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Avaliação 1 - Direito de Família - Erich Roddewig e Wallas Dutra

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Direito de Família - Avaliação 2021.2
Professor: Camilo de Lelis Colani Barbosa
Alunos: Erich Roddewig e Wallas Dutra
Turma T4D
1ª Questão
Selecionar 2 (duas) decisões proferidas em Tribunais estaduais ou STJ/STF,
referentes aos assuntos constantes da 1ª unidade (será avaliada, com pontuação extra (de
até 1 ponto), o ineditismo da decisão, ou seja: não se tratar de acórdãos utilizados por outras
duplas/alunos).
Fazer:
a) um resumo da situação fática que ensejou a decisão (valor 1,5 ponto) (máximo de
15 linhas);
b) Identificar (detalhadamente) as partes no processo (valor: 1,5 ponto) (máximo 6
linhas);
c) Identificar o pedido e seus fundamentos legais (valor 1 ponto) (máximo 5 linhas);
d) Concluir com comentário crítico, fundamentado, concordando ou discordando
do acórdão (2,0 pontos) (máximo 15 linhas). Subtotal: 6, 0 pontos.
1º Acórdão
Tribunal de Justiça de Goiás TJ-GO - APELACAO CIVEL : AC
0354235-89.2013.8.09.0023 CAIAPÔNIA1
A) RESUMO SITUAÇÃO FÁTICA
A Autora / Apelante Adriana Pereira dos Santos, nascida em 02/12/1999, possuía 13
(treze) anos de idade e namorava o Marlúcio com quem gostaria de contrair matrimônio.
Entretanto, ao entrar com ação, a fim de conseguir o suprimento judicial de idade para o
casamento, Adriana teve seu pedido negado.
1 1º Acórdão
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https://tj-go.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/936350521/apelacao-civel-ac-3542358920138090023-caiaponia
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Contudo, ao decorrer do processo, notou-se uma mudança na situação fática, visto
que a Autora contraiu união estável com seu parceiro, vindo a engravidar e já possuía 15
anos. Desta forma, diante das mudanças ocorridas, a mesma entrou com uma apelação cível,
uma vez que o ordenamento jurídico brasileiro permitia o casamento de forma excepcional de
indivíduos que não atingiram a idade núbil, uma vez que estivesse posta a gravidez.
B) PARTES DO PROCESSO
Autora / Apelante: Adriana Pereira dos santos
Réu / Apelado: Procuradoria Geral de Justiça, representada pelo Dr. Wellington de
Oliveira Costa
representado pela procuradora Laura Maria Ferreira Bueno.
C) PEDIDO E SEUS FUNDAMENTOS LEGAIS
O pedido autoral consistia no suprimento judicial de idade para casamento da Autora
com o seu namorado e pautava-se nos arts. 1.5172 e 1.5203 do CC com redação da lei 10.406,
de 10 de janeiro de 2002.
D) COMENTÁRIO CRÍTICO, FUNDAMENTADO
Considerando a anterioridade da redação do Art. 1.520 à da Lei nº 13.811 de 2019, a
decisão colegiada do Tribunal de Goiás foi corretíssima, e como descrito pelo relator
Alinaldo, foi ato de acerto e prudência, consolidando uma situação de fato flagrantemente
irreversível.
Nota-se que frente a caso similar a este no presente momento, seria vedado ao
magistrado proferir decisão no mesmo sentido, ao passo que a nova redação do Art. 1.520
veda expressamente a admissibilidade de casamento entre indivíduos que ainda não atingiram
a idade núbente, excluindo qualquer possibilidade admitida pela a redação anterior da mesma
lei.
Além do amparo da jurisprudência no sentido favorável à decisão, senão, veja:
“Em observância ao disposto no art. 5º da LICC, é devida a
autorização para celebração de casamento à menor, que impedida
de se casar, recebeu autorização de sua mãe e comprovou sua
gravidez externando a vontade de convolar núpcias . Portanto,
3 Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (
art. 1517 ), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
2 Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos
os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
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agiu com acerto e prudência o Juiz Monocrático, que apenas
consolidou uma situação de fato flagrantemente irreversível.”
(TJES, Apelação Cível 7029000374 ES 7029000374, Relator: ALINALDO FARIA
DE SOUZA, Data de Julgamento: 29/04/2003, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data
de Publicação: 17/06/2003)”
“Não obstante a ausência dos elementos contidos no art. 1520 do
Código Civil é perfeitamente possível o suprimento de idade de
menor para fins de matrimônio quando a mesma encontra-se vivendo
em concubinato com o seu companheiro. Observância aos princípios
constitucionais da manutenção da entidade familiar e da maior
facilidade para conversão da união estável em casamento, nos termos
do art. 226 parágrafo 3º da CF. APELO CONHECIDO E
PROVIDO."(TJGO, Apelação Cível 104259-2/188, Rel. Des. Gilberto Marques
Filho, 2ª Câmara Cível, julgado em 27/02/2007, DJe 14970 de 29/03/2007)”.
2º Acórdão
Tribunal de Justiça de São Paulo TJ-SP - Apelação Cível :
AC 1002440-43.2019.8.26.0597 SP 1002440-43.2019.8.26.05974
A) SITUAÇÃO FÁTICA
Ambos, Autor e Réu, desentenderam-se quanto à questão matrimonial e resolveram
proceder com o divórcio. Isso fica evidente, pelo fato da classificação do divórcio como
consensual, ou seja, acordado entre as duas partes.
B) PARTES DO PROCESSO
Apelante: R. M. Z. (Réu)
Apelado: T. M. R. Z (Autor)
C) PEDIDO E SEUS FUNDAMENTOS LEGAIS
4 2º Acórdão
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https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1172122133/apelacao-civel-ac-10024404320198260597-sp-1002440-4320198260597
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A divisão de despesas sucumbenciais baseia-se no art. 90, § 2º, CPC5, o segundo,
referente à gratuidade de justiça baseia-se no art. 98 do CPC6, quanto ao terceiro pedido, de
redução da condenação de honorários sucumbenciais, o juízo fixou os valores sob a tutela do
art. 85, § 8º, do Código de Processo Civil7.
D) COMENTÁRIO CRÍTICO, FUNDAMENTADO
Aparentemente, no 1º grau, o processo correu normalmente, culminando na
homologação do divórcio consensual. Os detalhes da condenação, além da homologação
foram as descritas anteriormente: condenação do Réu ao pagamento dos honorários
sucumbênciais na importância de R$1.500,00 mais as custas processuais.
Em análise das fundamentações que ensejaram o Acórdão, pode-se notar o
equívoco da parte do juízo de piso em não atender ao pedido de gratuidade de justiça nem a
divisão do pagamento dos honorários sucumbenciais, já que, o art. 98 do CPC garante a
gratuidade de justiça às pessoas com hipossuficiência financeira para arcar com as custas
judiciais e o Réu havia acostado documentação suficiente provando a sua renda de 1 (hum)
salário-mínimo.
Além disso, como não houve disposição expressa das partes sobre as despesas
processuais, cabe aplicar o art. 90, § 2º, do CPC, em que permite a divisão igualitária das
despesas, incluindo os honorários sucumbênciais.
Contudo, é evidente a correta aplicação do direito no caso tutelado em que o
Tribunal acolheu os pedidos legítimos do Apelante, assegurando-lhe seus direitos e
conseguindo proteger a saúde financeira do Réu hipossuficiente financeiramente de duas
maneira; concedendo-lhe a gratuidade de justiça, assim como dividindo o pagamento dos
7 Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
§ 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da
causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos
incisos do § 2º.
6 Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para
pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na
forma da lei.
§ 1º A gratuidade da justiça compreende:
§ 8º Na hipótese do § 1º, inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao preenchimento atual dos
pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou registrador, após praticar o ato, pode requerer, ao
juízo competente para decidir questões notariais ou registrais, a revogação total ou parcial do benefício ou a sua
substituição pelo parcelamento de que trata o § 6º deste artigo,caso em que o beneficiário será citado para, em
15 (quinze) dias, manifestar-se sobre esse requerimento.
5 Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou em reconhecimento do
pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou reconheceu.
§ 2º Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão divididas igualmente.
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honorários advocatícios. O acórdão foi agradável de testemunhar, pois conseguiu conciliar os
direitos da Autora, do Réu e do advogado da Autora, cujo valor dos honorários não foi alvo
de redução, respeitando assim, a decisão de pisa ao julgar o valor de R$1.500,00 como justo
ao profissional do direito em suas funções e esforços exercidos naquele caso.
2ª questão) Trata-se de comentário crítico a texto enviado pelo professor, onde o aluno
deverá: a) identificar o assunto teórico e a(s) norma(s) pertinente(s) (valor: 2 pontos)
(máximo 5 linhas) e b) Concluir, fundamentadamente, concordando ou discordando do
texto apresentado (valor: 2 pontos) (máximo 15 linhas). Subtotal: 4 pontos.
A) O texto aborda o tema do papel do CNJ na tripartição dos poderes, de modo que essa
instituição possui papel muito confuso, principalmente no que diz respeito ao futuro do
direito de família. Discorre, também, sobre a ineficiência das cortes superiores atoladas de
RE, ADPF, ADI criando, assim, um cenário propício ao aparecimento de usurpação de
poderes e funções.
B) O conteúdo nuclear do texto diz respeito à motivação que derivou da criação do CNJ e suas
funções como sendo a inoperância dos demais poderes Legislativo e Judiciário.
Devo concordar com a crítica ao sistema judiciário como um poder vinculado a uma
exorbitância de ações e recursos, oriundos do fato de constituir-se um “tribunal político”,
sendo “político” definido como arte de gerir o bem comum, uma arte muito duvidosa no
Brasil. Outro ponto de concordância é do abarrotamento de ações no STF de modo que
atrapalha tanto o próprio Judiciário como a relação dele com outros poderes. Com isso, resta
nítida a necessidade de reforma do judiciário e eventualmente do legislativo.
Devo discordar, entretanto, do primeiro parágrafo que faz bons elogios à constituição atual de
modo que parece paradoxal atentar à uma reforma judicial quando se elogia a CF já que é um
Constituição de muitos direitos e poucos deveres. Por exemplo, direitos adquiridos, que em
sua origem, é um conceito desenvolvido por Ferdinand Lassalle, em que ele refere aos
direitos retirados da classe Nobre e adquiridos pela burguesia após a Revolução Francesa.
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Assim, conclui-se que os tais direitos adquiridos na verdade são os direitos da nobreza
política do Brasil.
TEXTO ENVIADO PELO PROFESSOR
Parte do artigo “FAMÍLIA E DIREITO DE FAMÍLIA NA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA NA (E PÓS) CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988”, de Camilo de
Lelis Colani Barbosa
“Ao concluir esse estudo algumas reflexões tornam-se imperiosas. A primeira: a Constituição é viva,
dinâmica, permeável às mudanças sociais e de valores, decorrente da própria sociedade, devendo
refletir o seu pensamento e os seus anseios. O engessamento histórico, muitas vezes marcado por
estruturas funcionais e poderes inerentes, é causa do acirramento de conflitos sociais.
A segunda reflexão, nesta linha de raciocínio, seria pertinente aos projetos de lei (ou de emendas
constitucionais) de longuíssimo trâmite em um Congresso Nacional avesso ao exercício de seu
desiderato constitucional e histórico; às ADPF(s), às ADI(s) e aos recursos extraordinários
estacionados no abarrotado Supremo Tribunal Federal, formando mistura perigosa e propícia ao
aparecimento de usurpação de poderes e funções.
A terceira e conclusiva ponderação, nasce da admissão de que a competência de órgãos como o
Conselho Nacional de Justiça engloba a criação de normas (inclusive de caráter constitucional) ou a
deliberação de questões de atribuição originária dos tribunais superiores, levando à necessidade de
uma revisão total do sistema judiciário e legislativo nacional.
Verdadeiro 4º Poder, ainda que frequentemente aplaudido sectariamente, o Conselho Nacional de
Justiça torna-se uma incógnita para o futuro, especialmente no que diz respeito à sua atuação em
direito de família.
Já tendo sido produzidos[1], desde a sua criação (Emenda Constitucional nº 45 de 8 de dezembro de
2004), 248 Resoluções, 71 Instruções Normativas, 53 Portarias, afora 73 provimentos[2], além de
dezenas (talvez centenas) de portarias conjuntas, recomendações, resoluções conjuntas, portarias
interinstitucionais e orientações, dos mais diversos conteúdos; torna-se, como já se disse, uma
incógnita.
Pastorear-lo de volta ao aprisco originário, previsto no artigo 103-B, §4º (Constituição Federal de
1988, Emenda nº 45)[3], torna-se um grande desafio, mormente porque a derivação de suas funções e
competências se deu em face de inoperância dos demais Poderes: Legislativo – preso às suas
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https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/8e6298f1-1aa4-422f-a2f0-209b74f8ed64/evaluations/2ddf52b7-080e-465a-aafb-5b20179205c1/answers/5b6ea0b4-8465-4087-a844-72e7268bd2bb/items/80ac370f-fa4c-4adc-8db4-0d154f2ca17a/edit#_ftn1
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https://aluno.baianaead.com.br/lms/enrollments/8e6298f1-1aa4-422f-a2f0-209b74f8ed64/evaluations/2ddf52b7-080e-465a-aafb-5b20179205c1/answers/5b6ea0b4-8465-4087-a844-72e7268bd2bb/items/80ac370f-fa4c-4adc-8db4-0d154f2ca17a/edit#_ftn3
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idiossincrasias e iniquidades; e Judiciário – vinculado a uma exorbitância de ações e recursos,
oriundos do fato de constituir-se um “tribunal político”, em uma nação de exercícios duvidosos da
política como arte de gerir o bem comum.
Assim, conclui-se pela dúvida, pela natural insegurança daqueles que tiveram uma formação jurídica e
democrática, baseada em uma tripartição de poderes (aparentemente anacrônica) aplicada no Brasil,
conforme singularidades ainda bastante desconhecidas.”
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