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E-book Corpo, Movimento e Psicomotricidade Editado

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Prévia do material em texto

Corpo, Movimento 
e Psicomotricidade
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr.ª Carmen Conti
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
O Corpo e o Desenvolvimento Humano
O Corpo e o Desenvolvimento Humano
 
 
• Apresentar as noções de Corpo, Movimento e Psicomotricidade, que foram se construindo e 
reconstruindo nos diferentes contextos sociais, históricos e religiosos;
• Conhecer e compreender que o uso do movimento corporal na escola é muito importante 
também para a concretização do processo de ensino e de aprendizagem.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• O Corpo e o Desenvolvimento Humano;
• O Corpo e a Cultura Corporal;
• A Importância do Corpo e do Movimento na Educação;
• A Neurociência e o Desenvolvimento da Criança.
UNIDADE O Corpo e o Desenvolvimento Humano
Introdução
Nesta unidade, vamos conversar a respeito do corpo e do movimento na edu- 
cação. Antes mesmo de direcionarmos nossas aulas aos conceitos de Psicomotrici-
dade e seus elementos, precisamos ter uma visão do que se conhece sobre o corpo 
e o movimento corporal.
Como educadores, deveremos ter uma visão mais científica, mais aprofundada, pois 
vamos trabalhar esses sentidos e funções em um ser humano em formação.
Assim sendo, veremos neste momento a importância do corpo e do movimento e 
suas implicações no desenvolvimento humano. 
O Corpo e o Desenvolvimento Humano 
Qual a importância do corpo no desenvolvimento da criança?
No corpo estão inscritas todas as regras, todas as normas e todos os valores 
de uma sociedade específica, por ser ele o meio de contacto primário do 
indivíduo com o ambiente que o cerca. (DAÓLIO, 2003, p. 39)
Daólio indica-nos, na citação anterior, que nosso corpo é o construtor e, ao mesmo 
tempo, é construído pela sociedade em que vive. Entender o corpo como a nossa 
representação no mundo e que a partir dele construímos nossa história, permite-nos 
ter uma visão da sua importância no desenvolvimento humano. 
É importante entendermos que o desenvolvimento humano ocorre pela aquisição 
ou aprendizagem de tudo aquilo que o indivíduo construiu ao longo da história da 
humanidade. Assim, isso acontece na aquisição e interação com o seu meio – família, 
escola, crenças, costumes, entre outros aspectos – mas também se estabelece pela 
congruência desses estímulos externos com toda a nossa complexidade interna. 
São aspectos do desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social somados à com-
plexidade biológica, morfológica, emocional, física, muscular e com o nosso meio 
ambiente. Portanto, tudo isso pode ser observado em cada sujeito pela sua repre-
sentação corporal.
Nesse sentido, conhecer como o corpo se desenvolve é de grande importância 
para a formação docente, afinal, nossas ações pedagógicas são pautadas nas neces-
sidades de cada fase de uma criança.
Desta forma, é necessário, primeiro, ter uma visão histórica de como cada socie-
dade e cultura, ao longo do tempo e em seu próprio espaço, construiu e representou 
o corpo humano, atribuindo-lhe certos atributos, negando outros e criando padrões 
referenciais de beleza, saúde, postura etc. Nem sempre nosso corpo foi considerado 
importante e demorou muito para a educação entender a necessidade de conhecer 
o desenvolvimento corporal para propor suas ações. 
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Nota-se que, conforme a evolução histórica do pensamento e do discurso humano, 
as mudanças corporais foram acontecendo, sendo aceitas, de forma que as novas con-
cepções serviram de base para a próxima mudança.
Vamos conhecer uma visão de como o corpo foi visto na história do homem.
Você Sabia ?
O homem vitruviano é um conceito apresentado pelo arquiteto romano Marco Vitruvio 
Polião. O conceito é considerado um cânone das proporções do corpo humano, segundo 
um determinado raciocínio matemático e baseando-se, em parte, na proporção áurea. 
Desta forma, o homem descrito por Vitrúvio apresenta-se como um modelo ideal para o 
ser humano, cujas proporções são perfeitas, segundo o ideal clássico de beleza.
Figura 1 – Homem Vitruviano (1490),
desenho de Leonardo da Vinci
Fonte: Getty Images
O método cartesiano, desenvolvido a partir de século XVII pelo filósofo René 
Descartes, influenciou todo desenvolvimento científico e a nossa visão de corpo. 
Nessa perspectiva, o conceito de dualidade corpo-mente compara o corpo a uma 
máquina e a mente como objeto intelectual de estudo (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). 
A cisão corpo-mente governa e serve como fundamento lógico para o tratamento 
do ser humano como se ele fosse formado por peças separadas a serem exploradas 
por diferentes grupos de interesse. Com essa fragmentação perde-se a visão da intei-
reza, do conjunto e de suas interconexões. Essa visão foi muito importante para sua 
9
UNIDADE O Corpo e o Desenvolvimento Humano
época, mas contribuiu para um olhar no qual o corpo não tem grande importância 
no desenvolvimento humano.
Essa visão predominou por muito tempo e gerou grande impacto em como obser-
vamos o corpo na educação e no ambiente escolar. 
Entender o corpo como a nossa representação no mundo, nos faz observar a sua 
importância no desenvolvimento e na apresendizagem de uma criança.
O Corpo e a Cultura Corporal
O ser humano é um ser complexo, e essa complexidade se deve a riqueza de 
informações que precisamos conhecer para um desenvolvimento integral e para a 
interação com o meio.
Agora já aprendemos que o corpo, em contato com os estímulos do ambiente, 
registra e responde a diferentes informações que formam seu repertório de conhe-
cimento, e, tudo isso pode variar de criança para criança, de acordo com a cultura 
na qual ela está inserida. Assim, vamos entender como cada corpo constrói sua 
cultua corporal.
O documentarista francês Thomas Balmès realizou uma filmagem com duração 
de um ano. Balmés observou quatro crianças de países diferentes, buscando mostrar 
que as diferenças culturais influenciavam no desenvolvimento infantil, desde o nasci-
mento até os primeiros passos. Os países escolhidos para criação do documentário 
“Bebês” foram: Namíbia, Mongólia, Japão e Estados Unidos. 
Veja Ponijao, o bebê da Namíbia, na África, disponível em: https://bit.ly/2XsFuvV
Nesta direção, podemos afirmar que cada corpo tem seu desenvolvimento vincu-
lado a cultura em que está inserido. Desse modo, a cultura corporal, como vamos 
chamar nessa perspectiva, tem relação com conceitos de teóricos da Pedagogia.
O pesquisador Lev Semenovitch Vigotski, importante psicólogo russo, revolucio-
nou o pensamento de sua época quando apresentou sua particular compreensão do 
desenvolvimento humano na perspectiva histórico-cultural.
Vigotski buscou compreender o desenvolvimento humano e principalmente o fun-
cionamento cognitivo de cada indivíduo enquanto parte da sua realidade histórico- 
cultural específica. Para o autor, o desenvolvimento do sujeito é um processo cons-
truído nas e pelas interações que estabelece no contexto histórico e cultural em 
que está inserido (seu ambiente). E por meio destas relações sociais, estabelecidas 
e vivenciadas pela criança na cultura a que pertence, é que se apropria do conheci-
mento produzido (gestos corporais, linguagens, costumes, crenças , juízo de moral 
etc.), conhecimento esse produzido pelas gerações precedentes, condição funda-
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mental de desenvolvimento das funções tipicamente humanas, ou seja, as chamadas 
funções superiores (BRANDOLISE, 2018).
O corpo é a representação do desenvolvimento humano. Desse modo, podemos 
considerar que o desenvolvimento de uma criança pode ser observado pela perspectiva 
cultural, pela progressão de mudanças corporais, ou pelo desenvolvimento cognitivo?
A resposta é tão complexa quanto a pergunta, pois o desenvolvimento de uma 
criança deve ser analisado por diferentes perspectivas, podendo hoje compreender 
todo esse conhecimento por diferentes conceitos teóricos.
Utilizaremos o conceito de desenvolvimento integral para compreender as di-
ferentes dimensões que atuam no desenvolvimento de umser humano (RIBEIRO, 
2015). Assim, as dimensões motora, cognitiva e afetiva/social são consideradas 
as principais. Todas as dimensões se interpenetram, por exemplo, um corpo li-
mitado na sua expressão ou com dificuldades nas relações sociais compromete 
e impacta diretamente nos processos cognitivos. Dessa forma, apesar de esta 
disciplina tratar o desenvolvimento do corpo, nossa referência sempre será pau-
tada no desenvolvimento integral do corpo, e, em cada área do desenvolvimento, 
podemos verificar as influências da genética, da maturação, da aprendizagem e 
do meio ambiente em geral.
Mas, afinal, qual a importância de saber todas essas informações para sua formação?
Assista ao documentário Bebês, a abordagem do desenvolvimento infantil na ótica da
diversidade cultural. Ele é importante para estabelecermos as relações de desenvolvimento 
da criança por uma concepção histórico social. 
Trailer disponível em: https://youtu.be/lxw7pV3I2SU
A Importância do Corpo e do
Movimento na Educação
Quando planejamos nossas ações pedagógicas, devemos conhecer quem é nosso 
aluno, em qual fase de desenvolvimento ele se encontra, e o que desejamos despertar
no seu desenlvolvimento, assim como conhecer o que se espera de uma resposta de 
uma criança exige conhecimento sobre as fases de desenvolvimento.
O desenvolvimento humano acontece de forma integral, levando em consideração 
as dimensões motora, cognitiva e afetivo/social. Todo o desenvolvimento acontece 
pelo nosso corpo e é expressado pelo nosso movimento.
Os movimentos são considerados importantes na vida do ser humano, tanto nos 
aspectos biológicos, quanto nos psicológicos e sociais, tornando-se essenciais para o 
desenvolvimento humano.
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UNIDADE O Corpo e o Desenvolvimento Humano
Nós produzimos movimentos desde o nascimento e é a partir daí que começamos 
a interagir melhor com o mundo e ter um maior controle sobre o nosso corpo. E com 
as crianças, não é nada diferente.
Os bebês engatinham, correm, caminham e colocam o derredor como o seu 
mundo, sempre experimentando o novo, o desconhecido e surpreendendo com sua 
maneira de encarar o próprio corpo, as limitações e, sobretudo, com a inventividade. 
O movimento para um bebê/criança não tem limite.
Quando as crianças estão brincando também estão exprimindo sentimentos, 
emoções e uma maneira de pensar e agir. Cabe ao educador observar e aumentar o 
repertório de verbalização e linguagens.
Sendo assim, o movimento é muito mais do que o simples fato de se lomover em 
um espaço, porque quando se movimentam eles atuam sobre o meio físico e humano, 
modificando-o. Quando uma criança se movimenta, ela não apenas se desloca, ela 
mobiliza pessoas no tempo e no espaço e intenciona uma interação com outras pes-
soas e com o mundo que a rodeia.
O modo como andamos, saltamos, praticamos esportes, constitui o resultado da 
nossa interação com o meio físico e social. Todos esses movimentos constituem o 
produto das nossas necessidades e interesses, em diferentes épocas e em diferentes 
culturas. Vamos lembrar-nos do conceito de cultura corporal, campo da cultura que 
abrange e expressa as práticas expressivas de comunicação, que se manifestam por 
meio de movimentos.
Em diferentes épocas e diferentes culturas foram surgindo movimentos/expressões 
comporais que deram origem à dança, aos jogos, brincadeiras e esportes que tinham 
por finalidade última a interação/integração social de determinados grupos. Esses 
comportamentos e movimentos tinham e têm intencionalidade.
Quando as crianças brincam, elas criam movimentos e ritmos próprios de sua 
cultura e apropriam-se desses, aprofundando a cultura e tornando o seu meio mais 
rico culturalmente. 
Toda e qualquer instituição de educação infantil deve favorecer um ambiente seguro 
e socialmente agradável, para que as crianças, ao se sentirem protegidas e estimuladas, 
visualizem sinestesicamente, arrisquem-se e promovam desafios sob a tutela do edu-
cador. Se esse ambiente for pobre, pequena será sua manifestação, se for rico e propi- 
ciar desafios, grande será sua atuação e ampliação cultural.
O trabalho com movimento é essencial para a criança desenvolver de forma inte-
gral. Quando posteriormente apresentarmos os conceitos de psicomotricidade, você 
vai entender melhor como o movimento é importante, pois possibilita manifestações 
motoras, sensoriais e psíquicas que irão proporcionar à criança o desenvolvimento 
de suas potencialidades.
A cultura do movimento é essencial para o desenvolvimento da psicomotricidade 
e quanto mais rica for, maior será a produção intelectual da criança.
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Os movimentos corporais da criança expressam desejos de comunicação, afetivi-
dade e interação com o ambiente que a rodeia. Essas possibilidades a fazem crescer 
culturalmente e a levam a ações intecionais cada vez mais complexas.
Veremos que a psicomotricidade, antes relegada ao estudo do desenvolvimento mo-
tor com relevância para sua coordenação, tem nos dias atuais uma maior amplitude.
As diversas práticas pedagógicas que nos tempos atuais marcam a educação refle-
tem diversas concepções em relação ao sentido que se deve dar ao movimento nas 
creches, pré-escolas, escolas e outras instituições afins.
É muito comum confundir movimentação com indisciplina. Com o intuito de se 
assegurar ordem, progresso, relações harmoniosas e uma atmosfera civilizada, pro-
cura-se simplesmente suprimir a ideia de movimento, cria-se um ambiente rígido nas 
posturas para as crianças de diferentes idades.
Diante dessas assertivas, tão comuns nas escolas e no pensamento de alguns 
educadores, poderemos concluir que a educação e movimento não se coadunam. 
É imperioso dizer que não se poder movimentar ou gesticular é o que impede o 
pensa-mento e a manutenção da atenção, tão necessários à aprendizagem.
Nesta direção, é importante entender que quando falamos de corpo, de mo-
vimento, falamos de desenvolvimento humano, ou mais especificamente do 
desenvolvimento infantil, sobre o qual estamos nos referindo para assim plane-
jar e refletir sobre as nossas ações. Pois na escola, as nossas ações devem ter 
intenções e finalidades que levem em consideração a fase de desenvolvimento 
das crianças. 
O desenvolvimento humano se dá pela aquisição ou aprendizagem de tudo aquilo 
que o ser humano construiu ao longo da história da humanidade, da aquisição e da 
interação com o seu meio (família, escola, crenças, costumes, dentre outros aspectos), 
mas esse desenvolvimento também se estabelece pela congruência destes estímulos 
externos com toda a nossa complexidade interna. 
É na primeira infância, fase que vai dos zero aos seis anos de idade, que as crian-
ças desenvolvem suas estruturas e circuitos cerebrais e adquirem capacidades que 
permitem a elas avançar com habilidades futuras.
Segundo a publicação “O Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância so-
bre a Aprendizagem“, do Núcleo Ciência pela Infância, as crianças com desenvolvi-
mento integral saudável, durante os primeiros anos de vida, têm maior facilidade de 
se adaptarem a diferentes ambientes e de adquirirem novos conhecimentos, contri-
buindo para que posteriormente obtenham um bom desempenho escolar, alcancem 
realização pessoal, vocacional e econômica e se tornem cidadãos responsáveis.
O desenvolvimento de uma criança é influenciado pelo meio onde a criança vive 
e interage e também pelos relacionamentos afetivos estabelecidos.
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UNIDADE O Corpo e o Desenvolvimento Humano
Indicamos aqui quatro documentários disponíveis na Netflix, que pautam a infância, seu 
desenvolvimento e os direitos inerentes a essa etapa da vida. Confira!
• O Começo da Vida (2016): A partir de relatos familiares e de especialistas, o filme faz 
uma análise sobre os primeiros mil dias de um recém-nascido e ressalta a importância 
de as crianças terem garantidos seu lugar de fala e de escuta, prevendo o seu desen-
volvimento integral. Trailer disponível em: https://youtu.be/lxw7pV3I2SU
• Secret Life Of Babies: Documentárioque aborda as motivações dos bebês nos 
primeiros dois anos de vida. Embora seja a fase em que aprendem a falar e a andar, as 
crianças já apresentam naturalmente muitos mecanismos de defesa. 
Trailer disponível em: https://youtu.be/n5H7t66t7mU
• Crescendo como Coy: O documentário narra a batalha pública travada por uma 
família do Colorado (EUA), para que a filha transgênero, Coy, tenha seus direi- 
tos assegurados e possa viver a infância plenamente. 
Trailer disponível em: https://youtu.be/y2GxjSuF7Ag
• The Mask you Live In: “Homem não chora!” “Isso é coisa de menina!” “Vira homem!”. 
Essas expressões, ainda bastante comuns na sociedade, dizem respeito a uma ideia do 
macho dominante que ainda se cultua. O documentário parte do tema para mostrar 
como ele pode ser maléfico ao desenvolvimento dos meninos e, por outro lado, como 
eles podem ter acesso a uma infância mais livre de rótulos e, portanto, prazerosa. 
Trailer disponível em: https://youtu.be/LS8bwOesLjA
Figura 2 – O Começo da Vida (2016)
Fonte: Divulgação
O ser humano é um organismo complexo, que possui corpo e cérebro atuando 
conjuntamente, e o educador deve ter uma visão holística, uma visão sistêmica 
para compreendê-lo. 
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A mente humana conjuga o corpo e o cérebro, daí resultando a sua integração e 
a interação, constituídos pelo contexto onde ela se insere.
O corpo e a motricidade do ser humano não podem continuar restritos ao bioló-
gico, ao fisiológico, não havendo paralelismo, psicológico e fisiológico separados. O 
ser humano tem ação e intenção.
As concepções sobre o desenvolvimento humano têm sido compreendidas a 
partir de variadas perspectivas e sob olhares tanto das ciências naturais e biológicas 
quanto das ciências humanas e sociais. Vários autores influenciaram as compreen-
sões do desenvolvimento humano ao longo do século XX, como Skinner, Piaget, 
Vygotski, Wallon, Galluhue, Freud, entre outros podem nos ajudar a compreender 
como uma criança se desenvolve. Hoje, áreas como a Neurociência trouxeram mais 
informações para esse processo de desenvolvimento integral – cognição, afetividade 
e dimensão motora.
Nesse sentido, é importante que o educador observe e absorva a ideia de que a 
expressividade e mobilidade são essenciais à educação. Grupo disciplinado não é 
aquele em que todos ficam quietos e imóveis à espera de ordens e comandos.
Deslocamentos, conversas, brincadeiras, jogos não podem ser considerados desor-
dem, mas sim manifestações naturais de alegria, desejo de participação e, portanto, 
guiados e dirigidos pelo educador para o fim que se deseja.
As manifestações de motricidade têm um caráter lúdico e expressivo e permitirão ao 
educador organizar e melhorar suas práticas educacionais.
A Neurociência e o
Desenvolvimento da Criança 
O termo neurociência se difunde como um conceito transdisciplinar ao reunir 
diversas áreas de conhecimento no estudo do cérebro humano. A neurociência se 
constitui como a ciência do cérebro. 
O que chamamos comumente de mente é um grupo de funções desempenhadas 
pelo cérebro. As ações cerebrais estão ligadas à toda complexidade humana, aos 
comportamentos, e não apenas a comportamentos motores relativamente simples, 
como andar e comer, mas a todas as complexas ações cognitivas que associamos 
ao comportamento de todo ser humano, como pensar, falar, criar estratégias, entre 
outras. A Ciência Neural hoje pode fornecer explicações da atividade cerebral que 
podem contribuir para entendermos como a criança desenvolve suas dimensões.
A Neurociência pode explicar os caminhos pelos quais milhões de células indivi-
duais, no cérebro humano, atuam para produzir todo o desenvolvimento e apren-
dizagem da criança, e como tudo isso acontece pelas influências do ambiente e das 
relações com outras pessoas.
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UNIDADE O Corpo e o Desenvolvimento Humano
O professor de Pediatria e Neurologia da Universidade de Chicago, Peter 
Huttenlocher, descobriu que, após o nascimento, o cérebro de uma bebê constrói inú-
meras conexões ou sinapses, mais do que este irá necessitar. O excesso de conexões 
garante ao recém-nascido receber as informações de qualquer meio ambiente. Isso 
quer dizer que dentro de um desenvolvimento normal, as crianças têm um grande 
potencial para receber estímulos (MORALES, 2005). 
Os estudos de Huttenlocher demonstram que os três primeiros anos de vida são 
as fases mais críticas para as crianças estabelecerem novas sinapses, e que o ápice 
ou pico dessa explosão de sinapses é aos seis anos, quando o cérebro começa a eli-
minar aquelas conexões que não são usadas.
O cérebro humano é um órgão complexo, parcialmente desvendado pela ciência, 
formado por células nervosas (ou neurônios) e células gliais (células que proporcionam 
suporte e nutrição aos neurônios). As primeiras são responsáveis pela motricidade, 
consciência e sensibilidade, enquanto as gliais sustentam e mantêm vivos os neurônios.
Figura 3 – Desenvolvimento do cérebro de uma criança
Fonte: Adaptado de National Institute of Enviromental Halth Sciences
Imagem exibida pelo pesquisador Giorgio Tamburlini, do Centro per la Salute 
del Bambino, de Trieste, na Itália, na abertura da III Mostra Internacional das 
Semanas do Bebê, realizada em 2016, em Recife, pelo Unicef. A imagem 
mostra a quantidade de sinapses neurais em cada uma das fases do desenvol-
vimento da criança.
As atividades dos neurônios se adaptam e se modificam à medida em que intera-
gem com o meio ambiente, sendo que os nossos cinco sentidos (tato, gustação, visão, 
olfato e audição) constituem o elo de comunicação. São as nossas experiências ou os 
estímulos recebidos os principais responsáveis pelas constantes trocas de adaptações 
e modificações, a cada novo estímulo aprendido, novas conexões neurais são acres-
centadas (MORALES, 2005).
16
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O termo plasticidade cerebral também foi apresentado pela Neurociência. O con-
ceito de plasticidade cerebral considera que o sistema nervoso tem a capacidade de 
modificar-se ou ajustar-se frente às influências ambientais. 
Diante desta breve apresentação da Neurociência, a pergunta que surge é: 
O que tudo isso importa para entender o desenvolvimento da criança?
Os profissionais que trabalham na Educação devem estar sempre atualizados com 
as pesquisas relacionadas ao desenvolvimento humano, pois, de longa data os autores 
relacionados à área da Educação consideram as características do desenvolvimento 
humano um conhecimento importante para compreender o homem, seu desenvolvi-
mento e como acontece a aprendizagem.
Ao longo desta unidade, identificamos a importância do corpo e do movimento para 
essas relações – sujeito, ambiente, desenvolvimento, aprendizagem, cultura e, talvez 
o mais importante, liberdade e autonomia. Entender o funcionamento do sistema
nervoso nos permite entender como o desenvolvimento do corpo acontece na sua 
integridade. Assim, atualmente, a educação trabalha com o termo Neuroeducação.
A Neuroeducação pode ser definida como uma área de abordagem que trata da 
junção dos conhecimentos da Neurociência, da Educação e da Psicologia. Um dos 
impactos da Neuroeducação na vida de uma criança é que, em função dos progressos 
oferecidos por essa ciência, muitos indivíduos conseguem conquistar a autonomia. 
Um dos exemplos mais interessantes é presenciarmos pessoas que convivem com 
algum transtorno ou síndrome e que vivem normalmente, trabalhando, estudando e 
exercendo sua autonomia.
Considerando o aspecto neuroeducacional, a psicomotricidade ganha uma dimen-
são inegável pelo fato de sua atuação provir do sistema nervoso central. Ele é respon-
sável pela criação de uma consciência no indivíduo acerca dos movimentos que realiza, 
por meio de parâmetros como a velocidade, o tempo, o espaço e a percepção própria 
da pessoa.
A pesquisadora Marta Kohl de Oliveira, doutora em Psicologia da Educação pela 
School of Education of Stanford University (California, EUA) e autora de vários 
livros com grande suporte teórico das pesquisas de Vygotsky, diz serpossível esta-
belecer nexo entre a plasticidade cerebral e a teoria histórico-cultural de Vygotsky. 
Para Oliveira (1992), a ligação da estrutura biologicamente dada com o papel essen-
cial atribuído aos processos históricos na constituição do ser humano se dá por uma 
característica de toda espécie, que seria a plasticidade do cérebro, a capacidade de 
cada ser humano se ajustar. O cérebro é um sistema aberto que pode servir a dife-
rentes funções (que podem ser específicas de um momento ou de um lugar cultural).
No cérebro humano existem aproximadamente cem bilhões de neurônios e cada um 
desses pode se conectar a milhares de outros, fazendo com que os sinais de informação 
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UNIDADE O Corpo e o Desenvolvimento Humano
fluam e formem novas conexões neurais ou sinapses. Essa atividade neural pode ser 
fortalecida, ou não, dependendo dos estímulos do ambiente. A aprendizagem e o desen- 
volvimento estão estreitamente relacionados, assim, se faz necessário que, para propor- 
cionarmos uma intervenção pedagógica de qualidade, busquemos ter conhecimento 
das bases de desenvolvimento da criança. 
Agora que você entendeu que o corpo é a nossa representação no mundo para viver 
e registrar nossas experiências, precisamos discutir um pouco sobre a temática do desen- 
volvimento humano, suas fases, expectativas de respostas e como podemos atuar.
A ciência da Psicomotricidade vai ser a nossa grande ferramenta para pensar nos 
melhores estímulos e verificar possíveis transtornos no desenvolvimento de uma criança.
Finalizaremos a unidade com um fragmento do texto de Merleau-Ponty, impor- 
tante pensador contemporâneo. Leia o trecho e pense a respeito do seu próprio corpo:
A tradição cartesiana habituou-nos a desprender-nos do objeto: a atitude 
reflexiva purifica simultaneamente a noção comum do corpo e a da alma, 
definindo o corpo como uma soma de partes sem interior, e a alma como 
um ser inteiramente presente a si mesmo, sem distância. Essas definições 
correlativas estabelecem a clareza em nós e fora de nós: transparência de 
um objeto sem dobras, transparência de um sujeito que é apenas aquilo 
que pensa ser. O objeto é objeto do começo ao fim, e a consciência é 
consciência do começo ao fim. Há dois sentidos e apenas dois sentidos 
da palavra existir: existe-se como coisa ou existe-se como consciência. 
A experiência do corpo próprio, ao contrário, revela-nos um modo de 
existir ambíguo. Se tento pensá-lo como um conjunto de processos em 
terceira pessoa – “visão”, “motricidade”, “sexualidade” – percebo que 
essas “funções” não podem estar ligadas entre si e ao mundo exterior 
por relação de causalidade, todas elas estão confusamente retomadas 
e implicadas em um drama único. Portanto, o corpo não é um objeto. 
Pela mesma razão, a consciência que tenho dele não é um pensamento, 
quer dizer, não posso decompô-lo e recompô-lo para formar dele uma 
idéia clara. Sua unidade é sempre implícita e confusa. Ele é sempre outra 
coisa que aquilo que ele é, sempre sexualidade ao mesmo tempo que 
liberdade, enraizada na natureza no próprio momento em que se trans-
forma pela cultura, nunca fechado em si mesmo e nunca ultrapassado. 
Quer se trate do corpo do outro ou do meu próprio corpo, não tenho 
outro meio de conhecer o corpo humano senão vivê-lo, quer dizer, reto-
mar por minha conta o drama que o transpassa e confundir-me com ele. 
(MERLEAU-PONTY, 1999, p. 268-269)
18
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Profissionais Psicomotricidade
https://bit.ly/3bLISqv
 Livros
Desenvolvimento Humano
O livro chega à sua 12ª edição trazendo dados e tópicos totalmente atualizados sobre 
as diferentes fases do desenvolvimento, da formação de uma nova vida ao inevitável 
momento da morte. Seguindo uma abordagem cronológica, as autoras Diane E. 
Papalia e Ruth Duskin Feldman apresentam os aspectos do desenvolvimento físico, 
cognitivo e psicossocial de forma didática e ilustrada.
Neurociência Aplicada à Educação
O livro traz estratégias para o educador de como é possível estimular o cérebro do aluno 
no contexto escolar. O livro traz informações de sinapses e conexões na Neurociência 
na área da Linguagem, Matemática, Música, Motricidade e Ludicidade. A partir de 
uma perspectiva de análise e reflexão da prática escolar é possível compreender como 
o cérebro se modifica. Ensinar é encantar e encantar é conhecer e ser capaz de 
aprender sempre.
 Filmes
Divertida Mente
O filme da Disney e da Pixar, conta a história de Rilley, uma garota de 11 anos que 
enfrenta uma série de mudanças em sua vida. A principal delas foi sair de sua cidade 
natal, no estado de Minnesota (EUA), para morar na longínqua cidade de São Francisco. 
O enredo se desenrola dentro da cabeça da menina, onde cinco emoções — Alegria, 
Tristeza, Medo, Raiva e Nojo — são responsáveis por processar as informações e 
armazenar as memórias. O desenho foi dirigido pelo americano Pete Docter, que 
procurou ajuda de psicólogos e neurologistas na preparação do roteiro. Assista ao 
filme e faça uma relação com o desenvolvimento humano e a neurociência.
https://youtu.be/LSpeM7G4zfY
 Leitura
A Neurociência e a Educação: Como Nosso Cérebro Aprende?
O artigo reflete o processo de aprendizagem, o desenvolvimento e a aquisição de 
novos comportamentos.
https://bit.ly/3bKkMg1
19
UNIDADE O Corpo e o Desenvolvimento Humano
Referências
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 
3. ed. revista. São Paulo: Moderna, 2003.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil. Brasília: 
MEC/SEF, 1998, v. 3.
BRANDOLISE, F. M. Desenvolvimento Humano, Brincadeira, Educação Infantil 
e as Contribuições de Vigotski e Winnicott. Piracicaba: UNIMEP, 2018.
DAOLIO, J. Da cultura do corpo. 7. Ed. Campinas, SP: Papirus, 2003.
FONSECA, V. da. Psicomotricidade: uma visão pessoal. Construção Psicopedagógica. 
vol. 18, n. 17, pg. 42-52. São Paulo-SP, 2010.
 . Manual de Observação Psicomotora: significação psiconeurológica dos 
fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo, Martins 
Fontes, 1999.
RIBEIRO, F. B. Educação escolar: aspectos cognitivos, motores, afetivos e sociais. 
Santa Catarina: UNOCHAPECÓ, 2015.
MORALES, R. Educação e Neurociências: uma via de mão dupla. In: 28ª Reunião da 
ANPED, n. 13, 2005, Caxambu. Educação Fundamental. Caxambu: UFSCar, 2005.
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. São Paulo: 
Cengage Learning, 2009.
Sites visitados
Sociedade Brasileira de Psicomotricidade. Disponível em: <http://profissionais 
psicomotricidade.blogspot.com.br/2007/07/segundo-sociedade-brasileira-de.html>. 
Acesso em: 10/4/2013.
20
Corpo, Movimento 
e Psicomotricidade
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Carmen Conti
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
O Desenvolvimento Humano e a Aprendizagem
O Desenvolvimento Humano 
e a Aprendizagem
 
 
• Apresentar a noção de como se desenvolvem e aprendem as crianças pequenas;
• Estudar como acontece o desenvolvimento das capacidades motoras, linguagem e habilidades 
manuais na criança;
• Entender que na educação infantil, o desenvolvimento acontece no decorrer de três etapas: 
maturação, desenvolvimento e aprendizagem de acordo com Bassedas, Huguet e Solé.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• O Desenvolvimento Humanoe a Aprendizagem;
• Bases do Desenvolvimento Humano.
UNIDADE O Desenvolvimento Humano e a Aprendizagem
Contextualização
Reflita sobre as questões abaixo, permita-se divagar sobre elas e, dentro de 
um contexto educacional, responda o que você acredita ser a verdade. Ou não há 
verdades, apenas suposições?
É possível conhecer uma criança observando-a, colhendo informações sobre os movimentos 
que ela executa, de maneira intencional ou reflexa?
Que linguagem ou que tipos de linguagens ela usa que permitem o seu conhecimento? 
Ela expressa sua linguagem de maneiraa se fazer entender? Como isso se processa? Ou não 
se processa de maneira alguma e apenas inferimos informações dedutíveis?
Criança têm habilidades? Ou apenas movimentos reflexos a que denominamos habilida-
des manuais?
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9
O Desenvolvimento Humano
e a Aprendizagem
Nesta unidade, estudaremos que, no ser humano, do nascer até os 6 anos, ocor-
rem as mais potentes e espetaculares mudanças, que se tornam visíveis e fazem 
parte do dia a dia na vida de uma criança. 
Nesta direção, os profissionais não deveriam ter somente conhecimentos voltados à 
segurança e ao cuidar, esse profissional também passa a ter necessidade de conhecer 
as fases de desenvolvimento de uma criança, para assim pensar nos melhores estímu-
los e avaliar as expectativas de respostas em cada uma das fases de desenvolvimento. 
As pesquisas nesta área passam por fases de grandes descobertas e discussões. 
Muitos pensadores da educação, ao investigar o desenvolvimento infantil, percebe-
ram que a inteligência se dá a partir do nascimento e se estende por toda a infância, 
e, entender toda essa complexidade é fator essencial para um desenvolvimento de 
sujeitos preparados para atuar no mundo. 
Devemos estar prontos para atuar na área da educação, conhecendo todos os 
direitos relacionados à infância, mas também as necessidades para um crescer em 
toda a integridade do desenvolvimento humano.
Mas, afinal, quando falamos de desenvolvimento humano ou, mais especificamente, 
do desenvolvimento infantil, a qual conhecimento estamos nos referindo para assim pla-
nejar e refletir sobre as nossas ações? Pois, na escola, as nossas ações devem ter inten-
ções e finalidades que levem em consideração a fase de desenvolvimento das crianças. 
O desenvolvimento humano se dá pela aquisição ou aprendizagem de tudo aquilo 
que o ser humano construiu ao longo da história da humanidade, da aquisição e da 
interação com o seu meio (família, escola, crenças, costumes, entre outros aspectos), 
mas esse desenvolvimento também se estabelece pela congruência destes estímulos 
externos com toda a nossa complexidade interna, e tudo isso, como já estudamos em 
unidade anterior, acontece pelo nosso corpo em movimento.
Hoje, a área da educação deve formar profissionais atentos à visão da complexida-
de humana, aos aspectos do desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo, social, soma-
dos a nossa complexidade biológica, morfológica, emocional, física, muscular e ao 
nosso meio ambiente. Tudo isso pode ser visto em cada ser humano, e esse conhe-
cimento deve ser familiar a todos que pretendem trabalhar no ambiente educacional.
Para começar, vamos esclarecer alguns aspectos para facilitar a organização do 
nosso conhecimento. Alguns conceitos importantes neste momento: desenvolvimen-
to humano, aprendizagem, maturação e complexidade.
Estamos repetidamente falando sobre “desenvolvimento humano”, primeiro, é impor-
tante lembrarmos que o desenvolvimento humano é um campo em constante evolução, 
assim, o que apresentamos hoje deve ser constantemente atualizado pelas suas pesquisas.
9
UNIDADE O Desenvolvimento Humano e a Aprendizagem
Desde o momento da concepção, tem início nos seres humanos um processo de 
transformação que continuará até o fim da vida. Uma única célula se desenvolve até se 
tornar um ser vivo, e, apesar de sermos singulares , únicos, as transformações que as 
pessoas experimentam durante a vida apresentam padrões em comum, assim, o cam-
po que estuda o desenvolvimento concentra-se no estudo científico dos processos 
sistemáticos de mudança e estabilidade que ocorrem nas pessoas.
Devemos estar atentos ao fato de que esse desenvolvimento acontece por várias 
dimensões ou domínios, entre eles, a área educacional precisa conhecer a dimensão 
motora, a dimensão cognitiva e a dimensão afetivo/social.
O desenvolvimento relacionado à dimensão motora está relacionado ao movimen-
to, ao corpo, ao domínio físico. Esse desenvolvimento refere-se ao corpo, às capaci-
dades sensoriais, e às habilidades motoras.
O desenvolvimento relacionado à dimensão cognitiva refere-se às mudanças nas 
habilidades mentais (relacionadas ao conhecimento), tais como aprendizagem, atenção, 
memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade.
Já o desenvolvimento afetivo/social observa os padrões de mudanças nas emoções, 
na formação da personalidade e nas relações sociais.
Os autores que estudaram essas dimensões passaram a verificar quais são os 
padrões em comum no desenvolvimento de cada fase do ser humano, isso quer 
dizer o que devemos esperar de evolução em cada fase e assim planejar nossas 
ações para os melhores estímulos.
Figura 1 – Imagem ilustrativa sobre o desenvolvimento humano
Fonte: Freepik
O segundo conceito que vamos entender se refere ao termo aprendizagem. 
Existem várias abordagens ou teorias sobre o conceito de aprendizagem, e cada 
abordagem apresentará uma concepção diferente do termo. Porém, um ponto de 
vista comum entre essas abordagens é que aprendizagem indica mudança, trans-
formação do sujeito, isso quer dizer que a aprendizagem se dá através da assimila-
ção de informações que podem ser utilizadas posteriormente.
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Para os futuros professores(as), é impossível falar em aprendizagem sem men-
cionar Jean Piaget (1896-1980). O biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço estudou 
com profundidade as etapas do desenvolvimento humano, pois, sim, desenvolvi-
mento humano e aprendizagem estão totalmente relacionados. Ao longo dos anos, 
PIAGET foi responsável por estabelecer teorias que abordassem esse importante 
aspecto da vida de todos nós, que é a aprendizagem.
Para o pesquisador, os organismos vivos tendem a se adaptar a um novo meio a 
partir do momento em que passa a existir uma relação entre eles e o ambiente. Adquiri-
mos conhecimentos através de experiências com o contexto no qual estamos inseridos.
Segundo Piaget (1964), a interação entre o indivíduo e o ambiente é responsável 
pela formação do conhecimento humano. O equilíbrio de uma ação com outras 
ações pelo homem (ser humano) propicia a adaptação aos ambientes. A assimilação 
é o elemento-chave que determina a base de todo esse processo de aprendizagem.
Sendo assim, Jean Piaget trouxe aos seus experimentos a constatação de que a 
criança vivencia diferentes fases de desenvolvimento para adquirir habilidades funda-
mentais para sua vida, como o pensamento e a linguagem.
Por trás do processo de aprendizagem estão algumas etapas que são imprescin-
díveis para o progresso da mente e também para o fortalecimento da capacidade de 
lidar com os desafios e as descobertas do conhecimento e aprendizado. 
Figura 2 – Processo de aprendizagem
Fonte: Getty Images
Outro conceito importante é o termo maturação, pois o desenvolvimento e a aprendi-
zagem só podem acontecer em um período onde a criança apresenta certa maturação.
A Maturação diz respeito às mudanças que ocorrem ao longo da evolução, existente 
no sistema nervoso central, sendo que o indivíduo se prepara para que todas suas condi-
ções e conexões nervosas cresçam e se adaptem às necessidades futuras do ser humano.
A maturação está vinculada ao corpo e ao cérebro, assim, podemos entender 
que existe uma sequência natural de mudanças físicas e padrões de comportamento. 
Essa informação tem total conexão com os conceitos de desenvolvimento humano 
e aprendizagem, afinal uma criança só pode dar uma resposta a um estímulo caso 
tenha áreas necessárias a essa resposta em uma fase de maturação apropriada.
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UNIDADE O Desenvolvimento Humano e a Aprendizagem
[...] quando falamos de maturação, estamos referindo-nos às mudanças que 
ocorrem ao longo da evolução dos indivíduos, as quais se fundamentam na 
variação da estrutura e da função das células. (BASSEDAS, 1999, p. 20)
Bases do Desenvolvimento Humano
Utilizaremos o conceito de desenvolvimento integral para compreendermos as dife-
rentes dimensões que atuam no desenvolvimento de um ser humano, fazendo aqui uma 
referência ao que comentamos anteriormentesobre o pensamento complexo. A di-
mensão motora, cognitiva e afetiva/social considera as principais. Todas as dimensões 
se interpenetram, por exemplo, um corpo limitado na sua expressão ou com dificulda-
des nas relações sociais compromete e impacta diretamente nos processos cognitivos. 
Assim, apesar da disciplina ter uma nomenclatura que parece tratar o desenvolvimento 
do corpo, nossa referência sempre será pautada no desenvolvimento integral desse cor-
po. Desse modo, em cada área do desenvolvimento, podemos verificar as influências 
da genética, da maturação, da aprendizagem e do meio ambiente em geral.
Quando estudamos teorias que tratam do desenvolvimento devemos ter uma con-
vicção de que toda mudança desenvolvimental, em qualquer dimensão, só pode ser 
compreendida após uma visão dos padrões entre idades, assim, devemos conhecer 
quais são as características de desenvolvimento previstas em cada fase.
Muitos autores verificaram que os domínios do desenvolvimento de cada dimen-
são são observados pelas habilidades e respostas comuns entre as crianças em uma 
determinada fase do seu corpo.
Nos estudos de desenvolvimento humano, os fatores internos e externos devem ser 
compreendidos. Embora muito do desenvolvimento inicial seja controlado pela matu-
ração (fatores internos), um mínimo do estímulo ambiental (fatores externos) é neces-
sário para um desenvolvimento considerado bem-sucedido. Ambientes empobrecidos 
em estímulos podem retardar o desenvolvimento de diversas maneiras. A estimulação 
do ambiente pode ter um impacto a longo prazo sobre o desenvolvimento motor, 
das percepções da criança, das habilidades cognitivas e das relações sociais.
Neste momento, você já compreendeu que vamos precisar conhecer fatores do 
desenvolvimento interno e identificar quais são os melhores estímulos para tornar o 
desenvolvimento da criança dentro das expectativas de resposta para a fase do corpo 
em que ela se encontra.
O crescimento e o desenvolvimento físico não podem ser ignorados quando pen-
samos no desenvolvimento integral da criança. Para uma criança desenvolver sua 
dimensão motora que está relacionada ao seu movimento, temos que compreender 
que as habilidades motoras dependem do crescimento muscular, cerebral, ósseo, 
e que cada criança, apesar de ter as mesmas estruturas, apresenta ritmo de cresci-
mento e uma constituição corporal única. Assim, vamos observar como essa singu-
laridade de cada criança pode exercer profundas influências sobre a maneira que a 
criança desenvolve sua autoimagem, bem como alguns aspectos comportamentais.
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No início, embora a gestação e o parto, com suas histórias específicas, tragam 
diferenças, o processo de nascimento é muito semelhante para a maioria dos bebês. 
Assim, quando nasce uma criança, já podemos determinar se seu crescimento e 
desenvolvimento pode evoluir dentro das expectativas dos padrões desejados?
Atualmente, observamos que a constituição e crescimento do feto podem receber 
influências ambientais com grande impacto durante a fase pré-natal e, posteriormente , 
durante todo o desenvolvimento da criança. As influências ambientais são diversas, 
e, dentre elas podemos citar as doenças que podem acometer a mãe (rubéola e sífilis), 
as drogas utilizadas, o estilo de vida (sedentarismo, obesidade, fumo, bebida), a idade 
da mãe, dietas pobres que podem afetar o desenvolvimento das células do cérebro 
e dos tecidos do sistema nervoso, o estado emocional da gestante, entre outros. 
Durante o desenvolvimento pré-natal, há períodos durante os quais o organismo em 
desenvolvimento é particularmente vulnerável a essas influências. Durante o nasci-
mento, existem também alguns riscos que podem interferir no desenvolvimento de 
uma criança, provenientes da falta de oxigênio, ou no caso de crianças prematuras, 
que têm algum comprometimento durante sua fase de desenvolvimento (BEE, 2012).
Após o nascimento, as crianças continuam o seu desenvolvimento pela matura-
ção e pelo contato com o ambiente. Os bebês utilizam as primeiras semanas para 
muita exploração visual. 
Na tabela abaixo, vamos observar características de desenvolvimento nas três 
grandes dimensões, assim, podemos pensar nas respostas esperadas em cada fase.
Tabela 1 – Principais Desenvolvimentos Típicos da Infância
Faixa Etária
Desenvolvimentos
Físicos
Desenvolvimentos 
Cognitivos
Desenvolvimentos 
Psicossociais
Período Pré-Natal
(Concepção ao 
Nascimento)
• Ocorre a concepção;
• A dotação genética interage 
com as influências ambientais 
desde o início;
• Formam-se as estruturas e os 
órgãos corporais básicos;
• Inicia-se o crescimento cerebral;
• O crescimento físico é o mais 
rápido de todo o ciclo vital;
• O feto ouve e responde os 
estímulos sensórios;
• A vulnerabilidade a influência 
ambientais é grande.
• As capacidades de aprender 
e lembrar estão presentes 
durante a etapa fetal.
• O feto responde à voz da mãe 
e desenvolve uma preferência 
por ela.
Primeira Infância
(Nascimento aos 
3 Anos)
• Todos os sentidos funcionam no 
nascimento em graus variados;
• O cérebro aumenta de 
complexidade e é altamente 
sensível à influência ambiental;
• O crescimento e o 
desenvolvimento físico das 
habilidades motoras são rápidos.
• As capacidades de aprender 
e lembrar estão presentes, 
mesmo nas primeiras semanas;
• O uso de símbolos e a 
capacidade de resolver 
problemas desenvolvem-se ao 
final do segundo ano de vida;
• A compreensão e o uso
 da linguagem
desenvolvem-se rapidamente.
• Desenvolve-se um apego aos 
pais e a outras pessoas;
• Desenvolve-se a autoconsciência;
• Ocorre uma mudança da 
dependência para a autonomia;
• Aumenta o interesse por 
outras crianças.
Fonte: Adaptada de PAPALIA e FELDMAN (2013)
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UNIDADE O Desenvolvimento Humano e a Aprendizagem
Para Gallahue e Ozmun (2005), os seres humanos apresentam a capacidade de 
interagir com o meio ambiente através dos movimentos. Essa capacidade sofre alte-
rações ao longo do desenvolvimento da criança e durante todo seu ciclo de vida, de-
vido a características como crescimento, maturação, capacidades físicas, e aspectos 
ambientais, como espaços, superfícies, inserção sócio cultural, além de, por último, 
as exigências das tarefas.
Por volta do 2° mês, ao menos de acordo com alguns pesquisadores como Jean Piaget, 
existe sim, uma grande mudança na direção de comportamento em direção a ações mais 
propositais, contudo, é por volta dos 6 meses que a criança ganha um maior controle mo-
tor. Essa evolução é gradativa, por volta de 1 mês o bebê ergue o queixo, aos 2 meses pode 
levantar o pescoço e aumenta assim a sua exploração visual, a manipulação para agarrar e 
para alcançar objetos começa a se desenvolver. Por volta de 5 meses, ele busca os objetos 
e o desenvolvimento segue, na medida em que o controle motor se torna melhor, outros 
tipos de exploração tornam-se possíveis, fazendo o processo de aprendizagem e desenvol-
vimento se manifestarem como algo estreitamente relacionado (BEE, 2012). O ápice do 
refinamento da dimensão motora acontece por volta dos 6 anos de idade, ainda que todas 
as dimensões se desenvolvam até o final da vida.
Recordando o conceito, as mudanças que ocorrem em um indivíduo desde sua 
concepção até a morte denominam-se desenvolvimento humano. O desenvolvimento 
é composto por mudanças comportamentais e estruturais. O processo de desenvol-
vimento motor revela-se por alterações no comportamento motor, o que proporciona 
o processo de aprender a mover-se com controle e competência para interagir com o 
ambiente (GALLAHUE e OZMUN, 2001).
O processo de desenvolvimento motor é apresentado por Gallahue e Ozmun (2001) 
em uma forma de ampulheta. Os autores caracterizam o desenvolvimento da dimensão 
motora por fases e expectativas de respostas.
Estágio de Utilização Permanente
Estágio de Aplicação
Estágio Transitório
Estágio Maduro
Estágio Elementar
Estágio Inicial
Estágio de Pré-Controle
Estágio de Inibição de Re�exos
Estágio de Decodi�cação de InformaçõesEstágio de Codi�cação de Informações
14 anos e Acima
De 11 a 13 Anos
De 7 a 10 Anos
De 6 a 7 Anos
De 4 a 5 Anos
De 2 a 3 Anos
De 1 a 2 Anos
do Nascimento
Até 1 Ano
De 4 Meses a 1 Ano
Dentro do Útero e Até
4 Meses de Idade
Utilização 
Permanente
na Vida Diária
Utilização 
Permanente
Recreativa
OS ESTÁGIOS DE
DESENVOLVIMENTO MOTOR
FAIXAS ETÁRIAS APROXIMADAS
DE DESENVOLVIMENTO
FASE MOTORA
ESPECIALIZADA
FASE MOTORA
FUNDAMENTAL
FASE MOTORA
RUDIMENTAR
FASE MOTORA
REFLEXIVA
Utilização 
Permanente
Competitiva
Figura 3 – Fases do desenvolvimento motor
Fonte: Adaptada de GALLAHUE e OZMUN (2001)
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Para os autores, as fases são divididas em:
• Fase motora reflexiva: os reflexos são as primeiras formas de movimento humano. 
Esses são involuntários e formam a base para as fases do desenvolvimento motor. 
A partir da atividade de reflexos, o bebê obtém informações sobre o ambiente ;
Nesta fase existem os estágios de codificação de informações (movimentos mais 
aleatórios) e a decodificação de informações (movimentos mais propositais) ;
Reflexos do bebê, disponível em: https://bit.ly/2XAWJg6
• Fase de movimentos rudimentares: os movimentos rudimentares são determi-
nados de forma maturacional e caracterizam-se por uma sequência de apareci-
mento previsível. Esta sequência é resistente a alterações em condições normais. 
Elas envolvem movimentos estabilizadores, como obter o controle da cabeça, 
pescoço e músculos do tronco, as tarefas manipulativas de alcançar, agarrar 
e soltar, e os movimentos locomotores de arrastar-se, engatinhar e caminhar ;
Figura 4
Fonte: Getty Images
• Fase de movimentos fundamentais: as habilidades motoras fundamentais 
da primeira infância são consequências da fase de movimentos rudimentares. 
Esta fase do desenvolvimento motor representa um período na qual as crianças 
pequenas estão envolvidas ativamente na exploração e na experimentação das 
capacidades motoras de seus corpos ;
Figura 5
Fonte: Getty Images
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UNIDADE O Desenvolvimento Humano e a Aprendizagem
• Fase de movimentos especializados: esse é um período em que as habilida-
des estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressi-
vamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescen-
temente exigentes.
Figura 6
Fonte: Getty Images
Guedes e Guedes (1997) referem-se ao desenvolvimento motor como sendo não 
apenas aspectos biológicos de crescimento e maturação. Os autores acreditam que o 
desenvolvimento depende das experiências vividas pelo indivíduo e das relações com 
o ambiente que o cerca. Le Boulch (1982) deixa evidente a preocupação de estudiosos 
da área em identificar os mecanismos e variáveis que influenciam o desenvolvimento 
motor e as fases específicas em que cada indivíduo é mais suscetível às influências 
de determinados estímulos.
Nesta direção, compreendemos que o crescimento e maturação do ser humano 
é um processo natural, ainda que o ambiente pode afetar de maneira diferente o 
desenvolvimento das dimensões para cada indivíduo.
O pesquisador Lev Semenovitch Vigotski, importante psicólogo russo, revolucio-
nou o pensamento de sua época quando apresentou a sua particular compreensão do 
desenvolvimento humano na perspectiva histórico-cultural (BRANDOLISE, 2018).
Lev Vigotski se opôs às concepções de desenvolvimento de sua época e acredita-
va que o processo, ou as fases de desenvolvimento, estavam atrelados às condições 
de aprendizagem. Para o autor, aprendizagem e desenvolvimento não são sinônimos 
nem se antagonizam, mas estabelecem profundas relações. (BRANDOLISE, 2018). 
A teoria de Vigotski descreve que o desenvolvimento, acontece por uma dupla for-
mação, ou seja, a dos planos biológico e cultural, que conduzem a esse processo.
Retomando a Jean Piaget, a pergunta fundamental que ele formulou, em 1911, e que 
orientou suas pesquisas foi: como o ser vivo consegue se adaptar ao meio ambiente? 
Essa foi a pergunta que levou o pesquisador a duas situações problema, a da 
adaptação biológica e ao problema do conhecimento. Piaget chegou a duas ideias 
centrais, a primeira que a adaptação biológica de todo organismo vivo, assim como 
toda aquisição de repertório intelectual, se faz através da assimilação de um dado 
16
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exterior (ambiente) e o conhecimento não pode ser uma cópia, mas uma integração 
em uma estrutura mental pré-existente que, ao mesmo tempo, vai ser mais ou menos 
modificada por esta integração. A segunda ideia central é que os fatores normati-
vos do pensamento correspondem às relações, às necessidades de equilíbrio que se 
observam no plano biológico. Assim, quando aprendemos algo novo precisamos 
organizar nossas estruturas (CAVICCHIA, 1993).
Para o autor, o conhecimento acontece pelas trocas entre o organismo e o meio. 
Essas trocas são responsáveis pela construção da própria capacidade de conhecer, 
já que as informações do ambiente produzem estruturas mentais que, ainda que sejam 
orgânicas, não estão programadas no desenvolvimento do ser humano, mas apare-
cem como resultado das solicitações do meio ao organismo, assim sua adaptação 
biológica (CAVICCHIA, 1993).
A essa adaptação biológica entre o estímulo do ambiente e organização do or-
ganismo para uma resposta, Piaget chama de processo de adaptação, e o autor 
complementa com dois aspectos: a assimilação e a acomodação. A adaptação do 
ser humano ao meio ambiente se realiza através da ação (organização de nossas es-
truturas), elemento central da teoria piagetiana, indicando o centro do processo que 
transforma a relação com o objeto em conhecimento.
A capacidade de organizar e estruturar a experiência vivida por cada ser humano 
é um processo das estruturas mentais que funcionam seriando, ordenando, classifi-
cando e assim estabelecendo relações, porém, como apresentamos anteriormente, 
muitos aspectos estão envolvidos neste processo (maturação, ambiente, influências na 
gestação, momento do nascimento). Para Piaget, todo esse processo é denominado de 
desenvolvimento cognitivo. Nesse desenvolvimento, o autor elencou diferentes estágios 
que expressam as etapas pelas quais se dá a construção do mundo pela criança.
Nas suas pesquisas, Piaget acreditava que para acontecer os estágios de desenvol-
vimento é necessário, em primeiro lugar, que a ordem das aquisições seja constante. 
Trata-se de uma ordem sucessiva e não apenas cronológica, isso quer dizer que 
existe a dependência da experiência do sujeito, e não apenas de sua maturação ou 
do meio social. 
Além desse critério, Piaget propõe uma divisão por períodos ou fases para carac-
terizar estágios no desenvolvimento cognitivo. Sendo assim, o pesquisador distinguiu 
quatro grandes períodos no desenvolvimento das estruturas cognitivas relacionados 
ao desenvolvimento da afetividade e da socialização da criança: estágio da inteligên-
cia sensório-motora (de 0 a aproximadamente 2 anos); estágio da inteligência sim-
bólica ou pré-operatória (2 a 7-8 anos); estágio da inteligência operatória concreta
(7-8 a 11-12 anos); e estágio da inteligência formal (a partir, aproximadamente,
dos 12 anos), (CAVICCHIA, 1993).
Os estágios propostos por Piaget estão relacionados a degraus de equilíbrio, pois 
quando a criança recebe um estímulo todo o seu organismo deve se reestruturar para 
se reequilibrar, e, assim que o equilíbrio é atingido num ponto, a estrutura é integrada 
em novo equilíbrio em formação. 
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UNIDADE O Desenvolvimento Humano e a Aprendizagem
Os diversos estágios ou etapas surgem, portanto, como consequência das suces-
sivas equilibrações de um processo que acontece no decorrer do desenvolvimento. 
Essa construção só pode acontecer quando as competências cognitivas do ser humano 
estão preparadas para o próximo estímulo.
A equilibração é, pois, o processo pelo qual se formam as estruturas cognitivas 
e constitui, em última análise, a expressão da lei funcional que afirma a atuação 
das estruturas. O processo que conduz desequilíbrios e reconstruções de estru-
turas mentais é ofator determinante no progresso do desenvolvimento cognitivo 
(CAVICCHIA, 1993).
Na teoria de Piaget, a concretização ou realização dessas possibilidades dependerá 
do meio no qual a criança se desenvolve, uma vez que a capacidade de conhecer é 
resultado das trocas do organismo com o meio. Da mesma forma, essa capacidade 
de conhecer depende, também, da organização afetiva, uma vez que a afetividade e a 
cognição estão sempre presentes em toda a adaptação humana.
O desenvolvimento integral é um emaranhado de aspectos que envolvem a com-
plexidade do ser humano. Esses aspectos, como vimos, são compostos pela nossa 
complexidade interna e nossa interação e relação com o ambiente (externo), com 
seus espaços, objetos e pessoas. 
É importante recordarmos que, quando falamos em desenvolvimento integral, 
estamos afirmando que o desenvolvimento nunca acontece em dimensões isoladas, 
e sim em conexão com toda sua complexidade.
Figura 7 – Imagem referente ao desenvolvimento 
integral, com todas as dimensões atuando
Fonte: sxc.hu
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Agora, vamos conhecer a importância do corpo neste desenvolvimento integral. 
Assim como todos os nossos aspectos, a dimensão motora é parte integrante do 
ser humano e da sua experiência humana. Portanto, mais do que um deslocamento 
do corpo no espaço, o movimento constitui-se como uma linguagem, em algumas 
fases de desenvolvimento, como a única forma de comunicação e interação com o 
ambiente. Por meio do corpo e do movimento, a criança interage e se comunica. 
Conhece mais sobre si, sobre o outro e o mundo que a cerca. Expressa sentimentos, 
emoções e pensamentos, aprimorando seus gestos e posturas corporais e, nessa 
direção, se desenvolve.
Na próxima unidade, vamos conhecer a Psicomotricidade, uma ciência que estuda 
o homem em seu desenvolvimento integral, com suas relações internas e externas.
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UNIDADE O Desenvolvimento Humano e a Aprendizagem
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Compreendendo o Desenvolvimento Motor 
Obra mundialmente reconhecida, apresenta um texto acessível com base descritiva 
e explicativa para os processos e produtos dinâmicos do desenvolvimento motor. 
Abrangendo todas as fases da vida a partir de uma perspectiva das restrições, 
o livro enfoca as fases do desenvolvimento motor, proporcionando uma sólida 
introdução aos aspectos biológicos, afetivos, cognitivos e comportamentais de cada 
fase. Os autores trazem o que há de mais atual em termos de teoria e pesquisa, 
utilizando o Modelo de Ampulheta Triangulada como estrutura conceitual que 
auxilia o leitor no entendimento do desenvolvimento motor do bebê, da criança, do 
adolescente e do adulto.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. D.; GOODWAY, J. Compreendendo o 
Desenvolvimento Motor. 7 ed., Amgh Editora.
 Vídeos
D-14 - O movimento do corpo infantil - uma linguagem da criança
Neste vídeo, você verá uma escola que utiliza o movimento como base para o 
trabaho pedagógico, e o quanto é importante o seu uso para o desenvolvimento 
infantil, pois é considerada uma linguaguem de cominucação que a criança utiliza.
https://youtu.be/X1UzQjKZVUA
PhD. David Gallahue na FSG - FSG Comunica 39ª Edição
Neste vídeo você verá uma pequena entrevista realizada com o Prof. David Lee 
Gallahue, um dos mais importantes pesquisadores sobre o desenvolvimento motor. 
O Curso de Educação Física da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) promoveu o 
3º Congresso Internacional de Motricidade da Serra gaúcha.
https://youtu.be/1_R9-BBKyLM
 Leitura
A importância do movimentar-se e suas contribuições para o desenvolvimento
A didática do professor nas aulas de educação física infantil: a importância do 
movimentar-se e suas contribuições para o desenvolvimento da criança. Autores: 
Lillian dos Santos Belo Oliveira e Carolina Petruy.
https://bit.ly/2yk5GQp
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Referências
BASSEDAS, E.; HUGUET, T.; SOLE, I. Aprender e Ensinar na Educação Infantil. 
Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
BEE, H.; BOYD, D. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed. 2011.
BRANDOLISE, F. M. Desenvolvimento Humano, Brincadeira, Educação Infan-
til e as Contribuições de Vigotski e Winnicott. Piracicaba: UNIMEP, 2018.
CAVICCHIA, D. de C. O Cotidiano da Creche: um projeto pedagógico, São Paulo: 
Loyola, 1993.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento motor: 
bebê, criança, adolescente e adulto. 1 ed., São Paulo: Phorte Editora, 2001.
 ________. Compreendendo o desenvolvimento motor: Bebê, Criança, adoles-
cente e adulto. 3 ed., São Paulo: Phorte Editora, 2005.
GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Características dos programas de educação 
física escolar. Revista Paulista de Educação Física, v.11, n.1, p.49-62, 1997.
LE BOULCH, J. Educação psicomotora: a psicomotricidade na idade escolar. 
Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Editora Forense: 1964.
SALLES, V. O.; MATOS, E. A. S. Á. de. A Teoria da Complexidade de Edgar Morin 
e o Ensino de Ciência e Tecnologia. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e 
Tecnologia, v. 10, n. 1, 2017.
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Corpo, Movimento 
e Psicomotricidade
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Evelyn Camponucci Cassillo Rosa
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira 
Fundamentos da Psicomotricidade
Fundamentos da Psicomotricidade
 
• Apresentar a história da psicomotricidade e suas bases conceituais;
• Estudar como podemos utilizá-la na educação e nos campos de experiências propostos 
pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• Bases Conceituais da Psicomotricidade;
• Breve Revisão da História da Psicomotricidade;
• A Psicomotricidade Aplicada à Educação.
UNIDADE Fundamentos da Psicomotricidade
Contextualização
Para nosso momento de contextualização, sugerimos que leia um pequeno artigo 
da revista Nova Escola intitulado: O corpo, o movimento e a aprendizagem.
O artigo fala da importância do trabalho com a dança nas escolas e defende 
a ideia de que “quem dança tem mais facilidade para construir a imagem do pró-
prio corpo, o que é fundamental para o crescimento e a maturidade do indivíduo 
e a formação de sua consciência social”.
Leia o artigo e faça uma reflexão sobre a importância da dança no currículo escolar. 
Ressaltamos a importância do estudo da unidade para a sua formação pessoal e profis-
sional. Acesse em: https://bit.ly/2KsYFzv
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Introdução
Nesta unidade, vamos conversar a respeito da Psicomotricidade e mostrar o quan-
to seu papel é importante para o desenvolvimento humano nas dimensões motoras, 
afetivas/socias e cognitivas.
Como educadores, ao planejarmos uma aula, devemos conhecer quem são os 
nossos educandos e as fases em que se encontram, para produzirmos atividades que 
tenha conexão com o documento normativo (BNCC – Base Nacional Comum Curri-
cular), não fazendo uma separação entre corpo e mente, e sim pensando na criança/
adolescente como um sujeito em processo de desenvolvimento integral.
Assim sendo, veremos a partir de agora a importância da Psicomotricidade e do 
movimento, e suas implicações no desenvolvimento humano e na aprendizagem.
Bases Conceituais da Psicomotricidade
Na unidade anterior, apresentamos as bases de conhecimento do ser humano. 
Compreendemos a necessidade de um desenvolvimento integral e reconhecemos 
a importância do corpo e do movimento.
Esse desenvolvimento integral é um emaranhado de aspectos que envolvem a 
complexidade do ser humano. Esses aspectos, como apresentamos, são compostos 
por nossa complexidade interna e pela interação e relação com o ambiente (externo), 
com seus espaços, objetos e pessoas. 
É importante recordarmos que, quando falamos em desenvolvimento integral, 
estamos afirmando que o desenvolvimento nunca acontece em dimensões isoladas, 
mas sim como uma grande congruência entre o interno e o externo. Nesta unidade, 
vamos conhecer a Psicomotricidade e como essa ciência pode nos ajudar a entender 
o desenvolvimentoem toda a sua integridade.
O corpo e sua interação com o ambiente promovem a aprendizagem, o desenvol-
vimento. Essa capacidade do ser humano para sentir e utilizar o corpo como uma 
manifestação com o mundo é o que chamamos de corporeidade.
Entenda um pouco mais sobre o conceito de corporeidade e sua importância na educação, 
no desenvolvimento integral e nos conceitos de Psicomotricidade. Neste vídeo, o professor 
Walter Roberto Coelho comenta sobre o conceito de corporeidade e sua importância na edu-
cação. Acesse em: https://youtu.be/SOYcovFKA2M
Atualmente, qual área da ciência pode estudar essa corporeidade e toda a sua 
integração? Afinal, o movimento e os gestos de cada criança estão ligados à sua 
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UNIDADE Fundamentos da Psicomotricidade
maturação. A corporeidade de cada indivíduo evolui de acordo com sua estrutura 
cognitiva, suas experiências afetivas. O desenvolvimento da corporeidade depende, 
assim, de todas as dimensões: o desenvolvimento das relações neuronais estabele-
cidas entre as áreas sensoriais e motoras do cérebro, as emoções e relações sociais.
A Psicomotricidade é uma área que promove o estudo dessas integrações. 
Segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP), trata-se de uma 
ciência que tem como objeto de estudo o homem através de seu corpo em 
movimento, em relação ao mundo interno e externo. Contudo, não apenas de 
movimento é composta, mas também de intelecto e afeto (emoção), ou seja, três 
pilares que, basicamente, formam as capacidades humanas.
Para a ABP, a Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma 
concepção de movimento organizado e integrado, respeitando a individualidade em 
função das experiências vividas pelos sujeitos.
O termo psicomotricidade pode ser entendido como a função do ser humano que 
sintetiza psiquismo e motricidade, com o propósito de permitir ao indivíduo adaptar-
-se de forma flexível e harmoniosa ao meio que o cerca.
Agora, vamos entender um pouco mais sobre o termo psiquismo?
Figura 1
Fonte: Getty Images
Psiquismo ou o psíquico é o nome científico que resume as noções de alma, espírito, 
mente, pensamento, conduta, comportamento, vida pessoal, drama pessoal humano, 
vida intelectual, afetiva e ativa.
A consciência é um sistema que engloba um conjunto de conhecimentos que, por 
sua vez, é o universo simbólico que ocorre pela representação semântica da realidade. 
O pesquisador Lev Vygotsky chamou a essa representação de signos. É essa represen-
tação que possibilita ao ser humano realizar atividades abstratas, teóricas e subjetivas. 
A consciência torna-se assim a expressão do psiquismo. A partir dos pensamen-
tos, as pessoas criam objetivos, desejos e tudo que é pertinente à sua consciência, a 
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existência objetivada em uma imagem psíquica é o reflexo da realidade concreta pela 
ideia que a consciência constrói perante essa mesma realidade. Nesse momento, 
ocorre a transformação das imagens em signos e na sequência elabora-se o sistema 
de signos que compreendemos como linguagem (SILVA ,2016).
Nesta direção, o processo de desenvolvimento do psiquismo humano ocorre por 
meio de elementos e de determinações presentes na cultura histórica e socialmente 
desenvolvida na ação do ser humano, assim, a evolução do psiquismo humano é 
influenciada pela cultura, isto é, pelas objetivações e apropriações realizadas pelo ser 
humano, em dado momento histórico (SILVA, 2016).
Ainda não entendeu o que é psiquismo? No vídeo Aspectos que compõe o Desenvolvi-
mento Psíquico, a Psicóloga clínica e educacional Mônica Alves apresenta informações 
sobre a formação do psiquismo. Acesse em: https://youtu.be/-lRNKXIcFls
 Agora, vamos entender mais sobre o termo motricidade?
Figura 2
Fonte: Getty Images
Já na motricidade estão os movimentos, com uma complexidade de ligações entre 
impulsos elétricos, nervos, músculos, que funcionam para permitir todas as ações 
automáticas e voluntárias. 
O papel da psicomotricidade está exatamente em entender a relação entre 
psiquismo e motricidade, e como ela pode afetar o desenvolvimento humano.
A Psicomotricidade quer destacar a relação existente entre motricidade e psi-
quismo, e, nesta relação, estamos falando da totalidade da criança, seus proces-
sos mentais, a afetividade e toda as respostas da criança com o mundo externo 
(COLEVATI; PINHO E SORROCHE, 2009). 
Portanto, a psicomotricidade pode ser entendida como uma área de conheci-
mento que vai ajudar você a entender as características de desenvolvimento do seu 
aluno, organizando atividades que possibilitem à criança conhecer de uma maneira 
concreta seu ser e seu ambiente.
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UNIDADE Fundamentos da Psicomotricidade
Quanta informação!
Na disciplina Corpo, Movimento e Psicomotricidade, preciso conhecer tudo isso?
Figura 3
Fonte: Getty Images
Sim, o desenvolvimento integral da criança depende de fatores como o desen-
volvimento cognitivo, afetivo e corporal/motor. Neste aspecto, a psicomotricidade 
integra o movimento aos fatores psíquicos e sociais do indivíduo, proporcionando 
uma visão que estabelece total relação com o pensamento complexo, essa aborda-
gem holística amplia o olhar do profissional, contribuindo para novas descobertas 
nas dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento.
Breve Revisão da História 
da Psicomotricidade
Os estudos sobre a Psicomotricidade, como objeto de pesquisa, iniciaram-se 
na década de 60, sendo que seu auge aconteceu nos anos 70 e 80. Anteriormente, 
o movimento humano era estudado apenas nos aspectos físico e motor, porém, nos 
dias atuais, os estudos relacionados ao desenvolvimento corporal e motor passaram a 
enfatizar o ser humano em toda a sua integração, e assim, como já relatamos, os fatores 
psíquicos e sociais foram introduzidos ao estudo da motricidade (HAETINGER, 2005).
Assim, os relatos mostram que os estudos da psicomotricidade ainda são recentes 
e, no decorrer de tão pouco tempo, já passou por olhares de diferentes perspecti-
vas. Na primeira fase, a pesquisa fixou-se, sobretudo, no desenvolvimento motor da 
criança, e, com o avanço das pesquisas, os estudos passaram a verificar a relação 
entre o atraso no desenvolvimento motor e o atraso intelectual da criança, e, a partir 
daí, a área de conhecimento da psicomotricidade foi ampliada.
Segundo Bueno (1998), as escolas europeias e americanas contribuíram de maneira 
efetiva para a evolução da psicomotricidade, sobressaindo-se a escola francesa, a qual 
influenciou no direcionamento que a área da psicomotricidade vem seguindo até hoje.
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O professor Vítor da Fonseca, catedrático da Faculdade de Motricidade Humana 
da Universidade Técnica de Lisboa, docente no Departamento de Educação Especial 
e Reabilitação, e mestre em Dificuldades de Aprendizagem pela Universidade de 
Northwestern, Psicopedagogo e psicomotricista, tem sido responsável clínico, ao lon-
go de trinta anos, em vários centros de observação e reeducação psicoeducacional 
privados. Ele aponta os pioneiros na área, dentre eles, Fonseca (1995) cita Dupré, 
que, em 1909, concedeu destaque ao termo psicomotricidade após relacionar pertur-
bações psicológicas a motoras.
A figura de Ernest Dupré, neuropsiquiatra, em 1909, é de fundamental importân-
cia para o âmbito psicomotor, já que é ele quem afirma a independência da debilidade 
motora (antecedente do sintoma psicomotor) de um possível correlato neurológico.
Outro pioneiro no estudo da psicomotricidade no campo científico foi Henri Wallon, 
médico, psicólogo e pedagogo, que em 1925, principiou os estudos da reeducação 
psicomotora no desenvolvimento psicológico da criança e também introduziu o senso 
de identidade corporal. Wallon ocupa-se do movimento humano, dando-lhe uma cate-
goria fundamental como instrumento na construção do psiquismo, permitindo assim, 
relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos de cada 
indivíduo. Assim, a teoria walloniana influenciou ao longo dos anos vários campos de 
atuação como a psicologia, pedagogia, psiquiatria,medicina e educação física. Ain-
da de acordo com Fonseca (1995), Edouard Guilmain, neurologista, desenvolveu, em 
1935, um exame psicomotor para fins de diagnóstico e indicação terapêutica.
Você sabia que Wallon foi responsável pela teoria da emoção? Psicólogo da criança, ideali-
zador da reforma do sistema de ensino francês, essas são algumas das maneiras comuns de 
identificar a obra do médico, filósofo e educador Henri Wallon (1879-1962). Todas elas estão 
corretas, mas também incompletas. “Na verdade, ele é tudo isso, mas é, principalmente, 
um psicólogo do desenvolvimento”, diz a vice coordenadora do Programa de Psicologia da 
Educação da PUC-SP, Laurinda Ramalho de Almeida. Acesse o link a seguir e descubra mais 
sobre esse grande pensador da educação: Disponível em: https://youtu.be/ZfXIkidkFQI
O psiquiatra e professor Ajuriaguerra, em 1947, redefiniu o conceito de debi-
lidade motora, considerando-a como uma síndrome com suas próprias particula-
ridades. Foi ele quem delimitou os transtornos psicomotores que oscilam entre o 
neurológico e o psiquiátrico. 
Piaget (1896-1980) foi um dos autores que mais estudou as interrelações entre a 
psicomotricidade e a percepção através de ampla experimentação. Ele descreve a 
importância do período sensório-motor e da motricidade principalmente antes da 
aquisição da linguagem, no desenvolvimento da inteligência. Para ele, o desenvol-
vimento mental se constrói, paulatinamente. É uma equilibração progressiva, uma 
passagem contínua de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio 
superior. A inteligência, portanto, é uma adaptação ao meio ambiente. Para que isso 
possa ocorrer é necessário, inicialmente, a manipulação dos objetos do meio com a 
modificação dos reflexos primários (OLIVEIRA, 2007, p.31). 
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UNIDADE Fundamentos da Psicomotricidade
As contribuições de Ajuriaguerra, somadas às de Wallon e Piaget influenciaram 
o curso de pensamentos de outros autores como: R. Diatkine, J. Buges, Jolivet, S. 
Leboaci, permitindo-lhes redefinir os objetos da psicomotricidade, dando ênfase es-
pecial à relação, às emoções e ao movimento. Essas redefinições também sofreram 
influência de conceitos psicanalíticos relativos ao campo de afetividade, destacando-
-se psicanalistas como S. Freud, M. Klein, J. Lacan, W. Reich, P. Schilder, F. Dolto, 
Samí Alí, D. Winnicott, Manoni, entre outros. 
Segundo Fonseca (1995), em 1947-1948, Ajuriaguerra e Datkine provocaram 
uma mudança na história da psicomotricidade e redefiniram o conceito de debi-
lidade motora considerando-a como uma síndrome de propriedades particulares. 
Ajuriaguerra, em seu Manual de Psiquiatria Infantil, delimita com clareza os transtornos 
psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico. É nesta oscilação que 
situa os transtornos propriamente psicomotores. 
Na década de 70, devido à influência das pesquisas de Wallon, surgem os tra-
balhos na educação psicomotora, por Le Boulch, que desde 1966, em seu livro 
“A Educação pelo Movimento”, tinha como objetivo inicial sensibilizar os professores 
do primeiro grau quanto ao problema da educação psicomotora na escola, pois era um 
contexto desfavorável à pedagogia da época, centrada na aquisição das “Habilidades 
Escolares de Base”. Somaram-se a estes os trabalhos os de L. Pick, P. Vayer, André 
Lapierre, Bernard Auconturier, Defontaine, J. C. Coste e outros, que percebiam nesse 
momento a educação psicomotora, enquanto maneira original de ajudar a criança 
inadaptada a desenvolver suas potencialidades e ter acesso ao mundo escolar.
Agora que conhecemos um pouco sobre a história da psicomotricidade, vamos 
entender como essa área pode auxiliar na sua formação.
Conheça um pouco mais sobre as Etapas do Esquema Corporal de Le Boulch. 
Disponível em: https://youtu.be/1SUr6ilFwX8
A Psicomotricidade Aplicada à Educação
O conceito de psicomotricidade passou por muitas mudanças. No início, obser-
vamos que o corpo era o único aspecto estudado, já atualmente, o termo psico-
motricidade é visto como o relacionar-se através da ação, ou seja, o sujeito na sua 
integração, unindo todas as suas dimensões de desenvolvimento.
Nesta direção, a área psicomotora está associada com a afetividade, a persona-
lidade do indivíduo ao seu corpo, pois ele se utiliza do movimento para expressar 
sentimentos e pensamentos. 
Segundo Fonseca (2004), atualmente a psicomotricidade deve ser compreendida 
como uma forma de integração da criança com o meio, assim, a psicomotricidade 
compreende as habilidades motoras relacionadas aos fatores psicológicos e ambien-
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tais. E, dessa forma, o desenvolvimento psicomotor não envolve somente as áreas 
motoras, mas também prioriza as habilidades e expressões corporais. 
Portanto, é pela representação corporal e pelo movimento que interligamos as di-
mensões motora, cognitiva e afetiva/social para o desenvolvimento de um ser humano.
Os avanços da psicomotricidade foram além dos aspectos motrizes. Hoje, ela pro-
porciona o desenvolvimento da socialização entre os indivíduos, auxilia na aquisição de 
aprendizagens como leitura, escrita e pensamento lógico-matemático. Esse desenvol-
vimento tem papel fundamental nos primeiros anos de vida escolar da criança, pois é 
nessa fase que se observam possíveis desvios das capacidades motoras, evitando então 
futuras dificuldades de aprendizagem.
Dentre as inúmeras linhas de atuação da psicomotricidade, a área da educação 
deve ter um grande conhecimento desta ciência, uma vez que as crianças na Educação 
Infantil estão no ápice do desenvolvimento psicomotor.
Nos primeiros anos de vida, as crianças exploram o mundo que as rodeiam com 
seus corpos, através dos movimentos. Assim, é importante compreendermos que 
para um desenvolvimento psicomotor adequado o movimento é muito importante.
Vale lembrar que um processo de aprendizagem é um sistema complicado, no 
qual a criança deve ser preparada na área cognitiva e afetiva. Para que tudo isso 
aconteça, umas das competências está calcada no desenvolvimento e na exploração 
que dependem do movimento. 
A criança, durante o tempo que está sendo alfabetizada, por exemplo, utiliza-se 
de elementos psicomotores que facilitarão quando tiver que ler e escrever.
Inscreva-se no canal do Youtube “Doses de Psicomotricidade”. Com bom humor e uma 
didática leve, você receberá conhecimentos esclarecedores sobre os temas relacionados à 
psicomotricidade. Disponível em: https://bit.ly/2VwE3Nc
A educação infantil é um período de suma importância para o desenvolvimento 
integral da criança, e a psicomotricidade tem uma importante contribuição para as 
crianças na faixa etária de até 5 anos, que estão em uma fase em que o movimento 
vai além de uma forma de comunicação, pois é algo que lhes traz prazer. Além da 
parte motora, as atividades que envolvem o movimento podem ajudar a criança no 
desenvolvimento de seu raciocínio, imaginação, criatividade, afetividade e socialização.
Os professores devem estar atualizados quanto às principais áreas do desenvol-
vimento psicomotor na busca por recursos de auxílio na aprendizagem escolar e 
no desenvolvimento adequado das fases da criança. Experiências motoras são de 
fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo, pois pelo movimento a 
criança explora e se relaciona com seu meio ambiente. 
O movimento se relaciona com o desenvolvimento cognitivo, no sentido de que a 
integração das sensações provenientes de movimentos resulta na percepção, e toda 
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UNIDADE Fundamentos da Psicomotricidade
aprendizagem simbólica posterior depende da organização dessas percepções em 
forma de estruturas cognitivas. Por meio da exploração motora, a criança desen-
volve consciência do mundo que a cerca e de si própria. O controle motor possibilita 
à criança experiências concretas, que servirão como base para a construção de 
noções básicas para todo o seu desenvolvimento (ROSA NETO, 1996).
Infelizmente, a escola ainda despreza o corpo no desenvolvimento da criança. 
O

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