Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
E-BOOK FISIOLOGIA DA PERDA DE PESO Drd. Rafael Genario Rafael Genario é formado em Nutrição pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Atualmente é membro associado da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC) e da Associação Brasileira de Sono (ABS). Também é pós- graduando em Emagrecimento e Metabolismo pela UNIGUAÇU e realiza seu doutorado direto pela Universidade de São Paulo (USP). Durante toda sua iniciação científica buscou investigar efeitos neurofisiológicos da melatonina, tanto em modelos experimentais como em revisões de estudos clínicos. Atualmente conta com 1 livro publicado, 2 capítulos em livro internacional, 21 artigos completamente publicados em periódicos internacionais, 1 prêmio científico e outros trabalhos acadêmicos em andamento. Sumário OBESIDADE ....................................................................................................................4 Classificação e características da obesidade ......................................................................5 Resumo do capítulo: .......................................................................................................................... 10 REGULAÇÃO ENERGÉTICA DA PERDA DE PESO ........................................... 11 Regulação energética da perda de peso ............................................................................... 12 Resumo do capítulo: .......................................................................................................................... 17 INTEGRAÇÃO METABÓLICA .................................................................................. 19 Estado de jejum ...................................................................................................................................20 Estado alimentado .............................................................................................................................. 21 Resumo do capítulo: .........................................................................................................................23 FISIOLOGIA DO EMAGRECIMENTO ...................................................................24 Digestão, transporte e armazenamento de gorduras .................................................. 25 Composição do tecido adiposo .................................................................................................. 26 Mecanismos envolvidos no emagrecimento .....................................................................28 REGULAÇÃO DE FOME E SACIEDADE: QUAL O PAPEL DO TECIDO ADIPOSO COMO ÓRGÃO ENDÓCRINO? ........................................................... 31 Neurofisiologia da fome e saciedade ...................................................................................... 32 Papel do tecido adiposo como órgão endócrino e regulação energética .........33 ADAPTAÇÕES NEUROFISIOLÓGICAS NA PERDA DE PESO, TERMOGÊNESE ADAPTATIVA E EFICIÊNCIA METABÓLICA ...................36 Resumo do capítulo: .........................................................................................................................42 MANUTENÇÃO E SUCESSO NO EMAGRECIMENTO ...................................43 ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS E FERRAMENTAS DIETÉTICAS ............ 47 Dieta Hiperproteica ...........................................................................................................................48 Low carb x Low fat ............................................................................................................................49 Ciclagem de calorias ........................................................................................................................50 Ciclagem de carboidratos ............................................................................................................. 52 Jejum intermitente ............................................................................................................................54 Alimentos e emagrecimento ........................................................................................................ 55 Fibras ........................................................................................................................................................ 55 Frutas e vegetais ................................................................................................................................ 56 3 www.uniguacu.com.br OBESIDADE 4 www.uniguacu.com.br Classificação e características da obesidade A obesidade é caracterizada atualmente como uma doença multifatorial, de característica crônica e sendo considerada uma epidemia visto seus dados atuais alarmantes e em constante aumento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2025 teremos cerca de 2,3 bilhões de adultos acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, isto é, com um índice de massa corporal (IMC) acima de 30. No brasil, desde o início do estudo Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) em 2006, a prevalência de sobrepeso em adultos subiu de 42,6% para 55,4% na última análise de 2019, enquanto que a obesidade saltou de 11,8% para 20,3%. Ou seja, atualmente no Brasil a cada 10 pessoas, 5 apresentam sobrepeso e 2 apresentam algum grau de obesidade. Abaixo, observamos na figura 1, o resumo de alguns dos diversos impactos negativos que a obesidade pode ocasionar em nosso organismo. 5 www.uniguacu.com.br Figura 1: Complicações clínicas da obesidade, com foco em problemas cardiovasculares, metabólicos, hepáticos, endócrinos, oncológicos e dermatológicos. Para classificação de sobrepeso e obesidade, é utilizado o cálculo de IMC, conforme descrito na tabela 1. Tabela 1: Classificação para índice de massa corporal (IMC) para adultos: Sabemos que o IMC é um dado generalista, utilizado mais Doença pulmonar função anormal apneia obstrutiva do sono síndrome de hipoventilação Hipertensão intracraniana idiopática Complicações Clínicas da Obesidade Acidente vascular encefálico Cataratas Doença cardíaca coronariana Diabates melito Dislipidemia Hipertensão arterial sistêmica Pancreatite grave Câncer mama, útero, colo do útero esôfago, pâncreas, rim, próstata Flebite estase venosa Doença hepática gordurosa não alcoólica esteatose esteato-hepático cirrose Doença da vesícula biliar Anormalidades ginecológicas alterações menstruais infertilidade síndrome dos ovários policísticos Osteoartrite Pele Gota 6 www.uniguacu.com.br em nível populacional ou quando não é possível realizar análises antropométricas. Além disso, o IMC não dita a região de adiposidade, bem como pode ocorrer um falso positivo caso a pessoa possua um maior nível de massa muscular, como ocorre com atletas. Entretanto, quando falamos de nível populacional, o IMC é um parâmetro importante e está intimamente associado com riscos cardiometabólicos, bem como com o risco de mortalidade (figura 2). Figura 2: Conforme podemos observar na imagem, tanto IMC muito baixo, bem como um IMC elevado, está associado com maior risco de mortalidade por qualquer causa. Além do IMC, as circunferências de cintura, de quadril e abdominal são amplamente utilizadas como dados importantes na classificação e avaliação da obesidade. A circunferência de cintura, por exemplo, pode ser utilizada para classificar obesidade central, sendo caracterizado obesidade central quando esta for igual ou maior que 88cm na mulher e 102cm no homem. Entretanto, alguns estudos discutem que esses valores podem ser diferentes conforme etnia, como observamos na tabela 2. A. Mulher 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 16,0 17,0 20,0 22,5 25,0 27,5 30,0 32,5 35,0 37,5 40,0 42,5 45,0 M o rt a lid a d e p o r q u a lq u e r c a u s a Índice de massa corporal Indivíduos saudáveis e que nunca fumaram Todosos indivíduos 2,02 1,47 1,14 1,34 1,06 1,00 1,00 1,00 1,03 1,09 1,19 1,44 1,88 2,51 1,99 1,58 ,25 1,11 Índice de massa corporal B. Homem 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 16,0 17,0 20,0 22,5 25,0 27,5 30,0 32,5 35,0 37,5 40,0 42,5 45,0 M o rt a lid a d e p o r q u a lq u e r c a u s a Indivíduos saudáveis e que nunca fumaram Todos os indivíduos 1,98 1,60 1,18 1,00 1,06 1,21 1,44 2,06 2,93 1,93 1,44 1,16 1,030971,001,001,01 1,37 7 www.uniguacu.com.br Tabela 2: Diferenças étnicas na classificação de circunferência de cintura conforme obesidade central. Fonte: Tratado de Obesidade – 2° edição. Um outro parâmetro interessante a ser utilizado na prática clínica é a Relação Cintura Quadril (RCQ), no qual é simplesmente dividido o valor encontrado da circunferência de cintura pela do quadril (tabela 3). Tabela 3: Pontos de corte para classificação de RCQ de acordo com o sexo e idade. REGIÃO/ GRUPO ÉTNICO CIRCUNFERÊNCIA DE CINTURA Europeus Sul-asiáticos Chineses Japoneses América Central e Sul-Americanos Leste-Mediterrâneo e mundo árabe Homem Homem Homem Homem Mulher Mulher Mulher Mulher Usar medidas sulasiáticas até que estejam disponíveis referências específicas Usar med s RCQ MASCULINO RCQ FEMININO RISCO RISCO IDADE BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO IDADE BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO ATÉ 29 ATÉ 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 > 59 30 - 39 40 - 49 50 - 59 > 59 < 0,83 < 0,84 < 0,88 < 0,90 < 0,91 < 0,71 < 0,72 < 0,73 < 0,74 < 0,76 0,71 - 0,77 0,72 - 0,78 0,73 - 0,79 0,74 - 0,81 0,76 - 0,83 0,71 - 0,77 0,72 - 0,78 0,73 - 0,79 0,74 - 0,81 0,76 - 0,83 0,89 - 0,94 0,92 - 0,96 0,96 - 1,00 0,97 - 1,02 0,99 - 1,03 0,78 - 0,82 0,79 - 0,84 0,80 - 0,87 0,82 - 0,88 0,84 - 0,90 > 0,94 > 0,96 > 1,00 > 1,02 > 1,03 > 0,82 > 0,84 > 0,87 > 0,88 > 0,90 8 www.uniguacu.com.br Causas prováveis da obesidade A obesidade é caracterizada como uma doença multifatorial, sendo resultante da relação entre ambiente, fatores genéticos e psicossociais, bem como o estilo de vida. Se tratando de estilo de vida, dois grandes problemas são apontados como causas bases do aumento da prevalência de obesidade nos últimos anos: maior consumo energético e menor gasto energético. Ou seja, as pessoas estão cada vez mais sedentárias, ao mesmo passo que os hábitos alimentares vem piorando ao longo dos anos. Por exemplo, desde a década de 80, o consumo energético aumentou cerca de 250 a 300 kcal. Não obstante, a qualidade nutricional da população também vem sendo reduzida, visto que os alimentos ultraprocessados estão cada vez mais presentes na mesa das pessoas. Abaixo, observamos através da figura 3 a ilustração sobre esse looping que facilita o acúmulo de gordura a partir do estilo de vida: Figura 3: Associação entre redução da atividade física com redução da qualidade nutricional, facilitando o acúmulo de massa de gordura corpora. Fonte: Nutrição Moderna de Shils – 11° Edição. Alimentos palatáveis de baixo custo e disponíveis Porções grandes Alimentos com alto teor de gordura alta densidade energégica EE gastain Massa de gordura corporal Diminuição da atividade física relacionada ao trabalho Diminuição das atividades da vida diária Aumento do comportamento sedentário 9 www.uniguacu.com.br Resumo do capítulo: • A obesidade além de ser classificada como uma doença, também é um importante fator de risco para outras comorbidades, inclusive de mortalidade; • Além do IMC, a circunferência de cintura, quadril e abdominal também são dados interessantes a serem considerados para avaliar a obesidade e acompanhar o emagrecimento ao longo do regime calórico; • Analisar o RCQ pode ser um parâmetro adicional para avaliar o risco cardiovascular em indivíduos obesos; • A obesidade possui etiologia multifatorial, sendo que o estilo de vida é predominante quando pensamos em balanço energético; • A prevalência de obesidade vem crescendo ano após ano e, identificar os principais fatores causais, é de extrema importância; 10 www.uniguacu.com.br REGULAÇÃO ENERGÉTICA DA PERDA DE PESO 11 www.uniguacu.com.br Regulação energética da perda de peso Acabamos de falar que a redução do gasto energético e o aumento no consumo energético, nos últimos anos, podem estar em partes relacionadas ao aumento da prevalência de obesidade. Mas qual a importância disso quando falamos em manutenção de peso corporal? É aí que conhecemos o famoso balanço energético. O balanço energético nada mais é do que um produto final do equilíbrio entre ingesta e gasto calórico, caracterizando os estados de superávit ou déficit calórico (podendo também ser normocalórico quando há um equilíbrio entre a ingesta e o gasto, no qual o peso se mantém estável), como observamos de forma analógica através de uma balança na figura 4. Figura 4: Ilustração sobre o balanço energético positivo (superávit calórico) e negativo (déficit calórico), no qual é realizado através da relação entre consumo e gasto calórico. Mas como eu analiso o consumo energético de uma pessoa? E o gasto energético, quais equações são mais indicadas? Precisamos entender que, de forma geral, a energia do nosso corpo é despendida através de 3 componentes: Gasto Energético 12 www.uniguacu.com.br Basal (GEB) (também conhecido como taxa metabólica basal), efeito térmico do alimento (ETA) (em menor significância) e termogênese por atividade (TA). Figura 5: Gráfico ilustrativo sobre contribuição de diferentes fatores sobre o gasto energético diário, podendo sofrer variação conforme modalidade esportiva, TMB individual e dieta. Se tratando de equações, primeiramente é necessário analisar a Taxa Metabólica Basal (TMB), que nada mais é do que a quantidade de energia que o corpo necessita para manter suas funções orgânicas básicas, como respiração, atividade cerebral e cardíaca, temperatura corporal, entre outras. Aqui muitas pessoas erram em acreditar que quanto mais massa muscular a pessoa ganhar, maior será o gasto calórico, visto que a musculatura gera um alto gasto calórico em nosso organismo. Entretanto, conforme visualizamos na tabela 4, a massa muscular resulta em um gasto calórico extremamente baixo, sendo aproximadamente 13 Kcal em 24h para cada kg de massa muscular. 13 www.uniguacu.com.br Tabela 4: Contribuição calórica sobre o gasto energético diário a partir de diferentes órgãos e tecidos, no qual podemos observar que os músculos e tecido adiposo desempenham uma baixa contribuição sobre o gasto calórico total. Fonte: Nutrição Moderna de Shils – 11° Edição. Para cálculos mais precisos, a calorimetria indireta é uma ótima ferramenta clínica para determinar a TMB de uma pessoa. Entretanto, como não é acessível a todos devido seu custo, algumas fórmulas preditivas podem ser aplicadas para estimar a TMB. Abaixo, podemos observar um dos cálculos mais comuns utilizados, de Harris-Benedict: Tabela 5: Equação preditiva calórica de Harris-Benedict (1919). Esse, por sua vez, vem sendo discutido amplamente como um cálculo impreciso, principalmente para pessoas que realizam exercício físico e atletas. Por esse motivo, quando é possível obter o teor de massa livre de gordura (MLG), outras fórmulas preditivas são indicadas, como as descritas abaixo: Contribuição dos diferentes órgãos e tecidos para o gasto energético Peso Órgão ou tecido Taxa metabólica kg (% do total) (% do total)kcal/kg/dia Rins Cérebro Fígado Coração Músculos Tecido adiposo Outros (pele, vísceras, ossos, etc.) Total 0,3 1,4 1,8 0,3 28,0 15,0 23,2 70,0 (0,5) (2,0) (2,6) (0,5) (40,0) (21,4) (33,0) (100) 440 240 200 440 13 4 12 (8) (20) (21) (9) (22) (4) (16) (100) Cálculo TMB para homens – TMB = 66,5 + (13,75 x peso em kg) + (5,003 x altura em cm) (6,755 x idade em anos) Cálculo TMB para mulheres– TMB = 655,1 + (9,563 x peso em kg) + (1,850 x altura em cm) (4,676 x idade em anos) 14 www.uniguacu.com.br Equação de Cunningham: TMB = 500 + (22 x MLG) Equação de Katch – McArdle: TMB = 370 + (21,6 x MLG) Equações de Tinsley (fisiculturistas): TMB = (24,8 x P) + 10 TMB = (25,9 x MLG) + 284 Para obesos, a equação de Mifflin–St Jeor parece apresentar uma maior precisão em comparação as demais, conforme abaixo: TMB (mulheres) = (10 x P) + (6,25 x A) – (5,0 x I) - 161 TMB (homens) = (10 x P) + (6,25 x A) – (5,0 x I) + 5 (sendo P=Peso, A=Altura e I=Idade) Após o conhecimento da TMB, é então multiplicado pelo Fator de Atividade (FA), descrevendo assim o Gasto Energético Total (GET). O FA é amplamente discutido, visto que um dado subjetivo e generalista, conforme observamos na tabela abaixo: Tabela 6: Fator de atividade (FA) de acordo com nível de atividade física estimado. ATIVIDADE FÍSICA FATOR ATIVIDADE (FA) Muito sedentário 1,4 Sedentário pouco ativo 1,5 Sedentário mais ativo 1,6 Moderadamente ativo (treina) 1,7 Muito ativo 1,8 – 1,9 Atividade intensa 2,0 ou mais 15 www.uniguacu.com.br Ou seja, para analisar o GET de uma pessoa é necessário fazer a formulação abaixo: GET = TMB x FA Como exemplo, vamos imaginar um sujeito com TMB de 1800Kcal e com um FA de nível “moderadamente ativo” (1,7). GET = 1800 x 1,7 GET = 3060 Kcal Além disso, torna-se também interessante avaliar a Termogênese por Atividade de Não Exercício (TANE). Essa, por sua vez, é o gasto calórico em atividades comuns do nosso cotidiano, mas que resultem em um aumento do gasto calórico, como por exemplo o gasto energético no trabalho, fazer compras, serviço doméstico, entre outros. Por exemplo, a TANE de um trabalhador com serviço braçal (como pedreiro ou carpinteiro) é significativamente maior do que trabalhos em que a pessoa passa o dia sentada (como operadora de telemarketing ou bancário). Alguns exemplos de TANE são observados na tabela 5: Tabela 7: Contribuição calórica sobre o gasto energético diário a partir de diferentes atividades do nosso cotidiano. *O teor calórico pode ter variação entre as pessoas, pois idade, peso, gênero, comorbidades, fatores do exercício, temperatura e outros, podem interferir no gasto calórico das atividades citadas. 16 www.uniguacu.com.br Mas o gasto energético pós-exercício, conhecido como EPOC, não deve ser contabilizado? Na verdade, os estudos são unânimes em mostrar que sim, o EPOC existe, mas o auxílio sobre o gasto adicional de calorias é extremamente baixo. Em trabalhos prévios que analisaram o EPOC em diferentes modalidades de exercícios, observaram que o adicional calórico gira comumente entre 9 e 40 Kcal, sendo no máximo 70 Kcal em situações de exercícios de alta intensidade por longa duração. Além disso, o Efeito Térmico do Alimento (ETA) também impacta no gasto calórico diário, visto que gastamos calorias para digerir, absorver e metabolizar os alimentos. Em geral, o ETA gera um acréscimo de 10% no GET. Resumo do capítulo: • O balanço energético, através da Lei da termodinâmica, é regra no que tange direcionamento para perda ou ganho de peso; ATIVIDADE GASTO CALÓRICO ESTIMADO Jogando vídeo game 108 kcal/hora Lavar louça 60 kcal/hora Limpeza de casa 300 kcal/hora Pintar casa 160 kcal/hora Dormindo 60 kcal/hora Cozinhar 168 kcal/hora Digitando 95 kcal/hora Estudar 120 kcal/hora Escrever 10 a 20 kcal/hora Sexo 190 kcal/hora 17 www.uniguacu.com.br • A energia do nosso corpo é despendida através de 3 componentes: Gasto Energético Basal (GEB) (também conhecido como taxa metabólica basal), efeito térmico do alimento (ETA) e termogênese por atividade (TA); • Conheces as equações preditivas da TMB é de extrema importância, visto a especificidade de cada equação; • A TANE deve ser levada em consideração quando analisado o GET do paciente; • O EPOC apresenta um efeito adicional insignificante no GET; • De acordo com a distribuição de macronutrientes no plano alimentar, o ETA pode ser um importante auxiliar do déficit calórico durante um regime alimentar; 18 www.uniguacu.com.br INTEGRAÇÃO METABÓLICA 19 www.uniguacu.com.br Primeiramente precisamos entender de forma básica como ocorre a integração metabólica em nosso organismo nos estados de jejum e alimentada. Um dos principais sinalizadores para a regulação do metabolismo energético é a nossa glicemia (concentração de glicose sanguínea). Estado de jejum Quando nossa glicemia está baixa, por exemplo durante o jejum, a insulina liberada pelo pâncreas é reduzida, enquanto que o glucagon possui aumento sobre sua produção e secreção. Após algumas horas sem comer, através da importante sinalização do glucagon, o fígado torna-se o principal fornecedor de glicose para o cérebro, principalmente pela quebra de glicogênio hepático (glicogenólise). Além disso, a partir do glucagon e de outras moléculas, como adrenalina e cortisol, ocorre a otimização na formação de energia a partir de substratos provindos do tecido muscular e adiposo. Ou seja, a partir dos aminoácidos provindos do tecido muscular e do glicerol provindo do tecido adiposo, ocorre a formação de glicose (glicose-6-fosfato) pela via de gliconeogênese. Já os ácidos graxos provindos também da quebra do tecido adiposo, podem ser tanto utilizados para combustível hepático, como também para geração de corpos cetônicos, também importante combustível para o cérebro juntamente com a glicose. Tudo o que foi descrito é possível observar de forma arquitetônica na figura 6 abaixo: 2 0 www.uniguacu.com.br Figura 6: “O estado de jejum: O fígado glicogênico”. Principais substratos energéticos para gliconeogênese durante o estado de jejum, sendo o cérebro o principal dependente de glicose durante a baixa glicêmica. Fonte: Princípios de Bioquímica de Lehninger 13ed. Estado alimentado Ao contrário do estado alimentado, os níveis de glucagon estão reduzidos e os de insulina aumentados. A insulina possui um importante papel anabólico, otimizando processos de síntese, como de síntese proteica a partir de aminoácidos, bem como de gordura a partir dos ácidos graxos. A glicose, por sua vez, é principalmente armazenada na forma de glicogênio hepático, porém, o seu excesso pode ser armazenado em forma de gordura, mesmo que em menor CO2 Músculo CO2 Pâncreas Fígado Glicogênio AminoácidosAmino- ácidos Ácidos graxos ATP ATP VLDL TAG TAG TAG Tecido adiposo Glicose GlicoseGlicose CO2 ATP Cérebro Glicose Piruvato -Cetoácidos NH3 Sistema linfático Intestino Gorduras a Urea Sintese de proteínas Vaso sanhuíneo Para o cérebro, o tecido adiposo e o músculoInsulina Insulina Acentil- -CoA 2 1 www.uniguacu.com.br parcela. Abaixo, através da figura 7, observamos a importante interação entre os sistemas durante o estado alimentado: Figura 7: “O estado bem-alimentado: O fígado lipogênico”. Após uma refeição rica em calorias, ocorre um aumento de insulina a partir da alta concentração glicêmica, otimizando a captação de glicose pelos tecidos. O excesso de glicose é acumulado no fígado e musculo, através do glicogênio. Os ácidos graxos são desviados principalmente para o fígado e tecido adiposo, sendo armazenado principalmente nos adipócitos e em uma pequena parte no músculo (gordura intramuscular). Os aminoácidos são utilizados para síntese proteica em diferentes tecidos, podendo também sofrer desaminação (perda do seu grupo amina na forma de amônia). Fonte: Princípios de Bioquímica de Lehninger 13ed. Em resumo, observamos na tabela 8 como nosso organismo e a interação metabólica se comportam nos estados de jejum e alimentado: Tabela 8: Respostas resumidas do organismo e metabolismo frente aos estados de jejum e alimentado: CO2 Músculo CO2 Pâncreas Fígado Glicogênio AminoácidosAmino- ácidos Ácidos graxos ATP ATP VLDLTAG TAG TAG Tecido adiposo Glicose GlicoseGlicose CO2 ATP Cérebro Glicose Piruvato -Cetoácidos NH3 Sistema linfático Intestino Gorduras a Urea Sintese de proteínas Vaso sanhuíneo Para o cérebro, o tecido adiposo e o músculoInsulina Insulina Acentil- -CoA 2 2 www.uniguacu.com.br Resumo do capítulo: • A glicemia é um dos principais sinalizadores de estado energético, orquestrando todo metabolismo energético; • O cérebro é um dos principais órgãos dependentes de glicose durante o estado de jejum, sendo que a gliconeogênese desempenha uma importante função durante o jejum que é manter níveis adequado de glicose durante o jejum alimentar; • Durante o estado de jejum, há elevação de glucagon no qual é um dos principais sinalizadores para recrutamento de energia a partir do tecido muscular e do tecido adiposo; • Durante o estado alimentado, há elevação de insulina no qual é um dos principais sinalizadores para armazenamento de energia, em especial estimulando o armazenamento de gorduras, glicogênese (síntese de glicogênio) e síntese de proteínas; JEJUM ALIMENTADO ↑Glucagon ↑Insulina Gliconeogênese (quebra do glicogênio) Glicogênese (síntese de glicogênio) Lipólise (quebra de gordura) Lipogênese (síntese de gordura) Proteólise (quebra de proteína) Proteogênese (síntese de proteínas) ↑Adrenalina ↓Adrenalina ↑Cortisol ↓Cortisol ↑Síntese de Corpos cetônicos ↓Síntese de Corpos cetônicos 2 3 www.uniguacu.com.br FISIOLOGIA DO EMAGRECIMENTO 2 4 www.uniguacu.com.br Vimos que o ambiente energético é primordial para direcionar ou não a perda de peso, sendo que agora vamos entender como o nosso corpo interpreta essa sinalização e realiza uma arquitetônica regulação metabólica visando à mobilização e oxidação do tecido adiposo. Digestão, transporte e armazenamento de gorduras Após uma refeição rica em calorias, as gorduras alimentares sofrem digestão após ação dos sais biliares, produzidos pelo fígado, mas armazenados e liberados pela vesícula biliar. Os sais biliares possuem a capacidade de emulsificar a gordura, formando assim micelas (gotículas) de gorduras, no qual serão assim degradadas pelas lipases. As lipases são enzimas produzidas pelo nosso pâncreas, no qual possuem a capacidade de quebrar as moléculas de triglicerídeos provindos da alimentação, visto que os triglicerídeos são estruturas grandes e que não são facilmente absorvidas. Assim, as lipases quebram os triglicerídeos em ácidos graxos e outros produtos (como o glicerol), estruturas menores e que assim podem ser absorvidos pela mucosa intestinal. Entretanto, após serem absorvidos, novamente os ácidos graxos e os demais produtos são novamente convertidos em triglicerídeos, no qual serão incorporados aos quilomícrons, estruturas transportadoras de gordura. Ou seja, o triglicerídeo é o passageiro e o quilomícron é o ônibus. Assim o ônibus (quilomícron) será direcionado para os pontos de parada pré- determinados, como na escola (tecido adiposo e tecido muscular). 2 5 www.uniguacu.com.br E a principal sinalizadora para o armazenamento dos triglicerídeos no músculo e tecido adiposo é a Lipase lipoproteica (uma enzima extracelular), que estará principalmente com maior expressão no estado alimentado. Tudo o que foi descrito está ilustrada de forma resumida na figura 8: Figura 8: O processamento da gordura provinda da alimentação, desde a digestão até o armazenamento (lipogênese) nos miócitos (células do tecido muscular) e adipócitos (células do tecido adiposo). Fonte: Princípios de Bioquímica de Lehninger 13ed. Composição do tecido adiposo Como acabamos de observar, recebemos a gordura da alimentação através do triglicerídeos e similarmente, armazenamos gordura em nosso corpo também nesse formato. O tecido adiposo, em especial a sua célula chamada de adipócito, é formado por um conjunto de triglicerídeos (também conhecido como triacilglicerol). Seu nome provém de sua estrutura química, no qual é formato por 3 1 2 3 4 5 6 7 8 Os sais biliares emulsificam as gorduras da dieta no intestino delgado, formando micelas mistas. As lipases intestinais degradam os triacilgliceróis. Os ácidos graxos e outros produtos da degradação são absorvidos pela mucosa intestinal e convertidos em triacilgliceróis. Quilomícron Os triacilgliceróis são incorporados com colesterol e apolipoproteínas, nos quilomícrons. Os quilomícrons movem-se pelo sistema línfático e pela corrente sanguínea para os tecidos. A lipase lipoproteica, ativada por apoC-ll nos Capilares, converte triacilgliceróis em àcidos graxos e glicerol. Lipase lipoproteica Os ácidos graxos entram nas células. CO2 Capilar ATP Intestino delgado Mucosa intestinal Os ácidos graxos são oxidados como combustíveis ou esterificados novamente para armazenamento. Armazenamento Miócito ou adipócito Gorduras ingeridas na dieta Vesícula biliar 2 6 www.uniguacu.com.br moléculas de ácidos graxos e 1 molécula de glicerol, como observamos na figura 9. Figura 9: Molécula de triacilglicerol (triglicerídeo), no qual é formada por 3 estruturas de ácidos graxos conectadas com 1 molécula de glicerol. A aglomeração de triglicerídeos formam nosso adipócito, célula do tecido adiposo. Conforme ocorre o aumento do peso, além de ocorrer hiperplasia (aumento em número), também ocorre hipertrofia (aumento em tamanho) dos adipócitos. Além disso, o excesso de acúmulo de gordura também aumenta a resposta inflamatória local, aumentando o número de células imunes, em especial macrófagos. Além dessa resposta local, o excesso de tecido adiposo também aumenta a inflamação sistêmica, facilitando assim piora endotelial e metabólica, resultando no aumento do risco para doenças como diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão e outras. Abaixo, observamos na figura 10 como o acúmulo de tecido adiposo de forma demasiada pode gerar respostas indesejadas para o nosso organismo. Reservatório de gordura Núcleo o o o o o o c c c c c c H H H H H3 fatty acids TRIACILGLICEROL Glycerol 2 7 www.uniguacu.com.br Figura 10: O tecido adiposo “magro” possui de forma natural a liberação de algumas citocinas pró- inflamatórias, mas sem impacto negativo para o organismo humano, como por exemplo impacto sobre a tolerância à glicose. Entretanto, como é observado na obesidade, o excesso de tecido adiposo e de forma crônica, resulta no aumento de forma exponencial no acúmulo de células imunes (em especial macrófagos e linfócitos), aumentando a secreção de citocinas pró-inflamatórias (como TNF-α e Interleucinas), podendo impactar de forma negativa nosso organismo. Os principais impactos no músculo esquelético e no organismo no geral é o prejuízo na sensibilidade à insulina, sendo um forte fator de risco para doenças, como por exemplo diabetes. Fonte: Princípios de Bioquímica de Lehninger 13ed. Mecanismos envolvidos no emagrecimento Sabendo dos impactos deletérios para saúde provindos do excesso de peso, torna-se necessário conhecer sobre os mecanismos envolvidos no emagrecimento. Primeiramente, precisamos entender dois termos importantes: Lipólise e Beta-oxidação. A lipólise nada mais é do que a quebra da gordura dos adipócitos, fazendo a quebra da molécula de triglicerídeo e liberando ácidos graxos para corrente sanguínea. Entretanto, essa quebra não necessariamente fará com que a gordura seja “queimada”, termo comum usado para a beta- oxidação. Caso a pessoa esteja em superávit calórico, ela pode muito bem realizar lipólise como após um exercício, por exemplo, mas não necessariamente utilizar essa gordura como fonte energética ou criar Músculo sensível à insulina com transporte normal de glicose. Músculo resistente à insulina com transporte reduzido de glicose. Glicose Glicose Glicose Glicose Ácidos graxos Ácidos graxos Ácidos graxos Ácidos graxos Adipócitos pequenosAdipócitos maiores Magro Gordo 1 2 3 4 5 6 7 TAG TAG TAG TAG TAG Dieta Catabolisada CatabolisadaDieta= > Estado pró-inflamatório Os macrófagos se infiltram no teciso adiposo em resposta à MPC-1. Adipócitos aumentados produzem proteína de quimiotaxia de macrófagos (MPC-1). Inflamação crónica OS macrófagos no tecido adiposo produzem TNF , que favorece a exportação dos ácidos graxos. a Os adipócitos expertam àcidos graxos para o músculo, onde se formam depósitos ectópicos de lipídios. Os lipídeos ectópicos interferem com o movimento do GLUT4 para a superficie do miócito, produzindo resistência à insulina. ATP ATP ATP ATP 2 8 www.uniguacu.com.br um ambiente que propicie a oxidação de gordura. Diferentemente, a beta-oxidação ocorre de forma significativa e eficiente quando estamos em déficit calórico e, a partir de estímulos exógenos (como o exercício) e endógenos (catecolaminas como veremos em seguida) ocorre assim a utilização da gordura para fornecimento energético, ocorrendo em nossas mitocôndrias. A partir da liberação de catecolaminas, seja pelo estado energético ou por um evento agudo (como uma sessão de exercício), a molécula de triglicerídeo é quebrada em suas 2 estruturas de complemento: Ácidos graxos e glicerol. Conforme observamos na figura 11, a partir da sinalização sobre a Lipase Hormônio Sensível (LHS), ocorre essa quebra do triglicerídeo principalmente pela sinalização do cortisol, da adrenalina e dos hormônios glucagon e GH. Figura 11: A LHS é sinalizada principalmente pelas moléculas de adrenalina, glucagon, GH e cortisol, no qual são importantes sinalizadores para que ocorra a quebra e mobilização (lipólise) da gordura, sendo desviada para a fibra muscular onde ocorrerá a beta-oxidação (queima da gordura). Fonte: Metabolismo e Emagrecimento de Dudu Haluch. NÚCLEO FIBRA MUSCULAR ADIPÓSITO MITOCÔNDRIA (BETA-OXIDAÇÃO) ÁCIDOS GRAXOS ÁCIDOS GRAXOS GLUCAGON CORTISOL GH GLICEROL LHS TRIACILGLICEROL TRIACILGLICEROL GLICOSE ACETIL-COA ADRENALINA LL VLDL FÍGADO INSULINA SUPERÁVIT CALÓRICO 2 9 www.uniguacu.com.br A insulina possui sinalização inibitória da mobilização de gordura, conforme demonstrado na imagem. Entretanto, essa afirmação merece cautela, pois comumente as pessoas acreditam que a partir dessa premissa, uma dieta low carb ocasionaria uma maior perda de gordura, o que não necessariamente é verdade principalmente a longo prazo. Em nosso último capítulo do e-book falaremos um pouco mais sobre isso e o que os estudos nos mostram atualmente. Questões complementares do capítulo: 1. Após a alimentação, qual é a principal enzima extracelular que possui o papel de auxiliar na absorção e armazenamento de gordura? 2. Explique a diferença entre lipólise e beta-oxidação: 3. Qual o nome do transportador de triglicerídeos no sangue e no sistema linfático após captação intestinal das gorduras provindas da alimentação? 4. Qual o nome da enzima liberada pelo pâncreas, que tem a capacidade de auxiliar na digestão e metabolização da gordura após uma refeição? 5. Em que organela e em que tecido ocorre principalmente a beta-oxidação? 6. Quais são as principais moléculas que sinalizam a lipólise: a) Glucagon, GH, insulina e cortisol b) Insulina, adrenalina, GH e cortisol c) Glucagon, GH, adrenalina e cortisol d) Cortisol, testosterona, insulina e adrenalina 3 0 www.uniguacu.com.br REGULAÇÃO DE FOME E SACIEDADE: QUAL O PAPEL DO TECIDO ADIPOSO COMO ÓRGÃO ENDÓCRINO? 3 1 www.uniguacu.com.br Neurofisiologia da fome e saciedade A neurofisiologia da fome é arquitetonicamente sincronizada através de hormônios anorexigênicos e orexigênicos. Os hormônios anorexígenos promovem a sensação de saciedade, enquanto que os orexígenos promovem a importante sensação de fome. Como é possível observar na figura 12, o tecido adiposo, pâncreas, intestino e estômago são os principais órgãos periféricos que controlam o estado de fome e saciedade. Figura 12: Quando nosso corpo está privado de alimento, nosso estômago é o principal sinalizador para a busca de comida, aumentando a produção de grelina. A grelina, por sua vez, age a nível central na região do hipotálamo, conhecida como núcleo arqueado. Nessa região, a grelina aumenta a atividade de neurônios NPY (secretagogos de neuropeptídeo Y), sinalizando assim a busca por alimento (fome). Por outro lado, como por exemplo após uma refeição, ocorre o aumento de sinalizadores de saciedade, principalmente pelo intestino, pâncreas e tecido adiposo. Essas moléculas anorexígenas (insulina, leptina, PYY e GLP-1) aumentam a atividade de neurônios -MSH (secretagogos de peptídeo de melanocortina), sinalizando saciedade e estado energético positivo. Músculo Tecido adiposo Fígado Hipotálamo Efetores Órgãos Neurônios de segunda ordem Neurônios do núcleo arqueado “Coma menos; metabolize mais” “Coma mmais; metabolize menos” a- MSH NPY Leptina (tecido adiposo) Insulina (pâncreas) Sinais adiposidade GLP-1PYY3-36 (intestino) Sinal de saciedade Grelina (estômago) Sinal de fome 3 2 www.uniguacu.com.br Papel do tecido adiposo como órgão endócrino e regulação energética Há alguns anos, o tecido adiposo vem sendo considerado um importante órgão endócrino, desempenhando funções fundamentais para nossa homeostasia. Nossos adipócitos produzem hormônios, conhecidos como adipocinas, que podem agir tanto no próprio tecido adiposo (efeito autócrino) ou em células alvo próximas (efeito parácrino), como também em outras regiões do nosso corpo (efeito endócrino). O efeito hormonal mais conhecido do tecido adiposo é seu papel endócrino sobre o sistema nervoso central (SNC), auxiliando no manejo de fome e saciedade, bem como sinalização de estoques energéticos. Seu hormônio mais conhecido é a Leptina, que entre outras funções, desempenha uma importante sinalização anorexígena (aumento da saciedade) à nível do SNC. Além disso, é um “comunicador” para nosso cérebro sobre o nível de nosso estoque energético, dizendo se possuímos pouco ou muita energia estocada. Na tabela 9 é possível observar as principais adipocinas conhecidas: Tabela 9: Principais adipocinas descritas, no qual observamos o impacto sobre seus níveis a partir do emagrecimento e quais são os principais efeitos fisiológicos dessas moléculas. Adipocina Emagrecimento Efeitos fisiológicos Leptina Diminui Adiponectina Aumenta Resistina Diminui Visfatina Diminui αTNF - Diminui IL- 6 Diminui Sinaliza saciedade no hipotálamo e aumenta o gasto energético Aumenta a sensibilidade à insulina e tem propriedade anti - inflamatória Aumenta a inflamação e a Sintetizada pelos macrófagos no tecido adiposo. resistência à insulina Produzida pelos adipócitos do tecido adiposo visceral. Diminui a resistência à insulina. Citocina inflamatória que aumenta a resistência à insulina, a inflamação e a lipólise. Citocina inflamatória que aumenta a resistência à insulina e a inflamação. 3 3 www.uniguacu.com.br Quando ocorre o excesso de tecido adiposo, evento esse caracterizado pela obesidade, o aumento da inflamação sistemática pode agir em outros órgãos, facilitando comorbidades associadas com a obesidade, como é possível visualizar na figura 13: Figura 13: O tecido adiposo branco, sendo classificado como um órgão endócrino, pode promover produção e secreção de citocinas e hormônios. O seu acúmulo demasiado, observado no excesso de peso corpora, resulta no aumento de secreções inflamatórias que podem ser tanto a nível local como sistêmico. Essa resposta, principalmente sistêmica, está intimamente associada com doenças metabólicas e cardiovasculares. Questões complementares do capítulo: 1. Quais são os principais tecidos que contribuem para o manejo da fome e saciedade? 2. Explique qual o “caminho” da sinalização da fome entre o sistema periférico e central: 3. Durante o emagrecimento,o que ocorre respectivamente com os níveis de leptina, adiponectiva e citocinas pró- inflamatórias (TNF - e IL-6): a) Aumento, aumento e redução b) Redução, aumento e redução c) Diminuição, aumento e aumento Tecido adiposo branco Visceral Muscular Epicárdico Perivascular Perirrenal Secreção de: IL-8, IP-10, MCP - 1 RANTES Secreção de: TNF-α, ácidos graxos IL-6 Secreção de: IL-6, TNF-a, MCP-1 Secreção de: IL-1, IL-6, IL-8 IP-10, MCP-1, TNF-a Reabsorção de sódio Inflamação sistêmica e local Resistência à insulina Inflamação local e quimiotaxia Aterosclerose e hipertensão arterial Aumento da hipertrofia tensão intravascular 3 4 www.uniguacu.com.br d) Todas sofrem redução 4. Pensando na obesidade, qual hormônio regulatório de fome e saciedade pode estar mais alterado na sua opinião e por qual motivo? 3 5 www.uniguacu.com.br ADAPTAÇÕES NEUROFISIOLÓGICAS NA PERDA DE PESO, TERMOGÊNESE ADAPTATIVA E EFICIÊNCIA METABÓLICA 3 6 www.uniguacu.com.br O que muitas pessoas se enganam, quando falamos em perda de peso, é que ela acontece em um ritmo linear e constante, como observamos na figura 14, isso não é bem assim. Figura 14: Ilustração sobre modelos de emagrecimento ao longo do tempo, demonstrando que a perda de peso não ocorre linearmente e após um período, há cada vez mais um aumento significativo nas chances de reganho de peso, principalmente pelo aumento de fome. Devido algumas adaptações do nosso organismo, ao longo do emagrecimento ocorre diminuição do potencial lipolítico e oxidativo da gordura. Essa diminuição é resultante da redução da taxa metabólica (termogênese adaptativa), aumento da eficiência mitocondrial, aumento da fome ocasionado pela redução de leptina e aumento de grelina, bem como alterações endócrinas sobre os níveis de cortisol, hormônios tireoideanos e testosterona. O resumo geral dessas adaptações é observado na figura 15, uma fantástica visão geral das principais alterações que ocorre em nosso organismo durante o emagrecimento, imagem essa a partir de Müller et al. (2016). TEMPO P E S O TEMPO P E S O ALTA CHANCE DE REGANHO DE PESO ! COMO IMAGINAM COMO OCORRE 3 7 www.uniguacu.com.br Figura 15: Principais respostas do organismo durante o emagrecimento, principalmente sendo dividido em 3 grandes fases. A fase 1 (phase 1) é caracterizada pela resposta aguda após iniciar uma dietoterapia, resultando principalmente na maior redução da água intra e extracelular, ocorrendo principalmente pela redução da insulina e menor balanço de sódio. Além disso, já pela rápida diminuição do peso, há uma maior sinalização à nível do SNC, no conhecido “Set point”. Ou seja, nosso cérebro possui uma “antena” que consegue identificar qual é nosso peso. Quando ocorre uma redução do peso corporal ele acredita que algo está errado e realiza uma gama de sinalizações visando a recuperação do peso corporal, como redução do sistema nervoso simpático, redução de T3 e redução do gasto energético em repouso. Weight loss Maintenance of reduced weight REEadj for FFM nREEadj for FFM FFM ( ) ( ) ( ) Insulin Glukagon Leptin T3 SNS NP Aldosterone Regulation, set Settling Regulation, set Phase 1 Phase 2 Phase 3: Fluid balance ICW/ECW Sodium balance FM= FM FFM OM/MM Gluc-ox LIP-ox = Glykogen Gluconeogenesis Prot-ox Lip-ox Gluc-ox Prot-ox Steady state: Gluc-ox Lip-ox Prot-ox= Leptin FFA Insulin T3 SNS FM= FFM= OM/MM= Phase 1 Phase 2 Phase 3 3 8 www.uniguacu.com.br Já na fase 2 (phase 2) é onde começa ocorrer realmente a redução de gordura corporal, no qual nosso organismo otimiza a oxidação de lipídeos (tecido adiposo) e reduz a oxidação de glicose e proteína. Essa é a fase no qual os resultados mais consistentes são observados e, trabalhar a aderência consistência durante essa fase, é o ponto chave para o sucesso no emagrecimento. Porém, é na fase 3 (phase 3) que esses resultados podem se manter consolidados ou ocorrer o reganho de peso, efeito conhecido comumente como “efeito sanfona”. Nessa fase, a fome se eleva de forma mais significativa (figura 16) e recentes estudos apontam que em média, a cada kg de peso perdido, ocorre um aumento de aproximadamente 100kcal no apetite. Figura 16: É possível observar aumento na fome ao longo do emagrecimento, no qual ocorre principalmente pela redução nos níveis de Leptina, elevação de grelina (gráfico A) e diminuição de hormônios gastrointestinais e pancreáticos com papel sacietogênico (Peptídeo YY (gráfico B), Amilina (gráfico C) e CCK (gráfico D)). Fonte: (SUMITHRAN, P. et al., 2011). Beseline Week 10 Week 12 200 100 0 0 30 60 120 180 240 200 100 0 0 30 60 120 180 240 200 100 0 0 30 60 120 180 240 200 100 0 0 30 60 120 180 240 Postprandial Time (min) Postprandial Time (min) Postprandial Time (min) Postprandial Time (min) A B C D G h re lin ( p g /m l) P e p ti d e Y Y ( p g /m l) C C K ( fm o lm l) A m y lin ( p g /m l) 3 1 60 20 3 9 www.uniguacu.com.br Além do aumento da fome, nessa fase é onde ocorre maior impacto sobre o metabolismo, tanto pela redução mais significativa da atividade do sistema nervoso simpático, como também maior redução dos níveis de T3. Similarmente, a redução do gasto calórico em repouso também é significativa após a perda de peso. Em estudo coordenado por Hopkins et al. 2014, observou uma redução de aproximadamente 103kcal por dia após emagrecimento resultante de exercício aeróbico supervisionado. De forma mais exponencial, o estudo clássico “The biggest loser” observou que essa redução calórica pode se perpetuar por anos, visto que após 6 anos a adaptação metabólica foi de aproximadamente 500kcal nos participantes. Nesse estudo, o reganho de peso ao longo dos anos (aproximadamente 41kg) não esteve relacionado com essa adaptação metabólica, mas aqueles que mantiveram maior perda de peso aos 6 anos também experimentaram um menor impacto dessa adaptação metabólica. Mas e o sono, será que ele também pode impactar nesse controle de fome e saciedade? Sim, e muito! Estudos recentes observaram que comparado às pessoas com sono adequado, sujeitos que sofrem de privação de sono apresentam aumento nas concentrações plasmáticas de Grelina e redução de Leptina. Não obstante, além do aumento do apetite, também ocorre aumento na atividade de áreas cerebrais relacionadas ao comportamento alimentar de recompensa, fazendo com que as pessoas privadas de sono reportem maior busca por alimentos palatáveis e com maior teor de calorias. Em consequência disso, 4 0 www.uniguacu.com.br recente estudo observou que comparando pessoas com tempo de sono entre 7 e 8 horas, pessoas com tempo de sono entre 3 e 5 horas apresentavam consumo calórico aumentado de aproximadamente 385 Kcal. Por esse motivo, visto que já ocorre fisiologicamente um aumento da fome durante a perda de peso, é fundamental que o sono esteja adequado quando pensamos no sucesso a longo prazo da perda de peso. Abaixo, observamos na figura 17 um resumo referente ao impacto da privação de sono sobre o comportamento alimentar e balanço energético: Figura 17: A privação de sono (ato de dormir menos do que 7h por noite) aumenta a atividade do sistema orexígeno, resultando em maior fome e apetite ao longo do dia. Além disso, também ocorre redução de hormônios anorexígenos e maior atividade de sistemas cerebrais relacionados com recompensa alimentar. Isso facilita um ambiente com balanço energético positivo e um consequente aumento do peso corporal, principalmente de gordura. PROVAÇÃO DE SONO ATIVAÇÃO DO SISTEMA OREXÍGENO AUMENTO DE HORMÔNIOS OREXÍGENOS (GRELINA) E REDUÇÃO DE HORMÔNIOS ANOREXÍGENOS (LEPTINA, GLP-1) AUMENTO NA ATIVIDADE EM SISTEMA DE RECOMPENSA AUMENTO DA FOME E APETITE BALANÇO ENERGÉTICO POSITIVO AUMENTO DO PESO CORPORAL 4 1 www.uniguacu.com.br Resumo do capítulo:• A perda de peso não ocorre de forma linear; • Devido adaptações inevitáveis de nosso organismo, o emagrecimento perde potência ao longo do tempo; • Essas adaptações facilitam o reganho de peso, principalmente pelo aumento da forme; • Se tratando de hormônios regulatórios de fome e saciedade, ocorre aumento de grelina e diminuição de leptina, CCK, Peptídeo YY e amilina; • Além do aumento de fome, ocorre redução do metabolismo, facilitando o reganho de peso ou dificuldades para ocorrer mais perda de gordura; • O sono possui um papel primordial no comportamento alimentar; • A privação de sono ou um sono de baixa qualidade pode prejudicar o emagrecimento e até resultar no ganho de peso corporal; 4 2 www.uniguacu.com.br MANUTENÇÃO E SUCESSO NO EMAGRECIMENTO 4 3 www.uniguacu.com.br Mesmo com o avanço das pesquisas científicas na obesidade, sua prevalência continua subindo ano após ano. No âmbito nutricional, diversos estudos já buscaram investigar o papel dietético sobre a prevenção e tratamento da obesidade, desde estratégias alimentares, como também o papel de substâncias isoladamente, conforme discutiremos nesse e no próximo capítulo. Será que existe uma dieta superior visando emagrecimento? Perder peso rapidamente pode facilitar um maior reganho de peso? Quais são os nutrientes chaves no emagrecimento? Quais são os principais comportamentos relacionados com o sucesso no emagrecimento? Essa última pergunta é discutida no artigo de Wing & Phelan (2005), no qual observou que seis comportamentos foram fundamentais na manutenção do peso perdido em estudos da época, sendo: 1) envolvimento em altos níveis de atividade física; 2) seguir uma dieta pobre em calorias e gorduras; 3) tomar café da manhã; 4) automonitoramento do peso regularmente; 5) manter um padrão alimentar consistente; e 6) pegar “deslizes” antes que se transformem em hábitos e facilitem o reganho de peso corporal. Além disso, os autores destacaram que iniciar a perda de peso após um evento médico também pode ajudar no sucesso a longo prazo. Mas e perder peso rapidamente, será que pode ser um problema pensando em manutenção do peso corporal? A resposta é depende! A perda de peso mais abrupta tem como efeito negativo o aumento mais rápido e significativo das adaptações do organismo, resultando principalmente no aumento da fome e apetite. Entretanto, 4 4 www.uniguacu.com.br uma maior perda de peso inicial também pode auxiliar no sucesso do emagrecimento, visto que aumenta a motivação e dessa forma pode facilitar a aderência na dietoterapia. Vale frisar que, de maneira mais determinante, a mudança no estilo de vida tem um papel fundamental nisso. E é exatamente o que um estudo clássico de revisão desenvolvido por Astrup & Rossner (2000) deixa claro, com comentários importantes sobre essa discussão: “Existem evidências de estudos de intervenção randomizados para apoiar que uma maior perda de peso inicial induzida sem mudanças no estilo de vida (por exemplo, dietas com fórmula líquida ou medicamentos anoréticos) melhora a manutenção do peso a longo prazo, desde que seja seguido por um programa integrado de manutenção de peso de 1-2 anos consistindo de intervenções no estilo de vida que envolvem mudanças na dieta, educação nutricional, terapia comportamental e aumento da atividade física.” “Em conclusão, um aumento da perda de peso inicial em obesos pacientes produz uma melhor retenção de peso a longo prazo perda, desde que a terapia auxiliar seja fornecida pelo menos em a fase de manutenção do peso do programa.” Ou seja, os autores discutem que se for optado por uma intervenção buscando uma perda de peso mais rápida e abrupta, é de extrema importância que seja seguida de mudanças no estilo de vida, visando consolidar esses resultados e proporcionando uma vida mais saudável. Vamos aguardar novos estudos, inclusive aproveitando a crescente da nutrição comportamental, buscando nos direcionar 4 5 www.uniguacu.com.br de forma mais fidedigna sobre o que seria melhor no tratamento da obesidade, mesmo que seja sempre fundamental levantarmos a bandeira da individualidade biológica, inclusive no emagrecimento. Questões complementares do capítulo: 1. Analisando a prevalência cada vez maior de obesidade, cite 3 fatores que podem estar associados com esse aumento e descreva brevemente por qual motivo os escolheu: 2. Cite 1 ponto negativo e 1 ponto positivo que você observa na perda de peso mais rápida: 3. Cite 1 ponto negativo e 1 ponto positivo que você observa na perda de peso mais lenta: 4. Na sua opinião, qual o ponto mais importante no que tange sucesso a longo prazo no emagrecimento? 4 6 www.uniguacu.com.br ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS E FERRAMENTAS DIETÉTICAS 4 7 www.uniguacu.com.br Dieta Hiperproteica Existe uma melhor dieta para emagrecimento? Essa é uma pergunta que comumente nos fazem ou observamos em nosso cotidiano. A partir disso, diversos estudos buscaram avaliar de que forma estratégias alimentares podem ajudar, principalmente pensando em um emagrecimento eficiente, que é perder gordura sem afetar de forma significativa o teor de massa muscular e óssea. Nessa proposta, dietas hiperproteicas parecem ser interessantes, principalmente pelo seu potencial sacietogênico, impacto sobre termogênese induzida pela dieta (TID) e aumento de peptídeos anorexígenos (CCK, GLP-1 e PYY) (WITJAKSONO, F. et al., 2018). Além do maior papel sacietogênico em uma dieta rica em proteínas, esse tipo de estratégia para ser extremamente interessante para auxiliar na preservação da massa muscular durante o emagrecimento. A restrição calórica pode acelerar o declínio da massa muscular, principalmente em dietas com restrição proteica, aumentando assim a proteólise para gliconeogênese. Entretanto, quando há um aporte proteico aumentado na alimentação, nosso organismo não sente a necessidade de utilizar o músculo como fornecimento energético, por aumentar a utilização dos aminoácidos pela alimentação para essa finalidade (SMITH, G.I. et al., 2016; WITJAKSONO, F. et al., 2018). Não é necessário um consumo excessivo de proteínas na alimentação, visto que em pessoas que praticam exercício físico regularmente, a indicação média fica entre 1,6 a 2,2 g/kg corporal (IRAKI, J. et al., 2019). 4 8 www.uniguacu.com.br Low carb x Low fat Comumente as pessoas acreditam que dietas com restrição de carboidratos são mais eficientes na perda de peso. Entretanto, quando analisamos estudos comparativos entre dietas low carb e low fat, observamos que não é bem assim. Em estudo coordenado por Foster (2010) observou que a dieta low carb ocasionou uma leve superioridade na perda de peso nos primeiros meses de intervenção. Entretanto, a longo prazo, a perda de peso foi semelhante com o grupo que realizou a dieta low fat, como observamos na figura 18 referente ao estudo. Figura 18: Alterações no peso corporal ao longo de 24 meses, em comparação as estratégias dietéticas em que um grupo recebeu uma dieta com baixo teor de carboidratos e outro grupo recebeu uma dieta com baixo teor de gorduras. Fonte: (FOSTER; G.D. et al., 2010). Outro trabalho comparativo entre essas 2 dietas foi publicado no renomado The American Journal of Clinical Nutrition (VAN ZUUREN; E.J. et al., 2018), agora sendo uma meta-análise e incluindo pacientes diabéticos, demonstrou que: 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 -14 3 6 12 24 Month Low-fat diet group Low-carbohydrate diet group C h a n g e in W e ig h t, k g 4 9 www.uniguacu.com.br • De forma aguda, dietas low carb reduziram de forma mais significativa os níveis de hemoglobina glicada. Entretanto, ao passar do tempo a diminuição foi semelhante entre as dietas; • Dietas low carb apresentaram melhores resultados na diminuição da glicemia e triglicerídeos a médio e longo prazo; • Avaliando dados antropométricose peso corporal, a longo prazo as dietas apresentaram resultados semelhantes. Como resumo do estudo em pacientes diabéticos, a dieta low carb pode apresentar leve vantagem no que tange melhora metabólica, mas sem diferença significativa na perda de peso ao longo do acompanhamento dos estudos inclusos na meta-análise. Vale frisar que o mais importante, principalmente pensando a longo prazo, é preconizar mudanças positivas no estilo de vida e ajustes alimentares que facilitem a adesão alimentar. Inicialmente a dieta low carb pode resultar em uma perda de peso mais exponencial, principalmente pela maior perda hídrica. Porém, os estudos que analisam ao longo do tempo demonstram não haver diferença significativa na perda de peso entre as estratégias. Ciclagem de calorias Tanto a ciclagem de calorias, como de carboidratos, são excelentes estratégias visando um resultado mais consistente a longo prazo e visando reduzir os efeitos adaptativos da perda de peso. 5 0 www.uniguacu.com.br A ciclagem de calorias, também conhecida como Restrição Energética Intermitente (REI), possui como finalidade a oscilação calórica seja durante dias da semana ou entre semanas. Ou seja, dias com menos ou mais calorias, podem ser planejados conforme o volume e intensidade do treinamento. Particularmente uso muito essa estratégia, pois é de fácil aplicabilidade e comumente de fácil aderência. Um exemplo que uso, é realizar um decréscimo calórico do plano alimentar em dias de descanso ou de treinos com menor intensidade, no qual a redução calórica vai variar de acordo com o teor calórico do plano alimentar, mas podendo ser entre 200 a 400 Kcal. Além disso, também é possível realizar a ciclagem de calorias alternando entre semanas. Por exemplo, quando conseguimos realizar um trabalho interdisciplinar com o personal trainer, é possível realizar semanas com aumento gradual de calorias conforme progressão da periodização de treinamento, ao mesmo tempo realizando semanas de teor calórico reduzido em semanas que o treinamento está voltado para recuperação e/ou volume de treinamento mais baixo. A REI, além de sua boa aplicabilidade prática, também foi demonstrada em estudo prévio como uma excelente estratégia visando atenuar a redução sobre a TMB durante o emagrecimento. Como podemos observar na figura 19 do estudo “MATADOR” (BYRNE, N.M. et al., 2018), a REI resultou em maior perda de peso ao longo das 16 semanas do estudo, bem como resultou em menor reganho de peso ao longo do follow-up de 6 meses. 5 1 www.uniguacu.com.br Figura 19: Comparação entre a restrição calórica convencional vs restrição calórica intermitente (REI) sobre a perda e reganho de peso ao longo do “The MATADOR Study”. Fonte: (BYRNE, N.M. et al., 2018). Ciclagem de carboidratos Atualmente ainda não há estudos na literatura que analise o potencial dessa estratégia no emagrecimento, entretanto, empiricamente muitos nutricionistas acham essa estratégia extremamente eficiente e comumente de fácil aderência. A ciclagem de carboidratos (carb cycling), de mesma forma que outras estratégias, possui o papel de buscar reduzir os efeitos adaptativos na perda de peso, principalmente mantendo bons resultados na sensibilidade à insulina. Além disso, é uma ótima estratégia quando combinada com a periodização de treinamento, permitindo assim um maior aporte energético para sessões mais volumosas e intensas de treinamento. Eu, particularmente, gosto muito de combinar a ciclagem de calorias com a ciclagem de carboidratos, observando uma melhor aplicabilidade prática e melhor aderência. Por outro lado, a ciclagem de carboidratos também pode ser feita de forma separada. CON INT **** ** **** ** *** * a a 3 3 3 a a b c d e 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 -14 -16 -18 -20 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 Baseline Energy balance Follow-up W e ig h t L o s s ( k g ) 5 2 www.uniguacu.com.br De mesma forma que a ciclagem de calorias, a carb cycling tmb pode ser feita alternando entre semanas ou até mesmo dias de uma mesma semana. Comumente é uma boa abordagem utilizada em fases de restrição calórica, no qual a performance física começa a ser prejudicada devido a depleção dos estoques energéticos. Por esse motivo, alinhando com a periodização de treino quando isso é possível, pode auxiliar a manter uma boa performance e assim, atenuar a perda de massa magra durante o regime calórico. Além disso, outra excelente forma de aplicar a carb cycling é utilizando a oscilação de carboidratos entre semanas, variando em semanas de “low carb” com outras em “high carb”. Essa abordagem, conhecida como “Modelo Haluch”, foi desenvolvida pelo nosso excelentíssimo Prof. Dudu Haluch, visando a aplicabilidade dessa estratégia dietética com intervalos maiores de tempo quando comparada com a abordagem tradicional. Abaixo, observamos na tabela 10 um exemplo dessa periodização nutricional: Tabela 10: Exemplo do Modelo Haluch sobre a ciclagem de carboidratos ao longo de uma periodização nutricional. Macronutriente Primeira fase: 6-10 semanas low carb Segunda fase: 2-4 semanas high carb Terceira fase: 2-4 semanas low carb Quarta fase: 2-4 semanas high carb Carboidratos 30 – 60% 10 – 45% 30 – 60% Proteínas 20 – 40% 25 – 45% 20 – 40% Gorduras 10 – 45% 25 – 45% 20 – 30% 15 – 30% 20 – 35% 15 – 30% 5 3 www.uniguacu.com.br Jejum intermitente O jejum intermitente consiste em uma estratégia dietética que visa redução da janela alimentar. Ou seja, reduzindo o tempo de ingestão calórica no dia e priorizando um estado de ausência calórica por um período de 12, 16, 18 ou 24 horas. A principal teoria dessa estratégia alimentar está baseada no aumento da mobilização de estoques energéticos durante o estado de jejum, visto que ocorre aumento de catecolaminas (como o cortisol e adrenalina) importantes na mobilização de gordura, bem como aumento de hormônios como glucagon. A partir disso, imagina-se que realizar um período maior de jejum poderia assim otimizar a mobilização de gordura e utilização desse componente como substrato energético, otimizando a perda de peso. Diversos trabalhos publicados já demonstraram importantes benefícios do jejum intermitente, como emagrecimento, melhora de perfil lipídico, melhora sobre marcadores inflamatórios e oxidativos, bem como melhora em parâmetros metabólicos como a resistência insulínica (PATTERSON, R.E. & SEARS, D.D., 2017; SANTOS, H.O. & MACEDO, R.C.O., 2018). Ou seja, quando a pessoa consegue aderir bem à essa estratégia alimentar e estando associada com o déficit energético, é possível obter excelentes resultados na perda de peso. E esse é o ponto mais importante quando pensamos em emagrecimento: Aderência! Estudos recentes discutem que indiferente da estratégia adotada, seja ela jejum intermitente ou consumo alimentar em janela normal, o mais importante visando sucesso no emagrecimento a longo prazo é promover aderência, balanço energético negativo 5 4 www.uniguacu.com.br (déficit calórico) e alimentos de alta qualidade (FREIRE, R. 2020). Alimentos e emagrecimento Alguns alimentos vêm sendo explorados no emagrecimento, por possuírem papel chave no que tange saúde, principalmente gastrointestinal. Abaixo, veremos um importante comentário de um estudo por Mozaffarian e colaboradores (2011), publicado no renomado “New England Journal of Medicine”: “Alguns alimentos - legumes, nozes, frutas e grãos integrais - foram associados com menor ganho de peso quando o consumo foi realmente aumentado. Obviamente, esses alimentos fornecem calorias e não podem violar as leis termodinâmicas. Suas associações inversas com ganho de peso sugerem que o aumento do consumo reduziu a ingestão de outros alimentos mais calóricos, diminuindo a quantidade total de energia consumida. Maior teor de fibra edigestão mais lenta desses alimentos aumentariam a saciedade, e seu aumento no consumo também deslocaria outros alimentos mais processados na dieta, fornecendo mecanismos biológicos plausíveis para que pessoas que comem mais frutas, nozes, vegetais e grãos integrais ganhassem menos peso ao longo do tempo”. Fibras Se tratando de nutrientes isoladamente, eu poderia arriscar que as fibras são os compostos mais importantes quando pensamos em emagrecimento. Além do primordial benefício sobre a saúde de nossa microbiota intestinal, as fibras desempenham um papel 5 5 www.uniguacu.com.br fundamental na saciedade e, como já discutimos anteriormente, estratégias que visem reduzir a fome durante o emagrecimento são de extrema importância visando o sucesso a longo prazo. Na tabela 11 é possível observar o conteúdo de fibras em alguns alimentos, inclusive chamando atenção da quantidade encontrada no feijão, um alimento no qual é feito muito terrorismo nutricional, mas pode ser extremamente interessante no emagrecimento pelo seu teor de fibras. Tabela 11: Teor de calorias e fibras sobre porção de alguns alimentos. Fonte: Tabela TACO. Frutas e vegetais Sendo ótimas fontes de fibras e já conhecendo a importância da fibra no emagrecimento, frutas e vegetais são extremamente importantes para o emagrecimento. Estudos já observaram Alimento Porção (g) Kcal Fibra (g) Batata doce 100 77 2,2 Pão integral 50 122 3,3 Aveia 30 104 2,9 Inhame 100 116 3,9 Feijão 100 76 8,5 Abacate 100 96 6,3 Brócolis 100 25 3,4 Linhaça 15 75 4,2 Chia 15 80 5,3 Fibra de trigo 10 15 4,5 Psyllium 10 - 8,0 Farinha de maracujá 15 35 7,5 5 6 www.uniguacu.com.br que pessoas que consumiam uma maior quantidade de frutas e vegetais apresentavam menor ganho de peso ao longo dos anos, bem como um maior emagrecimento durante acompanhamento dietético (SARTORELLI, D.S. et al, 2008; VIOQUE, J. et al., 2008). Além do teor de fibras, frutas e vegetais são excelentes alimentos no emagrecimento por apresentarem baixa densidade energética. Ou seja, menos calorias em maior quantidade de alimento. Assim torna-se possível ofertar um plano alimentar com maior volume e menor teor calórico durante o emagrecimento, auxiliando no manejo da fome. Além do que já foi discutido, frutas e vegetais auxiliam significativamente na saúde intestinal e são excelentes fontes de polifenóis e compostos antioxidantes, que também são importantes adjuvantes no emagrecimento. Ou seja, melhorar o desbalanço oxidativo na obesidade pode auxiliar na melhora da sensibilidade à insulina e assim, otimizar o emagrecimento, além de promover melhora sobre parâmetros de risco cardiometabólicos (CRUJEIRAS, A.B. et al., 2006). Questões complementares do capítulo: 1. Cite 2 pontos positivos da dieta hiperproteica durante o processo de emagrecimento: 2. Em sua opinião profissional, há alguma estratégia que você observa ocorrer melhor aderência em seus pacientes? 3. Qual foi a principal vantagem observada em estudos com restrição calórica intermitente e como isso pode auxiliar a reduzir o reganho de peso após um regime calórico? 4. Quais são os principais benefícios envolvidos no 5 7 www.uniguacu.com.br emagrecimento a partir de frutas e vegetais: a) Saciedade apenas b) Saciedade, baixa densidade calórica e saúde intestinal c) saúde intestinal apenas d) baixa densidade calórica e saúde intestinal apenas 5. Cite 1 ponto positivo e 1 ponto negativo que você observa na estratégia alimentar de jejum intermitente: 6. Em sua opinião, a dieta low carb pode trazer bons benefícios a curto prazo e facilitar a aderência em alguns pacientes? 7. Cite 1 benefício prático da estratégia baseada em ciclagem de calorias e como pode ser aplicada associando a periodização de treinamento: 5 8 www.uniguacu.com.br Referências bibliográficas ASTRUP, A.; RÖSSNER, S. Lessons from obesity management programmes: greater initial weight loss improves longα term maintenance. obesity reviews, v. 1, n. 1, p. 17-19, 2000. BYRNE, N. M. et al. Intermittent energy restriction improves weight loss efficiency in obese men: the MATADOR study. International journal of obesity, v. 42, n. 2, p. 129-138, 2018. CRUJEIRAS, A. B. et al. A role for fruit content in energy- restricted diets in improving antioxidant status in obese women during weight loss. Nutrition, v. 22, n. 6, p. 593-599, 2006. FOSTER, G. D. et al. Weight and metabolic outcomes after 2 years on a low-carbohydrate versus low-fat diet: a randomized trial. Annals of internal medicine, v. 153, n. 3, p. 147-157, 2010. FOTHERGILL, E. et al. Persistent metabolic adaptation 6 years after “The Biggest Loser” competition. Obesity, v. 24, n. 8, p. 1612-1619, 2016. FREIRE, R. Scientific evidence of diets for weight loss: different macronutrient composition, intermittent fasting, and popular diets. Nutrition, v. 69, p. 110549, 2020. FRITZEN, A. M.; LUNDSGAARD, A. M.; KIENS, B. Tuning fatty acid oxidation in skeletal muscle with dietary fat and exercise. Nature Reviews Endocrinology, v. 16, n. 12, p. 683-696, 2020. GREENWAY, F. L. Physiological adaptations to weight loss and factors favouring weight regain. International journal of obesity, v. 39, n. 8, p. 1188-1196, 2015. HELMS, E. R. et al. A systematic review of dietary protein 5 9 www.uniguacu.com.br during caloric restriction in resistance trained lean athletes: a case for higher intakes. International journal of sport nutrition and exercise metabolism, v. 24, n. 2, p. 127-138, 2014. HILL, J. O.; WYATT, H. R.; PETERS, J. C. Energy balance and obesity. Circulation, v. 126, n. 1, p. 126-132, 2012. HOPKINS, M. et al. The adaptive metabolic response to exercise-induced weight loss influences both energy expenditure and energy intake. European journal of clinical nutrition, v. 68, n. 5, p. 581-586, 2014. IRAKI, J. et al. Nutrition recommendations for bodybuilders in the off-season: A narrative review. Sports, v. 7, n. 7, p. 154, 2019. KINROSS, J. M. et al. The human gut microbiome: implications for future health care. Current gastroenterology reports, v. 10, n. 4, p. 396-403, 2008. KNUTSON, K. L.; VAN CAUTER, E. Associations between sleep loss and increased risk of obesity and diabetes. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 1129, p. 287, 2008. LEPROULT, R.; VAN CAUTER, E. Role of sleep and sleep loss in hormonal release and metabolism. In: Pediatric Neuroendocrinology. Karger Publishers, 2010. p. 11-21. MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause– Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 12α Edição. São Paulo: Roca, p. 270-281, 2010. MAKKI, K.; FROGUEL, P.; WOLOWCZUK, I. Adipose tissue in obesity-related inflammation and insulin resistance: cells, cytokines, and chemokines. International Scholarly Research Notices, v. 2013, 6 0 www.uniguacu.com.br 2013. MOZAFFARIAN, D. et al. Changes in diet and lifestyle and long-term weight gain in women and men. New England Journal of Medicine, v. 364, n. 25, p. 2392-2404, 2011. NELSON, D. L.; LEHNINGER, A. L.; COX, M. M. Lehninger principles of biochemistry. Macmillan, 2008. PANISSA, V. L. G. et al. Magnitude and duration of excess of postαexercise oxygen consumption between highαintensity interval and moderateαintensity continuous exercise: A systematic review. Obesity Reviews, 2020. PATTERSON, R. E.; SEARS, D. D. Metabolic effects of intermittent fasting. Annual review of nutrition, v. 37, 2017. POLIDORI, D. et al. How strongly does appetite counter weight loss? Quantification of the feedback control of human energy intake. Obesity, v. 24, n. 11, p. 2289-2295, 2016. REUTRAKUL, S.; VAN CAUTER, E. Sleep influences on obesity, insulin resistance, and risk of type 2 diabetes. Metabolism, v. 84, p. 56-66, 2018. SANTOS, H. O.; MACEDO, R. C. O. Impact of intermittent fasting on the lipid profile: assessment associated withdiet and weight loss. Clinical nutrition ESPEN, v. 24, p. 14-21, 2018. SARTORELLI, D. S.; FRANCO, L. J.; CARDOSO, M. A. High intake of fruits and vegetables predicts weight loss in Brazilian overweight adults. Nutrition Research, v. 28, n. 4, p. 233-238, 2008. SMITH, G. I. et al. High-protein intake during weight loss therapy eliminates the weight-loss-induced improvement in insulin 6 1 www.uniguacu.com.br action in obese postmenopausal women. Cell reports, v. 17, n. 3, p. 849-861, 2016. SUMITHRAN, P. et al. Long-term persistence of hormonal adaptations to weight loss. New England Journal of Medicine, v. 365, n. 17, p. 1597-1604, 2011. TAHARA, Y. et al. Fat-free mass and excess post-exercise oxygen consumption in the 40 minutes after short-duration exhaustive exercise in young male Japanese athletes. Journal of physiological anthropology, v. 27, n. 3, p. 139-143, 2008. TOWNSEND, J. R. et al. Excess post-exercise oxygen consumption (EPOC) following multiple effort sprint and moderate aerobic exercise. Kinesiology, v. 45, n. 1, p. 16, 2013. TREXLER, E. T.; SMITH-RYAN, A. E.; NORTON, L. E. Metabolic adaptation to weight loss: implications for the athlete. Journal of the International Society of Sports Nutrition, v. 11, n. 1, p. 1-7, 2014. VAN ZUUREN, E. J. et al. Effects of low-carbohydrate- compared with low-fat-diet interventions on metabolic control in people with type 2 diabetes: a systematic review including GRADE assessments. The American journal of clinical nutrition, v. 108, n. 2, p. 300-331, 2018. VIOQUE, J. et al. Intake of fruits and vegetables in relation to 10αyear weight gain among Spanish adults. Obesity, v. 16, n. 3, p. 664- 670, 2008. WING, R. R.; PHELAN, S. Long-term weight loss maintenance–. The American journal of clinical nutrition, v. 82, n. 1, p. 222S-225S, 2005. 6 2 www.uniguacu.com.br WITJAKSONO, F. et al. Comparison of low calorie high protein and low calorie standard protein diet on waist circumference of adults with visceral obesity and weight cycling. BMC research notes, v. 11, n. 1, p. 674, 2018. 6 3 www.uniguacu.com.br 6 4 www.uniguacu.com.br 6 5 www.uniguacu.com.br A Pós-graduação UNIGUAÇU alcança todo o Brasil, já temos 6 cursos e mais de 40 professores mestres e doutores renomados. Contando com as modalidades, On-line, AO VIVO e Presencial aplicando a seguinte metodologia: NOSSOS CURSOS Grandes lançamentos: On-line, AO VIVO e/ou Presencial Duração de 18 meses Certificação Rápida Carga horária de 360h aula On-line, AO VIVO Aulas exclusivas Tira dúvidas Aulas exclusivas Práticas Aulas Interativas Ajuda de supervisor Personalizado Ferramentas Digitais de Fixação CONHEÇA NOSSA LOJA VIRTUAL lojauniguacu.com.br 30+de com os melhores professores do Brasil! cursos on-line lojauniguacu.com.br dede CONHEÇA NOSSA LOJA VIRTUAL lojauniguacu.com.brlojauniguacu.com.br ++dede CONHEÇA NOSSA LOJA VIRTUAL lojauniguacu.com.brlojauniguacu.com.br 30dede30de3030 com os melhores com os melhores cursoscursos on-lineon-line com os melhores com os melhores professores do Brasil!professores do Brasil! A Pós-graduação UNIGUAÇU alcança todo o Brasil, já temos 6 cursos e mais de 40 professores mestres e doutores renomados. Contando com as modalidades, On-line, AO VIVO e Presencial aplicando a seguinte metodologia: NOSSOS CURSOS Grandes lançamentos: On-line, AO VIVO e/ou Presencial Duração de 18 meses Certificação Rápida Carga horária de 360h aula On-line, AO VIVO Aulas exclusivas Tira dúvidas Aulas exclusivas Práticas Aulas Interativas Ajuda de supervisor Personalizado Ferramentas Digitais de Fixação CONHEÇA NOSSA LOJA VIRTUAL lojauniguacu.com.br 30+de com os melhores professores do Brasil! cursos on-line lojauniguacu.com.br dede CONHEÇA NOSSA LOJA VIRTUAL lojauniguacu.com.brlojauniguacu.com.br ++dede CONHEÇA NOSSA LOJA VIRTUAL lojauniguacu.com.brlojauniguacu.com.br 30dede30de3030 com os melhores com os melhores cursoscursos on-lineon-line com os melhores com os melhores professores do Brasil!professores do Brasil! OBESIDADE Classificação e características da obesidade Resumo do capítulo: REGULAÇÃO ENERGÉTICA DA PERDA DE PESO Regulação energética da perda de peso Resumo do capítulo: INTEGRAÇÃO METABÓLICA Estado de jejum Estado alimentado Resumo do capítulo: FISIOLOGIA DO EMAGRECIMENTO Digestão, transporte e armazenamento de gorduras Composição do tecido adiposo Mecanismos envolvidos no emagrecimento REGULAÇÃO DE FOME E SACIEDADE: QUAL O PAPEL DO TECIDO ADIPOSO COMO ÓRGÃO ENDÓCRINO? Neurofisiologia da fome e saciedade Papel do tecido adiposo como órgão endócrino e regulação energética ADAPTAÇÕES NEUROFISIOLÓGICAS NA PERDA DE PESO, TERMOGÊNESE ADAPTATIVA E EFICIÊNCIA METABÓLICA Resumo do capítulo: MANUTENÇÃO E SUCESSO NO EMAGRECIMENTO ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS E FERRAMENTAS DIETÉTICAS Dieta Hiperproteica Low carb x Low fat Ciclagem de calorias Ciclagem de carboidratos Jejum intermitente Alimentos e emagrecimento Fibras Frutas e vegetais
Compartilhar