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Daniela Carvalho – Turma LVI AVALIAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA É uma análise clínica que tem a finalidade de mensurar o risco de complicações nos pacientes cirúrgicos. Após a identificação dos fatores de risco, adotam-se medidas para corrigir, controlar ou estabilizar esses fatores, reduzindo os eventos adversos no período perioperatório. Além disso, a avaliação pré-operatória permite dimensionar a relação risco/benefício do procedimento cirúrgico. A história e o exame físico são os meios mais efetivos para identificar os fatores de risco. A informação obtida durante a visita inicial, sobre a doença atual do paciente e os outros processos patológicos existentes, orienta a solicitação dos testes subsequentes A indicação seletiva de exames baseada na idade, no sexo, na presença ou ausência de doenças associadas e no tipo de operação é a mais adequada. Daniela Carvalho – Turma LVI FATORES DETERMINANTES DO RISCO CIRÚRGICO Fatores relacionados ao paciente • Idade o Nos extremos de idade estão os pacientes com maiores taxas de complicações. ▪ No recém-nascido o risco é maior principalmente pela sua labilidade no equilíbrio ácido-básico e na hidratação e pela suscetibilidade à infecção. ▪ No paciente idoso, por outro lado, pode envolver grande risco operatório, principalmente dos pontos de vista cardiorrespiratório, renal e endócrino, em conseqüência das comorbidades. • Sexo o Homem -> apresenta condições mais favoráveis à cirurgia, embora se afete mais psicologicamente quando fica doente que a mulher. o Mulher grávida -> o risco é maior, tendo em vista as alterações hormonais, físicas e psíquicas • Peso o As doenças de maior risco associadas com a obesidade são: perturbações do equilíbrio ácido- básico, hipertensão arterial, doença coronária, isquemia cerebral, diabete, câncer de cólon, colelitíase e alterações neuroendócrinas. Pacientes IMC > 30 estão mais predispostos a complicações no pós-operatório. Dentre elas, destaca-se infecção da ferida operatória, atelectasia pulmonar, insuficiência respiratória, fenômenos tromboembólicos e deiscência da incisão. • Estado nutricional o No paciente bem nutrido o risco cirúrgico é menor, porque seu organismo responde adequadamente às necessidades da cicatrização e do combate às infecções e às alterações hidroeletrolíticas. Entre os parâmetros existentes para avaliar o estado nutricional, os mais Daniela Carvalho – Turma LVI acessíveis são perda ponderai, redução da massa muscular, edema periférico e sinais específicos da deficiência de vitaminas e da baixa dosagem da albumina sérica. o A anemia predispõe aos defeitos da cicatrização e à infecção. Somente em condições excepcionais, de urgência, deve-se correr o risco de operar um paciente nessas condições. o A presença de icterícia, independentemente de sua origem, eleva o risco cirúrgico das complicações hematológicas, hepáticas ou renais. • Doenças cardiovasculares o Devem-se buscar ativa- mente os seguintes fatores de risco cardiovasculares: angina pectoris, dispnéia de esforço, insuficiência cardíaca direita ou esquerda, arritmia não sinusal, mais de cinco extrassístoles ventriculares por minuto, estenose aórtica com hipertrofia e regurgitação mitral, infarto do miocárdio prévio e hipertensão arterial.15 o O risco de infarto do miocárdio no intra-operatório e no pós-operatório é muito maior, cerca de 30 a 300 vezes, em pacientes com infarto prévio recente. • Doenças pulmonares o Testes de avaliação da função pulmonar são solicitados conforme informações obtidas na história de tabagismo, tosse produtiva e dispnéia de esforço, ou se no exame físico percebeu- se presença de roncos, sibilos, estertores, expansibilidade alterada e redução ou ausência de murmúrio vesicular. • Doenças renais o Os pacientes cirúrgicos são suscetíveis ao desenvolvimento de insuficiência renal. ▪ Existem algumas variáveis de alto risco para insuficiência renal perioperatória: idade, insuficiência renal crônica, diabete, cirurgia aórtica, cirurgia cardíaca e icterícia. o Cuidados para evitar insuficiência renal aguda (IRA): ▪ Manter volume plasmático adequado, fundamental para evitar hipovolemia. ▪ Evitar medicações nefrotóxicas e corrigir as doses dos antibióticos. ▪ Não usar diurético tipo manitol de rotina, que pode induzir a desbalanço de fluidos e hipotensão. ▪ Evitar hipotensão e diminuição do débito cardíaco. ▪ Evitar uso de contrastes endovenosos em exames de imagem ou invasivos (endovasculares, arteriografias); se for indispensável, deve-se usar hidratação eficiente e N-acetil cisteína como proteção renal. o Cuidados com pacientes com insuficiência renal crônica: ▪ Evitar medicações nefrotóxicas e corrigir as doses dos antibióticos. ▪ Não usar diurético tipo manitol de rotina, que pode induzir a desbalanço de fluidos e hipotensão. ▪ Realizar, em pacientes dialíticos, diálises 12 a 24horas antes da cirurgia, a fim de minimizar complicações. ▪ Prevenir sobrecarga hídrica e controlar hipercalemia. • Doenças do sistema endócrino o Os fatores de risco relacionados ao sistema endócrino incluem hiper ou hipotireoidismo, diabete melito, feocromocitoma, insuficiência adrenal e corticoidoterapia nos últimos seis meses. Essas complicações devem ser corrigidas ou estabilizadas antes da cirurgia. • Doenças da coagulação o É essencial o diagnóstico no pré-operatório das condições que elevam o risco de hemorragia nas cirurgias. ▪ Preveem-se anormalidades de coagulação ao perguntar se há história familiar ou pessoal de episódios de sangra- mentos não usuais, como epistaxe freqüente, equimose, hematomas, sangramento gengival, demora para estancar o sangramento nos ferimentos e cirurgia anterior com sangramento excessivo. ▪ Os achados de exame físico que corroboram para alteração da coagulação incluem petéquias, púrpuras ou esplenomegalia. História de trombose venosa no passado, Daniela Carvalho – Turma LVI varizes de membros inferiores, policitemia e doença pulmonar crônica são informações que sugerem risco elevado de trombose no pós-operatório. • Infecção o A presença de infecção, em particular a respiratória e a urinária, deve ser identificada no pré- operatória. o Na cirurgia de urgência, muitas vezes a infecção é a indicação do tratamento cirúrgico; nesses casos, o pro- cedimento deve ser realizado o mais breve possível, após preparo adequado e rápido cio paciente, associado ao tratamento com antimicrobianos. • Medicações o As medicações utilizadas pelo paciente devem ser listadas e as alergias, anotadas no prontuário. Fatores relacionados à doença que deu origem à indicação cirúrgica Fatores atribuídos à equipe cirúrgica Fatores atribuídos à anestesia • O controle sistemático das funções vitais eleve ser rigoroso e contínuo durante todo ato anestésico e na recuperação pós-anestésica. • Todo paciente deve ser submetido à avaliação pré- anestésica, procedimento com o qual o anestesiologista se informa sobre o estado clínico do doente e planeja a anestesia mais segura e apropriada. Fatores relacionados ao centro cirúrgico AVALIAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO De maneira geral, os instrumentos utilizados para a avaliação de risco contêm variáveis fisiológicas, doenças associadas e características cio procedimento cirúrgico. Fatores de risco anestésico – Classificação ASA Daniela Carvalho – Turma LVI Avaliação do risco de complicação cardíaca conforme o tempo de cirurgia Avaliação do risco de infecção no local da cirurgia O sistema National Nosocomial infections Surveillance (NNIS), o qual usa elementos da NAS, da classificação ASA e a duração do procedimento. É atribuído um ponto para cada fator de risco presente. O risco encontra-se aumentado nos pacientes com ASA maior que 2 e em cirurgia com duração maior que duas horas ou em cirurgia contaminada ou infectada. Os procedimentos sãoclassificados conforme a somatória dos fatores de risco presentes e variam de O a 3, estimando-se o risco de infecção. Daniela Carvalho – Turma LVI Daniela Carvalho – Turma LVI Fatores de risco da trombose venosa profunda Daniela Carvalho – Turma LVI Avaliação nutricional • IMC o Baixo peso: < 18,5 o Normal: 18,5-24,9 o Pré-obeso: 25-29,9 o Obeso classe I: 30-34,9 o Obeso classe lI: 35-39,9 o Obeso classe llI: ~ 40 • Índice de risco nutricional (IRN) o Baseado na albumina sérica e na magnitude da perda de peso, tem sido usado para graduação da desnutrição e como controle em estudos de avaliação do suporte nutricional. o IRN = [(l,519 X albumina g/L) + 0,417] + [(peso atual/peso usual) X 100] ▪ Desnutrição leve: > 97,5 ▪ Desnutrição moderada: 83,5 a 97,5 ▪ Desnutrição grave: <83,5 • Índice nutricional prognóstico (INP) o Índice que deve ser empregado em situações especiais. o A meta da avaliação nutricional é identificar pacientes em risco de morbidade ou mortalidade por desnutrição. o Identifica-se a população de pacientes com morbidade e mortalidade aumentadas utilizando albumina, transferrina, prega cutânea do tríceps e hipersensibilidade cutânea tardia. Um modelo matemático foi utilizado para melhorar o valor preditivo: ▪ INP (%) = 158 - 16,6 (albumina) - 0,78 (prega cutânea do tríceps) - 0,2 (transferrina) - 5,8 (prova cutânea*). Avaliação da gravidade do paciente com base na condição fisiológica – APACHE II • Foi desenvolvido por profissionais de terapia intensiva para estimar a sobrevida de seus pacientes. O sistema APACHE Il utiliza parâmetros laboratoriais, como hematócrito, e fisiológicos, como pressão arterial em conjunto com idade e insuficiência sistêmica crônica, para predizer a sobrevida de pacientes graves. Daniela Carvalho – Turma LVI Classificação das cirurgias quanto ao risco operatório. Fonte – resumo baseado em: Clínica Cirurgica – USP (volume 1). Editora Manole. 2008.
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