONTRASTE • T1: o levemente hipointensos (75% dos tumores) em relação ao cérebro e o resto, isointensos. • T2 e DP: o Hipersinal de leve a marcante = depende da quantidade de água ou dos focos de degeneração cística. o Todos mostram intenso reforço após contraste. • Pode haver edema peritumoral em 30% e cistos aracnóideos associados em 7%. CORTES AXIAIS - T1 COM CONTRASTE Observa-se o tumor na cisterna cerebelo-pontina D, escavando e desviando a ponte medialmente. Está separado desta por uma fina camada de líquor, que aparece em hiposinal, demonstrando a situação extraxial da lesão. Lateralmente, o tumor penetra no canal auditivo interno por cerca de 1 cm., formando uma cauda afilada. A maior parte da massa é extracanalicular.É importante para a abordagem cirúrgica saber quanto o tumor penetra no canal. O tumor é geralmente removido em dois tempos, primeiro a porção extracanalicular e numa segunda etapa a porção intracanalicular. Observa-se o aqueduto de Sylvius e o IV ventrículo desviados pelo efeito de massa do tumor. A amígdala cerebelar D, do lado da neoplasia, está parcialmente insinuada no foramen magno, constituindo uma hérnia. Aqui, a água livre ou associada ao tecido manifesta-se com hipersinal. As áreas císticas do tumor, o líquor nas cisternas e no IV ventrículo estão brilhantes. A porção sólida mostra regiões com diferentes graus de hidratação, correspondendo a áreas mais densas (Antoni A) e frouxas (Antoni B), uma feição habitual dos schwannomas. No limite entre o tumor e o pedúnculo cerebelar médio nota-se uma fina orla de líquor (linha brilhante), demonstrando a localização extraaxial da neoplasia. A substância branca do centro branco medular do hemisfério cerebelar D mostra edema vasogênico. Imunohistoquímica. ➔ Schwannomas são forte e uniformemente reativos para proteína S-100. O tumor maligno de bainha de nervos periféricos (TMBNP ou MPNST em inglês) é negativo ou só focalmente positivo. Lembrar que cerca de 20% dos meningiomas são S-100 positivos e a proporção chega a 85% nos meningiomas fibroblásticos. ➔ Muitos schwannomas são positivos para CD56 (NCAM), CD57 (Leu-7) e para laminina e colágeno IV. Estes dois não são encontrados em meningiomas. ➔ Meningiomas são positivos para EMA. Schwannomas podem ser, mas é infreqüente, e não exibem o padrão membrana. ➔ Schwannomas podem ainda expressar GFAP (cerca de metade dos casos). Isto demanda cautela no diagnóstico diferencial com gliomas, particularmente no ângulo ponto-cerebelar. ➔ Vimentina é positiva em todas as formas de tumores de bainhas de nervos, assim como em quase todos tumores de partes moles e, portanto, tem pouca utilidade diagnóstica.
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