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“Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 1 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL SAÚDE MATERNO INFANTIL PEDIATRIA Imagem: Freepik Não é um resumo “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 2 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Sumário P1 01 Consultas em Pediatria: visão geral .............................................................................................................. 4 02 A Consulta Pediátrica .................................................................................................................................... 5 Anexo -ATV-Exame físico ........................................................................................................................... 7 03 Caderneta de saúde: parte 01 família e cuidadores ..................................................................................... 9 03 Caderneta de saúde: parte 02 Reg e consultas de rotina ........................................................................... 12 04 – Aleitamento Materno .............................................................................................................................. 13 Anexo-ATV-Aleitamento .......................................................................................................................... 20 05-Fórmulas Infantis ........................................................................................................................................ 23 06 Exame inicial do RN ..................................................................................................................................... 28 07 Triagem Neonatal........................................................................................................................................ 30 08 Alimentação infantil até 2 anos .................................................................................................................. 36 09 Suplementação vitamínica e mineral.......................................................................................................... 39 Vitamina A ................................................................................................................................................ 40 Vitamina D ............................................................................................................................................... 41 Vitamina C ................................................................................................................................................ 44 Zinco ......................................................................................................................................................... 44 Vitaminas do Complexo B ........................................................................................................................ 45 10 Curvas de crescimento (Desenvol Físico e Antrop) .................................................................................... 46 P2 ..................................................................................................................................................................... 54 11 Sono Normal e Higiene do Sono ................................................................................................................. 55 12 Exame Neurológico da Criança ................................................................................................................... 63 13 Desenvolvimento Neuropsicomotor e Exame neurológico evolutivo ........................................................ 69 14 Consulta com adolescente .......................................................................................................................... 72 15 Imunizações ................................................................................................................................................ 79 16 Diarreias e desidratação ............................................................................................................................. 85 Casos Diarreia .......................................................................................................................................... 95 17. Parasitoses ................................................................................................................................................. 96 18. Reações Adversas a Alimentos ................................................................................................................ 100 19. Febre em Pediatria ................................................................................................................................... 106 20. Dor abdominal crônica e constipação ..................................................................................................... 110 21. Infecções Vias Áereas Superiores ............................................................................................................ 116 “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 3 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL P3 ................................................................................................................................................................... 120 22. Distúrbios do Sono ................................................................................................................................... 121 Parassonias ............................................................................................................................................ 123 Distúrbios do Movimento ...................................................................................................................... 124 Distúrbios do Ritmo Circadiano ............................................................................................................. 124 Hipersonias ............................................................................................................................................ 125 Insônia .................................................................................................................................................... 125 Casos ...................................................................................................................................................... 126 23. Regurgitação do Lactente e Doença do Refluxo Gastroesofágico ........................................................... 129 Esofagite ................................................................................................................................................ 130 24. ANEMIAS .................................................................................................................................................. 135 Anemia ferropriva .................................................................................................................................. 136 Diagnóstico Diferencial de Anemia Hipocrômica e Microcítica ............................................................ 138 25. Linfonodomegalia e câncer ...................................................................................................................... 140 26. Diagnóstico precoce do câncer em pediatria .......................................................................................... 143 27. Doençaspróprias da infância ................................................................................................................... 146 Sem exantema: caxumba, difteria e coqueluche .................................................................................. 146 Com exantema: sarampo, escarlatina, rubéola, eritema infeccioso e exantema súbito ...................... 148 Outros exantemas: doença de kawasaki, dengue, doença mão-pé-boca ............................................. 152 28. Dificuldade de aprendizagem: quando suspeitar e como conduzir? ...................................................... 154 29. Distúrbios nutricionais ............................................................................................................................. 162 Desnutrição energético-proteica ........................................................................................................... 162 Obesidade em pacientes pediátricos..................................................................................................... 168 Casos ...................................................................................................................................................... 174 30. Transtorno do Espectro Autista ............................................................................................................... 176 31. TDAH e o Médico da Atenção Básica ....................................................................................................... 181 33. Raciocínio clínico – discussão de casos .................................................................................................... 184 34. Meningites ............................................................................................................................................... 186 35. Epilepsias .................................................................................................................................................. 193 36. Cefaleia na infância .................................................................................................................................. 197 37. Problemas Dermatológicos em Pediatria ................................................................................................ 201 Alterações dermatológicas neonatais ................................................................................................... 201 Dermatologia infantil básica .................................................................................................................. 202 Zoodermatoses ...................................................................................................................................... 206 Micoses .................................................................................................................................................. 207 Piodermites ............................................................................................................................................ 208 38. Farmacopediatria ..................................................................................................................................... 210 “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 4 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 01 Consultas em Pediatria: visão geral Link para mapa conceitual: https://mm.tt/1794225269?t=Yd0HMG0qXM → Introdução - Promoção de saúde: antes de tratar a doença, sono adequado, atividade física, alimentação, atividades sociais; - Criança saudável: fisicamente sadia, psiquicamente estável, socialmente útil; - Na criança, não devemos intervir somente na queixa principal, na doença da criança, existem vários outros fatores que interferem na saúde, como alimentação, hidratação, orientação da família, etc. - Prevenção: Lista de problemas → Clínico, Alimentação, Imunização, Crescimento, DNPM/Comportamento, Desenvolvimento Puberal, Sono/Hábitos, Atividade Física A nova Pediatria Pré-natal Novos modelos de composição familiar Novos modelos de composição familiar Novos modelos de composição familiar → Consulta Pediátrica no pré-natal • Terceiro trimestre da gestação • Transformar os pais em cuidadores eficientes dos seus filhos • Importância dos primeiros 1000 dias • História obstétrica • Cartão pré-natal • História familiar • US obstétrico • Exame das mamas • Ganho de peso • Intercorrências no pré-natal • Prevenção de doenças infecciosas • Via de parto • Aleitamento materno • Testes de triagem • Cuidados com o RN • Iniciar a comunicação com os pais Consulta pediátrica no tópico seguinte A consulta do adolescente • Consulta em 2 etapas: com os pais e sozinho • Conversa diretamente com o adolescente • Empatia, sem julgamentos • Exame físico semelhante ao adulto e na presença dos pais quase sempre • Avaliação de estadio puberal (Tanner) • Respeitar a vontade • Avaliar as necessidades https://mm.tt/1794225269?t=Yd0HMG0qXM “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 5 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 02 A Consulta Pediátrica Clique para ficha UNISUL - ATENDIMENTO PEDIÁTRICO AMBULATORIAL Pontos importantes • Crianças entre 10 meses e 2 anos choram • durante a consulta • O tempo ideal da consulta é entre 30 e 40 minutos • Deixar a criança confortável • A caderneta de saúde deve sempre ser vista e • preenchida • O exame físico nem sempre segue a sequência • do adulto • Adaptações dependendo da idade da criança Consulta ambulatorial X emergência • Consulta na emergência • Voltada à queixa • Geralmente a criança está doente • Exame completo • Tratamento da doença • Reencaminhar ao médico que acompanha Consulta no ambulatório • O foco é prevenção • Consulta em etapas • Avaliação integral da criança e seu meio Etapas da anamnese As mesmas do adulto: • Identificação, queixa principal, história da doença atual, IVAS. • Particularidades: história gestacional, período neonatal, alimentação, vacinação, hábitos. • Antecedentes familiares e patológicos - Acolhimento: Estabelecimento da relação, Empatia, Saber ouvir (A criança e a mãe); Anamnese “Quem cuida da criança?” * Elementos Fundamentais - Identificação: Nome Completo, Data de Nascimento, Idade, Sexo, Cor Naturalidade, Procedência, Nome e idade dos pais ou informante - História Clínica: Queixa Principal, História da Doença Atual, Interrogatório dos diversos aparelhos, História Mórbida Pregressa, História da Gestação, Parto e Nascimento, Alimentação, DNPM, Vacinas, História Familiar (DM, HAS, dislipemas, alergias), Hábitos, Condições socioeconômicas Antecedentes da criança: - Concepção. - Gestação: planejada ou não planejada. - Quanto mais jovem a criança, mais importante são esses elementos. - Nascimento e período neonatal: APGAR. *sofrimento nos primeiros minutos pode ocasionar dano neuronal permanente. - Perímetro cefálico: microcefalia (por lesão neuronal ou crânioestenose). - Peso de nascimento e de alta, PC, estatura, idade gestacional, teste de triagem neonatal. - Antecedentes mórbidos e alimentares: se criança teve alguma doença * Contexto - Pré-Natal - Ambiente Familiar - Ambiente Físico/Entorno: saneamento básico, etc - Padrão alimentar da família e da criança - Hábito intestinal/controle esfíncter: o controle de esfíncter se dá depois dos dois anos, não dá de tirar frauda antes; - Higiene geral/bucal: coordenação motora para escovação vem após os 8 anos, antes disso em algum momentoos pais devem escovar; - Vacinas - Lazer - Atividade física - Creche/adaptação/aprendizado/linguagem - Comportamento - Hábitos de sono Anamnese ambiental A Pediatria Ambiental (Children’s environmental health - CEH) é o ramo da pediatria que estuda as influências do ambiente sobre a saúde e o desenvolvimento da criança. https://www.dropbox.com/s/mjxfr4qydhksbrr/UNISUL-ANAMNESE_ESPECIFICA_PEDIATRIA_COMPLETA_COM_ANEXOS.pdf?dl=0 https://www.dropbox.com/s/mjxfr4qydhksbrr/UNISUL-ANAMNESE_ESPECIFICA_PEDIATRIA_COMPLETA_COM_ANEXOS.pdf?dl=0 “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 6 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Os riscos ambientais incluem qualidade da água, saneamento, poluição, produtos químicos, praguicidas, contaminação de alimentos, radiação, mudanças climáticas, entre outros. Exame Físico - Consentimento/concordância - Explicar de modo fácil/honesto - Participação da mãe - Truques - Autoridade/firmeza - Contensão – só o necessário, é muito desconfortável para a criança; - Uso de instrumentos, inspeção, ausculta, palpação, paciência... Oroscopia: o medo do palito Deitar na maca: o medo do desconhecido Pressão arterial Medir em TODAS as consultas a partir dos 3 anos. Antes: prematuridade, doença renal, doença cardíaca, transplantados → Estabelecer diagnósticos • Clínico: o motivo principal da consulta. Pode conter uma suspeita se sem diagnóstico fechado • Nutricional: após análise das curvas estabelecer se peso e estatura estão adequados para idade • Alimentar: após análise deve ser apontada como adequada ou inadequada. Neste caso detalhar o problema • Vacinal: se adequado ou inadequado. Neste caso detalhar as vacinas em atraso • Puberal: descrevar o estadio • Neurocomportamental (pisicomotor) • Risco para a saúde da criança (ambiental) * Análise - Detectar casos de risco físico e social - Clínico, Alimentar, Crescimento, Imunização, DNPM, Emocional/educacional, Hábitos/sono/atividade física, Desenvolvimento puberal - Prevenção e tratamento Diagnóstico de Risco à Saúde da Criança 1 - Evidência ou suspeita de violência 2 – Risco pelo período perinatal 3 – Falha no acompanhamento de Puericultura (nutrição e patologias) 4 – Evidência de risco por patologias prévias 5 – Risco Familiar e socio-ambiental *Conversar com os pais. → Condutas - Tratamento e orientações: condutas e orientações são tão importantes quanto o tratamento medicamentoso; - Solicitação de exames, Orientações, Dietas, Tratamento medicamentoso → Orientações - Sintomas de agravo - Alimentação: Água → Quantidade, variedade, horários - Eliminações - Treino e higiene - Enurese/constipação - Vacinação - DNPM - Birras, regras e limites - Hábitos de sono - Atividade física Além dos cuidados com a saúde, a pediatria também tem papel fundamental no suporte ao aleitamento materno, na adesão às campanhas de vacinação, na prevenção de acidentes, na prevenção à obesidade e aos sintomas da violência, bem como na defesa de políticas e ações do Governo com foco na população pediátrica → Seguimento - A consulta não termina no momento da despedida → orientar comunicação/contato, orientar o momento do retorno/reavaliação, o que fazer em situação de emergência (alarme) - O pediatra não é só um curador de doenças mas um cuidador da pessoa que inclui a criança e sua família. “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 7 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Anexo -ATV-Exame físico 1) Esquematize um roteiro de exame físico Uma vez vencida a etapa de anamnese da criança, procedo da seguinte forma: • Preparação: • Lavar as mãos com água e sabão e secá- las em papel-toalha. • Aproximação amigável pela direita. • Exame (inspeção, palpação, percussão, ausculta): o Impressão geral do paciente: consciência, aparência, atividade, vínculo com o cuidador. Estado nutricional, desenvolvimento, posturas atípicas, apreensão ou cooperação, posição atípica e odor anormal. Logo segue em sentido craniocaudal. o Pele (no decorre do exame): cor, turgor, tipo de lesões, condições da pele, unhas e cabelo. Avaliar se há cianose, palidez, icterícia, edema, desidratação, exantema e outras alterações. o Cabeça e pescoço: forma, simetria, alterações, distribuição de cabelo, tamanho e tensão das fontanelas. Avaliar se a face lembra alguma síndrome. Olhos, nariz, boca, pescoço (linfonodos, flexão e extensão). o Tórax (anterior->posterior): forma e a simetria, respiração predominante (abdominal até 6 anos). Mamas, pulmões o tipo de respiração, o ritmo, identificando taquipneia, bradipneia ou dispnéia ins ou expiratória; realizar percussão torácica completa para identificar consolidação ou ressonância. Ausculta: avaliar o murmúrio vesicular e a presença de ruídos. Ausculta cardíaca: área mitral, área tricúspide, área pulmonar e área aórtica; em seguida na axila, resto do precórdio, nas costas e no pescoço. o Abdome (ausculta, antes de palpar e percutir). Ruídos hidroaéreos, movimentos peristálticos. Observar a forma e o tônus; se há distensão, abdomen plano, cicatrizes, sinais fora de normalidade. Avaliar a presença de dor, aumento súbito de órgãos. Realizar percussão em todo abdomen. o Genitália e região anorretal: estágio de desenvolvimento puberal. inspeção do ânus para identificar fissuras, inflamação ou perda de tônus; este último pode indicar abuso sexual. Meninos deve-se observar reflexo cremasteriano, toda região escrotal, jato urinário e afastar a presença de hidroceles, hérnias, além da apalpação sistemática dos testículos. Menina avaliar a presença de secreção, corpo estranho, fusão de pequenos lábios, hímen perfurado. o Coluna e extremidades (MS e MI): curvaturas (coluna, joelho e pés) estático e dinâmico (varismo e valgismo, cintura escapular e pélvica, braços). o Neurológico: avaliar sua posição em repouso, movimentos anormais como tremores, coréia, atetose, incordenação, sinal de Kernig e Brudzinski. A avaliação dos nervos cranianos e exame dos reflexos tendinosos (bíceps, tríceps, patelar e aquileu). o Oroscopia e otoscopia: deixar por ultimo, evitar que o bebê chore muito durante o restante do exame. • Antropometria: Comprimento ou altura; Peso; Perímetros cefálico, torácico e abdominal. • Dados vitais: temperatura, frequência respiratória, pulsos membros superiores e inferiores; pressão arterial nos membros superiores e em um membro inferior, ritmo respiratório. • Pontos de atenção: identificar lesões sugestivas de maus-tratos e/ou negligência. • Finalização Burocrática: o Registrar o peso, a altura e o perímetro cefálico nos gráficos do prontuário e na Caderneta da Criança. o Registrar o exame físico no prontuário. o Solicitar exames complementares, realizar prescrições, se necessário. “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 8 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL • Finalização da consulta: o Orientar sobre cuidados, aleitamento, imunização. o Verificar compreensão das orientações. 2) Pontue quais seriam suas dificuldades em executar o exame. Dificuldades Possível solução 1. Choro e inquietação; 2. Cooperação; 3. Temperatura; 1. Fazer palpação e aferição de pressão por último; 2. Ganhar a confiança da criança com brincadeiras para facilitar o processo. 3. Ter cuidado de descobrir apenas as áreas examinadas e examinar a criança completamente. Clique para ficha UNISUL - ATENDIMENTO PEDIÁTRICO AMBULATORIALhttps://www.dropbox.com/s/mjxfr4qydhksbrr/UNISUL-ANAMNESE_ESPECIFICA_PEDIATRIA_COMPLETA_COM_ANEXOS.pdf?dl=0 https://www.dropbox.com/s/mjxfr4qydhksbrr/UNISUL-ANAMNESE_ESPECIFICA_PEDIATRIA_COMPLETA_COM_ANEXOS.pdf?dl=0 “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 9 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 03 Caderneta de saúde: parte 01 família e cuidadores Clique para ver mapa conceitual: https://mm.tt/1795722872?t=7Eeud7Bafp Caderneta de saúde da Criança Passaporte da Cidadania - 2019/2020 Menina: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cade rneta_crianca_menina_2ed.pdf Menino: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cade rneta_crianca_menino_2ed.pdf Importância: • Fornecida Gratuitamente • Documento acessível á todos • Direitos universais da Infância – ECA • Deveres do pediatra e família • Direito da Criança Funções da caderneta da Saúde • Percentuais de preenchimento adequado : 8 a 20% (Almeida et al. 2016) • Instrumento de vigilância , prevenção e promoção de saúde. • Função do pediatra: • Vigilância do crescimento, desenvolvimento e vacinação • Avaliação do cuidado durante o atendimento. • Ações preventivas e de promoção de qualidade de vida para a criança e adolescente. Parte 1 – Família e cuidadores 1. Direitos e Garantias Sociais: • Identificação da Criança – Dados pessoais • Assistência social – Serviços oferecidos pelo CRAS • Educação e vida escolar – Matrícula na Pré- escola obrigatória com 4 anos • Registro da vida escolar da criança • Direitos da Criança/Pai/Mãe : o ECA – responsabilidade do governo + sociedade + Família 2. Cuidando da Saúde da Criança • Importância da puericultura/consultas • Prevenir doenças pela Triagem Neonatal • Vacinação • Os primeiros dias de vida: orientações aos pais do Recém–nascido • Cuidados especiais com o Prematuro: consultas mais frequentes • - Cuidados com Diarréia, desidratação e desnutrição • Sinais de Perigo : sinais e sintomas de alerta para a família a procurar o serviço de saúde 3. Amamentando o Bebê • Importância do Aleitamento materno https://mm.tt/1795722872?t=7Eeud7Bafp http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menina_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menina_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed.pdf “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 10 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL • Tornando a amamentação mais prazerosa – Dicas • Dificuldades na amamentação – fissuras, rachaduras, mastite • Retorno da mãe ao trabalho ou á escola : Armazenar leite materno 4. Alimentação para Garantir a Saúde • Recomendações para uma alimentação adequada e saudável • 12 passos para menores de 2 anos • 10 passos para crianças de 2 a 9 anos • Prevenindo as carências Nutricionais - Ferro e Vitamina A e D 5. Estimulando o desenvolvimento com afeto: Desenvolvimento infantil em crianças: < de 1 ano 1 a 3 anos 3 a 6 anos 6 a 9 anos Orientações sobre marcos de desenvolvimento de cada faixa etária para que os pais possam estimular o Bebê/ criança de forma adequada 6. Percebendo alterações no desenvolvimento: • Sinais de alerta – Atraso no DNPM • Crianças com deficiência – diagnóstico precoce • Transtorno do espectro autista • Síndrome de Down – alterações visuais, auditivas, GI, sono, cardiopatia, distúrbios da Tireoide, obesidade etc • Equipe multidisciplinar 7. Percebendo alterações na visão e audição: - Sinais de alerta 8. Promovendo a saúde Bucal : • Desenvolvimento dos dentes • Limpeza da boca e dos dentes • Traumatismo dentário • Cárie Dentária 9. Observando com cuidado o Uso de Eletrônicos e o Consumo: • - < 2 anos: X • - 2 a 5 anos: 1 h/dia • - <10 anos: Sem Tv e Pc no quarto • - <12 anos : sem celular e smartphone 10. Prevenindo acidentes: • Do nascimento aos 6 meses • Dos 6m aos 2 anos • Dos 2 aos 4 anos • Dos 4 aos 6 anos • Dos 6 aos 9 anos 11. Protegendo a Criança da Violência: • Respeito aos direitos fundamentais: • Identificar violência física / psicológica/ sexual • Trabalho infantil/ Bullying “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 11 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 12 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 03 Caderneta de saúde: parte 02 Reg e consultas de rotina Caderneta de saúde da Criança Passaporte da Cidadania - 2019/2020 Menina: página 67 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cade rneta_crianca_menina_2ed.pdf Menino: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cade rneta_crianca_menino_2ed.pdf Puericultura Puericultura é conseguir transmitir segurança e tranquilidade aos pais e familiares, além de conforto para criança, promovendo saúde. O que deve ser feito através da puericultura ? – Conhecer a criança e a família e criar vínculo – Seguir o crescimento e o desenvolvimento - Supervisionar a rotina – Fazer diagnóstico e tratamento, quando necessários – Observar as mamadas, promover aleitamento materno - orientar a introdução alimentar e alimentação, sono, vacinas, etc. –Dados preenchidos por Pediatra e/ou equipe de saúde. • Promover e proteger a saúde das crianças • Através de uma atenção integral • Criança: um ser em desenvolvimento • Considerar suas particularidades. • Avaliação da criança, família e o entorno, • Análise do conjunto bio-psico-sócio- cultural 1. Acompanhamento da Criança e consultas Recomendadas • Pré natal / Parto • Nascimento /Internação Neonatal e alta : • Dados referentes ao pré natal • Patologias maternas • Intercorrências no parto e pós parto • Recomendações de alta Frequência recomendada das consultas Consulta da 1º Semana Consulta do 1º mês Consulta do 2º mês Consulta do 4º mês Consulta do 6º mês Consulta do 9º mês Consulta do 12º mês (1 ano) Consulta do 18º mês (1ano 6 meses) Consulta do 24º mês (2 anos) Consulta do 36º mês (3 anos) 1/1/2/4/6/9/12/18/24/36 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menina_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menina_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed.pdf “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 13 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 04 – Aleitamento Materno - Facilita o Vínculo mãe-filho, é necessário para o crescimento saudável, diminui morbimortalidade → Definição/Tipos Aleitamento - Aleitamento materno exclusivo (OMS, 6 meses) – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. - Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais. - Aleitamento materno complementado(2 anos ou mais) – quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí- lo. - Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. → Importância do Aleitamento - Fatores nutritivos e imunológicos: evita mortes infantis (13% em menores de 5 anos) - Proteção contra alergias e infecções (pneumonia, diarreia): 53% em menores de 6 meses e 20% em menores 2 anos - Proteção contra doenças crônicas (HAS, DM, obesidade) - Fortalece vínculo mãe-filho - Desenvolvimento cognitivo - Saúde bucal: fortalecimento da musculatura; - Retração uterina: ocitocina - Amenorréia pós parto e diminuição da fertilidade: depende da frequência e duração das mamadas; - Proteção contra câncer de mama, ovário e endométrio - Diminui o risco de osteoporose em 4 vezes, Diabetes tipo 2, doença cardiovascular e obesidade - Menor custo financeiro - Maior vínculo afetivo e qualidade de vida → Anatomia da Mama - As mulheres adultas possuem, em cada mama, entre 15 e 25 lobos mamários, que são glândulas túbulo- alveolares constituídas, cada uma, por 20 a 40 lóbulos. Esses, por sua vez, são formados por 10 a 100 alvéolos. Envolvendo os alvéolos, estão as células mioepiteliais e, entre os lobos mamários, há tecido adiposo, tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, tecido nervoso e tecido linfático “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 14 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - células alveolares vão produzir o leite - células mioepiteliais contraem e jogam o leite para frente → Fisiologia da Lactação * Na Gravidez (preparação da mama) - A mama, na gravidez, é preparada para a amamentação (lactogênese fase I) sob a ação de diferentes hormônios. Os mais importantes são o estrogênio, responsável pela ramificação dos ductos lactíferos, e o progestogênio, pela formação dos lóbulos. Outros hormônios também estão envolvidos na aceleração do crescimento mamário, tais como lactogênio placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica. - Na primeira metade da gestação, há crescimento e proliferação dos ductos e formação dos lóbulos. - Na segunda metade, a atividade secretora se acelera e os ácinos e alvéolos ficam distendidos com o acúmulo do colostro. - A secreção láctea inicia após 16 semanas de gravidez. - A produção láctea inicia após 16 semanas e é inibida pelo Fator Inibidor de Prolactina, lactogênio placentário, estrogênio e progesterona - Aumento dos níveis de hormônios ovarianos: . Estrogênio – ramificação dos ductos . Progesterona – formação dos lóbulos . Lactogênio placentário, prolactina, gonadotrofina coriônica * Após o Nascimento - Com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, há uma queda acentuada nos níveis sanguíneos maternos de progestogênio, com consequente liberação de prolactina pela hipófise anterior, iniciando a lactogênese fase II e a secreção do leite. - Há também a liberação de ocitocina durante a sucção, hormônio produzido pela hipófise posterior, que tem a capacidade de contrair as células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, expulsando o leite neles contido. - Queda dos níveis de estrogênio e progesterona: liberação de prolactina pela hipófise anterior e ocitocina pela hipófise posterior - Sucção → hipófise anterior → prolactina → produção do leite nos alvéolos - Sucção → hipófise posterior → ocitocina → saída do leite dos alvéolos - Inibição do reflexo de ejeção: ansiedade, tensão, dúvida, dor, estresse, insegurança - Grande parte do leite de uma mamada é produzida enquanto a criança mama, sob estímulo da prolactina. - A ocitocina, liberada principalmente pelo estímulo provocado pela sucção da criança, também é disponibilizada em resposta a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da criança, e a fatores de ordem emocional, como motivação, autoconfiança e tranquilidade. - Por outro lado, a dor, o desconforto, o estresse, a ansiedade, o medo, a insegurança e a falta de autoconfiança podem inibir a liberação da ocitocina, prejudicando a saída do leite da mama. - Nos primeiros dias após o parto, a secreção de leite é pequena, e vai aumentando gradativamente: cerca de 40-50mL no primeiro dia, 300-400mL no terceiro dia, 500-800mL no quinto dia, em média (CASEY, 1986) - a ocitocina é importante pois ela estimula a contração das células mioepiteliais, mas também contribui para a retração do útero, provocando menos sangramento, etc. “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 15 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Galactopoiese - Controle autócrino - Depende da sucção e esvaziamento das mamas - Inibição mecânica e química: Peptídeos supressoras da lactação, Distorção dos receptores de prolactina no alvéolo - Perdura por toda lactação - importante esvaziar o peito: não é mamar um pouco do lado e um pouco do outro, é mamar pra esvaziar o peito inteiro, pois é no final da mamada que o leite fica mais gorduroso, o que contribui para o ganho de peso do bebê; - Se o esvaziamento das mamas é prejudicado, pode haver uma diminuição na produção do leite, por inibição mecânica e química. O leite contém os chamados “peptídeos supressores da lactação”, que são substâncias que inibem a produção do leite. A sua remoção contínua com o esvaziamento da mama garante a reposição total do leite removido. Outro mecanismo local que regula a produção do leite, ainda não totalmente conhecido, envolve os receptores de prolactina na membrana basal do alvéolo. À medida que o leite se acumula nos alvéolos, a forma das células alveolares fica distorcida e a prolactina não consegue se ligar aos seus receptores, criando assim um efeito inibidor da síntese de leite → Técnicas para Amamentar - Posição confortável: barriga com barriga - Boa Pega: Abocanha toda aréola, Suga com a língua, Sem dor, Dificuldade: mamilo plano/invertido, Evita traumas mamilares, Estimula ganho de peso e reflexos, boca de “peixe” com lábio superior virado para cima e lábio inferior virado para baixo; - Oferecer ambas as mamas - Local sossegado, temperatura agradável e luz adequada - Posição qualquer, preferência ereta, criança nos braços - Mamada estimular o canto da boca no mamilo - Oferecer 2 seios entre 15 – 20 minutos - Dedo indicador manter livre as VAS - Dedo médio comprime região subareolar elevando mama, melhorando ângulo da aréola e melhorando a pega - Eructação após as mamadas, 15 minutos, deitar decúbito direito - Tempo: OMS exclusivo até 6º mês, complementado até 1 a 7 anos. - Frequência: livre demanda. Controle de peso. - SM: abaixar, protuir, elevar, retrair mandíbula e movimento de ordenha com a língua - Mamadeira: não tem protusão nem extrusão mandíbula nem língua * Pontos-Chave do Posicionamento Adequado 1. Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo; 2. Corpo do bebê próximo ao da mãe; 3. Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido); 4. Bebê bem apoiado. * Pontos-Chave da Pega Adequada 1. Mais aréola visível acima da boca do bebê; 2. Boca bem aberta; 3. Lábio inferior virado para fora; 4. Queixo tocando a mama → Composição do Leite Materno “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 16 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Colostro - Primeiro leite secretado (3 a 7 dias) - é um leite mais líquido e transparente, rico em proteínas - Rico em anticorpos - 90% teor proteico (Ig), vitamina A, zinco, minerais, eletrólitos, fator crescimento - Facilita a eliminação do mecônio (primeiro cocô do bebê, esverdeado) nos primeiros dias de vida e permite aproliferação de Lactobacillus bifidus na luz intestinal * Leite de Transição - Produzido entre 7 e 15 dias * Leite Materno Maduro - Maior proporção lactose, gordura e calorias - mais espesso e esbranquiçado - Proteína bem equilibrada, melhor digestão e absorção - O leite anterior é rico em proteína do soro e lactose no meio é maior a quantidade de caseína e no leite posterior gordura, necessária para saciar o lactente * Água - Maior constituinte do leite humano (80%) → Suficiente para as necessidades hídricas do bebê - Oferecer água ao bebê pode diminuir a frequência das mamadas. A água dilui os fatores nutricionais e de defesa, pode estar contaminada e aumenta o risco de diarreia. * Proteína - 70-80% lactoalbumina: menor potencial alergênico, mais fácil digestão e menor tempo de esvaziamento gástrico, não provoca sobrecarga renal - Baixa concentração de tirosina e fenilalanina: Síntese de proteínas, neurotransmissores (dopamina, epinefrina e norepinefrina), hormônios da tireoide, melanina - Alta concentração de cistina e taurina: fundamentais desenvolvimento do SNC * Gordura - Gorduras polinsaturadas conferem melhor digestibilidade - Contém ácidos graxos de cadeia longa: desenvolvimento neuropsicomotor (mielinização), formação da retina, síntese de prostaglandinas - Triglicerídeos – lise bactérias, vírus e protozoários - Contém ácidos graxos de cadeia longa que têm ação primordial no desenvolvimento neuropsicomotor e na formação da retina. * Carboidratos - A lactose é o principal deles: Metabolizada em galactose (substância branca) e glicose, Facilita a absorção de cálcio e ferro, Promove acidez e colonização intestinal com Lactobacillus bifidus - A lactose é o principal carboidrato do leite materno que por hidrólise fornece glicose e galactose, sendo esta importante para formação dos cerebrosídeos. * Outros - Baixa concentração de Na, K, Cl, Ca, Mg, fósforo - Ferro, flúor, zinco, cobre, manganês, selênio, iodo, porem com maior biodisponibilidade - Fatores imunológicos – IgA secretora, macrófagos, lactoferrina, lisozima - Ig A secretória: não é digerida pelas secreções gástrica e intestinal não sendo absorvida. Ig A específica atua contra patógenos os quais a mãe é exposta e que será transferida para o RN. Reveste a mucosa intestinal impedindo a agressão por bactérias, toxinas ou antígenos estranhos. - Fator bífido é um carboidrato nitrogenado, substrato para o crescimento do Lactobacillus bifidus, bacilos anaeróbios que compõem a flora intestinal predominantemente em crianças amamentadas exclusivamente ao peito. São flora saprófita e impedem proliferação de microorganismos patogênicos. - Lisozima é produzida por macrófagos e neutrófilos e age através da lise da parede celular de bactérias Gram – e +. - A lactoferrina é uma proteína carreadora de ferro que, por quelação, diminui a biodisponibilidade de “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 17 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL ferro para os patógenos principalmente Staphylococcus sp., E. coli e Candida sp. E aumenta a biodisponibilidade para o lactente. A terapia com ferro oral pode inibir esse processo. → Contraindicação ao Aleitamento Materno - Infecção pelo vírus HIV 1 ou 2 - Infecção pelo vírus HTLV 1 ou 2 - Psicose puerperal: quando a mãe quer cometer suicídio e matar o bebê junto - Uso de medicamentos antineoplásicos - Medicamentos antipsicóticos - Uso de carbonato de lítio - Drogas de abuso - Contraindicação do bebê: galactosemia, fenilcetonúria, incapacidade física, prematuro (pois não se quer que o bebê perca calorias, e sugar gasta caloria) → Suspensão Temporária do Aleitamento Materno - Doença materna grave - Infecção pelo vírus Herpes Simplex – HSV 1 ou 2, com lesões ativas localizadas na mama (permitir após cura das lesões) - Uso de radiofármacos (informações sobre a duração da excreção do fármaco no leite materno) - Uso de medicamentos não permitidos, hepatite, tuberculose ativa - Varicela materna iniciada 05 dias antes ou 2 dias após o parto (permitir quando a mãe não oferecer risco de contágio ao RN) → Principais Dificuldades do Aleitamento Materno e seu Manejo * Mamilos Planos/Invertidos - Manter a aréola flácida - Tentar diferentes posições - Manobras para protrair os mamilos - Ordenhar o leite enquanto a criança não suga efetivamente * Trauma Mamilar - A causa mais comum de dor para amamentar se deve a lesões nos mamilos por posicionamento e pega inadequados. Outras causas incluem mamilos curtos, planos ou invertidos, disfunções orais na criança, freio de língua excessivamente curto, sucção não nutritiva prolongada, uso impróprio de bombas de extração de leite, não interrupção adequada da sucção da criança quando for necessário retirá-la do peito, uso de cremes e óleos que causam reações alérgicas nos mamilos, uso de protetores de mamilo (intermediários) e exposição prolongada a forros úmidos. 1. Medidas Preventivas - Técnica adequada - Amamentação frequente - Manter mamilos secos - Não manter o bebê no seio - Cuidado ao interromper o leite materno - Tratar monilíase - Retirada adequada 2. Manejo - Corrigir técnica - Alternar posições - Manter mamilos secos - Concha protetora “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 18 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - Lanolina: pomadas para fazer uma camada protetora - Analgésicos * Ingurgitamento Mamário - Há três componentes básicos: (1) congestão/aumento da vascularização da mama; (2) retenção de leite nos alvéolos; e (3) edema decorrente da congestão e obstrução da drenagem do sistema linfático - Falha na regulação fisiológica da lactação - Predispõem Mastite (dor) - orienta-se a mãe a tirar um pouco do leite (não tudo, pois senão estimula mais ainda a produção) para diminuir a dor, e espera-se que em uma semana volte ao normal 1. Manejo - Corrigir a pega e amamentar o bebê com frequência - Alternar as posições no seio - Massagear mama e retirar leite, compressa fria (cuidado com mães que coloquem gelo) - Ibuprofeno, se necessário - Suporte para as mamas (sutiã) * Mastite/Abscesso - Mastite é um processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama (o mais comumente afetado é o quadrante superior esquerdo), geralmente unilateral, que pode progredir ou não para uma infecção bacteriana. Ela ocorre mais comumente na segunda e terceira semanas após o parto, mas pode ocorrer em qualquer período da amamentação. A estase do leite é o evento inicial da mastite e o aumento da pressão intraductal causado por ela leva ao achatamento das células alveolares e formação de espaços entre as células. Por esse espaço passam alguns componentes do plasma para o leite e desse para o tecido intersticial da mama, causando uma resposta inflamatória. O leite acumulado, a resposta inflamatória e o dano tecidual resultante favorecem a instalação da infecção, comumente pelo Staphylococcus (aureus e albus) e ocasionalmente pela Escherichia coli e Streptococcus (α-,β- e não hemolítico), sendo as lesões mamilares, na maioria das vezes, a porta de entrada da bactéria. - Causas: Mamilos rachados ou fissurados, Ducto bloqueado não tratado, Baixa resistência a infecções 1. Manejo - Repouso - Corrigir pega e alternar posição - Amamentar com frequência/ordenha manual: não faz mal ao bebe mamar com mastite, mas certas mães tem receio, então pode-se orientar ordenhar; - Analgésico para aliviar a dor - Antibiótico para tratar a infecção (geralmente cefalexina que mata bactérias da pele) - No caso de abcesso, drenagem cirúrgica * Mãe Trabalhadora - Praticar a ordenha do leite - Amamentar quando estiver em casa - Armazenar o leite ordenhado em geladeira (até 12 horas) ou congelar 14 dias (em congelador separadoda geladeira) - Descongelar e aquecer em banho-maria fora do fogo → Causa de produção láctea insuficiente - Técnica incorreta do aleitamento materno - Fadiga materna - Frequência reduzida da mamada / Sucção fraca - Problema anatômico / cirurgia prévia (redutora) - Ingurgitamento mamário – esvaziamento inadequado/mamilo plano - Doença materna - Drogas - Tabagismo/etilismo/estresse/nutrição materna * Baixa produção de Leite - Suplementação com outro leite pode ser necessária - Quando a mãe tem leite suficiente, ordenhar e oferecer à criança “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 19 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - Teste da Balança: para ver se a criança está ganhando peso de fato (700g a cada trimestre); 1. Tratamento - orientar a mãe a tomar 3 litros de água por dia - fazer compressa com água quente para estimular a produção de leite - Medicamentos (Galactogogos): Metoclopramida – 10 mg, 3X/dia VO, 1-2 semanas, Domperidona 10- 20mg, 3 a 4x/dia, Sulpirida 50mg 1 a2x/dia → Papel da Família na Amamentação - o papel do(a) companheiro(a) é importante - sem apoio, todo o ambiente pode virar um caos, o que pode comprometer a amamentação, a relação mãe-filho, saúde física e mental, etc; “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 20 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Anexo-ATV-Aleitamento Quais os benefícios do aleitamento materno para a mãe e para o bebê? Os benefícios são inúmeros, cito abaixo os principais: • Mãe: o a perda de peso; o retração uterina; o amenorreia pós-parto; o diminuição de risco para câncer: mama, de ovário e de endométrio; o diminuição do risco cardiometabolico: hipertensão, DCV, diabetes; o reduz risco psicológico de depressão pós-parto. • Bebê: o nutrientes adequados para o desenvolvimento; o proteção por obter fatores imunológicos; o reduz risco: dermatite atópica e gastroenterite; o reduz risco de desenvolver: hipertensão, obesidade, leucemia, otite média, asma, morte súbita e diabetes. o ajuda no desenvolvimento cognitivo, resultando em QI mais alto (5,9 pontos a mais em relação aos que não foram amamentados); o ajuda na saúde bucal. • Ambos: o maior vínculo afetivo mãe-filho: bebes que tem contato pele a pele ao nascer tem maior probabilidade de seguir por mais tempo e de forma mais eficaz; o menor custo financeiro (para a família). Por quanto tempo deve ser mantido o aleitamento materno? A OMS recomenda amamentar por um período de 24 meses, sendo que: o Deve ser exclusivo nos 6 primeiros meses de vida; o A partir dos 6 meses, complementado. Que estratégias podem ser utilizadas para auxiliar a mulher a continuar amamentando? Amamentação é um processo biológico psicológico e social, onde o suporte profissional qualificado de médicos, enfermeiras conselheiros e consultores em lactação é benéfico para prolongar o máximo possível o tempo de amamentação e o desenvolvimento do binômio Mãe-filho. Estratégias especificas incluem: o Educar e treinar: levar o conhecimento para essa mulher sobre a amamentação como um processo natural e por vezes difícil, porém que existem técnicas que auxiliam a mulher nesses desafios. Exemplo: a pega correta, ordenha de leite, as fases do leite materno, os componentes e adequação do leite as necessidades do bebê, dentre outros desafios que podem surgir no percurso (seios doloridos, mastites etc.). “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 21 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL o Trazer consciência sobre: os benefícios do aleitamento materno para ela e o bebê; o Apoiar: ouvir como está sendo o processo e se houver dificuldade, ajudá-la; o Incluir a família no processo: para oferecer o suporte necessário em relação ao tempo e ambiente propicio para o momento da amamentação e promoção de um ambiente mais saudável psicologicamente e também nos afazeres domésticos (aliviando a carga), para que tenha mais tempo para o processo de maternar; Quais os problemas mais comuns no aleitamento materno? o Pega inadequada; o Suprimento insuficiente de leite; o A hipogalactia pode ser definitiva ou transitória que é quando a mulher não produz leite suficiente. A definitiva ocorre em cerca de 1,5% das mulheres. Por isso é tão importante entender a amamentação como um processo porque a produção ineficiente de leite pode ser resolvida de outras formas como por exemplo a pega proporcionando o esvaziamento correto da mama para uma adequada produção de leite. Se tem leite nos ductos não tem produção de leite. A mama é fábrica e não estoque. O leite parado nos ductos libera uma proteína chamada FIL (fator inibitorio da lactação) quanto mais FIL menor produção de leite. o Mamilos ou seios doloridos (trauma/fissura, ingurgitamento, mastite/abcesso); o Irgurgitamento mamário - associado a uma má pega e extração ineficiente do bebê, também influencia por uma amamentação que não é em livre demanda, uso bicos artificiais. o Escassa rede de apoio; o Fadiga; o Anquiloglosia. Quais os sinais que o clínico deve perceber quando o aleitamento materno não está indo bem? Os sinais de amamentação ineficaz são: o Principal sinal: Perda de peso o mais que 7% do peso; o continua por até 3 dias de vida; o Outros (relatados): o Menos de 6 fraldas molhadas por dia, após 4º dias de vida; o Menos de 3 fezes por dia, após o 4º dias de vida; o Dor no mamilo que persiste após os 30 segundos iniciais da amamentação. É uma complicação comum devido a trava inadequada e posição do bebe em 89% dos casos. “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 22 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL O que é o escore LATCH e para que serve? LATCH é um score de avaliação desenvolvido pela enfermeira Deborah Jensen, que serve para avaliar e documentar clinicamente a amamentação, além de detectar precocemente as dificuldades relacionadas à amamentação, na tentativa de reduzir as taxas do desmame precoce. Cada letra do acrônimo, se refere a: o L (Latch) qualidade da pega da criança na mama; o A (Audible swallowing) possibilidade de se ouvir a deglutição do bebê enquanto está mamando; o T (Type of nipple) avalia o tipo de mamilo (plano, invertido, evertido a´pos estimulação); o C (Comfort) nível de conforto da mãe em relação à mama e ao mamilo; o H (Hold) mãe precisa ou não de ajuda para posicionar a criança. Esse score vem sendo utilizada mundialmente como uma ferramenta para auxiliar as mães e direcionar o profissional de saúde quanto ao aleitamento materno. o A opinião de especialistas sugere que uma pontuação inferior a 7 pode justificar uma avaliação adicional e possível encaminhamento a um especialista para consulta, apoio e orientação. Fim “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 23 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 05-Fórmulas Infantis Clique para ver mapa: https://mm.tt/1798821317?t=QLSpVdVOk7 → Introdução - Leite Materno é nutricionalmente, imunologicamente, neurologicamente e economicamente superior aos substitutos - Se existe um impedimento ao aleitamento materno (tanto da mãe quanto do lactente) → fórmula infantil * Indústria de Marketing - Várias mídias - Trabalho com formadores de opinião - Crescimento anual de 10% nas vendas de fórmulas infantis - muito cuidado com essas influências, importantemanter um pensamento científico → Legislação Brasileira * Regulamento Técnico (ANVISA) - Codex Alimentarius (FAO-OMS) - ESPGHAN (Europa) e Diretiva Europeia - LSRO (Americana – Life Science Reserch Organization) - Resolução RDC n. 43/2011: Fórmula infantil para lactentes - Resolução RDC n. 44/2011: Fórmula infantil de seguimento para lactentes - Resolução RDC n. 45/2011: Fórmula infantil para lactentes com necessidades dietéticas específicas * Proteção do Aleitamento Materno - Norma Brasileira de Comercialização (NBCAL) - Lei 11.265 de 2006 - Decreto n8552 (03/11/2015) → Aspectos a Considerar - Composição adequada para as necessidades nutricionais do lactente - São seguras mas não isentas de riscos: tem vários contaminantes, proteínas heterólogas, etc - Maior risco doenças infecciosas e crônicas: diarreia e obesidade - Redução na aceitação de outros alimentos (por conta da monotonia do sabor da fórmula) - Contaminantes: água, higienização dos utensílios e armazenamento e transporte - Erros na diluiçao e adição desnecessárias de carboidratos: crianças que acordam na madrugada, não ofertar mamadeira, dar água, não adicionar açúcar, a criança não precisa disso → Composição da Fórmula Infantil- sua composição se aproxima muito do leite materno - Proteína: Soro do leite e caseína - Gordura: Óleos vegetais e animais para aumentar a concentração de ácidos graxos insaturados - Carboidratos: Lactose (assim como no leite materno) - Vitaminas e minerais: Adequação da concentração de cálcio/fósforo e Na obedecendo as normas do Codex (adicionam um pouco mais por conta da biodisponibilidade) → Tipos de Fórmula Infantil - Partida: até o 6 mês - Seguimento: dos 6 meses até 1 ano - Especiais: Prematuro, Antirregurgitação, Sem lactose, Anti cólica e constipação, Hipoalergênica, Semi-elementar e elementar -fórmula de proteína intacta: mais utilizada https://mm.tt/1798821317?t=QLSpVdVOk7 “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 24 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL -quando tem alergia: usar proteína extremamente hidrolisada → Proteína * Quantidade - Leite materno: 0,9 – 1,1 g /100 ml - Leite Vaca: 3,2 – 3,5 g / 100 ml (leite de vaca in natura faz uma sobrecarga renal por conta da quantidade de proteínas, por isso é interessante diluir esse leite até o 5 mês se não tiver como evitar) - Fórmulas de Partida: 1,4 – 1,7 g /100 ml - Fórmulas de Seguimento – 2,2 - 2,5 g /100ml * Grau de Hidrólise - Fórmulas de proteína intacta: crianças saudáveis - Parcialmente hidrolisada - Extensamente hidrolisada - Aminoácidos: APLV grave * Estudo de Concentrações Proteicas nas Fórmulas - Objetivo: investigar o efeito das fórmulas de seguimento infantis com diferentes concentrações proteicas no crescimento, composição corporal e risco futuro de excesso de peso - Conclusão: evidências insuficientes * Fórmula Parcialmente Hidrolisada - Objetivo dos estudos: Prevenção de alergias, Esvaziamento gástrico mais rápida, < gravidade e incidência de manifestações funcionais gastrointestinais, Redução na fermentação de carboidratos - Estudos em humanos não encontram evidência na relação entre proteína hidrolisada e melhora no esvaziamento gástrico, nas manifestações GI, na fermentação de CH ou prevenção de doenças alérgicas e autoimunes → Lipídeos - Combinação de óleos vegetais (perfil de AG do LH): coco, palma, girassol, soja e canola + óleos extraídos de algas e fungos (DHA e ARA – para melhorar o desenvolvimento cerebral) - Lipídeos estruturados: assemelhar-se aos glóbulos de gordura do leite materno * Formula Contendo Membrana do Glóbulo de Gordura Bovino - Objetivo do estudo: Testar a hipótese: alimentar com FI com reduzida densidade energética/proteica e suplementada com MGGB reduz diferenças no desenvolvimento cognitivo e no crescimento precoce entre crianças amamentadas e alimentadas com FI - Há resultados promissores no neurodesenvolvimento e proteção infecciosa, porém os estudos são heterogêneos e com tamanho amostral reduzido. Há necessidade de mais estudos. Fórmula de partida- até 6 meses e fórmula de seguimento- a partir de 6 meses e fórmulas especiais -todas as fórmulas que tem número 1 são fórmulas de partida -as fórmulas número 2 são as de seguimento → Fórmulas de Partida e Seguimento - Fórmulas infantis para lactentes saudáveis - Caraterísticas: formulas poliméricas, à base de proteína de leite de vaca, com óleos vegetais e lactose - Indicação: lactentes saudáveis, nascidos a termo e com TGI íntegro, na impossibilidade do aleitamento materno - Exemplos: Nan supreme (proteína parcialmente hidrolisada), Nestogeno (30% maltodextrina), Aptamil e Milupa (60:40 caseína), Nan Confort (fibras solúveis), Nestogeno pelargon (acidificado), Similac (52:48 caseína) → as de partida vem marcadas com o nº 1 e as de seguimento com o nº 2 -fórmula de seguimento (num 2) pode usar até 2 anos → Fórmulas para Prematuros - Fórmulas poliméricas, à base de proteína do leite de vaca (soro e caseína), com maior quantidade de energia e proteína, percentual variável de gorduras às custas de TCM (triglicerídeos de cadeia média), adição de lactose, maltodextrina e/ou polímeros de glicose. Maior quantidade de micronutrientes, adicionada aos de DHA e ARA. - a intenção é fazer com que o prematuro ganhe mais peso - RNPT até completar 40 semanas e/ou 2000g “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 25 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL e/ou alta hospitalar- dar a fórmula prematura até 40 semanas - Fórmulas hidrolisadas, a base de aminoácidos e espessadas não devem ser utilizadas para o RNPT, exceto em situações especiais e por período limitado. Sua composição não atende às necessidades nutricionais destes lactentes. - Exemplos: PreNAN (70:30 caseína, 50% maltodextrina), Aptamil Pre (60:40 caseína, 18% maltodextrina), Enfamil Pre (60:40 caseína, 60% polim. glicose) → Fórmulas Espessadas - Formulas poliméricas à base de proteína de leite de vaca, com TCL, predomínio de lactose e adição de espessantes (amido pré-gelatinizado, arroz ou milho, goma de jataí) - Indicação: não há evidências de benefícios do uso de fórmulas espessadas para lactentes com RGE fisiológico- não precisa usar fórmula espessada pra criança que vomita até 1,5 ano fisiologicamente. - Pode ser usada em lactentes com DRGE associada a baixo ganho de peso durante a fase de investigação, crianças que choram, não comem- quando refluxo/vômito causa problemas a saúde - é para ajudar a não regurgitar - Fórmulas anti-regurgitação: NAN AR (26% de Amido Pré-gelatinizado, 74% Lactose, 70:30 caseína), Aptamil AR (Goma Jataí 4g/L, 75% lactose, 80:20 caseína) → Formulas Isentas de Lactose - intolerância pode se manifestar a partir do 3 mês até mais ou menos 1 ano; crianças menores de 3 meses podem ter alergia a proteína do leite - Fórmulas poliméricas à base de proteína de leite de vaca com ácidos graxos de cadeia longa. No lugar da lactose há maltodextrina e/ou polímeros de glicose - Indicações: intolerância secundária a lactose, síndrome pós enterite e no tratamento de criança gravemente desnutrida, na fase de estabilização - Ex: Aptamil SL, NAN SL → Fórmulas Hidrolisadas com Redução de Lactose - Fórmulas parcialmente hidrolisadas, com redução de lactose (evita gases)-usar para crianças com alergias - Se afastam da composição do leite Materno. - Revisão sistemática recente não encontrou benefícios para o uso, nem para redução de sintomas GI nem redução de obesidade. - Não são seguras para uso em prematuros. - Ex: NAN sensitive → Fórmulas Hipoalergênicas - Fórmulas parcialmente hidrolisadas, com predomínio de TCL - Indicações:podem reduzir o risco de algumas formas de alergia quando utilizadas até os 4 meses de vida em lactentes saudáveis com risco para atopia. - prof Kellen não bota muita fé nessas aqui → Fórmulas Infantis à Base Proteína Isolada de Soja - Características: proteína isolada de soja e adição de metionina. Predomínio de óleos vegetais (TCL) e substituição da lactose por maltodextrina e/ou polímeros de glicose - Indicação: podem ser usadas no tratamento de APLV (forma IgE mediada) em maiores de 6 meses e sem comprometimento GI. Também na Galactosemia - soja não se usa em crianças menores de 6 meses - As reações adversas podem aparecer em 17 a 47% dos lactentes alérgicos à proteína do leite de vaca. Comum a criança fazer alergia cruzada com leite de vaca e soja - Exemplos: NAN Soy (100% maltodextrina), Aptamil Soja, Enfamil ProSobe (100% polímeros de glicose), Isomil (80% xarope de milho e 20% sacarose) → Fórmulas Extensamente Hidrolisadas Com Lactose - Fórmulas à base de proteína do soro de leite extensamente hidrolisadas. Predomínio de lactose e TCL como fonte de gordura. - Indicações: tratamento da APLV quando não há comprometimento GI- primeira escolha no APLV - em crianças com APLV, pode-se começar com uma fórmula extensamente hidrolisada pra manter o contato com alguma proteína, para apresentar ao sistema imune; - Exemplos: Althera (49% lactose), Aptamil Pepti (40% lactose) → Fórmulas Extensamente Hidrolisadas Sem Lactose - Podem ser à base de caseína, proteínas de soro do leite e soja/colágeno, extensamente “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 26 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL hidrolisadas. Contém cerca de 40 a 50%, maltodextrina ou polímeros de glicose - Indicações: tratamento da APLV em menores de 6 meses, nos que possuem comprometimento do trato GI e naqueles com mais de 6 meses que não evoluíram bem com fórmulas a base de proteína isolada de soja - Opção em quadros de síndrome de má-absorção intestinal, na realimentação após jejum prolongado ou em quadros hipermetabólicos -usada em crianças que tem diarreia inensa, fezes ácidas iniciar com a fórmula sem lactose e depois progredir para forma com lactose - Exemplos: Alfaré, Pregomin, Pregestimil, Novamil Rice (essa de arroz não se usa, tem arsênico na composição, apesar dos estudos dizerem que tem muito pouco); → Fórmulas à Base de Aminoácidos - Possuem aminoácidos livres. Predomínio de TCL (95%) e substituição de lactose por maltodextrina e/ou polímeros de glicose - Indicações: APLV (grave) em lactentes com história de anafilaxia e que não estejam em uso regular de formulas extensamente hidrolisadas, quando não houve resolução dos sintomas com estas fórmulas e nas alergias múltiplas com intenso comprometimento nutricional - Opção em má-absorção grave - Exemplos: Alfamino, Puramino, Neocate → Composto lácteo - Composto lácteo, não pode ser chamado de leite porque tem outros ingredientes em sua composição, é feito a partir do leite, leite reconstituído (entende-se por leite reconstituído o produto resultante da dissolução em água do leite em pó, adicionado ou não, de gordura láctea, até atingir o teor gorduroso fixado para o respectivo tipo, seguido de homogeneização e pasteurização), e/ou derivados de leite, com ou sem outros ingredientes. A base láctea tem que ser de no mínimo, 51% do total do produto. - Não é adequado para crianças (crianças pequenas, para maiores já não tem tanto problema). - Exemplos: Neslac, Nestonutri, Ninho → Considerações Finais - Avanços na composição de fórmulas infantis - Proteína: Considerar não somente aspectos quantitativos mas também qualitativos - Preocupação devido o distanciamento do leite materno como modelo - Lactente Saudável: Fórmula de partida até 6 meses e seguimento após 6 meses - Lactente com APLV: Fórmula hidrolisada sem lactose ou fórmula de aminoácido - Lactente com queixas específicas: Conduta individual “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 27 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 28 06 Exame inicial do RN Vídeo transmitido: https://www.dropbox.com/s/4pcv8vwh5agjire/Aula%2006%20Exame%20fisico%20RN%2016.03.mp4?dl=0 Texto: https://www.dropbox.com/s/cyeeufx4ks8euln/69385-481371anamnese_e_exame_fisico_RN.pdf?dl=0 É o exame mais detalhado que deve ser realizado antes da saída da maternidade. Repte tmb na primeira consulta. Antes de iniciar Solicitar permissão a mãe Retirar a roupa do bebe Observações gerais Acordado ou não? Frio ou quente? Sinais Vitais Dificuldade para respirar? Cabeça Medir perímetro cefálico Implantação da orelha Ver e palpar suturas e fontanelas • Coronal (sutura) • Lambidoidea (sutura) • Anterior (fontanela) • Metopica (sutura) Formato do crânio • Permite que o crânio seja maleável o suficiente para passar pelo canal de parte • Frequentemente leva a deformação temporária • Pode haver: o cefalohematoma (não ultrapassa a linha sutura) ocorre por apresentações anômalas durante o parto. Demora mais de 30 dias para reabsorção. o Bossa serossanguinea: ultrapassa linhas de sutura, acumula fuidos acima do periostio. São maiores que o cefalohematoma, demora 15 a 20 dias para absorção. o Hemorragia subgaleal: inchaço extenso que ultrapassa linhas de sutura; ocorre por sangramento devido ao rompimento de veias emissárias. o Aplasia cutânea = má formação de pele (na regiaõ posterior da cabeça;) Face • Implantação da orelha: deve estar perpendicular uma linha fenda ocular. Pode estar mais alta ou baixa. Olhos • Fendas palpebrais: horizontal, obliqua (Down) • Teste do olhinho (reflexo vermelho nas 2 pupilas. • Coloboma • Alteração? Solicitar avaliação geneticista ou endócrino, depende. Nariz • Avaliar permeabilidade de vias aéreas • Neonatos respiram somente pelo nariz (até o 4º mês) • Dificuldade? O que pode ser: atresia de coanas (faz cianose, chora dai passa pq consegue respirar pela boca temporariamente), estenose de coanas. Coloboma H Anomalisas Cardiacas Atresia de coanas Retardo de DNPM CAnomalias genitourinarias E anomalias na orelha Palato (palpar) • Fenda palatina? ->otorrino • Anquiloglosia é uma variação normal, que pode dificultar na amamentação. -> frenotomia Pescoço • Pescoço alado: Sme Tanner • Excesso de pele no pescoço: Sme noonan Torax • Reto-> maioria das vezes Comum em alguns distúrbios cardíacos e de tecido conjuntivo. Ex sme de Marfan. • Concavo • Convexo *Ducto arterioso fecha normalmente, em cardiopatias permanece aberto. *Ruidos que não desaparecem dentro de alguns dias devem ser avaliados. https://www.dropbox.com/s/4pcv8vwh5agjire/Aula%2006%20Exame%20fisico%20RN%2016.03.mp4?dl=0 https://www.dropbox.com/s/cyeeufx4ks8euln/69385-481371anamnese_e_exame_fisico_RN.pdf?dl=0 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 29 *Sopro cardíaco desaparece em 15 dias. Testes cardiacos *4 Focos de ausculta. 120 a 160FC *Saturação de oxigênio pre e pos ductal Alteração? SaO2 fazer: • pressão sanguínea das quatro extremidades • ECG *é normal bebês fazerem breves pausas respiratórias ou respirarem em frequências levemente irregulares: respiração periódica. Abdômen • Presença de hernia, se endurecida pra fora, chama cirurgião. • Onfalocele, gastrocses anomaliasgeralmente ve já no primeiro exame na sala de parto. • Embora raro pode haver tumores intra- abdominais, como neuroblastoma e tumo de Willms. Perineo • Pulso femoral o Caso esteja diminuída ou fraca pode-se tratar de Coactação de aorta. Genitália • Feminia: analisar grandes lábios, clitoris, pode estar inchados, por causa de hormônios materno. Pode haver corrimento ou sangramento, pode perdurar até os 15-20 dias. • Meninos: palpar testículos, para verifica descida. Pode ter hidrocele. Examinar pênis, prepúcio e glande. Hipospadia (deslocamento ventral do meato ureteral) • Ambos avaliar permeabilidade anal. Displasia de quadril É uma alteração congênita. Mais comum em: mulher, historia de displasia e parto de apresentação pélvica. *Todo neonato com fatores de risco deve realizar um ultrassom de quadril entre 4-6 semanas de vida, independente do resultado normal do exame de quadril. Fazer manobras: • Ortolani: cabeça do fêmur luxada, fora do acetábulo. Na abdução, a cabeça encaixa no acetábulo e o médico sente o encaixe. Se tiver stalido->encaminhar para ortop.. • Barlow: cabeça do fêmur encaixada; porém a instabilidade do quadril/flacidez faz com que ocorra luxação ao fazer pressão contra a mesa de exame. • Atenção: Sinal de Galeazzi ou de Allis: displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) de diagnóstico tardio. Extremidades • Polidactilia tipo B (não indica mal formação) • Braquidactilia – dedo curto (sme Down) • Aracdactilia = dedos compridos. • Prega palmar única comum em Sme de Down. Também observada em 1% da população geral. *pequenas variações na morfologia das mãos não indicam encaminhamento ao geneticista, a menos que sejam um achado em meio a vários. Dorso • Macha mongólica: comum e desaparece com o tempo., relacionada miscigenação. • Eritema toxico: base eritematosa, aparece entres 24-48 hras de vida, desaparece em 15 dias. • Fosseta sacral: checar se não é orifícios. Se tiver o bebe pode ter espinha bífida oculta ou medula ancorada. • Outros achados de anormalidade medula espinhal: pelos visíveis na região lombar, prega glútea assimétrica. Neurologico • Acordado ou não? • Irritado ou calmo? • Choro consolável ou inconsolável? -> irritabilidade excessiva. • Hipertonico (flexiona pernas e braços- isso é normal) ou hipotonico • Sensibilidade: pode ser determinada pela reação ao toque • Reflexos arcaicos: simétricos? Se assimétricos indica condição neurológica ou ortopédica. o Moro: segura a cabeça e deixa “cair” sob a maca, abre as mãos e pernas depois fecha. o Preensão palmar o Busca: ao colocar o dedo no rosto a boca do bebe vai em direção a mão. o Sucção. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 30 07 Triagem Neonatal Pontos destacados https://www.dropbox.com/s/9xfbfpw0dr7wqqk/Pedi-Triagem_neonatal%28TN%29.pdf?dl=0 → Triagem - Origem do vocábulo francês triage, que significa seleção, separação de um grupo ou mesmo escolha entre inúmeros elementos - A triagem neonatal já estabelecida no Brasil inclui testes e exames realizados nos recém- nascidos (RN) que previnem e detectam doenças precocemente, com o objetivo de evitar morbidade e mortalidade nessa população infantil. As doenças detectadas, sejam elas congênitas ou genéticas, quando diagnosticadas na fase pré-sintomática nos RN, permite intervenções clínicas precoces e proporciona tratamento adequado - Triagem Neonatal: rastreamento especificamente na população com idade de 0 a 30 dias de vida - na triagem, é importante que seja um teste muito sensível, para captar todas as crianças com a doença e não deixar escapar nenhuma, mesmo que depois tenha que se fazer um teste confirmatório; - Consulta Pública nº 18 de 20 de setembro de 2013 ou Política Nacional de Triagem Neonatal: engloba a Triagem Biológica (teste do pezinho), Triagem Auditiva (teste da orelhinha), Triagem Ocular (teste do olhinho) - Testes realizados antes da alta do RN: Teste da orelhinha (2010), Teste do coraçãozinho (2014), Teste da linguinha (2010), Teste do olhinho (2010) → Teste da Orelhinha - Triagem feita por meio de emissões otoacústicas ou potencial evocado: feito para avaliar a capacidade auditiva do RN, avaliar surdez; avalia resposta do tímpano a frequência específicas - como se fosse “a audiometria do RN”; indolor, faz com bebê dormindo - Incidência de deficiência auditiva: 1-6 / 1000 nascidos vivos → por isso se faz o teste, a taxa é elevada; -prematuridade, drogas ototóxicas, infecções congênitas, histórico familiar de deficiência auditiva- maior incidência - A realização do exame é obrigatória e gratuita em todos os hospitais e maternidades de acordo com a Lei Federal nº 12.303/2010 - Deve ser realizado até os 3 meses, se não fizer na maternidade deve fazer logo em seguida → Teste da Linguinha - Lei nº 13.002, de 20 de junho de 2014. - No teste, avalia-se a forma da ponta da língua quando elevada durante o choro do RN - fazer antes da saída da maternidade, pois pode dificultar a amamentação - 1 caso: normal, criança eleva e não traciona a língua - 2 caso: meio termo, pode-se acompanhar esse caso pois o aleitamento pode arrumar - 3 caso: língua com pouca extrusão quando chora → fazer uma frenulectomia na maternidade → Teste do Olhinho - Obrigatório por lei desde 2017, mas já é realizado desde 2010 - Estudos nacionais destacam que a retinopatia da prematuridade e glaucoma lideram as causas de cegueira infantil preveníveis e tratáveis.12 - O reflexo vermelho é o exame de rastreamento (screening) para anormalidades oculares, desde a córnea até o segmento posterior. Nesse exame, pode ser detectado as opacidades dos meios transparentes do globo ocular. Várias doenças podem ser detectáveis: catarata congênita; retinopatia da prematuridade; retinoblastoma; glaucoma congênito; descolamento de retina; hemorragia vítrea - O teste é feito com oftalmoscópio ou retinoscópio em ambiente escuro e é considerado normal quando os dois olhos https://www.dropbox.com/s/9xfbfpw0dr7wqqk/Pedi-Triagem_neonatal%28TN%29.pdf?dl=0 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 31 apresentam um reflexo vermelho brilhante. Pontos pretos, assimetria ou a presença de reflexo branco (leucocoria) indicam a necessidade de avaliação mais cuidadosa – realizada pelo oftalmologista. - quando reflexo ausente/duvidoso: encaminhar pro oftalmologista; - glaucoma congênito, catarata congênita e retinoblastoma - faz na maternidade e nas consultas → Teste do Coraçãozinho - Teste da Oximetria, realizado nas primeiras 48 horas de vida - Portaria SCTIE/MS nº 20, de 10 de junho de 2014 - serve para diagnosticar cardiopatias críticas que poderiam descompensar quando o bebê vai pra casa; - também indolor, coloca 1 oxímetro de pulso no MMSD e 1 oxímetro no MMI- se SpO2<95% ou diferença >3% entre as medidas fazer ECG - se no exame determinar que tem alteração deve fazer um ECG na mesma internação * Cardiopatias Críticas - Incidência: 1-2 a cada 1000 nascidos vivos - Cardiopatias com fluxo pulmonar dependente do canal arterial: Atresia pulmonar e similares - Cardiopatias com fluxo sistêmico dependente do canal arterial: Síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, coartação de aorta crítica e similares - Cardiopatias com circulação em paralelo: transposição das grandes artérias - essas cardiopatias são canal dependente → se por algum motivo o canal fechar, a criança não vai conseguir oxigenar o sangue ou os órgãos; - crianças com esses diagnósticos são encaminhadas para cirurgia de correção; → Teste do Pezinho - No Brasil, a primeira tentativa ocorreu em 1976, na cidade de São Paulo,por iniciativa da – APAE- SP), pioneira na América Latina. Inicialmente realizava-se somente o diagnóstico de Fenilcetonúria, a partir de 1980 incorporou-se a detecção precoce do Hipotireoidismo Congênito. - Em 1992, a legislação federal complementada, define Fenilcetonúria e Hipotireoidismo Congênito como as patologias que devem ser triadas (Portaria GM/MS n.º 22, de 15 de janeiro de 1992) - com os anos, foram acrescentados outros exames, até chegar nos 5 testes testados atualmente, em função da incidência elevada na população e porque são doenças que precisam de manejo muito precoce; - O teste do pezinho tem como objetivo fazer o rastreamento de RN portadores de doenças que devem ser diagnosticadas e tratadas o mais precocemente possível a fim de evitar sequelas nas crianças. - O teste deve ser feito entre o 3° e o 5° dia de vida do bebê - Fase I: Fenilcetonúria e Hipotireoidismo - Fase II: Doença falciforme - Fase III: Fibrose cística - Fase IV: Hiperplasia adrenal congênita e Deficiência de Biotinidase * Fenilcetonúria (PKU)- erro inato do metabolismo - 1/13.899 nascidos vivos no Brasil (2010) - A fenilalanina (FAL) é convertida em tirosina pela FAL-hidroxilase - Na PKU, existe deficiência/ausência dessa enzima, portanto ocorre acúmulo de FAL → eleva quantidade de ácido fenilpirúvico → No SNC, afeta síntese de neurotransmissores e mielina → Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 32 principalmente retardo mental - Doença autossômica recessiva: se um dos pais for fenilcetonúrico e o outro portador (não tem a doença, mas carrega um gene alterado) → em cada gestação, o bebê tem 50% de chance de nascer fenilcetonúrico (tem os dois genes alterados) e 50% de nascer portador (um gene alterado) - se um dos pais tiver a doença e o outro não ter os genes, não existe como ter a doença 1. Tipos Bioquímicos - Fenilcetonúria clássica: quando a atividade da enzima fenilalanina-hidroxilase é praticamente inexistente (atividade inferior a 1%) e, consequentemente, os níveis plasmáticos encontrados de fenilalanina são superiores a 20mg/dl; - Fenilcetonúria leve: quando a atividade da enzima fenilalanina-hidroxilase é de 1 a 3% e os níveis plasmáticos de fenilalanina encontram-se entre 10 e 20mg/dl; tem alguma atividade da enzima, costumam ter resposta boa e rápida com dieta e pequenas quantidades ingeridas de FAL não determinam consequências graves; - Hiperfenilalaninemia transitória ou permanente: quando a atividade enzimática é superior a 3% e os níveis de fenilalanina encontram-se entre 4 e 10mg/dl. Esta situação é considerada benigna, não ocasionando qualquer sintomatologia clínica; mas o problema maior é para fetos femininos; - normalmente identifica no seguimento da criança a) Forma Clássica - Se criança não diagnosticada ou tratada até os 3 meses de vida - é a mais comum e mais preocupante, pois determina sinais mais precoces e mais graves -Precisa suspender o aleitamento materno, substituir por fórmula sem fenilalanina - Atraso global do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) - Deficiência mental - Comportamento agitado ou padrão autista de comportamento - Convulsões - Alterações eletroencefalográficas - Odor característico na urina. b) Meninas com Hiperfenilalaninemia Permanente - Estudos mostram que, numa eventual gravidez, as quantidades aumentadas da fenilalanina materna podem levar a um aumento de 21% na incidência de deficiência mental, 24% de microcefalia e 13% de baixo peso ao nascimento. - Essas meninas, quando na idade fértil, deverão ser submetidas à dieta fornecida aos pacientes fenilcetonúricos para que sejam mantidos níveis menores ou iguais a 4 mg/dL ainda antes da concepção, e que deverão perdurar por toda a gestação. 2. O que Fazer em Teste Alterado? - Solicitar dosagem sérica de fenilalanina (para confirmação) - Encaminhamento para consulta com geneticista (chegando o resultado da dosagem sérica): fazer mapeamento genético para ver se os pais são portadores, explicar o risco de uma próxima gestação; - Acompanhamento de puericultura para orientação dietética - Suspender aleitamento? Fórmula especial? Nesse meio termo que não chega o exame confirmatório, o aleitamento materno pode ser mantido, desde que se dose frequentemente a FAL, mas tem estudos que recomendam suspender, porém não é contraindicação absoluta; a fórmula especial é fornecida pelo governo, pois é bastante cara; - Suplementação de proteína sem FAL a) Orientação Dietética – Alimentos que Contém Fenilalanina e Não Podem ser Ingeridos - Alimentos de origem animal: carnes, peixes, frutos do mar, leites e derivados, ovos, e derivados de carnes, como salsicha, linguiça, bacon, presunto. - Alimentos de origem vegetal: trigo, grão de bico, feijão, ervilha, lentilha, soja e produtos com soja, castanhas, nozes, amendoins, avelã, amêndoas, pistache, pinhão; - Adoçantes com aspartame ou alimentos que contenham esse adoçante; - Produtos que tenham como ingrediente os alimentos proibidos, como bolos, bolachas e pão. * Hipotireoidismo Congênito - Incidência:1/3.243 nascidos vivos - Na maioria dos casos, a tireoide é reduzida, localizada em outra região ou inexistente, produzindo menos ou não produzindo os hormônios. Como consequência, pode-se ter atraso no crescimento, língua grande, palidez, Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 33 sonolência e, principalmente, retardo mental. - os hormônios da tireoide na criança são muito importantes no desenvolvimento, principalmente cerebral; - As crianças não submetidas a Programas de Triagem Neonatal e, consequentemente, não tratadas precocemente, terão o crescimento e desenvolvimento mental seriamente comprometidos. - É importante ressaltar que a triagem neonatal pode deixar de diagnosticar alguns casos mais raros de hipotireoidismo congênito (em torno de 2 a 3 por 100.000) → 95% serão detectados, mas alguns podem não ser; - a dosagem deve ser feita no 3º-5º dia pois o TSH pode estar alterado/elevado (falso positivo) nos primeiros dias 1. Classificação - Primária: quando a falha ocorre na glândula tireoide (85%); - Secundária: quando ocorre deficiência do hormônio estimulador da tireoide (TSH) hipofisário; - Terciária: quando ocorre deficiência do hormônio liberador da tireotrofina (TRH) hipotalâmico; - Resistência periférica à ação dos hormônios tireóideos (bastante raro) - Tratamento: administrar hormônio tireoideano 2. O que Fazer se Teste Alterado? - Resultado positivo (TSH elevado) → Solicitar dosagem sérica de T4 e TSH → Na sequência, solicitar US ou Cintilografia de tireoide (pois a maioria dos casos terão origem na tireoide) - Se o acesso a exames confirmatórios/especialista demorar: tratar até 2 anos e então suspender para confirmar (mas aqui na região não se tem dificuldade no acesso aos exames) * Doença Falciforme e Hemoglobinopatias - Incidência: 1/16.219 nascidos vivos de doença falciforme e 1/59 nascidos vivos de hemoglobinopatiais (detecta portadores e doentes), respectivamente - A Doença Falciforme é uma afecção genética com padrão de herança autossômico recessivo, causada por um defeito na estrutura da cadeia beta da hemoglobina, que leva as hemácias a assumirem forma de lua minguante, quando expostas a determinadas condições, como febre alta, baixa tensão de oxigênio, infecções etc. - Quando pai e mãe são portadores do traço falciforme, em cada gravidez: a chance de nascer um filho com a doença é de 25%; um filho portador do traço, semelhante aos pais, é de 50%; e um filho sem a doença é de 25%. - o teste faz uma eletroforese de proteínas; - anemia falciforme faz sintomas de obstrução de vasos e de alteraçõesda oxigenação; - hemoglobina fetal dura até 6 meses e depois tem só hemoglobina adulta 1. Como Interpretar no Teste do Pezinho a) Situação Normal - HbF e HbA (hemoglobinas) - Até 6 meses terá somente HbA → o teste normal vem escrito “FA” - Se presença de outra Hemoglobina (outra letra que não o “FA”) = hemoglobinopatia - Padrão adulto – Hb AA - Atenção - transfusão neonatal b) Situações de Hemoglobinopatias - Heterozigotos: FAS, FAC, FAD, FABart, Favar- portadores - Heterozigotos Adultos- AS, AC, AD, ABart, Avar - Homozigotos: FS, FC, FD, FBart, Fvar (Estes serão os doentes) - Homozigotos Adultos: SS, CC, DD, ABart, var (Estes serão os doentes) 2. Como Encaminhar? - Solicitar eletroforese de hemoglobina (diz o percentual de hemoglobinas que tem) dos pais: mas cuidado, isso pode gerar problemas conjugais - Encaminhar ao hematologista se hemoglobinopatia no diagnóstico (o traço talassêmico não tem necessidade de encaminhamento) - A eletroforese de hemoglobina pode ser solicitada a partir dos 6 meses para o bebê, pois até 6 meses tem muita hemoglobina fetal Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 34 * Fibrose Cística - 1/3.715 nascidos vivos - Doença genética que ocorre em indivíduos que são homozigotos ou duplo heterozigotos para mutações no gene que codifica a proteína responsável pelo transporte de cloro através dos epitélios celulares. - determina muco mais espesso e quantidade aumentada de cloro nesse muco → determinam mais alterações pulmonares e gastrointestinais - Sintomas: pólipos nasais (pequenos nódulos carnosos no nariz), transpiração de sabor muito salgado, sibilos, tosse e muco nos pulmões, pneumonias de repetição, ganho de peso lento (embora bom apetite), defecação anormal (diarreia crônica, fezes volumosas, frequentes, gordurosas e mal cheirosas), prolapso retal, baqueteamento digital (mãos e pés- relacionada aos problemas nos brônquios) → sintomas não são exclusivos da FC e alguns portadores podem não ter todos os sintomas - Dosagem da IRT > 4 a 5 vezes até 3 semanas (tripsina imunorreativa – enzima que faz parte da formação e metabolismo do muco)- se ela estiver elevada, fazemos a suspeita de fibrose cística- fazer um novo teste para confirmar, pois ela pode normalizar - Teste do suor: avalia os eletrólitos do suor- para ter certeza que tem fibrose cística - Análise molecular do DNA - para alterações pancreáticas, a criança recebe as enzimas pancreáticas, mas para as alterações pulmonares o tratamento é mais de suporte 1. Como Encaminhar? - Solicitar teste do suor, caso o 2 teste do pezinho esteja alterado, ou no terceiro não se normalizou - Encaminhar para acompanhamento multidisciplinar (gastro, pneumo, fisioterapia) * Hiperplasia Adrenal Congênita - 1/7.517 nascidos vivos - Hiperplasia adrenal congênita (HAC) é o termo utilizado para caracterizar um conjunto de doenças, de herança autossômica recessiva, potencialmente letais, resultantes da deficiência de uma das enzimas responsáveis pela síntese de cortisol nas glândulas adrenais - o maior risco para criança é a não produção de cortisol e aldosterona - Diversos distúrbios são conhecidos, sendo mais comum (90%) a deficiência da enzima 21- hidroxilase → não há conversão dos derivados do colesterol em aldosterona e cortisol, ocorrendo aumento de 17-OH progesterona, androstenediona e acúmulo de testosterona; ocorre desvio da produção androgênica - pode ocorrer virilização em meninas (percebe- se mais) e aumento de pênis e pilificação em meninos, pode ter também uma síndrome perdedora de sal na urina e baixa produção de cortisol 1. Formas de Apresentação - Forma clássica perdedora de sal: Nos recém- nascidos do sexo feminino, há virilização da genitália externa (aumento de clitóris, fusão labial Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 35 em graus variáveis e formação de seio urogenital), decorrente do excesso de andrógenos durante a vida intrauterina. No sexo masculino ocorre a diferenciação normal da genitália externa na vida intrauterina, embora também sejam descritos casos com macrogenitossomia ao nascimento. A deficiência mineralocorticoide se manifesta precocemente (em geral a partir da 2ª semana), com crise adrenal: depleção de volume, desidratação, hipotensão, hiponatremia e hiperpotassemia e, se não tratada, pode evoluir para óbito. - Forma clássica não perdedora de sal: somente sinais virilizantes - Forma não-clássica: 15 vezes mais frequente que a clássica 2. Causas para Resultados Errados - Falso positivos: metodologia utilizada (reação cruzada com outros esteroides) e recém nascidos prematuros, baixo peso, desidratados, ictéricos, submetidos a estresse neonatal - Falso negativos: coleta do exame do teste do pezinho antes do 2° dia de vida e recém nascidos tratados com corticoesteroides ou cuja mãe foi tratada com corticoesteroides durante a gestação ou submetidos à transfusão sanguínea; 3. Orientações do MS com Relação aos Valores da 17-OH-Progesterona no Teste do Pezinho 4. Como Encaminhar? - Se suspeita pelo teste do pezinho: se faz confirmação com dosagem sérica de 17OHP, cortisol, androstenediona, testosterona, sódio, potássio - Encaminhamento para endocrinologista pediátrico - Tratamento: reposição de glicocorticoide e mineralocorticoide vitalício * Deficiência de Biotinidase - 1/7936 nascidos vivos - Deficiência (parcial ou total) da enzima que libera a biotina dos alimentos e de proteínas orgânicas (ou vitamina B7) - Sintomas: convulsões, hipotonia, ataxia, problemas respiratórios, atrofia óptica, retardo mental, perda auditiva sensorial, alopecia e erupção cutânea. - o teste do pezinho informa a atividade da biotina - Teste do pezinho positivo → Encaminhar para especialista e Iniciar tratamento com Biotina → Solicitar exame quantitativo confirmatório para avaliar atividade → se atividade > 30% é normal, se < 30% se faz reposição de biotina vitalícia- faz reposição de vitamina B7 1. Problemas com Resultado - Falso positivo: Prematuridade (bebê prematuro normalmente faz 2 testes do pezinho), Doença hepática, Icterícia, Fatores ambientais e técnicos (cuidados com a coleta, conservação da amostra, tempo de processamento e transporte, etc.). - Falso negativo: Uso de sulfonamidas, Transfusão de hemoderivados (crianças com transfusão devem fazer o teste do pezinho novamente). * Outros Testes do Pezinho - os pais podem escolher fazer esse teste - Teste do Pezinho Plus: Fenilcetonúria e outras Aminoacidopatias, Hipotireoidismo Congênito, Anemia Falciforme e outras hemoglobinopatias, Hiperplasia Adrenal Congênita, Fibrose Cística, Galactosemia, Deficiência de Biotinidase, Toxoplasmose Congênita - Teste do Pezinho Master: Fenilcetonúria e outras Aminoacidopatias, Hipotireoidismo Congênito, Anemia Falciforme e outras hemoglobinopatias, Hiperplasia Adrenal Congênita, Fibrose Cística, Galactosemia, Deficiência de Biotinidase, Toxoplasmose Congênita, Deficiência de G-6-P-D, Sífilis Congênita, Citomegalovirose Congênita, Doença de Chagas Congênita, Rubéola Congênita → Teste da Bochechinha - Teste genético que detecta 310 doenças genéticas- encaminhado pra análise do DNA - Custa em torno de R$1200,00 - não substitui o teste do pezinho, mas pode ser complementar Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 36 08 Alimentação infantil até 2 anos → Comer x Alimentar x Nutrir - Prover(-se) de alimento ou de substâncias necessárias ao desenvolvimento; alimentar(-se) - comer: pode-se comer qualquer coisa, fontes adequadas de nutrientesou “besteiras” que não irão nutrir a pessoa; - nutrir: significa prover nutrientes necessários para o desenvolvimento do corpo - educação para nutrição adequada * 1000 Primeiros Dias - compreendem os dias desde a gestação até a criança completar 2 anos de vida - período importante para desenvolvimento do metabolismo da criança, podendo ter impactos a longo prazo, inclusive na vida adulta - bebês prematuros ou que tiveram baixo peso ou restrições de nutrição podem ser adultos com alterações metabólicas, obesidade, sobrepeso, hipercolesteronemia, pois a pessoa vai se tornar um “poupador” por vir de um meio de restrição → para evitar isso, é importante fazer um pré natal adequado, evitar infecções da gestante, aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e depois complementado com alimentos adequados, fazendo a manutenção disso até a criança completar 2 anos; → Como Alimentar uma Criança? - Leite Materno exclusivo até 6 meses ou fórmula infantil (na impossibilidade de amamentação) - Introdução de alimentação complementar aos 6 meses com 3 refeições pastosas - Introdução da janta no sétimo mês (uma 4 refeição além do leite materno) → Por Que Iniciar aos 6 Meses? - A introdução de alimentação complementar não deve ser posterior aos 7 meses de vida - A introdução tardia de sólidos está associada a maiores taxas de obesidade e sobrepeso, além de maior seletividade alimentar, assim como a introdução muito precoce - as vezes, ocorre um adiantamento dessa fase, ex: quando mãe vai começar a trabalhar, mas é por volta de 5 meses e meio, antes disso não se recomenda, pois a criança não tem maturidade neurológica para mastigação e deglutição; - antes dos 5 meses, não iniciar introdução alimentar! → Cuidados Especiais - Leite de vaca integral: não utilizar até 1 ano → tem muitos componentes que são desnecessários para o bebê, além de aumentar a chance de desenvolvimento de APVL e anemia ferropriva (chance de microssangramentos intestinais) - Mel: não utilizar até 1 ano - Alimentos potencialmente alergênicos: introduzir progressivamente, um de cada vez, e antes de completar 1 ano - Não utilizar sal no primeiro ano - Não utilizar açúcar nos primeiros 2 anos (bolachinha, danoninho, etc) - Não utilizar alimentos processados e ultraprocessados nos primeiros 2 anos * Leite no Primeiro Ano - Nesta fase da vida da criança, o leite (materno, de vaca ou fórmula infantil) chega a representar de 35% a 100% da ingestão total de alimentos, dependendo da idade do bebê. - Assim, a escolha por um leite adequado é fundamental (o melhor é leite materno, se não for possível, usar fórmula, se não for possível MESMO, orientar uma diluição correta do leite de vaca – fazer redução de danos) . até 3 meses: leite de vaca diluído 1:1, acrescentando farináceos (1 colher pequena), e 1 colher de óleo vegetal; . a partir de 3 meses: 70% LV, 30% água, mesma concentração de farinha e óleo; . após 6 meses, não é mais necessária diluição * Leite de Vaca - Alto teor de proteína – predispõe à alergia e obesidade - Baixa biodisponibilidade de ferro para humanos – predispõe à anemia tardia - Risco de perda de sangue oculto nas fezes – anemia precoce - Risco de contaminação - pela manipulação/preparo - o leite de vaca integral é introduzido a partir de 1 ano de idade - leites desnatados ou semidesnatados devem ser introduzidos só após 2 anos, pois a gordura do leite é importante nessa fase da vida; * Mel - Risco de contaminação pelo Clostridium botulinum - Pesquisa realizada pela Unesp, entre janeiro de Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 37 2002 e julho de 2003, em seis estados brasileiros, mostrou a presença da bactéria em 7% das 100 amostras de mel comercializadas por ambulantes, mercados e feiras livres. - botulismo é mais incidente em Imunodeprimidos → a criança até os 4 anos tem sistema imune em formação, e no 1° ano isso é ainda mais acentuado; - Recomendação de não usar mel até 1 anos é tanto dos pediatras quanto da ANVISA - Além do risco, é desaconselhado por adoçar os alimentos desnecessariamente - Risco em menores de 1 ano e adultos com flora intestinal alterada * Alimentos Potencialmente Alergênicos - A introdução de alimentos alergênicos (ovo, peixe, amendoim) deve ser realizada entre os 6 e 11 meses de vida, independente do histórico familiar de alergia alimentar. Tal conduta diminui o risco de alergia a estes alimentos; - se introduzir tardiamente, perde-se essa janela imunológica dessa fase da vida; - não tem relação alguma com histórico de alergia na família para o bebê; - mas isso não funciona para leite de vaca, pela questão da alergia e questões nutricionais (excesso proteico, aumentar obesidade, dano renal, aumento de anemia); - cuidados: dar esse alimento sozinho, nunca dar vários alimentos alergênicos juntos, sempre um de cada vez; * Glúten - O glúten deve ser introduzido entre os 6 e 11 meses de vida, independentemente do histórico familiar, mas não em grandes quantidades. - A introdução concomitante ao aleitamento materno não mostrou efeito protetor quando comparada com a introdução precoce isolada - doença celíaca tem predisposição genética; * Sal - A recomendação de sódio entre 6 meses e 1 ano é baixa (não existe uma quantidade adequada), o sódio naturalmente presente nos alimentos e no leite é suficiente para atingir as recomendações - a introdução antes de 1 anos pode sobrecarregar os rins do bebê - A introdução precoce de sódio (antes de 1 ano) predispõe o bebê a um maior risco de desenvolver pressão alta na vida adulta - Incluir o sal antes de 1 ano aumenta a preferência da criança por alimentos mais salgados - a partir de 1 ano, começar a introduzir bem aos poucos; pode-se usar a vontade outros temperos naturais, salsicha, cebolinha, manjericão, gotinha de limão, etc - Desde 2013, a OMS orienta consumo máximo de 2g de sódio (5g sal) dos 2-18 anos - 2019: saiu um guia alimentar do Ministério da Saúde que orienta a partir dos 9 meses a introdução de leite de vaca e sal na alimentação → a intenção não é estimular o consumo, mas em situações de risco, famílias que não tem condições, pode-se introduzir essa alimentação; * Açúcar - Desnecessário em qualquer etapa da vida - Problema: estimula paladar para doces - Sucos: não se recomenda dar antes de 1 ano, pois tem altas concentrações de frutose (mesmo sendo açúcar natural, aumenta a seletividade do paladar e pode aumentar chance de obesidade); pode até dar, mas em pequenos volumes (suco de 1 laranja ou ½ laranja) e junto com outras refeições; * Alimentos Processados e Ultraprocessados - Alimentos In Natura: retirados diretamente de plantas e animais, sem alteração (ex: abacaxi) - Alimentos minimamente processados: passaram por processos (limpeza, moagem, congelamento) que não envolvem adição de sal, açúcar, óleo ou outras substancias ao alimento natural (ex: leite embalagem tetrapack) - Processados: fabricados pela indústria, com adição de sal ou açúcar para aumentar a durabilidade (conservas em geral, queijos) - Ultraprocessados: formulações industriais que, além de açúcar, sal e óleo, possuem uma lista grande de ingredientes, como gorduras modificadas, amidos, proteína de soja, aditivos (suco em pó, danone, iogurte) - orientação: tudo que tem mais de 3 ingredientes deve ter algum grau de processamento, então é mais interessante fazer as coisas em casa; - as papinhas de mercado: normalmente elas são processadas (abriu, sobrou, descarta) → deve ser uma exceção, quando tem que sair e não tem como levar outra coisa, mas não deve se tornar uma rotina; Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 38 → AlimentaçãoConvencional - durante o dia da criança: de 3 a 5 porções de vegetais, 3 a 5 porções de frutas, 1 porção de alimento “papa mista” no almoço (na papa conta a carne, leguminosa, cereais, hortaliças); - de preferência, separar os alimentos da papa, pro bebê aprender o gosto de cada coisa; OBS: a partir dos 6 meses, inicia-se a oferta hídrica para a criança, oferecer várias vezes ao dia, mas não tem uma quantidade exata; → Alimentação Vegetariana - cuidado: substituir proteína animal por vegetal e potencializar a absorção de ferro e proteínas (ex: feijão deixar de remolho) - prato deve ser mais rico em frutas e verduras - muito cuidado com deficiência de B12: se a mãe for vegetariana a mais de 1 ano, e estiver em aleitamento materno, deve ser feita a reposição de B12 (pois o estoque de B12 dura aproximadamente esse tempo se parar de consumir) → O que Deve Compor uma Refeição? - Arroz ou tubérculos: arroz branco ou integral, macarrão, mandioca, batata, batata doce, inhame, milho - Hortaliças verdes: chuchu, abobrinha, brócolis, vagem, quiabo, maxixe, jiló, couve, espinafre, repolho verde - Hortaliças coloridas: cenoura, abóbora, beterraba, couve-flor, repolho roxo, berinjela - Leguminosas: feijão preto/carioca/branco, lentilha, ervilha, grão de bico - Proteína: frango, carne, peixe, fígado, ovo → Fatores para o Sucesso da Introdução Alimentar - Introduzir uma variedade de frutas e vegetais - Oferecer repetidamente o mesmo vegetal ou fruta: pelo menos 8x - Utilizar vegetais e frutas diferentes diariamente - Oferecer ao menos 8 vezes o alimento → Composto Lácteo - Composto lácteo, não pode ser chamado de leite porque tem outros ingredientes em sua composição, é feito a partir do leite, leite reconstituído (entende-se por leite reconstituído o produto resultante da dissolução em água do leite em pó, adicionado ou não, de gordura láctea, até atingir o teor gorduroso fixado para o respectivo tipo, seguido de homogeneização e pasteurização), e/ou derivados de leite, com ou sem outros ingredientes. A base láctea tem que ser de no mínimo, 51% do total do produto. - a transição da fórmula infantil não é passar para composto lácteo, e sim o próprio leite de vaca - Não é adequado para crianças → A Partir de 1 Ano - Se não estiver em aleitamento Materno, utilizar leite de vaca integral. - até quando tomar leite? Considera-se criança lactente até 2 anos, então teoricamente após isso, dever-se-ia tomar o mínimo de leite e aceitando a alimentação complementa Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 39 09 Suplementação vitamínica e mineral → Nutrição Adequada - Macronutrientes: São os componentes da alimentação fundamentais para os organismos (Proteína, Gordura e Carboidrato) - Micronutriente: São nutrientes necessários para a manutenção do organismo, embora sejam requeridos em pequenas quantidades, de miligramas a microgramas (minerais, vitaminas, oligoelementos) → Fome Oculta - Mais de 2 bilhões de pessoas no mundo sofrem de fome oculta, ou deficiência de micronutrientes. - Mais de 1 milhão de crianças com menos de 5 anos morrem todos os dias por deficiência de vitamina A e zinco. - Deficiência de micronutrientes são frequentemente causadas por não comer uma dieta diversa incluindo alimentos de origem animal, como peixe e carne, e podem causar: comprometimento do desenvolvimento cerebral em crianças, aumentar o risco de doenças (como diarreia, malária e sarampo), nanismo em crianças; - Iodo, Vitamina A, Ferro, Ácido fólico, Zinco - Outros: vitaminas B, D e C, cálcio, magnésio, fósforo, cobre e selênio → Vitaminas * Funções - Hormonal – vitamina D (modulação do cálcio) - Antioxidante – vitaminas C e E - Mediadores de sinalização celular, crescimento e diferenciação – vitaminas A e D (ossos, tecido conjuntivo, córnea) - Coenzimas – Vitaminas do complexo B e vitamina K (coagulação sanguínea) * Classificação - Lipossolúveis – A D E K (pode se acumular no organismo, excesso pode causar toxicidade) - Hidrossolúveis – B C (eliminadas pela urina) * Circunstâncias associadas a risco para Deficiência Vitamínica - prematuros recebem suplementação vitamínica - drogas: anti-convulsivantes - má absorção de gordura: fibrose cística - aleitamento as vezes não tem todas as vitaminas, mãe tem que comer adequadamente ou crianças tem que ser suplementadas - Folato: reduz defeito de fechamento de tubo neural Circunstância Possível deficiência Prematuridade Todas as vitaminas Desnutrição B1, B2 e folatos Nutrição parenteral total Todas as vitaminas Interação com drogas Folato, B12, D e B6 Má-absorção de gorduras Vitaminas lipossolúveis Aleitamento B1, folato, B12, D e K Periconcepção Folato Cirurgia bariátrica Vitamina B Pontos principais destacados: https://www.dropbox.com/s/3ow63ir61lu350h/P edi-Suplementao_de_micronutrientes.pdf?dl=0 https://www.dropbox.com/s/3ow63ir61lu350h/Pedi-Suplementao_de_micronutrientes.pdf?dl=0 https://www.dropbox.com/s/3ow63ir61lu350h/Pedi-Suplementao_de_micronutrientes.pdf?dl=0 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 40 Vitamina A - Retinol – ácido retinóico (forma ativa) - Beta-caroteno pode ser convertido em ácido retinoico - Origem animal: fígado de peixe, rins e fígado, ovos, manteiga, leite e queijo e leite materno - Origem vegetal: batata doce, cenoura, espinafre, abóbora, azeite de dendê, couve - Prevalência de deficiência de vitamina A no Brasil: sudeste (22,1%), nordeste (19,3%), centro- oeste (12,1%), sul (10,1%), norte (9,8%) * Função da Vitamina A - Visão - Hematopoese, desenvolvimento embrionário, diferenciação celular, integridade epitelial, Sistema imune, transcrição gênica e função reprodutiva - Melhora absorção de ferro pela mucosa intestinal * Carência de Vitamina A - Período perinatal (final da gestação): prematuridade, RCIU (retardo de crescimento intrauterino) e infecções neonatais. - O excesso pode causar alterações ósseas, alopecia, hepatomegalia, aumento da pressão liquórica e efeito teratogênico em fetos - Predisposição a infecções, compromete resposta imunológica a vacinação (reduz Ac IgA e IgG) → tríplice viral e vacinas orais - vitamina A fica acumulada no fígado - atua nas células dos órgãos da visão e na formação de vasos da retina * Fatores Associados à Deficiência de Vitamina A - Baixa ingesta de vitamina A ou gorduras (acrescentar alimentos verdes e alaranjados e carne vermelha na alimentação da criança) - Má-absorção intestinal - Parasitoses - Doenças inflamatórias intestinais - Hepatopatias - Pancreatopatias - Infecções - Desnutrição, deficiência de zinco e vitamina E - Infância, gestação e lactação * Manifestações Clínicas - Alterações da visão: xeroftalmia (cegueira noturna, xerose conjuntival, mancha de Bitot e xerose corneal são reversíveis, a partir desse estágio X2, onde começam as úlceras de córnea, não é mais reversível) - Anemia: por diminuir absorção de ferro intestinal - Predisposição a infecções - Inapetência - Alteração do paladar - Alteração do crescimento - Deformidades ósseas - Xerodermia - Hiperqueratose folicular: não é patognomônico, mas acontece * Diagnóstico - Fatores predisponentes - Sinais clínicos: inapetência, problemas ósseos, xerose, problemas oculares - Dosagem de retinol sérico (10 a 20mcg/dl → deficiência leve a moderada; abaixo de 10mcg/dl → deficiência grave) - Excesso: sintomas como náuseas, vômitos, anorexia, cefaleia, borramento da visão, perda de cabelos, fraqueza muscular, anemia, emagrecimento, alterações ósseas * Tratamento da Deficiência de Vitamina A - NaDEP dose em dia 1, repetir nos dias 2 e 14. - Preparação comercial: Arovit gotas – cada 30 gotas tem 150.000 UI de vitamina A Lactentes e DEP grave Dose em UI 0 a 5 meses 50.000 6 a 11 meses 100.000 Acima de 12 meses 200.000 Xeroftalmia, cegueira noturna e/ou manchas de Bitot 10.000 /dia ou 25.000/semana por pelo menos 3 meses Lesões de córnea ativas 200.000 nos dias 1,2 e 14 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 41 Vitamina D - Hormônio esteroide - Síntese de antibióticos naturais pelas células - Modulação de autoimunidade e síntese de interleucinas - Controle da pressão arterial - Regulação de processos de multiplicação e diferenciação celular - Regulador da fisiologia osteomineral: Aumenta absorção intestinal de cálcio e fósforo e renal de cálcio * Fontes de Vitamina D - VitaminaD3 (colecalciferol, de origem animal, presente nos peixes gordurosos de água fria e profunda, como atum e salmão) - Vitamina D2 (ergosterol, de origem vegetal, presente nos fungos comestíveis). 1. Exemplos de Fontes Alimentares (1µg = 40UI) - 1 colher de chá de óleo de fígado de bacalhau: 400-1000UI - 100g de sardinha enlatada: 300UI - 90g de atum: 230UI - 100g de salmão selvagem: 600-1000UI - 100g de fígado de boi: 50UI - Gema de ovo: 25UI - 1 litro de leite materno: 20-40UI - 1 litro de leite de vaca: 40UI * Causas de Deficiência de Vitamina D - Ingestão usual abaixo dos níveis recomendados; vegetarianismo puro (se alimentação não equilibrada) - Exposição solar limitada - Doença inflamatória intestinal - Medicamentos: fenobarbital, hidantoína, carbamazepina, valproato, rifampicina, isoniazida e corticosteroides - Baixo peso e obesidade - APLV e intolerância a lactose - Doença celíaca - Fibrose cística * Manifestações Clínicas - Déficit de crescimento - Atraso no DNPM - Palidez, irritabilidade - Sudorese, hipotonia muscular - Distensão abdominal, esplenomegalia - Estridor laríngeo (laringotraqueomalácia) - Sinais ósseos – mais importantes e específicos (problema: nem sempre são precoces, então atentar para fatores de risco e sinais clínicos precoces) * Manifestações Clínicas do Raquitismo - fechamento atrasado das fontanelas - bossagem frontal - hipoplasia dentária - pectus carinatum - edema de articulações do punho e tornozelo: sinal precoce, importante - curvatura das pernas: valgo Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 42 - sulco de Harrison - rosáceo raquítico: aparecimento das junções osteocondrais das costelas - craniotabes: amolecimento dos ossos do crânio pressiona o dedo e o crânio afunda) - suturas largas (crânio) * Diagnóstico - Dosagem vitamina D: somente em grupos de risco - criança prematura, obesa, nefropata 1. Nível Sérico - suficiência: níveis séricos > 20 - insuficiência: níveis séricos entre 12 e 20 - deficiência: níveis séricos < 12 - abaixo de 20-15 → fazer suplementação - hipervitaminose D: níveis séricos > 100 (preocupa-se com a nefrocalcinose) * Tratamento - pode-se usar só a vitamina D ou associada com cálcio Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 43 - A suplementação de cálcio pode ser necessária quando com sinais de raquitismo - 12 semanas de tratamento → nova dosagem de vitamina D - existe necessidade de suplementação de vitamina D até 1 ano 1. Consenso SBP sobre Suplementação de Vitamina D 2. Preparações Comerciais - Vitamina D gotas – 200UI/gota (AIDE, Devi...) a maioria tem essa concentração - Adtil gotas – 1ml (20 gotas) tem 50.000 UI vitamina A e 10.000 UI vitamina D . Dose profilática- 2 gotas ao dia (500UI Vit. D e 2500 UI Vit. A) Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 44 Vitamina C - Vitamina hidrossolúvel com propriedades redutoras (antioxidante) - Absorção do ferro - Síntese de colágeno - Metabolismo da tirosina e hormônios peptídeos (TSH, LH e FSH) - Função vascular – estabilidade (menos rompimentos, como petéqueas) - muito raro encontrar deficiência de vitamina C * Fatores Associados à Carência de Vitamina C - Baixa ingesta - Tabagismo - Gestação - Baixo nível socioeconômico - Desnutrição - Infância e envelhecimento * Deficiência de Vitamina C - Causa o Escorbuto - Hemorragias cutâneas, petéqueas (sem alteração plaquetária) - Hematomas e hemorragias gengivais - Dor à manipulação dos membros (hemorragias subperiostais) * Diagnóstico - Mais frequente entre 6 meses e 2 anos - Relacionados ao defeito da formação de colágeno - Equimoses, hematomas gengivais (erupção dentária), dor à manipulação de membros e pseudoparalisia - Testes sanguíneos e de urinários refletem ingesta recente - Ideal: estudo radiológico de ossos longos (mostra hemorragia periosteal) - em geral não se faz dosagem, pois pode ocorrer oxidação na coleta, se vai mais pela clínica, fatores de risco e pela não alteração de plaquetas * Tratamento - 300 a 500mg de vitamina c/dia, em 2 a 3 doses diárias por 3 a 4 semanas - Preparação comercial: Cewin gotas – 200mg/ml (1ml=20 gotas) – 10mg/gota Zinco - ostras; carne bovina, principalmente as vísceras, como fígado e rins; frutos do mar; oleaginosas; cereais integrais; leguminosas e leite * Funções do Zinco - Síntese proteica, replicação e divisão celular - Funcionamento de linfócitos e fibroblastos - Metabolismo da somatomedina, hormônios timo, suprarrenal e testículos - Manutenção da estrutura e função da mucosa intestinal - Defesa imunológica, cicatrização * Fatores de Risco para Deficiência de Zinco - Deficiência hereditária – acrodermatite enteropática (Há distúrbio de absorção de zinco) - Deficiência adquirida – níveis baixos de zinco ao nascimento, perdas por diarreia, fases aceleradas de crescimento, dietas vegetarianas * Deficiência de Zinco - Desnutrição - Alteração do crescimento - Alterações do apetite e paladar (diminui paladar para salgado) - Alterações do Sistema imune - Atraso no desenvolvimento pubertário - alterações nas unhas, lesões periorais e perineais * Diagnóstico e Tratamento - Diagnóstico: é clínico e por fatores de risco associados, laboratorial? (dosagem de zinco eritrocitário, mas é difícil) - Tratamento: Na diarreia aguda trata-se com 10 a 2mg/dia por 15 dias; na deficiência se trata com 1mg/kg/dia 5 a 10 dias . preparações comerciais: Biozinc ou Unizinco- 4mg/ml Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 45 Vitaminas do Complexo B - Deficiência associada a desnutrição e uso prolongado de dietas com muita restrição de produtos de origem animal - sintomas gerais da falta de vitaminas do complexo B: dor abdominal, diarreia, gases, perda de peso, sonolência, cansaço, dor de cabeça, alergias de pele * Fontes de Vitamina do Complexo B Vitamina Fonte alimentar B1 Tiamina levedura de cerveja em pó, sementes de girassol e castanha do pará B2 Riboflavina levedura de cerveja, no farelo de aveia, nas amêndoas e no queijo cottage B3 Niacina levedura de cerveja, no fígado, no amendoim e em peixes como a cavala B5 Ácido pantotênico fígado, sementes de girassol cogumelos, amendoim, queijo cottage e salmão B6 Piridoxina fígado, na banana, no salmão, na ameixa, no avelã e no abacate B7 Biotina carnes, ovos e leite B9 Ácido fólico levedura de cerveja, fígado, espinafre,lentilhas e feijão B12 Cianocobalamina fígado, no salmão e em frutos do mar, como ostras e caranguejos * Vitamina B1 – Tiamina – Beriberi - Sistema nervoso central - Sintomas de Beriberi: falta de apetite, fraqueza, cãibras, prisão de ventre, palpitações, problemas de memória - Síndrome de Wernicke-Kosakoff: forma aguda - Diagnóstico: atividade de transcetolase e nível sérico de de transcetolase (é a enzima carreadora, pois a dosagem de B1 não é fidedigna) - Tratamento: 5 a 20mg/dia até desaparecimento dos sintomas * Vitamina B2 – Riboflavina – Deficiência - Energia celular - Sintomas: cansaço, feridas na boca, visão cansada, anemia, diminuição do crescimento, inflamação na pele - Diagnóstico: dosagem de glutationa-redutase eritrocitária (proteína carreadora) - Tratamento: 2 a 6 mg/dia até desaparecimento dos sintomas * Vitamina B3 – Niacina – Pelagra - Sintomas: má digestão, aftas, cansaço, depressão, vômitos, pelagra (lesões crostrosas de pele, em regiões de dobra) - Diagnóstico: clínico - Tratamento: 12 a 20mg/dia até reversão dos sintomas (sintomas cutâneos demoram mais) * Vitamina B5 – Ácido Pantotênico - Deficiência - Energia celular, síntese de aminoácidos e ácidos graxos - Sintomas: dor no estômago, cansaço, cãibras, enfraquecimento do sistema imune, náuseas e vômitos, dormência nos pés - Diagnóstico: clínico - Tratamento: reposição de 1,7 a 3mg/dia até reversão dos sintomas * Vitamina B6 – Piridoxina – Deficiência - Sintomas: cansaço, feridas na boca, língua inchada (glossite), anemia, sistema imune fraco, confusão mental - Diagnóstico: clínico - Tratamento: 1 a 2 mg até reversão dos sintomas * Vitamina B12 – Deficiência - Sintomas: fraqueza, feridas na boca, perda de peso, anemia, formigamento em mãos e pés, confusão mental - Fatores de risco: dieta vegetariana, alcoolismo - Diagnóstico: dosagem sérica - Tratamento: 50 a 100mcg/dia na criança VO ou IM (obrigatório na anemia perniciosa e alcoolismo, pois absorção está comprometida) . Preparações comerciais: Injetável – Citoneurin 5000 (100mg B1, 100mg B6 e 5000mcg B12); Oral pediátrico – somente associado a outras vitaminas (manipular); Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 46 10 Curvas de crescimento (Desenvol Físico e Antrop) Os indicadores de crescimento: avaliam medidas (peso, altura IMC) considerando idade e sexo. Altura: • Comprimento -> deitada (tem correção de mais ou menos 1cm para mais) • Estatura-> criança em pé Peso para idade Peso para comprimento/altura IMC para idade → Crescimento - Aumento do tamanho corporal - Processo dinâmico e contínuo: por isso a consulta da criança é diferenciada, tem que acompanhar mais de perto - Considerado um dos melhores indicadores de saúde da criança - Estatura x nível socioeconômico → carga genética (+ altura), fatores ambientais e crescimento: foi percebido que crianças de lugares pobres cresciam menos que crianças de lugares mais desenvolvidos → Antropometria - Avaliação das dimensões físicas e composição global do corpo: peso, estatura, IMC, perímetro cefálico, etc - Método isolado mais utilizado para diagnóstico nutricional em nível populacional - o peso não tem muito a ver com genética, mas a altura sim * Valores Antropométricos - Grau de ajustamento entre potencial genético de crescimento e fatores ambientais - Padrão ideal: indivíduos com melhor oportunidade de desenvolver seu potencial de crescimento; as crianças escolhidas para definir o padrão ideal estavam recebendo aleitamento materno e não tinham doenças que os impedissem de crescer no seu potencial total; - Crescimento até 5 anos: em geral, crianças até 5 anos tem crescimento semelhante; fatores ambientais até os 5 anos tem muita influência no crescimento, não entra tanto a genética; - genética: fala-se mais em estatura, não peso * Desvantagem da Antropometria - Não identifica deficiências específicas Para as curvas necessita 2 medidas Peso/idade Peso/altura Curva de Gauss *Desvio padrão Ex.: +ou -2 *Fatia central Caso ocorra uma alteração pode ser necessário encaminhar a um especialista. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 47 nutricionais: como anemia ferropriva, deficiências vitamínicas, etc * Influência dos Fatores Ambientais - Quanto mais jovem a criança, mais dependente e vulnerável ao meio - os primeiros 1000 dias da criança (desde o período intrauterino até 2 anos) são os que se tem maiores alterações metabólicas e de crescimento e a avaliação precisa ser muito atenta para não ocorrer impactos a longo prazo no crescimento e desenvolvimento - alimentação inadequada e infecções de repetição: principais causas de inadequação às curvas * O que Medir na Consulta - Medidas fundamentais: peso e estatura - Medidas importantes: perímetro cefálico (até 2 anos), perímetro torácico, perímetro abdominal e perímetro braquial (esses 3 últimos não são muito usados na prática) - Desenvolvimento somático: fechamento de fontanelas, dentição, ossificação (idade óssea – raio x), desenvolvimento sexual (estirão puberal) * Parâmetros - IMC: pode ser medido em qualquer fase, mas é obrigatório a partir dos 5 anos; problema é que varia muito de criança para criança, mas é um importante marcador; Primeiro ano Segundo ano A partir dos 3 anos Peso 1x por mês 1x a cada 3 meses 1x a cada 6 meses Estatura 1x por mês 1x a cada 3 meses 1x a cada 6 meses Perímetro cefálico 1x por mês 1x a cada 3 meses IMC Obrigatoriamente a partir dos 5 anos → Como Medir? * Peso em Menores de 16kg - Balança pediátrica (eletrônica ou mecânica) - Pesar com o mínimo de roupa possível: principalmente em crianças menores (altera muito o peso) - colocar criança sentada ou deitada na balança * Estatura em Menores de 2 Anos - antropômetro: criança deitada - parte fixa na cabeça e parte móvel nos pés, joelhos bem esticados * Peso em Maiores de 16kg - balança é a mesma de adulto * Estatura em Maiores de 2 anos - antropômetro vertical, criança em pé - encostado na parede e sem sapatos, pés bem juntos * Perímetro Cefálico - avalia crescimento cerebral, relacionado ao desenvolvimento neuropsicomotor - medir com fita métrica não extensível, passando pela glabela e pela proeminência occipital - investigação de micro/macrocefalia, etc; Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 48 → Por que Medir? - Peso: indicador de estado nutricional (é o primeiro a se alterar quando há algo errado). Importância da curva ponderal. - Estatura: mais fiel para alterações, porém mais tardia (que o peso). . Até 2 anos: basicamente tem influência de fatores ambientais . 2 a 4 anos: influência do ambiente e hereditariedade . Mais de 4 anos: mais influência da hereditariedade (carga genética) - Perímetro cefálico: crescimento cerebral no primeiro ano → Valores normais? * Peso - Peso ao nascer: em torno de 3,3kg (em bebê termo) → Perda normal que deve ser recuperada até o 10 dia - é normal que a criança, após nascer, nos primeiros 10 dias, perca até 10% do seu peso, além disso deve- se investigar; Aumento Ponderal por Trimestre no 1 ano 1º trimestre 25 a 30g/dia 700g/mês 2º trimestre 20g/dia + 500g/mês 3º trimestre 15g/dia + 400g/mês 4º trimestre 10g/dia + 350g/mês * Estatura - até 2 anos: período de maior velocidade de crescimento - desse período até a puberdade, a criança tem uma queda na velocidade de crescimento - puberdade: segundo período de maior velocidade de crescimento → as meninas entram primeiro na puberdade do queos meninos, o pico é mais cedo, por isso meninas de 10-12 anos em geral são maiores Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 49 que os meninos da mesma idade; - por volta dos 19 anos, é esperado que o crescimento tenha estabilizado Aumento Estatural Nascimento 47 – 51 cm Até 2 anos 25cm/ano 2 anos até puberdade 4 a 6 cm/ano Puberdade 8 a 12 cm/ano * Perímetro Cefálico - abaixo de 32: microcefalia (desde que RN terno, se não for prematuro) Crescimento do Perímetro Cefálico Nascimento 32 a 36 cm 1º trimestre 2 cm/mês 2º trimestre 1 cm/mês 2º semestre 0,5 cm/mês Até adulto 20 cm → Curvas de Crescimento - Apresentadas em percentis (melhor para avaliar desnutrição, mais sensível para avaliações pequenas de peso) ou em escores Z (melhor para obesidade, excesso de peso, é mais utilizada para ser padrão): formas diferentes de cálculo, mas levam a resultados iguais - Medida isolada: classificação - Medidas sequenciais: acompanhamento - atualmente as curvas que se usam são as da OMS * Escore Z e Percentil - Escore Z: Números de desvios padrão que o dado está afastado de sua mediana de referência (melhor para obesidade) - Percentil: Distribuição em ordem crescente dos valores de um parâmetro observado para uma determinada idade e sexo (melhor para desnutrição) Correspondência entre Escore Z e Percentil Escore Z Percentil - 3 0,1 - 2 3 - 1 15 0 50 + 1 85 + 2 97 + 3 + 99,9 * Gráficos a Utilizar - Até 2 anos: peso para idade, comprimento para idade e perímetro cefálico - 2 a 10 anos: peso para idade, estatura para idade e IMC - A partir de 10 anos: estatura para idade e IMC (peso isoladamente nessa faixa etária não tem tanta importância em avaliação nutricional) - existe uma faixa de valores adequada, não um único valor → maioria entre -2 e +2 (IMC varia um pouco, é entre -2 e +1, pois as curvas da OMS se preocupam muito com obesidade infantil) Mediana Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 50 OBS: no IMC, * Tabela para classificar percentil e escore Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 51 Curvas Específicas - para crianças com Síndrome de Down, Turner, prematuros, paralisia cerebral → essas crianças crescem diferente - link SBP: https://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/endocrinologia/graficos-de-crescimento/ OMS https://www.who.int/tools/child-growth-standards/standards → Influência do Fator Genético - No crescimento linear: determinação da estatura-alvo através da estatura dos pais (para ter noção do crescimento da criança) OBS: cuidado, tem que sempre ter em mente que os pais podem ter tido problemas de crescimento quando crianças e não cresceram todo o potencial genético que tinham para crescer, então se a criança tiver crescimento acima disso, pode ser por esse fato; - mais ou menos 9 ou 10: altura menor ou maior; Estatura-Alvo Meninas Altura da mãe + (Altura do pai - 13) ± 9 2 Meninos Altura do pai + (Altura da mãe + 13) ± 10 2 * Exemplo - Pai 185cm, Mãe 165cm - Se menina: [165 + (185 - 13) ± 9] / 2 = 164 a 173 cm - Se menino: [185 + (165 + 13) ± 10] / 2= 176,5 a 186,5 cm - Colocando no gráfico: pega a faixa de valor que encontrei e coloca lá nos 19 anos a faixa de estatura alvo (que é quando se imagina que pare de crescer) e acompanha o crescimento por essa faixa - acima da faixa não é tão preocupante quanto abaixo; OBS: não existe alta estatura para idade, mas deve-se observar de perto crianças que estejam muito além do crescimento ideal, pode ser um Klinefelter ou tumores; https://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/endocrinologia/graficos-de-crescimento/ Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 52 → Classificação Nutricional OMS - ponto de corte de peso por estatura: escore -2 a +2 como peso adequado - ponto de corte de IMC por idade: escore de -2 a +1 como peso adequado (entre +1 e +2 já é sobrepeso) → Fontanelas - Fontanela anterior: fecha entre 9 e 12 meses, é a que é mais importante na palpação - Fontanela posterior: fecha aos 2 meses (mas pode não ser palpável ao nascimento) - avaliação do parâmetro de hidratação da criança - se fontanela fechar antes do tempo, pode ser uma cranioestenose - se fontanela ampla demais, pode ser hidrocefalia → Dentinhos - ideia de maturação de uma forma geral - Erupção dentária tem início por volta dos 6 meses: incisivos centrais inferiores e depois superiores. Depois laterais. - No fim do primeiro ano: 6 ou 8 dentes - No segundo ano: 4 pré-molares, 4 caninos e 4 segundos pré-molares - Total: 20 dentes de leite (completa aos 30 meses) → se não tiver aparecido, pode ser um problema de ossificação; - 6 a 7 anos: inicia-se a troca - 6 anos: primeiro permanente: molar dos 6 anos Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 53 Abaixo não deu nessa aula → Estadiamento de Tanner - avalia maturação sexual, desenvolvimento puberal - menina: aparecimento de broto mamário e pilificação como marca de puberdade; menina entra na puberdade em estádio mais precoce, na fase II, e durante os dois anos seguintes ocorre estirão puberal e após esses 2 anos ocorre a menarca, com desaceleração da velocidade de crescimento; - menino: pilificação e tamanho de gônada como marca de puberdade; o estirão no menino ocorre num estádio mais tardio, quando entra na puberdade, na fase IV; OBS: importante saber isso na hora de colocar na curva, pois as vezes é uma queixa da mãe os amigos serem altos e o filho não, as vezes eles só estão em estádios diferentes; Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 54 P2 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 55 11 Sono Normal e Higiene do Sono → Por Que Estudar Sono? - 25% das crianças entre 1 e 5 anos experimentam algum tipo de distúrbio do sono; - Os distúrbios do sono na infância tendem a persistir se não tratados: uma criança que não dorme bem vai ser um adulto que não dorme bem; - Crianças com distúrbios de sono associados a despertares no primeiro ano de vida (ex: insônia, apneia do sono) apresentam problemas de sono com mais frequência nos anos seguintes; - existem distúrbios do sono nos quais a criança não acorda, como a síndrome das pernas inquietas, sonambulismo; - bebês: tem um padrão especifico do sono; uma das principais queixas do consultório com relação ao sono é o bebe acordar várias vezes à noite (acorda e mama, insônia de associação); - adolescentes: tem um padrão de sono de atraso de fase: desvio do sono pra frente, tendem a dormir mais tarde e acordar mais tarde. - cama compartilhada: aumenta chance de morte súbita no bebê e atrapalha qualidade do sono, aumenta a fragmentação do sono; - idosos: tem redução do tempo total de sono, precisam dormir menos que as crianças, por questão do aprendizado; - animais: cada um tem um padrão de sono diferente; Golfinhos dormem metade do cérebro de cada vez (relaxamento parcial) → O que Acontece como Corpo enquanto Dormimos? - Diminuição da atividade física - Interação mínima com o ambiente (responde a som forte, por exemplo) - Relaxamento muscular (REM) - Atividade cerebral presente: a gente não “apaga”, o cérebro não desliga - Reversibilidade: sempre acordamos depois de dormir → Ciclos do Sono - Ao longo das 24 horas, dois ciclos fisiológicos se interpõem, formando condições para que passemos parte do dia alerta e parte dormindo. * Ciclo Circadiano - O Ciclo Circadiano é controlado, basicamente pela elevação do cortisol pela manhã e da melatonina a noite. - definido pela luz do dia e pelo escurecer da noite - cortisol deixa alerta e melatonina induz sono - melatonina é um hormônio, liberada com a escuridão e possui receptor em todo corpo, induzindo o corpo a se preparar pra dormir. 24,7h a cada dia dorme mais tarde, se não tiver estimulo ambiental no mesmo horario (ambiente e rotina). Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 56 * Ciclo Homeostático - pressão de sono: quando eu acordo, vou acumulando sono ao longo do dia e quando não aguento mais acordado, eu durmo e reduzo a vontade de dormir - adenosina: acumulo dá o cansaço. O café antagoniza adenosina. - Redução de luz+cansaço+ -Jatleg – bagunça, tem que dar o tempo de reorganizar. → Hormônios e Nucleosídeos no Sono * Cortisol - é o causador do estado de “alerta” - hormônio estimulador do despertar - ir no sol estimula o cortisol e portanto o alerta * Melatonina - hormônio do sono - liberada pela glândula pineal no estímulo da ausência de luz, pela escuridão - luz inibe através do trato retino hipotalâmico a liberação de melatonina - Funções da melatonina: hormonal, cronobiótica, hipnótica, antioxidante - A melatonina deve ser liberada num pico durante a noite e durante o dia deve estar baixa devido a luz 1. Excreção da Melatonina - Ao longo do primeiro ano de vida, os bebês apresentam uma "evolução" na produção/liberação da melatonina, fazendo com que seu sono se torne cada vez mais consolidado durante o período da noite. - RN: Quantidades mínimas de precursores da melatonina nas primeiras 6 semanas (bebê acorda a cada 3hrs, não tem um pico de melatonina) - 9 semanas: Aumento da excreção (2x), principalmente noturna - 12 semanas: Excreção 5-6x maior - 18 semanas: Excreção contínua das 20 às 10h - 24 semanas: Horário de pico de excreção próximo ao do adulto, mas excreção total de 25% dos níveis do adulto - por isso, crianças tem sono mais picado e acorda mais facilmente do que adultos; 2. Livre Curso (ritmo não 24h) - Numa situação de ausência de luz, perdemos as "pistas" externas para a liberação da melatonina. Você lembra dos mineiros chilenos que ficaram presos por várias semanas na mina? Pois bem, eles tiveram que passar por um tratamento para regular novamente o ritmo, pois na ausência de luz, o ritmo deixou de ser de 24 horas. - Na ausência desses marcadores, temos uma tendência a atrasar nosso relógio biológico, ou seja, dormimos cada dia mais tarde. O sol e a escuridão, são, portanto, essenciais para que a melatonina seja liberada/bloqueada sempre no mesmo horário, fazendo um "reset" diário no nosso ritmo. - se não tivermos uma rotina de sono padronizada, a tendência é querer dormir cada dia mais tarde, os picos de melatonina vão mudando * Adenosina - dá a sensação de acúmulo de sono (gera a pressão de sono) - acumulada ao longo do dia quando acordados, dá a sensação de exaustão - café: antagonista da adenosina, não interfere no ritmo de sono, mas neutraliza a adenosina; → Maturação do Ciclo Vigília-Sono - O sono é inicialmente polifásico, ou seja, a criança apresenta vários ciclos de sono ao longo das 24h. Acordam a cada 3 horas para se alimentar e depois volta a dormir. Aos poucos, o tempo acordado vai aumentado durante o dia, e as noites vão ficando mais longas, com menos despertares, até se tornar um ritmo de sono monofásico. - RN: tem sono polifásico - depois, entre 1 a 4 anos, a criança tem necessidade de cochilos, que vão ficando cada vez menores Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 57 - higiene do sono e orientação dos cochilos: os cochilos de no máximo 30min são orientados após os 4 anos para não interferir no sono da noite, pois é uma necessidade fisiológica muito importante até os 4 anos; - sono monofásico: a partir de 6 anos → Sonecas Diurnas - A quantidade de cochilos (bem como o tempo total de sono diurno) vai reduzindo na medida em que a criança cresce. - a necessidade de cochilos vai diminuindo ao longo da idade - até 6 meses: de 2 a 4 cochilos - dos 9 aos 18 meses: de 1 a 3 cochilos - 4 a 6 anos: menos de 1 cochilo por dia → Tempo Total de Sono - também vai diminuindo ao longo dos anos - tem relação com o aprendizado: criança aprende demais, por isso precisa de tanto sono para sedimentação; - tempo total no adulto: não existe um número padrão de horas de sono, existe uma média de horas, umas pessoas precisam de mais horas e outras menos; 8hrs de sono é uma média mais geral; * Tempo de Sono REM e NREM - REM: sono no qual ocorrem os sonhos; no inicio da vida, temos muito sono REM, que tem relação com aprendizado, e vai diminuindo ao longo dos anos, pois teoricamente idosos aprendem menos coisas; - NREM: sono mais profundo, sem sonhos; também acaba diminuindo ao longo da vida, mas não tem intenso quanto o REM; relacionado as funções básicas da vida → Diferenças Individuais - Pequeno dormidor: menos de 4-5h de sono - Grande dormidor: mais de 9 horas de sono - pra esses dois grupos, tem aumento de risco cardiovascular no futuro - existe diferença para os privados de sono: os que dormem a semana interna 6-7hrs e final de semana 10hrs, pois isso é resultado do acúmulo de sono ao longo da semana; se no final de semana, uma pessoa precisa dormir mais que 1h do que é acostumada a dormir durante a semana, significa privação de sono; → Recomendação de Horas de Sono - National Sleep Foundation - idoso (> 65 anos): 7-8hrs em média (variando de 5 a 9) - adulto (26-64 anos): 7-9hrs em média (variando de 6 a 10) - adulto jovem (18-25 anos): 7-9hrs em média (variando de 6 a 11) - adolescente (14-17 anos): 8-10hrs em média (variando entre 7 a 11) - idade escolar (6-13 anos): 9-11hrs em média (variando de 7 a 12) - pré-escola (3-5 anos): 10-13hrs em média (variando de 8 a 14) - criança pequena (1-2 anos): 11-14hrs em média (variando de 9 a 16) - bebê (4-11 meses): 12 a 15hrs em média (variando de 10 a 18) - recém-nascido (0-3 meses): 14 a 17hrs em média (variando de 11 a 19) OBS: lembrando que não é uma regra geral para todas as pessoas → Cronotipos - Matutinos (cotovia): pessoas que dormem mais cedo e acordam mais cedo; extremos, moderados e leves matutinos; - Vespertinos (coruja): pessoas que dormem mais tarde e acordam mais tarde; extremos, moderados e leves vespertinos; - Normais - é determinado geneticamente - as curvas de temperatura são diferentes: os vespertinos tem queda de temperatura mais tardia que os matutinos Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 58 → Ritmo Biológico - Atenção: aumenta ao longo do dia e reduz durante a noite - Temperatura: menor temperatura coincide com menor atenção - GH: nas primeiras horas de sono é liberado e depois cai drasticamente - Cortisol: no final da noite começa a subir e tem pico no início da manhã - Assim como a curva de temperatura, a atenção, liberação de GH e cortisol apresentam ciclos de acordo com odia e a noite, ou seja, ciclos circadianos, e também atrasam ou são mais antecipados de acordo com o padrão de matutinidade-vespertinidade. - vespertinos tem essa curva “jogada” para a frente, a atenção cai um pouco depois → ex: no plantão, os vespertinos que conseguem manter a atenção até mais tarde deveriam pegar o primeiro horário do plantão, enquanto os matutinos que acordam cedo mais facilmente e com maior atenção deveriam pegar o último horário; → Eletroencefalograma (EEG) - A partir de 1929 foi possível conhecer a atividade cerebral por meio do eletroencefalograma, caracterizando, em princípio um ritmo rápido característico da vigília e outro lento, típico do sono. - O eletroencefalograma evoluiu e hoje, com algumas eletrodos de é possível observarmos os traçados correspondentes às fases do sono, não apenas o que é sono ou vigília. Os diferentes achados nos ajudam a identificar em qual fase do sono está o paciente a cada instante. Presença de complexo K, por exemplo, indica fase do sono NREM 2; ritmo alfa é característico da vigília... e assim por diante. - captação das ondas cerebrais - cada eletrodo tem uma derivação (assim como ECG) e a diferença de potencial gera uma onda - Cada fase do sono é caracterizada por um tipo de onda no eletroencefalograma - vigília: ritmo rápido de ondas (ritmo alfa) - N1: o ritmo alfa acaba, surge presença de ondas mais lentas que a vigília; - N2: algumas ondas mais elevadas (complexo K) e intrusões de ritmo rápido - N3: sono mais profundo, ondas delta lentas e grandes - REM: ondas rápidas também, lembra o N1 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 59 → Fases do Sono - Esses ritmos diferentes de ondas do eletroencefalograma determinam as fases diferentes do sono. Temos basicamente o sono não REM (NREM), que se divide em N1, N2 e N3, além do sono REM. Cada sequência (N1 -> N2 -> N3 - > REM) é um ciclo de sono, sendo que eles ocorrem de forma cíclica, 4 a 6x durante a noite. Cada ciclo tem duração de 90 a 110 minutos, em média. - Sono REM (rapid movement eyes): sonhos, movimentos oculares rápidos, atonia muscular (por isso a gente não executa as coisas que sonha, rs); - Sono NREM: lentificação do rítimo; quanto maior o número mais lento o sono;menor atividade cortical, hipotonia. Dividido em N1, N2, N3; SONO MAIS PROFUNDO - Despertares: Fisiológico na transição dos estágios do sono. Resposta a agentes nocivos (apneia, dor, tosse, refluxo); -Sonabulos despertam em N3. → Sono Normal - 4 a 6 ciclos de sono por noite (1 ciclo = sono REM (N1, N2, N3) e NREM) - intervalos de 90 a 110 minutos * Hipnograma - gráfico de noite inteira - quando se acorda no meio do sono REM, a gente lembra do sonho, geralmente se acorda desperto; - quando se acorda no sono 2 ou 3, mais profundo, com relaxamento muscular e atividade cerebral baixa, a gente acorda destruído, parece que não dormiu nada; - O hipnograma demonstra a sequência dos ciclos do sono. No exemplo abaixo, temos um hipnograma normal de uma pessoa que dormiu às 23h e acordou às 7h. Perceba os 5 ciclos de sono e a predominância de sono N3 na primeira metade da noite de sono REM na segunda metade da noite. → Sono NREM - Dividido entre N1, N2 e N3 - Menor atividade cortical (comparado à vigília e REM) - Hipotonia - N3: • Redução do metabolismo cerebral, • Liberação de hormônios (como GH), • Restituição tecidual → por estar relacionado a funções de sobrevivência, é mais frequente no início do sono; OBS: crianças tem que dormir adequadamente para liberar GH, tem que aprofundar o sono; → Sono REM - Sonhos - Aprendizado e Memória: por isso as viradas de noite antes da prova não funcionam ou se tem a sensação de que não lembra de nada depois, pois não fizemos o sono REM daquela noite para memorização do conteúdo; - Movimentos oculares rápidos - Atonia muscular: bloqueio de tronco cerebral por hormônios; Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 60 - Testosterona (produção): adultos com disfunção sexual pode-se investigar privação de sono, se tá dormindo pouco e fazendo pouco sono REM; - se tem mais sono REM da metade da noite pra frente, no final do sono adequado, portanto se dormimos pouco, deixamos de fazer um bom bloco de sono REM. Prejuízo de aprendizado e memoria. → Neurotransmissores do Sono - Os ciclos de sono e vigília são determinados por "combinações" de neurotransmissores controlados pelo tronco cerebral. A partir do sistema reticular ascendente, "ligamos" ou "desligamos" determinadas áreas do cérebro que vão determinar atividade de vigília ou sono. * Vigília - Sistema ativador reticular ascendente - Neurotransmissores: glutamato (presente em alimentos industrializados, molho shoyu, chips), acetilcolina, noradrenalina, histamina (anti- histamínicos dão sono), dopamina, orexina (ou hipocretina) * Sono - GABA (”desliga” neurônios da formação reticular, bloqueia estimulo do tronco cerebral), adenosina (aumenta ”pressão de sono”), serotonina (medicações que aumentam serotonina deixa mais relaxado), neuropeptídeos, opiáceos, somatostatina (liberada quando tem febre, por isso a gente dorme mais com febre), interleucinas. * Sono REM - Ativa sono REM: acetilcolina, GABA, glutamato (glutamato junto com GABA → GABA pressiona sono e glutamato aumenta atividade cerebral) - Inibe sono REM: noradrenalina, serotonina, histamina, dopamina → Avaliação do Sono * História - Ambiente do quarto: luz, barulho, temperatura, divide o quarto/cama, animais. - Rotina de sono: • Horários de deitar e dormir, acordar e levantar. • Despertares noturnos. • Cochilos (horário e duração). • Dia de semana e fim de semana. • Dificuldade para iniciar o sono. • Dificuldade para sair da cama pela manhã. • Dificuldade em manter o horário regular de sono. • Chupeta, mamadeira, “amigo de dormir”. * Sintomas Durante o Sono • Ronco, apneia (dificuldade respiratória durante o sono) • Movimentos durante o sono • Enurese noturna • Comportamento não usual durante o sono: movimentos clônicos durante o sono (contrações rítmicas de MMSS ou MMII), paciente que sai da cama dormindo (sonambulismo) ou os pequenos que choram mas não parecem acordados (despertar confusional) • Despertares frequentes durante a noite • Paralisia do sono • Alucinações * Sintomas Diurnos • Sonolência diurna • Concentração/memória • “Hiperatividade” • Irritabilidade • Baixa tolerância à frustração • Cataplexia: episódios de atonia (narcolepsia)- quando dorme “apaga” * Avaliação do Padrão de Sono • Medidas qualitativas: Escalas, Questionários, Diário do sono • Medidas objetivas: Polissonografia, Teste de latência múltipla, Actigrafia * Escalas para Avaliação do Sono - Escala de Distúrbios de Sono em Crianças - Questionário Breve de Sono em Lactentes - Escala de Sonolência Excessiva Pediátrica - Escala de Sonolência de Epworth - Escala de Sonolência em Adolescentes de Cleveland - Inventário de Saúde Escolar Global - Questionário de Comportamento em Crianças - Questionário de Hábitos de Sono em Crianças - Pediatric Sleep Questionnaire - Algoritmo Bears * Polissonografia - Exame pode ser realizado no laboratório do sono ou domiciliar - Hipóteses diagnósticas que podem indicar o exame: Síndrome da apneia obstrutiva do sono, Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 61 Hipoventilação, Parassonias, Epilepsia relacionada ao sono - Componentes: Eletroencefalograma, Eletrooculograma, Eletromiograma(queixo, pernas, braços e masseter), Fluxo nasal (cânula e termistor), Esforço respiratório (cintas de tórax e abdome), Oximetria (saturação de O2), Capnografia (CO2 exalado), Ronco, Eletrocardiograma, Posição de corpo, Câmera de vídeo - Coloca uma série de eletrodos na criança e ela vai dormir com aquilo * Teste de Latências Múltiplas de Sono - Avalia sonolência excessiva diurna - Importante no diagnóstico de narcolepsia - 5 registros de sono durante o dia, com intervalos de 2 horas: Registro do tempo que o paciente demora para dormir, Registro de sono REM. - Solicitado na suspeita de narcolepsia e outras hipersonias. * Actigrafia- relógio - Utilizada para avaliar ciclo sono-vigília - Auxilia no diagnóstico de: insônia e distúrbios de ritmo - os sensores mostram luminosidade e temperatura → Distúrbios do Sono- IMPORTANTE - Insônias, Distúrbios respiratórios do sono, Hipersonias, Distúrbios do ritmo circadiano, Parassonias, Distúrbios do movimento relacionado ao sono- Diagnósticos diferenciais → Higiene do Sono- Importante para os pacientes - Ambiente do quarto adequado: luminosidade, temperatura e ruídos - Colchão e travesseiros adequados - Companheiros de cama (cônjuge, crianças e animais) - Eletrônicos na cama (TV, computador, tabletes, celulares) - Horários regulares para se deitar e levantar - Evitar logo antes de dormir: ingestão de bebidas alcoólicas, fumar, refeições copiosas e pesadas, atividade física, cafeína e estimulantes; * Investigação – Algoritmo de Bears - Bedtime routines, Excessive daytime sleep, Awakenings during night, Regularity of duration of sleep, Snoring - são perguntas relacionadas a rotina de sono; vai dar ideia dos distúrbios do sono - na anamneses tem que perguntar isso, rotina do sono é importante Diário do sono Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 62 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 63 12 Exame Neurológico da Criança → Diferenças Importantes entre Avaliação Neurológica da Criança e do Adulto - Avaliação de um sistema nervoso ainda imaturo, em diferentes estágios do desenvolvimento - Queixas e informações sobre a doença são prestadas por uma terceira pessoa, em geral a mãe do paciente - Dependendo da idade do paciente, pouca ou nenhuma cooperação durante o exame → Questionamentos Fundamentais para Raciocínio Diagnóstico - Existe comprometimento do sistema nervoso? - O processo é focal, multifocal ou difuso? (atinge SNC e outros sistemas?) - Qual a causa do processo mórbido? - Raciocínio: diagnóstico sindrômico, topográfico (localização), patológico e etiológico; → Particularidades da Anamnese/Exame Físico Neurológico da Criança * Anamnese - Forma de instalação e evolução da doença (doença estática ou progressiva); doenças agudas, subagudas ou crônicas - História do desenvolvimento neurológico (marcos do DNPM) - Revisão dos eventos perinatais - História alimentar e de problemas do sono - História familiar * Exame Físico - Antropometria: peso, estatura, perímetro cefálico (com fita inextensível, passando pelo maior diâmetro anteroposterior da cabeça da criança, e os valores são colocados num gráfico); casos de aumento do perímetro encefálico por hidrocefalia por exemplo -Fechamento prematuro de uma das suturas: o crânio continua crescendo nas outras direções- o crânio fica torto- aumento do diâmetro ântero- posterior por exemplo quando tem fechamento precoce da sutura sagital; Apenas se fechar todas as suturas precocemente que pode ter microcefalia mas é rara - Casos de microcefalia ocorrem quando o cérebro não se desenvolve adequadamente - Crianças macrossômicas, aumento do perímetro cefálico, crises de epilepsias, e alteração do desenvolvimento neuromotor- síndrome de Sotos - Síndrome de williams: crianças com face élficas, pequenos DNPM - Exame físico: geral e regional (crânio, face, coluna vertebral, pele) - é importante investigar a família procurando fenótipos; - importante despir a criança para melhor avaliação; Visualizar manchas, alterações na coluna vertebral * Exemplos - macrocefalia: aparece na hidrocefalia, sinal do sol poente - microcefalia: não é defeito de fechamento das calotas cranianas, é causada por um não desenvolvimento do cérebro que não empurra as placas cranianas; - cranioestenose: fechamento precoce de suturas (como a coronal ou sagital), está relacionado a uma macrocrania; - hipertelorismo: distância maior entre os olhos; - deficiência intelectual, epilepsia, macrossomia, perímetro cefálico acima do normal → síndrome de Sotos; - síndrome de Angelman (síndrome do boneco feliz) → expressão característica, obesidade, epilepsia, deficiência intelectual - síndrome de Willians → deficiência intelectual, queixo pontudo, orelha pontuda, face alongada; - manchas hipocrômicas, epilepsia neonatal (primeiras 72h), evoluindo com angiomas faciais → esclerose tuberosa; - Manchas café com leite (pode estar associado a neurofibroatose Tipo1) - Facomatoses- pele e SNC formado por Ectoderme gera info na pele e cérebro. - Melanose neurocutanea-> - Alteração autossômica recessiva: ataxia, telangectasias -Crise convulsiva e mancha no corpo? Investigar neuro. Angiomas a partir dos 7 anos. Caso:- manchas vermelhas no olho, não melhorava e foi perdendo o equilíbrio, dificuldade de locomoção. Ataxia-Tangelectasias. Doença aa mutação gen APM (repara DNA celular), perde equilíbrio aos 12 anos fica em cadeira de rodas e aso 21 anos morrem. Pode desenvolver linfomas e muitas infecções. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 64 → Dicas Importantes Antes de Iniciar o Exame Neurológico - Já próximo do termino da anamnese, enquanto ainda conversa com os responsáveis, pedir que estes comecem a despir a criança, de modo a deixá-la descalça e com um mínimo de roupa, suficiente para que ela não sinta frio, mas que permita a realização das primeiras manobras - Em crianças pouco cooperativas, iniciar o exame no colo de um dos responsáveis, examinando tudo o que for possível nessa posição - Começar o exame entregando um brinquedo à criança, o que além de diminuir sua ansiedade e desviar a atenção, possibilitará avaliar incialmente a coordenação → Itens do Exame Neurológico (13) Estado mental e funções corticais superiores, estática, marcha, amplitude de movimentos, força, tônus, coordenação, presença/ausência de movimentos involuntários, sensibilidade, reflexos, pares cranianos, trofismo e sistema nervoso vegetativo, sinais meningoradiculares (sinais de irritação meníngea) * Estática - Postura: posição relativa das várias partes do corpo entre si e com o meio → avaliar em decúbito, sentado e em ortostase; - Equilíbrio estático: dinâmica postural durante a estática a fim de prevenir quedas → sustento cefálico, sentado e em ortostase (criança fica em pé e de olhos abertos em 100% aos 3 anos, e fica de pé e de olhos fechados em 52,2% aos 3 anos e 92,5% aos 4 anos) Sentar-se sem apoio 6 a 9 meses (50-100%) Em pé sem apoio 10 12 meses (5% a 40% - Sinal de Romberg: checa possíveis alterações no equilíbrio estático, que possui ligação direta com a coluna dorsal da medula espinhal. Paciente é orientado a ficar em pé, com os braços juntos ao corpo. A princípio, os olhos devem ficar abertos, mas precisam ser fechados alguns segundos depois. Isso é feito para observar a diferença entre a oscilação com e sem o auxílio da visão. São esperadas algumas oscilações, principalmente nas articulações e nos tornozelos e nos joelhos, mas quedas são preocupantes.Quando elas são laterais, há indícios de lesões labirínticas periféricas. Em outros tipos de quedas, como as para trás, há a possibilidade de lesões centrais (ataxia sensitiva - distúrbio na propriocepção); - Posição assimétrica predominante em 0 a 2 meses → postura do esgrimista é normal até nessa idade - Sustento cefálico completo entre 2 a 4 meses (15-100%) - Sentar sem apoio entre 6 a 9 meses (50-100%) - Em pé sem apoio entre 10 a 12 meses (5 a 40%) - Dar os primeiros passos até cerca de 1 ano e 2 meses * Marcha - Engatinhar: em média, 15% não engatinham (e pode ser normal) - Marcha voluntária: subir e descer escada sem apoio por volta dos 3 anos, subir e descer escada sem apoio e alternando os pés por volta de 4 anos, andar na ponta dos pés aos 4 anos, marcha in tandem aos 5 anos (andar na corda bamba); - Marcha voluntária deve ser obtida por volta de 1 ano e 2 meses de idade (14 meses) → marcha normal quando a criança consegue se manter em pé, caminha em várias direções, se mantem brincando; Exemplos de marcha patológica: • marcha paraparética espástica (lesão medular)→ comum em pacientes com AVC, a hipertonia da musculatura adutora provoca marcha em tesoura, os pés se cruzam um na frente do outro; • marcha escarvante → comum em pacientes com neuropatias periféricas, ocorre hiporreflexia e falta de sensibilidade com dificuldade na dorsiflexão do pé (arrastam a ponta do pé, gasta mais a parte da frente do sapato); • marcha atáxica (cerebelar)→ alteração cerebelar com perda de equilíbrio e aumento da base de marcha; parece bêbado. Dificuldade o equilíbrio. • marcha anserina (tipo ganso)→ pacientes com miopatias neuromusculares, apresentam fraqueza da musculatura proximal, usa musculatura acessoria, fazendo uma báscula da bacia, típica da distrofia muscular de Duchenne, paciente fica com uma hiperlordose * Amplitude de Movimentos - As doenças que comprometem o sistema nervoso e musculoesquelético podem cursar com alteração da amplitude de movimentos, sem que Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 65 haja alteração da força muscular - Pede-se ao paciente para realizar movimentos amplos, como elevação e rotação dos membros superiores, elevação dos membros inferiores e movimentos com tronco e pescoço * Força - Manobras de contraposição: paciente realiza movimentos contra a oposição do examinador; - Manobras deficitárias: utilizadas sobretudo quando a diminuição da força é sutil ou quando há pouca cooperação do paciente (posturas mantidas); . manobra de Mingazzini: paciente em decúbito dorsal faz flexão de coxa e tenta manter os pés na vertical; déficit de músculos proximais = miopatias; déficit de músculos distais = lesão piramidal; . manobra de Barré: paciente em decúbito ventral faz flexão de perna e tenta manter os joelhos a 90° por 2 min; déficit dos músculos flexores de joelho = lesão piramidal; . manobra dos braços estendidos: deve ser feita com as palmas das mãos viradas para cima; déficit dos músculos proximais e distais dos MMSS = lesão piramidal; - Manobra do paraquedas: Coloca-se a criança de ponta cabeça. Os braços devem se estender para frente e as mãos se abrem para amparar a “queda”. Assimetria pode indicar paresia no membro não esticado. É o último reflexo postural a aparecer. Está presente a partir de 8 a 9 meses de idade. Deve estar obrigatoriamente presente aos 12 meses. - Manobra da beira do leito: coloca-se o bebê na beira da cama e observa-se se ele consegue manter as pernas elevadas. Pequenas assimetrias devem ser valorizadas. Avalia simetria da elevação de MMII - Manobra do rechaço: fletem as pernas sobre as coxas e estas sobre a bacia da criança e em seguida são soltas para avaliar o tônus, se há um movimento simétrico em extensão ou assimetrias * Tônus Muscular - Inspeção, palpação, percussão dos grupos musculares e movimentação passiva - Durante o primeiro ano de vida o tônus muscular varia de flexor (no RN a termo) para hipotônico (entre 6 e 8 meses), até atingir valores normais no fim do primeiro ano de vida. - Também deve-se elevar a criança segurando-a pelas axilas para observar se há hipertonia de ação. - O reflexo de Landau é muito útil para diferenciar a hipotonia fisiológica da hipotonia patológica. - Para avaliar se há hipertonia de ação, deve-se elevar a criança segurando-a pelas axilas. Caso haja hipertonia de ação, o paciente irá apresentar extensão das pernas, com predomínio do tono adulto. - ex: hipotonia → criança fica com a face lateral dos MMII encostadas no leito, fica “molinha”, esboça poucos movimentos, fica apática; * Coordenação - Prova índex-nariz: só é realizada após 3 anos de idade. olhos abertos 95% aos 3 anos olhos fechados 92,5% aos 4 anos - Prova calcanhar-joelho: a criança em decúbito dorsal deve colocar o calcanhar da perna direita em cima do joelho da perna esquerda e descer sobre a tíbia; - Disdiadococinesia: prova das marionetes 77,5% aos 7 anos (problema de ataxia na qual a criança é incapaz de realizar movimentos alternados entre dois membros - com as mãos na prova das marionetes); - Coordenação tronco-membros 77,5% aos 7 anos - Para avaliar a coordenação deve-se oferecer um Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 66 objeto ao bebê e observar se ele consegue pegá- lo. - A manobra do lenço no rosto é realizada colocando-se um pano sobre o rosto da criança e observando-se o modo de retirá-lo. - ex: distonia generalizada → contração da musculatura agonista e antagonista simultaneamente, fazendo com que a criança assuma posturas anti-anatômicas, anormais; - ex: mioclonias → contrações musculares muito breves; - ex: coreia (dança)→ movimentos amplos e involuntários, como uma dança; a pessoa não consegue ter o movimento normal. - ex: coreo-atetose -> coreia de extremidades, pontas de dedos e língua, típica da intoxicação bilirrubínica (Kernicterus); ex: opsoclonus mioclonus→ movimento ocular caótico e ataxia, relacionada à síndrome paraneoplásicas do neuroblastoma (leva à formação de autoanticorpos contra as células de Purkinje do cerebelo, deve-se fazer TC de tórax e abdome para procurar o tumor); * Sensibilidade - Tato protopático, tato epicrítico, temperatura, dor, palestesia, propriocepção consciente - Raramente a sensibilidade é avaliada na criança pequena, pois, nem sempre há colaboração suficiente para o exame. Além disso, mesmo em crianças maiores, nem sempre as respostas são confiáveis. * Reflexos Tendinosos - Bicipital C5-C6 - Tricipital C6-C8 - Estiloradial C5-C6 - Flexores do punho C6-T1 - Patelar L2-L4 - Aquileu L5-S2 - testa resposta de nervos, é complicado testar em crianças, elas não aceitam muito - ex: quando ocorre liberação piramidal com hiperreflexia, consegue-se promover o reflexo fora da área do tendão, enquanto que numa situação normal só se consegue na área do tendão; * Reflexos Superficiais - Cutâneo-abdominal T5-L1 - Cremastérico L1-L2 - Cutâneo-plantar L5-S2: é em extensão no primeiro semestre de vida; pode ser em flexão, indiferente ou extensão no segundo semestre de vida; e passa a ser sempre em flexão a partir do segundo ano, isto é, a partir da aquisição da marcha. - ex: sinal de Babinski → examinador faz um estímulo doloroso e profundo na planta do pé, iniciando no calcanhar e terminando na base do hálux; no babinski positivo, ocorre extensão dos dedos; pode ser encontrado normalmente até os 2 anos de idade, sendo considerado patológico quando persiste após essa idade. No entanto, em alguns casos, ele pode desaparecer já a partir do primeiro ano de vida; * Atividades Reflexas Primitivas e Posturais - encontradasem crianças até 6 meses de idade - Reflexo de sucção: desencadeada pela estimulação dos lábios, na qual observa-se sucção vigorosa. Sua ausência é sinal de disfunção neurológica grave. Desaparecem por volta dos dois meses de vida. - Macha reflexa: desencadeado por inclinação do tronco do RN após obtenção do apoio plantar. Observa-se cruzamento das pernas, uma à frente da outra. Desaparecem por volta dos dois meses de vida. - Reflexo de Moro: desencadeado por queda súbita da cabeça, amparada pela mão do examinador. Provoca extensão e abdução dos membros superiores seguida por choro. Encontra-se até por volta dos 6 meses de idade; - Reflexo de preensão palmar e plantar: desencadeados pela pressão da palma da mão ou planta do pé; preensão plantar desaparece aos 9 meses; - Reflexo tônico cervical assimétrico (postura do esgrimista): desencadeado por rotação da cabeça com a outra mão do examinador estabilizando o tronco do RN. Observa-se extensão do membro superior ipsilateral à rotação e flexão do membro superior contralateral. A resposta dos membros inferiores obedece ao mesmo padrão, mas é mais sutil; em torno de 2 meses desaparece; - Reflexo de Paraquedas: faz parte dos reflexos primitivos. Ele aparece por volta dos 5 meses de idade e pode ser observado quando se segura o bebê pelas axilas em posição ereta e o lança rapidamente para frente. A criança, por sua vez, faz uma postura imediata de extensão dos membros superiores para se proteger. - Reflexo de Landau: É desencadeado quando o Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 67 bebê é suspenso na posição prona. Observa-se elevação da cabeça acima do tronco. Em seguida o tronco é retificado e as pernas estendidas. Quando o examinador flete a cabeça, as pernas se fletem. É um reflexo postural fundamental para sentar e andar. Desenvolvido entre 4 ou 5 meses de idade. * Pares Cranianos - Olfatório (I): cuidado para não utilizar odores irritantes. Raramente é avaliado; - Óptico (II): avaliado pela fixação visual a objetos, reflexo fotomotor, fundo de olho e acuidade visual. - Oculomotor (III): avaliados através da motricidade ocular posicionando-se um estímulo luminoso em várias direções. Também é responsável pela eferência do reflexo fotomotor. - Troclear (IV): avaliados através da motricidade ocular posicionando-se um estímulo luminoso em várias direções - Trigêmeo (V): avaliado pela sensibilidade do rosto, reflexo de piscamento, observação de movimentos de sucção, deglutição e mastigação do lactente, apertar com força os dentes - Abducente (VI): avaliados através da motricidade ocular posicionando-se um estímulo luminoso em várias direções - Facial (VII): avaliado pela mímica facial, principalmente durante o choro - Vestibulococlear (VIII): teste de Rinne, teste de Weber e através da estimulação auditiva com chocalho, observando-se se o lactente procura o som - Glossofaríngeo (IX): avaliado pela movimentação da língua, observação de movimentos de sucção, deglutição e mastigação do lactente, inserção de uma espátula na boca para se observar a migração da úvula e a presença do reflexo nauseoso - Vago (X): avaliado pela observação de movimentos de sucção, deglutição e mastigação do lactente, inserção de uma espátula na boca para se observar a migração da úvula e a presença do reflexo nauseoso - Acessório (XI): avalia-se a musculatura do esternocleidomastoideo e por movimentos de rotação da cabeça do bebê - Hipoglosso (XII): avaliado pela observação de movimentos de sucção, deglutição e mastigação do lactente, observação da simetria da língua no leito bucal * Trofismo e Sistema Nervoso Vegetativo - Hipotrofia ou hipertrofia: como por exemplo a pseudohipertrofia da panturrilha na distrofia muscular de Duchenne (substituída por tecido conjuntivo) - Distribuição de pelos - Alterações de coloração das extremidades - Estado ungueal - Pés cavos: presente em neuropatias periféricas, ataxias; - Priapismo: ereção prolongada e persistente, dolorosa, sem estímulo sexual; - Continência urinária e fecal * Sinais Meningoradiculares - Rigidez de nuca - Sinal de Brudzinski: flexão involuntária do quadril e dos joelhos em resposta à flexão passiva do pescoço. - Sinal de Kernig: resistência e dor quando o joelho é estendido com o quadril totalmente Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 68 flexionado - Sinal de Lasegue: sinal clínico que descreve a existência de dor na porção posterior da perna, quando se realiza a elevação da mesma em um ângulo acima de 35º. Ele pode estar presente na vigência de irritação das meninges, no entanto, outras condições, como compressão medular, podem causar este tipo de dor. - Sinal contralateral da perna de Brudzinski Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 69 13 Desenvolvimento Neuropsicomotor e Exame neurológico evolutivo Exame neurológico evolutivo Reconhecer as etapas do desenvolvimento neurológico e melhor orientar os pais Reconhecer precocemente os distúrbios do desenvolvimento neurológico (deficiência mental, encefalopatias crônicas não evolutivas) - Aspectos maturacionais: • tato (já se encontra no nascimento, todos os RN tem sensibilidade tátil), Qualquer toque em região perilabial desencadeia reflexo de voracidade • gustação (quando nasce já distingue 4 sabores, vai aprimorando com tempo), Vai se aprimorando com o tempo, porém já é capaz de distinguir 4 saboresReagem a modificações na dieta acelerando ou alentecendo a velocidade da amamentação • olfação (RN tem receptores olfativos bem desenvolvidos), Os RNs tem receptores olfativos bem desenvolvidos, se voltam prontamente orientando a cabeça em direção a qualquer objeto utilizado pela mãe • audição (já no primeiro mês os lactentes tem uma boa audição), Já ao primeiro mês, os lactentes apresentam aceleração de batimentos cardíacos ao ouvir a mãe e páram a mamada quando ouvem sons de diferentes tonalidades Com 2 meses de idade apresentam resposta voluntária a sons Com 5 anos, maturidade completa • visão ( RN tem percepção luminosa) fixa momentaneamente a visão, possuindo visão periférica (tem visão de contornos) Com 3 a 5 meses percepção de objetos brilhantes Com 7 meses visão binocular Com 9 meses percepção de profundidade Com 12 meses completa fusão da imagem Com 18 meses completa convergência Com 2 anos, completa-se a acomodação Com 4 anos visão 20/20 Marcos do desenvolvimento: - Reflexo de voracidade: RN até os 2 meses - Reflexos primitivos: reflexo da voracidade RN até 2 meses - Tônico assimétrico: RN até 2 meses, “esgrimista” - Marcha reflexa: RN até 4 meses - Reflexo de sucção: RN até 4 anos de idade (pode chegar até 8 mês) - Reflexo de Moro: RN até 4 meses de idade; avaliar se o Moro é simétrio - Reflexo de preensão palmar: RN até 8 meses - Reflexo de preensão plantar: RN até 10 meses Fiquem de olho!!! • Sustento cefálico completo – 2 a 4 meses (90% com 3,6 meses) • Sentar sem apoio – 6 a 9 meses (90% com 7,8 meses) • Em pé sem apoio / primeiros passos – 10 a 14 meses (90% com 13,4 meses) • Fala palavras / palavras com sentido – 10 a 12 meses PRIMEIRO MÊS • Atitude assimétrica • hipotonia cervical. • hipertonia flexora geral. • reflexos arcaicos. • choro inarticulado. • olha para a pessoa momentâneamente • mão fechada • eleva a cabeça quando de bruços SEGUNDO MÊS • Postura simétrica. • tonus cervical momentâneo. • hipertonia geral leve. • perde esgrimista. • sorri espontâneamente. • acompanha objetosno seu campo visual. • início da lalação. • levanta a cabeça 45º Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 70 TERCEIRO MÊS • COORDENAÇÃO MÃO-VISÃO • MÃOS ABERTAS, PREENSÃO PALMAR • ACOMPANHA OBJETOS, MANTÉM CABEÇA ERGUIDA, MÃOS ABERTAS QUARTO MÊS • APOIO NO ANTEBRAÇO • TONUS CERVICAL COMPLETO. • ROLA. • PREENÇÃO PALMAR VOLUNTARIA. • PERDE MARCHA REFL. E MORO INCONSTANTE • ESTABILIZA A LALAÇÃO • SUGA VOLUNTARIAMENTE • MÃOS A BOCA, PEGA O QUE ESTÁ AO ALCANCE QUINTO MÊS • FAZ JUNÇÃO DAS MÃOS • PADRÃO EXTENSOR – LEVA OS PÉS A BOCA • SENTADA, LORDOSE LOMBAR • ALCANÇA E SEGURA OBJETOS SEXTO MÊS • PREENSÃO PALMAR E TRANFERÊNCIA DE OBJETOS • BOA COORDENAÇÃO MÃOOLHO-BOCA • MUITO INTERESSE PELO AMBIENTE • SENTA EM TRIPÉ • SE VIRA E OLHA EM DIREÇÃO AO SOM OITAVO MÊS • EXPLORA O PRÓPRIO CORPO • BOM CONTROLE SENTADO, REFLEXO DE PROTEÇÃO PARA A FRENTE • COMEÇA A DIFERENCIAR “EU” DO “OUTRO” NONO MÊS • SENTA-SE SEM APOIO • SE ARRASTA OU ENGATINHA • EM PÉ COM APOIO • PINÇA SUPERIOR • FALA SÍLABAS • RESPONDE AO SEU NOME E DE FORMA DIFERENTE AS PESSOAS 10 MÊS • FALA PALAVRAS • COMPREENDE O NÃO 11 MÊS • APONTA COM O INDICADOR • ANDA COM APOIO • TOTAL EXTENSÃO DE MMII E MMSS DÉCIMO SEGUNDO MÊS • INÍCIO DA MARCHA • PALAVRAS COM SENTIDO • DÁ TCHAU E BATE PALMAS 15 MÊS • ANDA SEM APOIO • PEDE INDICANDO COM O DEDO E FAZENDO SONS • COMBINA 2 OU MAIS PALAVRAS • TIRA PEÇAS DE ROUPAS 18-24 MESES • DESENVOLVIMENTO MOTOR – SOBE ESCADAS, MONTA 3 BLOCOS, FAZ FRASES • SOCIALIZAÇÃO DOMÉSTICA 30 MESES • CORRE E PULA COM OS 2 PÉS, MONTA 6 BLOCOS, APONTA PARTES DO CORPO • COMPREENDE ORDENS SIMPLES • INÍCIO DO CONTROLE ESFINCTERIANO A partir de 2 anos a criança desenvolve seu senso de identidade, reconhecendo-se como uma pessoa atribuindo conceitos a si mesma.- A criança passa a reivindicar maior autonomia e os pais devem ajudá-la a ter autocontrole estabelecendo limites. - NÃO encarar como teimosia! 3 ANOS • PEDALA, ATENDE ORDENS, MONTA 9 BLOCOS, FALA SEU NOME, COPIA UM CÍRCULO - Entre 3 e 4 anos: a criança veste-se com auxílio. 4-9 anos - Entre 4 e 5 anos: a criança conta ou inventa pequenas histórias. A partir dos 6 anos: a criança passa a pensar com lógica, embora esta seja predominantemente Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 71 concreta. - A partir dos 7 anos: a criança começa a desenvolver o julgamento global de autovalor, integrando sua autopercepção, “fechando” algumas ideias sobre quem ela é e como deve ser. Equilíbrio estático - com 3 anos a criança consegue ficar em pé com olhos abertos e pé juntos - com 4 anos a criança consegue ficar em pé com olhos fechados e pé juntos - com 5 anos a criança fica com um pé na frente do outro de olhos abertos - com 6 anos criança fica com um pé na frente do outro de olho fechado - com 7 anos consegue ficar na ponta do pé Equilíbrio dinâmico - com 3 anos consegue descer escadas um degrau por vez -com 4 anos consegue descer escada alternando - com 5 anos consegue fazer a marcha em tandem em linha reta - com 6 anos consegue fazer marcha tandem em tandem de olhos fechados - com 7 anos consegue pular e bater palma 2 vezes antes de cair Coordenação apendicular 3 anos index-nariz, olho aberto, copia traço 4 anos index nariz olho fechado, copiar a cruz 5 anos copiar um circulo ou quadradao 5anos oponência polegar 7 anos losango Manutenção de posição 4 anos olhos fechados 5 anos olhos fechados boca aberta 7 anos com braços estendidos para a diante EXTRA DISTÚRBIOS NO DESENVOLVIMENTO Fatores de risco - Genéticos: síndrome de Down, por exemplo. - Biológicos: prematuridade, hipóxia neonatal, meningites. - Ambientais: familiares, ambiente físico, social. - Multifatoriais: interação entre a herança genética e fatores ambientais; corresponde a maior parte dos traços do desenvolvimento. - Baixo peso ao nascer e prematuridade: aumentam os riscos de alterações globais no desenvolvimento (distúrbios da linguagem, motricidade, aprendizagem e neuropsicomotor); embora a maioria dos bebês evolua para a normalidade nos dois primeiros anos de vida. - Menores faixas de peso e IG = maior incidência de complicações neonatais e maiores taxas de deficiência. FATORES DE RISCO - Ausência ou pré-natal incompleto. - Problemas na gestação, parto ou nascimento. - Prematuridade (menos que 37 semanas). - Peso abaixo de 2.500g. - Icterícia grave. - Hospitalização no período neonatal. - Doenças graves como meningite, traumatismo craniano e convulsões. - Parentesco entre os pais. - Casos de deficiência ou doença mental na família. - Fatores de risco ambientais: violência doméstica, depressão materna, drogas ou alcoolismo entre os moradores da casa, suspeita de abuso sexual, etc. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 72 14 Consulta com adolescente Introdução - Puberdade: Período de transição entre a infância e a vida adulta e é caracterizada pela maturação gonadal, aparecimento dos caracteres sexuais secundários e pela aquisição das funções reprodutivas - É acompanhado de importantes modificações psicológicas (pro paciente e família, tem que serem levadas em consideração) - Ocorre ativação do sistema hipotálamo-hipófise- gônadas (lembrar dos feedbacks negativos e positivos) - Ocorre em intervalo de tempo variável - Início do processo puberal: é considerado normal em meninas entre 8 – 13 anos, e meninos entre 9 – 14 anos; intervalos anteriores a isso é chamado puberdade precoce e intervalos tardios a isso é chamado puberdade tardia; * Eventos Hormonais - O evento hormonal que determina o início do processo puberal é o aumento da secreção pulsátil de GnRH - Principais órgãos envolvidos: Hipotálamo (Neurônios secretores de GnRH, sendo o “Gonadostato hipotalâmico”) → Hipófise (secretando LH e FSH) → Gônadas (com Esteroides sexuais - estrogênio e testosterona) - Tanto RNs, lactentes ou crianças são potencialmente capazes de secretar os hormônios acima, em concentrações compatíveis com a idade adulta → Maturação do Eixo Neuroendócrino Gonadal * Período Fetal - GnRH é detectado no hipotálamo na 6ª a 8ª semana de IG - 11ª semana: hipotálamo secreta GnRH com consequente liberação de FSH e LH - Na metade da gestação os níveis de FSH e LH atingem níveis adultos, mas caem logo em seguida quando os altos níveis de hormônios esteróides da unidade fetoplacentária passam a exercer feedback negativo → por isso não se faz puberdade no útero * Período Neonatal - Com a interrupção da ação dos esteroides sexuais maternos, os níveis de gonadotrofinas elevam-se significativamente, com pico de LH e FSH entre a primeira semana e o terceiro mês de vida (mini-puberdade) - pode ter alguns achados, como ginecomastia nos meninos e crescimento de mama e sangramento nas meninas - A diminuição dos estrogênios pós-parto promove ativação transitória do eixo HHG * Lactentes - A produção transitória de estradiol e testosterona passa a exercer feedback negativo diminuindo os níveis de gonadotrofinas hipofisárias e esteroides sexuais a partir do 1° ano de vida, acentuando-se até os 2 anos - Após 4 meses de vida, os níveis de LH e FSH começam a reduzir → Aumento receptores estrogênicos hipotalâmicos, ocorrendo então Aumento da sensibilidade do feedback negativo e aumento até 15x da supressão de gonadotrofinas com níveis mínimos de estradiol e testosterona - Meninas: FSH → foliculogênese (maturação e atresia) → Telarca e sangramentovaginal - Meninos: LH → testosterona → Ginecomastia - Este período é conhecido como minipuberdade, sendo fisiológico e ocorrendo regressão espontânea até os 2 anos de idade → não precisa de investigação nem tratamento (salvo se tiver mais algum sintoma, como pelos → é sinal de alarme, pela incidência de tumores de adrenal, portanto investigar imediatamente nesse caso) - na mini-puberdade, não adianta dosar, pois estão alterado * Infância - Mantida alta sensibilidade ao feedback negativo no “gonadostato” - Pouco GnRH é liberado pelo hipotálamo - Pouca gonadotrofina é secretada pela hipófise - Concentração dos hormônios gonadais permanece baixa * Puberdade - “Passagem Pubertária” - Dessensibilização do “gonadostato” - Amplificação da comunicação do eixo H-H-G - Aparecimento dos caracteres sexuais secundários - Aumento da velocidade de crescimento - Aumento da maturação óssea → Determinantes do Início Puberal * Desencadeantes - Não são completamente elucidados - Puberdade é marcada por aumento gradual Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 73 pulsos GnRH que são dependentes da interação complexa de fatores hipotalâmicos inibitórios e estimulatórios, fatores nutricionais e genéticos - É multifatorial: envolve genética, fatores ambiental, fatores metabólicos (obesos) * Disruptores Endócrinos - Substâncias químicas presentes no ambiente, naturais ou sintéticas, que podem interferir no funcionamento do sistema endócrino humano ou de outros animais - Fatores Ambientais: Poluentes, Dieta (contendo derivados estrogênicos naturais, como os fitoestrógenos presentes em diversos vegetais), Agrotóxicos, Componentes de produtos de limpeza e cosméticos, Corantes, Solventes, Substâncias do plástico - ex: soja, cosméticos, plástico da mamadeira de fórmula aquecida, a questão do frango pode comer porque não tem hormônio, não é viável economicamente; → Manifestações da Puberdade * Meninos - Puberdade normal: 9-14 anos - Primeiro sinal: aumento do volume testicular ≥ 4ml → Pubarca e aumento peniano → Pilificação facial - em geral essa sequência é seguida em puberdade central, na periférica não segue tanto (mas não dá pra se basear somente nesses achados, pode não respeitar) - Medida do volume testicular: orquidômetro de Prader → como se fosse um colar em que cada bolinha corresponde a um volume; deitar criança, palpar o testículo e comparar com o aparelho para achar a bolinha correspondente; * Meninas - Puberdade normal: 8-13 anos - Primeiro sinal: TELARCA (broto mamário) → Pubarca → Menarca - Menarca: ocorre cerca de 2,6 anos após telarca (quando a progressão estiver dentro do esperado) - Critérios de Tanner: O intervalo entre dois estadios puberais é de um ano (pelo menos 6 meses), devendo ser considerado anormal quando o intervalo for menor que 6 meses (se a menina passar de um estadio para outro em menos de 6 meses, ex: passar de II para III em 2 meses) - se for menor que 6 meses, é um critério para considerar tratamento de puberdade precoce → Crescimento Puberal * Meninas - Estirão mais precoce e menor (18 a 25cm) → Tanner 2-3 - Pico de crescimento com idade óssea de 11 - 12 anos (1 ano antes da menarca) → M3 - Após menarca, previsão de crescimento de 2 a 7cm (podendo chegar a 10cm) * Meninos - Estirão tardio (2 anos após as meninas) e maior (22 a 28cm) → Por isso são 13cm maiores (na conta da estatura final com base na altura dos pais) → Tanner 3-4 - Pico de crescimento com idade óssea de 13 - 14 anos → G4 PUBERDADE PRECOCE - Aparecimento de caracteres sexuais secundários em idade abaixo de 2,5-3 desvios padrão da média (UpToDate) ou 2 desvios padrão (Longui) - Antes dos 8 anos nas meninas (Telarca) - Antes dos 9 anos nos meninos (Aumento do volume testicular e volume ≥ 4cm³ e comprimento ≥ 2,5cm) - Além disso, aumento da velocidade de crescimento, avanço da idade óssea e perda da estatura final * Classificação - Puberdade precoce central ou verdadeira (PPDG): estímulo dependente de GnRH - Puberdade precoce periférica ou pseudopuberdade (PPIG): produção de esteroides independente de GnRH, Isossexual x Heterossexual - Variantes do desenvolvimento puberal normal: Telarca precoce isolada, Pubarca precoce isolada, Menarca precoce isolada → Puberdade Precoce Central ou Verdadeira (PPDG) - Dependente de GnRH (ativação precoce do eixo H-H-G), porém a progressão da puberdade é semelhante a normal - É mais frequente do que a PPIG (periférica) → principal causa - Incidência de 1:5000 – 1:10.000 - 3-23 meninas : 1 menino - Em 95% dos casos nas meninas a causa é idiopática x 50% nos meninos (se investiga em todo mundo, mas nos meninos se investiga com Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 74 mais vontade pois na metade dos casos vai se encontrar a causa) - LH, FSH e esteroides sexuais em níveis puberais (excesso compatível com o gênero da criança – isossexual) * Causas 1. Sem Anormalidades no SNC - Idiopática - Genética - Secundária à exposição prévia crônica a esteroides sexuais - Exposição a disruptores endócrinos 2. Com Anormalidades no SNC - Hamartomas Hipotalâmicos - TU: astrocitoma, craniofaringeoma, ependimoma, glioma óptico, neurofibromas, disgerminomas, adenoma secretor de LH - Malformações congênitas: cistos, hidrocefalia, displasia septo-óptica, mielomeningocele, malformações vasculares - Doenças adquiridas: infecções, TCE (lesões em chicote), asfixia perinatal, radiação * Causa Idiopática - Cerca de 80% dos casos. - Maioria no sexo feminino. - Diagnóstico de exclusão, após análise clínica, laboratorial e por exames de imagem. - 10% = se não tratada, acabam com resolução espontânea, 30% = forma lentamente progressiva, 60% = vão evoluir de forma completa * Causas Genéticas - causa rara de puberdade precoce - estudos realizados no Brasil - importante para prova 1. Gene do receptor da proteína G54 (GPR54) - Cujo ligante é a kisspeptina-1 (KISS-1) tem sido envolvido com o início da puberdade - Ativação deste receptor estimula secreção de LH e FSH via ativação GnRH (central) - Expressão ↑ previamente ao início puberal e na puberdade - Mutações inativadoras: hipogonadismo hipogonadotrófico - Mutações ativadoras: PPDG 2. Gene MKRN3 - Makorin ring finger protein 3. - Localizado em região crítica da Síndrome de Prader-Willi - Mutações que levam a perda de função: PPDG - MKRN3 é impresso maternalmente, ou seja, apenas o alelo paterno é expresso (vai levar à PP só se o gene herdado for o do pai). - Mutações que causem puberdade precoce apenas se o gene herdado for paterno. 3. Gene DLK1 - 2017: identificada mutação em família brasileira com múltiplos casos de PPC - Deleção do gene DLK1 foi associada a fenótipo encontrado na Síndrome de Temple (associada a baixa estatura com puberdade precoce) * Achados na Puberdade Precoce Central 1. Hamartomas Hipotalâmicos - Malformação congênita, não neoplásica. - Presente em 2-28% dos casos de PP - Assintomáticos ou Sintomáticos: sendo o principal sintoma a PPDG, geralmente < 3-4 anos (idade precoce) - Associação com manifestações neurológicas: Epilepsia gelástica (crise de riso imotivado – principal achado), Convulsões focais ou tônico- clônicas generalizadas, Alterações comportamentais e cognitivas - RNM é o exame de escolha: massa isodensa (intensidade semelhante ao hipotálamo), sem realce pós contraste; ao solicitar o exame, tem que pedir ressonância de hipófise, não de crânio; - Tratamento: PPDG → clínico; Epilepsia → cirurgia; → Puberdade Precoce Periférica ou Pseudopuberdade (PPIG) - Produção de esteroides independente de GnRH - Isossexual x Heterossexual- Causada por excesso de hormônios sexuais derivados das gônadas, das suprarrenais ou de fonte exógena - Os níveis de FSH e LH são suprimidos (na faixa pré-púberes) para níveis altos de estradiol e testosterona e não aumentam com a estimulação GnRH - Acelera VC e IO = Baixa estatura na vida adulta * Etiologia - Adrenal: HAC (hiperplasia adrenal crônica), tumores adrenais - Ovarianas: Cistos ovarianos foliculares autônomos, Tumores de células da granulosa, Síndrome de McCune-Albright - Testiculares: Tumores produtores de HCG, Tumores de células de Leydig, Testotoxicose esporádica ou familiar - Hipotireoidismo primário Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 75 - Outras causas genéticas - Iatrogênicas * Cistos Foliculares - Causa mais comum de PPIG isossexual em meninas - Podem ser recorrentes, causando elevação transitória do estradiol que induz desenvolvimento mamário e a hiperplasia endometrial - Grandes cistos com risco de rotação e torção ovário (dão quadro de abdome agudo: massa abdominal e sangramento vaginal recorrente) - Folículos pequenos > 8mm já podem secretar estrógenos - Concentração de estradiol pode ser muito elevada (semelhante ao encontrado em tumores), porém flutuante e com marcadores tumorais diminuídos. * Tumores Ovarianos - São uma causa rara de PPIG - Geralmente são palpáveis, com dor abdominal sendo a principal manifestação - Raramente bilaterais - Menos de 5% são malignos - Nível de estradiol muito elevado, com níveis suprimidos de gonadotrofinas - marcadores tumorais positivos * Síndrome de McCune-Albright - Decorre de uma mutação ativadora do gene GNAS1 que codifica a subunidade alfa da proteína G (mensageiro de grande produção hormonal) - Hiperfunção endócrina: . Hiperfunção autônoma ovariana (+ frequente) . Tireoide: hiperplasia nodular com hipertireoidismo ou eutireoidismo . Adrenal: nódulos hiperplásicos múltiplos com Síndrome de Cushing . Hipófise: adenoma hipofisário com gigantismo ou acromegalia . Paratireoide: adenoma com hiperparatireoidismo - 2 meninas : 1 menino - Prevalência de 1:100.000-1.000.000 - Tríade clássica: Puberdade Precoce Periférica (52%), Manchas café com leite (85%) e Displasia fibrosa poliostótica (97%) - São manchas hipercrômicas, com contornos irregulares, sem ultrapassar a linha média e estão do lado das principais lesões ósseas - tem que diferenciar da neurofibromatose: também da manchas café com leite, mas são menores e ultrapassam a linha média; - síndrome IMPORTANTE * Estrogênio Exógeno - contaminação periférica - Estrogênios em cremes, pomadas, sprays, contaminação de alimentos e remédios tradicionais (cuidado com ACO da mãe, criança toma sem querer), tais como óleo de lavanda e óleo da árvore do chá (Melaleuca - Tea tree oil), consumo excessivo de soja. - Leva a feminização (puberdade heterossexual nos meninos) * Testosterona Exógena - Atentar para pais fazendo reposição de testosterona tópica → é altamente contaminante, se o pai faz e não higieniza muito a região e acaba pegando criança no colo, etc - cuidado, os pais não contam, tem que prestar atenção para um quadro sugestivo → Variantes da Normalidade * Telarca Precoce Isolada - Definição: Desenvolvimento isolado da mama, unilateral ou bilateral em menores de 8 anos, com Ausência de outras características sexuais secundárias, Crescimento linear normal e Idade óssea normal - 2 picos de acontecimentos: antes dos 2 anos de vida (80%) e entre 6-8 anos de idade - Mais comum em negros e hispânicos, mas principalmente em paciente com sobrepeso - Mama costuma regredir em alguns meses, mas pode persistir por anos (até a puberdade) - Atenção: em 14 - 20 % pode evoluir para a puberdade precoce verdadeira isossexual → tem que ficar atento e avaliar esse paciente de 6 em 6 meses, por mais que seja telarca isolada * Adrenarca Precoce Isolada - Definição: Aparecimento de pêlos pubianos e/ou axilares antes dos 8 anos nas meninas e 9 anos nos meninos, Sem outros sinais de virilização e Costuma ter progressão lenta, com puberdade na idade normal - É mais comum: meninas, negras, IMC elevado, resistência insulínica, RCIU e crianças com alterações neurológicas - IO e VC (idade óssea e velocidade de crescimento) podem estar avançadas (até 2 anos), com estatura final normal (não prejudica o crescimento final) Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 76 - É fator de risco para SOP e hirsutismo na vida adulta - LAB: ↑ DHEA-S (> 40mg/dL), com 17OHP e testosterona normais - Diagnóstico diferencial: HCSR forma tardia (hiperplasia adrenal) - não é sinal de puberdade precoce! Se investiga, mas não é um sinal de puberdade precoce propriamente dita; mas esse paciente tem que ser acompanhado também, mesmo que seja isolada; - pode vir com a queixa de odor axilar; - se junto com os pelos aparecer telarca, tem que orientar os pais a procurarem avaliação; * Menarca Precoce Isolada - Definição: Sangramento vaginal isolado, antes dos 8 anos, sem outros sinais puberais - Mais frequente no inverno, não cíclica - Sem avanço da IO - LH, FSH e Estradiol estão na faixa pré-púbere - Etiologia desconhecida - Afastar traumatismos, manipulação (abuso sexual) e tumores (rabdomiossarcoma vaginal e tumor ovariano) → Diagnóstico da PPC (Puberdade Precoce Central) - Clínico - Exames Complementares: Laboratorial e Imagem * Diagnóstico Clínico 1. História Clínica - Idade do aparecimento dos caracteres sexuais secundários - Velocidade de progressão - História familiar (idade da menarca dos familiares mais próximos) - Uso de medicamentos, pomadas e cremes - História de trauma craniano, infecções e outras lesões SNC - Cefaleia, alterações visuais e convulsões 2. Exame Físico - Estigmas sindrômicos - Oleosidade da pele, acne - Presença de odor e pelos axilares - Exame antropométrico e VC - Palpação tireoide e do abdome - Manchas na pele - Classificação de Tanner - Púbere masculino: Volume testicular > 4 ml ou maior diâmetro > 2,5 cm - Púbere feminino: Broto mamário 3. Avaliação Inicial - Meninas < 8 anos - Meninos < 9 anos - Diferenciar entre PPC x PPP: . PPC: sequência e o ritmo com padrão habitual, apenas iniciando precocemente . PPP: mais propensos a apresentar desvios da sequência e/ou do ritmo normal da puberdade; volume testicular é geralmente reduzido para o desenvolvimento peniano OBS: Confirmada a PP, iniciar uma investigação mais aprofundada - Qual a causa? Necessário tratar? Qual tratamento? * Diagnóstico Laboratorial - Dosar: LH, FSH e estradiol/testosterona - Atenção especial na avaliação de crianças < 2 anos, pois os valores de gonadotrofinas são normalmente elevados (minipuberdade) 1. LH Basal - Valores > 0,6 U/L (IFMA) OU > 0,3 U/L (ICMA, ECLIA) - imunofluorescência ou quimioluminescencia - É considerado puberal em ambos os sexos - Níveis de LH pré-puberais são observados em 30% dos pacientes com PPC → portanto LH ajuda junto com a clínica, mas sozinho não ajuda em diagnóstico de PPC - Realizar o teste de estímulo com GnRH agudo ou a dosagem de LH 30 a 120 minutos após a primeira aplicação de a- GnRH de ação prolongada. - Concentrações de LH > 6,9 UI/L na menina ou > 9,6 UI/L no menino (IFMA) são indicativas de estimulação do eixo * Exames de Imagem 1. Idade Óssea - Geralmente IO > IC - Significativo: avanço da IO superior a 1 ano ou +2 desvios padrão - Avaliada por comparação com atlas de idade óssea de Greulich & Pyle - Pode ser utilizada para predição da estatura adulta pelo método de Bayley-Pinneau (que não é pela idade óssea) → Pouco preciso (variação de mais ou menos 8cm da altura predita e com tendência a superestimar a altura final) Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 77 2. US Pélvico em Meninas - afasta causas periféricas e vê se tem estimulo ou não - Avaliar morfologia: volume uterino e ovariano → dados significativos para PPC: . Volume ovariano >2cm³ . Volume uterino > 2ml . Comprimento uterino > 3,5cm e relação corpo/colo ≥ 1 - Cistos e tumores - Diagnóstico diferencial de PPP X PPC 3. US Bolsa Escrotal em Meninos - Se assimetria testicular: avaliar tumores - uma assimetria importante como T4 e T8, não tipo um está T3 e outro T4 4. RNM Hipotálamo – Hipófise - Após a confirmação laboratorial de PPC, está indicada a avaliação anatômica do SNC em todos os pacientes, sendo realizada preferencialmente pela RMN. - importante fazer para avaliação, pois esse paciente se for positivo pode ter outras alterações hormonais - TC de crânio poderá identificar lesões tumorais do SNC, principalmente as calcificadas, porém com baixa sensibilidade para detecção de pequenos hamartomas (mas a ressonância é melhor) * Estudos Moleculares - Em todos os pacientes com PPC idiopática, com ou sem antecedentes familiares - acaba-se não fazendo, pois é difícil de conseguir fazer, ruim de encontrar na clínica e são muito caros → Tratamento * Objetivos - Detectar e tratar as lesões expansivas intracranianas - Interromper a maturação sexual até a idade normal - Promover a regressão ou estabilização dos caracteres sexuais secundários - Desacelerar a maturação esquelética - Preservar o potencial de estatura normal (dentro do intervalo da estatura alvo) - Prevenir os problemas emocionais da criança - Aliviar a ansiedade dos pais - Reduzir o risco de abuso sexual e o início precoce da atividade sexual - Prevenir a ocorrência de gestação em idade precoce - Preservar a fertilidade - Diminuir o risco de câncer de mama e endométrio * Quando Tratar? - A decisão depende: . idade da criança (se veio antes dos 8 anos é indicado tratamento, já acima de 9 anos a tendência é já não tratar mais) . taxa de progressão da puberdade . velocidade de crescimento . altura adulta estimada (a partir do avanço da IO) * Indicações para Bloqueio Puberal - Puberdade precoce progressiva de qualquer etiologia - Desenvolvimento puberal acelerado - Potencial de altura final inadequada: Altura final prevista abaixo do P2,5, Previsão de estatura final abaixo do alvo (±8,5cm), DP da estatura para a IO de -2, Perda do potencial de estatura durante o seguimento - Alterações psicossociais como distúrbios comportamentais - Imaturidade emocional - Retardo mental - Indicação por condições psicossociais deve ser cuidadosamente avaliada * Análogos do GnRH (a-GnRH) - É o tratamento de escolha da PPC - Atuam na hipófise anterior, ligando-se aos receptores de GnRH de forma competitiva ao GnRH endógeno e promovem a dessensibilização e redução no número de receptores de GnRH (down-regulation) → impede os pulsos de GnRH e impede o estimulo para LH e FSH, bloqueando a puberdade - Inicialmente provocam um estímulo na síntese e secreção de gonadotrofinas (LH e FSH) - Sua administração crônica leva à supressão da produção de LH e FSH → supressão da produção dos esteroides sexuais pelas gônadas 1. Agonistas do GnRH de liberação lenta (depot) Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 78 * Monitorização do Tratamento da PPC - Bloqueio puberal adequado: Clínico → Estabilização ou regressão dos caracteres sexuais secundários, Diminuição da velocidade de crescimento (coloca em velocidade de pré- puberdade), Melhora da previsão de estatura final - Avaliação Clínica: 3 - 6 meses, verificando altura, peso, VC e caracteres sexuais - Idade óssea: 6 - 12 meses - Avaliação Laboratorial: LH em níveis pré- puberais (nem sempre obtido), E/T na faixa pré- puberal, Dosagem e LH 2hrs após uso de agonistas de GnRH inferior a 4mUI/ml * Efeitos Colaterais - Costuma ser bem tolerados - Reação alérgica local (5-10% dos casos) - Cefaleia - Sangramento vaginal após a primeira dose do a- GnRH - Náuseas, dor abdominal Sintomas vasomotores devido ao hipoestrogenismo, Hiperprolactinemia - Podem ser de intensidade leve a severa * Quando Suspender o Tratamento - Idade adequada, Adequação psicossocial em começar a puberdade, Desejo do paciente (cansa de fazer injeção), Idade óssea - Na menina, IO de 12,5 anos indica o melhor momento de suspensão para alcançar uma estatura final normal, dentro do potencial genético (menino IO 13-13,5 anos) - Alguns estudos sugerem que a suspensão do tratamento com IC de 11 anos e IO de 12 anos tem sido associada a melhor resultado na estatura final Na prática → saber e entender que tem que examinar a criança corretamente, exame de genitália é essencial para o diagnóstico da criança assim como o resto do exame físico; Sinais de alerta para encaminhamento ao endocrinologista pediátrico → aparecimento de mama nas meninas próximo aos 8 ano, aumento de volume testicular acima de 4 cm3 também é indicação, adrenarca precoce com bastante pelos; Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 79 15 Imunizações Imunização e Conceitos - Imunizar: “Tornar NÃO suscetível a uma determinada doença” - Vacina: produto farmacológico que contém agentes imunizantes capazes de induzir a imunização ativa. * Imunização Ativa - recebe-se estímulos que faz o organismo produzir anticorpos - ativa memória imunológica - Modo Natural: resposta imunológica com a produção de anticorpos específicos por infecção natural (pego a doença e desenvolvo anticorpos). - Modo Artificial: a partir de administração de vacinas que estimulam a produção de anticorpos específicos (recebo a vacina com um componente do causador de alguma doença). * Imunização Passiva - recebe-se os anticorpos prontos - imediata, porém transitória. Não ativa células de memória. - Via Natural: amamentação ou passada durante a gestação (maioria dos anticorpos IgG passados funciona até os 6 meses, depois disso o bebê tem que produzir os próprios anticorpos). - Via Artificial: administração de soros, imunoglobulinas, anticorpos → É utilizada quando não se pode aguardar a produção de anticorpos em quantidade adequada. *Resposta imune inata: já nascemos com ela *Resposta imune adaptativa: depende do contato com a doença para criar os anticorpos; adaptação do sistema imunológico a reagir mais rápido e de maneira eficaz - BCG: recebe ao nascer, vacina atenuada (é melhor do que as que tem fragmentos) - vacinas inativadas: problema com paciente imunodeprimido ou contato com Imunodeprimidos - pólio inativada: a criança recebe essa antes de receber a oral, pois a oral é expelida pela criança (imunidade de rebanho) e pode ocorrer conversão do vírus inativado em vírus selvagem; - pentavalente: difteria, tétano, coqueluche, haemophylus influenzae, hepatite B; está no programa nacional de vacinação; - oportunidade vacinal: por isso se dá várias vacinas tudo ao mesmo tempo, pois uma oportunidade de vacinar não deve ser perdida; *Por que vacinar tão cedo? Suscetibilidade a infecções graves -sistema imune imaturo, reduzida capacidade de produzir IgG no 1º ano de vida, resposta ineficaz a antígenos polissacarídeos, resposta inadequada aos antígenos timo-dependentes -influência inibitória dos ac maternos sobre a imunização- até os 6 meses * Vacina conjugada: precisa juntar dois agentes proteicos para induzir a formação de anticorpos *Vacina atenuada: tem um vírus ou bactéria que está enfraquecido- riscode interferência de ac materno, risco de ter a doença *Vacina inativada: nenhum componente da vacina está vivo → Vacinas Atenuadas - vírus/bactérias vivos, porém “fracos” - BCG, Rotavírus , Polio Oral, Tríplice viral, Febre Amarela, Tetraviral, Varicela monovalente. - As demais vacinas do calendário vacinal são consideradas inativadas. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 80 → Calendário Vacinal – 0 a 4 anos - 2, 4 e 6 meses: período que a criança recebe maior quantidade de vacinas e as que geram maior reação - se faz reforço da febre amarela aos 4 anos - coqueluche: a doença é a que mais pode gerar complicações antes do 1 ano, e o bebê demora por volta de 6 meses para gerar anticorpos, por isso tem as vacinas da mãe na gestação (tríplice acelular) - pentavalente: é a que mais dá reação, pelo componente pertussis, pode gerar febre, dor local, irritabilidade; - rotavírus: gera efeitos colaterais como eventos gastrointestinais, diarreia, cólica; faz imunidade de mucosa, pois a criança se infecta por agentes ingeridos, assim gera maior proteção; - aos 6 meses: recebe a dose zero de sarampo a partir de 2019, pelo aumento dos casos → Calendário Vacinal do Adolescente - vacinas de complementação - HPV é o único tipo de câncer que pode se prevenir com vacina, e quanto à idade se dá cedo para ter melhores níveis de anticorpos e a chance de contato é baixa → Calendários SBIM e SBP - tem algumas diferenças em relação ao programa nacional de imunizações - hepatite A: sugere-se dar uma segunda dose - meningite ACWY em vez da meningite C (pois tem 4 sorotipos) - meningocócica B Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 81 - pneumo 13 em vez da pneumo10: normalmente indicada em crianças que tem problemas de vias aéreas - pneumo 23: crianças que tenham problemas cardíacos ou pulmonares, crianças esplenectomizadas; funciona em crianças acima de 2 anos e adultos; → Calendário de vacinação do prematuro - BCG: só pode receber quando tiver 2kg, pois é aquela que fica a marquinha no braço, tem que fazer reação local para estimular produção de anticorpos; essa reação pode levar até 12 semanas para se resolver; estudos mostraram que mesmo sem a marquinha, os anticorpos gerados são suficientes, por isso hoje não se indica mais a revacinação se a criança não fez a marquinha; importante → ela não protege contra tuberculose pulmonar, mas sim contra os casos invasivos de TB, como meningite; - palivizumabe: é um soro, imunização passiva; protege contra o vírus sincicial respiratório, que causa bronquiolite em crianças susceptíveis abaixo de dois anos, como prematuro que teve lesão pulmonar, cardiopata; indica-se o uso durante as estações frias do ano (recebem de 4 a 5 doses – 1 dose mensal); → Vias de Administração - Intradérmica: BCG (precisa da reação local para desenvolver imunidade celular e humoral) - Subcutânea: Triviral, Febre Amarela, Tetraviral e Varicela monovalente (porque são mais doloridas) - Intramuscular: Hepatite B, penta, pneumo10, Polio inativada, meningo, Hepatite A, HPV, Influenza, DTP, Dupla Adulto (dt), DTPa adulto. - Oral: Polio oral e Rotavírus (induz anticorpo sérico e imunidade de mucosa com IgA) → Intervalos entre Vacinas - 2 vacinas inativadas → Inativado/Inativado: não precisa de intervalo - 2 vacinas inativadas → Atenuado/Inativado: não precisa de intervalo - 2 vacinas atenuadas → Atenuado/Atenuado: intervalo mínimo de 15 dias (em caso de situações de alto risco, como um surto), mas o intervalo ideal é de 30 dias (na maioria dos casos); problema maior são as de via sistêmica, as de via oral é tranquilo; - Caso o esquema básico de vacinação seja interrompido, continuamos o esquema respeitando a idade da criança; não precisa reiniciar → Vacinação simultânea - Conceito: É a aplicação de 2 ou mais vacinas em diferentes sítios anatômicos. - Não intensifica a ocorrência de eventos adversos pós-vacinais e não prejudica a resposta imunológica. - As vacinas podem ser administradas simultaneamente , exceto a vacina febre amarela e tríplice viral em crianças menores de 2 anos. Neste caso, estas vacinas devem ser administradas com intervalo mínimo de 30 dias. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 82 → Motivos para Adiar Vacinação - Presença de febre moderada a grave - Uso de corticóide: superior a 2 semanas com dose maior ou igual a 2mg/kg/dia em crianças com peso menor de 10 kg ou acima de 20mg/dia em crianças com peso acima de 10kg e adultos – aguardar 1 mês após o término da corticoterapia. → Intervalo entre Hemotransfusão e Vacinas Atenuadas Injetáveis - ex: quando a criança vai ser vacinada mas vai também fazer, por exemplo, uma cirurgia cardíaca com necessidade de circulação extracorpórea → Uso de Antitérmico Profilático - O uso de antitérmico profilático não deve ser recomendado de rotina - dar antitérmico antes de dar a vacina (para diminuir as reações) pode prejudicar a taxa de formação de anticorpos dependendo do tipo de antitérmico e da vacina administrada - Utilizar somente para tratamento de reações febris (somente depois de tomar a vacina, se tiver alguma reação): principalmente paracetamol - principalmente para a pentavalente (que gera muita reação, febre, irritação local, irritabilidade) - a pneumocócica é a que mais se prejudica se der antitérmico antes → Falsas Contraindicações de Vacinas - IVAS, rinite, asma - Desnutrição - Diarreia leve a moderada: se for diarreia grave, o ideal é aguardar, pois pode alterar a formação de anticorpos - Prematuridade/baixo peso (exceto BCG – a partir de 2kg) - Corticoide inalado, corticoide sistêmico menos de 1 semana de uso, corticoide de uso prolongado em dose baixa: corticoide só dá problema com a vacina se for em dose imunossupressora - Reação local a dose anterior - Doenças de pele: o que se faz é não dar a vacina na lesão em si - História familiar de convulsão: existe esse mito por conta de uma possível convulsão febril pós pentavalente, mas não tem nada a ver com histórico familiar de convulsão, não interfere em nada - Uso de antibióticos: não é contraindicação absoluta, mas como a criança está tomando ATB, é por que ela está com alguma infecção, se sabe que a mãe vai voltar para a atenção básica em alguns dias, nesse caso até pode liberar, mas não há necessidade; - Alergias não relacionadas a componentes da vacina: a não ser anafilaxias, alergias muito graves; - Aleitamento Materno (exceto febre amarela) Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 83 → Alergia ao Ovo e Vacinas - alergias a vacinas, para ser contraindicado ou testado, tem que ser um efeito colateral grave, tipo anafilaxia, choque anafilático, edema de glote relacionado a um componente; * Febre Amarela - existe um protocolo de administrar uma microdose para teste alérgico - mas independente de ser alérgico ou não, tem que ficar 30min em observação no local que foi dado a vacina 1) Deve-se realizar um teste alérgico com a própria vacina. 2) Se o teste alérgico for negativo, aplicar a vacina normalmente. 3) Se o teste alérgico for positivo, dividir a vacina em 2 aplicações. Primeiro aplica-se em torno de 30% da dose. Na ausência de sintomas, o restante da dose é aplicado 30 minutos após a primeira dose. 4) Paciente deve ficar em observação por 30 a 60 minutos após a última aplicação. * Gripe - O paciente deve ficar em observação por 30 a 60 minutos após a aplicação, antes de ser liberado para casa. - não énecessário fazer teste, só observação, pois mesmo com evento alérgico, a vantagem da vacinação é maior que o evento da alergia * Tríplice Viral - A vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) já não contém mais a proteína do ovo e pode ser aplicada tranquilamente sem nenhum problema. → APLV e Vacina Tríplice Viral - criança que tenha alergia ao leite de vaca para tomar a tríplice viral - Problema somente com a vacina de um laboratório → Serum Institute of India Ltd. (pois um artigo relacionou que a vacina desse laboratório teria fragmentos de leite) → Contraindicações Reais à Vacina com Vírus Vivo Atenuado - Gravidez: alto risco de teratogênese - Câncer - Quimio ou radioterapia - Altas doses de corticoide sistêmico por mais de 15 dias: caracteriza atividade imunossupressora - Contactuante domiciliar de imunodeprimido: contraindicação de vacinas orais (rotavírus o pólio oral, pela imunidade de rebanho, criança expele o antígeno pelas fezes ou boca), vacina sistêmica não tem problema; Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 84 6meses retirar VTV Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 85 16 Diarreias e desidratação Introdução - Diarreia aguda é um problema importante na prática pediátrica - importante, além de perguntar se tem diarreia, tentar caracterizar o quadro do paciente, pois ele pode não entender o significado da palavra - não usar o termo virose: paciente tem como termo pejorativo, preferir usar termos como infecção de intestino por vírus ou bactéria, infecção intestinal, diarreia infecciosa aguda, gastroenterite - Bilhões de casos de diarreia por ano, principalmente em menores de 2 anos - 1,5 milhão de óbitos/ano Definição de Diarreia - Presença de 3 ou mais evacuações de fezes amolecidas ou líquidas em 24h - Evacuações mais frequentes que o padrão de evacuação normal para o indivíduo - Redução da consistência habitual das fezes (as fezes anteriores tem que ser mais consistentes) - cuidado: o conceito é variável, avaliar o contexto e relativizar - Então o bebe em aleitamento materno passa os seis primeiros meses de vida com diarreia? → lactente em aleitamento materno exclusivo ou predominante pode evacuar várias vezes ao dia (7x/dia) até 1x a cada 7 dias Classificação da diarreia Diarreia Aguda - Diarreia de início súbito, frequentemente autolimitada, com duração inferior a 14 dias e de etiologia geralmente infecciosa; - acima de 14 dias é persistente e mais que 30 dias crônicas - aumento no volume e/ou na frequência de evacuações com consequente aumento das perdas de água e eletrólitos Diarreia Aguda Aquosa - Duração de até 14 dias, sendo um quadro autolimitado - Perda de grande volume de fluidos: risco de desidratação - Desequilíbrio entre absorção e secreção de líquidos e eletrólitos - Etiologia: bactérias e vírus -> na maior parte das vezes causada por vírus - Fezes claras, amareladas 1. Diarreia Osmótica -> perda da borda em escova * E. coli enteropatogênica (EPEC) -adesão no enterócito -> lesão ultraestruturais (perda da anatomia da borda em escova) -> diminuição da área absortiva Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 86 -com a perda da borda em escova -> lesão das microvilosidades -> aqui tem as dissacaridases (lactase) -> menor absorção de carboidratos -> carboidratos na luz provoca o fluxo de água e íons da mucosa para o lúmen intestinal -como os carbo não foram quebrados -> chegam no cólon não digeridos e são fermentados -> forma os ác graxos de cadeia curta e os gases - resultado: volume fecal grande, pH ácido e subst. Redutoras (carbo não digeridos em excesso) - Lesão com perda da capacidade absortiva; - algum motivo causa uma liberação maior de soluto (ex: doce, carboidrato) no lúmen intestinal, que puxa líquido por osmose; - Regeneração de enterócitos necessita de alimentação → tem que alimentar a criança mesmo com diarreia, pois senão vai levar mais tempo para regenerar; - exemplo: diarreia da intolerância à lactose pós infecção viral → redução da lactase → aumento de lactose → afluxo de água e eletrólitos para a luz intestinal e metabolização bacteriana no intestino grosso por conta do açúcar (partículas menores, ácidos orgânicos e gases) → gera diarreia com eritema perianal e excesso de gases 2. Diarreia Secretora- Vibrio chollerar, E. coli enterotoxigênica- Copiar slide - toxinas bacterianas (ex: cólera) acionam canais de trocas de líquido/soluto do intestino e ocorre eliminação excessiva de líquidos -perda de grandes volumes de água e eletrólitos nas fezes Diarreia Aguda com Sangue (Disenteria) - Presença de sangue nas fezes (pode ter muco associado pelo movimento de leucócitos). O sangue ocorre devido lesão da mucosa intestinal - Representa lesão da mucosa intestinal (se tem sangue tem lesão) - Risco de infecção sistêmica e complicações (como desidratação) - Principal etiologia: bactérias do gênero Shiguella (pode causar a síndrome hemolítico-urêmica) e E. coli enteroinvasiva -invasão das cél epiteliais do cólon -> alteração a função do enterócito e matam ele -> forma úlceras, inflamação e microabcessos -> Diarreia + sangue+ muco - DD: APLV- tem diarreia com sangue e muco, mas não tem febre, pois não tem inflamação Diarreia Persistente - Diarreia de início agudo e etiologia presumivelmente infecciosa, de duração igual ou superior a 14 dias • Altas taxas de morbidade e mortalidade em lactentes. • 5-18% dos episódios diarreicos agudos em menores de 5 anos tornam-se persistentes. • Alterações estruturais e funcionais da mucosa intes3nal: facilitam absorção de macromoléculas com anYgenos heterólogos e consequente surgimento de alergia alimentar (proteína do leite de vaca e soja). Geralmente associada a alteração de crescimento e desenvolvimento infantil. ela não começa persistente, ela era aguda e continuou, virando persistente Além de levar a desidratação, leva também a desnutrição • Redução das microvilosidades: deficiência das dissacaridases com comprometimento dos mecanismos de absorção dos monossacarídeos. • Supercrescimento bacteriano nas porções superiores do intestino delgado. • Deficiência de micronutrientes (zinco e vitamina A): relacionada ao prolongamento e agravamento dos episódios diarreicos. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 87 Vias de Transmissão - Infecciosa: via fecal-oral, ingestão de água/alimentos/objetos contaminados por material fecal que contém os microorganismos patogênicos - Transmissão pessoa-pessoa: infecção individual e surtos] - Crianças de creches, escolas, alimentos preparados sem higiene ou mal conservados Como acontece? Fisiopatologia - Microorganismo atravessa barreiras de defesa do TGI (acidez gástrica, muco, peristaltismo- por isso não usamos medicações inibidoras do peristaltismo pois vai aumentar a colonização, microbiota intestinal, imunidade local, imunidade sistêmica) → Colonizam intestino → Distúrbios de movimento de água, eletrólitos e nutrientes (troca de líquidos entre luz e mucosa/plexo vascular) - na diarreia, perde-se água, eletrólitos e nutrientes → importante lembrar que o tratamento tem que envolver todos esses componentes - uso de IBP: reduz a acidez gástrica e facilita a entrada de bactérias mais sensíveis no estômago Quais são esses microrganismos? Bactérias • E. coli enteropatogênica clássica• E. coli enterotoxigênica • E. coli enterohemorrágica • E. coli enteroinvasiva • E. coli enteroagrega3va • Aeromonas, Pleisiomonas, Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, Vibrio cholerae, Yersinia. • Imunocomprome3dos ou an3bio3coterapia prolongada: Klebsiella, Pseudomonas, Aereobacter, C. difficile, Cryptosporidium, Isosopora, VIH. Vírus: rotavírus, coronavírus, adenovírus (importante e bastante frequente, “doença do pouquinho”, associada a dor abdominal, faringite e conjuntivite viral), calicivírus (norovírus), astrovírus - Parasitas: Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Cryptosporidium, Isospora - Fungos: Candida albicans Particularidades * E. coli enterro-hemorrágica: não invasiva -disenteria através de uma toxina -gera síndrome hemolítico-urêmica: ureia elevada, pós inflamação pelas toxinas liberadas -> alteração renal * Também Lembrar – Causas Não Infecciosas de Diarreia - Alergia ao leite de vaca: bastante frequente, paciente nunca consumiu leite de vaca e após consumir apresentou sintomas, ou que iniciou formula e começou com sangue nas fezes, história de atopia, asma, rinite, paciente com refluxo que chora muito e não ganha peso; - Deficiência de lactase - Apendicite aguda: diarreia pode ser sintoma inicial Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 88 - Uso de laxantes e antibióticos (lembrar da diarreia associada ao clostridium) - Intoxicação por metais pesados (ex: chumbo) - Invaginação intestinal (disenteria aguda): paciente com dor intensa, fezes com sangue, paciente bem jovem * Pacientes Imunocomprometidos - Pacientes com câncer, AIDS, antibioticoterapia prolongada - Lembrar de: Klebsiella, Aereobacter, Pseudômonas, Clostridium difficile, Cryptosporidium, Isospora, HIV * Antibioticoterapia - Clostridium difficile → diarreia associada aos antibióticos - Induz colite pseudomembranosa → alteração da mucosa diarreia com sangue pós uso de ATB Diarreia aguda por vírus - ocorre por um mecanismo osmótico- não tem sangue nem muco- grande volume, várias evacuações • Rotavirus • Adenovírus entérico • Calicivírus (norovírus e sapovírus) • Astrovírus • Citomegalovírus • Covid-19 * Rotavírus: Primeira infecção geralmente é mais grave e as infecções subsequentes podem ser assintomáticas. Brasil: Rotavirus é a principal causa em crianças 13 a 40% dos pacientes com diarreia aguda (ambulatoriais e hospitalizados) Primeira infecção geralmente é mais grave e as infecções subsequentes podem ser assintomáticas. 80-90% das crianças apresentam anUcorpo contra rotavírus após os 2 anos de idade. - Diarreia osmótica: os vírus penetram nos enterócitos -> multiplicam -> alteração funcional do epitélio - importante alimentar a criança mesmo com a diarreia -> a alimentação estimula os enterócitos a se regenerarem -> geralmente começa com febre. * COVID-19 • SARS-CoV-2 é um β-coronavírus envelopado que possui genoma RNA. • O envolvimento do sistema digestório podem preceder as manifestações respiratórias em até 10% dos pacientes acomeHdos. • A manifestação gastrintesHnal mais comumente relatada na COVID-19 é a diarreia, seguida por dor abdominal, náuseas e vômitos. • Algumas evidências apontam que a infecção pelo SARS-CoV-2 incita uma resposta inflamatória intestinal (diarreia e aumento de calprotec4na fecal), além de uma resposta sistêmica (aumento de interleucina-6). • A carga viral necessária para a transmissão fecal-oral, ainda não é conhecida, mas o RNA do SARS-CoV-2 pode ser detectado nas fezes de pacientes assintomá4cos ou com diarreia prévia. Diagnóstico Anamnese - Duração da diarreia, número diário das evacuações, presença de sangue nas fezes, número de episódios de vômitos (pensar na hidratação), febre, outras manifestações clínicas (ex: queda do estado geral), alimentação prévia e vigente, outros casos de diarreia (em casa, na escola), oferta e consumo de líquidos, uso de medicações, histórico de imunizações (ex: rotavírus), diurese e peso recente (relatado ou registro na caderneta de saúde) - A investigação da etiologia da diarreia aguda não é obrigatória em todos os casos. Deve ser realizada nos casos graves e nos pacientes hospitalizados * Identificar Pacientes com Maior Risco de Complicações - Idade < 2 anos - Doença de base: diabetes, insuficiência renal, insuficiência hepática, cardiopatas, pacientes imunocomprometidos → sempre lembrar de perguntar - Vômitos persistentes Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 89 - Perdas diarreicas volumosas e frequentes (mais de 8 episódios diários) - Percepção dos pais de sinal de desidratação - Queda do estado geral * Exame Físico - Estado de hidratação - Estado nutricional - Estado de alerta: ativo, irritável, letárgico, etc - Capacidade de beber líquido - Diurese 1. Percentual de Perda de Peso - considerado o melhor indicador de desidratação - Até 5%: desidratação leve - Entre 5 a 10%: desidratação moderada - Acima de 10%: desidratação grave * Investigação Laboratorial - Casos graves - Pacientes hospitalizados - Diagnóstico laboratorial é limitado - PCR multiplex em desenvolvimento: seriam vários exames numa triagem só para identificar vírus * Exames Laboratoriais - Cultura de fezes: diagnóstico de bactéria - Parasitológico de fezes: diagnóstico de parasitas - Giárdia: ELISA - Vírus: pesquisa de rotavírus (ELISA) - Suspeita de Clostridium difficile: solicitar pesquisa de toxinas A e B nas fezes - pH fecal (baixo) e substancias redutoras (presentes – carboidratos não digeridos): diarreia osmótica - Leucócitos fecais (presença de): reação inflamatória do intestino grosso ao agente invasor (colite, disenteria) OBS: na prática, não se pede exames, pedir quando diarreia persistente, diarreia aguda com características de gravidade ou paciente com sangue/muco nas fezes Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 90 Conduta na Diarreia Aguda - A avaliação do estado de desidratação determina a conduta do paciente - Paciente com diarreia e hidratado: plano A - Paciente com diarreia e algum grau de desidratação: plano B - Paciente com diarreia e desidratação grave: plano C OBS: Para avaliar o enchimento capilar, a mão da criança deve ser mantida fechada e comprimida por 15 segundos. Abrir a mão da criança e observar o tempo no qual a coloração da palma da mão volta ao normal Avaliação do estado de hidratação para crianças com doença diarreia Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 91 PLANO A - TERAPIA DE REIDRATAÇÃO ORAL DOMICILIAR - Explique ao paciente ou acompanhante para fazer no domicílio: 1. Oferecer mais líquido que o habitual para prevenir desidratação: paciente deve tomar líquidos caseiros (água de arroz, soro caseiro, chá, suco e sopas) ou solução de reidratação oral após cada evacuação diarreica. Não utilizar refrigerantes e não adoçar o chá ou suco. 2. Manter a alimentação habitual para prevenir desnutrição: Continuar o aleitamento materno. Manter a alimentação habitual para as crianças e os adultos. 3. Se não houver melhora em dois dias ou se apresentar sinais de perigo, levá-lo ao serviço de saúde. 4. Orientações: Reconhecer sinais de desidratação (mucosa e olhos secos, olhar fundo, diminuição de urina, se o bebê está “caidinho”). Preparar e administrar a soluçãode reidratação oral. Praticar medidas de higiene pessoal/domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e higienização dos alimentos). 5. Zinco: uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias → Até seis meses de idade: 10 mg/dia. Maiores de seis meses de idade: 20 mg/dia. OBS: Sinais de alerta: piora da diarreia, vômitos repetidos, muita sede, recusa de alimentos, sangue nas fezes, diminuição da diurese → importante usar na rotina, anotar e orientar os pais 1. Quantidade de líquidos que devem ser administrados/ingeridos após cada evacuação diarreica - Menores de 1 ano: 50-100mL - 1 a 10 anos: 100-200mL - Maiores de 10 anos: quantidade que o paciente aceitar PLANO B - TRO NA UNIDADE DE SAÚDE 1) Administrar solução de reidratação oral (SRO): A quantidade de solução ingerida dependerá da sede do paciente. A SRO deverá ser administrada continuamente, até que desapareçam os sinais de desidratação. Apenas como orientação inicial, o paciente deverá receber de 50 a 100mL/kg para ser administrado no período de 4-6 horas. 2) Reavaliar o estado de hidratação do paciente durante a reidratação: . Melhora (desaparecerem os sinais de desidratação): retomar o PLANO A . Persiste desidratado: considerar sonda nasogástrica . Piora (se evoluir para desidratação grave): PLANO C 3) Orientar durante a permanência no serviço de saúde: Reconhecer sinais de desidratação. Preparar e administrar a solução de reidratação oral. Praticar medidas de higiene pessoal/domiciliar. OBS: Considera-se fracasso da reidratação oral se as dejeções aumentam, se ocorrem vômitos incoercíveis, ou se a desidratação evolui para grave. Nesta fase deve-se iniciar a suplementação de zinco. PLANO C - HIDRATAÇÃO PARENTERAL HOSPITALAR - Em geral, o paciente deve ser mantido no serviço de saúde, em hidratação parenteral de manutenção, até que tenha condições de se alimentar e receber líquidos por via oral na quantidade adequada. - As indicações para reidratação venosa são: desidratação grave, contraindicação de hidratação oral (íleo paralítico, abdômen agudo, alteração do estado de consciência ou convulsões), choque hipovolêmico. 1) Conseguir punção de veia calibrosa: podem ser necessários 2 acessos venosos (em caso de choque hipovolêmico), e considerar punção intraóssea se não conseguir acesso venoso; 2) Critérios de internação hospitalar: choque hipovolêmico, desidratação grave, manifestações neurológicas (letargia, convulsão), vômitos biliosos ou de difícil controle, falha na terapia de reidratação oral, suspeita de doença cirúrgica; 1. Fase Rápida (Expansão) a) Menores de 5 anos - SF 0,9%: iniciar com 20mL/kg em 30 minutos. Repetir essa quantidade até que a criança esteja Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 92 hidratada, reavaliando os sinais clínicos após cada fase de expansão administrada. - RN e cardiopatas: iniciar com 10mL/kg em 30 minutos (volume menor para não dar sobrecarga cardíaca aguda) b) Maiores de 5 anos - 1º: SF a 0,9% 30mL/kg em 30 minutos. - 2°: Ringer Lactato 70mL/kg em 2h30min. 2. Fase de Manutenção e Reposição a) Manutenção - Iniciar com Soro Glicosado a 5% + Soro Fisiológico a 0,9% na proporção de 4:1 - Volume Corrido em 24h - Peso até 10kg: 100mL/kg - Peso 10-20kg: 1000mL + 50mL/kg de peso que exceder 10kg - Peso acima de 20kg: 1500mL + 20mL/kg de peso que exceder 20kg - Acrescentar KCl 10%: 2mL para cada 100mL da solução da fase de manutenção ou KCl 19,1% 1mL para cada 100mL - é para manter a hidratação basal do paciente b) Reposição - Soro Glicosado a 5% + Soro Fisiológico a 0,9% na proporção de 1:1, iniciando com 50mL/kg/dia. Reavaliar quantidade de acordo com as perdas do paciente. - vai de acordo com cada perda do paciente → estima-se a perda do paciente pelo peso da frauda ou pelo vômito e faz uma média de quanto ele perdeu AVALIAR O PACIENTE CONTINUAMENTE. SE NÃO HOUVER MELHORA DA DESIDRATAÇÃO, AUMENTAR A VELOCIDADE DE INFUSÃO - Quando o paciente puder beber, geralmente 2 a 3 horas após o início da reidratação venosa, iniciar a reidratação por via oral com SRO, mantendo a reidratação venosa. - Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente puder ingerir SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado. A quantidade de SRO necessária varia de um paciente para outro, dependendo do volume das evacuações. - Lembrar que a quantidade de SRO a ser ingerida deve ser maior nas primeiras 24 horas de tratamento. - Observar o paciente por pelo menos seis (6) horas. OS PACIENTES QUE ESTIVEREM SENDO REIDRATADOS POR VIA ENDOVENOSA DEVEM PERMANECER NA UNIDADE DE SAÚDE ATÉ QUE ESTEJAM HIDRATADOS E CONSEGUINDO MANTER A HIDRATAÇÃO POR VIA ORAL. → Orientações Gerais sobre o Tratamento - Dieta: manter dieta habitual enquanto diarreia aguda, mas cuidar para que as necessidades energéticas sejam plenamente atendidas. Evitar alimentos muito laxativos. - Lactose: Na diarreia aguda, não há recomendação de fórmula sem lactose para lactentes tratados ambulatorialmente com diarreia aguda. Entretanto, para os pacientes hospitalizados com diarreia aguda e nos com diarreia persistente tratados no hospital ou ambulatorialmente, há vantagens na prescrição de fórmula sem lactose - Correção da desidratação: oferecer SRO e líquidos em pequena quantidade, com colher, de forma contínua - Antibioticoterapia em casos específicos: disenteria, diarreia complicada com antibiograma positivo - Não usar antidiarreico e evitar antiemético - Aleitamento materno: mantido e incentivado, inclusive aumentar frequência. → Terapia de Reidratação Oral - O princípio fisiológico da eficácia vincula-se ao fato de que a via de transporte ativo, acoplada de sódio-glicose-água pelo enterócito está preservada na diarreia aguda, independentemente da etiologia. - Solução oral de baixa osmolaridade (OMS, 2002): Osmolaridade de 245mmoL/L → Glicose 75 / Sódio 75 / Potássio 20 / Cloro 65 / Citrato 10 → valores em mmoL/L - Soro caseiro (mistura de sal + açúcar + água): não contém citrato (para gerar bicarbonato) e Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 93 potássio, e a glicose é substituída por sacarose → problemas na composição final das soluções preparadas no domicílio. Os problemas são menos frequentes quando se utiliza a colher medida com dupla-concha, específica para o preparo do soro caseiro - A utilização dos soros de reidratação oral pode ser feita com dois objetivos: a) Reposição de perdas para prevenir a desidratação no paciente com diarreia (Plano A) e b) Reversão da desidratação, ou fase de reparação, para o paciente com desidratação por diarreia (Plano B). → Zinco - Faz parte da estrutura de enzimas, importante no crescimento celular, atua no sistema imunológico. - Reduz duração da diarreia e ocorrência de novos episódios nos 3 meses subsequentes. • Apresentação 2mg/0,5ml • 1x/dia por 10-14 dias - Deve ser usado em menores de 5 anos, por 10 a 14 dias, com posologia: . Até 6 meses de idade: 10mg/dia. . Maiores de 6 meses: 20mg/dia. → Vitamina A - Deve ser administrada em população de risco de deficiência de vitamina A - Reduz hospitalização e mortalidade por diarreia - Zonas mais carentes (Norte e Nordeste) - aqui na região não é muito comum → Antibióticos - Na grande maioria das vezes os antibióticos não são empregados no tratamento da diarreia aguda, pois os episódios são autolimitados e grande parte se deve a agentes virais. - Indicação: disenteria, cólera, infeção aguda por Giárdia lamblia ou Entemoeba hystolitica, imunossuprimidos, pacientes com anemia falciforme, portadores de prótese e nas crianças com sinais de sepse.- Nos casos de disenteria, está indicado quando paciente apresentar febre + queda do estado geral. - Coletar amostra de fezes antes de iniciar o antibiótico, se possível. - Principal indicação: Shigella. - Outros agentes que podem necessitar de ATB: E. coli enteroinvasiva, Yersinia, V. Chorelae, C. difficille, Salmonela não tifoide. - AZITROMICINA 10 a 12mg/kg no primeiro dia e 5 a 6mg/kg por mais 4 dias VO – mais usado - CIPROFLOXACINO 15mg/kg 2x ao dia por 3 dias – tem que manipular - CEFTRIAXONA 50-100mg/kg/dia, 1x ao dia por 3 a 5 dias EV (casos hospitalizados) → Antieméticos- apenas se vômitos frequentes - Não devem ser utilizados no tratamento da diarreia aguda (segundo a OMS) → teoricamente, mas na prática, se usa sim, existem situações nas quais são necessários; - ESPGHAM considera que a ondansetrona reduz frequência de vômitos, reduz necessidade de hidratação parenteral e reduz internação hospitalar - Diretriz Íbero-Latinoamericana recomenda a ondansetrona para pacientes com diarreia aguda e vômitos frequentes. - A dose de ondasentrona é de 0,1mg/kg (0,15- 0,3/kg), até o máximo de 4 mg por via oral ou intravenosa. • comprimidos com 4 mg • ampola com 4mg/2 mL → Probióticos - OMS e MS não mencionam uso de probióticos no tratamento da diarreia aguda - ESPGHAN e diretriz Íbero-Latinoamericana: consideram o uso de determinados probióticos como coadjuvantes. - Não reduzem perdas diarreicas mas podem reduzir o tempo de diarreia (média de 24h) - Cepas como Lactobacillus GG, Saccharomyces boulardii, Lactobacillus reuteri → proporcionam redução de aproximadamente 24 horas na média da duração da diarreia aguda - interessante no paciente que pode comprar essa medicação • Saccharomyces boulardii: 250-750mg/dia (5-7 dias) • Lactobacillus GG: ≥ 1010 CFU/dia (5-7 dias) • Lactobacillus reuteri: 108 a 4 x 108 (5-7 dias) → Racecadotrila - É um inibidor da encefalinase, enzima responsável pela degradação das encefalinas produzidas pelo sistema nervoso entérico. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 94 - Efeito: aumento da função das encefalinas, que por sua vez, reduzem a secreção intestinal de água e eletrólitos que se encontra aumentada nos quadros de diarreia aguda. - ESPGHAN e Diretriz Ibero-Latinoamericana consideram que pode ser usado como coadjuvante. - Efeito: redução das perdas diarreicas e tempo de diarreia. - A dose recomendada é de 1,5mg/kg de peso corporal, três vezes ao dia. É contraindicado para menores de 3 meses Rececadotrila • inibidor encefalinase: reduz secreção de água e eletrólitos • 1,5mg/kg 3x/dia (> 3 meses) • sachês (pó) com 10mg e 30mg ou comprimidos com 100mg Ordem de prioridade → soro , zinco , se não melhorou e tem condições→ probiótico ou racecadotrila → Tratamento da Diarreia Persistente - Considerar fórmula isenta de lactose - Fórmulas parcialmente hidrolisadas ou elementares: em casos mais graves (associação com alergia alimentar) - Nutrição parenteral: na impossibilidade/insuficiência da dieta oral. - Uso rotineiro de antibiótico: não é indicado, exceto com sinais de infeção extraintestinal, fezes com sangue, desnutridos graves e imunodeprimidos. - Paciente desidratado: não recebe comida -> quando estiver hidratado -> pode dar comida - não libera o paciente do hospital até ter uma diurese adequada → Profilaxia - Melhora das condições ambientais - Aleitamento materno - Vacina contra rotavírus * Vacina Oral contra Rotavírus - Monovalente: sorotipo G1P[8] → 2 e 4 meses. - Pentavalente: sorotipos G1P[5], G2P[5], G3P[5], G4P[5] e G6P[8] → 2, 4 e 6 meses. → Considerações Finais - Os princípios fundamentais para o tratamento da diarreia aguda são a terapia de reidratação e a manutenção de alimentação que atenda às necessidades nutricionais do paciente. - Deve ser destacado que apenas o uso do soro de reidratação oral ou parenteral não proporciona nutrição adequada. Por esse motivo, a alimentação deve ser mantida com alimentos de qualidade nas quantidades necessárias. - O médico deve dar recomendações claras à família sobre o tratamento, a alimentação, as medidas de higiene e o saneamento, aproveitando esta oportunidade para educar, além de explicar quais as possíveis complicações e sinais de alarme e como proceder nesta situação. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 95 Casos Diarreia Diag • Diarreia aguda • Erro alimentar • Perda ponderal por desidratação *pulso periférico fino e enchimento 2 segundos ainda é desidratação moderada. TTO da moderada hidratação VO ou sonda gástrica. Causas? 1. Rotavirus 2. Reassistir a aula para terminar Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 96 17. Parasitoses Parasitas Helmintos • Nematelmintos (cilíndricos) • Ascaris lumbricoides • Trichuris trichiura • Necator americanus • Ancylostoma duodenale • Enterobius vermicularis • Strongyloides stercoralis Platelmintos (achatados) •Taenia solium •Taenia saginata •Hymenolepis nana •Diphylobothrium latum Protozoários • Entamoeba histolytica • Giardia intestinalis (Giardia lamblia) • Cryptosporidium hominis, C. parvum • Cystoisospora belli • Microsporidia • Blastocistis hominis • Balantidium coli • Cyclospora cayetanensis • Comensais • Endolimax nana, Entamoeba coli Epidemiologia Parasitoses intestinais são o grupo de doenças mais comum do mundo Ascaridíase é a parasitose mais prevalente 25% da população mundial Aumento com o surgimento do HIV (protozoários emergentes) Problema de Saúde Pública! • Estima-se que até 36% da população brasileira esteja infectada. • Dados gerais (muito heterogêneos) • Geral: 15 a 80% • Lactentes: 15% • Escolares: 23,3% a 66,3% • Poliparasitismo: 15% a 37% Ranking das parasitoses 1. Ascaridíase 2. Tricuríase 3. Ancilostomíase 4. Amebíase 5. Enterobíase 6. Giardíase 7. Estrongiloidíase 8. Teníase Brasil Ascaridíase 16% - 41% Tricuríase 11% - 40% Giardíase 6% - 44% Amebíase 4% - 23% Ancilostomíase 2% - 17% Estrongiloidíase 1% - 9% Enterobíase 2% - 4% Teníase 0,04% - 1,2% Agentes NEMATELMINTOS Ascaris lumbricoides Infecção maciça • Oclusão intestinal • Obstrução de vias biliares Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 97 PLATELMINTOS Complicação → Neurocisticercose Convulsão Hymenolepis nana Trichuris trichiura - fixação em mucosa - Lesão superficial - Ulceração extensa - Prolapso retal Necator americanus Ancylostoma duodenale - Fixação mucosa - Ulceração e Sangramento Enterobius vermicularis (oxiúros) Strongyloides stercoralis Clínica →Hiperinfecção em imunodeprimidos PROTOZOÁRIOS Entamoeba histolytica • patogênica Giardia intestinalis (giardíase) - Adesão à mucosa - Infestação maciça - Dor abdominal e diarreia crônica com má absorção Cryptosporidium parvum Diarreia aguda → Imunocompetente: Não invasivo Autolimitado ➔ Imunodeprimido: Complicações Acometimento respiratório, biliar e pancreático Diarreia persistente difusa Cystoisospora belli Oportunista HIV - Imunocompetente → Diarreia aguda Assintomático - Imunodeprimido → Disseminação Grave Microsporidia (Enterocytozoon bieneusi / Encephalitozoon intestinalis)Disseminado → Rins Pulmões Olhos Diarreia profusa em imunodeprimidos Balantidium coli Imunossupressão e Acloridria → INAVASÃO → ULCERAÇÃO Cyclospora cayetanensis Endolimax nana e Entamoeba coli (comensais) Manifestações clínicas - Sintomas Gastrintestinais - Sintomas Neurológicos - Sintomas Respiratórios - Sintomas Sistêmicos - Sintomas Cutâneos Quadro clínico clássico • Diarreia • Dor abdominal • Distensão abdominal • Desnutrição • Sintomas sistêmicos: anemia, desnutrição, • Grande maioria com poucos sintomas ou sintomas isolados. • Eliminação do parasita Manifestações clínicas específicas - Suboclusão e infestação: Ascaris lumbricoides - Prurido anal: Enterobius vermicularis - Prolapso retal: Trichuris trichiura - Síndromes disabsortivas: Giardia lamblia - Diarreia em paciente com HIV: Cryptosporidium, Cycloisospora Paciente Imunodeprimido: - protozoários oportunistas Sempre patogênicos? Não - Latência longa: tornam-se patogênicos em estado de imunodeficiência - Exemplo prático: uso de corticóide por longo período. • Parasitológico de fezes pré- terapia • Tratamento empírico com antiparasitário - Síndrome de Loeffler: Necator, Ascaris, Strongyloides e Ancylostoma Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 98 Contaminação por larvas→ Pele Mucosa intestinal → Linfático Veias → Alvéolos Pulmonares →Pneumonite - Neurocisticercose: Tenia solium - Abscesso hepático e ameboma: Entamoeba histolytica Luz intestinal Invasão de mucosa Espessamen to de parede Migração para v. mesentéri ca Comensais Úlceras em cólon e ceco Resposta inflamatória proliferativa Fígado: inflamação e necrose Assintomátic os Disenteri a Ameboma Abscesso Entamoeba histolytica Abscesso hepático e ameboma: Entamoeba histolytica Diagnóstico Clínico e laboratorial Específico: • Parasitológico de fezes (vários métodos e técnicas) • 1 coleta a cada 7 dias por 3 semanas. Sorologias: giardíase, neurocisticercose, estrongiloidíase Inespecífico: • Hemograma: eosinofilia (helmintos) • Radiografia: sub-oclusão por áscaris • US abdome: migração errática Parasitológico de fezes: • 3 amostras (pq a eliminação é intermitente) O que busca na análise MO • Fezes diarreica (trofozoítos) • Fezes formadas (cistos) Tratamento • Tratamento específico • Helmintos: Mebendazol, Albendazol • Protozoários: Metronidazol • Amplo espectro: Nitazoxanida • Anemia • Outras deficiências nutricionais Mebendazol • Acima de 1 ano • Repetir após 14-21 dias. • Dose e eficácia • Ascaridíase e ancilostomíase: 100mg 2x/dia (80- 90%) • Tricuríase e enterobíase: 100mg 2x/dia (75%) • Teníase: 200mg 2x/dia (71%) ou 300mg 2x/dia (92%) POSOLOGIA: 100mg (5mL) 2x por dia por 3 dias ou 500mg dose única Albendazol Ação: atua no ovo, larva (parcial) e verme adulto Advertências: • Evitar em menores de 2 anos • Hepatopatia e encefalopatia Tempo de tratamento e eficácia • Asacaridíase, ancilostomíase, enterobíase e himenolpíase: 1 dia (>85%) • Estrongiloidíase, tricuríase e teníase: 3 dias (70%) ou 5 dias (> 90%) • Giardíase: 3 dias (71%) ou 5 dias (>85%) POSOLOGIA: 400mg (10mL) 1x/dia por dia por 1, 3 ou 5 dias. Apresentação: 40mg/mL Tinidazol e Secnidazol Espectro: • Entamoeba histolytica e Giardia lamblia Efeitos colaterais: • Menos evidentes que o metronidazol • Vômitos, cefaleia, boca seca e gosto metálico Atravessa barreia placentária e é excretado no leite materno Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 99 Secnidazol: dose 30mg/kg dose única POSOLOGIA: 30mg/kg (1mL/kg) Dose única Apresentação:30mg/mL Ivermectina Ação: produz paralisia tônica da musculatura periférica dos parasitas. Espectro de ação: • Ectroparasitoses (escabiose e pediculose) • Nematelmintos (exceto ancilostomídeo) Eficácia: • Ascaridíase: 100% • Estrongiloidíase: 97% • Enterobíase: 85% • Tricuríase: 85% POSOLOGIA: 200 mg/kg Dose única Nitazoxanida 7,5mg/kg/dose (12/12h) Eficácia aproximada • Taenia e Trichuris trichuria: 100% • Cryptosporidium parvum: 95% • Entamoeba hystolitica: 90% • Enterobius vermiculares: 93% • Hymenolpis nana: 80% • Gardia lamblia: 80% • Ascaris lumbricoides: 75% POSOLOGIA: 7,5mg/kg/dose 12/12h por 3 dias (1 medida peso) Metronidazol Atividade antiprotozoária. Atividade antibacteriana (bacilos gram-negativos anaeróbios, bacilos gram-positivos esporulados e contra todos os cocos anaeróbios) • Giardíse: 5 dias • 1 a 5 anos: 5mL 2x/dia • 5 a 10 anos: 5mL 3x/dia • Amebíase: 7 dias • 0,5mL/kg 4x/dia POSOLOGIA: Giárdia: 200mg 2 a 3x/dia Ameba: 20mg/kg 4x/dia Apresentação: 40mg/mL Resumo: ação dos antiparasitários Exames de controle Exame de fezes 7, 14 e 21 dias após o tratamento. • Amebiase -> 7,14,21 a 28 • Estrongiloidíase ->8,9 e 10 • Enterobíase -> 14 Tratamento empírico periódico?? • Sem necessidade de exame parasitológico rotineiro • Recomenda-se o tratamento periódico de crianças que vivem em locais endêmicos • Medida mais segura e econômica • A cada 4, 6 ou 12 meses, dependendo da região Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 100 18. Reações Adversas a Alimentos - mais clássicas: intolerância à lactose, APVL, FPIES, doença celíaca Intolerância à Lactose - Lactose é um açúcar, sendo o único carboidrato do leite - Porcentagem de lactose: 7,2% no leite humano e 4,7% no leite da vaca → mas leite humano já vem com lactase, por isso em aleitamento materno geralmente não se desenvolve intolerância à lactose, até que comece a ingerir lactose do leite de vaca ou algum leite (além do leite materno) que não vem com lactase; somente alguns casos mais raros e congênitos podem fazer intolerância já ao nascimento; - carboidratos não causam alergias pois tem poucos epítopos, diferente das proteínas que tem capacidade maior de gerar alergias, então carboidratos geram intolerância, não alergia - Carboidratos da dieta: polissacarídeos (amido) → quebrados em dissacarídeos (lactose, sacarose, maltose) → quebrados em monossacarídeos (glicose, frutose, galactose) - Intestino delgado: a lactase é digerida nas microvilosidades intestinais; diarreias intensas podem gerar lesões nessas regiões e pode gerar quadro de intolerância temporária à lactose; * Classificação da Intolerância à Lactose - Deficiência de lactase associada ao desenvolvimento: observada em bebês prematuros (menos de 34 semanas de gestação) devido à deficiência temporária de lactase, a qual é a última dissacaridase do intestino delgado a se desenvolver durante o desenvolvimento intra uterino. Em bebês prematuros (26 – 34 semanas de gestação), a atividade da lactase atinge cerca de 30% daquela observada em bebês a termo. Ao iniciar o leite materno ou fórmula infantil, os bebês prematuros podem desenvolvem sinais clínicos de má absorção de lactose. Geralmente os sintomas são TRANSTIÓRIOS → é um quadro transitório e pouco comum, geralmente não é diagnosticado - Deficiência congênita de lactase (alactasia): transtorno autossômico recessivo raro e grave, presente em recém nascidos com diarreia osmótica grave no início da amamentação. Os relatos de casos ocorrem principalmente na Finlândia e na Rússia Ocidental. A atividade da lactase do intestino delgado e completamente Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos:Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 101 ausente. A mucosa do intestino delgado é normal → quadro raro, com sintomas gastrointestinais graves - Não persistência da lactase (hipolactasia): declínio gradual e fisiológico da atividade da lactase após o desmame. Sintomas gastrointestinais significativos geralmente não ocorrem antes dos cinco anos de idade. O pico de incidência ocorre na adolescência e em adultos jovens. Pequenas quantidades de lactose são toleradas pela maioria dos indivíduos afetados, se tomar em quantidades divididas durante o dia (até 24g por dia em crianças mais velhas e adultos) → quadro mais comum em adultos (progressivo, estima-se que 70% das pessoas vão desenvolver) - Intolerância secundária a lactose: pode ocorrer como consequência da lesão do intestino delgado, secundária ao dano as vilosidades intestinais e à diminuição da expressão da lactase. Em crianças pequenas, as causas mais comuns de IL secundárias incluem gastroenterite viral, giardíase, enteropatia por alergia à proteína do leite de vaca não IgE mediada, doença celíaca e doença de Crohn. A IL secundária geralmente se resolve dentro de 1 – 2 meses, dependendo do distúrbio intestinal subjacente → quadro mais comum em crianças (pode ser reversível, mantendo a criança com dieta restrita de lactose para recuperar o TGI) Sintomas - Sintomas são restritos ao TGI: a lactase não está presente, portanto a lactose não é digerida e fica acumulada na luz intestinal, o que é um produto hiperosmolar que atrai água, assim como aumenta o crescimento bacteriano → presença de fezes amolecidas e gases, estufamento, mal estar, diarreia Diagnóstico da Intolerância à Lactose - primeiro, deve-se perceber manifestações clínicas que levantem suspeita de IL - Teste do pH fecal e substâncias redutoras nas fezes (pH < 5): dá uma ideia indireta de intolerância à lactose, sintomas + fezes ácidas aumenta a suspeita de intolerância; exame vai mostrar acidez nas fezes ou não; - Teste de absorção por sobrecarga oral (mais sensível): feito por espirômetro ou via sanguínea - Teste genética da mutação: geralmente descarta mas não faz diagnóstico de IL, não se faz para as crianças de maneira geral, é usado mais em adultos para descartar a IL (para causas genéticas)→ mutações C/T 13910 e G/A 2018 são tolerantes 1. Testes Diagnósticos - Teste do hidrogênio expirado: 1a etapa (soprar o aparelho de jejum), 2a etapa (beber água com lactose), 3a etapa (soprar o aparelho a cada 30 minutos) → se manter níveis normais de ácido expirado é teste normal, se aumentar a acidez a cada sopro é intolerância à lactose - Teste de tolerância oral à lactose: é realizado um teste sanguíneo de dosagem de glicose antes e após à ingestão de solução de lactose (dosa a glicose sanguínea 30 – 60 – 90 – 120 após a ingestão) → se intolerância, os níveis de glicose não aumentam a cada dosagem, pois não está ocorrendo absorção (aumentar pelo menos 30mg/dL) Manejo da Intolerância à Lactose - IL primária: • dieta sem lactose e suplementação de cálcio (pode-se usar a enzima, mas é difícil fazer administração em crianças, então é preferível fazer a dieta) - IL secundária (mais comunm): • dieta sem lactose até ocorrer resolução de sintomas (geralmente por período de 2 meses) • e após esse período fazer a reintrodução (pode ser usado como teste terapêutico); • se, na reintrodução, ocorrerem sintomas mesmo com pequenas quantidades de lactose, • pode-se fazer suplementação enzimática, para não restringir tanto a alimentação. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 102 Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) Os alimentos mais alergênicos: *iniciar precocemente na alimentação, para reconhecer como próprio pequenas qtd. Exceto leite de vaca (naõ usar antes de 1 ano). * Prevalência de Alergias Alimentares - Primeira onda de alergia: século XIX - 1997-2007: aumento de 20% de alergia na Europa (segunda onda?) - Em menores de 1 ano: Austrália (5 – 10%), China (7%), Coreia (7%) → APLV (2,7%) - Em pessoas 20 – 24 anos: 1,3% - Aumento de casos de admissões hospitalares de 2000 – 2009: EUA (aumentou 2x), NZ (aumentou 1,5x), Austrália (4x) → aumentaram casos entre 5 – 14 anos - Em países desenvolvidos, a suspeita de APLV ocorre em torno de 1 a 17% das crianças a partir dos sintomas clínicos. Porém, após a investigação diagnóstica, a prevalência de crianças com até os dois anos de idade com APLV oscila de 0,3 a 7,5%, sendo que apenas 0,5% estão em aleitamento materno → ou seja, APLV em bebês em aleitamento materno não é comum e aleitamento é protetor contra APLV - Dados do Brasil: 0,3 – 0,7%. * Componentes Alergênicos do Leite da Vaca - Caseínas: formam 70% da composição do leite de vaca - Proteínas do soro: 30% da composição → alfa- lactoglobulinas e beta-lactoglobulina (essa segunda é a principal proteína presente e o principal componente alergênico, não existe no leite humano) - Proteases e peptonas, proteínas do sangue, albumina, imunoglobulinas - os componentes estão em porcentagem de composição ao contrário do que existe no leite humano * Digestão da Proteína * Diagnóstico Diferencial APVL com Manifestações GI Intolerância à Lactose APLV Distensão abdominal Flatulência Cólicas Cólicas Dor abdominal Flatulência Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 103 Dermatite perianal Diarreia explosiva Raramente desidratação e comprometimento do peso Diarreia com ou sem perda proteica e sangramento Enterocolite, colite e proctite Vômitos (em jato, imediatos) Comprometimento do peso * Diagnóstico APLV - Anamnese e exame físico: pode ocorrer, além das acima, urticárias, angioedemas (pode ser diferente dependendo se for IgE mediada ou não); fezes com sague sempre pensar em APLV, vômitos (intolerância não causa vômito); - Melhora não imediata com exclusão do alimento (diferente da intolerância, que se retira a lactose e a reversão é quase imediata, na APLV pode levar até uns 15 dias para melhorar) - Retorno dos sintomas na provocação - não tem um exame assim que dê muita certeza que a criança tem APLV, exceto algumas situações → Classificação da Alergia Alimentar – Reações Imunológicas - Mediada por IgE: reação imediata (minutos a 2 horas após exposição) → 2º mais comum - Mecanismo misto IgE e célula mediado: reação tardia (horas a dias após exposição) → considerado a mais comum - Não IgE mediada: mista → é mais raro (pode ser imediata ou tardia) Ver quadro abaixo Componentes alérgenos Abordagem Prática das Alergias Alimentares - primeiro, tentar suspeitar qual alimento está causando a alergia, pois senão não tem como realizar o teste - Dieta de exclusão para eliminar sintomas por 30 dias → Reintroduzir alimento → Se reaparecimento dos sintomas, retirar por 3 meses → Nova reintrodução → Se reaparecerem sintomas, encaminhar ao alergista - se tiver manifestações muito clássicas, como angioedema, urticárias, já pode suspender e pode nem fazer o teste de provocação - reintrodução do alimento provocador em crianças com suspeita de alergia IgE mediadas é feito intrahospitalar Fórmulas Utilizadas - Fórmula semielementar-hidrolisado proteico (pregomin, pregestimil, alfarré) - Fórmula elementar-aminoácidos livres (neocte, alfamino) - Nas crianças em aleitamento, realizar dieta de exclusão materna → criança com APLV é raro mas não é impossível, e quando tem geralmente é quadro misto Abordagem prática das Alergias Alimentares • Dieta de exclusão para eliminar sintomas por 30 dias • Reintroduzir alimento • Se reaparecimentodos sintomas retirar por 3 meses • Nova reintrodução • Se reaparecerem sintomas encaminhar ao alergista Fórmulas • Fórmula semielementarhidrolisado protéico (pregomin, pregestimil e alfarré) • Fórmula elementaraminoácidos livres (neocate, alfamino) R$200-220 • Nas crianças em aleitamento dieta de exclusão materna (Mãe não come alimentos com leite) → Atenção • - Dietas de exclusão alimentar, durante a gestação e lactação, não se mostraram eficazes na prevenção da doença alérgica do bebê de risco para atopia → não se faz alteração da dieta materna se não tiver suspeita de alergia, não se usa para prevenção pois não tem eficácia mesmo com histórico familiar de atopia - Considera-se bebê de risco aquele com parentes de primeiro grau atópicos (pais ou irmãos) Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 104 Quando Encaminhar ao Alergista - Quando houver falha ao tratamento instituído - Quando houver história de anafilaxia ou internação - Quando houver necessidade de teste alérgicos, para esclarecimento diagnóstico e orientação FPIES (Food Protein Induced Enterocolitis Syndrome) Sme de enterocolite induzida por proteina (soja, leite) O Que É? - É uma reação grave não IgE mediada - Vômitos em jato repetitivos, de início 1 a 4 horas após a ingestão do alérgeno - Diarreia aquosa 5 a 10 horas após ingestão - Desidratação - Choque hipovolêmico (15%) - Resolve em 24 horas - Desencadeantes comuns: leite de vaca, soja, peixes (salmão e atum), arroz Tratamento - Reposição volêmica - Metilprednisolona EV - Ondasetrona (vonal - anti-hemetico) Doença celíaca Doença autoimune caracterizada por atrofia total ou subtotal da mucosa do intestino delgado proximal e causa má-absorção de alimentos em indivíduos geneticamente suscetíveis. O que é glúten? • Prolaminas + Gluteninas • Trigo: glutenina+gliadina • Centeio: secalina • Cevada e malte: hordeína • Aveia : avenina HLA ativa linfócitos T -> ativa plasmócitos -> parede intestinal -> lesa a parede intestinal e atrofia as velosidades Diferenças Doença celíaca • Resposta autoimune ao glúten (gliadina) • Ac IgA • Lesão de mucosa Intolerância ao glúten não-imune • Sem lesão de mucosa, • sem Ac Alergia ao trigo • IgE mediada • Anafilaxia, rinite, • Urticária Grupos de risco Deve fazer triagem nesses pacientes. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 105 Manifestações clínicas Cefaleia Dermatite HErpetiforme Exames complementares • Ac antitransglutaminase tecidual (anti-tTG) IgA (ou IgG se def.IgA) • Em menores de 2 anos anti-tTG IgA e Na antigliadina deaminada (AGD) • Ac antiendomísio (EMA) é específico mas • muito caro • Todos são dependentes do consumo de glúten (10g/dia por 8 semanas) • Pesquisa de HLA-DQ2 e HLA-DQ8 em discrepância. Sua negatividade exclui DC Tipos de doença celíaca Riscos para o paciente com Doença celíaca Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 106 19. Febre em Pediatria Introdução • 20-30% consultório • 60% emergência • 75% telefonemas • Uma das principais queixas em atendimentos pediátricos • Sinal inespecífico de adoecimento • Discutível quando e como deve ser combatida • Em menores de 2 meses, é pouco comum e indica necessidade de avaliação médica imediata Regulação da temperatura corporal Hipotálamo anterior controla o mecanismo que regula a temperatura corporal central e reage à variação da temperatura ambiente enviando comandos nervosos que levam à perda ou conservação do calor. Mecanismo de perda de calor: dilatação de pequenos vasos e suor. Mecanismo de conservação e produção de calor: vasoconstrição, piloereção e tremores. Qual a temperatura normal? • 36,5 a 37,5 graus C • Temperatura axilar- acima de 37,5 • Temperatura retal- acima de 38 Etiologia Principal causa (80%): • Doenças virais e autolimitadas • Fase prodrômica de doenças em geral benignas Identificar doenças bacterianas (20%): • Infecção do trato urinário • Bacteremia oculta • Pneumonia, otite • Meningite, artrite, osteomielite Fisiologia da Febre É um ajuste para cima da temperatura corporal, decorrente de distúrbio no mecanismo de regulação térmica Resulta do contato com microrganismos infecciosos, complexos imunológicos e outras fontes de inflamação, produzindo liberação de substâncias que funcionam como “pirogênios endógenos”, causando aumento do mecanismo de regulação térmica entre 38 e 41oC Definições Febre sem sinais localizatórios É a febre com menos de 15 dias de evolução que ainda não se pode determinar a causa Febre de origem indeterminada (FOI) • Temperatura axilar maior do que 37,8ºC • em pelo menos 2 ocasiões, • pelo tempo mínimo de três semanas (+15 dias), • em pacientes a princípio não imunocomprometidos, • sem diagnóstico firmado após avaliação inicial detalhada Febre periódica criança que apresenta episódios febris recorrentes sem diagnóstico exato em cada uma delas. Hipertermia Ocorre quando os mecanismos de perda de calor não são suficientes para compensar o calor e a temperatura corporal se torna superior à do mecanismo de regulação térmica Manifesta-se devido à atividade física extrema, excesso de roupa, ambiente quente. Mitos • Febre considerada como doença em si mesma “Quanto maior a febre, mais grave a doença” – infecções virais benignas podem cursar acompanhadas de febre elevada. • “Febre elevada causa convulsão” - evento raro (3-4%), que ocorre em crianças susceptíveis • “Febre acima de 39oC lesa o cérebro e pode causar retardo mental” – acima de 41oC a febre é danosa ao organismo • Dipirona é mais eficaz para supressão da febre Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 107 • Paracetamol em dose terapêutica pode estar associado a lesões hepáticas Efeitos da febre Benéficos • Aumento moderado da febre pode melhorar desempenho das respostas imunológicas do organismo para eliminação de vírus e bactérias e inibir o crescimento de microrganismos Prejudiciais • Crianças muito debilitadas ou com doença pulmonar e cardiovascular grave podem ser afetadas pelo aumento do consumo de O2 e do débito cardíaco na vigência da febre • Temperatura muito alta, a partir de 42oC, pode causar lesão neurológica • Em algumas crianças, febre pode estar associada com risco de recidivas de convulsões Pontos importantes • Houve febre de fato? • Como foi feita a aferição? • Alguém além do cuidador verificou a temperatura? • Duração da febre/idade de início • Resposta a antitérmicos e AINES • Sintomas precedentes ou associados Intolerância • ao calor? • Sudorese? Anidrose? • Viagem/exposição/procedimento recente? • Etnia/história familiar/background genético • Status nutricional/DPE/DNPM • Fácies típica/anormalidades anatômicas • Estigmas de atopia • Padrão da febre • Crianças menores de 3 anos têm risco maior para doenças bacterianas graves A preocupação - Década de 80 - 10% das crianças menores do que 36 meses com febre sem sinais de localização tinham BO e destas, 2,5% desenvolveriam infecção bacteriana grave (DBG): sepse, meningite, pneumonia, artrite séptica, celulite e infecção do trato urinário. - A partir 2000, com a disponibilidade da imunização para Haemophilus influenzae tipo b e Streptococcuspneumoniae, vários estudos vem demonstrando diminuição importante de casos de BO com taxas de menos de 1% Conduta Desafio ...Diferenciar crianças com febre que tenham quadros bacterianos graves ou doenças febris benignas Em qualquer faixa etária, febre com sinais de comprometimento sistêmico é indicação de internação e investigação. Como investigar? O que pedir? • Hemograma, PCR • Hemocultura • Líquor (para descartar meningite) • Urocultura • RX tórax Antibioticoterapia empírica?? Em função do mal estado geral. • Febre sem sinais localizatórios e sem comprometimento do estado geral: Reavaliações a cada 24 horas até resolução do quadro Criança com FSSL e sem comprometimento do estado geral Critérios de Rochester – Lactente febril <60 dias é de baixo risco se: - tem risco para doença bacteriana? - Aparenta estar bem - Estava previamente sadio: definido como: o -nasceu a termo Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 108 o - não recebeu antibioticoterapia perinatal o - não ficou hospitalizado além de sua mãe o - não foi tratado para Hiperbilirrubinemia inexplicada o - não recebeu, nem está recebendo antibiótico o - não esteve previamente hospitalizado o - não tem doença crônica ou subjacente - Não tem evidência de infecção em pele, partes moles, ossos, articulações ou ouvido, no exame físico - Tem os seguintes valores laboratoriais: o contagem de leucócitos periféricos entre 5.000 e 15.000 cél/mm3 o contagem absoluta de bastonados < 1.500/ mm3 o 10 leucócitos por campo sedimento de urina o < 5 leucócitos por campo à microscopia de fezes, em crianças com diarréia Conduta em crianças de 3 a 36 meses Testes de atividade inflamatória -Proteína C-reativa- quantitativa. Valor se acima de 6mg/dl -Procalcitonina – indisponível na maioria dos serviços. Mais sensível e específica -Pesquisa de vírus respiratórios- se disponível Padrões de febre específicos Febre tifoide → Variação < 1° em 24h Malária → febre a cada 3 – 4 dias Linfoma → 3-10 dias febre baixa Tuberculose → Febre pela manhã e suores noturnos Brucelose → febre recorrente Síndromes febris Periódicas Herança poligênica multifatorial: SX de febre periódica, estomatite aftosa, faringite e adenite (PFAPA) Herança monogênica familiar: ◦ Febre familiar do Mediterrâneo (FMF) ◦ Síndrome periódica associada ao receptor do fator de necrose tumoral (TRAPS) ◦ Deficiência de mevalonato quinase (MKD) ◦ Síndrome periódica associada à criopirina (CAPS) PFAPA (PERIODIC FEVER APHTOUS STOMATITIS PHAPYNGITIS ADENITIS) • Doença auto-inflamatória mais comum da infância • Mutações desconhecidas • Diagnóstico clínico de exclusão • Início antes dos 5 anos • Resolução espontânea até 10-12 anos Critérios Diagnósticos 1- Febre que recorre regularmente em criança com idade de início precoce (<5 anos de idade) 2- Na ausência de infecção respiratória superior, pelo menos um dos seguintes sinais clínicos: estomatite aftosa, linfadenite cervical, faringite 3- Exclusão de neutropenia cíclica 4- Intervalo completamente assintomático entre os episódios 5- Crescimento e desenvolvimento normais Febre de Origem Indeterminada - Febre de existência indiscutível, duração mínima de três semanas, com um quadro clínico inconclusivo e que permanece sem diagnóstico após a realização do conjunto de exames e procedimentos indicados inicialmente para aquele caso particular. - Exames simples não elucidam a causa : Hemograma, Parcial de Urina e RX de tórax CAUSAS INFECCIOSAS: TB extrapulmonar, TB miliar, Abscessos abdominais e pélvicos, Síndrome de mononucleose (HIV, EBV, CMV, toxoplasmose), Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 109 Infecções de vias biliares, Paracoccidioidomicose, Osteomielite, ITU, EI, Otite, Sinusite, Prostatite, Outros abscessos, Histoplasmose, Esquistossomose, Infecções dentárias, Doença de Chagas, Febre tifóide, Malária, Calazar, Colangite, Brucelose, HIV, Criptococose, Enterobacteriose septicêmica prolongada NEOPLASIAS: Linfoma de Hodgkin, Linfomas não Hodgkin, Hepatomas, Carcinomatose, Leucoses, Tumores do cólon, Tumores do TGI, Linfoadenopatia imunoblástica, Hipernefroma, Mixoma atrial, Tumor de Wilms, Retinoblastoma DOENÇAS INFLAMATÓRIAS NÃO INFECCIOSAS: Doença de Still com início na idade adulta, LES, Polimialgia reumática, Febre reumática sem artrite ou artralgia, Artrite reumatóide, Artrite de células gigantes, Doença de Wegener, Poliarterite nodosa, outras vasculites, DII, Sarcoidose, Hepatite granulomatosa MISCELÂNEA: Febre por drogas, Febre factícia, Febre do Mediterrâneo, TVP e EP, Tireoidite subaguda, Cirrose, Hematomas, Hipertireoidismo, Hipertermia habitual, Hepatite alcoólica, Síndrome de Reiter, Síndrome de Sweet, Síndrome Hiper IgD, Doença de Kawasaki, Síndrome de Kikuchi, Doença de Castleman, Anemias hemolíticas, Febre psicogênica SEM DIAGNÓSTICO CAUSAS POR OCORRÊNCIA MAIS COMUNS : TB extrapulmonar e miliar, Abscessos principalmente intrabdominais, EI, ITU, Síndrome de mononucleose, Linfomas, Leucoses, Carcinomas do TGI principalmente cólon, Hepatomas, Síndromes mielodisplásicas, Carcinoma de células renais, Doença de Still do adulto, LES, Polimialgia reumática, Arterite temporal, outras vasculites, DII, Febre factícia, Febre por drogas, TVP e algumas outras dependendo da região estudada MENOS COMUNS OU RARAS: Hepatite alcoólica, Dissecção de aorta, Mixoma atrial, Síndrome de Behçet, Doença de Castleman, Cirrose, Carcinomatose, Doença de Fabry, Febre Familiar do Mediterrâneo, Febre familiar Hiberiana, Síndrome hipereosinofilínica, Histiocitose X, Linfoadenopatia imunoblástica, Doença de Kikuchi, Doença dos Polímeros do fumo, Síndrome mieloproliferativas, Febre periódica, Anemias hemolíticas, Feocromocitoma, Síndrome pós pericardiotomia, Pericardite, Pancreatite, sarcoidose, TEP, Sarcoidose, Doença do soro, Síndrome de Jjögren, Púrpura trombocitopênica trombótica, Hipertireoidismo, Doença de Wipple, Linfadenite necrotizante subaguda, Granulomatose de Wegener, Hemoglobinopatias Drogas envolvidas em quadros de febre Atropina, Anfotericina B, Asparaginase, Barbitúricos, Bleomicina, Metildopa, Penicilinas, Cefalosporinas, Fenitoína, Procainamida, Quinidina, Salicilatos, Sulfonamidas, Interferon, Captopril, Clofibrato, Hidroclorotiazida, Meperidina. Investigacão → Guiada por exame clínico MEDICAMENTOS ANTITÉRMICOS Regra geral: 1 gota/kg de peso 1. Paracetamol 10 a 15mg/kg/dose a cada 4 a 6 horas ◦ Concentrações 100mg/ml (5mg/gota), 200mg/ml (10mg/gota) ◦ Máx. 200mg/dose 1 gota/kg de peso 2. Dipirona 20mg/kg/dose a cada 6 horas ◦ Concentrações 500mg/ml ( 25m/gota), 50mg/ml (xarope) ◦ Máx. 500mg/dose 1 gota/kg de peso ou 0,5ml/kg de peso 3. Ibuprofeno 5mg/kg/dose a cada 6 horas ◦ Concentrações 100mg/ml (5mg/gota), 50mg/ml (2,5mg/gota) ◦ Máx. 200mg/dose 1 gota/kg de peso Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 110 20. Dor abdominal crônica e constipação Caso clinico Joice traz seu filho Cláudio de 7 anos pela quarta vez na UBS por dor na barriga. Ela diz ao médico: - Doutor, já tem mais de 5 meses que meu filho reclama de dor na barriga. Já vim aqui, vocês pedem exames e não me dizem o que ele tem. Pontos a lembrar • Característicasda dor: Localização, intensidade, frequência, periodicidade, relação com alimentação, dor noturna, interferência com as atividades habituais. • Sintomas GI associados: Pirose, saciedade precoce, empachamento pós-prandial, náuseas, vômitos, diarreia, constipação, tenesmo, sangramentos digestivos, icterícia. • Outros sintomas: Sintomas urinários, cefaleia, sonolência após as crises de dor, artralgias/artrites, tosse crônica, asma, respiração bucal. • Sinais comprometimento orgânico: Perda de peso, retardo no crescimento, retardo puberal, palidez cutâneomucosa, febre. • Medicamentos: Antibióticos, antiinflamatórios, corticosteroides. • História Alimentar: Consumo de leite e produtos lácteos, consumo de sucos naturais e artificiais, bebidas gaseificadas, consumo de balas e chicletes, alimentos irritantes gástricos (alimentos industrializados, condimentos picantes), conteúdo de fibra na dieta. • História Familiar: Parentes com doenças do TGI ou de outro sistema e que evolua com dor abdominal, enxaqueca, manifestações alérgicas, tuberculose, quadros depressivos. • História recente: Infecção viral recente, trauma abdominal, intervenção cirúrgica prévia. Conversando com Joice... • Quando a dor começou? • E onde é a dor? • Costuma doer à noite ou só durante o dia? • Dói quando se alimenta? • Quando dói, atrapalha brincadeiras? • Com a dor, Cláudio reclama de outra coisa? (náuseas, vômitos, alteração do hábito intestinal, falta de apetite, dor de cabeça) • Como é a alimentação de Claúdio? Me conte o que ele come num dia típico... Ele costuma comer frutas e verduras • Precisa de remédio para a dor passar? Qual remédio ajuda? • Que exames ele fez e qual o resultado? • Alguém na família tem algum problema GI? • E como está o dia-a-dia dele? Sobre o cláudio • Há 6 meses. Geralmente a dor é perto do umbigo e ele nunca reclamou à noite ou quando está brincando... • Nenhum. Mas o intestino dele é meio preso... • Ele não gosta de frutas nem de verduras. Come arroz, feijão, carne... Toma leite com nescau de manhã, à tarde e à noite com bolacha de leite. • Geralmente a dor passa com paracetamol... • Exames de hemograma, de urina e de fezes, todos normais. • Tem 2 tios que têm Doença Celíaca • A mãe refere que Cláudio é uma criança feliz, tem amigos, brinca e vai à escola. DEFINIÇÕES 1 - Dor abdominal crônica (DAC) quadro de dor abdominal de longa duração (usualmente mais de três meses) com padrão contínuo ou intermitente. 2 - Dor abdominal orgânica (DAO) quando associada a uma causa anatômica, inflamatória ou dano tecidual. 3 - Dor abdominal funcional (DAF) dor abdominal que ocorre na ausência de uma causa anatômica, inflamatória ou dano tecidual. Epidemiologia • Prevalência geral de 13,5% • As prevalências de Síndrome do Intestino Irritável (SII), Dispepsia Funcional (DF) e Dor Abdominal Funcional foram, respectivamente, de 8,8%, 4,5% e 3,5%. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 111 • Um estudo brasileiro mostrou prevalência de 21% de dor abdominal recorrente. DOR ORGÂNICA ? DOR FUNCIONAL ? Características da Dor Abdominal Funcional Inespecífica • Idade do paciente:≥ 5 anos • Dor abdominal paroxística • Localização da dor: epigástrica, periumbilical ou infra-umbilical • Caracterização da dor: opaca, aguda ou com cãibras, não irradia • Duração dos sintomas: 3 ou mais episódios em 3 meses • Intervalos sem sintomas • Nenhuma correlação temporal da dor com a atividade, refeições ou padrões intestinais • A dor interfere com a atividade normal • Exames de triagem normais Características da Dor Abdominal Orgânica • Idade < 5 anos • Sintomas constitucionais: febre, perda de peso, retardo de crescimento, sintomas articulares • Vômitos especialmente biliosos ou com sangue • A dor desperta a criança do sono • Bem localizado, longe do umbigo • Dor referida nas costas, ombros ou extremidades • Disúria, hematúria ou dor no flanco • Doença perianal • Sangue oculto ou visível nas fezes • Estudos laboratoriais de triagem anormais Exames de triagem? • Hemograma • Sumário de urina • Exame parasitológico de fezes • Triagem para Doença celíaca (?) • Dependendo da avaliação clínica VHS, PCR, função tireoidiana, amilase e lipase. Sinais de alarme nas crianças com dor abdominal crônica -História familiar de Doença Inflamatória Intestinal, Doença Celíaca ou Doença ulcerosa Péptica -Dor persistente em quadrante inferior ou superior direito -Disfagia , Odinofagia, febre inexplicada -Artrite, perda de peso involuntária, desaceleração do crescimento -Vômitos persistentes, atraso na puberdade -Diarreia noturna, perda sanguínea nas fezes ou enfermidade peri-retal Distúrbios GI funcionais – Roma IV Transtornos de náuseas e vômitos Transtornos de dor abdominal Transtornos da evacuação Síndrome dos vômitos cíclicos, Náusea e vômito funcional, Síndrome da ruminação, Aerofagia Dispepsia funcional, Síndrome do intestino irritável, Enxaqueca abdominal, Dor abdominal funcional Constipação funcional, Incontinência fecal não retentora Fatores que causam mudança no processamento da dor e hipersensibilidade visceral Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 112 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS E FINALMENTE, P/ DOR ABDOMINAL INESPECÍFICA Abordagem - Individualizada • Abordagem dietética: eliminar alimentos que possam desencadear dor, dieta com restrição de carboidratos fermentáveis nãoabsorvíveis, papel da lactose. • Terapia farmacológica: probióticos ( L.rhamnosus e L. reuterii), antidepressivos, na enxaqueca abdominal profilaxia com o mesmo medicamento da enxaqueca, na dispepsia pode usar anti-ácidos ou pró- cinéticos. • Suporte psicológico Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 113 Prognóstico • 30% das crianças terão dor persistente • Podem evoluir com SII na vida adulta Mas... e o exame físico do Cláudio? • Crescimento adequado para idade, sem sinais de desaceleração de crescimento • Exame físico com palpação de massa cilíndrica em FIE, discretamente dolorosa à palpação. E foi solicitada triagem para Doença Celíaca Anticorpo antitransglutaminase IA e IgG normais No que pensar?? • Dor abdominal funcional? • Constipação funcional? • E se a dor for por constipação funcional, continua sendo dor funcional? Como diagnosticar – Critérios Roma IV < 4 anos 1 mês de pelo menos 2 dos seguintes >4 anos 2 ou mais pelo menos 1x/semana, por pelo menos 1 mês. Sem SII. ✓ 2 ou menos evacuações por semana ✓ Retenção fecal excessiva ✓ Evacuação dolorosa ou difícil ✓ Fezes de grande diâmetro ✓ Massa fecal em reto ✓ 1 episódio/semana de incontinência após aquisição ✓ Fezes que obstruem o vaso sanitário ✓ 2 ou menos evacuações por semana ✓ 1 episódio de incontinência por semana ✓ Postura retentiva ou retenção fecal voluntária ✓ Evacuação dolorosa ou difícil ✓ Massa fecal em reto ✓ Fezes que obstruem o vaso sanitário E agora? Vamos voltar ao caso do Cláudio... Segundo a mãe Cláudio tem apresentado frequentemente fezes muito endurecidas e dor ao evacuar. A mãe refere que ele segura o coco por muito tempo e muitas vezes suja a cueca. Está há 7 dias sem evacuar. (o que explica a massa FIE- reto sig) Epidemiologia • No mundo: 0,7 a 29,6% • No Brasil: 27% aos 24 meses • Dor abdominal • Queixas urinárias (DVI) • Receiode ir para a escola • Bullying • Culpabilização dos pais • Encoprese X Soiling X incontinência fecal Fisiologia da defecação Treinamento esfincteriano • Marco de desenvolvimento físico e psicológico – diferenças culturais • Criança deve mostrar sinas de prontidão • TE – 36 a 39 meses (últimos 50 anos) • Risco de Disfunção vesical e intestinal se antes do 24 meses ou após os 36 meses Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 114 • Treinamento orientado para a criança e não baseado em idades específica Então quando suspeitar de constipação funcional? • Queixa específica dos pais ou criança • Busca ativa através do questionamento sobre hábito intestinal Importante • Bebês em aleitamento materno exclusivo podem ficar até 10 dias sem evacuar • Pseudoconstipação intestina Avaliando a criança constipada Foco: identificar doenças que possam se apresentar com dificuldade para evacuar • Doença celíaca • Fibrose cística • Diabetes • Hipoireoidismo • Doença de Hirschsprung • Malformação anal • Anomalias na coluna • Neuro e miopatias Anamnese • Idade do início dos sintomas • Sucesso ou falha no treinamento esfincteriano • Frequência e consistência das fezes • Dor ou sangramento ao evacuar • Dor abdominal • Incontinência fecal • Comportamento retentivo • Histórico alimentar • Mudanças no apetite • Náuseas/vômitos • Perda de peso • História familiar de doenças GI Vamos voltar ao caso do Cláudio.. A mãe refere que Cláudio tem dificuldade para evacuar desde os 3 anos e demorou até os 5 anos para conseguir retirar a fralda. Já teve uma fissura anal e resiste muito para ir ao banheiro . Perguntada sobre o formato das fezes, foi detectado Bristol 2 Exame físico • Parâmetros de crescimento • Exame abdominal: Tônus muscular, distensão, massa fecal • Inspeção anal: Posição anal, pregas anais, fissuras, presença de fezes • Exame região lombossacra: Fóvea coccígea, tufo de pelos, agenesia sacral, nádegas planas Exame do Claudio: Exame físico com palpação de massa cilíndrica em FIE, discretamente dolorosa à palpação.Tem sinais de alarme? Sinais de alarme para doença de base • Início precoce – antes de 1 mês de vida e eliminação de mecônio após 48 horas de vida • História familiar de doença de Hirschsprung • Sangue nas fezes na ausência de fissura anal • Baixo ganho de peso • Febre • Vômito bilioso • Tireoide anormal • Posição anormal do ânus • Ausência de reflexo anal ou cremastérico • Diminuição de força nos membros inferiores • Tufo de pelos sobre a coluna • Toque retal : DH X CF o Se o paciente só satisfaz 1 critério de Roma IV e o diagnóstico de constipação funcional é incerto o Sinais ou sintomas de alarme o Constipação intratável o Precisa fazer toque retal?Satisfaz os critérios de Roma IV? Então não é necessário.. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 115 • RX simples abdome: pouco útil • Testes de alergia: não recomendados de rotina • Manometria anorretal: constipação intratável. Avalia presença de reflexo anal inibitório. Se ausente – biópsia retal • Enema opaco: não é usado de rotina. Útil da DH Doença de Hirschsprung • Anomalia congênita - ausência dos neurônios intramurais dos plexos nervosos parassimpáticos (Meissner e Auerbach), afetando o intestino grosso, em geral, nos seus segmentos mais distais, como o reto e o cólon sigmóide. • A doença compromete quatro vezes mais os meninos que as meninas • Falha de migração crânio-caudal da crista neural do vago, tratando-se, pois, de uma neurocristopatia, - deleção do braço longo do cromossomo 10. Tratamento –constipação funcional • Quanto menor o tempo dos sintomas mais sucesso no tratamento • Ingestão de fibras e água e atividade física • Probióticos parecem não funcionar bem ORIENTAÇÃO • Etapas do tratamento: desimpactação e manutenção Desimpactação • Quando da presença de fecaloma • Aumenta a chance de sucesso do tratamento • Polietilenoglicol (PEG), com ou sem eletrólitos via oral – 1 a 1,5g/kg/dia por 3 a 6 dias • 1 enema por dia por 3 a 6 dias • Bisacodil, docusato sódico, fosfato sódico (fleet enema), NaCl, óleo mineral, sorbitol + laurilsulfato de sódio (minilax) O que é o Polietilenoglicol (PEG)? • O PEG é inodoro, insípido e pouco absorvido pelo organismo (<0,1%) • Exerce uma ação osmótica, não irritativa, com consequente aumento do conteúdo de água das fezes, sem ser degradado pelas bactérias intestinais • Apresentado em forma de pó, em sachês, com dose individualizada, tem a vantagem de poder ser misturado a vários tipos de líquidos (água, sucos e leite) • PEG 4000 (isolado), PEG 3350 (com eletrólitos) Manutenção • Primeira linha – PEG 0,2 a0,8g/kg/dia – 2 meses • Segunda opção –lactulona 1 a 2 g/kg/dia – 2 meses • Após 1 mês de resolução – redução gradual Pronóstico • Tratamento adequado antes de 3 meses de sintomas –80% resposta • 50% das crianças terão ao menos 1 episódio de recaída em até 5 anos. Qual o diagnóstico de Cláudio? Constipação funcional que causa dor abdominal Qual o tratamento? (Claudio pesa 20 kg) • Dieta com fibras • PEG 4000 10 g 2 vezes ao dia por 3 dias • PEG 4000 10g ao dia por 2-3 meses Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 116 21. Infecções Vias Áereas Superiores Sistema Respiratório - Trato respiratório superior: cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia superior (órgãos acima da glote) - Trato respiratório inferior: traqueia inferior, brônquios, bronquíolos, alvéolos (órgãos abaixo da glote) * Função das Vias Aéreas - Preparar o ar inspirado - Aquecer o ar próximo de 37° - Umidificar o ar próximo a 100% - Depurar: ação mecânica e biológica (fímbrias, muco, esteira mucobrônquica, macrófagos) * Transmissão - se o vírus conseguir passar por todas as barreiras - Transmissão se dá pela via aérea e/ou contato direto com secreção (troca de fômites) Infecções de VAS - IVAS é a causa mais comum de atendimento pediátrico Predisposição para Complicações - Desnutrição: reduz proteínas, portanto reduz anticorpos - Desmame precoce e falta de vacinas - Aglomeramento urbano: principalmente em creches - Carência de assistência médica - Poluição/tabagismo: irritantes da via aérea da criança Rinofaringites Epidemiologia e Etiologia - rinofaringites: são divididas em resfriados e gripes → as diferenças estão na sintomatologia - resfriado comum: tem sintomas mais altos, mais nasais, coriza, espirro, febre ou não - gripe: sintomas mais gerais, como prostração, mialgia, cansaço (mais intenso) - em quadros virais, é bem comum criança ter diarreia e dor abdominal - Criança menor de 5 anos apresenta cerca de 3 a 10 episódios/ano → na escola, esse padrão pode dobrar, pode chegar a fazer quadros todo mês dentro de uma normalidade imunológica (importante orientar a mãe que isso não é alteração imune/imunodeficiência) - Fatores facilitadores: exposição ao frio, ar seco, fadiga, privação de sono - Transmissão por gotículas de saliva e objetos - Etiologia viral é a mais comum (97%): rinovírus (30-50%), coxsackie, parainfluenza, VSR e adenovírus (VAS e VAI) → rinovírus causa mais resfriados, gripe é causada mais por influenza e parainfluenza Anamnese - Quadro geralmente autolimitado: duração de 7- 10 dias, sendo que a tosse pode ir até 3 semanas - Resfriado: coriza e congestão nasal, espirros - Gripe: febre e odinofagia, mialgia, cansaço, diarreia (bem comum nas doenças virais), vômito, dor abdominal - Geral:tosse seca, rouquidão, irritabilidade e dificuldade de alimentar - Otalgia, otorreia Exame Físico - Hiperemia de orofaringe e congestão nasal - Secreção nasal de aspecto mucoide - Hiperemia de membrana timpânica (importante em criança menor que está chorando, nem sempre isso é otalgia) e linfonodos cervicais - Rinorreia: faz secreção bilateral (unilateral pensar em corpo estranho) - Nasite estreptocócica: umidade da narina pode permitir proliferação bacteriana da pele do orifício do nariz → existe necessidade de uso de ATB tópico Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 117 Diagnóstico - é clínico - diagnóstico diferencial: sarampo, coqueluche (tosse em salvas), meningite, faringite por estreptococo, hepatite A, mononucleose, rinite Tratamento - Sintomático - Repouso no período febril - Hidratação e dieta conforme aceitação (fracionada para não induzir vômito) - Higiene e desobstrução nasal: criança é um respirador nasal, não sabem usar boca para respirar → SF morno e acetilcisteina, limpar com bastante frequência - Antitérmico/Analgésico: no período febril ou se a criança tiver dor OBS: Não são indicados descongestionantes sistêmicos, e antihistamínico é utilizado nos quadros alérgicos (crises de rinite) Evolução - quando a criança passa dos 14 dias de sintomas e não apresenta melhora/cura, ou seja, se houver ainda: aparecimento/persistência/recorrência da febre, persistência da secreção purulenta, otalgia, persistência da tosse, taquipneia, tiragem, prostração → começar a pensar nas complicações → sinusite, OMA, bronquite, bronquiolite (aparecimento de sibilância – vírus sincicial respiratório), pneumonia (esforço respiratório, cansaço) Prevenção - Lavar as mãos - Evitar contato com doentes - Vacina de influenza para pacientes de risco (atópicos, imunodeficientes) - Retirada da creche (se possível): se quadros muito recorrentes, quadros muito graves Faringoamigdalites Etiologia Viral (75%) Etiologia Bacteriana (20%) Agentes Etiológico s 2 a 3 anos Parainfluenza, Epstein-Barr, Echovírus, Adenovírus e Coxsackie, Herpes simples 5-15 anos St ß-hemolítico gr A, H. Influenza, M. catarrhalis Clínica Início gradual/insidios o: piora no 2-3 dia e estabiliza após isso Odinofagia Febre baixa Coriza, espirros Diarreia Hiperemia de orofaringe (mais discreta e sem placas) Vesículas e úlceras Conjuntivite Início súbito: doença aguda, abrupto Febre alta (persistente) Odinofagia intensa Adenomegalia dolorosa à palpação Hiperemia e hipertrofia de amígdala Exsudato purulento Petéquia em palato (aparecem antes das placas) Placas bacterianas (importante – 24/48h após as petéquias) Tratamen to Sintomático Antiemético se vômitos Repouso no período febril Líquidos não ácidos e não gaseificados Alimentos pastosos, frios Analgésico e antitérmico Irrigação SF0,9% morno Antibiótico* Antibiótico da Etiologia Bacteriana - Primeira escolha: Amoxicilina 40-50mg/kg/dia por 10 dias - Penicilina G benzatina 600.000 a 1.200.000 UI IM dose única Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 118 - Paciente alérgico: Macrolídeos ou cefalosporinas de 1ª geração como a cefalexina (alérgicos) Complicações da Faringoamigdalite Bacteriana - Abscesso periamigdaliano - Otite média aguda - Escarlatina (quadro de estreptococos) - Febre reumática - Glomerulonefrite difusa aguda Epiglotite - Doença grave causada normalmente pelo H. influenza tipo b (prevenção vacina Hib) - não se vê mais muito ultimamente pelo surgimento das vacinas para Haemophylus - Crianças entre os 2 - 7 anos (pico aos 3 anos) - Quadro mais grave: início abrupto, febre (alta), estridor inspiratório, dispneia (epiglote tomba sobre a via aérea), irritabilidade e agitação, disfagia, voz abafada, sialorreia, ausência de tosse, cianose (PO2 < 50 → toxemia) - criança fica bem dispneica e salivando muito, projeta o tórax para frente, fica com voz abafada - Epiglote vermelha e redonda → sinal do polegar ao raio X (nem sempre se faz, pois é um quadro urgente que precisa ser manejado rapidamente) - Situação gravíssima que requer hospitalização – intubação - Tratamento: antibioterapia (ceftriaxona 50mg/kg/dia) → melhora importante em 2 -3 dias (pode ser extubada) e depois mantém tratamento ambulatorial por 7 dias Laringite Viral - Acomete principalmente lactentes e pré- escolares (pico 1-3 anos) - Fatores etiológicos: parainfluenza (74%), influenza, VSR, adenovírus Clínica e Diagnóstico - Febre baixa, congestão nasal, coriza (durante 1- 3 dias) - Evolução: tosse rouca (latido de cachorro), rouquidão (atinge laringe), estridor inspiratório, podendo ocorrer IRA nos quadros graves (inflamação da laringe, traqueia e brônquio com estreitamento) - Diagnóstico Clínico Tratamento - Dieta fracionada e hidratação e repouso vocal - Quadros leves: Dexametasona 0,6mg/kg VO ou corticoide inalatório (budesonida 2mg) - Quadros mais moderado: Quadro leve + Nebulização com adrenalina → Dose: 0,25 ml/5 kg máximo 2ml (0,5mg/kg máximo 5mg 1:1000) diluída em 3 a 5 ml de SF0,9% (não usar em cardiopatia cianótica) - Oxigenioterapia (quando saturação < 93%) e intubação (se evoluir com piora) Laringite Estridulosa ou Espasmódica - Quadro típico: criança de 6 meses aos 4 anos que se deita bem e acorda durante a madrugada com estridor, tosse rouca paroxística e dispneia. Sem febre ou hipóxia. Associado à atopia (alergia) ou refluxo gastroesofagiano - Exame da orofaringe normal ou hiperemia laringea - Tratamento: umidificação do ar é útil, hidratar via oral, sempre tranquilizar a criança e a família - Pode ocorrer de recidivar nas noites seguintes ou piorar: usar dexametasona (Decadron) VO + corticoide inalatório, nebulização com adrenalina iniciando com O2 Rinossinusite - na criança, os óstios de drenagem são menores, os seios são pequenos, não aerados Seios Paranasais - Seios maxilares: já estão presentes no nascimento → comprometimento a partir dos 2 anos - Células etmoidais: já estão presentes no nascimento - Seio frontal: visto a partir de 6 anos no raio X → comprometimento a partir de 10 anos - Seio esfenoidal: inicia o desenvolvimento aos 7 anos → comprometimento a partir dos 10 anos Fisiopatologia - Obstrução dos óstios de drenagem: edema faz acúmulo de secreções, podendo haver proliferação bacteriana - Alteração do batimento mucociliar: a secreção que era mucoide fica espessa pela superprodução de bactérias - Espessamento da secreção mucosa Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 119 - Superinfecção por bactéria Causas - Principais causas: rinofaringite aguda e rinite alérgica (complicações desses quadros) - Outras causas: corpo estranho nasal, desvio de septo e pólipos, hipertrofia adenoide, refluxo gastroesofágico, vasoconstritor nasal, cigarro, ar frio ou seco Etiologia - Bacteriana (70%): Streptococcus pneumoniae, H influenza, Moraxella catarrhalis, Staphylococcus aureus, Anaeróbio - Viral: não é tão comum, mas pode ocorrer resfriado junto com comprometimento dos seios da face → VSR, rinovírus, influenza, parainfluenza Clínica - Persistência dos sinais de IVAS - Rinorreia e obstrução - Tosse noturna (por gotejamento pós nasal) e halitose - Febre (pensar em complicações) - Dor facial (cuidado ao avaliar, criança diz sim e não induzida), cefaleia - Conjuntivite e edema periorbitário Exame - Hiperemia nasal - Hipertrofia de cornetos - Secreção nasal purulenta e espessa: rinorreia apareceno lado comprometido - Secreção pós-nasal (faringe posterior) - Dor a palpação de seios da face (não se faz raio X na criança) Diagnóstico - Clínico Tratamento - Cura espontânea em 50% dos casos - Repouso, analgésico e antitérmico - Limpeza da cavidade nasal com SF0,9% ou 3% - Hidratação e elevação da cabeceira da cama (evitar gotejamento e tosse) - Descongestionantes sistêmicos e tópicos (até 3 dias em criança maior): normalmente não se usa, mais em crianças maiores de 6 anos com entupimento muito intenso - Antibiótico: amoxicilina 40-80mg/kg/dia por 10 dias, outros medicamentos para alérgicos (cefalexina, cefuroxime, levofloxacin, macrolídeos) → geralmente se usa, pois há sintomatologia muito intensa - Corticoide (?): em criança com histórico alérgico, por curto período - Fitoterápico (?): está em pesquisas ainda, podem ajudar mas seu uso é controverso - Controle dos fatores predisponentes Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 120 P3 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 121 22. Distúrbios do Sono Introdução - “meu filho não dorme”: isso é um problema da família toda, ocorrem brigas na família, por vezes a mãe fica com a maior parte da responsabilidade por questões culturais - Acolhimento do problema - Escuta ativa e empática - Nem tudo é falta de limites - Nem todo problema está no paciente - Nem tudo é problema Sono Normal – Revisão - Tempo total de sono diminui ao longo da vida e devemos lembrar que existe uma média de horas de sono recomendadas de acordo com a idade - Maturação do ciclo sono vigília: RN tem sono fragmentado, à medida que a criança vai crescendo, vai amadurecendo o ciclo e após 4 anos o sono vira monofásico, perdendo a necessidade dos cochilos diurnos - Hipnograma: mostra os estágios do sono, sono REM (aumenta no final dos ciclos, importante para memória, sonhos, crescimento) e sono NREM (fase 3 é o sono profundo, é maior no começo do ciclo e vai diminuindo) - Tempo de sono REM e NREM: ao longo da vida, vamos diminuindo o sono REM (pois aprendemos menos) Mas Por Que Meu Filho Não Dorme? - Não dorme porque apresenta: insônia, distúrbios do ritmo, distúrbios respiratórios do sono, parassonias, distúrbios do movimento, hipersonolência → grandes síndromes de diagnóstico diferencial dos distúrbios do sono Queixas Mais Frequentes - Dificuldade para iniciar ou manter o sono: insônia (20-30%), distúrbios do ritmo (7%) - Manifestações que ocorrem durante o sono: parassonias (25%), distúrbios do movimento (1- 2%), distúrbios respiratórios (2-3%) - Manifestações diurnas: dificuldades cognitivas e escolares; hiperatividade, irritabilidade, distúrbios comportamentais; sonolência diurna (mais comum no adolescente) Distúrbios Respiratórios do Sono Apneia Obstrutiva do Sono - parada da respiração pela obstrução, existe esforço respiratório - Apneia obstrutiva do sono, adultos - Apneia obstrutiva do sono, crianças Sintomas Noturnos Sintomas Diurnos Ronco Desconforto respiratório Apneia (engasga enquanto dorme, fica sem ar, para de respirar) Cianose e palidez Agitação Sudorese profusa (acorda todo suado) Ronco ressuscitativo Enurese Sonolência excessiva (mais comum em crianças maiores, crianças pequenas não é comum) Problemas de aprendizado Alteração do comportamento (hiperatividade e agressividade) Retardo do crescimento Cefaleia matinal (comum nos maiores) Apneia Central do Sono - pensar em causa cerebral, não há comando cerebral, não se faz esforço, por exemplo imaturidade, medicações, etc - Apneia central do sono com respiração de Cheyne-Stokes - Apneia central decorrente de doenças médicas - Apneia central em razão de alta altitude - Apneia central em razão de uso de medicamentos ou substâncias Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 122 - Apneia central primária - Apneia central da infância - Apneia central da prematuridade - Apneia central emergente Alterações do Sono em Razão de Hipoventilação - quando se tem retenção de CO2 (hipercapnia) → usa-se CPAP para aprimorar a ventilação pulmonar - Síndrome da obesidade e hipoventilação - Síndrome da hipoventilação alveolar central congênita - Hipoventilação de início tardio com disfunção hipotalâmica - Hipoventilação alveolar central idiopática - Hipoventilação em razão de uso de medicamentos e substâncias - Hipoventilação em razão de doenças médicas * Hipoxemia Relacionada ao Sono - baixa saturação de O2 durante sono sem causa identificada * Sintomas Isolados ou Variação da Normalidade - Roncos - Catatrenia: paciente faz barulho enquanto dorme, emitido na expiração, não é doença, é só um barulho * Consequências - Alteração do comportamento - Prejuízo intelectual - Mau desempenho escolar - Alteração postural - Hipertensão pulmonar - HAS (longo prazo, se vê mais quando adulto) - Visitas médicas frequentes - Piora da qualidade de vida * Diagnóstico de AOS - História clínica: alterações do exame físico → amígdalas (acima de grau 3 já são obstrutivas), fácies de respirador oral (olheiras, nariz elevado, lábio superior encurtado, boca aberta em repouso), alterações de postura, hipertrofia de concha nasal, presença de adenoide, palato ogival (palato fica profundo para dar espaço para o ar passar), mordida aberta anterior (cruzada) - Polissonografia: laboratório do sono ou domiciliar Expansor de palato * Classificação da AOS - IAH (Índice de Apneia e Hipopneia) - Adulto: leve (5-15/h), moderada (15-30/h) e grave (> 30/h) - Crianças: leve (1-5/h), moderada (5-10/h) e grave (> 10/h) Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 123 Tratamento 1. Clínico - Corticoide nasal (Budesonida, Mometasona, Fluticasona) + inibidor de leucotrienos (Montelucaste) - Ortodontia e ortopedia funcional: expansor palatino - Acompanhamento interdisciplinar - CPAP: gera pressão positiva para descolabar a região OBS: budesonida é o mais acessível, porém os outros dois tem menos absorção sistêmica, então se puder dar preferência, usá-los 2. Cirúrgico - Adenotonsilectomia - Uvulopalatofaringoplastia: ressecção do palato mole junto com a úvula, cirurgia rara e não se vê tanto atualmente - Glossectomia - Distração osteogênica da mandíbula: em síndromes que tem retroversão mandibular (queixo para trás), então se faz um avanço mandibular - Traqueostomia: em síndrome de Beckwith- Wiedemann (macroglossia), paciente tem uma “língua gigante” * Resumo da Apneia Obstrutiva do Sono - Sono fragmentado - Ronco, sono agitado, sudorese noturna - Hipertrofia de amígdalas, adenoide e conchas nasais, palato ogival, mordida cruzada - Diagnóstico: história clínica + polissonografia - Conduta: montelucaste, corticoide nasal, adenoamigdalectomia, expansor palatino, fonoterapia, CPAP Parassonias - Despertar confusional (criança chora muito, mas não pede colo quando os pais chegam, não estão acordados), sonambulismo e terror noturno (criança grita, parece aterrorizada, acorda toda suada, com hiperemia, taquicardia, olhos arregalados, mas não lembra do que causou o “terror”) - Comuns na infância e diminuem com a idade - Geralmente ocorrem no início do sono (sono N3 – sono mais profundo) - Privação de sono e agitação podem piorar a frequência e intensidade dos eventos - Conduta: higiene do sono, reduzir cafeína, evitar privação de sono,evitar acidentes (em caso de sonambulismo, esconder chaves, objetos perigosos, proteger escadas) - Quando muito sintomáticos ou quando paciente sob muito risco: clonazepam ou imipramina em baixas doses por 3 a 6 meses (raramente precisa) OBS: sonâmbulo não lembra do que aconteceu, se lembrar não é parassonia * Parassonias do NREM - mais comum - Despertares confusionais - Sonambulismo - Terrores noturnos - Distúrbio da alimentação relacionado ao sono: paciente se alimenta dormindo * Parassonias do REM - Distúrbio comportamental do sono REM: paciente executa o sonho por não ter a atonia muscular (diagnosticado em polissonografia) - Paralisia isolada recorrente do sono - Pesadelos: diferenciado do terror noturno pelo fato do paciente ter consciência do que o fez acordar, tem conteúdo * Outras Parassonias - Síndrome da cabeça explodida: literalmente tem a sensação de que a cabeça explodiu, por um barulho, etc - Alucinações relacionadas ao sono: paciente tem “insight” no período anterior ao sono - Enurese noturna: desde que não associada à apneia do sono - Parassonias devido a doenças - Parassonias devido ao uso de medicamentos ou substâncias - Parassonia não especificada * Sintomas Isolados - Sonilóquio: paciente que fala dormindo, não é uma doença em si, somente um achado Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 124 * Resumo das Parassonias - Distúrbios do sono REM: tem conteúdo, paciente tem consciência - Distúrbios do sono NREM: paciente não tem consciência, geralmente no sono N3, confusão Distúrbios do Movimento Relacionado ao Sono - Síndrome das pernas inquietas: paciente geralmente faz esse movimento o dia todo, e à noite acorda porque balança muito as pernas, faz contrações musculares (movimento de acelerador) em sequência e depois desperta - Distúrbio do movimento periódico dos membros inferiores: distúrbio isolado, sem ser síndrome das pernas inquietas → criança que ainda não fez a troca da dentição se faz abordagem mais com higiene do sono; caso maior, usa-se placa de bruxismo para não ocorrer desgaste dentário - Cãibras noturnas relacionadas ao sono - Bruxismo relacionado ao sono: paciente tem desgaste e retificação da dentição, apresenta cefaleia matinal, desconforto no rosto (pela pressão) - Distúrbio de movimento rítmico relacionado ao sono: head-banging, head-rolling, body-rocking (uma forma de “auto-ninar”, não é patognomônico do autismo, mas ocorre mais nesse quadro) - Mioclonia benigna do sono da infância (DD: epilepsia) - Mioclônus proprioespinal do início do sono: “dar um pulo” quando tira um cochilo, não gera problemas em geral - Distúrbios de movimento relacionados a uma desordem clínica e ao uso de substâncias não classificadas em outra parte * Síndrome das Pernas Inquietas - Necessidade irresistível de se mexer com sensações desagradáveis nos membros afetados - Piora a noite e em repouso - História familiar de SPI - DD com a “dor do crescimento” - Avaliar ferro → ferritina deve estar > 50mcg/L para a criança ficar bem - Ferro, gabapentina (> 6 anos, 100-600mg), clonazepam (0,25 a 0,5mg) → geralmente tratamento com ferro já resolve Distúrbios do Ritmo Circadiano - Atraso de fase: fuso horário atrasado → durmo tarde e acordo tarde, mas as horas de sono são as mesmas (trata-se com melatonina, pois é uma desregulação do ciclo circadiano) - Avanço de fase: fuso horário adiantado → durmo cedo e acordo cedo, mas as horas de sono são as mesmas - Padrão irregular de sono-vigília: paciente que não diferencia ainda dia e noite (ex: bebê) - Distúrbio do ciclo sono-vigília diferente de 24 horas: a cada noite o paciente dorme mais tarde, comum em cegos (mas cegos socializados conseguem ativar despertadores) - Distúrbio dos trabalhadores de turno: paciente trabalha durante a noite e dorme durante o dia em horários fragmentados (trata-se com luz pela manhã e melatonina à noite) - Jet lag (mudança de fuso horário) - Distúrbios do ritmo circadiano não especificados OBS: queixa de “não consigo dormir cedo” → importante diferenciar atraso de fase de insônia, pois atraso de fase o paciente dormiria mais tempo se fosse permitido, na insônia de fato falta sono (tratada com indutor de sono) * Atraso de Fase - Início do sono mais tardio do que o apropriado Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 125 - Dificuldade para acordar na manhã seguinte e fadiga à tarde - Recuperação parcial aos finais de semana 1. Conduta - Fixar o horário de acordar todo dia - Antecipar 15min/dia o horário de dormir - Evitar as sonecas durante o dia - Evitar atividade física a noite: paciente com atraso de fase tem que fazer pela manhã - Fototerapia: expor o paciente à placa de luz branca de manhã (uma lâmpada branca forte já resolve) e evitar ao máximo exposição à luz à noite - Melatonina 0,5mg/dose 30min a 1h antes de dormir (essa dose geralmente é suficiente para pediatria, dificilmente se passa de 1mg) Hipersonias - Narcolepsia tipo I - Narcolepsia tipo II - Hipersonia idiopática - Síndrome de Kleine-Levin: paciente passa grande parte do tempo dormindo - Hipersonia em razão de doenças médicas - Hipersonia em razão de uso de medicamentos e substâncias - Hipersonia associada a doenças psiquiátricas - Síndrome do sono insuficiente (privação de sono) Insônia - Insônia crônica x curta duração - Higiene do sono inadequada - Insônia comportamental da infância: associação inadequada para início do sono, falta de limites - Insônia associada a condições médicas * Avaliação - Horário de deitar, dormir, acordar, levantar, cochilos - Ambiente de sono: cama, luz, temperatura, conforto - Sintomas noturnos e diurnos - Diário do sono - Laboratório: ferro - Actigrafia: eventualmente, aparelho que mede a rotina do sono - Polissonografia: suspeita de distúrbios respiratórios, epilepsia, insônia refratária ao tratamento Sintomas Noturnos Sintomas Diurnos Dificuldade para iniciar e/ou manter o sono Despertar antes do desejado Resistência para ir para cama Dificuldade para iniciar o sono e/ou voltar a dormir sem os pais ou cuidadores Fadiga, cansaço Alteração da atenção, concentração ou memória Prejuízo social, familiar ou acadêmico Irritabilidade ou distúrbio do humor Sonolência Hiperatividade, impulsividade, agressividade * Associação Inadequada ao Sono - tipo de insônia na qual a criança acorda várias vezes durante a noite mas precisam mamar para voltar a dormir → criança associa o peito com o início do sono - Prevalência: 25-50% das crianças entre 6 e 12 meses, 30% com 1 ano, 15-20% entre 1 a 3 anos 1. Fatores de Risco - Pais inseguros e ansiosos, depressão materna, temperamento da criança, coleito - Cólicas, RGE, dentição, alergias alimentares, doenças comuns na infância 2. Comportamento dos Cuidadores - Fazer adormecer no colo - Pegar o lactente no colo imediatamente após o despertar noturno * Dificuldade no Estabelecimento de Limites e Resistência para Dormir - criança que “fica inventando coisa” para não dormir, pede para contar história, daí quer água, daí quer ir no banheiro, e etc - Prevalência: 10-30% das crianças, mais comum em maiores de 2 anos 1. Fatores de Risco - Conflitos em relação à educação - Expectativas erradas dos pais - Temperamento da criança e comportamento opositor diurno 2. Comportamento dos Pais - Pais pouco disciplinados e permissivos → Orientações - Criar rotina diária de sono - Evitar brincadeiras e atividades agitadas antes de dormir - Evitar café, chás, chocolate, refrigerantes após 17h - Evitar de alimentar na madrugada a partir de 6 meses - Amamentarantes de dormir em outro ambiente Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 126 - Quarto escuro, sem ruídos e aparelhos eletrônicos - Temperatura agradável - Adormecer na mesma cama que vai dormir a noite toda - Colocar a criança na cama acordada (sonolenta) - Estabelecer horários regulares (limites) para a criança dormir e acordar - Não criar associações negativas para o início do sono: “se não se comportar vou te botar para dormir” - Evitar de dormir mamando, embalada no colo, assistindo televisão, ou andando no carro - Objetos transicionais: os amiguinhos de dormir, paninhos; podem ser usados até 1 a 5 anos para ajudar a criança na fase de transição, desapegar dos pais → Técnicas Comportamentais - Extinção: deixar chorar até dormir - Extinção gradual: deixar chorar um tempo, acolher, deixar chorar mais um tempo - Hora de dormir planejada - Despertar programado: acordar a criança no meio do sono para ela ficar com bastante sono - Reestruturação cognitiva - Técnicas de relaxamento - Restrição do sono → Indicação para Tratamento Medicamentoso - Técnicas comportamentais ineficientes - Quebrar o ciclo do problema - Nos distúrbios do ritmo circadiano (atraso de fase), nas parassonias frequentes e distúrbios do movimento associados - Doença médica associada - Quando fatores estressores são muito importantes - Associada à mudança de fuso horário Casos Caso 01 Disturbio de falta de limites Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 127 Caso 02 Chora.... Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 128 Para ajudar iniciar o sono sozinha. Importante coloca limite para crianças. Para aprender o limite dela e o limite do outro. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 129 23. Regurgitação do Lactente e Doença do Refluxo Gastroesofágico Conceitos - Refluxo gastroesofágico: retorno involuntário do conteúdo gástrico ao esôfago, atingindo algumas vezes a faringe, boca e vias aéreas superiores - Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE): episódios de refluxo gastroesofágico mais intensos e de maior duração que podem promover complicações clínicas (ex: inflamação do esôfago, dor, dificuldade de ganho de peso) Regurgitação do Lactente (Refluxo Fisiológico) x Doença do Refluxo Gastroesofágico - 1 imagem: criança não muda semblante (“regurgitador feliz”) - 2 imagem: irritação, bebê se joga para trás (posição bastante comum), dor, provável doença do refluxo Fisiopatologia - Aumento da frequência do relaxamento transitório do EEI → refluxo do conteúdo gástrico ao esôfago promovendo manifestações clínicas. O bebê não nasce com o estreitamento diafragmático completo - é normal termos episódios de refluxo, mas a partir do momento que ficam frequentes e causam sintomas, tem-se o refluxo como doença Grupos de Risco para DRGE - Alergia ao leite de vaca - Asma: crises de asma por conta dos episódios de regurgitação - Doenças neurológicas: dificuldade de contenção do EEI, hipotonia muscular - Prematuridade: atraso da maturidade do EEI - Obesidade - Fibrose cística ou displasia broncopulmonar - Antecedente familiar de DRGE: sempre questionar na anamnese - Malformações congênitas do trato gastrintestinal Outras Condições - Hérnia hiatal: existe disfunção na JEG; pensar quando criança continua com sintomas após tto - Atresia de esôfago e fístula traqueoesofágica: não são muito frequentes; ocorre uma dificuldade de comunicação do esôfago com estômago ou comunicação com traqueia (podendo ter tosse ou regurgitação muito importante) - Pâncreas anular: pâncreas circunda o duodeno, o que dificulta passagem do conteúdo gástrico para o duodeno - Estenose hipertrófica de piloro: também dificulta passagem do conteúdo gástrico para o duodeno Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 130 Clínica Regurgitação do Lactente (Refluxo Fisiológico) - Ocorre em 60% dos lactentes - Inicia-se antes dos 2 meses de vida, aumenta em número e volume entre 2 e 4 meses (ocorre uma piora pela tentativa de sentar do bebê, faz flexão de abdome para sentar) e 90 a 95% dos casos se resolvem até 1 ano de vida - Não há necessidade de confirmação diagnóstica com exames quando tem refluxo fisiológico: deve-se fazer avaliação clínica e acalmar os pais - Ausência de choro ou irritabilidade após os episódios de regurgitação: é o “regurgitador feliz” - Ganho pôndero-estatural adequado: curvas estão normais - DNPM normal - Ausência de anormalidade metabólica, genética, infecciosa, alérgica ou de obstrução anatômica: bebê normal DRGE no Lactente - Baixo ganho ponderal - Choro e irritabilidade - Regurgitação recorrente: vários episódios por dia - Recusa alimentar ou interrupção das mamadas: chora muito, recusa o peito, luta contra o peito - Arqueamento do tronco: movimento na tentativa de pressionar a traqueia contra o esôfago - Apneia e bradicardia - Hiper-reatividade brônquica: associação por vezes com asma e sibilância. Tosse - Otite de repetição: por vezes o diagnóstico de DRGE é feito apenas pela queixa de otite de repetição. Bebês tem a tuba auditiva mais retificada facilita o refluxo Sinais e Sintomas de Alarme Doenças Obstrutivas ou Gastrintestinais Doenças Neurológicas e Sistêmicas Vômitos de aspecto bilioso Sangramento digestivo Vômitos com esforço significativo Vômitos iniciados após o 6º mês Constipação ou diarreia Macro ou microcefalia Abaulamento de fontanela Convulsões Anomalias genéticas Hepatoesplenomegalia Doenças crônicas infecciosas Doenças metabólicas Abdome distendido ou doloroso Febre Letargia Deficiência de crescimento DRGE em Crianças e Adolescentes - Náusea matinal - Desconforto abdominal - Plenitude pós-prandial (estar muito cheio mesmo sem comer em demasia) - Eructação excessiva - Queimação retroesternal e/ou epigástrica (pirose) - Vômitos recorrentes - Tosse (conteúdo do estomago pode irritar região de faringe e laringe) - clínica mais parecida com a do adulto 1. Manifestações Extraesofágicas - Tosse crônica - Sibilância e asma crônica - Rouquidão, pigarro, laringites de repetição - Infecção de garganta de repetição (faringites, amigdalites) - Aftas e erosões dentárias - Otites e sinusites de repetição - Pneumonias recorrentes Esofagite - Esofagite: complicação mais comum da DRGE - Lactente: predomínio de esofagite não-erosiva, com boa evolução - Quando há hérnia hiatal: esofagite mais importante. O tratamento evita estreitamento esofágico - Não há correlação entre gravidade de sintomas e esofagite - Hemorragia digestiva alta: raro - Odinofagia pode estar presente (gera recusa alimentar) - Disfagia sugere estenose esofágica (esôfago distal) - Esôfago de Barrett (epitélio colunar metaplásico): lesão pré-maligna, raro na criança. Associação com adenocarcinoma (mais raro ainda) Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 131 - imagem 2: porção distal do esôfago com erosão maior que 5mm (esofagite erosiva grau B de Los Angeles) e área de epitelização colunar- imagem 3: metaplasia - imagem 4: estenose Diagnóstico - História clínica: o diagnóstico é basicamente clínico, então muito importante detalhar - Exame físico: pode fornecer dados de complicações ou outras condições → massas, estenose de piloro, hepatoesplenomegalia, elevação da fontanela (hipertensão intracraniana) - Exames complementares: solicitados quando sinais de complicação * Regurgitação do Lactente - Critério de Roma IV: lactente saudável de 3 semanas a 12 meses: . 2 ou mais episódios diários de regurgitação por pelo menos 3 semanas . Ausência de: náuseas, hematêmese, aspiração, apneia, déficit de ganho ponderal, dificuldade para alimentação ou deglutição, postura anormal (basicamente deve-se ter a regurgitação como sintoma isolado) DRGE do Lactente - Geralmente diagnóstico clínico - Regurgitação com irritabilidade ou perda de peso (pais falaram sobre regurgitação = perguntar sobre irritabilidade e choro após a ocasião) - Exames complementares: confirmação diagnóstica ou complicações (mas de preferência não se solicita) - Diagnóstico diferencial: doenças que causam vômitos (principalmente APLV) - Se boa aceitação alimentar e ganho ponderal normal: pensar em refluxo fisiológico DRGE + Alergia à Proteína do Leite de Vaca - Associação de DRGE + APLV ocorre em 16 a 42% dos lactentes (bastante elevada e comum) - Diagnóstico: teste terapêutico (retirar a proteína por um período e depois fazer a reexposição, se for em aleitamento materno se retira da dieta da mãe, quando em fórmula trocar por outra) - Sinais de alerta para diagnóstico de DRGE + APLV: dificuldade de ganho ponderoestatural, irritabilidade, choro excessivo, recusa alimentar, anemia, distúrbios do sono (fragmentado, agitado, choro), sintomas respiratórios DRGE na Criança e Adolescente - Geralmente diagnóstico clínico - Exames complementares: em situações específicas (esofagite, tratamento empírico não responsivo, sintomas extraesofágicos) DRGE e Asma - 25 a 75% das crianças com asma, apresentam DRGE na pHmetria - Atenção para: . Asma de difícil controle não responsivas ao tratamento com broncodilatadores e/ou corticosteroides . Asma associada aos sintomas digestivos (vômitos e pirose) . Asma com nítida exacerbação noturna (regurgitação quando deitado causa irritação e desencadeia crise) Exames Complementares EDA - Avalia mucosa esofágica (avalia a complicação esofagite) Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 132 - Lesões macroscópicas: esofagite, erosões, exudato, úlceras, estenoses e hérnia de hiato - Biópsia do esôfago: para diferenciar DRGE de outras causas (esofagite eosinofílica e o esôfago de Barrett) - Indicação: suspeita de esofagite (anemia ferropriva sem causa aparente, hematêmese e melena, disfagia, escolares e adolescentes com dor epigástrica e/ou pirose e dor torácica não cardiogênica) Seriografia - Exame radiológico contrastado de esôfago, estômago e duodeno - Anormalidades anatômicas: processos suboclusivos (anéis vasculares), estenose de esôfago, hérnia de hiato, estenose hipertrófica de piloro, volvo e pâncreas anular - já foi mais utilizado, hoje se usa mais em suspeita de estenoses, obstrução - Solicitar quando: vômitos persistentes, ganho ponderal insuficiente em lactentes e disfagia em crianças maiores Cintilografia Gastroesofágica - Não recomendado para diagnóstico e seguimento (baixa sensibilidade e especificidade para DRGE) → é mais utilizada para avaliar aspiração, principalmente em pacientes neurológicos - Ingestão de alimento marcado com radiofármaco - Detecta aspiração pulmonar em pacientes com sintomas respiratórios crônicos e refratários (o radiofármaco vai ser visto na árvore pulmonar) Ultrassonografia - Observa-se junção gastroesofágica e movimento dos fluidos líquidos após refeição - Baixa especificidade para DRGE - Avalia: estenose hipertrófica de piloro e má- rotação intestinal - Não recomendado para diagnóstico de DRGE: importante saber, pois muitos profissionais solicitam esse exame, até pode avaliar a regurgitação, mas não avalia a intensidade e outras características importantes pHmetria Esofágica de 24 horas - Quantifica a frequência e duração dos episódios de refluxo ácido (pH<4) - É possível correlacionar episódios de refluxo com sintomas clínico (ex: paciente tosse e marca o horário que tossiu, posteriormente é analisado se houve correlação entre esse sintoma e episódios de refluxo) - Indicação: avaliação dos sintomas atípicos ou extraesofagianos (verificar se tem relação ou não com refluxo), avaliação da resposta ao tratamento e análises pré e pós-cirúrgicas Impedanciometria Intraluminal Acoplada à pHmetria Esofágica (IMP-pH) - Método mais recente para estudo dos distúrbios da motilidade esofágica (ainda se tem pouco acesso, não é muito utilizado, mais em grandes centros) - Detecta movimento do conteúdo intraluminal (refluxos ácidos, fracamente ácidos e não ácidos), análise do conteúdo refluído (líquido, gasoso ou misto), extensão que atinge e tempo de duração do evento - Limitação: ausência de parâmetros de normalidade para diferentes faixas pediátricas Resuminho dos Exames Complementares - Endoscopia digestiva alta: descarta esofagite - pHmetria: sintomas atípicos ou extraesofágicos, resposta ao tratamento e análises pré e pós- cirúrgicas; detecta apenas o refluxo ácido - Impedanciometria: detecta todos os tipos de RGE, independentemente do pH, mas se tem Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 133 menor acesso ao exame. Vomito bilioso é um reflexo alcalino - Seriografia: anormalidades estruturais anatômicas (hérnia, estenose e volvo) - Cintilografia gastroesofágica: aspiração pulmonar - Ultrassonografia abdominal: estenose hipertrófica de piloro e má rotação intestinal; não tem utilidade no diagnóstico de refluxo sem essas suspeitas (não deve ser solicitada de rotina na suspeita de DRGE) Tratamento - Orientações: conversar e acolher os pais, é uma situação estressora - Medidas posturais e dietéticas - Tratamento farmacológico - Tratamento cirúrgico Objetivos Gerais do Tratamento - Resolver ou diminuir a intensidade do sintomas - Melhorar a qualidade de vida - Prevenir complicações da DRGE Orientações - Paciência: pais costumam ficar muito ansiosos nessas situações, gera preocupação - Evitar exposição passiva ao fumo - Posição vertical 20 a 30 minutos após mamada - Decúbito dorsal com cabeceira elevada (30 a 40 graus): a inclinação ideal seria de corpo inteiro - Evitar bebê-conforto: compressão do abdome facilita ocorrência de RGE (pelo aumento da pressão) - Não se recomenda a posição prona: risco elevado de morte súbita Orientações Dietéticas - Evitar alimentos que diminuem o tônus do EEI ou aumentam acidez gástrica: alimentos gordurosos, frutas cítricas, tomate, café, bebidas alcoólicas e gasosas - Dieta fracionada: pequeno volume e várias vezes ao dia - Não dar líquidos juntamente com refeições principais: se a criança for insistente, fazer em pequenas quantidades - Evitar deitar logo após as refeições (2 horas após jantar) - Redução do peso corpóreo para crianças e adolescentes obesos - Espessar dieta dos lactentes 1. Espessamento da Dieta - Fórmulas AR - Redução de 20% do teor de lactose - Substituição por carboidrato pré-gelatinizado que torna-se viscoso e denso ao entrar em contato com o ácido clorídrico - Redução do número de regurgitações e/ou vômitos - Não reduz refluxo ácido: reduz os episódios, mas não a acidez → portanto ajuda mais no refluxo fisiológico do que na DRGE * Tratamento Farmacológico - Procinéticos: domperidona,metroclopramida, bromoprida → foram praticamente abandonados na pediatria - Antagonistas de receptores H2: ranitidina → podem reduzir a acidez, mas idealmente deve ser evitado, usa-se em casos de refluxo muito significativos - Inibidores de bomba de prótons: omeprazol, esomeprazol → usados com cautela, preferencialmente não usar abaixo de 1 ano de idade 1. Procinéticos - Aumenta tônus do EEI, melhora clearance esofágico e promove aceleração do esvaziamento gástrico - Reduz regurgitação, mas não reduz número e duração de refluxos ácidos - Não devem ser utilizados rotineiramente como drogas de escolha → caíram em desuso - Uso criterioso: podem provocar sintomas de liberação extrapiramidal, reações distônicas e Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 134 sonolência - Pequena margem de segurança entre dose terapêutica e tóxica - Drogas: domperidona, metoclopramida, bromoprida 2. Antagonistas dos Receptores H2 - Ação: inibe a secreção ácida basal, principalmente no período noturno → ajuda no sintoma dor - Poucos efeitos colaterais: cefaleia, fadiga, dor abdominal e diarreia - Pode evoluir com taquifilaxia: perda da capacidade de tamponamento ácido dos anti-H2 em algumas semanas, limitando seu uso em casos mais graves de DRGE e nas esofagites erosivas - Droga: ranitidina - Utilizada em DRGE leve, não responsiva às medidas posturais e alimentares 3. Inibidores de Bomba de Prótons (IBP) - Usado em lactentes acima de 1 ano - Casos mais graves e não responsivos aos anti- H2: esofagite erosiva, estenose péptica do esôfago ou esôfago de Barrett, pacientes neurológicos ou com de doença respiratória crônica associada à DRGE - Drogas: omeprazol, lansoprazol e esomeprazol - Forma MUPS (multiple unit pellet system): microgrânulos com invólucro acidorresistente ou comprimidos com microgrânulos dispersíveis (são pequenas cápsulas que são abertas no duodeno, onde ocorre melhor absorção) - Efeitos colaterais: cefaleia, fadiga, dor abdominal, diarreia, erupção cutânea Tratamento Cirúrgico - Técnica mais utilizada: cirurgia de Nissen (fundoplicatura de esôfago distal) 1. Indicações - Doença de base (hérnia hiatal, apneia) - Tratamento medicamentoso refratário - Pacientes com encefalopatia crônica, neuropatas - Esofagite de refluxo não responsiva ao tratamento - Doença pulmonar grave, com risco de aspiração OBS: Pacientes neurológicos que se alimentam por gastrostomia não necessitam de fundoplicatura preventiva, exceto se apresentar DRGE concomitante → é frequente que se indique o combo fundoplicatura + gastrostomia, mas nem sempre existe necessidade Resumo - Regurgitação seguida de choro e perda de peso: considerar doença de refluxo gastroesofágico - Regurgitação sem desconforto ou perda de peso: considerar refluxo fisiológico - Sempre considerar o diagnóstico de APLV em crianças com refluxo persistente - Diagnóstico geralmente clínico (evitar exames ou utilizá-los em situações de necessidade) - Exames: pHmetria avalia episódios de refluxo; EDA avalia lesões pelo refluxo (esofagite); Seriografia avalia alterações anatômicas (estenose); Ultrassonografia não deve ser solicitada para avaliação de refluxo (com exceção de suspeita de obstruções como hipertrofia de piloro) - Tratamento é baseado em medidas posturais e dieta. Quando necessário, prescreve-se medicamento - Tratamento medicamentoso: • Antiácidos (casos mais leves), • Inibidor de bomba (evitar antes de 1 ano) • e Procinéticos (foram abandonados). • Uso com critério Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 135 24. ANEMIAS Definição - Redução da concentração sanguínea de hemoglobina. - OMS – anemia: • . Menores de 5 anos e gestantes: Hb < 11 • . 6 a 12 anos: < 11,5 • . 12 a 14 anos e mulheres: < 12 • . Homens adultos: < 13 Mecanismos Principais - Falta de produção: não produzo hemácias - Excesso de destruição: estou destruindo hemácias - Perdas hemorrágicas: estou perdendo hemácias - para ter anemia, tem que se encaixar em um desses critérios -> Evolução/Maturação celular: pró-eritroblasto - > se desenvolve ao longo do tempo até se transformar no reticulócito -> isso dentro da medula óssea -> a hemácia é liberada na corrente sanguínea - Nós temos um pouco de reticulócitos no sangue -> em situações de anemias hemolíticas com redução de hemácias -> a medula óssea começa a mandar células jovens (reticulócitos) para o sangue * Desvio a esquerda: em situação de infecções -> células novas vão ser produzidas e liberadas na corrente sanguínea pela necessidade -> quanto mais à esquerda o desvio mais grave a infecção -> lembrar que se tiver células brancas jovens em excesso no sangue e não tiver infecção devemos pensar em leucemia Falta de Produção - Falta de tecido eritropoiético - Invasão de medula óssea por elementos malignos - Deficiência de elementos essenciais à formação de eritrócitos (ex: ferro) * Excesso de Destruição 1. Agressão ao Eritrócito - Desordens imunológicas: incompatibilidade materno-fecal, anemia hemolítica autoimune após exposição a agentes infecciosos e drogas, doenças do colágeno - Destruição não mediada por anticorpos: toxicidade primária por drogas, infecções parasitárias (malária, clostridium) 2. Defeitos do Eritrócitos - Distúrbio hereditários da membrana eritrocitária: esferocitose, eliptocitose - Defeitos da síntese de hemoglobina: talassemias, doença falciforme - Deficiências enzimáticas: G6PD, piruvato- quinase, fosfofruto-quinase (enzimas envolvidas na formação das hemácias) * Perda Hemorrágica - Agudas (ex: trauma) - Crônicas (ex: alergia alimentar -> inflamação intestinal -> perdas crônicas de sangue) Citologia das Células Sanguíneas - 1 linha: série vermelha → até antes do reticulócito, é tudo dentro da medula, após o reticulócito as células já estão no sangue; pode-se enviar pro sangue a hemácia pronta ou o reticulócito (se tiver muita hemólise); - 2 linha: células brancas → quando o hemograma está com aumento de bastonetes, existe um desvio à esquerda, ou seja, células jovens estão precisando ser enviadas ao sangue, pois existe uma infecção; - 3 linha: plaquetas → se tem megacariócitos no sangue, são células jovens que estão sendo requisitadas, pode ser neoplasia (leucemia); Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 136 Anemia ferropriva Introdução - Anemia mais comum em pediatria (95% de todas as anemias) - Revisão 1996-2007: prevalência de 53% de anêmicos no Brasil - 6-24 meses: risco 2x maior comparado a crianças de 25-60 meses → pelo crescimento acelerado e necessidade aumentada de ferro - OMS: 2 bilhões de pessoas com deficiência de ferro no mundo Escassez de Ferro - Dieta inadequada: principal fator, desmame precoce, uso prolongado de leite de vaca, baixo nível socioeconômico, alimentação pobre em ferro - Aumento nas necessidades corpóreas de ferro: lactentes e adolescentes → crescimento acelerado e maior necessidade de ferro - Baixos estoques de ferro ao nascimento: RN prematuro e RN de baixo peso → nos bebês, ocorre estoque de ferro hepático, por isso um RN prematuro pode nascer com estoques diminuídos; - Perdas sanguíneas intestinais: parasitoses intestinais, alergia ao leite de vaca, divertículo de Merkel (raro) - Déficit de absorção: acloridria (ex: uso prolongado de omeprazol), gastrite atrófica (atrofia da mucosa gástrica- menos ácido), síndrome da má absorção (doença celíaca, Crohn -> inflda mucosa GI diminui absorção) Instalação da Anemia Ferropriva - Reservas de ferro normais (come alimentos com ferro, hemograma e ferritina normais) → Baixa ingestão de ferro (não come alimentos com ferro, hemograma normal, ferritina normal) → Baixa reserva de ferro (não come alimentos com ferro, hemoglobina normal, ferritina baixa) → Anemia por deficiência de ferro (não come alimentos com ferro, hemograma baixo e ferritina baixa) - lembrar que anemia ocorre por uma evolução, não ocorre do nada Apresentação Clínica - Ferropenia de instalação insidiosa, sinais pouco visíveis - Atraso do DNPM em lactentes e déficit cognitivo em escolares - Alterações no crescimento: queda nos percentis de peso e estatura - Alterações neurocomportamentais: irritabilidade, sonolência diurna, diminuição da atenção e do rendimento escolar, piora da síndrome das pernas inquietas - Perversão do apetite e agressão: criança come terra, tijolo; - Diminuição da tolerância aos exercícios Diagnóstico Clínico - Idade: 2 primeiros anos de vida e adolescência - Prematuridade - História alimentar pobre em ferro - Perdas sanguíneas evidentes - Ferro medicamentoso profilático/terapêutico (não utilizado) - Alergia alimentar - Perda do apetite - Adinamia: falta de ânimo, lentificação - Indisposição geral, fraqueza - Sonolência - Infecções de repetição - Menor resistência ao frio * Exame Físico - Palidez cutâneo-mucosa - Sopro cardíaco - Taquicardia - Atraso do crescimento - Coiloníquia (unha em forma de colher) Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 137 - Quelite angular: inflamação do ângulo da boca (frequente também em quadro viral agudo) - Glossite: inflamação da língua (ex: língua geográfica, língua lisa, perda de papila) - Candidíase orofaríngea: sapinho - Gastrite e alterações na secreção gástrica - Síndrome anêmica: fadiga, astenia, dispneia, palpitações e tontura * Lembrar - Deficiência de ferro é mais comum antes dos dois anos - Período de maior desenvolvimento cerebral - Consequências cognitivas a longo prazo Diagnóstico Laboratorial Hemograma, ferritina, saturação de transferrina, ferro sérico, CTCF e CLCF (Capacidade total e latente da combinação do ferro) - Estoque: ferritina -> maior concentração no fígado - Transporte: transferrina - Funcional: a própria hemácia -> hemoglobina - Exames na Prática → pede-se exames de HEMOGRAMA E FERRITINA para diagnóstico de anemia (PROVA) * Sinal Verde – Normal - Hemoglobina normal - Ferritina normal - Ferritina > 12 µg/L (menores de 5 anos) - Ferritina > 15 µg/L (maiores que 5 anos) * Sinal Amarelo – Deficiência de Ferro - Hemoglobina normal - Ferritina baixa (é o primeiro que altera) - Ferritina < 12 µg/L (menores de 5 anos) - Ferritina < 15 µg/L (maiores de 5 anos) * Sinal Vermelho – Anemia Ferropriva - Hemoglobina baixa - Microcitose com hipocromia (VCM baixo) - Ferritina baixa - Ferritina < 12 µg/L (menores de 5 anos) - Ferritina < 15 µg/L (maiores de 5 anos) *ferro sérico não serve. Se comeu carne por exemplo vai ficar alto. Deficiência de Ferro Anemia Ferropriva Hemoglobina Normal ↓ VCM Normal ↓ Ferritina sérica (primeiro que altera) ↓ ↓ Ferro sérico ↓ ↓ CLCF ↑ ↑ - VCM (volume corpuscular médio) → é o volume do corpo das hemácias, está baixo na anemia, caracterizando microcitose; e está normal na deficiência de ferro pois ferritina não tem interferência no volume da hemácia, está fora da hemácia; - CLF (capacidade de ligação de ferro/avidez da hemácia por ferro) → tanto na deficiência quanto na anemia está alto, pois como há falta de ferro, a hemácia está “com fome” de ferro; importante salientar que se o valor estiver baixo, o paciente não tem “fome de ferro”, portanto não vai absorver mais o suplemento; - ferritina está baixa nas duas situações Anemia Ferropriva (Hipocrômica e Microcítica) – Diagnóstico Laboratorial - Depleção dos estoques de ferro no fígado, baço e medula óssea, caracterizada pela diminuição da ferritina sérica (< 12 mcg/Dl) Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 138 - Declínio do ferro sérico e aumento da capacidade de ligação do ferro (CLF) - Há diminuição da hemoglobina, do volume corpuscular médio (VCM), da hemoglobina corpuscular média (HCM) → HCM é tipo igual ao VCM, mas é mais sobre densidade da hemoglobina - Reticulócitos normais ou reduzidos: podem estar reduzidos, pois a produção de hemácias pode estar comprometida pela redução do ferro → na anemia hemolítica existe mais reticulócitos no sangue, pois há ferro para ocorrer produção, enquanto na anemia ferropriva não há ferro para ocorrer a produção. Hipocromia - HCM: hemoglobina corpuscular média = peso da hemoglobina dentro da hemácia - CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média = concentração da hemoglobina dentro da hemácia - quanto maior esse valor, mais colorida está a hemácia e portanto mais ferro tem dentro dela, e quanto menor esse valor, mais pálida fica a hemácia e menos ferro tem dentro dela; Microcitose - VCM (volume corpuscular médio) está reduzido na anemia ferropriva - algumas hemácias tem volume menor em relação a outras por ter menos ferro dentro da célula -> muitas hemácias com menos ferro dentro delas Anisocitose - red cell distribuition width (RDW): tamanho distribuído das células vermelhas → células assumem tamanhos diferentes, e quanto maior a diferença de tamanho entre as células, maior o valor do RDW - ex: quando se está perdendo ferro, não se perde de forma regular, algumas células se esvaziam antes das outras → RDW tem a ver com movimento - se eu estou perdendo ferro ou ganhando, eu tenho movimento, então o RDW aumenta - quando todas as células perderam ferro, o RDW está baixo, pois as células terão tamanhos pequenos iguais - RDW normal pode ser uma paciente anêmico ou não → posso ter as células totalmente cheias ou vazias do mesmo tamanho Poiquilocitose - eritrócitos anormais - formatos diferentes das hemácias Diagnóstico Diferencial de Anemia Hipocrômica e Microcítica - Talassemia e traço talassêmico (principal DD) → defeito da hemoglobina, pode ser avaliada por eletroforese de hemoglobina - Doenças crônicas: colites, alergia ao leite de vaca - Infecções agudas - Intoxicação por chumbo (quando um paciente que trata e não responde) - Neoplasias: podem ser avaliadas por PCR, LDH - Deficiência de cobre Prevenção - Dieta equilibrada, com carne, vegetais e frutas - Evitar alimentos inibidores próximo às refeições: chás (quelam o Fe), café e leite de vaca Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 139 - Controle de infestações parasitárias - Suplementação medicamentosa com ferro elementar - A contraindicação de uso de leite de vaca in natura, não processado, em pó ou fluido antes dos 12 meses (limitação de consumo de 500ml/dia após os 12 meses) também é uma estratégia reconhecidamente protetora contra a deficiência de ferro e o desenvolvimento de anemia ferropriva. - Estilos de vida optantes por regimes de alimentação restritos para o uso de carnes e alimentos fontes de ferro hemínico requerem igualmente acompanhamento nutricional adequado, com apoio de nutricionistas especialistas para garantir o consumo adequado de ferro e ou suplementação profilática sempre que necessário. Ferro Heme e Não Heme - Ferro heme (carne): 2,8mg de ferro por 100g de carne, tem absorção de 20 a 30% - Ferro não heme (vegetais): Absorção de 2 a 10%, tendo como facilitador da absorçãoo ácido ascórbico e inibidores da absorção os fitatos, taninos, cálcio e fosfatos Suplementação de Ferro na Prevenção - todo bebê acima de 3 meses que esteja em aleitamento materno ou usando fórmula em quantidade menor que 500mL vai receber ferro profilático 1 mg/kg/dia até 2 anos - bebês pré termo vão precisar receber mais ferro → nasceu antes, não teve aquele estoque hepático de ferro do bebê termo → quanto menor o bebê, mais ferro ele vai precisar proporcional ao peso Suplementação de Ferro na Prevenção Recém-nascidos a termo, de peso adequado para a idade gestacional em aleitamento materno exclusivo ou não OU em uso de menos de 500mL de fórmula infantil por dia (a partir do 3° mês de vida) – PROVA 1 mg/kg/dia Até 2 anos Recém-nascidos a termo com peso inferior a 2mg/kg/dia Até 1 ano 1mg/kg/dia Até 2 anos 2500g (a partir de 30 dias) Recém-nascidos pré termo com peso entre 2500 a 1500g (a partir do 30º dia) 2mg/kg/dia Até 1 ano 1mg/kg/dia Até 2 anos Recém-nascidos pré termo com peso entre 1000 e 1500g 3mg/kg/dia Até 1 ano 1mg/kg/dia Até 2 anos Recém-nascidos pré termo < 1000g 4mg/kg/dia Até 1 ano 1mg/kg/dia Até 2 anos Tratamento - Objetivos: normalizar a hemoglobina e repor os estoques de ferro - Ferro elementar: dose terapêutica de 3 a 5 mg/kg/dia em 2 tomadas - Tempo: 6 a 8 semanas após a normalização da hemoglobina para reposição dos estoques de ferro → considerando que o aumento da Hb em 30 dias = 1g/dL - Ácido ascórbico (vitamina C): auxilia na absorção de ferro - Ferro endovenoso: situações especiais - Transfusão de sangue: casos graves * Suplementos de Ferro Disponíveis - Sais Ferrosos/ Sulfato ferroso: Mais barato, absorção rápida; administrado 30min a 1h antes das refeições; mais efeito colateral (náusea, diarreia ou constipação); - Sais Férricos e Quelatos: Mais caros, menos efeitos colaterais. Podem ser ingeridos em jejum ou junto às refeições. - Sulfato ferroso solução oral 125 mg/ml - 25 mg de ferro elementar por ml Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 140 - 1ml= 25 gotas - 1 gota = 1 mg - Ferripolimaltose solução oral 50 mg/ml - 50 mg de ferro elementar por ml - 1ml = 20 gotas - 1 gota = 2,5 mg - Glicinato férrico 250 mg/ml - 50 mg de ferro elementar por ml - 1ml = 20 gotas - 1 gota = 2,5 mg 25. Linfonodomegalia e câncer Por Bianca Ferreira XL ➢ Adenomegalia (hiperplasia de linfonodo, linfadenopatia): aumento de um ou mais linfonodos ➢ Linfadenite: aumento do linfonodo com sinais de inflamação. ➢ Generalizada (25% dos casos): aumento de 2 ou mais grupos de linfonodos em regiões não contíguas. ➢ Localizada (75% dos casos): 1 único linfonodo ou grupos de linfonodos responsáveis pela drenagem de uma área anatômica. ➢ Linfonodos palpáveis são comuns na infância (44% das crianças saudáveis). ➢ Linfadenopatia: tamanho, número e características. ➢ Introdução: o Geralmente associados a patologia benigna e autolimitada. o Resposta transitória a patologia local ou generalizada. o Pode ocorrer como sinal precoce ou parte do quadro clínico de uma doença maligna ou grave. o Linfonodos normais: pequenos, móveis, fibroelásticos, indolores. ▪ Occipital, submandibular, auricular e axilar: 0,3 – 0,5cm. ▪ Cervical e inguinal: 1,0 – 1,5cm. o Linfonodos palpáveis a partir da 6ª semana de vida. o No período neonatal, não conseguem ser palpáveis, com exceção de pequenos linfonodos occipitais. o Atenção para linfonodos com características que diferem do normal ou palpáveis em regiões supraclaviculares, epitrocleares ou poplíteas. ➢ Causas: o Infecciosas: Brucelose Coxsackie, Doença da arranhadura do gato, Hanseníase, Herpes simples e varicela-zoster, Hepatites, HIV, Infecções bacterianas, Infecções de vias aéreas superiores, Leishmaniose, Mononucleose e síndromes mono-like, Rubéola, Sífilis, Toxoplasmose, Tuberculose e Tularemia. o Autoimunes: Artrite idiopática juvenil, Artrite reumatoide, Dermatomiosite, Lúpus eritematoso sistêmico, Síndrome de Sjögren. Não são comuns em pediatria. o Neoplasias: Leucemias, Linfomas, Metástases, Neoplasias cutâneas, Sarcoma de Kaposi. o Iatrogênicas: Doença do soro e Medicamentos. o Outras: Beriliose, Doenças de depósito, Doença de Kawasaki, Doença de Kimura, Efeito adverso pós-vacinal (vacina BCG), Hiperplasia angiofolicular, Hipertireoidismo, Histiocitose, Linfadenite de Kikuchi, Sarcoidose, Silicose. ➢ Diagnóstico: o História clínica cuidadosa. o Exame físico detalhado. o Podem ser necessários exames complementares. ➢ Exames complementares: Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 141 o Hemograma. o Sorologias (mais comuns): ▪ Vírus Epstein-Barr. ▪ Citomegalovírus. ▪ HIV. ▪ Toxoplasmose. ▪ Sífilis. ▪ Rubéola. o Provas de atividade inflamatória (LDH, PCR, VHS) o Culturas de material biológico. o Teste tuberculínico. o Exames de imagem: RX toráx, US, TAC e RNM. o Exame anatomopatológico do gânglio. ➢ Conduta: o Quando conduta expectante nas adenomegalias? ▪ Criança em BEG. ▪ LNM localizada. ▪ Móvel, indolor, não coalescente. ▪ Sem outras alterações de exame físico. ▪ Exames laboratoriais iniciais normais ▪ Provável linfonodo REACIONAL → acompanhar involução (por 15 dias). o Quando utilizar antibiótico? ▪ Febre. ▪ LNM localizada. ▪ Sinais flogísticos (dor, calor, rubor). ▪ Linfadenite bacteriana (Strepto/Stafilo): • Amoxicilina + clavulanato ou cefalosporina de 2ª geração. • Se abscesso: drenagem cirúrgica + cultura. • Regressão: 10-15 dias. o Quando biopsiar um Linfonodo? ▪ Supraclaviculares, cervicais inferiores, epitrocleares e poplíteos. ▪ Alto risco para malignidade. ▪ Características desfavoráveis. ▪ Aderência a planos profundos, endurecido. ▪ Não regressão após investigação negativa e/ou tratamento específico. ▪ Sintomas sistêmicos associados: anemia, febre persistente, emagrecimento, hepatoesplenomegalia, comprometimento mediastinal. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 142 Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 143 26. Diagnóstico precoce do câncer em pediatria Por Bianca Ferreira XL ➢ Terceira causa de óbitos de 1 a 14 anos (12% entre 2009 e 2013). ➢ 12.600 casos novos por ano na faixa etária de zero a 19 anos. ➢ Sinais e sintomas: o Febre de origem obscura. o Dor óssea e/ou articular. o Cefaleia e sinais e sintomas neurológicos (tumores do SNC ou metástases). o Dor e/ou aumento de volume abdominal (neuroblastomas e nefroblastomas). o Palidez (leucemia). o Linfonodomegalia. ➢ Linfonodomegalia: a criança possui, relativamente ao adulto, mais tecido linfoide e maior reatividade dos linfonodos aos estímulos antigênicos. ➢ Sinais e sintomas: o Sangramentos, equimoses e petéquias. o Perda de peso/prurido → menos comuns em crianças. o Puberdade precoce. o Anomalias congênitas. o Exoftalmia: retinoblastoma. o Estrabismo: retinoblastoma e tumores do SNC principalmente no quiasma óptico. o Leucocoria: retinoblastoma. o Nódulos subcutâneos: cânceres ou doenças reumáticas. ➢ Leucemias ou leucoses: o 30-40% dos cânceres em crianças. o LLA (80%) → pico de incidência entre 2-4 anos. o LMA (15 a 20%) → <1 ano e adolescentes. o LMC (5%) → após 4 a 6 anos. o Resulta de proliferação descontrolada de linfócitos imaturos, de causa desconhecida. o Atualmente,tem índice de cura de 70% (LLA). o Leucemias mieloides costumam ter associação com S. Down e radiação ionizantes → pior prognóstico e pior resposta a quimioterapia. o Febre, petéquias e púrpuras em 50% dos casos → ↓ das plaquetas e menor respostas imunológicas à infecções. o Dor óssea em 25%. o Hepatoesplenomegalia em 60%. o Linfonodomegalia em 50%. o Citopenias únicas ou múltiplas (99%): ▪ Leucopenia (15%) ou leucocitose (50%) com blastos (células imaturas e anômalas vindas da medula óssea). o LLA - LABORATÓRIO E IMAGEM: ▪ Hemograma com plaquetas. ▪ Desidrogenase lática (LDH). ▪ Aspirado de medula óssea (mielograma). o Diagnóstico diferencial: ▪ Infecções crônicas pelo EBV. ▪ Citomegalovírus. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 144 ▪ Púrpura trombocitopênica: há somente diminuição de plaquetas, as outras células estão normais. ▪ Anemia aplástica: o que diferencia a anemia aplástica da leucemia é o mielograma (na anemia aplástica só tem tecido gorduroso na medula, sem a presença de células neoplásicas). ➢ Tumores cerebrais: o 20% cânceres em <15 anos. Pico na primeira década. o Tríade clássica: cefaleia matinal, vômitos e papiledema (<30% das crianças). o Aumento do perímetro cefálico, paralisias de nervos cranianos, disartria, ataxia, hemiplegia, papiledema, hiperreflexia, convulsões, alteração de personalidade, visão turva, diplopia, puberdade precoce. o Localização e frequência de tumores cerebrais: ▪ Tumores na fossa posterior → demoram a elevar a PIC. Crianças não são comuns terem sintomas associados ao aumento da PIC. o Diagnóstico: ▪ Suspeita clínica. ▪ TC/RM. ➢ Linfomas: o 15% dos cânceres em crianças. o O termo linfoma se refere a proliferação maligna de células linfoides, usualmente originadas de tecidos linfoides (linfonodos, baço e timo). o A forma mais comum em crianças é a doença de Hodgkin. o A Doença de Hodgkin responde por 50% dos linfomas em crianças, sendo que a maioria ocorre entre 10 e 16 anos. o Manifestações: adenopatia indolor cervical (70 a 80%) ou supraclavicular (25%); massa mediastinal em 50%. Outros: fadiga, anorexia, perda de peso, febre, suor noturno, prurido, tosse. o Tratamento: quimioterápico. ➢ Neuroblastoma: o 7% dos cânceres em crianças, 75% antes dos 4 anos. o Dor óssea, dor abdominal, anorexia, fadiga, perda de peso, irritabilidade. o Massa abdominal indolor (65%) → cresce bastante antes de dar algum sintoma, adenopatia, proptose (queda da pálpebra), equimose periorbital (olhos de guaxinim), massas cranianas, nódulos subcutâneos, hepatomegalia, compressão da medula. o Deriva de tecido torácico neural dos gânglios simpáticos ou medula adrenal. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 145 o Pode sofrer regressão espontânea ou transformação para um tumor benigno (após estadiamento). o Diagnóstico: ▪ LABORATÓRIO: anemia (60%), elevação dos ¹ácidos vanil-mandélico e ¹homovanílico na urina (90%). • ¹São metabólitos da adrenalina. ▪ IMAGEM: tumor com calcificações. ➢ Tumor de Willms ou Nefroblastoma: o Responsável por 5 a 6% de todas as neoplasias na infância. Origina-se no tecido renal. o Idade mais comum entre 2 e 5 anos. o Manifestação mais comum: massa abdominal assintomática (83%). o Outras: febre (23%), hematúria (21%), hipertensão (25%), malformações do TGU (6%), aniridia (ausência de íris) e hemihipertrofia. o Diagnóstico: clínico, hemograma, QUE (urina). USG abdome e TC abdome. o Tratamento: cirurgia com ou sem QT. ➢ Retinoblastoma: o É congênito. o Acomete 1 em 20.000 nascidos vivos. o 80% dos casos, o diagnóstico é feito em até 3 a 4 anos. o 90% de cura se tumor localizado (quando detectado precocemente) o Leucocoria (60%), estrabismo (20%). o Diagnóstico através de exame oftalmológico sem biópsia. o Tratamento: enucleação em alguns casos. ➢ Fundamental considerar que sobreviventes de câncer infantil têm risco 6x maior de desenvolverem novo câncer comparado com a população geral (incidência cumulativa de 2º câncer em 25 anos de 3,5%). Risco maior se radioterapia e se alguns quimioterápicos específicos. ➢ No Brasil, nos últimos anos, houve marcante incremento na taxa de sobrevida e cura das crianças e adolescentes com câncer, graças à realização do tratamento em centros oncológicos pediátricos, a utilização de protocolos cooperativos e a melhoria nos cuidados de suporte. Os resultados obtidos com a utilização desses protocolos para a maioria dos tipos histológicos são similares aos de países desenvolvidos (70-80%). ➢ O tratamento do câncer se inicia com o diagnóstico. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 146 27. Doenças próprias da infância Por Bianca Ferreira XL ➢ São doenças que tem em comum a febre como sintoma inicial e em algum momento pode ocorrer ou não aparecimento de exantemas. ➢ Exantema: lesões disseminadas na superfície da pele. Enantema: quando acometem a mucosa. ➢ Classificação: o Petequial: meningocococemias. o Máculo-papulares: ▪ Morbiliforme: sarampo. ▪ Rubeoliforme: rubéola. ▪ Escariatiniforme: escarlatina. ▪ Urticariforme: reações alérgicas. o Papulovesicular: varicela. ➢ Febre, geralmente é o principal sintoma! Sem exantema: caxumba, difteria e coqueluche CAXUMBA: o Acomete a glândula parótida. o Vírus RNA, Paramixovirus. o Período de incubação (PI): 12-25 dias. o Febre, dor à mastigação e na ingestão de ácidos. o Diagnóstico: PCR viral ou sorologia IgM e IgG (as amostras devem ser pareadas com intervalo de 15 a 20 dias → o aumento do IgG da segunda amostra em relação a primeira). o Características que diferem de uma linfonodomegalia: deslocamento da orelha (para cima), perda do ângulo da mandíbula. o Complicações e prevenção: ▪ Meningite, meningoencefalite, pancreatites, orquite, ooforite (raro). ▪ Prevenção: vacina tríplice viral ao 12 e aos 15 meses. ▪ A vacina tríplice viral tem menor eficácia para a caxumba (60-80%). ▪ 20-30% dos meninos podem ter orquite. ▪ 15% das meninas podem ter mastite. ▪ Só se pega caxumba 1 vez! Pode haver parotidite por outros vírus ou bactérias. DIFTERIA: o Corynebacterium diphtheriae o PI: 1-6 dias. o Os sintomas são devidos à exotoxina da bactéria. o Os assintomáticos podem transmitir a doença por até 6 meses!!! o Ainda, há uma transmissibilidade de até 48 horas após iniciar antibioticoterapia. o Características: ▪ Angina diftérica (mais comum): o bacilo se adere a mucosa do trato respiratório e produz uma toxina que causa necrose na região do tecido em que se instalou e, assim, a toxina invade os vasos linfáticos até chegar ao coração (cardite), SNC (neurite) e rins (nefropatia). ▪ Difteria hipertóxica. ▪ Rinite diftérica. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 147 ▪ Laringite diftérica → crupe. ▪ Tratamento: soro antidiftérico (precocemente) → impede a evolução da doença e antibiótico (penicilina) → erradica o bacilo e a pessoa deixa de ser transmissora. ▪ “Pescoço de touro”: linfonodomegalia na região cervical. COQUELUCHE: o Bordetella pertussis o Homem é o reservatório natural. o Apesar da vacinação, surtos a cada 2-3 anos. o Problema: menores de 6 meses. o Fases da doença: ▪ Se uma pessoa imunizada entra em contato com a bactéria: não vai ser infectado ou será assintomático. ▪ Pessoa não imunizada: • PI: 1-2 semanas. • Fase catarral (duraçãode 1-2 semanas): sintomas respiratórios (confunde com quadro gripal, difícil diagnóstico nessa fase). • Fase paroxística (duração de 4-6 semanas): acessos de tosse seguidos de guinchos com expectoração de muco claro, viscoso e espesso, seguidos de vômitos. A criança fica cianótica. • Fase de convalescença (duração de 3 semanas): desaparecimento dos guinchos com persistência da tosse. *Duração aproximada da doença é de 13 semanas. *Após a fase de convalescença a pessoa pode ou não adquirir imunidade (por 10 anos). Vai depender do sistema imune da pessoa. o Definição do caso: tosse por pelo menos 2 semanas + paroxismos, ou guincho inspiratório com vômitos após, sem causa aparente. o Diagnóstico: isolamento da bactéria ou PCR. o Tratamento: medidas de suporte (na fase paroxística). ▪ ATBC: macrolídeo (azitromicina ou claritromicina). • Se tratado na fase catarral: pode impedir evolução para a fase paroxística. • Se tratado na fase paroxística: apenas diminui o tempo de transmissibilidade; não impede a evolução da doença. o Quando internar: ▪ Apneia. ▪ Crises de cianose. ▪ Convulsões: hipóxia devido à fase paroxística (↑ tosse). ▪ Pneumonia ou pneumotórax. ▪ Queda do estado geral. ▪ Não consegue se alimentar. o Prevenção: vacina pentavalente aos 2, 4 e 6 meses (reforços ao 15 meses e 4 anos). o Para diminuir o número de casos nos lactentes jovens (< 6 meses), o ministério da saúde recomenda às gestantes a vacina tríplice acelular tipo adulto, preferencialmente após a 20° semana de gestação. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 148 o Incentivo à vacinação para os contactuantes (irmãos, pai etc.) dos lactentes menores de 6 meses, porque a imunização dos lactentes (vacina pentavalente) ainda não está completamente ativa nessa idade. Com exantema: sarampo, escarlatina, rubéola, eritema infeccioso e exantema súbito SARAMPO: o Vírus RNA, família Paramycovirae e gênero Morbillivirus. o Transmissão: via aérea (aerossol). o PI: 8-12 dias. o Fases da doença: ▪ PI: viremia primária → contágio e migração para linfonodos regionais. ▪ Pródromos: viremia secundária → necrose epitelial e formação de células gigantes nos tecidos corporais. Essas células morrem em detrimento da replicação viral determinando os sintomas (inclusive sintomas neurológicos). ▪ Exantema: ainda há replicação viral, mas os sintomas começam a desaparecer e começam a ser produzidos anticorpos. *O vírus também infecta os linfócitos T-CD4 que resulta em uma imunossupressão por até 2 anos após a doença. *Após o contágio, por volta do 10° dia inicia-se a transmissão ainda sem aparecimento dos sintomas. *Por volta do 11°-12° dia de contágio se inicia os sintomas (dito, então, de dia 1/dia 2 da doença pois é o dia em que se soube que a criança estava doente): coriza, tosse, conjuntivite e o aparecimento das manchas de Koplik com duração de 18 horas (manchas efêmeras). *A presença das manchas de Koplik faz o diagnóstico de sarampo! *Por volta do 6° dia de doença, ocorre febre e o aparecimento de exantema. *Quando o período febril acaba é também o período em que a transmissibilidade cessa. *Então, é importante saber que a criança já transmite o vírus sem estar com os sintomas! o Características do exantema: sentido crânio-caudal, início ao redor da testa e retroauricular. Importante observar também dentro da boca! o Diagnóstico: ▪ Achados clínicos e epidemiológicos. ▪ Final do período de exantema: declínio de IgM e elevação de IgG. ▪ Cultura de nasofaringe ou de sangue: útil no início dos sintomas ou no máximo até o aparecimento dos exantemas. Depois fica indetectável e precisa de sorologia. ▪ Geralmente, se faz a cultura e a dosagem de IgM e IgG no início e depois repete a dosagem dos anticorpos. o Tratamento e prevenção: ▪ Prevenção primária: vacinação (12 e 15 meses). ▪ Pós-exposição: • Se > 12 meses e contato → vacinação em até 72 horas. • Se < 12 meses e contato → imunoglobulina em até 6 dias. ▪ Tratamento de suporte: sintomático e hidratação. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 149 ▪ Vitamina A: megadose única (50.000 unidades). → Reduz complicações e mortalidade em lactentes < 6 meses. Também se utiliza em crianças entre 6 meses a 2 anos e acima dos 2 anos ainda não se sabe se tem benefício. o Complicações: ▪ Gravidade: depende da intensidade da febre e do rash cutâneo. ▪ Pneumonia: 1 a cada 30 crianças com sarampo. ▪ Otite: 1 a cada 10 crianças com sarampo. ▪ Panencefalite esclerosante subaguda: 1 a cada 1000 crianças com sarampo, mas tem uma mortalidade alta (de 10%)! ▪ Imunodepressão: amnesia imunológica. ESCARLATINA: o Agente etiológico: Streptococo beta-hemolítico do grupo A. o Produz exotoxina pirogênica estreptocócica: responsável pelas erupções cutâneas da escarlatina. *Somente 10% das pessoas são sensíveis a toxina e desenvolvem a doença! o Evolução: ▪ PI: 10 dias. ▪ Transmissão: inicia 2 dias antes do início da febre e vai até cessar o período febril. Precisa de um período de contato mais longo do que as outras doenças. ▪ Aparecimento de exantema 24-48 horas após início da febre e da faringite. ▪ Sempre terá infecção de orofaringe associada. o Quadro clínico: ▪ Febre → faringite → exantema. ▪ Sinal de filatov: palidez perioral (devido ao exantema ao redor). ▪ Língua em framboesa: maior evidência das papilas linguais. ▪ Sinal de pastia: lesão áspera e vermelhidão em região de dobras (poplíteo e cotovelo). ▪ Sinal de forchheimer: exantema em palato mole. *Tem na rubéola também. ▪ Alterações em mãos e pés: edema e descamação → indica doença em estágio final. o Diagnóstico: ▪ Clínico. ▪ Swab de orofaringe (padrão ouro). ▪ ASLO+: sorologia para pesquisa do anticorpo anti-estreptolisina O ▪ Leucocitose com desvio a esquerda. o Tratamento: penicilina benzatina em dose única. ▪ 600.000 UI até 25kg. ▪ 1.200.000 UI > 25kg. ▪ OU amoxicilina VO. ▪ Alergia a penicilina: eritromicina ou claritromicina. o Complicações: ▪ Supurativas: abscesso periamigdaliano, otite e sinusite. ▪ Não-supurativas: febre reumática e glomerulonefrite difusa aguda. RUBÉOLA: o Doença viral benigna em crianças. o Mas está relacionada a abortos, natimortos e malformação congênita. o Etiologia: Rubivirus. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 150 o Transmissão: via aérea (aerossol). o Quadro clínico: ▪ Tríade → febre baixa, exantema e adenomegalia. ▪ Esplenomegalia, enatema petequial em palato mole, leucopenia e artralgia. ▪ Sinal de forchheimer. o Evolução: ▪ PI: 14-21 dias. ▪ Transmissibilidade se dá 2-3 dias antes do aparecimento de linfonodos e até 1 semana antes do aparecimento do exantema! EVITAR contato com grávidas para não desenvolverem rubéola congênita! ▪ Fase rpodrômica: febre baixa, dor de garganta, coriza leve, linfadenopatia retroauricular, cervical e occipital, enantema palatal. ▪ Fase exantemática (duração de 4-5 dias): evolução crânio-caudal. Com início na face E no tronco já no primeiro dia. Exantema não descamativo. o Tratamento: sintomático. *Imunoglobulina em casos de trombocitopenia grave (raro). o Profilaxia: vacina tríplice viral (12 e 15 meses). o Complicações: trombocitopenia, artrite, encefalite e rubéola congênita. ERITEMA INFECCIOSO: o Etiologia: parvovirus B19. o Transmissão por gotículas infectadas da nasofaringe. o Benigna e autolimitada. o Face esbofeteada ou eritema em asa de borboleta. o Evolução: ▪ Fase 1: febre baixa,IVAS, adenomegalia, exantema em face. ▪ Fase 2: disseminação do exantema, aspecto rendilhado, sem descamação. ▪ De fácil disseminação pois a transmissibilidade ocorre antes do aparecimento dos sintomas (febre e exantema). ▪ Fase 3 (tardia): recidivas do exantema, principalmente em face. Não é contagioso!! o Quadros atípicos: geralmente em adultos (mulheres jovens)! ▪ Artropatia. ▪ Crise aplásica transitória. ▪ Infecção fetal. ▪ Miocardite. ▪ Síndrome de luvas e meias. ▪ Púrpura trombocitopênica. ▪ Meningite asséptica. o Diagnóstico: clínico, mas existe sorologia (positiva somente após 10 dias da doença). Se preciso: fazer exames seriados para avaliar quantidade de IgM em períodos diferentes. o Tratamento: sintomático → não existe tratamento antiviral específico. o Não existe vacina! o Gestantes: efeito citotóxico do vírus pode causar anemia fetal e hidropsia fetal (acúmulo anormal de líquido em tecidos fetais). EXANTEMA SÚBITO: o Etiologia: Herpesvírus hominis 6 e 9. o Doença viral benigna, autolimitada. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 151 o Normalmente, acomete crianças de 6 meses a 3 anos (95%). o Caracterizada por um exantema eritematoso papular. o 25% das crianças apresentarão o exantema. o Quadro clínico: ▪ Febre alta (~5 dias) com surgimento do exantema pós término da febre. ▪ O exantema inicia no tronco e depois evolui para face e membros, raramente acomete mãos e pés. ▪ Manchas de Nagayama: vesículas pustulosas no palato mole do bebê (como se fossem várias aftas). o Evolução: 2-3 dias antes do aparecimento da febre a criança já é transmissora e cessa quando a febre acaba e o exantema aparece. → Isso faz com que seja difícil a contenção de surtos de exantemas súbitos. o Tratamento: sintomático. ▪ Em imunocomprometidos pode utilizar ganciclovir/ciclovir. o Complicações: convulsão febril. o Uso inadequado e desnecessário de ATBC (manchas de nagayama) e anti- histamínico (exantema). o Avaliação da criança com exantema: ▪ Idade e antecedentes: exantemas prévios, história vacinal, exposição (contato), PI, uso de drogas. ▪ Período prodrômico: duração, febre, manifestações respiratórias, manifestações gastrointestinais, manifestações neurológicas, outras. ▪ Exantema: tipo, progressão, distribuição, descamação e prurido. ▪ Atenção ao período do ano e situação epidemiológica! o Exame físico: ▪ Exantema: tipo, distribuição e descamação. ▪ Enantema: conjuntiva, boca e urogenital. ▪ Sinais associados: adenomegalia, anemia, artrite/artralgia, hepato ou esplenomegalia, icterícia, meningismo. VARICELA (CATAPORA) ➢ Etiologia: vírus Varicela-zóster. ➢ Epidemiologia: crianças no fim do ensino fundamental. ➢ Transmissão: aerossol, contágio direto e transmissão vertical. ➢ PI: 10-21 dias. ➢ Patogênese: o Infecção primária → inoculação do vírus na mucosa → replicação no tecido linfoide local → viremia subclínica → disseminação via sistema reticuloendotelial → segunda viremia: exantema. o O vírus permanece latente nos gânglios sensoriais e pode vir a se manifestar na forma de herpes zoster. ➢ Evolução: 2-3 dias dos aparecimentos dos exantemas a criança se torna transmissora e só cessa quando o exantema acaba (as lesões secam). ➢ Exantema: inicia em couro cabeludo, face ou tronco. Distribuição centrípeta (do centro para periferia). Polimórfico: máculas eritematosas + pápulas + vesículas + pústulas + crostas. ➢ Complicações: infecção bacteriana secundária, encefalite, síndrome de Reye (utilização de anti-inflamatório e ácido acetilsalicílico no quadro inicial da doença), Pneumonia viral e neuralgia pós-herpética. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 152 ➢ Tratamento: sintomático (limpeza das lesões, unhas bem cortadas e limpas, anti- histamínicos) o Não usar AINES! o Quando indicar Aciclovir; ▪ >13 anos, nas primeiras 24 horas. ▪ <12 meses. ▪ Se em uso de corticoides com dose que cause imunossupressão. ▪ IVAS. ▪ Segundo caso na família. *EV se imunocomprometido ou gestante com doença disseminada. ➢ Prevenção primária: vacinação (aos 15 meses e aos 4 anos). ➢ Prevenção pós-exposição: crianças hígidas maiores de 9 meses → vacina de bloqueio em até 72 horas após o contato. *Se a criança tem contraindicação à vacina: imunoglobulina humana antivírus varicela zoster (VZIG) em até 96 horas após o contato. Outros exantemas: doença de kawasaki, dengue, doença mão-pé-boca DOENÇA DE KAWASAKI: o Vasculite febril. o Inflamação vascular generalizada, mais frequente nos vasos de médio calibre (↑ acometimento de artérias coronárias). o Faixa etária: predominantemente em crianças abaixo de 5 anos, rara antes dos 3 meses. o Sexo: predomínio em meninos. o Associação com COVID-19 (Kawasaki-like). o Quadro clínico: enantema, conjuntivite, eritema de mãos e pés e posterior descamação, linfonodomegalia cervical, febre. Evolução lenta → pode haver febre prolongada. o Reversão do quadro (de vasculite): imunoglobulina EV precocemente (em até 15 dias após o início da doença). DENGUE: o 30-50% dos casos, o exantema inicia no tronco e dissemina para face e membros, inclusive palma das mãos e plantas dos pés. o Exantema: é máculo-papular e pode ser pruriginoso. Pode ter: petéquias e menos frequente equimoses e sangramentos (epistaxe gengivorragia). o Evolução: período de transmissão se dá enquanto há o quadro febril. Também é o período de maiores complicações da dengue (desidratação grave) e, portanto, deve- se ficar atento (↑ hidratação). o Período do quadro febril: passar repelente na criança para diminuir a chance de transmissão para os mosquitos. o Tratamento de suporte e vacina reservada somente a quem já teve dengue. DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA: o Etiologia: Coxsackievírus A 16 ou Enterovírus 71. o Transmissão respiratória e fecal-oral. Altamente contagiosa! o PI: 3-6 dias. o Febre de 2 a 3 dias. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 153 o As lesões aparecem após a febre e acometem principalmente mão, pé e boca! São muito dolorosas e, por isso, as vezes demanda internação. o Tratamento: sintomático, medidas de higiene e cuidados com surtos. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 154 28. Dificuldade de aprendizagem: quando suspeitar e como conduzir? Diretriz papel do pediatra diante da criança com dificuldade escolar: Click aqui Por que o médico deve suspeitar? • Quando a criança não está com desempenho esperado na escola, causa frustração nos pais e na criança, afetando o funcionamento da família. • Apesar da baixa gravidade quando comparado com outras situações do desenvolvimento, tem impacto muito grande na vida da criança e nas suas perspectivas futuras. Atenção! As crianças (assim como os adultos) têm ritmos diferentes de aprendizagem. É necessário que haja abordagens: • coletivas e individuais que estimulem suas potencialidades, • atendam suas necessidades • e ao mesmo tempo considerem os contextos socioculturais. Avaliação das dificuldades de aprendizagem Deve considerar os seguintes aspectos: • Alterações no desenvolvimento cognitivo • Contextos onde as pessoas estão inseridas • Processos vivenciados: família, escola e relacionados a própria criança. Checklist de situações: 1. Ambiente: escolar e familiar; 2. Transtorno de aprendizagem: Leitura, Matemática, Escrita.3. Síndromes genéticas: xfrágil etc 4. Alterações sensoriais: Audição, Visão. 5. Doenças Crônicas: Hipotireoldismo, Anemia 6. Transtornos Psiquiátrico: Ansiedade, Depressão, TEA/ TDAH/ TOD. 7. Problemas Neurológicos: Deficiencia Intelectual, Cefaleia, TEA/TDAH/ToD, Epilepsia. 8. Disturbios do sono: privação de sono, apneia, atraso de fase. 9. Superdotação. Fatores relacionados Ao ambiente escolar • Ambiente limpo, seguro, arejado, com boa iluminação e com limite razoável de crianças por sala. • Material didático disponível e adequado para a faixa etária, método e planejamento pedagógico de acordo com a realidade de cada criança, sem cobrança excessiva e geradora de estresse. • Interação escola-família, professores qualificados, motivados, dedicados e com remuneração adequada. Fatores relacionados à família • Escolaridade dos pais, hábito de leitura, estímulo, rotina, motivação e condições socioeconômicas. • Situações familiares: Alcoolismo e uso de drogas, pais desempregados comportamento antissocial, negligência, violência doméstica, separação dos pais, litígio. • Excesso de tela e mídias e consequente ausência de rotina adequada de estudo, alimentação inadequada, ausência de lazer, cobrança excessiva. • Higiene do sono ruim e horário tardio de início sono: fadiga, prejuízo de memorização e de um estresse tóxico de origem no ambiente familiar. • Abuso e violência são questões que devem ser levantadas, principalmente quando há declínio no aprendizado, previamente adequado, associado a mudanças de comportamento da criança. Fatores Relacionados à Criança • Grupo heterogêneo de problemas capazes de alterar as possibilidades de a criança aprender, independentemente de suas condições neurológicas para tal (falha extrínseca). Prevalência: • 50% nos 6 primeiros anos de escolaridade • 15-20% no primeiro ano https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/21156d-DIRETRIZES_-Papel_pediatra_diante_crianca_DificEscolar.pdf Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 155 Dificuldade versus Transtorno Transtorno de Aprendizagem é diferente de Dificuldade (problema) de aprendizagem (escolar). Transtorno= inabilidade específica. • Inteligência normal • Ausência de alterações motoras ou sensoriais • Bom ajuste emocional • Nível socioeconômico/cultural aceitável • Ex.: a criança que não conseguia contar até 10, não associava letras, há história de preexistência geralmente. Dificuldade: • Extrínseco • Problema pedagógico, sociocultural • Não tem base orgânica Dificuldade: secundária a outros quadros diagnosticáveis (autismo, TDAH, epilepsia). *A dificuldade pode estar em encontrar o método adequado de estudo. Transtorno: • Base neurobiológica intrínseca • Funções cerebrais envolvidas no aprendizado • Fatores de risco: antecedentes para transtornos de aprendizagem, TDAH, atraso de linguagem oral, dificuldade de rimas (aos 4 anos), figuras geométricas, contar. Transtorno de Aprendizagem Transtornos do neurodesenvolvimento: • Origem biológica (interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais) • Base das dificuldades é em nível cognitivo • Habilidade cerebral de perceber ou processar a informação verbal ou não verbal de forma eficiente e precisa é afetada. • Padrões anormais de aquisição de habilidades perturbados desde os estágios iniciais do desenvolvimento (não secundários). • Exclui variação do normal nas realizações escolares. • Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares. • Comprometimentos específicos que não se devem a outros transtornos, mesmo que ocorram juntos. • Grau de comprometimento avaliado por meio de teste padronizado, 2 desvios-padrão abaixo do esperado para uma criança da mesma idade, nível mental e escolaridade. • Presente desde os primeiros anos de escolaridade (e persistente após intervenções). • Não há deficiência mental associada. • Não há causas identificáveis para o problema (percurso/dificuldade). • Presença de antecedente familiar (origem genética). Transtornos Específicos da Aprendizagem • DISLEXIA: Transtorno da leitura • DISCALCULIA: Transtorno da matemática • DISORTOGRAFIA e DISGRAFIA: Transtornos da expressão escrita. *existem testes específicos com desvio padrão de normalidade. Como esta queixa chega no ambulatório? • Criança com queixa de mau desempenho escolar e/ou comportamento. • Mau desempenho escolar: rendimento abaixo do esperado para as habilidades cognitivas, idade e escolaridade em domínios específicos da leitura e matemática. Ex.: vai bem em tudo menos em matemática. Dificuldade de leitura, reflete dificuldade em todas as disciplinas. Doenças crônicas • Hipotireoidismo: cansaço, baixa concentração; • Infecções de vias aéreas superiores de repetição: falta escola; • Apneia do Sono: sonolência diurna, altera concentração, reduz sono REM (menor capacidade de retenção); • Desnutrição: déficit proteínas, zinco, ferro • Anemias: cansaço. • Doenças reumáticas: dores, faltas, dificuldade de mobilidade. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 156 • Asma e outras alterações pulmonares: falta em aulas, altera sono (fragmenta). • Nefropatias: faltas a escola, medicações etc. • Cardiopatias: faltas a escola, medicações etc. • Hepatopatias e doenças gastrointestinais crônicas Alterações Sensoriais: Auditiva, Visual. • Auditiva: a criança que não escuta bem frequentemente parece estar desatenta, inquieta e com dificuldade de compreensão. Exame: audiometria. • Visual: avaliação oftalmológica regular e de rotina deve sempre fazer parte do exame escolar e principalmente nos casos de dificuldade de aprendizagem. Estrabismo, miopia, ambliopia, hipermetropia e astigmatismo. Distúrbios do Sono: • Apneia do sono, • Privação de Sono, • Atraso de fase. Questões psicológicas • Timidez excessiva: medo de não ser perfeito. • Insegurança • Baixa autoestima: deixa de se interessar por não se sentir capaz. • Necessidade de afirmação • Falta de motivação (Lembre-se: criança pode até fazer o que gosta, mas o adulto faz o que precisa! O seu futuro depende de você. Qual é o maior Motivo para você start suas Ações?). Transtornos psiquiátricos • Fobias • Transtorno Depressivo • Transtorno de Ansiedade • Transtorno de Humor • Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) Transtornos neurológicos • Deficiência Intelectual • Cefaleia (alteração visual? Enxaqueca? Apneia do sono-cefaleia matinal), • Epilepsia (complexas, ausências), • Paralisia Cerebral, • TEA, TDAH, Transtorno Opositor Desafiante Deficiência intelectual • Deficiência intelectual (DSM-V) ou retardo mental (CID-10) • Déficit de cognição e o comportamento adaptativo, com início antes dos 18 anos: Exemplos de habilidades adaptativas: o Conceituais: linguagem (receptiva e expressiva), leitura e escrita, raciocínio matemático e autodirecionamento, memória. o Sociais: interpessoal, responsabilidade, autoestima, seguir regras, obedecer às leis, credibilidade. o Práticas: atividades de vida diária como comer, usar o banheiro (uso de toalete e tomar banho), vestir-se, controlar os esfíncteres locomover-se; e as atividades instrumentais de vida diária como preparar refeições, cuidar da casa, tomar remédios, lidar com o dinheiro, usar telefone, fazer compras. Superdotação: não se interessa por atividades normais, faz as atividades (rápidamente) e “toca o terror na sala”. Mas se interessa por algo específico. • Etiologias diversas (fatores de risco pré- natais, perinatais e pós-natais até os casos de origem genética). oPré-natais: desnutrição materna (iodo:cretinismo); abuso de subtancias (sme alcoolica fetal->defcit intelectual, estgmas faciais, disformismo cerebral, varia de hiperatividade a dificuldade escolar); exposição a poluentes (produtos químicos da estética, poluentes agrícolas e ambientais); exposição a agentes teratogênicos (drogas anticonsulsivantes, talidomida etc); infecções congênitas (STORCHHZ: sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, HIV e Zika); idade parental aumentada (mae->Sme down; pai ->autismo smes cromossômicas); estado mental materno (estress, ->perda de snapsis e estruturas cerebrais); fertilização in vitro. Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 157 A carência de algumas substâncias durante a gestação, afetam da seguinte forma (quadro a seguir): o Perinatais: os fatores de risco do período perinatal estão intimamente envolvidos com o estado de saúde materno, doenças prévias ou desencadeadas na gravidez, como: • Diabetes • Alterações tireoidianas • Doença materna renal, cardíaca e/ou reumatológica • Disfunção placentária • Asfixia neonatal: distocia, hipoglicemia, meningoencefalitis, anemias fetais, baixo peso ao nascer, hipoglicemia, icterícia etc. o Pós natais: Pós-natais este tópico aborda o ambiente em que a criança vive como fator de risco para o seu desenvolvimento, apresentado como “variáveis ambientais”, “eventos estressantes da vida”, “características pessoais”, condições ou situações associadas a “alta probabilidade de ocorrência, negativa ou indesejável”, evidenciando como estas experiências podem comprometer (violência conjugal, violência direta), dentre vários aspectos individuais, também o desempenho cognitivo e suas futuras competências acadêmicas e profissionais. o As pesquisas mostram, entre gêmeos homozigóticos, mesmo se criados em ambientes diferentes, se um apresentar dislexia, o outro terá 70% de chance de evoluir da mesma maneira. Entre a irmandade, a herança da dislexia encontra a taxa de 40% a 60%, ou seja, se um dos pais sofrer de transtornos específicos de aprendizagem, o filho tem oito vezes mais chance de apresentar o mesmo problema, mostrando transmissão complexa, poligênica e heterogênica. Síndromes Genéticas e cromossômicas Cromossômicas: alterações numéricas nos cromossomos ou grandes deleções visíveis ao cariótipo com bandas. • Síndrome de Down: a causa genética mais comum de déficit cognitivo, 95% dos casos ocorrem por trissomia livre do cromossomo 21 e apresentam os estigmas faciais típicos da síndrome. Além do déficit de aprendizado de leve a moderado, os pacientes com Síndrome de Down apresentam quadro de desatenção e têm déficit na memória de curto prazo, o que intensifica a dificuldade de aprendizado. • Síndrome do X Frágil: Causa herdada mais comum de déficit intelectual. Mais comum em meninos. Alterações na memória de curto prazo e na compreensão de processos sequenciais. Dificuldade de atenção. Frequentes estereotipais motoras. Grande prejuízo acadêmico. Toda criança, independentemente do sexo, com dificuldade de aprendizagem associada aos estigmas faciais da síndrome do X Frágil (orelhas grandes, face alongada e macrocrania), com história de déficit intelectual na família materna, deve ser investigada para tal síndrome, visto ser uma herança ligada ao X. • Síndrome de Prader-Willi: é uma síndrome que também cursa com déficit intelectual. de leve a moderado e pode ser diagnosticada mesmo antes da criança apresentar déficits escolares consequentes ao prejuízo intelectual da síndrome. Durante os primeiros meses, o lactente apresenta-se hipotônico e, apesar de nascer Pequeno para a Idade Gestacional (PIG), após o primeiro ano de vida apresenta compulsão alimentar Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 158 gerada pela disfunção hipotalâmica e ganho de peso ascendente, com desvios evidentes nas curvas de crescimento. • Síndrome de Klinefelter: nesta síndrome as crianças do sexo masculino possuem um cromossoma X a mais, com o cariótipo 47 XXY. Apesar de muitos terem inteligência normal, 50% possuem problemas escolares e quase sempre precedidos por transtornos de linguagem, além de frequentemente exibirem comportamento de intolerância às frustrações, impulsividade, agressividade e comportamentos antissociais. • Síndrome de Turner: é outra síndrome resultante de uma alteração genética que cursa com dificuldades escolares em 50% dos casos. Exclusivo das meninas, já que as pacientes têm cromatina sexual X única, com cariótipo 45 X0, e têm inteligência normal. As pacientes com síndrome de Turner têm o característico pescoço alado, além de baixa estatura, hipogonadismo e problemas cardíacos, auditivos e renais, daí a responsabilidade do pediatra em se atentar aos sinais e não esperar os atrasos escolares para pesquisar a síndrome. Chama mais atenção no desenvolvimento puberal (não crescimento). Gênicas: microdeleções ou transladações ou alterações epigenéticas na sequência do DNA. • Fenilcetonúria e Hipotiroidismo: são exemplos de erros inatos do metabolismo causados por falha na expressão gênica, determinando interrupção da cadeia metabólica e acúmulo de substâncias tóxicas em diversos tecidos. Assim como a Mucopolissacaridose, que ainda não é contemplada no teste do pezinho, estas doenças raras devem ser aventadas sempre que houver regressão de habilidades já adquiridas e deterioração cognitiva progressiva. • Neurofibromatose: é uma doença genética, autossômica dominante. Os pacientes apresentam déficits de aprendizagem em metade dos casos, apesar de apenas 5% apresentarem déficit cognitivo. O pediatra precisa suspeitar de neurofibromatose em toda criança que apresente seis ou mais manchas café com leite ou uma maior com 1,5cm de diâmetro, além dos neurofibromas em qualquer parte do corpo e das efélides axilares, dentre os demais critérios para o diagnóstico. • Síndrome de Cornélia de Lange: é uma síndrome que pode cursar com déficit intelectual leve em 10% dos casos, sendo importante na investigação de dificuldades escolares. Essa síndrome exemplifica a necessidade de o pediatra observar se o seu paciente com queixas escolares possui algum estigma facial sindrômico, principalmente quando estes estigmas estão associados a outras más formações. • Síndrome de Sturge-Weber: as crianças com esta alteração gênica apresentam uma tríade que o pediatra deve estar familiarizado para que a reconheça a tríade: o déficit cognitivo - que pode se apresentar como uma dificuldade escolar, o mancha vinho do porto em hemiface em região maxilar o e glaucoma. Diagnóstico Avaliação individualizada e responsável de cada criança dentro do seu contexto de vida em conjunto com família, escola e equipe interdisciplinar é fundamental para auxiliar a criança no processo de ensino e aprendizagem de forma precoce e efetiva. Anamnese: o Fatores de risco? o Características da criança Fluxograma: Original: Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 159 Critérios: o Desempenho em testes de leitura, matemática ou expressão escrita abaixo do esperado para a idade, inteligência e escolarização. o Diferença >2DP entre o rendimento e o QI. o <2DP: quando o desempenho do teste de QI foi comprometido por transtorno mental ou pela bagagem étnica/cultural. o Se há deficiência sensorial, a dificuldade acadêmica deve ser mais evidente. o Transtornos de aprendizagem pode persistir até a idade adulta. Diagnostico diferencial