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Opioides: Mecanismo de Ação e Efeitos

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FARMACOLOGIA – BÁRBARA ALBUQUERQUE AZEVEDO 
 
OPIOIDES 
 
INTRODUÇÃO 
o Dor: experiência emocional, com sensação 
desagradável, associada à lesão tecidual presente, 
potencial ou descrita como tal. 
→ Pode se originar 
independentemente de qualquer causa 
predisponente óbvia. 
o Dor neuropática: não diretamente ligadas à 
lesão tecidual. 
o Nocicepção: percepção de estímulos 
nocivos (não é dor). 
NEURÔNIOS AFERENTES NOCICEPTIVOS 
o Neurônios de fibras não mielinizadas (C): 
transmitem dor profunda, difusa e em queimação 
(dor lenta). 
o Neurônios de fibras mielinizadas (Ad): 
transmitem dor aguda e bem localizada (dor 
rápida). 
o A fibras entram na medula espinhal através 
de raízes dorsais, terminando na substância 
cinzenta do corno posterior. 
o Fibras C e algumas Ad inervam as lâmina I 
e II ou u mais profundamente a lamina V 
(substância gelatinosa). 
→ A substância gelatinosa é rica em 
receptores opioides (local importante 
para a ação de fármacos semelhantes à 
morfina). 
o Neurônios nociceptivos liberam 
neurotransmissores nas suas sinapses centrais no 
corno dorsal: 
→ Glutamato e ATP: dor rápida. 
→ Substância P e glutamato: dor lenta. 
o Hiperalgesia: aumento da intensidade da 
dor associada a estímulo nocivo leve. 
→ Sensibilização das terminações 
nervosas periféricas por mediadores, 
como a bradicinina e a prostaglandina. 
→ Facilitação da transmissão nervosa 
para o tálamo. 
o Alodinia: dor provocada por estímulo não 
nocivo. 
FÁRMACOS OPIOIDES 
o Ópio é um extrato do suco da papoula 
Papaver somniferum que contém morfina. 
o Usado há milhares de anos como agente 
promotor de euforia, analgesia e para evitar a 
diarreia. 
o Opioide: qualquer substância, endógena ou 
sintética, que produz efeitos semelhantes aos da 
morfina e que são bloqueados por antagonistas, 
como a naloxona. 
o Opiáceo: compostos como a morfina e a 
codeína, que são encontrados na papoula. 
o Analgésicos opioides podem ser 
administrados por via oral, parenteral ou 
intratecal. 
o O corpo se acostuma com as doses. 
ASPECTOS QUÍMICOS 
o Variantes da molécula da morfina: 
diamorfina, diacetilmorfina, codeína e oxicodona. 
o Antagonista da morfina: naloxona. 
RECEPTORES OPIOIDES 
o m1: analgesia supramedular, miose e 
euforia 
o m2: analgesia medular, depressão 
respiratória e redução do trânsito intestinal. 
o d: analgesia medular e supramedular. 
o K1: disforia e analgesia 
o K2: efeitos desconhecidos. 
o K3: analgesia supramedular e sedação. 
o Por ter vários receptores diferentes, as 
ações vão ser muito variadas. 
CLASSIFICAÇÃO 
o Opioides fracos: codeína e tramadol. 
→ Utilizados na odontologia para 
controle de dor intensa quando 
analgésicos não fazem efeito. 
o Opioides fortes: morfina, oxicodona, 
metadona e fentanil. 
→ Utilizados na odontologia em 
cirurgias de grande porte. 
MECANISMO DE AÇÃO 
o Receptores opioides pertencem à família de 
receptores acoplados à proteína G. 
→ Inibem a adenilato ciclase. 
→ Distribuição heterogênea pelo SNC 
(diferentes respostas que ocorrem com 
os agonistas seletivos para cada tipo de 
receptor). 
o Promovem a abertura dos canais de 
potássio e inibem a abertura de canais de cálcio 
controlados por voltagem, 
→ Reduz a excitabilidade neuronal. 
→ Reduz a liberação de transmissores. 
o De forma geral, impedem a despolarização 
e inibem a liberação de vesículas com 
neurotransmissores. 
o Os receptores de opioides se distribuem 
amplamente no cérebro e na medula espinhal. 
o Ação supraespinhal: liberação de opioides 
endógenos. 
o Ação espinhal: liberação de serotonina das 
fibras inibitórias descendentes. 
o Morfina inibe a transmissão de impulsos 
nociceptivos através do corno posterior e suprime 
os reflexos espinhais nociceptivos. 
→ Pré-sináptica: inibe a liberação de 
neurotransmissores. 
→ Pós-sináptica: reduz a 
excitabilidade dos neurônios no corno 
dorsal. 
o Inibem a descarga de terminações 
aferentes nociceptivas na periferia. 
AÇÕES FARMACOLÓGICAS 
ANALGESIA 
o Altamente eficazes na maior parte dos 
tipos de dor aguda. 
o Menos eficazes no tratamento da dor 
neuropática e em outros estados da dor crônica. 
HIPERALGESIA 
o Exposição prolongada aos opioides. 
o Redução da resposta analgésica a uma 
determinada dose de opioides. 
→ Diferente de tolerância: 
dessensibilização do receptor. 
o A hiperalgesia pode ser reduzida com 
cetamina, propofol e inibidores da COX-2. 
o A mudança para outro opioide também 
pode reduzir a hiperalgesia. 
EUFORIA 
o Potente sensação de contentamento e 
bem-estar que pode contribuir para o efeito 
analgésico. 
o Pacientes acostumados com dor crônica, a 
morfina causa pouca ou nenhuma euforia. 
DEPRESSÃO RESPIRATÓRIA 
o Ocorre em doses terapêuticas. 
o Diminuição da sensibilidade do centro 
respiratório à PCO2 arterial. 
o Inibição da geração do ritmo respiratório. 
o Se a dose for aumentada aos poucos, 
pacientes não sofrem com esse efeito. 
OUTROS EFEITOS NO SNC 
o Depressão do reflexo da tosse. 
o Náuseas e vômitos. 
o Constrição pulpar. 
EFEITOS NO TRATO GASTROINTESTINAL 
o Aumentam o tônus e reduzem a motilidade 
em muitas partes do TGI. 
TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA 
o Tolerância: aumento da dose necessária 
para produzir dado efeito farmacológico. 
o A tolerância ocorre em todos os efeitos, 
menos nos de constipação e constrição pulpar 
(miose). 
o Dependência física: a retirada do fármaco 
causa efeitos fisiológicos adversos (síndrome da 
abstinência). 
→ Lacrimejamento, calafrio, 
hiperventilação, hipertermia, midríase, 
dor muscular, vômito, diarreia. 
o Desmame é necessário quando utilizados 
por mais de 1 semana. 
USOS CLÍNICOS 
o Analgesia. 
o Edema pulmonar agudo (reduz a dispneia). 
o Tosse (pouco usado). 
o Diarreia. 
o Anestesia. 
CONTRAINDICAÇÕES 
o Uso de agonistas puros com parciais. 
o Lesões craniocefálicas. 
o Gravidez. 
o Doença cardíaca, pulmonar, hepática e 
renal. 
o Paciente já em uso de sedativos-hipnóticos, 
antipsicóticos, anestésicos locais, inibidores de 
MAO e antidepressivos. 
OPIOIDES X ODONTOLOGIA 
o Mais utilizados: codeína e tramadol. 
o Codeína: opioide fraco para dor moderada. 
→ Via oral. 
→ Constipação. 
→ Não causa muita dependência. 
→ Utilizado junto com paracetamol ou 
dipirona. 
o Tramadol: opioide fraco para dor aguda 
(principalmente pós-operatória) ou dor crônica 
(como ATM e bruxismo). 
→ Via oral ou IV. 
→ Tontura, convulsão. 
→ Sem depressão respiratória. 
→ Dose máxima diária: 400 mg por 
dia. 
→ 50 ou 100 mg: 6 em 6 horas. 
o Paciente com dor leve: utilizar apenas 
AINES. 
o Paciente com dor moderada ou não 
responsiva a AINES: AINES + opioides fracos. 
o Pacientes com dor moderada não 
responsiva a AINES + opioides fracos ou dor 
intensa: AINES + opioides fortes. 
o Prescritos em receitas de controle especial. 
o Cetaden: 50 mg diclofenaco e 50 mg 
codeína. 
→ 3 comp por dia. 
o Tylex: 7,5 ou 30 mg de codeína. 
→ 1 comp a cada 4 h.

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