Buscar

GABARITO A4 HISTÓRIA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Considere a definição de um dos mais importantes conceitos das ciências humanas e sociais, a noção de cultura, presente na obra Cultura, um conceito antropológico, de Roque de Barros Laraia (2001). Agora, analise as afirmações a seguir. 
 
I. A cultura, um fenômeno humano, está presente nas mais diferentes sociedades no tempo e no espaço. É impossível para os demais seres vivos animais desenvolver a faculdade de simbolizar e transmitir esses símbolos com a mesma complexidade e diversidade com que o fazem os diferentes seres humanos.
II. A cultura é um fenômeno variado nas diversas sociedades humanas, daí sua principal característica: sua diversidade. Seu grau de originalidade e de síntese, com sua consequente pluralidade, depende da forma como foi elaborada e recriada, ao longo do tempo e do espaço, em diferentes sociedades, naquilo que chamamos de ação do homem em transformar a natureza (ação antrópica).
III. A cultura é um fenômeno que varia conforme o favorecimento de características biológicas e geográficas, que determinam, por assim dizer, diferentes sociedades e etnias. Desse modo, a diversidade cultural e a existência de culturas superiores e inferiores dependem da maior capacidade de simbolizar e internalizar o meio ambiente por meio da capacidade criadora da espécie humana.
IV. A cultura, mesmo sendo universal, manifesta-se em cada sociedade de maneira particular, sendo constituída por sistemas simbólicos que variam. Todavia, esse sistema simbólico universal – e, em sua manifestação, diverso –ocorre em um ser vivo dotado de unidade biológica, o gênero homo sapiens sapiens. Por isso, ao nascer, todo ser humano está biologicamente apto para ser socializado em qualquer cultura humana, não importando se o seu processo de socialização tenha sido iniciado em uma sociedade ameríndia, africana ou no Ocidente.
 
Estão corretas:
	Resposta Selecionada:
	 
I, II e IV.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta:  a cultura é um elemento universal; portanto, inerente a todo grupo humano e se manifesta de forma particular nos sujeitos e grupos nos quais circulam. São sistemas simbólicos arbitrários que condicionam nossa forma de perceber o mundo ao nosso redor, o que acontece devido à aprendizagem nesses mesmos sistemas de valores nos quais crescemos e do qual somos indissociáveis. Os fenômenos culturais se manifestam em um ser dotado de unicidade física e biológica, embora apresente características genéticas e fenótipos distintas. Sendo assim, não há fenômeno humano que não seja permeado por tais símbolos, ou sujeitos que se tornem humanos sem sua inserção nessa enorme e complexa cadeia de significados. Esses fenômenos são ainda variáveis, pois dependem de condições materiais concretas para a sua urgência, e se dão pela forma como transformamos a natureza a partir de nossos valores e trabalho.
	
· Pergunta 2
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir. 
“São esses canibais que conhecerão com Montaigne uma consagração duradoura. Tornam-se a má-consciência da civilização, seus juízes morais, a prova de que existe uma sociedade igualitária, fraterna, em que o Meu não se distingue do Teu, ignorante do lucro e do entesouramento, em suma, a da Idade de Ouro. Suas guerras incessantes, não movidas pelo lucro ou pela conquista territorial, são nobres e generosas.” (CUNHA, 1990, p. 100)
 
CUNHA, M. C. da. Imagens de índios do Brasil: o século XVI. Estudos Avançados, São Paulo, v. 4, n. 10, dez. 1990.
 
O trecho, escrito pela antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, refere-se ao impacto que os rituais antropofágicos, praticados por povos indígenas contatados por europeus no século XVI, tiveram sobre seu imaginário, em especial, sobre o filósofo Michel de Montaigne (1533-1592), que, em sua obra Ensaios, escreveu um capítulo inteiro a respeito dessas populações, “Dos canibais”. Os indígenas que impactaram Montaigne foram os:
	Resposta Selecionada:
	 
tupinambás da costa, que capturavam seus inimigos em combate e os levavam para suas aldeias, onde, após um período, o sacrificavam ritualmente, objetivando vingar seus ancestrais mortos, alguns talvez até devorados ritualmente, e ascender religiosamente em sua ética guerreira.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: os antigos povos indígenas tupis, os tupis da costa, genericamente chamados de tupinambás pelos cronistas e viajantes do século XVI, eram as populações antropófagas que semearam o imaginário europeu após os primeiros contatos. Tais populações e seu complexo religioso-guerreiro foram fartamente descritas pelos primeiros europeus, a maioria franceses e portugueses, que tiveram a oportunidade de viver entre essas populações e acompanhar seu cotidiano.
	
	
	
	
· Pergunta 3
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia a seguir duas afirmações do Barão de Montesquieu (1689-1755) a respeito da escravidão, extraídas de seu livro O espírito das leis:
 
“[...] A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem ao senhor, nem ao escravo: a este porque nada pode fazer por virtude; àquele, porque contrai com seus escravos toda sorte de maus hábitos e se acostuma insensivelmente a faltar contra todas as virtudes morais: torna-se orgulhoso, brusco, duro, colérico, voluptuoso, cruel.”
 
“[...] Se eu tivesse que defender o direito que tivemos de tornar escravos os negros, eis o que eu diria: tendo os povos da Europa exterminado os da América, tiveram que escravizar os da África para utilizá-los para abrir tantas terras. O açúcar seria muito caro se não fizéssemos que escravos cultivassem a planta que o produz.” (MONTESQUIEU, 1997)
 
MONTESQUIEU. O espírito das leis. São Paulo: Nova Cultural, 1997.
 
Agora, analise as afirmações a seguir.
 
I. A despeito de um amplo e poderoso fundamento moral e ético, alguns valores são desconsiderados em razão da influência e do poder econômico, relativizando as experiências humanas que desqualifica ao mesmo tempo que explora.
II. O convívio com os europeus foi positivo tanto para as populações indígenas quanto para os segmentos afrodiaspóricos. Esse relacionamento atualizou suas civilizações na história da humanidade, tornando-as parte significativa dos principais eventos da principal civilização do globo, a europeia, e seu esforço de propagar os valores humanos por todo o planeta.
III. A escravidão indígena, amplamente praticada entre os séculos XVI e XVIII, e a africana, comum a todo o período colonial e no Império, eram indefensáveis do ponto de vista filosófico, restando argumentos econômicos para sua relativização e aceitação, mesmo no alvorecer do século das luzes.
IV. Os desígnios econômicos das nações surgidas do colonialismo, tanto na Europa como nas Américas, a partir do fim do século XVIII e no XIX, justificavam a contínua servidão de descendentes das populações ameríndias e a escravidão de africanos e seus descendentes, abrindo amplas possibilidades para uma cruel exploração do homem por seu semelhante.
V. O preconceito e o racismo contra membros de coletividades indígenas ou descendentes afrodiaspóricos foi controlada, até os nossos dias, pela moral religiosa e pelas discussões filosóficas, em especial aquelas do Iluminismo sobre a natureza de todos os seres humanos, independentemente se estes nasceram sob o jugo da escravidão ou vivenciarem sua “liberdade natural”.
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
I, III e IV.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: independentemente dos valores que surgiram com o Iluminismo, os quais, com as revoluções burguesas, seriam a base jurídica das novas nações do Ocidente, os fundamentos morais e éticos eram reconhecidamente escamoteados diante das prerrogativas econômicas, o que terminava por justificar a servidão e a tutela indígenas e a contínua escravidão africana e de seus descendentes.
	
	
	
	
· Pergunta 4
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Em pleno século XXI, a despeito dos instrumentos jurídicos que defendem a dignidade da pessoa e os direitos humanos, encontramos descriçõesde genocídio e etnocídio indígenas. Muitos índios perdem suas terras e ainda são submetidos a condições análogas à escravidão. Além desse processo, estrutural e histórico, inerente à construção da sociedade brasileira, encontramos outras situações de extrema vulnerabilidade de enormes contingentes de nossa população.
 
Tendo como base seus conhecimentos e nossas discussões, analise as afirmações a seguir.
 
I. O processo de extermínio físico (genocídio) e cultural (etnocídio) foram e continuam sendo parte constituinte da relação entre “brancos” e povos indígenas brasileiros, como podemos observar em inúmeros casos, como o massacre de yanomami, tikuna e, mais recentemente, de guaranis e kaiowás.
II. O trabalho compulsório, análogo à escravidão, está situado exclusivamente no setor primário da economia brasileira, na área do extrativismo vegetal, e plenamente integrado à economia capitalista.
III. Devido às relações de conflito no espaço rural brasileiro (à questão agrária em particular), os seguintes povos e setores são diretamente atingidos: indígenas, quilombolas, posseiros, povos da floresta, fazendeiros, grileiros, pecuaristas, multinacionais e governo. Em muitos casos, as populações indígenas estão em campo oposto a movimentos sociais de luta pela terra, grileiros, posseiros etc. Essa situação deixa nítido o drama humano presente na chamada questão agrária.
IV. O trabalho escravo contemporâneo está presente em todo o território nacional, e não apenas no interior brasileiro. Além da escravidão por dívidas ou peonagem, temos a escravidão de imigrantes sul-americanos e asiáticos na indústria têxtil, o rapto de mulheres e jovens para a indústria do sexo – nacional e internacional – e até de operários na construção civil em várias regiões metropolitanas brasileiras.
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
I, III e IV.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: o processo de extermínio físico e cultural de coletivos indígenas brasileiros, no século XX e na atualidade, geralmente é a conclusão de processos de brutal exploração de seu trabalho, como podemos verificar no uso da mão de obra indígena em fazendas e outros empreendimentos das frentes de expansão do capitalismo brasileiro. Além das populações indígenas, há outros atores sociais atingidos pela chamada “questão fundiária brasileira”, tema sensível, que muitas vezes coloca em campos opostos diferentes segmentos de movimentos sociais brasileiros. O trabalho compulsório e outras formas de exploração do trabalho análogas à escravidão se dão em todo o território nacional e em vários segmentos, desde peonagem e escravidão por dívidas no interior a canteiros de obras e tecelagens nas grandes metrópoles brasileiras, vitimando trabalhadores vulneráveis e suas famílias.
	
	
	
	
· Pergunta 5
· 0 em 1 pontos
	
	
	
	Em 1906, há a criação do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, o MAIC. Naquela época, foi idealizada a criação de um serviço, dentro desse ministério, que contemplasse a temática dos autóctones ou silvícolas, como eram chamadas as populações indígenas naquele momento. O objetivo era retirar de agentes privados e das missões religiosas a prerrogativa do contato, assimilação e gestão dessas populações pelo Estado nacional. Diante das discussões a respeito das possibilidades de assimilação e civilização dos indígenas, surgiu uma figura paradigmática na história do indigenismo oficial brasileiro, o Marechal Cândido Rondon. O órgão criado e a ação indigenista naquele momento foram definidos como:
	Resposta Selecionada:
	 
Serviço de Proteção ao Índio (SPI), atual Funai, que objetivava a pacificação dos “índios bravos” e sua miscigenação com outras populações indígenas já aculturadas e suficientemente assimiladas que viviam junto à civilização.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta incorreta: embora houvesse inúmeras tendências de que o indígena fosse utilizado como “guardiães” das fronteiras nacionais, nenhum desses projetos foi realizado, pois se pensava que por meio do trabalho – em especial, o agrícola – fosse possível a progressiva incorporação do indígena na sociedade, em um processo que o faria abandonar seus hábitos selvagens e tribais por meio da valorização de seu trabalho. Naquele momento, não havia a percepção de que as populações indígenas compusessem uma experiência civilizacional humana distinta daquela observada no Ocidente e nas regiões que o europeu colonizou, tampouco que essas populações deveriam ser protegidas e, ao mesmo tempo, deixadas em territórios onde pudessem perpetuar seu antigo modo de vida, sua língua – enfim, sua cultura –, uma vez que havia a nítida ideia de que esses costumes seriam inferiores aos da sociedade brasileira.
	
	
	
	
· Pergunta 6
· 0 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, que retrata a presença francesa nos primórdios da colonização do Brasil:
 
“Os franceses – traficantes de especiarias e negociantes de pau-brasil – percorreram desde os primeiros tempos o litoral da América portuguesa. Expedições anteriores haviam deixado alguns homens, conhecidos por truchements, ou seja, intérpretes, entre os indígenas, com os quais faziam alianças, servindo de intermediários para o negócio das especiarias. A expedição de Villegagnon tinha projetos mais duradouros, embora possa ser inserida no mesmo movimento de disputa pelo comércio ultramarino. Eram cerca de 600 colonos, entre mercenários e aventureiros. Entre eles, encontrava-se um ministro católico, André Thevet, que mais tarde escreveria um dos relatos sobre aquela experiência.” (BICALHO, 2008, p. 32)
 
BICALHO, M. F. B. A França Antártica, o corso, a conquista e a “peçonha luterana”. Revista História, São Paulo, v. 27, n. 1, 2008.
 
Nos primeiros anos da presença europeia na América do Sul, naquilo que seria o Brasil, portugueses e franceses travaram uma acirrada disputa pelos territórios sul-americanos (inicialmente, no Rio de Janeiro; depois, no Maranhão). Esse embate alterou o perfil de contato de portugueses com os nativos. A respeito desse conflito entre diferentes potências colonialistas, assinale a alternativa correta.
	Resposta Selecionada:
	 
A colonização francesa da chamada França Antártica só foi possível com o apoio de populações indígenas inimigas dos portugueses. Todavia, devido a conflitos internos, houve um processo de contínuo desmantelamento da colônia e a perda dos importantes aliados indígenas.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta incorreta: aconteceram inúmeras tentativas de estabelecimento de colônias francesas na América do Sul. A primeira, na Baía de Guanabara, foi chamada de França Antártica, enquanto a outra, na atual cidade de São Luís, Maranhão, era conhecida como França Equinocial. Franceses comercializavam com nativos de origem tupi, em especial os tupinambás, com os quais tinham estabelecido uma forte aliança, mas foram derrotados e expulsos pelo acordo luso-tupiniquim, o que determinou a ocupação efetiva desse território como colônia portuguesa nas décadas seguintes.
	
	
	
	
· Pergunta 7
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Veja a imagem e leia o texto a seguir.
 
Fonte: celio messias silva, Shutterstock, 2021.
 
“[...] a identidade indígena entre os povos da região é marcada por rituais específicos, como as festas do Toré (dos Tuxá) e o Uricuri (dos Fulniô), nos quais é proibida a presença de não índios, como marca da fronteira identitária étnica. Neste sentido, a identidade indígena, negada e escondida historicamente como estratégia de sobrevivência, é atualmente reafirmada e muitas vezes recriada por esses povos.” (LUCIANO, 2006, p. 43)
 
LUCIANO, G. dos S. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: MEC/Secad/Laced/Museu Nacional, 2006. (Coleção Educação para Todos).
 
Tendo como base nossas discussões e o trecho destacado, assinale a alternativa correta em relação ao fenômeno dos índios “ressurgidos” ou resistentes, a etnogênese.
	Resposta Selecionada:A história das populações indígenas ressurgentes ou resistentes é a história do resgate dos valores ancestrais dessas populações por meio do fenômeno antropológico da etnogênese. Esse fenômeno é discutido nas pesquisas antropológicas nacionais a respeito de coletivos indígenas do nordeste brasileiro, que são indistintos do ponto de vista material das populações circunvizinhas, mas guardam a memória coletiva dos ancestrais por meio da retomada de sua etnicidade.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: as pesquisas com relação às populações indígenas ressurgentes fazem parte de um cenário antropológico relativamente novo no país, dada as dificuldades de se levar a cabo etnografias a respeito de marcos identitários diferenciais em populações que, do ponto de vista de sua sobrevivência ou dos elementos materiais de sua existência, pouco se diferenciam dos “não índios”, principalmente as populações de posseiros e pequenos agricultores localizados no agreste e sertão nordestinos. Seu processo de reconstrução de sua identidade étnica e os conflitos com os poderes locais e autoridades do Estado, que lhe negam sua identidade indígena, são marcos de suas lutas, tanto pela retomada de suas terras ancestrais como por marcos identitários próprios, reforçando sua identidade indígena.
	
	
	
	
· Pergunta 8
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir.
“[...] Entre os Guarani-mbya foi possível observar que a relação que estabelecem entre ambiente e espaço está intimamente ligada a categorias e conceitos específicos implicados com uma dinâmica de controle social e apreensão territorial que extrapola os limites físicos das aldeias e mesmo de um complexo regional geográfico. Pesquisas localizadas em algumas aldeias ou regiões, abrangendo aspectos econômicos, fundiários e culturais relativos aos grupos locais Guarani, têm sido produzidas. Mas, para verificar como os Guarani, enquanto sociedade, operam suas concepções geográficas e espaciais, é preciso observar como eles pensam e exercem sua ocupação em áreas e circunstâncias diversas. Especialmente no caso dos Guaranimbya, porque os grupos familiares que vão se compondo vão agregando pessoas de regiões, de origens e de vivências diversas, as quais ampliam suas reflexões a partir das condições locais de existência. Portanto, foram realizados levantamentos em aldeias e regiões de aspectos relativos ao meio físico e social diversificados, a fim de observar como as comunidades compõem seu espaço e se constituem em tekoa (aldeias) – lugar onde podem realizar seu modo de ser. (LADEIRA, 2008, p. 24)
 
LADEIRA, M. I. Espaço geográfico guarani-mbyá: significado, constituição e uso. São Paulo: Eduem/Edusp, 2008.
 
Tendo como base seus conhecimentos e nossas discussões, assinale a alternativa correta em relação aos coletivos guarani Ñandeva e Mbyá, localizados no litoral paulista, no Parque do Jaraguá e na Zona Sul do município de São Paulo.
 
I. Não há nenhuma ligação mística-cosmogônica entre os guaranis do litoral de São Paulo e os remanescentes da Mata Atlântica e da Serra do Mar, sendo que tais populações ali se encontram por força de aldeamentos que ocorreram sob a supervisão de autoridades civis e eclesiásticas desde os tempos coloniais.
II. As populações ou coletivos guaranis são “índios estrangeiros”, oriundos das nações vizinhas, que objetivam ganhos materiais dada a legislação indígena brasileira, a mais avançada da região.
III.  No litoral paulista e em outras regiões onde há tekoás ou tekoha guarani, há uma íntima ligação entre os seres humanos, os territórios sagrados e sua incessante busca pela Terra sem males.
IV.  Há uma relação profunda entre as matas remanescentes da Mata Atlântica, a Serra do Mar e o litoral paulista, onde os guaranis buscam exercer seu nhandereko
ou modo de vida.
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
III e IV.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: Yvy marãey, a Terra sem males, é um tema recorrente na cosmovisão guarani. Essa ideia promove parte significativa dos movimentos populacionais e o estabelecimento de comunidades desde o fim do século XIX no litoral paulista, onde a Serra do Mar e a floresta litorânea remanescente, a Mata Atlântica, compõem parte importantíssima de sua relação sagrada com os ancestrais e a vida na Terra.
	
	
	
	
· Pergunta 9
· 0 em 1 pontos
	
	
	
	No início do século XIX, o naturalista e médico alemão Carl von Martius (1794-1868) viajava pelo Brasil recém-independente. Em suas viagens, ele observou a fauna e a flora brasileiras e, como era de costume naquele século, realizou observações sobre das populações indígenas com as quais se deparou. Refletindo a respeito o homem americano original, von Martius afirmara:
 
Permanecendo em grau inferior de humanidade, moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera, nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo [...]. Esse estranho e inexplicável estado do indígena americano, até o presente, tem feito fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um cidadão satisfeito e feliz. (VON MARTIUS, 1982, p. 20)
 
MARTIUS, C. von. O estado do direito entre os autóctones do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1982.
 
Com base na reflexão de von Martius a respeito das populações indígenas brasileiras no século XIX, é correto afirmar que o médico:
	Resposta Selecionada:
	 
defendia uma posição tutelar e progressista em relação aos povos indígenas, com a defesa, assim como José Bonifácio, de sua progressiva inclusão no mundo europeu e civilizado por meio de sua plena assimilação.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta incorreta: von Martius não acreditava na continuidade do extermínio físico por parte dos “civilizados”; todavia, entendia que seria inexorável a franca diminuição das populações indígenas, dada sua simplicidade diante do avanço da civilização, cujo sinônimo entendia como a experiência europeia. Desse modo, para além de sua extinção, Martius compreendia a dificuldade de determinar as origens dos homens americanos, assim como a possibilidade de assimilar um maior número possível de indígenas na sociedade mais ampla, dada a dificuldade inata de essas populações se relacionarem com um mundo que viam como mais desenvolvido.
	
	
	
	
· Pergunta 10
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia os diferentes depoimentos, cujas fontes foram omitidas propositadamente. Os testemunhos tratam da questão fundiária, seguidos de artigos da Constituição da República Federativa do Brasil (1988).
 
Depoimento 1 – proprietário de uma fazenda em Mato Grosso do Sul
A minha propriedade foi conseguida com muito sacrifício pelos meus antepassados. Não admito invasão. Essa gente não sabe de nada. Estão sendo manipulados pelos comunistas. Minha resposta será à bala. Esse povo tem que saber que a Constituição do Brasil garante a propriedade privada. Além disso, se esse governo quiser as minhas terras para a reforma agrária, terá que pagar, em dinheiro, o valor que eu quero.
 
Depoimento 2 – integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Sempre lutei muito. Minha família veio para a cidade porque fui despedido quando as máquinas chegaram lá na usina. Seu moço, acontece que eu sou um homem da terra. Olho pro céu, sei quando é tempo de plantar e de colher. Na cidade não fico mais. Eu quero um pedaço de terra, custe o que custar. Hoje eu sei que não sou sozinho. Aprendi que a terra tem um valor social. Ela é feita para produzir alimento. O que o homem come vem da terra. O que é duro é ver que aqueles que possuem muita terra e não dependem dela para sobreviver pouco se preocupam em produzir nela.
 
Depoimento 3 – professor indígena kaiowá
O que a gente sente é tristeza – me dizia [...] um professor indígena do tekoha Guaivyry. – Vocês chegaram aqui em cima dessa terra, dessa nossa casa, a gente chama tekoha
porque quer ver ela demarcada. Ñande ypy tekoha [“nossaterra original”], ñanderamoi ñoñotyhague
[“o lugar onde foram enterrados nossos antepassados”]. Cemitério é sinônimo de tekoha porque para o Kaiowá a morte tem significado! O branco não entende, essa é a essência do humano. A gente precisa da terra pra cuidar da morte, precisa lembrar do parente.
 
Art. 184 – Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
 
Art. 231 – São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
 
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 13 jan. 2021.
 
Em disputa de terras, em Mato Grosso do Sul (MS), três depoimentos foram destacados: o de um fazendeiro, o de um integrante de do MST e o de um professor indígena do coletivo kaiowá. A partir da leitura dos testemunhos e dos artigos da Constituição Federal, julgue os itens a seguir.
 
I. A Constituição do país garante o direito à propriedade privada. Portanto, invadir terras e ocupá-las sem a devida observação desse preceito constitucional é crime, ferindo o direito de possuir propriedades e nelas empreender como assim o desejar.
II. O MST é um movimento controlado por partidos políticos de esquerda cujo objetivo é a desestabilização do governo pela invasão de terras, em especial aquelas que contribuem, decididamente, pelo desenvolvimento econômico do país.
III. As terras são fruto do árduo trabalho das famílias que a possuem, sendo passadas exclusivamente de geração para geração, principalmente aquelas que atendem à noção de função social da propriedade.
IV. A intensa mecanização do campo, visando ao abastecimento dos mercados internacionais e o nacional, torna possível que um proprietário rural venha a se tornar um empresário do agronegócio, importante segmento econômico brasileiro e líder nas exportações.
V. Para as populações indígenas, a terra não é algo que pode ser “possuído”, sendo um bem intransferível, completamente fora da lógica mercantilista Ocidental. Ela tem atributos sagrados e compõe parte da cosmologia que liga os vivos aos deuses e ancestrais. Nesse sentido, falar em propriedade, mesmo que voltada à subsistência de famílias camponesas, podendo vir a ser transferida em um documento de compra e venda, é uma noção estranha ao universo coletivista de várias etnias indígenas.
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
I, IV e V.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: a Constituição garante a propriedade privada das terras, que podem ser compradas, vendidas ou atender a qualquer desígnio de seu proprietário dentro do quadro jurídico estabelecido em lei. Dessa forma, mesmo tendo a salvaguarda constitucional e a proteção enquanto bem individual, a terra também atende a interesses sociais estabelecidos pelos mesmos princípios constitucionais, ocorrendo aqui uma “colisão de diferentes direitos”: um de ordem individual, privada, e outro de ordem social e política do uso da terra. A intensa mecanização do campo, aliada à concentração de terras e ao histórico fundiário brasileiro, tem possibilitado o surgimento e a expansão do agronegócio em um ritmo extremamente intenso, o que faz com que esses produtores rurais desejem também expandir suas atividades econômicas. Geralmente, eles investem na aquisição de novas terras, seja com meios lícitos ou não, como podemos observar no fenômeno da grilagem, na violência no campo e na invasão de terras indígenas. Para os coletivos indígenas, mesmo que a terra esteja ligada a atividades econômicas que não se prestem unicamente à subsistência de toda a aldeia, a terra é um bem de ordem sagrada, não podendo ser vendida, trocada ou doada, pois é o coletivo que usufrui dos bens produzidos a partir do trabalho em um dado território. Desse modo, tanto a lógica empresarial do grande negócio, do latifúndio ou mesmo de pequenos produtores rurais é alienígena à concepção de usufruto da terra e de sua territorialidade.

Continue navegando