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Câncer de Bexiga, Próstata, Escroto Agudo, Priapismo e Parafimose

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CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
UROLOGIA – CIRURGIA GERAL 
 
 
➔ CÂNCER DE PRÓSTATA: 
 
• INTRODUÇÃO: 
 
- Segunda neoplasia mais frequente entre os 
homens em todo o mundo; 
- 223 mil novos casos e 29.480 mortes em 2014 nos 
EUA; 
- O câncer de próstata (CaP) só fica atrás do câncer 
de pele não melanoma; 
- A incidência do CaP aumentou de forma 
dramática no início da década de 90, 
concomitantemente à utilização do antígeno 
prostático específico (PSA) sérico, que é uma 
glicoproteína da família das calicreínas produzida 
pelo epitélio prostático. 
- O PSA não é considerado exclusivamente um 
marcador câncer-específico, mas sim órgão-
específico, podendo estar alterado não só no CaP, 
mas também na hiperplasia prostática benigna 
(HPB), traumas, prostatites, entre outras. 
- Depois de um pico inicial, as taxas de incidência 
caíram, mas têm persistido a uma taxa quase duas 
vezes maior que a registrada na era pré-PSA. 
- O aumento da incidência do CaP pode ser 
parcialmente justificado pela evolução dos 
métodos diagnósticos, melhoria na qualidade dos 
sistemas de informação do país e aumento da 
expectativa de vida dos homens. 
- O risco de um homem ter um CaP diagnosticado 
durante a sua vida é de 16%, dado que demonstra 
a alta prevalência desta neoplasia. 
- O risco de mortalidade é de apenas 3,4%, o 
que consolida a sua indolência numa grande 
proporção de casos. 
 
• FATORES DE RISCO: 
 
- Aumento da idade; 
- Origem étnica (raça negra); 
- Predisposição genética; 
 
OBS: Na presença de um parente de primeiro grau 
com CaP, o risco aumenta 2x. Se dois ou mais 
parentes de primeiro grau são afetados, o risco 
aumenta em 5-11 vezes. 
- Os genes HPC-1 e BRC-1 são os responsáveis pela 
transmissão hereditária do CaP. 
- Fatores de risco exógenos como dieta, 
comportamento sexual, consumo de álcool, 
exposição à radiação ultravioleta e exposição 
ocupacional podem ter papel no desenvolvimento 
do CaP, mas ainda faltam evidências para 
consolidá-los como fatores de risco definitivos. 
 
• RASTREAMENTO DO CaP: 
 
- Deve ser realizado após ampla discussão de riscos 
e potenciais benéficos; 
- A SBU recomenta que homens a partir de 50 anos 
devem procurar um profissional especializado; 
- Aqueles que possuem parentes de 1º grau com 
CaP ou são de raça negra deverão iniciar o 
rastreamento aos 45 anos; 
- Pacientes com idade entre 55-69 anos deveriam 
ser considerados para o rastreamento, após 
exposição dos benefícios e riscos; 
- Caso o paciente opte pela realização do 
rastreamento, a avaliação deverá ser anual através 
do toque retal e dosagem do PSA; 
- Após os 75 anos, o screening é recomendado 
apenas aos homens com expectativa de vida acima 
de 10 anos; 
 
• DIAGNÓSTICO: 
 
- É baseado no estudo histopatológico da próstata; 
- A biópsia transretal de próstata guiada por 
ultrassom (BRTP) é o método recomendado na 
grande maioria dos casos suspeitos; 
- São recomendadas, no mínimo, a retirada 
sistematizada de 12 fragmentos de locais 
diferentes da glândula; 
- Recomenda-se um número maior de fragmentos 
em próstatas de maior volume; 
- A BTRP é solicitada na presença de TR alterado 
(presença de nódulo ou área de endurecimento) 
ou níveis de PSA fora dos padrões esperados, após 
as adequações necessárias para a idade e volume 
da próstata; 
- Os níveis sanguíneos do PSA não se mantêm 
estáveis ao longo da vida, com tendência de 
elevação sérica com o avançar da idade; 
- São 4 as características de adequação do PSA: 
 
1) PSA x IDADE: 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
 
 
2) RELAÇÃO LIVRE/TOTAL (% PSA LIVRE): 
 
- Deve ser utilizada apenas quando o PSA total se 
encontra entre 4 e 10 ng/dL, faixa conhecida como 
zona cinzenta; 
- Quando a relação é menor que 10%, o risco da 
doença aumenta significativamente; 
- Valores acima de 20%, a probabilidade de CaP é 
reduzida e, provavelmente, ocorre doença benigna 
(HPB); 
 
3) VELOCIDADE DE CRESCIMENTO DO PSA: 
 
- Normal: 075 ng/dL por ano; 
- Valores de crescimento acima desse ponto de 
corte reforçam a hipótese de CaP; 
- Pacientes abaixo de 50 anos, a velocidade de 
crescimento mais adequada é de até 0,4 
ng/dL/ano; 
 
4) DENSIDADE DO PSA: 
 
- Definida como o valor do PSA total dividido pelo 
volume da próstata (peso, em gramas); 
- Cada 1g de próstata normal produz 0,1 ng/dL de 
PSA total; 
- Valores acima de 0,15 costumam sugerir doença 
neoplásica (CaP); 
 
- BTRP negativa para tumor na presença de forte 
suspeita de CaP indica a necessidade de uma nova 
biópsia (re-biópsia), que deve ser solicitada com 
intervalo mínimo de seis a oito semanas. 
 
- O estudo imunohistoquímico avalia a presença de 
células da membrana basal ductal que, quando 
ausentes, identifica o CaP (perda das células da 
membrana basal). 
 
- O IHQ é bastante sensível para a pesquisa do CaP 
e deve sempre ser realizado em pacientes 
portadores de ASAP, porque essa condição está 
associada ao CaP em, pelo menos, metade dos 
casos. 
 
- Quando realizadas com técnicas adequadas, o 
máximo de 4 biópsias devem ser solicitadas em 
períodos de tempo determinados. As chances de 
detecção diagnóstica em 4 biópsias consecutivas 
são decrescentes. Por esse motivo, após a segunda 
biópsia realizada, deve-se discutir a utilização da 
biópsia de saturação (número maior de fragmentos 
retirados, principalmente em áreas suspeitas). Esse 
tipo de biópsia aumenta a chance de positividade, 
fornece dados sobre a extensão da doença, reduz a 
possibilidade de subestadiamento, tendo maior 
relevância nos casos de indicação de seguimento 
vigilante (active surveillance). 
 
- A ressonância magnética multiparamétrica da 
próstata com espectroscopia, pode direcionar a 
biópsia para áreas suspeitas em pacientes com PSA 
elevado e biópsias negativas. 
 
- A BTRP necessita de analgesia para o controle da 
dor, podendo ser realizada com anestesia local e 
bloqueio da região posterolateral da próstata, ou 
com sedação. 
- A combinação de bloqueio anestésico local e 
sedação garante maior conforto ao paciente. O 
procedimento necessita de antibioticoprofilaxia, e 
o regime mais adotado é o uso de uma quinolona 
por 3 a 5 dias. 
 
- Complicações: sangramento retal, hematúria, 
episódios vasovagais, infecção, febre, 
hematospermia, disúria persistente, prostatite 
aguda e urossepse. Além dessas, a repetição da 
BTRP pode causar disfunção erétil por lesão direta 
dos nervos eréteis, localizados 
posterolateralmente à próstata. 
 
• POSSÍVEIS ACHADOS DA BTRP: 
 
a) ADENOCARCINOMA DE PRÓSTATA: 
 
- 98% dos tumores malignos prostáticos 
correspondem ao adenocarcinoma de próstata; 
- Prognóstico da doença avaliado através do 
sistema de Gleason; 
 
o Escore de Gleason: 
- Baseia-se na arquitetura microscópica do tumor 
e é composto por 5 padrões histológicos; 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
- Do menor para o maior, as células malignas vão 
perdendo a diferenciação celular (quanto mais 
diferenciada, mais próxima da célula normal) e 
adquirindo arquitetura mais complexa; 
 
- O escore de Gleason pode classificar o tumor em 
padrões mais bem diferenciados (1, 2 e 3), até 
aqueles pouco diferenciados ou indiferenciados (4 
e 5); 
 
 
 
- O escore de Gleason é composto por dois valores 
(duas notas). Ambas as notas variam de 1 a 5, 
sendo a primeira atribuída ao padrão mais 
prevalente, e a segunda igualmente atribuída ao 
segundo padrão mais prevalente nos fragmentos 
analisados pelo patologista. Dessa forma, o escore 
de Gleason pode variar de 2 a 10, mas na prática 
atual, a maioria dos CaP possui escore ≥ 6. 
 
- Portanto, tumores compostos por padrões 3, 4 e 
ou 5 são considerados clinicamente significativos, 
assim classificados: 
 
o Neoplasia de baixo grau – Gleason 3+3 
o Neoplasia de grau intermediário – Gleason 3+4 
ou 4+3 
o Neoplasia de alto grau – Gleason 4+4, 4+5, 5+4 
ou 5+5 
 
 
 
 
 
 
b) PROLIFERAÇÃO ATÍPICA DE PEQUENOS ÁCINOS 
(ASAP): 
 
- Termo utilizado em caso de dúvida, quando não 
há critériospara o diagnóstico do câncer; 
- O diagnóstico do câncer pode ser confirmado pela 
imuno-histoquímica; 
- Nos casos onde o diagnóstico é negativo para 
CaP, os pacientes devem ser acompanhados com 
cuidado, pois cerda de 40% dos portadores de 
ASAP desenvolverão CaP; 
 
c) NEOPLASIA INTRAEPITELIAL PROSTÁTICA (PIN): 
 
- São lesões atípicas do epitélio de revestimento de 
ductos e ácinos; 
- As células não apresentam características de 
malignidade; 
- Cerca de 20% dos pacientes com PIN de alto grau 
têm CaP ou vão desenvolvê-lo; 
 
d) PROSTATITES: 
 
- Infiltrados inflamatórios são comuns em biópsias 
de próstata, e não significam necessariamente uma 
prostatite de significado clínico; 
 
e) HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA (HPB): 
 
- Crescimento não neoplásico, devido à hiperplasia 
do estroma e do tecido glandular; 
- O diagnóstico é histológico e se refere à 
proliferação do músculo liso e das células epiteliais 
da zona de transição; 
 
f) ATROFIA: 
 
- Resultante de inflamação, isquemia, radiação ou 
hormonioterapia; 
- Não é considerada alteração pré-maligna; 
 
• EXAMES COMPLEMENTARES: 
 
- São solicitados com o intuito de detectar 
possíveis extensão da doença para linfonodos ou 
metástases à distância; 
- A principal via de disseminação linfática é a 
cadeia ilíaco-obturadora; 
- A principal via de disseminação hematogênica é a 
óssea, principalmente do esqueleto axial, quadril e 
fêmur (85%); 
- Metástase visceral ocorre para fígado e pulmão 
em pacientes com doença terminal; 
 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
 
 
• OUTROS EXAMES LABORATORIAIS: 
 
- PCS-3 (Prostate Cancer Antigen 3): 
 
pode ser determinado a partir de uma amostra de 
urina coletada após TR vigoroso. 
 
Pode auxiliar na decisão da solicitação da BTRP em 
pacientes com níveis de PSA em uma faixa 
indeterminada (2,5 a 10ng/dL) e para pacientes 
com biópsia prévia negativa, com níveis 
persistentes elevados de PSA; 
 
O nível de PCA3 maior ou igual a 35 aumenta a 
certeza diagnóstica do CaP; 
 
• EXAMES DE IMAGEM: 
 
1) ULTRASSONOGRAGIA DE PRÓSTATA VIA 
ABDOMINAL: 
 
- Alterações encontradas na USG suprapúbica são 
semelhantes tanto para pacientes com HBP quanto 
para CaP, gerando muitos falso-positivos; 
- Tem sensibilidade de 72,7% e especificidade de 
72,2%; 
- Não deve ser utilizado na rotina para confirmação 
diagnóstica da doença; 
- USG transretal não acrescenta vantagens ao 
diagnóstico do CaP, tem baixa sensibilidade; 
 
2) CINTILOGRAFIA ÓSSEA: 
 
- Deve ser solicitada para pacientes com PSA > 
20ng/dL ou Gleason maior igual a 7 ou dor óssea; 
- Não deve ser solicitada para doença de baixo 
risco, porque a chance de metástases é 
praticamente nula; 
 
3) TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DA PELVE: 
 
- Deve ser solicitada para pacientes com PSA > 20 
ng/dL e/ou Gleason ≥ 7 e/ou estádio clínico ≥ T2c. 
- Pacientes com cintilografia óssea demonstrando 
metástase óssea, a TC de pelve pode ser 
descartada, uma vez que o tratamento inicial não 
será alterado. 
 
4) RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 
MULTIPARAMÉTRICA DA PRÓSTATA: 
 
- Combina o aspecto anatômico em sequências 
ponderadas em T2 com coeficiente de difusão e 
captação de contraste. O aspecto típico de uma 
lesão suspeita é a presença de hipossinal em T2 na 
zona periférica. 
- Este exame detecta 95% dos tumores com escore 
de Gleason > 7 e volume tumoral a partir de 0,5 ml, 
apresentando valor preditivo negativo de 80 a 98% 
para tumores de alto risco. 
- Natentativa de padronizar e melhorar os 
resultados na detecção de CaP, foi criado o sistema 
de classificação de PI-RADS, conforme Tabela 4. 
- Este exame tem demonstrado papel importante 
também na vigilância ativa e no planejamento 
cirúrgico. 
 
 
 
- Na presença de PI-RADS maior ou igual a 3, tem-
se indicado BTRP, mas esse achado ainda não 
deve ser considerado como indicação isolada de 
biópsia. 
 
• TRATAMENTO: 
 
a) VIGILÂNCIA ATIVA: 
- Recomendada para pacientes com CaP de baixo 
risco e baixo volume tumoral; 
- Critérios para selecionar o paciente: boas 
condições clínicas, expectativa de vida maior que 5 
anos ou maior de 10 anos; 
- PSA <10 e Gleason ≤6 e TR ≤ T2a; 
- Critérios de Epstein: baixo volume tumoral, 
densidade do PSA menor que 0,15, até 2 
fragmentos de biópsia comprometidos, até 50% da 
extensão dos fragmentos avaliados; 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
- O acompanhamento deve ser realizado com PSA 
e TR semestral e BTRP anual; 
 
b) PROSTATECTOMIA RADICAL (PTR): 
 
- Padrão ouro para o tratamento de CaP; 
- Indicada para pacientes com tumores localizados 
e expectativa de vida superior a 10 anos; 
- Raramente indicada em homens acima de 70 
anos; 
- A cirurgia consiste na remoção da próstata 
(incluindo a cápsula) e as vesículas seminais, com 
anastomose entre a ureta e colo vesical; 
- Pacientes com tumor de risco intermediário e alto 
são complementados com linfadenectomia pélvica; 
- A cirurgia laparoscópica robô-assistida mostra 
menor taxa de sangramento e uma tendência à 
recuperação precoce da continência urinária e da 
função erétil; 
 
 
 
 
c) RADIOTERAPIA EXTERNA CONFORMACIONAL 
(RT): 
 
- Indicada para pacientes com CaP de risco baixo e 
intermediário; 
- A RT também é indicada para pacientes com 
tumores localizados, com expectativa de vida 
superior a 10 anos, sendo raramente realizada em 
homens acima de 70 anos; 
- É uma alternativa para o paciente que não quer 
ou não pode ser operado. 
- As taxas de cura são diretamente proporcionais 
às doses alcançadas. 
- Contraindicações: Portadores de Doenças 
Inflamatórias Intestinais, Pacientes que já foram 
submetidas a RXT pélvicas anteriores, pacientes 
portadores de grandes próstatas (esse relativa). 
- Efeitos colaterais: disfunção erétil, retite ou cistite 
actínica; 
d) TERAPIA FOCAL: 
 
- Objetivo de minimizar os efeitos colaterais 
inerentes a terapêuticas clássicas radicais; 
- As principais modalidades são: 
1) Térmicas: crioterapia e HIFU 
2) Não térmicas: terapia fotodinâmica vascular 
com padeliporfina e eletroporação; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
➔ CÂNCER DE BEXIGA: 
 
• INTRODUÇÃO: 
 
- Segundo tumor maligno urológico em incidência; 
- 7º lugar entre os tumores e a 9ª causa de óbito; 
- No Brasil, em 2016, foram registrados 9.670 
casos, com a ocorrência de 3.642 óbitos; 
- A chance de um homem desenvolver CaB é de 
3,8% e a mulher 1,2%, incluindo o tipo invasivo e o 
carcinoma in situ (cis); 
- É um tumor raro antes dos 40 anos, com aumento 
significativo após a sétima década de vida; 
- A maior incidência do CaB em homens é 
provavelmente explicada por diferenças no hábito 
de fumar e ocupacionais; 
- Homens brancos, tabagistas e com mais de 50 
anos de idade é o típico paciente portador de CaB; 
 
• FATORES DE RISCO: 
 
- Principal: consumo do tabaco na forma de 
cigarro; 
- O fumo aumenta o risco de tumores em 2 a 6x, e 
o aumento da intensidade ou duração do 
tabagismo está diretamente relacionado ao 
aumento do risco, com período médio de latência 
de 20 a 30 anos; 
- Segundo fator de risco mais importante: 
ocupação; 
- A exposição ocupacional pode ser responsável 
por até 20% de todos os cânceres vesicais; 
- A infecção urinária crônica está associada ao 
desenvolvimento de CaB, principalmente de células 
escamosas; 
 
• TIPOS HISTOLÓGICOS: 
 
- O mais frequente é o carcinoma urotelial de 
bexiga (CUB), que ocorre em 80 a 90% dos casos e 
pode se apresentar de modo bastante variado 
(lesões muito pequenas e imperceptíveis até lesões 
invasivas que tomam toda a bexiga); 
- Outros tipos de tumor de origem epitelial são 
menos comuns e incluem o carcinoma de células 
escamosas, relacionado a infecções urinárias 
crônicas e infestação por Schistosoma hematobium 
e o adenocarcinoma, que pode ser derivado do 
úraco ou primário da bexiga. 
 
 
 
 
• QUADRO CLÍNICO: 
 
- Principal sinal/sintoma: hematúria macroscópica 
indolor; 
- Ocorrem durantetoda a micção e apresentam 
episódios de intermitência; 
- Tumores que invadem o músculo detrusor podem 
provocar sintomas de armazenamento por 
irritação vesical, principalmente urgência; 
- Polaciúria; 
- Edema de membros superiores; 
- Dor óssea (metástases ósseas); 
- Sintomas respiratórios (tosse, dispneia, 
hepmotise); 
 
• DIAGNÓSTICO: 
 
- Quadro clínico sugestivo, exames de imagem; 
- USG de rins e vias urinárias é capaz de identificar 
lesões acima de 0,5cm na parede vesical com 
acurácia de 80-90%. Além disso pode identificar 
dilatação do trato urinário superior caso haja 
invasão dos meatos ureterais com obstrução, e a 
presença de coágulos no interior de bexiga; 
- TC e RNM: são exames de escolha pois 
identificam lesão vesical, também avaliam a 
presença de dilatações e sangramentos, assim 
como o estadiamento da doença; 
- Uretrocistoscopia: identifica o número, 
localização e aspecto das lesões; 
- A confirmação diagnóstica é feita através da 
ressecção endoscópica do tumor por via 
transuretral (RTU de bexiga) que possui os 
seguintes objetivos: 
 
 
- Exame de urina I pode demonstrar hematúria e 
leucocitúria sem a presença de bactérias; 
- Creatinina e ureia podem estar aumentadas em 
casos de tumores invasivo que obstruem ambos os 
ureteres, causando insuficiência renal de origem 
pós-renal; 
 
 
• ESTADIAMENTO: 
 
- O estádio patológico está entre os mais 
importantes fatores prognósticos no CUB e é 
crítico para a tomada de decisões e 
acompanhamento do paciente. 
 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
- O sistema mais comumente utilizado é o que 
avalia extensão tumoral (T), o comprometimento 
de linfonodos (N) e a presença de metástases (M), 
atualizado periodicamente pela American Joint 
Committee on Cancer (AJCC) (Tabela 1). 
 
- De modo simplificado, o estadiamento discrimina 
dois tipos principais de tumores com implicações 
importantes na decisão terapêutica. 
 
- O CUB denominado não músculo-invasivo (não 
invadem a musculatura detrusora), que pode ser 
classificado como pTa, pT1 ou carcinoma in situ, e 
o CUB músculo-invasivo que acomete pelo menos 
a camada muscular própria ou o músculo detrusor 
(pT2), a gordura perivesical (pT3) e órgãos 
adjacentes e parede pélvica (pT4). 
 
- A Figura 1 exemplifica de modo prático o 
estadiamento do CaB. 
 
- Entre 70 a 80% dos tumores vesicais são pTa ou 
pT1 e têm como característica altas taxas de 
recorrência (50 a 70%), sendo que apenas 10 a 15% 
progridem para maior grau ou estádio. 
 
- Aqueles que já se apresentam como músculo 
invasivos ao diagnóstico, que correspondem a 10 a 
20% dos casos, tendem a progredir rapidamente e 
têm prognóstico desfavorável. 
 
- Para tumores músculo-invasivos a tomografia de 
abdome total com contraste e o R-X de tórax são 
adequados para avaliação da pelve (incluindo a 
bexiga), órgãos abdominais e pulmões. 
 
 
 
 
 
 
• GRAU HISTOLÓGICO: 
 
- A OMS passou a denominar os carcinomas 
papilíferos uroteliais em apenas duas categorias: 
baixo e alto grau; 
 
1) CARCINOMA UROTELIAL PAPILÍFERO DE BAIXO 
GRAU: 
 - Aparência geral com mínimas variações na 
arquitetura ou características citológicas; 
- Bom comportamento e chances mínimas de 
progressão para músculo-invasão; 
- Tumor pTa pode se apresentar como doença de 
baixo grau (pTaBG); 
 
 
 
2) CARCINOMA UROTELIAL PAPILÍFERO DE ALTO 
GRAU: 
- Aparência desorganizada a partir de importantes 
anormalidades arquiteturais e citológicas; 
- Instáveis geneticamente, agressivos e com chance 
considerável de progressão para doença invasiva; 
- Doença de alto grau (pTaAG); 
- Os tumores pT1, pTis, pT2, pT3, pT4 são 
considerados doença de alto grau, por conta das 
alterações genéticas e estruturais; 
- 10-20% dos tumores são músculo-invasivos e 
agressivos; 
 
 
 
 
 
 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
• TRATAMENTO: 
 
1) TUMORES NÃO MÚSCULO INVASIVOS (pTa, pt1 
e pTis): 
 
- A maioria dos tumores é classificada como 
doença não músculo-invasiva e de baixo grau, que 
apresentam bom prognóstico, pouca capacidade 
de progressão, mas altas taxas de recidiva tumoral 
intravesical; 
 
- Costumam responder bem aos tratamentos 
realizados e mesmo com altas taxas de recorrência, 
95% dos pacientes estão vivos; 
 
- Após o diagnóstico histológico, estadiamento 
inicial e tratamento endoscópico das lesões, 
podem ser tratados com terapia complementar; 
 
- Esses tumores que precisam de tratamento 
complementar costumam se apresentar como 
lesões grandes e múltiplas, pois tem mais chance 
de recorrência na bexiga; 
 
- A taxa de recorrência da doença não músculo-
invasiva pode variar entre 30-70%, dependendo do 
tumor inicial; 
 
- As características que se relacionam com maior 
recorrência e indicam necessidade de tto 
complementar são: 
 
 
 
- Os tipos de tratamento complementares à RTU-B 
são: 
 
a) Observação Vigilante; 
b) Re-RTU; 
c) Quimioterapia intravesical; 
d) Imunoterapia intravesical; 
 
2) TUMORES MÚSCULO-INVASIVOS: 
 
- Os tumores de alto grau e músculo-invasiva 
devem ser encarados como doença de 
comportamento ruim, agressiva e com alto 
potencial de letalidade; 
 
- Cursam com taxa de mortalidade que podem 
alcançar 50-60% em 5 anos; 
 
- Deve ser tratada de maneira cirúrgica e radical, 
devido ao comportamento agressivo e letal desses 
tumores; 
 
- A partir do diagnóstico feito pela RTU-B inicial, 
existe uma perda de sobrevida de 10% por mês de 
atraso do tto cirúrgico definitivo; 
 
- Em 3 meses de atraso a partir do diagnóstico, o 
paciente tem 30% menos chance de estar vivo em 
5 anos; 
 
- CUB invasivo deve sempre ser encarado como 
uma doença grave; 
 
- Quimioterapia e/ou radioterapia e/ou RTU-B 
máxima são outras formas de tratamento que 
envolvem a preservação da bexiga, são restritas e 
realizadas em pacientes específicos, não é a forma 
tradicional de tratamento; 
 
- O tratamento padrão-ouro para músculo-
invasivos é a CISTECTOMIA RADICAL; 
 
✓ CISTECTOMIA RADICAL: 
 
- No homem: Retirada da bexiga, da próstata e 
vesículas seminais e dos linfonodos pélvicos; 
 
- Na mulher: retirada da bexiga, do útero e anexos, 
da parede anterior da vagina e dos linfonodos 
pélvicos; 
 
- Depois o trato urinário pode ser reconstruído; 
 
 
• SEGUIMENTO: 
 
- Depois de realizado o tratamento inicial, os 
pacientes devem ser seguidos por toda a vida; 
- Consultas realizadas de 3 em 3 meses no primeiro 
ano, 6 em 6 meses do segundo ao quinto ano e, 
por fim, anualmente pelo resto da vida; 
- Tumores não músculo-invasivos são seguidos com 
citologia urinária e cistocospia; 
- Tumores músculo-invasivos, seguem com 
tomografia de abdome e raio-x de tórax; 
 
 
 
 
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• COMPLICAÇÕES: 
 
 
 
 
 
 
➔ ESCROTO AGUDO: 
 
• SINTOMAS: 
 
- Dor local; 
- Edema (aumento do testículo); 
- Dor à palpação do escroto; 
- Tem início súbito com evolução em poucas horas; 
 
• EPIDEMIOLOGIA: 
 
- Corresponde a 0,5% dos atendimentos em 
unidades de pronto-atendimento; 
 
- Causas mais frequentes: torção de testículo, 
torção de hidátides de Morgagni, 
orquite/orquiepididimite, hidrocele 
infectada/abcesso testicular, hérnia encarcerada, 
púrpura de Henoch-Schoenlein e trauma; 
 
- As causas mais comuns na população pediátrica 
são: torção de apêndice testicular (40-60%), torção 
de cordão espermático (20-30%) e 
orquiepididimite (5-15%); 
 
➢ TORÇÃO DE CORDÃO 
ESPERMÁTICO (torção de 
testículo): 
 
- A bolsa testicular divide-se em 7 camadas, sendo 
denominadas da mais externa para mais interna: 
pele, túnica Dartos, fáscia cremastérica, fáscia 
espermática interna, túnica vaginal e túnica 
albugínea; 
 
- A torção de testículo se classifica em extravaginal 
e intravaginal, sendo a primeira menos comum, 
típica de recém-nascidos, envolvendo estruturas 
além da túnica vaginal parietal; 
 
- A intravaginal é mais comum, típica em 
adolescentes e está associada a uma anomalia das 
estruturas testiculares; 
 
 
o TORÇÃO INTRA-VAGINAL: 
 
- Excesso demobilidade testicular pela 
deformidade em “badalo de sino” na qual a túnica 
vaginal é fixada proximalmente no cordão 
espermático (implantação alta), facilitando o giro 
do testículo e cordão espermático sobre o próprio 
eixo; 
- Predisposição familiar; 
- Fator desencadeante: desconhecido, mas 
variações térmicas, criptorquidia, reflexo 
cremastérico, rápido crescimento testicular na 
puberdade e ciclo sono-vigilia estão relacionados; 
 
 
 
• APRESENTAÇÃO CLÍNICA: 
 
- Ocorre principalmente entre 12 e 16 anos; 
- Prevalência é de 1 em 4.000 homens com 
predomínio à esquerda e raramente bilateral; 
- O principal sintoma é dor testicular de 
intensidade variável; 
- Vômito está presente entre 10% e 60% dos casos; 
- Edema e eritema testicular; 
- Sinais mais comuns: dor e endurecimento à 
palpação testicular, horizontalização do testículo 
(Sinal de Angell positivo), testículo elevado na 
bolsa testicular (sinal de Brunzel positivo), ausência 
de reflexo cremastérico (sinal de Rabinowitz 
positivo), sem melhora da dor com elevação 
manual do testículo (sinal de Prehn negativo); 
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• EXAMES COMPLEMENTARES: 
 
- Urina I; 
- USG testicular com Doppler: ausência de fluxo 
sanguíneo intratesticular apresenta uma 
sensibilidade de 86%, especificidade de 100% e 
uma acurácia de 97% no diagnóstico de torção de 
cordão; 
- Outro sinal da USG é a visualização direta do 
cordão torcido em “forma de caracol”; 
- Cintilografia Testicular: apresenta uma 
sensibilidade e especificidade em torno de 90%, 
mas está extinto na prática clínica moderna por 
uso de radiação; 
 
 
 
 
• MANEJO E TRATAMENTO CIRÚRGICO: 
 
- A torção de testículo é uma verdadeira 
emergência cirúrgica, pois a viabilidade testicular é 
inversamente proporcional ao tempo de torção; 
 
- Em 33% dos casos a torção se dá lateralmente, o 
que dificulta sua identificação na tentativa de 
destorção manual; 
 
- Como abordar um escroto agudo: história clínica, 
exame físico e ultrassom com Doppler; 
 
- O tratamento cirúrgico clássico é por via escrotal; 
- O testículo acometido deve ser destorcido e 
coberto por uma compressa úmida aquecida. 
Enquanto se espera para observar a viabilidade 
dele, através da coloração e perfusão, o testículo 
contralateral deve sempre ser fixado 
(orquidopexia) com fio inabsorvível para evitar 
torção metacrônica. Após este tempo cirúrgico, 
decide-se por preservação e fixação do testículo 
doente, ou orquiectomia, caso ele não esteja 
viável. 
 
- O impacto na fertilidade é pouco conhecido 
devido à dificuldade de acompanhamento destes 
pacientes. A hipótese de lesão do testículo 
contralateral por autoanticorpos já foi refutada em 
diversos estudos; 
 
 
A: Testículo destorcido após 4h de torção e 
embebido em soro morno. É possível observar a 
viabilidade testicular pela recuperação gradual da 
coloração e perfusão testicular. 
 
B: Produto de orquiectomia após 24h de 
torção. Note o testículo com áreas necróticas e a 
ruptura da túnica albugínea com exposição do 
parênquima testicular por síndrome 
compartimental intra-testicular. 
 
o TORÇÃO INTRA-VAGINAL INTERMITENTE: 
 
- Episódios de dor testicular aguda, autolimitados, 
durando minutos ou até horas precedem a torção 
em 30-50% dos pacientes; 
- Diagnóstico difícil pois é confundido com torção 
de apêndice ou orquiepididimite; 
- A alta suspeita clínica é suficiente para o 
diagnóstico, a não ser que o paciente seja 
examinado na crise, facilitando o diagnóstico; 
- ORQUIDOPEXIA BILATERAL → TRATAMENTO 
DEFINITIVO; 
 
➢ TORÇÃO EXTRA-VAGINAL: 
 
 
- Típico do período perinatal, pode ocorrer antes, 
durante ou no pós-parto; 
- Incidência: 6,1 para cada 100.000 nascimentos; 
- Fatores de Risco: alto peso ao nascimento e 
trabalho de parto difícil não foram confirmados; 
- Ultrassom pré e pós-natal podem ajudar, mas 
nem sempre confirmam o diagnóstico; 
- Conduta: manejo seria exploração eletiva devido 
à baixa probabilidade de salvar o testículo e alto 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
risco anestésico. Outros grupos defendem 
exploração imediata com fixação (pexia) do 
testículo contralateral. Caso a torção seja pós-
natal, o manejo é o mesmo da torção intra-vaginal, 
com exploração imediata e pexia contralateral. 
 
 
➢ TORÇÃO DE APÊNDICE 
TESTICULAR E APÊNDICE 
EPIDIDIMAL: 
 
- Causa mais comum de escroto agudo em crianças 
pré-puberes; 
- A causa da torção é desconhecida, mas pode 
estar relacionada à anatomia, trauma ou 
crescimento pré-puberal; 
- Apesar de poder ocorrer em qualquer idade, o 
pico de incidência está entre 7 e 12 anos; 
- Sinais: o mesmo de escroto agudo com 
surgimento abrupto de dor testicular com 
intensidade variável, dependendo da resposta 
inflamatória e do tempo de torção; 
- “BLUE DOT”: Sinal clínico clássico que se traduz 
pela presença de um ponto escurecido observado 
através da pele da bolsa testicular, no polo 
superior do testículo; 
- No exame físico precoce, o examinador é capaz 
de palpar um nódulo endurecido e doloroso, 
porém com a progressão da inflamação este 
nódulo se confunde com todo o testículo; 
- O USG raramente evidencia o apêndice anormal, 
mas sim uma hiperperfusão (aumento do fluxo 
sanguíneo) no epidídimo; 
- A torção do apêndice é um processo autolimitado 
e por isso raramente necessita de exploração 
cirúrgica. O tratamento é baseado em repouso, 
compressa fria e anti-inflamatório. A abordagem 
cirúrgica é reservada para suspeita de torção de 
cordão espermático (testicular) ou dor severa e 
prolongada; 
 
 
➢ ORQUIEPIDIDIMITE: 
 
- Causa infecciosa ou não; 
- Doenças inflamatórias dos testículos e epidídimo; 
- Categoria ampla de causas de escroto agudo de 
incidência não definida; 
- O início dos sintomas é insidioso (mas pode ser 
agudo), podendo estar associado com sintomas 
sistêmicos (febre e prostração); 
- Há associação com ITU, secreção uretral, IST, 
cateterismo intermitente, disfunção miccional ou 
anomalias congênitas; 
- Causada por via ascendente; 
- EXAME FÍSICO: aumento do epidídimo ou 
testículo, além de reflexo cremastérico preservado, 
hiperemia, dor intensa, sinal de Prehn positivo 
(Elevação testicular alivia a dor); 
- Bacteriúria está associada em 20-40% dos casos; 
- O diagnóstico é confirmado por USG com 
Doppler, que evidencia aumento do volume 
testicular e do fluxo sanguíneo; 
- O tratamento depende da etiologia, que pode 
variar de acordo com a idade; 
- O anti-inflamatórios, repouso e elevação do 
testículo são tratamentos iniciais; 
- Na infância, os agentes virais, como caxumba ou 
vírus caxumba-like são os principais agentes; 
- Clamídia e gonococos são causas frequentes em 
jovens sexualmente ativos; 
- Por ser área endêmica de tuberculose, esta deve 
sempre ser considerada como diagnóstico 
diferencial; 
- Em homens acima de 35 anos, a infecção 
bacteriana por Gram-negativos (E.coli) é o mais 
comum. 
 
➢ OUTRAS CAUSAS DE DOR 
TESTICULAR AGUDA: 
 
1) GRANGRENA DE FOURNIER: 
 
- Conhecida como fasceíte necrotizante; 
- Comum em pacientes imunocomprometidos, 
ocorrendo principalmente em pacientes diabéticos, 
etilistas e obesos; 
- Trata-se de uma infecção multibacteriana grave 
que evolui rapidamente para sepse com risco de 
morte; 
- Sua progressão é rápida e pode se disseminar 
superficialmente pela fáscia de Colles (períneo), 
Buck (pênis), Dartos (escroto) e Scarpa (abdome); 
- O tratamento deve ser agressivo e instituído o 
mais precocemente possível, incluindo hidratação 
vigorosa, antibioticoterapia e desbridamento 
cirúrgico extenso; 
 
2) EDEMA ESCROTAL IDIOPÁTICO: 
 
- Edema local com pouca ou nenhuma dor, 
possivelmente de origem alérgica; 
- Anti-histamínicos podem ser utilizados; 
 
3) PURPURA DE HENOCK-SCHONLEIN: 
 
- Vasculite sistêmica que afeta pele, articulações, 
trato gastrointestinal e rins; 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
- O rash cutâneo típico é de manchas elevadas na 
pele, que não desaparecem com a pressão digital; 
- Apresentaçãoclínica com dor e edema testicular 
podendo comprometer o cordão espermático; 
- A causa é o desenvolvimento anormal do Ducto 
de Wolff. 
- O USG revela múltiplos pequenos cistos; 
- O tratamento consiste em enucleação 
conservadora; 
 
 
 
 
 
➔ PRIAPISMO: 
 
• INTRODUÇÃO: 
 
- Ereção total ou parcial, dolorosa ou indolor que 
continua por mais de 4 horas com ou sem 
estimulação sexual; 
- Classifica-se em 3 tipos: isquêmico, recorrente e 
não isquêmico; 
 
1) ISQUÊMICO (VENO-OCLUSIVO OU DE BAIXO 
FLUXO): 
 
- É o mais frequente; 
- Tem início após estimulação sexual ou 
administração de agentes farmacológicos, com 
incidência variando de 0,34 até 5,3 casos por 
100.000 homens/ano; 
- Caracteriza-se por uma ereção persistente 
dolorosa que não é avaliada mesmo após a 
ejaculação ou a tentativa de reversão 
farmacológica; 
- EXAME FÍSICO: rigidez do corpo cavernoso, sem 
acometimento do corpo esponjoso e da glande. 
Após 6-8 horas de evolução, o paciente relata dor 
causada pela morte celular consequente ao 
processo de isquemia dos tecidos penianos; 
o FISIOPATOLOGIA: 
 
- Oclusão do retorno venoso peniano com 
consequente diminuição ou cessação de fluxo 
arterial, que leva à hipóxia, hipercarbia e acidose; 
- A partir de 12h de isquemia já ocorre edema 
intersticial, destruição progressiva do endotélio 
sinusoidal, exposição da membrana basal e 
aderência de trombócitos; 
- Após 48h, trombos podem ser encontrados nos 
espaços sinusoidais, além da necrose da 
musculatura lisa e substituição do tecido cavernoso 
por fibroblastos; 
 
o CAUSAS DE PRIAPISMO ISQUÊMICO: 
 
- Causa idiopática; 
- Seus maiores fatores de risco são as discrasias 
sanguíneos (principalmente anemia falciforme) e 
os principais agentes causais são os agentes 
facilitadores ou indutores da ereção e drogas 
ilícitas; 
- Média de idade: 25 anos; 
- Priapismo Iatrogênico: termo utilizado quando o 
PI ocorre após o tratamento da disfunção erétil 
com injeção intracavernosa, inibidores de 
fosfodiesterase-5 ou outras medicações; 
- Se o tratamento for devidamente instituído, as 
taxas de preservação da função erétil são de 100% 
para até 12 horas de evolução; 
- PI DEVE SER TRATADO COMO EMERGÊNCIA 
UROLÓGICA; 
 
2) PRIAPISMO RECORRENTE (OU INTERMITENTE): 
 
- Caracterizado pelo padrão de recorrência; 
- Descrito como ereções dolorosas indesejadas e 
recorrentes em portadores de anemia falciforme; 
- Se iniciam na adolescência e vão se tornando 
mais prolongadas e frequentes até culminarem 
com o desenvolvimento de PI; 
- Principais fatores precipitantes: ereções noturnas 
ou matinais, desidratação, febre e exposição ao 
frio; 
- Fator de Risco: um episódio prévio de priapismo 
veno-oclusivo; 
 
 
 
 
 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
3) PRIAPISMO NÃO ISQUÊMICO (ARTERIAL OU DE 
ALTO FLUXO): 
 
- Tipo menos frequente; 
- Aumento do influxo de sangue no corpo 
cavernoso de modo diferente do fisiológico, pela 
dilatação das artérias cavernosas e helicinais; 
- Causado por trauma peniano contuso ou 
penetrante, que promove uma laceração da artéria 
cavernosa ou de um dos seus ramos culminando 
com a formação de uma fístula sinusoidal arterial, 
que enche seus corpos cavernosos sem ocorrer 
uma dilatação arterial fisiológica; 
- O sangue rico em O2 que entra no corpo 
cavernoso por essa via alternativa (fístula) 
promove uma ereção parcial e não causa isquemia 
nos tecidos eréteis do pênis; 
 
• DIAGNÓSTICO: 
 
- Anamnese dirigida para duração da ereção, 
presença ou ausência de dor, episódios prévios e 
método de tratamento utilizado, função erétil 
prévia, uso de medicações ou dietas para 
tratamento de disfunção erétil, medicações de uso 
contínuo ou recente, uso de drogas ilícitas e 
antecedentes patológicos (anemia falciforme, 
hemoglobinopatias, traumas); 
- Exame Físico: inspeção e palpação detalhada da 
genitália, períneo e abdome; 
 
- Exames: hemograma e coagulograma a fim de 
identificar anemia, infecção ou anormalidades 
hematológicas; 
- USG com Doppler colorido do pênis e do períneo 
é indicado para diferenciação entre PI e PNI, 
juntamente com a gasometria do aspirado do 
corpo cavernoso; 
 
• TRATAMENTO: 
 
1) Ereção Prolongada: 
- Fármacos simpaticomiméticos orais (etilefrina, 
pseudoefefrina, fenilpropanolamina e terbutalina) 
com taxas de reversão de 28% a 36%; 
 
- Na falha do tratamento oral, proceder injeção de 
um agente alfa-adrenérgico no corpo cavernoso; 
 
- A importância de reverter a ereção prolongada é 
evitar a progressão para um quadro isquêmico 
completo (PI); 
 
2) Priapismo Isquêmico: 
 
- Agentes orais não são recomendados; 
- Descompressão do corpo cavernoso com 
PUNÇÃO E ASPIRAÇÃO, que alivia dor e 
tumescência (resolve 36% dos casos); 
- A punção deve ser realizada na base do pênis às 3 
ou 9 horas com scalp calibroso; 
- Fenilefrina, etilefrina, norepinefrina e 
metaraminol; 
- Fenilefrina – droga escolhida pelas principais 
Sociedades Urológicas do mundo; 
- Na falha do tratamento clínico, deve-se iniciar o 
manejo cirúrgico o mais precocemente possível, 
sendo este fundamentado na confecção de uma 
fístula ou shunt arteriovenoso. O objetivo desse 
procedimento é reoxigenar a musculatura lisa do 
corpo cavernoso, e pode ser realizada através de 
uma comunicação entre glande, corpo esponjoso, 
veia dorsal ou veia safena com corpo cavernoso, 
para que ocorra a drenagem do sangue não 
oxigenado retido. 
 
3) Priapismo Recorrente: 
 
- Agonistas α-adrenérgicos orais e injetáveis, 
terbutalina, digoxina, hidroxicarbamida 
(hidroxiureia), estrógenos, análogos do hormônio 
de liberação de gonadotrofina (GnRH), 
antiandrogênios, baclofeno, gabapentina e 
recentemente inibidores de PDE-5. 
Todas essas estratégias visam diminuir as ereções, 
principalmente as noturnas. 
 
4) Priapismo Não Isquêmico: 
 
- Não é uma urgência urológica. 
- A resolução espontânea pode ocorrer em mais de 
60% dos casos. 
- Não há impacto na função erétil. 
- Pacientes que necessitam de tratamento precoce 
podem ser beneficiados por embolização arterial, 
que é feita pela cateterização da artéria pudenda 
interna. Deve-se optar por agentes embolizantes 
solúveis para diminuir o risco de disfunção erétil. 
- As taxas de sucesso variam de 89 a 100% 
independente do material utilizado. 
- Função erétil normal é reportado em 75 a 86% 
dos pacientes e a taxa de recorrência é de 30%. 
 
- Outra opção é a ligadura cirúrgica da fístula. 
Atualmente, essa intervenção é reservada para 
pacientes que não desejam uma terapia 
expectante ou aqueles que não são candidatos ou 
que recusam a angioembolização. Além disso, é 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
adequado para pacientes em locais sem maiores 
recursos e para aqueles onde a angioembolização 
não foi efetiva. 
 
 
➔ PARAFIMOSE: 
 
➢ FIMOSE: 
 
- Condição comum ao nascimento em indivíduos 
do sexo masculino; 
 
- Incapacidade de retrair o prepúcio e expor a 
glande por conta da presença de aderências 
naturais que mantêm o prepúcio e a glande unidos; 
 
- Durante os primeiros 3-4 anos de vida, quando o 
pênis cresce, detritos epiteliais denominados 
esmegma se acumulam sob o prepúcio separando 
gradualmente o prepúcio da glande. Ereções 
penianas intermitentes fazem com que o prepúcio 
se torne completamente retrátil; 
 
- A incidência de fimose diminui ao longo da vida; 
 
- Fator de risco para câncer de pênis: presença do 
prepúcio comprometido pela fimose; 
 
-O procedimento cirúrgico denominado 
postectomia (ou circuncisão) está indicado. Além 
disso, alguns países do mundo realizam a 
postectomia por motivos religiosos ou culturais, ou 
para fins epidemiológicos de controle profillático 
de determinadas doenças como o HIV e outras 
infecções sexualmente transmissíveis (IST). 
 
• QUADRO CLÍNICO: 
 
- Assintomática na infância; 
 
- Crianças que possuem o prepúcio muito fechado 
podem desenvolver ITU de repetição e/ou 
processos inflamatórios e infecciosos da glande e 
do prepúcio (balanopostite); 
 
- Em homens na puberdadee na fase adulta, há o 
desconforto provocado pelo anel fibrótico, que 
dificulta a exposição da glande, prejudicando ou 
impedindo a masturbação ou a atividade sexual; 
 
- Fimose muito severa com incapacidade completa 
de expor a glande pode cursar com infecções 
associadas ou evoluir com tumores penianos em 
longo prazo; 
 
- Uma causa comum de desenvolvimento de 
fimose em homens de meia-idade ou mais idosos é 
a presença de diabetes mellitus não controlado, 
onde níveis elevados e permanentes de glicemia 
promovem balanopostites de repetição, 
inflamação, fibrose prepucial e fimose em períodos 
curtos; 
 
• DIAGNÓSTICO: 
 
- Clínico e feito através do exame físico, inclusive 
das suas complicações – balanopostite, parafimose 
e câncer de pênis; 
 
- A fimose pode ser classificada em 4 graus de 
acordo com a exposição da glande, permitindo 
avaliar a severidade dessa condição patológica, 
prever a chance de resolução com o desenvolver 
da criança: 
 
 
 
• TRATAMENTO: 
 
- Prostectomia ou circuncisão; 
- Uso de corticoide tópico; 
- Prostectomia: procedimento cirúrgico com 
objetivo de retirar o anel fibrótico prepucial, 
permitindo a exteriorização permanente da glande. 
Tem como indicações clássicas: 
 
O procedimento cirúrgico pode ser realizado 
através da excisão prepucial tradicional. Possui 
índices de morbidade baixos, com taxa de 
CIRURGIA GERAL – 6º PERÍODO – GRAZIELA BENEVIDES 
 
mortalidade no Brasil de 0,0013%, sendo 
considerado um procedimento seguro e de baixa 
complexidade. Pode ser realizada em caráter 
ambulatorial, com anestesia local e pós-operatório 
manejado pelo próprio paciente; 
 
 
• COMPLICAÇÕES: 
 
- Parafimose – complicação a curto prazo mais 
importante da fimose; 
- A presença da fimose a longo prazo aumenta as 
chances de ITU e balanopostites de repetição, o 
risco de contração de IST e o risco de câncer de 
pênis; 
 
➢ PARAFIMOSE: 
 
- Complicação da fimose; 
- Ocorre a incapacidade de redução do prepúcio, 
com constrição da glande pelo anel fibrótico da 
fimose; 
- É uma emergência urológica porque causa uma 
isquemia progressiva da glande, levando a necrose 
glandar; 
- Ocorre em indivíduos com fimoses importantes e 
que mantém a atividade sexual ou masturbação, a 
despeito de todo desconforto provocado pelo anel 
fibrótico; 
 
o QUADRO CLÍNICO: 
 
- A apresentação clínica da parafimose é 
representada por edema da glande e prepúcio 
subjacente e dor local; 
- Alterações isquêmicas ou necróticas da glande 
ocorrem quando a parafimose permanece 
instalada e sem resolução por tempo prolongado, 
indicando um quadro mais grave; 
 
 
o DIAGNÓSTICO: 
 
- Clínico e feito através da anamnese e do exame 
físico; 
- O paciente relata ser portador de fimose mais 
complexa (graus III e IV) e, geralmente, já iniciou 
suas atividades sexuais ou masturbação; 
- Dor local; 
- EXAME FÍSICO: prepúcio retraído, edema do 
prepúcio, edema da glande e áreas de tecido 
desvitalizado ou necrótico em casos de parafimose 
instalada por tempo prolongado. Alguns pacientes 
apresentam dificuldade miccional; 
 
o TRATAMENTO: 
 
- Emergência urológica; 
- Existem 2 tipos de tratamento: conservador e 
cirúrgico: 
 
a) Conservador: 
- Consiste na redução do prepúcio para sua posição 
fisiológica original através de manobras manuais, 
que podem ser facilitadas pelo uso de compressas 
de gelo e até punção do prepúcio com agulha para 
drenagem venosa antes da redução manual; 
- Soluciona a parafimose e o sofrimento tecidual, 
mas NÃO CORRIGE A FIMOSE; 
 
b) CIRÚRGICO: 
- Postectomia (tratamento definitivo); 
- Dorsotomia – indicado quando as manobras 
manuais falham – implica em uma incisão vertical e 
dorsal do prepúcio com posterior sutura horizontal 
aumentando o diâmetro prepucial facilitando a sua 
redução; 
 
o COMPLICAÇÕES: 
 
- Perdas teciduais do prepúcio e da glande, necrose 
da glande e da porção mais distal do pênis, além de 
infecções locais e retenção urinária aguda; 
 
REFERÊNCIAS: CRIPPA, A; DIP JUNIOR, N.D. Urologia para Graduação. 
1ª ed. São Paulo. Uninove, 2018;

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