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Emergências psiquiátricas - Aula 8 - Delirium

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1 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências psiquiátricas – Aula 8 
INTRODUÇÃO 
O delirium é diferente do delírio. O delirium é um 
quadro confusional AGUDO (normalmente abre de 
forma mais abrupta), secundário a CAUSAS 
ORGÂNICAS (ocorre mais em idosos - doença 
hepática, renal, neoplasia, infecção (muito comum); 
pode ser logo após uma cirurgia), de CURSO 
FLUTUANTE (oscilação que pode ocorrer no mesmo 
dia), caracterizado por alterações de: 
• Nível de consciência; 
• Atenção; 
• Pensamento; 
• Sensopercepção – ver coisas, ouvir vozes; 
• Cognição; 
• Orientação; 
• Psicomotricidade – motricidade pode estar mais 
acelerada ou mais lentificada. 
OBS.: no delirium (quadro completo citado acima) 
pode ter delírio. 
Quando a pessoa delira por drogas (zolpidem ou 
LSD) não é delirium. O zolpidem estreita o nível de 
consciência, então é como se a pessoa estivesse meio 
dormindo, meio acordada e o LSD também não, é um 
efeito agudo da droga. 
EPIDEMIOLOGIA 
• Muito mais incidente em IDOSO, com doenças 
crônicas (nefropatias, hepatopatias, neoplasias, 
AIDS, imunodeficiências em geral); 
Obs.: foi dito AIDS, não HIV, pois se trata da 
síndrome mesmo e não da infecção. Pode-se ter a 
infecção e estar tratando direitinho com o coquetel 
e aí estará tanto assintomático, quanto sem 
transmitir o vírus. Então clinicamente será uma 
pessoa imunocompetente. 
• Pode acometer mais de 50% de idosos 
internados, chegando a 70-80% deles em UTI; 
É uma incidência muito alta. 
• Taxa de mortalidade em pacientes internados: 
pode chegar a 22-76% (idosos/não-idosos). 
É um quadro frequentemente letal, e até por 
acontecer mais em idoso, a taxa de mortalidade já 
seja mais alta também. Idosos são pessoas que tem 
muitas doenças crônicas e quanto mais doenças 
crônicas mais chance de ter um desfecho ruim. 
GRAVIDADE 
• Quadro letal; 
• Maiores taxas de mortalidade – o paciente 
tende a ter uma taxa de mortalidade maior do que 
a pessoa que nunca teve delírio; 
• Prolonga tempo de hospitalização: é um dos 
motivos do delirium aumentar a taxa de 
mortalidade. 
• Maiores taxas de institucionalização: 
Institucionalização é basicamente tornar o 
paciente daquela instituição, não é só internar. É 
uma internação prolongada, por exemplo, 6 
meses, 2 anos ou até mesmo pro resto da vida, 
até o paciente falecer. 
Lembrar que em hospitais, principalmente clínico, tem 
muita infecção/contaminação. Além disso, por serem 
menos observados, os idosos tem mais meios e maior 
êxito no suicídio. 
Então, o delirium tende a maiores taxas de 
institucionalização porque leva não só aquela quebra 
do convívio dele com a sociedade, mas também a 
novos transtornos e episódios. Quanto mais tempo o 
paciente está internado, mais complicação clínica ele 
tem. 
FISIOPATOLOGIA 
• Indefinida; 
• Mais aceita: mecanismo anticolinérgico; 
Então, o biperideno, por exemplo, é um 
anticolinérgico que é usado para tratar síndrome 
extrapiramidal e pra tratar impregnação em 
pacientes. VO ou IM (melhora rápida). 
O problema é que idoso impregnado não se faz o uso 
de nada para desimpregnar. Nestes casos, troca o 
antipsicótico. 
• Fator que contribui: excesso de dopamina. 
Delirium 
 
2 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências psiquiátricas – Aula 8 
Diferente dos antipsicóticos típicos que vão derrubar 
a dopamina, esses pacientes tem dopamina demais e 
podem estar suscetíveis a ter um delirium. Isso é a 
hipótese mais aceita atualmente. 
CAUSAS 
• Infecções/sepse: lembrar que o idoso tem 
infecções que são silenciosas. Por isso, tem que 
procurar, por exemplo, otite, ITU, 
endocardite... São causas que às vezes achamos o 
delirium e depois achamos a infecção; 
• Imobilização; 
• Drogas: paciente que usa crack, cocaína... 
• Cirurgia; 
• Queimaduras; 
• Intoxicação/Abstinência: SPA ou medicamentos 
(biperideno, lítio, fenergan, 
antiparkinsonianos, antipsicóticpos típicos e 
benzodiazepínicos); 
• AVC; 
• Distúrbio hidroeletrolíticos agudos (Na, Ca, K...); 
• Insuficiência renal; 
• Insuficiência hepática; 
• Hipo/Hiperglicemia: acontece em pacientes que 
tem hiperglicemia de forma repetida. 
• Desidratação. 
FATORES DE RISCO 
• Idade avançada: quanto maior que 65 anos, maior 
a chance); 
• Déficit cognitivo prévio: demências/retardo; 
Demência ≠ Retardo → retardo a pessoa já nasce 
com uma inteligência abaixo do normal. Dessa 
forma, esse indivíduo nunca vai se desenvolver como 
uma pessoa com tangência normal; Já a demência a 
pessoa nasce com uma inteligência normal, e quando 
a pessoa chega na senescência, ela começa a 
apresentar um declínio cognitivo, podendo ser rápido 
ou lento, dependendo do quadro, se é algo genético, 
por exemplo. É muito comum que essas pessoas 
quando tem algum quadro clínico emendem com 
delirium; então a demência é um quadro crônico, 
mas que pode ser “agudizada” com o delirium. 
Múltiplas doenças crônicas: Quanto mais doenças 
crônicas o paciente tem, maior a chance de 
evolução para delirium. 
• Etilismo; 
• Déficits sensoriais; 
• Episódios prévios de delirium: Quanto mais 
episódio prévios de delirium o indivíduo já teve, 
maiores são as chances de ocorrer novamente, 
além de aumentar a chance desse quadro se 
cronificar, de virar uma situação em que a família 
vai ter que conviver com isso até o paciente 
falecer, sendo que às vezes é um dos fatores que 
influenciam na institucionalização do paciente, 
pois a família não tem o suporte estrutural e 
financeiro para cuidar daquele familiar. 
• Baixo nível de escolaridade: questão de 
cognição. A pessoa que foi menos estimulada não 
vai ter o arsenal psíquico para lidar com a situação 
de conflito, que no caso, é o delirium. 
• Polifarmácia: Quanto mais medicamentos o 
paciente usa, maior a chance de interação 
medicamentosa e piora do quadro 
• Uso de cateteres e sonda → precipita infecções; 
• Transtorno depressivo prévio; 
• Desnutrição. 
Medicamentos que predispõem/precipitam: 
 
A tabela acima traz alguns medicamentos que 
precipitam delirium. Às vezes quando um psiquiatra é 
chamado na UTI para fazer uma interconsulta, é 
muito frequente estar usando várias medicações 
dessas. Alguns antidepressivos também podem 
predispor; os ISRS principalmente por questões 
 
3 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências psiquiátricas – Aula 8 
hidroeletrolíticas, podendo causar hiponatremia, por 
exemplo. 
O lítio, a carbamazepina e o valproato são 
estabilizadores de humor e os três podem predispor 
delirium. O tratamento de um velhinho bipolar fica 
mais restrito. Se o valproato predispõe, o divalproato 
também, limitando bastante o tratamento de um 
idoso bipolar. 
Temos os anticolinérgicos, os diuréticos, os 
antiarrítmicos, dissulfiran (não é mais utilizado hoje 
em dia). 
Dentre os antieméticos tem o vonau (menos pior), o 
plasil (é o pior) e o dramin (meio termo). Jovem já 
tem síndrome extrapiramidal, quanto mais idoso, 
Não existe dose de medicação segura, mas quanto 
mais fatores de risco o paciente tem, menor dose 
que já pode predispor. Nesse caso é melhor evitar 
mesmo. 
QUADRO CLÍNICO 
• Início agudo, curso flutuante: oscila de acordo 
com os dias e as vezes até com as horas. 
• Prejuízo da atenção, memória e orientação: 
parece sintoma cognitivo. A diferença entre 
demência e delirium é que este último tem início 
agudo e alteração do nível de consciência. 
• Pensamento delirante e/ou desorganizado: no 
delirium pode ter delírio, o pensamento pode 
estar desorganizado, às vezes começa a falar uma 
coisa, segue uma linha, se perde e volta, avança, 
se perde e volta, parecendo uma árvore mesmo, 
conhecido como pensamento arborizado. 
• Nível de consciência alterado/rebaixado: 
torpor, obnubilação, coma em alguns casos. 
• Alucinações visuais, auditivas: alteração de 
sensopercepção. 
• Agitação psicomotora ou lentificação: alteração 
da psicomotricidade, vai dependerdo tipo do 
delirium. 
• Alteração ciclo sono-vigília: é muito comum em 
qualquer transtorno mental, ter alteração do 
sono, ou é insônia, ou hipersonia (sonolência 
excessiva diurna), ou inverte o ciclo sono-vigília. 
É muito comum no velhinho, ele não ter acesso a 
uma janela, na UTI, por exemplo, para identificar 
quando é dia e quando não é. 
Podemos avaliar que no delirium tem muita psicose, 
caracterizada pelo delírio e alucinação. 
TIPOS 
• Delirium hiperativo: inquietação/agitação 
psicomotora/agressividade. Às vezes é 
necessária uma contenção mecânica. Pode tirar 
acesso periférico, dreno, entre outros. 
• Misto: oscilações, o paciente tem picos de 
agitação, agressividade, e tem momentos que ele 
dá uma rebaixada. Nesse delirium não medicamos 
o tempo todo, vai colocar medicação mais se 
necessário. 
• Delirium hipoativo: lentificação psicomotora, 
letargia/obnubilação/torpor. É um quadro mais 
grave, porque é difícil identificar se ele já está 
entrando em coma ou não. 
RELEMBRAR 
• Delirium é um quadro orgânico que tem sintomas 
psiquiátricos, neurológicos. Mais comum em 
idosos, normalmente que já tem comorbidades 
mais graves, crônicas. 
• Esse paciente pode apresentar diversas 
alterações, dentre elas: nível de consciência, 
atenção, alteração de pensamento (delírio), 
alteração de sensopercepção (alucinações). 
EXAME PSÍQUICO 
Foco: COGNIÇÃO – raciocínio lógico, atenção, 
memória, inteligência. 
• Solicitar que o paciente Conte de 20 até 1 – 
avaliar de que forma (rápido, lento) ele faz, e 
se faz. 
• Dizer os dias da semana de trás pra frente 
(sábado, sexta, quinta...) 
• Testar orientação do paciente (onde está, 
cidade, bairro, data...) 
• Memória: falar 3 palavras aleatórias, pedir para 
o paciente repetir imediatamente, e 5 minutos 
depois. Testar a memória imediata e com um 
pouco mais de tempo. 
CONFUSIONAL ASSESSMENT METHOD (CAM) 
1:Questionário para abordagem inicial do paciente. 
Marque um círculo que corresponde ao estado. 
 
4 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências psiquiátricas – Aula 8 
 
 
2: Algoritmo diagnóstico para o delirium. 
Para o diagnóstico de delirium, é necessária a 
presença dos critérios A e B mais a presença do 
critério C ou do critério D, formando A+B+C ou 
A+B+D. 
 
Esse dispositivo avalia o paciente de forma bem 
completa, observa o início e cada parte (atenção, 
percepção). Não é necessário decorar!!! 
Ajuda para realizar a “anamnese” do delirium. Na 
suspeita desse acometimento, deve-se focar naquilo 
que se quer afastar. 
EXEMPLOS DE QUESTIONAMENTOS 
• Houve uma mudança aguda no estado mental do 
paciente? 
• Ele tem dificuldade em focalizar a atenção? Tá 
distraído facilmente? 
• Ele acompanha o que se fala com ele? 
NVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA 
• Exame físico minucioso (inclusive neurológico) – 
neste caso é importantíssimo ser realizado. 
Deve-se avaliar reflexo, força muscular, 
equilíbrio. É muito comum pacientes com 
delirium apresentarem alterações neurológicas. 
• Saber funcionalidade prévia do paciente: quanto 
já tinha de autonomia, o que já fazia e o que não 
fazia. 
• Investigar histórico clínico do paciente: 
traumas, cirurgias recentes, comorbidades. 
• Avaliar medicações em uso atualmente: como é 
o uso, se tem risco de erros nas dosagens, 
podendo ter tomado uma superdosagem ou 
medicamentos inadequados. 
• Afastar uso de SPAs/intoxicação por 
medicamentos. 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS – DSM V 
Todos os critérios são necessários. 
A. Distúrbio na atenção e vigília – o paciente pode 
estar hipotenaz, hipovigil, com RNC. 
B. Mudança na cognição, não explicada por 
patologia prévia ou demência: está confuso, não 
consegue se explicar direito, podendo 
apresentar até uma mudança de “humor” por 
consequência. 
C. Início subagudo (horas a dias) e tendência a 
flutuar durante o dia (e durante os dias) – é 
muito raro encontrar um caso que já dure “1 
mês”; 
D. Evidência a partir da história, do exame físico 
ou dos achados laboratoriais indicando que as 
 
5 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências psiquiátricas – Aula 8 
alterações são causadas por uma condição 
médica geral. 
PESQUISANDO AS CAUSAS 
• Exames laboratoriais: hemograma, ureia, 
creatinina, sódio, potássio, cálcio, glicemia em 
jejum, TSH, T4 livre, AST, ALT, proteínas 
total e frações... (Hb1Ac pode ajudar um pouco 
para ver como tem se comportado a glicemia 
durante os últimos meses, mas o maior foco é nos 
acontecimentos recentes., de pouco tempo de 
ocorrência) 
• Radiografia do tórax se necessário. Exemplo: 
delirium + tosse. 
• Sumário de urina, urocultura se necessário. 
Exemplo: delirium + queixas urinárias. 
• Gasometria arterial se dispneia. 
• Punção lombar se rigidez de nuca. 
• TC de crânio se sinais de trauma. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
O quadro abaixo diferencia delirium, demência e 
depressão. 
Diagnóstico diferencial do paciente confuso 
 Delirium Demência Depressão 
Início Agudo Insidioso Variável 
Curso Flutuante Progressivo Variação 
diurna 
Atenção Desatento Variável Pode estar 
prejudicada 
Memória Memória de 
curta duração 
prejudicada 
Mais 
prejudicada 
que atenção 
Pode estar 
prejudicada 
Orientação Desorientado Muito 
desorientado 
Normal 
N. consc. Rebaixada Normal Normal 
Psicose Sim Pode 
ocorrer em 
quadros 
avançados 
Mais comum 
em casos 
graves 
DELIRIUM: 
Tem início agudo, é mais rápido. Tem um curso 
flutuante, melhora, piora, oscilando. O paciente é 
desatento. Memória de curta duração e recente vão 
estar prejudicadas. A memória mais antiga, de 
evocação, não vai estar prejudicada. Normalmente 
o paciente está desorientado. O nível de consciência 
provavelmente vai estar rebaixado. Tem psicose 
(delírios e alucinações). 
DEMÊNCIA: 
É bem insidioso, bem lento. É progressivo, sempre 
com piora lenta. A atenção depende do período da 
doença, se for no início, a atenção vai estar normal ou 
começando a ficar ruim. Se for no final, vai estar 
péssimo. A memória é o que mais está prejudicada, 
tanto a recente quanto a de evocação. A orientação 
também depende do período da doença, no início 
pode estar normal. No fim, muito desorientado (o 
paciente pode se perder na própria casa). Não tem 
RNC. Em quadros avançados pode ter psicose. 
DEPRESSÃO: 
É o meio termo. Tem um curso com variação diurna. 
A atenção e memória podem estar prejudicadas. A 
orientação normalmente está preservada, mas em 
uma depressão grave pode estar prejudicada. Não 
tem RNC. Em quadros graves pode ter psicose. 
TRATAMENTO 
• Delirium hiperativo e misto: usar medicações em 
dose baixa e só se risco de agressividade. 
Contenção mecânica se necessário (se tiver 
tirando acesso, sonda, apresentar risco para ele 
ou para equipe). 
• No delirium hiperativo, o paciente passa mais 
tempo agitado, inquieto, precisando mais de 
medicação → usa medicação de horário. 
• No delirium misto, o paciente tem momento de 
agitação e momento que rebaixa (parte do 
delirium hipoativo) → medicação se necessário. 
• NÃO usar fenergan e benzodiazepínico: 
precipitam e pioram o delirium. Aumentam o 
tempo do delirium. 
OPÇÕES 
• Haldol em dose baixa → 2,5 – 5 mg (VO e IM). 
Evita o uso venoso, mas pode. Ex: um idoso que já 
está com acesso, então, é só administrar por lá 
mesmo, em dose baixa. Até 10mg pode fazer IV. 
(evitar fazer). 
• Risperidona 0,5-1mg (VO) → dose baixa. 
• Olanzapina 2,5-5 mg (VO). 
 
6 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências psiquiátricas – Aula 8 
• Quetiapina 25mg (VO). 
 
Para o Haldol (AP típico) pode começar com 0,5 a 
1,0 mg V.O. Se o paciente for idoso, titulando até 
sedação leve, aumentar devagar! O Haldol pode ser 
utilizado intramuscular se a agitação for extrema, 
tendo seu pico de ação em 20 a 40 minutos, já é 
mais rápido. 
O Haldol tem como efeitos adversos os efeitos 
extrapiramidais/impregnação (tremor, rigidez 
articular, hipersialorreia),o prolongamento do 
intervalo QT no ECG e o risco de o paciente 
desenvolver a síndrome neuroléptica maligna, quadro 
bem grave, mas bastante raro. 
Fazendo o AP em doses baixas e sem misturar 
antipsicóticos, é mais seguro. O problema é quando se 
mistura muito, quando faz uso de AP de depósito ou 
injetável. Mas usando somente um AP ou fazendo 
administração IM de vez em quando, normalmente, 
não tem problema. 
*O Haldol é o agente de escolha, normalmente é a 
zona de conforto do médico, dá uma maior 
segurança. Evitar administração venosa, pois 
diminui a duração, se já está no sangue, será 
metabolizado mais rápido, além de elevar o risco de 
arritmia, lembrando, porém, que temos os 10 mg que 
são seguros, mas, em um idoso, até mesmo essa 
quantidade já pode ser mais arriscada, 
principalmente se o idoso já for cardiopata. 
Evitar o uso de Haldol em portadores de síndrome 
de abstinência e em pacientes com insuficiência 
hepática. 
AP atípicos como a Risperidona a Quetiapina e a 
Olanzapina podem provocar efeitos extrapiramidais 
(mais raro), bem como prolongamento do intervalo 
QT no ECG (mais raro também). Alguns trabalhos 
associaram esses três atípicos ao maior risco de 
morte em idosos com demência, embora isso não 
seja ainda uma verdade científica (está sendo 
investigado, e ainda são considerados ainda 
medicamentos seguros). São AP menos bem avaliados 
em estudos controlados. 
Portanto, de escolha, preferencialmente o Haldol, 
mas os 3 atípicos citados também podem ser usados. 
Benzodiazepínicos: 0,5 a 1 mg V.O. com doses 
adicionais a cada 4 horas, se necessário. Lembrando 
que o Lorazepam também é de vida curta. 
Os riscos do Lorazepam são agitação paradoxal 
(paciente faz uso do Lorazepam e fica agitado, ao 
invés de mais calmo; é uma reação que pode 
acontecer com qualquer benzo, mas a chance é 
pequena), sedação excessiva e depressão 
respiratória (em dose alta, no paciente que ingeriu 
álcool, o Lorazepam é mais tranquilo). 
Evitar em pacientes com delirium. É um 
medicamento de segunda linha, o de primeira linha 
é o Haldol e os AP atípicos. Por ser um benzo, pode 
piorar e prolongar os sintomas de delirium. 
Então, o lorazepam é reservado para o uso em 
pacientes com abstinência alcóolica, síndrome 
neuroléptica, doença de Parkinson. 
CONDUTA NA EMERGÊNCIA DO PACIENTE COM DELIRIUM 
 
Evitar contenção física do paciente* 
Primeiro é feito o diagnóstico de delirium 
(identificar e tratar a causa), não adianta ficar 
medicando o paciente com Haldol/Olanza se não é 
identificada a causa (infecção respiratória, urinária, 
otite) e nem é feito o tratamento. Se não passa o 
 
7 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências psiquiátricas – Aula 8 
ATB para tratar a causa da infecção, por exemplo, 
o paciente não melhora. 
Importante identificar e tratar a causa! Temos 
dois manejos imediatos, o farmacológico e o não 
farmacológico. 
MANEJO IMEDIATO NÃO FARMACOLÓGICO 
O não farmacológico compreende as orientações 
para o delirium, é muito importante. 
No delirium hipoativo, não se medica! Portanto, se 
deve orientar o paciente. É preciso saber as 
orientações. Cautela no uso de AP, permitir familiar 
próximo ao leito (quando o paciente vê o familiar, ele 
começa a se lembrar, se orienta melhor, lembra quem 
é ele), evitar a contenção física do paciente (a não 
ser em casos que o paciente possa remover um 
acesso, um dreno, agredir a equipe), minimizar 
alterações de sono e vigília com luzes naturais do 
quarto (tentar deixar janela aberta; sendo UTI, ideal 
que a luz entre de alguma forma; isso melhora a 
orientação do paciente), manter relógios e 
calendários no quarto e estimular reorientação (o 
paciente vê as horas, o calendário para ver os dias 
passando), estimular a cognição deixando objetos 
familiares no quarto (porta retrato, um vaso, óculos 
do paciente, etc.; o que for permitido, objetos que 
não causem um transtorno no local). 
Obs. Cromoterapia é utilizada para delirium. Seriam 
ansiolíticos não medicamentosos, assim como a 
aromaterapia, massagem, estímulo à deambulação. 
MANEJO IMEDIATO FARMACOLÓGICO 
Uso de álcool e retirada súbita de benzo, ou seja, 
abstinência: Midazolam 5mg IM, ou seja, uma dose 
bem pequena. Poderia ser um Lorazepam também, 
0,5 a 1mg a cada 4h, dose pequena e com cuidado, 
para não piorar o delirium. 
Se o paciente estiver agitado, tem alteração de 
comportamento, tem manifestação psicótica, vai 
precisar de um antipsicótico, que pode ser um típico 
ou um atípico, que seria o Haloperidol, Olanzapina, 
Risperidona e Quetiapina (que não aparece do 
protocolo da imagem). 
Evitar: 
• Benzo (exceto condição acima); 
• Sedativos; 
• Anticolinérgicos; 
• Anti-histamínicos. 
TRATAMENTO DELIRIUM HIPOATIVO 
Hipoativo: paciente já está mais molinho, pra baixo. 
Então não vai medicar. 
• Encontrar e tratar a causa de base. 
• Retirar/reduzir medicamentos sedativos: se ele 
agitar depois é até melhor do que ficar super 
mole, então vai reduzir até achar a dose ideal. 
• Medidas comportamentais. 
❖ Colocar calendários e relógios próximos ao 
paciente; 
❖ Deixar a luz do sol penetrar no quarto/UTI; 
❖ Orientar o paciente “hoje é dia ..., sou fulano, seu 
filho”; 
❖ Evitar contenção física; 
❖ Deixar objetos familiares do quarto; 
❖ Alternativas não-medicamentosas para 
ansiedade e sono (música, técnicas de 
relaxamento...); 
❖ Estimular deambulação; 
❖ Estimular autocuidado e comunicação (ex.: 
estimular pentear o cabelo. Se o paciente não 
conseguir, faz por ele, mas se ele puder fazer, 
melhor ainda); 
❖ Evitar cochilos durante o dia; 
❖ Adequar local para sono mais profundo à noite: 
O ideal é deixar o paciente dormir durante a 
noite. 
CASO CLÍNICO 1 
João, 79 anos, hepatopata crônico, foi internado 
em hospital clínico, na UTI, devido a quadro de RNC 
há 17 dias, ainda sob investigação diagnóstica. Tem 
apresentado alucinações visuais, inquietação, 
pornofonia e hipotenacidade. Hoje, tentou arrancar 
o acesso periférico e a sonda vesical, mas foi 
impedido e contido mecanicamente. Ao exame, 
agitado, pensamento desorganizado. 
Questão 1: Qual a melhor conduta medicamentosa 
para o paciente João? 
a) Haldol 5mg 1 cp. VO + Fenergan 25mg 01 cp VO. 
b) Haldol 5mg 02 amp. EV. 
c) Clonazepam 0,25mg 02 cp sublingual. 
 
8 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências psiquiátricas – Aula 8 
d) Midazolam 15mg 01 amp IM. 
Lembrar: fenergan e benzo tem que evitar ao 
máximo no idoso. Então, a 1º alternativa tá errada. 
Alternativa C: clonazepam sublingual não seria o 
ideal, porque um idoso agitado não iria ficar com 
medicamento sublingual. Além disso, o paciente é 
hepatopata, e o benzo que usa em hepatopata é o 
Lorax. Já está errado por ser benzo e mais ainda 
por ser hepatopata. 
Alternativa D: seria uma bomba para o paciente do 
caso, já que ele tem 79 anos, e 15 mg é uma dose 
bem alta. Além disso, ele é hepatopata. 
A alternativa menos pior é o haldol venoso. 
Só pra reforçar: nenhuma conduta da questão é a 
ideal. As melhores opções seriam: 
❖ Haldol 5mg VO (1 ou ½ cp) 
❖ Haldol 5mg uma ou ½ ampola IM ou EV (EV 
pensando no acesso, que ele já tem, e para evitar 
“furadas”, ainda mais se ele for magrinho); 
❖ Quetiapina 25mg (1 ou ½ cp VO); 
❖ Olanzapina 5mg (1 ou ½ cp VO); 
❖ Risperidona 0,5mg ou 1mg VO (comprimido ou 
solução). 
CASO CLÍNICO II 
Cleide, 89 anos, portadora de Alzheimer há 19 
anos, iniciou, há 3 dias, quadro de tosse, febre, 
delírios persecutórios (acha que a família está 
envenenando sua comida), irritabilidade e raptos de 
agressividade. Foi internada, e a equipe da psiquiatria 
foi acionada para interconsulta. Já está em uso de 
antibioticoterapia. Questão 1: Como poderíamos 
ajudar neste caso? 
(A antibioticoterapia por causa da febre e tosse, 
provável infecção de vias aéreas). 
Resposta: medidas comportamentais. 
• Colocar calendários e relógios próximosao 
paciente; 
• Rever prescrição, ver se ela está usando algo que 
seria importante tirar; 
• Abrir janela para luz do sol entrar; 
• Estimular deambulação (ver se é possível); 
• Evitar cochilos durante o dia; 
• Adequar local para sono mais profundo à noite; 
• A equipe pode fazer contenção mecânica se 
necessário.

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