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Segurança e Medicina do Trabalho Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Esp. Isabel Souza Lima Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Controle da Saúde do Trabalhador • Controle da Saúde do Trabalhador e Análise dos Riscos Ambientais; • Insalubridade e Adicional de Insalubridade – NR15; • Adicional de Insalubridade; • Periculosidade e Adicional de Periculosidade – NR 16; • Base Legal do Adicional de Insalubridade e do Adicional de Periculosidade; • Aposentadoria Especial; • ASO – Atestado de Saúde Ocupacional; • e-Social. • Apresentar a importância da análise do ambiente de risco no ambiente do trabalhador; • Fornecer o entendimento sobre o adicional de insalubridade e adicional de periculosidade; • Apresentar a diferenciação do adicional de periculosidade e adicional de insalubridade; • Fornecer o conhecimento sobre a Aposentadoria Especial; • Fornecer entendimento sobre as principais regras da aposentadoria especial; • Apresentar o Sistema do Governo Federal e-Social e a obrigatoriedade da empresa em questões de segurança e medicina do trabalhador. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Controle da Saúde do Trabalhador Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Controle da Saúde do Trabalhador Controle da Saúde do Trabalhador e Análise dos Riscos Ambientais Conhecer os riscos e fatores de riscos é essencial para o desenvolvimento de políticas e planos de ação que irão trabalhar a saúde e segurança dos trabalhadores em qualquer tipo de empresa ou indústria. Algumas medidas de proteção administrativa são impostas nos locais de traba- lho como as primeiras providências de segurança e medicina a serem tomadas para proteção do trabalhador. Segundo BARSANO (2014, p.94), algumas medidas administrativas são: • ordens de serviços, pareceres e instruções técnicas implantadas pelo SESMT; • restrições impostas pelo empregador na entrada e na saída de locais de risco; • procedimentos de trabalho e execução de serviços; • proibição de entrada em espaço confinados; • preceitos de segurança e saúde no trabalho. No entanto, tais medidas, conforme o próprio nome diz, são medidas admi- nistrativas que devem ser impostas para todos os trabalhadores. Mas, é preciso observar cada caso. Existem pessoas que são expostas a agentes ambientais que podem trazer danos à saúde ou que ainda são expostas a riscos iminentes à integridade física. Uma vez que se tenha conhecimento de um risco ambiental ou como um agente é absorvido pelo corpo de um trabalhador, é possível a escolha assertiva de um EPI (Equipamento de Proteção Individual), bem como desenvolver procedimentos de segurança e proteção para os trabalhadores. Em outras palavras, se a empresa tem o conhecimento de como uma doença pode agir no corpo de um trabalhador ou de como um agente pode desencadear uma doença, mesmo que a longo prazo em um trabalhador, é possível evitar determinada doença de forma preventiva e é possível controlar a saúde desse trabalhador. O acompanhamento da saúde de um trabalhador é feito principalmente através de exames periódicos ocupacionais determinados pelo PCMSO. 8 9 Importante! Para relembrar... Diferença entre agente e risco em Segurança no Trabalho: NR-9 PPRA determina que se consideram RISCOS ambientais os AGENTES físicos, quí- micos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natu- reza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Sendo assim, um agente só passa ser um risco quando ele for capaz de causar danos à saúde do trabalhador. Trocando ideias... Exemplo: Ruído (8 Horas) O ruído somente passa a ser agressivo à saúde do trabalhador quando ele estiver em uma intensidade acima de 85 decibéis para uma exposição de 08 horas diárias. Sendo assim, se o ruído estiver abaixo de 85 decibéis, considerando 08 horas diárias, ele é apenas um agente, mas não é nocivo à saúde do trabalhador. O ruído está presente em grande parte das empresas, sendo um agente extrema- mente comum no ambiente de trabalho, no entanto, na maioria das vezes ele está em uma intensidade e em tempo de exposição que não é capaz de causar danos à saúde do trabalhador. Figura 1 – DB – Nível de decibéis – marcando acima de 85 Fonte: Getty Images No entanto, se o ruído está acima de 85 Db (8 horas diárias), como, por exem- plo, em uma indústria com motores ligados constantemente, esse agente passa a ser um risco com a necessidade de controle ambiental (PPRA) e controle da saúde do trabalhador (PCMSO). 9 UNIDADE Controle da Saúde do Trabalhador Mas, como isso pode ser medido na prática? Justamente com o controle do PPRA e PCMSO. A empresa de segurança e medicina contratada pela empresa do trabalhador irá constantemente ao local de trabalho fazer o acompanhamento das medições de ruídos, além de outras análises necessárias para a garantia da saúde do trabalhador. Ela irá propor a obrigatorieda- de dos EPIs e EPCs, além de procedimentos de segurança. Dependente do porte da empresa, ela mesmo já terá em seu quadro de funcio- nários o técnico do segurança do trabalho ou até mesmo o médico do trabalho. Para o trabalhador, periodicamente ele deverá ser submetido a exames ocu- pacionais de audiometria. Esse exame irá provar se o agente ruído está de algu- ma forma prejudicando a audição do trabalhador exposto a esse risco, bem como avaliação clínica e questionário químico que possa evidenciar algum problema no corpo do trabalhador. Importante! O PCMSO é o documento que irá relacionar os exames ocupais que os trabalhadores de- verão ser submetidos, bem como a periodicidade que deverão ser aplicados. Importante! Insalubridade e Adicional de Insalubridade – NR15 O conceito geral do termo insalubre é: aquilo que não é salubre; doentio, preju- dicial à saúde. Sendo assim, insalubre é alguma coisa ou situação que é prejudicial à saúde. Entretanto, para Segurança e Saúde do Trabalho (SST) esse termo é comumente utilizado para se referir à NR15. Para a NR15, são os agentes que dão direito ao adicional de insalubridade. Segundo a CLT, insalubridade é a atividade insalubre em que o trabalhador é exposto a agentesnocivos à saúde acima dos limites tolerados e determinados pela NR15. Insalubridade como as atividades ou operações que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. (Art. 189 da CLT) Segundo a NR15, existem 3 graus de insalubridade: • grau mínimo que dá direito a 10% de adicional de insalubridade; • grau médio que dá direito a 20% de adicional de insalubridade; • grau máximo que dá direito a 40% de adicional de insalubridade. 10 11 Ou seja, essa Norma Regulamentadora relaciona os agentes que fazem jus ao adicional de insalubridade. Um agente pode até ser considerado como nocivo à saúde em um primeiro momento, porém, se estes não estiverem relacionados na NR15 para fazerem jus ao adicional de insalubridade, não serão considerados como insalubres para a SST, como, por exemplo, as piretrinas e os piretroides, ambos agentes usados na fabricação de inseticidas. Figura 2 – Trabalhador utilizando EPI – Equipamento de Proteção Individual Fonte: Getty Images Os agentes relacionados na NR15 para o adicional de insalubridade são: Tabela 1 NR15 Agente / Grau Risco Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente; Ruído / 20% Limites de Tolerância para Ruídos de Impacto; Ruído / 20% Limites de Tolerância para Exposição ao Calor; Calor / 20% Radiações Ionizantes; Radiação ionizante / 40% Trabalho sob Condições Hiperbáricas; Condições hiperbáricas / 40% Radiações Não-Ionizantes; Radiação não ionizante / 20% Vibrações; Vibrações / 20% Frio; Frio / 20% Umidade; Umidade / 20% Agentes Químicos cuja Insalubridade é Caracterizada por Limite de Tolerância Inspeção no Local de Trabalho; Agentes químicos com limite de tolerância / 10%, 20% ou 40% Limites de Tolerância para Poeiras Minerais; Poeiras minerais / 40% Agentes Químicos com avaliação qualitativa; Agentes químicos sem limite de tolerância / 10%, 20% ou 40% Benzeno; Benzeno / 40% Agentes Biológicos. Agentes biológicos / 20% ou 40% 11 UNIDADE Controle da Saúde do Trabalhador Exemplo: Umidade Suponhamos que um trabalhador seja exposto a trabalhados em locais úmidos, como, por exemplo, limpeza de esgoto. Para ser considerado como insalubre, con- forme explicado por MOARES (2014, p.42), a faixa de desconforto corresponde à temperatura de 22 a 26ºC e umidade relativa do ar entre 45 e 50%. Segundo a NR 15, no anexo nº 10 determina que as atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados são consideradas trabalhos insalu- bres, porém deve haver laudos de inspeção do local de trabalho. Sem esse laudo de inspeção no local de trabalho, não é possível atestar que determinado trabalhador tenha direito ao adicional de insalubridade. Conheça mais sobre a NR15 em: http://bit.ly/2KEricA Ex pl or Adicional de Insalubridade O adicional de insalubridade é uma remuneração adicional no salário do traba- lhador que trabalha exposto a um ambiente insalubre conforme determina a NR15. De maneira clara, o trabalhador que está exposto ao um agente de insalubri- dade relacionado na NR15 deverá receber uma porcentagem financeira a mais em seu salário. Atualmente, a base de cálculo do adicional de insalubridade é o salário mínimo. Esse adicional pode variar de acordo com o grau de insalubridade do ambiente. Veja abaixo: Tabela 2 Grau de insalubridade Porcentagem do benefício Cálculo do adicional de insalubridade* Mínimo Adicional de 10% R$ 998,00 x 10% = R$ 99,80 Médio Adicional de 20% R$ 998,00 x 20% = R$ 199,60 Máximo Adicional de 40% R$ 998,00 x 40% = R$ 399,20 *Salário mínimo fixado no ano de 2019 é de R$ 998,00 Nota: uma vez que seja extinta a insalubridade conforme NR15, o pagamento do adicional deverá ser cessado. 12 13 Figura 3 – Trabalhador exposto a agentes biológicos Fonte: Getty Images Importante! A insalubridade no ambiente de trabalho é caracterizada através de uma perícia técnica no local, que irá avaliar todo o ambiente de trabalho, além de todos os equipamentos de proteção individual e coletivo. Vale ressaltar que mesmo que o trabalhador receba o EPI, tal equipamento pode ser incapaz de neutralizar a insalubridade do ambiente e, por isso, o trabalhador fará jus ao adicional de insalubridade. Importante! Segundo Barsano (2014, p. 95) é importante salientar que as medidas de pro- teção individual, como os EPIs (capacetes, calç ados de segurança, óculos de pro- teção contra partículas volantes, luvas etc.), devem ser adotadas em ú ltimo caso após serem esgotadas todas as outras medidas de proteção e, mesmo assim, ainda persistir o risco acima dos limites toleráveis de segurança, colocando em perigo a integridade física e psíquica do trabalhador. Periculosidade e Adicional de Periculosidade – NR 16 O adicional de periculosidade é pago ao trabalhador quando este é exposto a situações de perigo. Segundo a NR16, o exercício de trabalho em condições de periculosidade asse- gura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento) incidente 13 UNIDADE Controle da Saúde do Trabalhador sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou partici- pação nos lucros da empresa. Figura 4 – Trabalhador com materiais perigosos utilizando EPI Fonte: Getty Images As atividades que caracterizam o risco para jus ao adicional de periculosidade são: • atividades e operações perigosas com inflamáveis; • atividades e operações perigosas com explosivos; • atividades e operações perigosas com energia elétrica; • atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substân- cias radioativas; • atividades e operações perigosas com exposição a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial; • atividades e operações perigosas em motocicleta. Ao contrário do adicional de insalubridade, o adicional de periculosidade não oferece o proporcional ao pagamento pela mensuração através de graus. O adicio- nal de periculosidade é de 30% calculado usando como base o salário mensal do trabalhador e não do salário mínimo. Exemplo: Se um trabalhador é contratado como segurança em um Shopping Center e recebe o salário mensal de R$ 3.500,00, o adicional de periculosidade será de R$ 1.050,00. R$ 3.500,00 × 30% = 1.050,00 (valor do adicional de periculosidade) 14 15 Algumas atividades laborais dão direito ao adicional de insalubridade e periculo- sidade, ou seja, ter direito ao pagamento do adicional de periculosidade não exclui o direito ao adicional de periculosidade. Figura 5 – Profi ssional de segurança patrimonial Fonte: Getty Images Exemplo de agentes nocivos que podem dar direito tanto ao adicional de pericu- losidade quanto ao adicional de insalubridade: Um trabalhador que tenha contato com radiações ionizantes quando manipula operações de Raio X (insalubridade) e que utiliza solventes (nocivo) com o depósito do material no mesmo local, estando exposto a risco de incêndio (periculosidade). O trabalhador terá então direito aos dois adicionais, tanto de insalubridade quanto o de periculosidade? Resposta: muito se discute na Justiça do Trabalho para termos uma resposta clara a esta pergunta. No entanto, o trabalhador não pode acumular atualmente os dois adicionais, ele terá que optar por um dos dois. Nesse caso, ele terá que literalmente fazer as contas de qual adicional é mais vantajoso para ele. Segundo a NR16 – o empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porven- tura lhe seja devido. Ex pl or Importante! Diferença básica entre adicional de insalubridade e adicional de periculosidade: • Adicional de insalubridade: compensação ao trabalhador aos possíveis danos causados à sua saúde pelo contato com agentes nocivos à saúde; • Adicional de periculosidade: compensação do trabalhador pelo risco iminente à vida pelo contato com o agente perigoso. Fator do adicionalé o risco. Você Sabia? Conheça mais sobre a NR16 em: http://bit.ly/2KIzXL4 Ex pl or 15 UNIDADE Controle da Saúde do Trabalhador Base Legal do Adicional de Insalubridade e do Adicional de Periculosidade A base legal para o recebimento do adicional de insalubridade e para o adicional de periculosidade está prevista no artigo 7º da Constituição Federal: “são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais o adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei”. Figura 6 – Legislação Fonte: Getty Images Já na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho): Art. 189: Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Art. 190: O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracteri- zação da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes. Parágrafo único. As normas referidas neste artigo incluirão medidas de proteção do organismo do trabalhador nas operações que produzem ae- rodispersoides tóxicos, irritantes, alérgicos ou incômodos. Art. 191: A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: I. com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho den- tro dos limites de tolerância; 16 17 II. com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Parágrafo único. Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, compro- vada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo. Art. 192: O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. Art. 193: São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I. inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II. roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissio- nais de segurança pessoal ou patrimonial. §1º – O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acrésci- mos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. §2º – O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. §3º – Serão descontados ou compensados do adicional outros da mes- ma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. Art. 194: O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de pe- riculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do Trabalho. Aposentadoria Especial Benefício concedido ao segurado que tenha trabalhado em condições prejudi- ciais à saúde ou à integridade física. Para ter direito à aposentadoria especial, o trabalhador deverá comprovar, além do tempo de trabalho, efetiva exposição aos 17 UNIDADE Controle da Saúde do Trabalhador agentes físicos, químicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo período exigido para a concessão do benefício (15, 20 ou 25 anos). Após cumprida a carência de 180 contribuições. Isso quer dizer que dependendo da situação, um trabalhador nessa condição po- derá se aposentar após 15 anos de contribuição. Ele pode se aposentar mais cedo, com menor tempo de trabalho. Figura 7 – Previdência Social / INSS Fonte: Wikimedia Commons Lei 8.213-91 – Art. 57: A aposentadoria especial será devida, uma vez que cumprida a carência exigida nesta Lei, ao trabalhador que tiver tra- balhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a in- tegridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte cinco) anos, conforme dispuser a lei. Para esse tipo de aposentadoria não há idade mínima para concessão, apenas a necessidade de comprovação da contribuição de 15, 20 ou 25 anos em exercício de atividades laborativas expostos de forma ininterrupta, não ocasional ou intermitente a agentes nocivos prejudiciais à saúde e integridade física. É importante que a empresa tenha conhecimento de funcionários nessa situa- ção, até porque a lei trabalhista e as convenções sindicais preveem estabilidade ao trabalhador que esteja prestes a se aposentar. Algumas convenções trabalham com o prazo de estabilidade de pré-aposentado- ria de 2 anos, outras de 4 anos, dependente de cada caso. Para essa aposentadoria, o trabalhador deverá fornecer entre outras documen- tos de praxe para o INSS, obrigatoriamente o PPP e o LTCAT. • PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário: Constitui-se em um documento histórico-laboral do trabalhador que reúne, entre outras informações, dados ad- 18 19 ministrativos, registros ambientais e resultados de monitoração biológica, duran- te todo o período em que este exerceu suas atividades na respectiva empresa; • LTCAT – Laudo Técnico das Condições do Ambiente do Trabalho: Tem como objetivo identificar a exposição a agentes físicos, químicos ou biológicos prejudiciais à saúde ou à integridade física do trabalhador. É necessário que seja realizada a verificação da situação fática de trabalho, in loco. Os dois documentos são obrigatórios para informar ao INSS se o trabalhador está exposto a algum risco ambiental que dá direito a aposentadoria especial. Será levado em consideração dos técnicos do INSS o fator de neutralização com o uso de EPI. ASO – Atestado de Saúde Ocupacional Atestado de Saúde Ocupacional ou ASO tr ata-se de um documento de caráter médico-avaliativo, em que se avalia e estabelece o estado de saúde do trabalhador, assim como se está apto a exercer determinado cargo ou função na empresa. É por meio do ASO que a empresa terá o conhecimento de como anda a saúde de seus trabalhadores. É possível diagnosticar as primeiras doenças relatadas e queixas dos trabalhadores e montar um quadro de diagnósticos. O Atestado de Saúde Ocupacional – ASO é regulamentado pela norma regula- mentadora nº 07 (Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO) do Ministério do Trabalho e Emprego. O ASO é parte integrante e indispensável no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, que tem como objetivo a promoção e preservação da saúde dos trabalhadores. A realização desse exame feita por um médico do trabalho e o ASO deve ser sempre emitido em duas vias – uma para a empresa e outra para o trabalhador. O custo do exame sempre deve ser pago pelo empregador e ele é obrigatório para todos os trabalhadores regidos pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. A NR-07 estabelece que o ASO deverá conter no mínimo: • nome completo do trabalhador, o número de registro de sua identidade e sua função; • os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência deles, na atividade do empregado, conforme instruções técnicas expedidas pela Secretaria de Se- gurança e Saúde no Trabalho-SSST; • indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador, in- cluindo os exames complementares e a data em que foram realizados; • o nome do médico coordenador, quando houver, com respectivo CRM; 19 UNIDADE Controle da Saúde do Trabalhador • definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador vai exercer,exerce ou exerceu; • nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato; • data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu número de inscrição no Conselho Regional de Medicina. A realização do ASO deve ser feita obrigatoriamente nos seguintes casos: • Admissão de um novo funcionário (antes do seu primeiro dia de trabalho); • Periódico: conforme estipulado no PCMSO da empresa; • Mudança de função; • Retorno ao trabalho. Exemplo: funcionário que esteve afastado pelo INSS, ou no retorno a licença de maternidade de uma funcionária; • Demissional: no mesmo dia da demissão do trabalhador ou dias seguintes a demissão (o mais rápido possível). Importante! Sempre que um funcionário estiver afastado pelo INSS, seja por motivo de doença ou aci- dente de trabalho, quando finalizar o período de afastamento e ele for liberado pelo INSS, ele deverá realizar o ASO antes de retornar as suas atividades. Exemplo: O funcionário Caio Lima esteve afastado por motivo de auxílio-doença pelo INSS até o dia 02/02/2019. No dia 03/02/2019 ele teve a alta médica de seu médico particular e liberação de retorno ao tra- balho pelo INSS. Ainda assim, ele deverá realizar o ASO – possivelmente no dia 04/02/2019 e uma vez estando apto para a função, ele poderá retornar as atividades laborais, em 05/02/2019. Esse é um procedimento correto que todas as empresas devem adotar. Trocando ideias... e-Social O e-Social é um Sistema de Escrituração Fiscal das Obrigações Fiscais, Previ- denciárias e Trabalhistas do Governo Federal que tem perfil de escrituração digital e todos os dados do trabalhador, incluindo de Segurança e Medicina. Esse sistema visa unificar os dados dos trabalhadores em um único site e visa a prestação de contas das empresas e comunicação de eventos ligados ao trabalhador de forma pontual. 20 21 Figura 8 – Abrangência do e-Social eSocial: O que é? O que significa o eSocial para a sua empresa: http://bit.ly/2KCA7Uk Ex pl or Para o quesito de Segurança e Medicina, no e-Social devem ser informados de forma pontual: • exames ocupacionais: admissionais, demissional, atestados médicos com afas- tamento acima de 3 dias, exame de retorno ao trabalho; • PPRA, PCMSO, EPIs e EPCs; • adicional de insalubridade; • aposentadoria especial; • adicional de periculosidade. 21 UNIDADE Controle da Saúde do Trabalhador Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Portal e-Social Site do e-Social que é já obrigatório para empresas. Nesse site é possível entender como o sistema funciona e toda a sua abrangência. http://bit.ly/2McpSJD Vídeos Quem tem direito a insalubridade – NR 15 https://youtu.be/K_8ZQVgCsX0 Ergonomia – Almanaque Saúde – Canal Futura https://youtu.be/iBdKdrA7BP8 Ligado em Saúde – Ergonomia https://youtu.be/86Rs-bAioJs Leitura Adicional de Periculosidade: Como Funciona, Cálculo & Lei [Guia 2019] Ponto Tel. Adicional de Periculosidade: Como Funciona, Cálculo & Lei [Guia 2019]. Por Aline Fernandes. http://bit.ly/2MeeNI2 Auxílio Doença: Quem Tem Direito e Como Controlar Atestados Médicos Ponto Tel. Auxílio Doença: Quem Tem Direito e Como Controlar Atestados Médicos. Por Nathalia Bellintani. http://bit.ly/2MfR1vc 22 23 Referências BARSANO, P. R; BARBOSA, R. P. Higiene e segurança do Trabalho. 1. ed. São Paulo: Erica, 2014. CARDELLA, B. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma aborda- gem holística. São Paulo: Atlas, 2010. CONSTITUIÇÃO Federal de 1988: em seu Capitulo II (Dos Direitos Sociais), art. 7º, incisos XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, dispõe, especificamente, sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores. MORAES, M. V. G. Doenças Ocupacionais. Agentes: físico, químico, biológico, ergonômico. 2. ed. São Paulo: Erica, 2014. GUIA TRABALHISTA. Norma Regulamentadora 15 – Atividades e Operações Insalubres. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr15. htm>. Acesso em: 18 jul. 2019. ________. Norma Regulamentadora 16 – Atividades e Operações Perigosas. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr16.htm>. Acesso em: 18 jul. 2019. 23