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1 Rebeca Ferreira Moreira ANESTÉSICOS LOCAIS (MALAMED 6°ED) NEUROFISIOLOGIA: ▪ Conceito: Anestesia local foi definida como perda de sensação em uma aérea circunscrita do corpo causada pela depressão da excitação nas terminações nervosas ou pela inibição do processo de condução nos nervos periféricos ▪ Indução da perda de sensibilidade sem perda de consciência ▪ Métodos para indução da anestesia local: trauma mecânico (compressão dos tecidos), baixa temperatura, anóxia, irritantes químicos, agentes neurolíticos como os anestésicos locais ▪ Estado transitório e totalmente reversível PROPRIEDADES MAIS DESEJAVÉIS EM UM ANESTÉSICO 1. Não deve ser irritante para o tecido no qual for aplicado 2. Não deve causar qualquer alteração permanente na estrutura dos nervos 3. Sua toxicidade sistêmica deve ser baixa 4. Deve ser eficaz, independentemente de ser infiltrado no tecido ou localmente nas membranas mucosas 5. O tempo de início deve ser o mais breve possível 6. A duração deve ser longa o suficiente para possibilitar que se complete o procedimento, porém nem tão longa que se exija uma recuperação prologada 7. Deve ter potência suficiente para proporcionar anestesia completa 8. Deve ser isento quanto a produção de reações alérgicas 9. Deve ser estável em solução e prontamente submetido a biotransformação no corpo 10. Deve ser estéril ou capaz de ser esterilizado sem deterioração 2 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Vários anestésicos locais injetáveis mais potentes (mepivacaína e procaína), demostram ser ineficaz quando aplicados de maneira tópica e para serem eficazes como os anestésicos tópicos, essas drogas devem ser aplicadas em concentrações que se mostram irritantes ao tecido local ▪ A diclonina, um anestésico tópico potente, não é administrado por injeção por causa de suas propriedades irritantes aos tecidos ▪ Por outro lado, tem a lidocaína e a tetraciclina são anestésicos eficazes quando administrados de maneira tópica ou injetável FUNDAMENTOS DA GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DO IMPLUSO: ▪ Os anestésicos locais estabelecem um bloqueio de via química entre a origem do impulso (incisão do bisturi nos tecidos moles) e o cérebro O NEURÔNIO ▪ O neurônio ou célula nervosa é a unidade estrutural do sistema nervoso ▪ É capaz de transmitir mensagens entre o SNC e todas as partes do corpo ▪ Dois tipos básicos: sensoriais (aferentes) e motores (eferente) e suas estruturas básicas difere drasticamente ▪ Os neurônios sensoriais, que são capazes de transmitir a sensação de dor e consistem em três partes principais ▪ O processo periférico, conhecido também como zina dendrítica, é o segmento mais distal do neurônio sensorial e é composto por uma arborização de terminações nervosas livres que faz sinapse com núcleos no SNC ▪ O axônio é uma estrutura fina, semelhante a um cabo que pode ser muito longa ▪ O corpo celular é a terceira parte do neurônio, na qual no nervo sensorial não está envolvido na transmissão de impulso nervoso, sendo sua função primária proporcionar suporte metabólico vital para o neurônio inteiro ▪ Os neurônios motores são estruturalmente diferentes, pois o seu corpo celular fica interposto entre o axônio e os dendritos. O corpo celular não é somete integrante da transmissão de impulsos, como também proporciona suporte metabólico para a célula 3 Rebeca Ferreira Moreira O AXÔNIO ▪ A fibra nervosa única, é um longo cilindro de citoplasma envolto por uma bainha fina ▪ O citoplasma, uma substância gelatinosa é separada dos líquidos extracelulares através de uma membrana nervosa contínua ▪ Em alguns nervos a própria membrana é coberta por uma camada isolante de mielina rica em lipídios ▪ Atualmente a excitabilidade e a condução nervosa são atribuíveis a alterações que se desenvolvem no interior da membrana. O corpo celular e o citoplasma não são essenciais para a condução nervosa, porém são importantes ▪ O suporte metabólico da membrana provavelmente é derivado do citoplasma ▪ A membrana possui duas camadas de lipídios (bicamada de fosfolípideos), proteínas e carboidratos. ▪ As proteínas são classificadas como proteínas de transporte (canais, transportadoras ou bombas) e como sítios receptores ▪ As proteínas canais são considerados poros contínuos permitindo o fluxo de (Na, K, Ca) ▪ É o movimento de íons que proporciona fonte de energia imediata para a condução nervosa ao longo do nervo ▪ Algumas fibras são cobertas por uma camada lipídica de mielina enroladas de forma espiral, na qual constituem na realidade formas especializadas de células de Schwann ▪ A camada mais externa de mielina consiste no citoplasma das células de Schwann e em seu núcleo ▪ Há constrições em intervalos regulares (a cada 0,5 a 3mm), essas constrições são os nódulos de Ranvier e formam um intervalo entre duas células de Schwann ▪ Nesses nódulos a membrana do nervo esta totalmente exposta ao meio extracelular ▪ As fibras nervosas não mielinizadas também estão circundadas por uma bainha de células de Schawann ▪ As propriedades isolantes da bainha de mielina possibilitam que o nervo mielinizado conduza impulso de maneira mais rápida que um nervo não mielinizado 4 Rebeca Ferreira Moreira FISIOLOGIA DOS NERVOS PERIFÉRICOS: ▪ Os impulsos (químicos, elétricos, mecânicos, térmicos) são potenciais de ação elétrico. ▪ Os potenciais de ação elétrico são despolarização transitória da membrana que decorre de um breve aumento na permeabilidade da membrana ao sódio (despolarização) e geralmente também de aumento tardio na permeabilidade ao potássio (repolarização) ▪ Uma vez aceso, o pavio queima constantemente ao longo de sua extensão, com um segmento que queima fornecendo energia necessária para acender o vizinho. A situação é a mesma na propagação de um impulso ao longo de um nervo 5 Rebeca Ferreira Moreira ELETROFISIOLOGIA DA CONDUÇÃO NERVOSA: ▪ Um nervo possui um potencial em repouso (-70 mV), sendo produzido por diferentes concentrações de íons em cada lado da membrana, o interior do nervo é negativo em relação ao exterior ▪ A despolarização ocorre quando o potencial de limiar ou potencial de descarga encontra-se +40 mV (despolarização rápida 6 Rebeca Ferreira Moreira ▪ A despolarização ocorre uma inversão do potencial elétrico, sendo que o interior do nervo agora é eletricamente positivo em relação ao exterior ▪ O processo de despolarização exige 1 milissegundos (ms) ▪ E repolarização leva 0,3 ms ELETROQUÍMICA DA CONDUÇÃO NERVOSA: ▪ A sequência anterior de eventos depende de dois fatores importantes: ✓ A concentração de eletrólitos do axoplasma (interior da célula nervosa) e líquidos extracelulares ✓ Permeabilidade da membrana nervosa aos íons sódio e potássio ▪ Estado de Repouso: ✓ A quantidade de sódio no meio extracelular é maior (Na+) ✓ E a quantidade de potássio no meio intracelular é maior (K+) ✓ Livre permeabilidade de cloreto (Cl -) ▪ Despolarização: ✓ Aumento na permeabilidade dos íons de sódio, causando a despolarização da membrana ✓ O sódio migra para dentro tanto a concentração do lado de fora é maior quanto o gradiente eletrostático de íons positivos atraídos pelo potencial intracelular negativo favorecem tal migração ✓ Isso é realizado por um alargamento transitório dos canais iônicos transmembrana ▪ Repolarização: ✓ O potencial de ação é encerrado pela extinção ou inativação do aumento de permeabilidade dos íons de sódio ✓ Em muitas células a permeabilidade dos íons de potássio aumenta levando a repolarização mais rápida da membrana e ao retorno de seu potencial de repouso ▪ O movimento de íons de sódio para o interior da célula e a saída de potássio o exterior da célula durante a repolarização são passivos, ouseja, não existe gasto de energia, porque cada íon se move ao longo de seu gradiente de concentração (mais alto-> mais baixo) ▪ Após o retorno do potencial de membrana ao seu nível original (-70mV) existe um pequeno excesso de sódio no interior da célula. Começa então um período metabólico no qual a transferência ativa de sódio ocorre por meio de uma bomba de sódio 7 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Há gasto de energia para transportar íons de sódio para fora da célula (ATP) ▪ Período refratário absoluto: Após a despolarização, ocorre inativação dos canais de sódio temporariamente a um estado que eles não conseguem abrir, voltando ao estado de repouso (normal) após algum tempo ▪ Evidencias indicam que os canais de sódio estão localizados na membrana externa, enquanto que os de sódio estão na membrana voltados para o lado interno DISEMINAÇÃO SO IMPULSO NERVOS NÃO MIELINIZADOS ▪ Uma fibra nervosa não mielinizada consiste em longo cilindro com uma membrana celular de resistência elétrica alta circundando uma região7 central de axoplasma condutora de baixa resistência, tudo isso sendo banhado em líquido extracelular de baixa resistência ▪ Com isso, produzem diminuição rápida na densidade da corrente em uma curta distância do segmento despolarizado ▪ A propagação de um impulso na fibra não mielinizada é lenta (fibras C é 1,2 m/s) NERVOS MIELINIZADOS ▪ Difere das fibras não mielinizadas por ter uma camada de material isolante que separa as cargas intra e extracelulares ▪ Quanto mais distanciadas as cargas, menor a corrente necessária para carregar a membrana ▪ Corresntes podem trafegar muito mais longe em nervos mielinizados ▪ Condução Saltatória: impulso em nervos mielinizados ocorre por meio de saltos de correntes de nodo a nodo ▪ Quanto maior for o diâmetro do axônio, maior é a bainha e consequentemente maior são os espaços entre os nodos de Ranvier, por causa desses fatores a condução saltatória é mais rápida em axônios mais espessos 8 Rebeca Ferreira Moreira MODO E LOCAL DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS: ▪ A membrana nervosa é o local onde os anestésicos realiza suas ações farmacológicas ▪ Os anestésicos locais agem dentro dos canais da membrana ▪ A teoria do receptor específico é amplamente sustentada ▪ Propõem que os anestésicos locais agem ligando-se a receptores específicos nos canais de sódio ▪ Estudos têm indicado que existe receptores específicos para os anestésicos locais no canal de sódio em sua superfície externa ou na superfície axoplásmica interna ▪ Assim que os anestésicos locais têm acesso aos receptores, a permeabilidade dos íons de sódio é diminuída ou eliminada e a condução nervosa é interrompida ▪ Parece que as drogas podem alterar a condução nervosa em pelo menos quatro locais no canal de sódio: ✓ Dentro do canal de sódio (aminas terciárias) ✓ Na superfície externa do canal de sódio (tetrodotoxina, saxitoxina) ✓ Em portões de ativação ou inativação (veneno de escorpião) ▪ A bainha de mielina isola o axônio elétrico e farmacologicamente. O único local onde os anestésicos locais têm acesso é nos nódulos de Ranvier, onde os canais de sódio se encontram em abundância ▪ As alterações iônicas que se desenvolvem durante a condução dos impulsos também se originam apenas nos nódulos ▪ Como um impulso pode saltar ou desviar de um ou dois nódulos bloqueados e continuar em sua trajetória, é necessário que pelo menos dois ou três nódulos imediatamente adjacente à solução anestésica sejam bloqueados para assegurar uma anestesia eficaz (8 a 10 mm comprimento) 9 Rebeca Ferreira Moreira Entrada do canal. A esquerda está um canal aberto, permeável a entrada para o íon sódio. O canal do centro está na configuração fechada de repouso; embora impermeável ao íon sódio, o canal permanece respondendo a voltagem. O canal a direita, embora em uma configuração aberta, está impermeável porque tem um cátion de anestésico local ligado ao sitio receptor no portão. Observe que o anestésico local entra no canal a partir do lado axoplasmico (inferior); o filtro do canal impossibilita a entrada direta através da boca externa. O anestésico local torna a membrana impermeável ao íon sódio e, portanto, nao excitável as correntes locais de ação. (Redesenhada de: de Jong RH: Local anesthetics, St Louis, 1994, Mosby.) FORMAS ATIVAS DE ANESTÉSICOS LOCAIS: FORMAS ATIVAS DE ANESTÉSICOS LOCAIS A, Anestesico local tipico. B, Tipo ester. C, Tipo amida. 10 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Em sua maioria os anestésicos locais injetáveis são aminas terciárias, com exceção da prilocaína e hexilcaína que são aminas secundárias ▪ A parte lipofílica é a maior porção da molécula ▪ Todos os anestésicos locais são anfipáticos, ou seja, possuem tanto características lipofílicas quanto hidrofílicas, geralmente em extremidades opostas ▪ Geralmente a parte hidrofílica é um amino ▪ Os anestésicos locais sem a parte hidrofílica não são adequados para injeção, mas são bons anestésicos tópicos (ex: benzocaína) ▪ A estrutura do anestésico se completa com uma cadeia intermediária de hidrocarboneto contendo uma ligação éster ou amina ▪ São classificados como aminoéstreres ou aminoamida ▪ Os anestésicos ligados a ésteres são prontamente hidrolisados em solução aquosa; os anestésicos ligados a amida são relativamente resistentes a hidrolise ▪ Uma porcentagem de uma droga ligada a amida é excretada inalterada na urina ▪ Os anestésicos locais são compostos básicos pouco solúveis em agua e instáveis, quando adicionado ácidos, tornam-se sais estáveis e solúveis em agua ▪ A acidificação do tecido diminui a eficácia do anestésico local; pH do tecido normal 7,4; pH tecido inflamado é 5 a 6 ▪ Os anestésicos contendo adrenalina ou qualquer outro vaso, são acidificados pelo fabricante para inibir a oxidação do vaso, tonando a solução anestésica mais acida em torno de 3,5 ▪ As soluções sem vaso têm pH em torno de 6,5 ▪ Clinicamente esse pH mais baixo tem mais probabilidade de produzir sensação de ardência na infiltração, bem como início da anestesia um pouco mais lenta AÇÕES SOBRE A MEMBRANA DO NERVO: ▪ O Pka é uma medida da afinidade de uma molécula pelos íons de hidrogênio (H+) ▪ Quando a solução tem o mesmo valor da que o Pka do anestésico, extamente 50% da droga existem na forma RNH+ (catiôn) e 50% na forma de RN (base) ▪ Depois da penetração da bainha nervosa e da entrada no axoplasma pela forma RN lipofílica do anestésico, há no interior do nervo um novo equilíbrio porque um anestésico local não pode existir unicamente na forma RN em pH intracelular de 7,4. Setenta e cinco por cento daquelas moléculas RN presentes dentro do axoplasma revertem a forma RNH +; os 25% restantes permanecem na forma RN sem carga ▪ A partir do lado axoplasmico, os íons RNH+ entram nos canais de sódio, ligam-se ao sitio receptor do canal e são finalmente responsáveis pelo bloqueio da condução que resulta 11 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Dois fatores- difusibilidade e ligação- responsáveis pela eficácia dos anestésicos locais ▪ Difundir através dos tecidos moles proporcionam uma vantagem na prática clínica ▪ Um anestésico um valor elevado de pKa tem muito poucas moléculas disponíveis na forma de RN a um pH tecidual de 7,4. O início de ação dessas drogas é lento porque existem muito poucas moléculas de base disponíveis para se difundirem através da membrana do nervo ▪ A taxa de início de ação está relacionada com o pKa, que varia (7,5 a 10) ▪ Quando um pKa é inferior a <7,5 tem um número maior de moléculas lipofílicas com base livre disponível, entretanto, a ação anestésica dessa droga é inadequada, porque um número muito pequeno de moléculas de base se dissocia para a forma catiônica, necessárias para se ligar ao sítio receptor ▪ O pH extracelular determinaa facilidade com que o anestésico local se desloca do seu lugar de administração para o axoplasma da célula nervosa ▪ O pH intracelular permanece estável independente do pH extracelular 12 Rebeca Ferreira Moreira IMPLICAÇÕES CLÍNICAS DO PH E DA ATIVIDADE DO ANESTÉSICO LOCAL: ▪ Os anestésicos locais preparados comercialmente, sem vaso tem ph entre 5,5 e 7,0 ▪ Quando injetados nos tecidos, a capacidade de tamponamento dos líquidos teciduais faz pH retornar aos 7,4 ▪ Os anestésicos contendo vaso são acidificados (meta bissulfito de sódio) pelo fabricante, para retardar a oxidação do vaso, prolongando assim o período de eficácia da droga ▪ Mesmo nessa situação, a enorme capacidade de tamponamento dos tecidos tende a manter o pH tecidual normal ▪ Resultando em um início mais lento de ação clínica para anestésicos com vaso em comparação com seus correspondentes simples ▪ A capacidade de tamponamento da mucosa é pequena, desse modo a aplicação tópica de um anestésico com pH entre 5,5 a 6,5 reduz o pH regional para um nível abaixo do normal, sendo formado menos base de anestésico ▪ A difusão da droga até as terminações livre é limitada, e o bloqueio é eficaz ▪ Aumentar o pH da droga proporciona uma quantidade maior de RN, aumentando assim a potência do anestésico tópico ▪ A vida útil efetiva do anestésico local diminui à medida que aumenta o pH da droga CINÉTICA DO ÍNICIO E DURAÇÃO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS: ▪ Difusão é a migração desimpedida de moléculas ou íons através de um meio liquido sob a influência do gradiente de concentração ▪ A taxa de difusão é governada por diversos fatores, o mais significativo é o gradiente de concentração ▪ Quanto maior a concentração inicial do anestésico, mais rápida a difusão e mais rápido é seu início de ação ▪ Ao se difundir para dentro do nervo, o anestésico local torna-se progressivamente mais diluído por líquidos teciduais, com parte dele sendo absorvido pelos vasos sanguíneos e linfáticos 13 Rebeca Ferreira Moreira ▪ No entanto uma parte significativa se difunde também para longe do nervo. Ocorre então as seguintes reações: ✓ Uma parte da droga é absorvidas pelos tecidos não neurais (músculo, gordura) ✓ Uma parte é diluída pelo líquido intersticial ✓ Uma parte é removida por capilares e vasos linfáticos do local de infiltração ✓ Os anestésicos do tipo ésteres são hidrolisados ▪ A soma total desses fatores incide para diminuir a concentração de anestésico local fora do nervo, entretanto a concentração de anestésico dentro do nervo continua a aumentar à medida que progride a difusão. Esses processos continuam até que resulte equilíbrio entre as concentrações intra e extraneurais de solução anestésica ▪ Tempo de indução: Período de deposição da solução anestésica até o bloqueio completo da condução. Fatores que controlam o tempo de indução- concentração da droga, pH da solução anestésica, constante de difusão, barreiras anatômicas do nervo ▪ Propriedades e ações clínicas: ✓ As drogas com pKa mais baixo possuem ação de inicio mais rápido do que as drogas com pKa mais alto ✓ A solubilidade aos lipídeos permite que ele penetre com mais facilidade no nervo, que é constituída de 90% de lipídios. Isso reflete no aumento da potência do anestésico ✓ Os anestésicos com maior solubilidade nos lipídeos produzem bloqueio de condução mais eficaz em concentrações mais baixas ✓ O grau de ligação proteica é responsável pela duração da atividade do anestésico ✓ Vaso atividade afeta a potência do anestésico e a duração da anestesia, pois é absorvido pelo compartimento cardiovascular mais rapidamente e transportado do local de infiltração e do nervo, proporcionando uma anestesia mais curta e diminuição da potência READMINISTRAÇÃO DE ANESTÉSICO LOCAL: ▪ Essa infiltração repetida acarreta imediatamente o retorno da anestesia profunda ▪ Em algumas ocasiões pode encontrar dificuldade no restabelecimento do controle adequado da dor com infiltrações subsequentes 14 Rebeca Ferreira Moreira ▪ A combinação de anestésico local residual (no nervo) e do suprimento recém depositado resulta em início rápido de anestesia profunda e com menor volume de anestésico administrado ▪ Taquifilaxia: aumento da tolerância a uma droga que é administrada repetidamente ▪ A duração, a intensidade e a disseminação diminuem muito com a reinfiltração ▪ A Taquifilaxia é ocasionada por algum ou todos os fatores: edema, hemorragia localizada, formação de coagulo, transudação, hipernatremia, e diminuição do pH dos tecidos ▪ Os quatro primeiros isolam o nervo do contato com a solução anestésica ▪ O quinto, a hipernatremia, eleva o gradiente de sódio assim se contrapondo a diminuição de condução do ion de sódio ocasionada pelo anestésico ▪ O último fator, o pH na área infiltrada pode ser um pouco mais baixo, de modo que menos moléculas de anestésico local são transformadas em base livre DURAÇÃO DA ANESTESIA: ▪ A medida que o anestésico é removido do nervo, sua função retorna rapidamente ao início ▪ Em comparação com o início do bloqueio que é rápido, a recuperação do bloqueio nervoso é muito mais lenta, porque o anestésico local se liga à membrana do nervo ▪ Anestésicos de ação mais longa como a bupivacaína liga-se mais firmemente a membrana do nervo (aumento da ligação proteica), e, portanto, são liberados mais lentamente dos canais de sódio ▪ Outros que influenciam a taxa de remoção de uma droga local são: vascularidade do local, presença ou ausência de substância vasoativa ▪ A duração da anestesia aumenta nas áreas de vascularidade diminuída ▪ A adição de um vasopressor diminui a perfusão tecidual para uma área local, aumentando assim a duração do bloqueio 15 Rebeca Ferreira Moreira FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS (CAP. 2) Os anestésicos locais, quando utilizados para o controle da dor, difere de maneira importante da maioria das outras substâncias. Praticamente todas as outras substâncias, independente da via de administração, precisam entrar no sistema circulatório em concentrações suficientemente altas para poder começar a exercer sua ação clínica. Os anestésicos locais, entretanto, deixam de exercer efeito clínico quando são absorvidos do local de administração para a circulação. FARMACOCINÉTICA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Absorção ▪ Quando injetado nos tecidos moles, os anestésicos locais exercem uma ação farmacológica sobre os vasos sanguíneos da área ▪ Todos os anestésicos apresentam um grau de vasoatividade, a maioria deles produzindo a dilatação do leito vascular ▪ Embora o grau de dilatação possa variar e alguns deles possam produzir vasoconstricção ▪ Os anestésicos tipo éster são potentes vasodilatadoras. A procaína, é o vasodilatador mais potente entre os anestésicos, muitas vezes utilizado para induzir a vasodilatação nos casos que o fluxo sanguíneo periférico foi comprometido ▪ A cocaína é o único que causa vasoconstricção consistente VIA TÓPICA ▪ Os anestésicos locais são absorvidos em diferentes velocidades após sua aplicação sobre as mucosas 16 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Na mucosa traqueal, a absorção é quase tão rápida quanto administração intravenosa ▪ Na mucosa faríngea a absorção é mais lenta ▪ Na mucosa esofágica ou vesical a absorção é ainda mais lenta ▪ Em qualquer lugar onde não haja pele intacta os anestésicos locais podem produzir um efeito anestésico após aplicação tópica ▪ Os remédios para queimadura de sol, geralmente contém anestésicos na forma de pomada, eles não apresentam ação anestésica quando aplicadas na pele integra. Mas proporcionam alivio rápido da dor na pele lesada por uma queimadura de sol ▪ Uma mistura dos anestésicos locais, lidocaína e prilocaína, foi desenvolvida para proporcionaranestesia na superfície da pele integra (ELMA) INJEÇÃO ▪ A velocidade de absorção após a administração parenteral (subcutânea, intramuscular ou IV) está relacionada tanto com a vascularização do local da injeção quanto com a vasoatividade da substância ▪ A administração IV fornece a elevação mais rápida dos níveis sanguíneos, e é utilizada clinicamente no tratamento primário de arritmias ventriculares ▪ Os benefícios da administração IV devem sempre ser avaliados em relação aos riscos Distribuição ▪ Depois de absorvidos pela corrente sanguínea, os anestésicos locais são distribuídos para todos os tecidos do corpo ▪ Os órgãos altamente perfundidos como cérebro, cabeça, rins, pulmões e baço, apresentam inicialmente níveis sanguíneos mais elevado do anestésico do que aqueles menos perfundidos ▪ A velocidade de distribuição da substância do compartimento vascular para os tecidos é mais rápida em pacientes saudáveis do que naqueles que apresentam comprometimento médico ▪ Eliminação por vias metabólicas ou excretoras reduzem o nível sanguíneo do anestésico local ▪ A velocidade em que o anestésico local é removido do sangue é descrita como meia-vida de eliminação 17 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Todos os anestésicos locais atravessam facilmente a barreira hematoencefálica e a placenta, entrando no sistema circulatório do feto Metabolismo (Biotransformação, Destoxificação) ▪ O organismo transforma biologicamente uma substância ativa em inativa Anestésicos locais do tio éster ▪ São hidrolisados no plasma pela enzima pseudocolinesterase ▪ A velocidade de hidrolise possui um impacto na toxicidade ▪ A cloroprocaína mais rapidamente hidrolisada é menos toxica, enquanto a tetracaína é hidrolisada 16 vezes mais lenta. Por tanto possui maior potencial de toxicidade ▪ A hidrolise transforma a procaína em ácido para-aminobenzoico (PABA), que é excretado em sua forma inalterada pela urina ▪ As reações alérgicas que ocorrem em resposta aos anestésicos do tipo éster são relacionadas com a substância PABA, que é o principal produto metabólico ▪ Uma a cada 2800 pessoa tem uma pseudocolinesterase atípica, que causa a incapacidade de hidrolisar os anestésicos locais do tipo éster e outras substâncias quimicamente relacionadas (succinilcolina), aumento o potencial de toxicidade ▪ A succinilcolina é uma relaxante muscular de ação curta, empregado na fase de indução da anestesia geral. Ela produz apneia de 2 a 3 minutos ▪ Em seguida a pseudocolinesterase plasmática hidrolisa a succinilcolina fazendo com que seu nível sanguíneo diminua e ocorra o restabelecimento da respiração espontânea ▪ Pessoas que apresentam a pseudocolinesterase atípica são incapazes de hidrolisar succinilcolina em velocidade normal, tornando a apneia mais prolongada 18 Rebeca Ferreira Moreira ▪ A pseudocolinesterase atípica é um traço hereditário ▪ Toda e qualquer história familiar de dificuldade durante anestesia geral no paciente ou na família deve ser cuidadosamente avaliada ▪ Confirmada a pseudocolinesterase atípica, constitui contraindicação relativa para o uso de anestésicos locais do tipo éster Anestésicos Locais do tipo amida ▪ O local primário de biotransformação é no fígado ▪ A prilocaína sofre metabolismo primário no fígado e possivelmente no pulmão ▪ A articaína é uma molécula hibrida, contendo componentes tipo éster e amida, é metabolizada tanto no sangue quanto no fígado ▪ Aproximadamente 70% de uma dose de lidocaína sofrem biotransformação em pacientes com função hepática normal ▪ Pacientes com fluxo sanguíneo hepático abaixo do habitual (hipotensão, insuficiência cardíaca congestiva, cirrose) são incapazes de efetuar a biotransformação em velocidade normal ▪ Essa biotransformação mais lenta acarreta níveis sanguíneos elevados do anestésico e aumenta o potencial na toxicidade ▪ A prilocaína produz um metabolito, ortotoluidina, que induz a formação metemoglobinemia ▪ Sinais e sintomas clínicos são observados quando os níveis sanguíneos de metemoglobinemia se tornam elevados ▪ A lidocaína não produz sedação, entretanto dois metabólitos- monoetilglicinaxilidida e glicinexilidida- são considerados responsáveis por essa ação clínica ▪ Pacientes ASA 4 e 5 representam contraindicação relativa Excreção ▪ Os rins são órgãos excretores primários, tanto para os anestésicos locais quanto para seus metabólitos ▪ Uma porcentagem da dose do anestésico é excretada inalterada na urina ▪ Essa porcentagem varia de acordo com a substância ▪ A procaína aparece na urina como PABA (90%) e (2%) na forma inalterada ▪ As amidas são geralmente encontradas na urina como o composto primário em maior porcentagem que os ésteres 19 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Os pacientes com insuficiência renal significativa podem ser incapazes de eliminar do sangue o anestésico original ou seus metabólitos, resultando em um ligeiro aumento dos níveis sanguíneos desse composto, portanto, um amento no potencial de toxicidade ▪ Isso pode ocorrer tanto com éster ou amidas ▪ Doenças renais significativas (dialise, portadores de golmerulonefrite ou pielonefrite crônica) ASA 4 ou 5 constituem contraindicação relativa SISTEMA NERVOSO CENTRAL ▪ Os anestésicos atravessam facilmente a barreira hematoencefálica ▪ Sua ação farmacológica no SNC é a depressão ▪ Em níveis altos (tóxicos, superdosagem), a manifestação clínica primária é a convulsão tônico-clônica generalizada ▪ Entre esses dois extremos a um espectro de sinais e sintomas Propriedades anticonvulsivantes: ▪ Procaína, lidocaína, mepivacaína, prilocaína, cocaína tem demostrado propriedades anticonvulsivantes ▪ Essas propriedades ocorrem em um nível sanguíneo consideravelmente menor que aquele no qual os menos agentes produzem atividade convulsiva ▪ Utilizados por via intravenosa para fazer interromper ou reduzir a duração das crises de grande mal ou pequeno mal ▪ Dose terapêutica de 2 a 3 mg/kg quando administradas na velocidade de 40 a 50 mg/mim ▪ Em virtude de suas ações depressoras no SNC, os anestésicos reduzem a excitabilidade dos neurônios (foco epilético), prevenindo ou interrompendo a crise Sinais e Sintomas Pré- convulsivos: ▪ Anestésico local acima do seu limite terapêutico, podem ser observadas reações adversas ▪ Sinais e sintomas clínicos de superdosagem tem início no SNC ▪ A dormência da língua e da região perioral não é causada pelos efeitos do anestésico local no SNC ▪ É resultado de uma ação anestésica direta da substância que está presente em concentrações elevadas e foi transportado até esses tecidos, altamente vascularizados, pelo sistema SCV 20 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Níveis sanguíneos excessivamente elevados produzem a dormência bilateral da língua, ao contrário da anestesia unilateral observada após os bloqueios dos nervos odontológicos ▪ A lidocaína e procaína, difere um pouco, produzem uma sedação leve ou sonolência inicial ▪ QUADRO 2-2 Sinais e Sintomas Pré-convulsivos De Toxicidade do Sistema Nervoso Central ▪ Sinais (objetivamente observados) ▪ Fala arrastada ▪ Calafrios ▪ Contrações musculares ▪ Tremor dos músculos da face e das extremidades distais ▪ Delírio generalizado ▪ Tontura ▪ Distúrbios visuais (incapacidade de focalizar) ▪ Distúrbios auditivos (zumbido) ▪ Sonolência ▪ Desorientação ▪ Sintomas (subjetivamente sentidos) ▪ Dormência da língua e da região perioral ▪ Sensação de pele quente e ▪ Rubor ▪ Estado agradável semelhante a um sonho Fase Convulsiva: ▪ A elevação adicional de anestésico local ocasiona sinais e sintomas clínicos compatíveis com a convulsão tônico-clônico ▪ A duração da convulsão está relacionada com o nível sanguíneo do anestésico e inversamente relacionado com o nível de pressão parcial de dióxidode carbono (pCO2) ▪ Uma pCO2 normal e um nível de lidocaína de 7,5 a 10 ng/ml resulta em episódio convulsivo ▪ Gestantes são mais susceptíveis à intoxicação pela baixa proteinemia, com consequente aumento da fração livre da droga no plasma ▪ Quando os níveis de pCO2 estão amentados, o nível sanguíneo de anestésico necessário para desencadear uma convulsão diminui, enquanto da duração da convulsão aumenta ▪ A atividade convulsiva é autolimitante, pois a atividade cardiovascular não é diminuída e a biotransformação e redistribuição do anestésico continuam durante todo o episódio ▪ Isso resulta em diminuição do nível sanguíneo de anestésico e término da atividade convulsiva, geralmente em menos de 1 mim 21 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Entretanto a vários outros mecanismos que prolonga o episódio convulsivo ▪ O aumento do fluxo sanguíneo para o cérebro ocasiona aumento no volume de anestésico conduzido ao cérebro, o que tende a prolongar a crise ▪ O aumento do metabolismo cerebral leva a uma acidose metabólica progressiva a medida que a crise evolui, e tende a prolongar a crise convulsiva mesmo na presença de declínio do nível de anestésico no sangue ▪ A dose anestésica local necessária para produzir convulsões é significativamente diminuída na presença de hipercarbia ou acidose ▪ Aumentos ainda maiores do nível sanguíneo de anestésico local resultam na interrupção da atividade convulsiva, iniciando depressão generalizado do SNC ▪ A depressão respiratória ocorre nesse momento, levando eventualmente a parada respiratória se os níveis sanguíneos de anestésico continuarem a aumentar Mecanismos das Ações Pré-Convulsivantes e Convulsivantes: ▪ Os anestésicos locais produzem sinais e sintomas clínicos de excitações no SNC (incluindo convulsões) pelo bloqueio seletivo das vias inibitórias no córtex cerebral ▪ O córtex cerebral tem vias que são essencialmente inibitórias e facilitadoras (excitatórias) ▪ Normalmente é mantido um estado de equilíbrio entre os graus de efeito exercido pelas vias neurais ▪ Em um nível sanguíneo pré-Convulsivantes do anestésico local, os sinais e sintomas clínicos são observados devido a uma depressão seletiva dos neurônios inibidores ▪ O equilíbrio é desviado a favor do impulso facilitador, ocasionando sintomas de tremores e agitação leve ▪ Em níveis sanguíneos mais elevados a função dos neurônios inibidores é completamente deprimida, permitindo a função dos neurônios facilitadores funcionem sem posição ▪ O impulso facilitador puro produz atividade tônico-clônico ▪ O aumento adicional nos níveis sanguíneos de anestésico local, leva uma depressão das vias inibitórias e facilitadoras, produzindo depressão generalizada do SNC 22 Rebeca Ferreira Moreira ▪ O local exato de ação do anestésico local no SNC não é conhecido, mas acredita-se que seja nas sinapses corticais inibitórias ou diretamente nos neurônios inibitórios SISTEMA CARDIOVASCULAR: Os anestésicos locais têm ação direta no miocárdio e sistema vascular periférico, entretanto o sistema cardiovascular para ser mais resistente aos efeitos de substâncias anestésicas do que o SNC. Ação direta no Miocárdio: ▪ Os anestésicos locais produzem depressão do miocárdio que está relacionada com o nível sanguíneo do anestésico Equilíbrio entre os impulsos inibitórios e facilitadores no córtex cerebral normal. No estágio convulsivo da ação do anestésico local, o impulso inibidor e totalmente deprimido, permitindo a atividade do impulso facilitador sem oposição. No estágio final da ação do anestésico local, tanto o impulso inibidor quanto o facilitador são totalmente deprimidos, produzindo depressão generalizada do sistema nervoso central. 23 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Os anestésicos locais diminuem a excitabilidade elétrica do miocárdio, a velocidade de contração e a força de contração ▪ Essa ação depressora é utilizada como vantagem terapêutica no tratamento do miocárdio hiperexcitável ▪ Somente a procaína e lidocaína apresentam segurança em humanos ▪ A lidocaína é ineficaz quando administrado via oral, então foi introduzida a tocainida, um análogo químico da lidocaína, mas contém muitos efeitos adversos ▪ Os níveis sanguíneos de lidocaína após uma injeção intraoral de 1 a 2 tubetes não são associados a atividade cardiodepressora ▪ Um ligeiro aumento nos níveis sanguíneos ainda não é tóxico, sendo associados a ações antiarrítmicas (1,8 a 6 ng/ml) ▪ Utilizada no tratamento de taquicardia ventricular, no suporte vital cardiovascular, e no tratamento de parada cardíaca causada por fibrilação ventricular Ação Direta na Vasculatura Periférica ▪ A cocaína é o único anestésico local que produz vasoconstricção consistente nas doses comumente empregadas ▪ Todos os anestésicos locais produzem vasodilatação periférica pelo relaxamento da musculatura lisa das paredes dos vasos sanguíneos ▪ Isso resulta no aumento de fluxo sanguíneo de entrada e saída do local de deposição do anestésico ▪ O aumento do fluxo sanguíneo eleva a velocidade de absorção da substância, o que eleva por sua vez, a diminuição da profundidade, e da duração anestésica, e elevação dos níveis sanguíneos do anestésico local ▪ O efeito primário do anestésico local sobre a pressão arterial é a hipotensão ▪ A procaína produz hipotensão em maior frequência e em grau mais significativo que a lidocaína ▪ Essa ação é produzida por depressão direta do miocárdio e relaxamento da musculatura lisa das paredes dos vasos sanguíneo Toxicidade Tecidual Local ▪ O músculo esquelético parece ser mais sensível as propriedades irritantes locais dos anestésicos ▪ Injeções intramuscular ou intraorais podem produzir alterações nos músculos esqueléticos 24 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Parecem que os anestésicos locais de longa duração causam danos mais localizados nos músculos esqueléticos do que as substâncias de curta duração ▪ As alterações são reversíveis, com completa regeneração muscular em duas semanas após a administração ▪ Essas alterações musculares não foram associadas a qualquer sinal clínico evidente de irritação local AÇÕES ADVERSAS: ▪ Bloqueio neuromuscular: Anestésicos locais bloqueiam a transmissão neuromuscular em humanos. Essa ação normalmente é discreta e em geral clinicamente insignificante. Em algumas ocasiões podem se somar a ação produzida por relaxantes musculares succinilcolina, causando períodos anormalmente prolongados de paralisia muscular. Essas ações são improváveis a nível ambulatorial ▪ Interações medicamentosas: Em geral os depressores do SNC (opioides, substâncias ansiolíticas, fenotiazinas, barbitúricos) quando administrados em conjunto com anestésicos locais, levam a potencialização das ações depressoras sobre o SNC. Os anestésicos locais que compartilham a mesma via metabólica comum podem produzir reações adversas. Tanto os anestésicos locais tipo éster quanto o relaxente muscular succinilcolina requer a presença da pseudocolinesterase plasmática para sua hidrolise, a apneia prolongada pode resultar do uso concomitante dessas duas substâncias. ▪ Hipertemia Maligna: A HM é uma desordem farmacológica na qual uma variante genética altera a resposta dessa pessoa a alguma substância. Muitas substâncias anestésicas podem desencadear a HM em alguns indivíduos. FLUXOGRAMA DE CONDUTA NO PACIENTE VÍTIMA DE INTOXICAÇÃO POR AL: Interromper a Droga ▪ Chame Ajuda – Acesso Venoso Calibroso – Manter Via Aérea pérvia, se necessário IOT ▪ Posicionamento em DDH leve Trendelenburg – Controle das convulsões 25 Rebeca Ferreira Moreira – Se PCR iniciar ACLS – Considerar Emulsão lipídica ▪ O controle farmacológico das convulsões pode ser obtido com benzodiazepínicos por via venosa,particularmente com o diazepan (5 a 10 mg) ou como midazolan (5 a 15 mg). Lembre-se sempre de que essas medicações podem contribuir também para que o paciente entre em parada respiratória ▪ Ao se tratar de hipotensão, posição adequada do paciente e solução cristaloide podem ser suficientes ▪ Se tratamento adicional for necessário, a fenileferina ou efedrina devem ser considerados antes da adrenalina, porque pode induzir arritmias e convulsões ▪ A bradicardia (abaixo de 40 batimentos), de novo, deve-se considerar alternativas antes de administrar adrenalina. Drogas anticolinérgicas como atropina ou glicopirrolato (0,5 a 1 mg e 0,2 a 0,4, respctivamente) FARMACOLOGIA DOS VASOCONSTRITORES (CAP.3) Os vasoconstritores são fármacos que contraem os vasos sanguíneos e, portanto, controlam a perfusão tecidual. São adicionando as soluções anestésicas para equilibrar as ações vasodilatadoras intrínsecas dos anestésicos locais. Esses fármacos tem muitas ações clínicas além da vasoconstrição. São importantes a uma solução anestésica pelas seguintes razões: 1. Por meio da constrição de vasos sanguíneos, os vasoconstritores diminuem o fluxo sanguíneo (a perfusão) para o local de administração do anestésico. 2. A absorção do anestésico local para o sistema cardiovascular torna-se mais lenta, resultando em níveis sanguíneos menores do anestésico 3. Os níveis sanguíneos do anestésico local são reduzidos, diminuindo assim o risco de toxicidade do anestésico local. 26 Rebeca Ferreira Moreira 4. Maiores quantidades de anestésico local penetram no nervo, onde permanecem por períodos mais longos, aumentando (em alguns casos de maneira significativa, em outros minimamente) a duração de ação da maioria dos anestésicos locais. 5. Os vasoconstritores diminuem o sangramento no local da administração; portanto, eles são uteis quando e previsto sangramento elevado (durante um procedimento cirúrgico) ESTRUTURA QUÍMICA: ▪ São classificados como agentes simpaticomiméticos ou adrenérgicos, pois são semelhantes aos mediadores do sistema nervoso simpático (adrenalina e noradrenalina) ▪ A classificação dos vasoconstritores está associada a presença ou ausência de um núcleo catecol ▪ Os fármacos que têm radicais hidroxila (OH) na terceira e quarta posição de anel aromático são denominados catecóis ▪ Se ele contém um grupo amina (NH2) ligado a cadeia lateral, são designadas catecolaminas ▪ A adrenalina, noradrenalina, e dopamina são catecolaminas naturais do sistema nervoso simpático ▪ Os vasoconstritores que não que não possuem grupos OH na terceira e quarta posição da molécula aromática não são catecóis, mas são aminas Catecolaminas Não catecolaminas Adrenalina Anfetamina Noradrenalina Metanfetamina Levonordefrina Efedrina Isoproterenol Mefentermin Dopamina Hidroxianfetamina Metaraminol Metoxamina/Fenilefrina 27 Rebeca Ferreira Moreira MODO DE AÇÃO: ▪ Três categorias de aminas simpaticomiméticas são conhecidas ▪ De ação direta: exercem sua função diretamente nos receptores adrenérgicos ▪ De ação indireta: que atuam através da ação de noradrenalina ▪ De ação mista: com ação direta e indireta RECEPTORES ADRENÉRGICOS: Denominados Alfa (a) e beta (b), com base nas ações inibitórias ou excitatórias das catecolaminas no musculo liso. A ativação dos receptores por um agente simpaticomimético comumente produz uma resposta que inclui a contração do musculo liso dos vasos sanguíneos (vasoconstrição). Com base nas diferenças em sua função e localização, os receptores a tem sido dividido em subcategorias. Enquanto os receptores a1 são excitatórios pós-sinápticos, os receptores a2 são inibidores pós-sinápticos. A ativação dos receptores b produz o relaxamento do musculo liso (vasodilatação e broncodilatação) e a estimulação cardíaca (aumento da frequência cardíaca e da forca de contração). Os receptores b são ainda divididos em b1 e b2. Os receptores b1 são encontrados no coração e no intestino delgado e são responsáveis pela estimulação cardíaca e pela lipólise; os receptores b2 são encontrados nos brônquios, leitos vasculares e no útero, produzindo broncodilatação e vasodilatação. CONCENTRAÇÕES DOS VASOS CONSTRITORES: ▪ A concentração dos vasoconstritores é comumente referida em uma relação ex: 1 para 1.000 (escreve-se 1:1.000) ▪ Uma concentração de 1:1.000 significa dizer que há 1g de soluto (fármaco) contido em 1.000 ml de solução ▪ Embora seja o vasoconstritor mais usado em anestésicos locais tanto na medicina quanto na odontologia, a adrenalina não é um fármaco ideal ▪ A adrenalina é absorvida no local de injeção, assim como os anestésicos locais ▪ Níveis mensuráveis são obtidos, o que exerce influência no coração e vasos sanguíneos ▪ Os níveis plasmáticos de Adrenalina após injeção intraoral equivalem aqueles atingidos durante a prática intensa de exercícios físicos 28 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Esses níveis estão associados ao aumento moderado do débito cardíaco e volume sistólico ▪ A pressão arterial e frequência cardíaca são minimamente afetadas com essas doses ▪ Em pacientes com alterações cardiovasculares ou da tireoide, os efeitos colaterais devem ser avaliados em relação aos efeitos dos níveis sanguíneos elevados de anestésico local ▪ Os efeitos cardiovasculares de doses convencionais de adrenalina são pouco significativos mesmo em pacientes com doença cardíaca ▪ Reação a adrenalina: apreensão, taquicardia, sudorese, batidas fortes no tórax (palpitações) ▪ O uso da noradrenalina não é indicado, pois produz vasoconstrição intensa e elevação dramática da pressão arterial, possui efeitos colaterais nove vezes maior que a adrenalina ▪ A felipressina tem eficácia aproximadamente igual a adrenalina na redução do fluxo sanguíneo cutâneo ▪ Um tubete de anestésico contendo vasoconstritor dura 18 meses e o que não contém vaso dura 36 meses Adrenalina ▪ O bissulfeto é adicionado para retarda a oxidação ▪ Origem: É disponível na forma sintética e é obtida da medula suprarrenal ▪ A forma levogira é aproximadamente 15 vezes mais potente que a dextrogira ▪ Modo de ação: Atua nos receptores alfa e beta adrenérgicos, os efeitos b predominam ▪ Miocárdio: Estimulam os receptores b; Débito e frequência cardíaca aumentam ▪ Artérias coronárias: produz dilatação amentando o fluxo sanguíneo arterial coronariano ▪ Pressão Arterial: Sistólica aumenta; Diástole diminui em pequenas doses devido a sensibilidade maior aos receptores b, mas aumenta em doses altas ▪ Devido a sensibilidade aos receptores beta, a adrenalina tem efeito sobre as artérias coronárias, parede dos vasos sanguíneos causando aumento da pressão arterial ▪ Vasculatura: A ação primária da adrenalina ocorre nas arteríolas e capilares, causando vasoconstricção devido a afinidade dos receptores alfa 29 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Hemostasia: É usada com frequência hemostasia durante procedimentos cirúrgicos devido a estimulação predominante dos receptores alfa ▪ Após a diminuição dos níveis teciduais de adrenalina a sua ação primária é revertida causando vasodilatação devido a predominância das ações sobre os receptores beta ▪ É comum a observação de sangramento 6 horas após o procedimento cirúrgico, dor pós-operatória, e atraso na cicatrização das feridas ▪ Sistema respiratório: É um potente vasodilatador sobre os bronquíolos, é uma substância importante para o tratamento de episódios asmáticos agudos (efeito b2) ▪ Sistema nervoso central: Quando administrada em doses excessivas, suas ações tornam-se estimulantes do SNC causando clinicamente aumento do temor e ansiedade,tensão, agitação, cefaleia pulsátil, tremor, fraqueza, tontura, palidez, dificuldade respiratória e palpitação ▪ Metabolismo: Estimula a glicogenólise no fígado e nos tecidos esqueléticos, elevando os níveis sanguíneos de glicólise. Essa resposta pode ser obtida com administração de 4 tubetes de anestésico contendo adrenalina de 1:1000 ▪ Metabolizada no fígado e excretado na urina, apenas 1% na sua forma inalterada ▪ A lidocaína é disponível com duas concentrações de adrenalina- 1:50.00 e 1:100.00 ▪ As concentrações típicas do vaso contidas no anestésico não são contraindicadas para pacientes com doenças cardiovasculares, desde que seja realizado a aspiração prévia, injeção do anestésico seja lenta, e seja administrada a menor dose eficaz ▪ É prudente limitar ou evitar nos pacientes ASA 3 mal compensados e todos os pacientes ASA 4 ▪ Aplicações Clínicas ▪ Tratamento das reações alérgicas agudas. ▪ Tratamento de episódios asmáticos agudos (broncoespasmo). ▪ Tratamento da parada cardíaca. ▪ Como um vasoconstritor, para hemostasia. ▪ Como um vasoconstritor em anestésicos locais, para diminuir a absorção para o sistema cardiovascular. ▪ Como um vasoconstritor em anestésicos locais, para aumentar a profundidade da anestesia. ▪ Como um vasoconstritor em anestésicos locais, para aumentar a duração da anestesia. ▪ Para produzir midríase 30 Rebeca Ferreira Moreira Noradrenalina (Levarterenol) ▪ Origem: está disponível em forma sintética e natural; a forma natural corresponde 20% da produção de catecolamina da medula adrenal ▪ Mecanismo de ação: são quase que exclusivamente sobre os receptores a (90%), também estimula as ações b (10%) do coração ▪ Miocárdio: apresenta ação inotrópica positiva no miocárdio ▪ Artérias coronárias: aumento do fluxo sanguíneo por meio de um efeito vasodilatador ▪ Frequência cardíaca: redução da frequência cardíaca ▪ Pressão arterial: aumento das pressões sistólicas e diastólicas, principalmente sistólica; ações alfas estimulantes que levam a vasoconstrição periférica e concomitante aumento da pressão vascular ▪ Vasculatura: estimulação a produz constrição dos vasos sanguíneos ▪ Sistema respiratório: contrição das arteríolas pulmonares, o que reduz um pouco a resistência as vias aéreas ▪ Metabolismo: consumo de oxigênio é aumentado na área de injeção, aumento da glicemia, porem em menor grau ▪ A injeção nos tecidos pode causar necrose (palato duro) e descamação devido a intensa estimulação ▪ Dose máxima: administrada apenas para o controle da dor, não havendo justificativa para o uso da hemostasia ▪ Possui apenas 25% de potência da adrenalina ▪ 0,34 mg por consulta a 10 ml de uma solução 1:30.000 Levonordefrina ▪ Origem: Um vaso constritor sintético ▪ Mecanismo de ação: Por meio da estimulação direta nos receptores a (75%), com alguma atividade b (25%) ▪ Tem 15% da potência da adrenalina ▪ Miocárdio: Mesma ação da adrenalina, mas em menor grau ▪ Frequência cardíaca: mesma ação da adrenalina, mas em menor grau ▪ Vasculatura: mesma ação da adrenalina, mas em menor grau ▪ Sistema respiratório: Produz alguma broncodilatação, mas em grau muito menor que a adrenalina ▪ Metabolismo: mesma ação da adrenalina, mas em menor grau ▪ Término de ação e Eliminação: é eliminada através das ações COMT e MAO 31 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Doses máximas: 1 mg por consulta; 20 ml de uma concentração 1:20.000 Fenilefrina ▪ Origem: É uma amina sintética ▪ Mecanismo de ação: estimulação direta no receptor a (95%), tem longa duração, e exerce poupa ou nenhuma atividade b no coração ▪ Miocárdio: Apresenta pouco efeito cronotrópico ou inotrópico sobre o coração ▪ Artérias coronárias: Aumento do fluxo sanguíneo causado por dilatação ▪ Pressão arterial: A ação a produz aumento nas pressões sistólica e diastólica ▪ Frequência cardíaca: bradicardia ▪ Dinâmica cardiovascular: bradicardia reflexa; potente vasoconstricção (contração da maioria dos leitos vasculares) ▪ Sistema respiratório: Os brônquios são dilatados, mas em menor grau do que o uso da adrenalina ▪ Metabolismo: aumento da glicose ▪ Aplicações clínicas: tratamento da hipotensão, descongestionante nasal, soluções oftálmicas para produzir midríase Felipressina ▪ Origem: É um análogo sintético hormônio antidiurético vasopressina ▪ Mecanismo de ação: Estimulante da musculatura lisa vascular, suas ações são mais acentuadas na microcirculação venosa do que arteriolar ▪ Miocárdio: Não há efeitos ▪ Artérias Coronárias: quando administrada em altas doses, maiores que as terapêuticas, pode reduzir o fluxo sanguíneo ▪ Vasculatura: Em altas doses, a constrição dos vasos sanguíneos pode induzir a palidez facial ▪ Sistema nervoso central: Não apresenta efeito na transmissão nervosa adrenérgica por tanto pode ser administrada em paciente com hipertireoidismo e inibidores da MAO ▪ Útero: ações antidiuréticas e ocitócicas, contraindicado em grávidas 32 Rebeca Ferreira Moreira SELEÇÃO DE UMA VASOCONSTRITOR: ▪ Na seleção de uma vasoconstritor apropriado para o uso do anestésico local, vários fatores devem ser considerados: a duração do procedimento dentário, a necessidade de hemostasia durante e após o procedimento, necessidade de controle pós-operatório da dor, e a condição médica do paciente Duração do Procedimento Odontológico ▪ A adição de qualquer vasoativo prolonga a duração (e a profundidade) da anestesia pulpar e dos tecidos moles da maioria dos anestésicos ▪ A lidocaína a 2% dura aproximadamente 10 mim, a adição de adrenalina 1:50.000, 1:80.000. 1:100.00, 1:200.000 aumenta esse tempo em aproximadamente 60 mim ▪ A prilocaína a 4% proporciona anestesia pulpar de 40 a 60 mim, a adição de adrenalina de 1:200.000 aumenta ligeiramente esse tempo para 60 a 90 mim TABELA 3-7 Duração Média da Anestesia Pulpar e dos Tecidos Duros Infiltração Bloqueio Nervoso Cloridrato de Lidocaína 2% — sem vasoconstritor 5-10* ≈10-20* 2% + adrenalina 1:50.000 ≈60 ≥60 2% + adrenalina 1:100.000 ≈60 ≥60 2% + adrenalina 1:200.000 ≈60 ≥60 Cloridrato de Mepivacaína 3% — sem vasoconstritor 5-10* 20-40* 2% + levonordefrina 1:20.000 ≤60 ≥60 2% + adrenalina 1:100.000 ≤60 ≥60 Cloridrato de Prilocaína 4% — sem vasoconstritor 10-15* 40-60* 4% + adrenalina 1:200.000 ≤60 60-90 Cloridrato de Articaína 4% + adrenalina 1:100.000 ≤60 ≥60 33 Rebeca Ferreira Moreira NECESSIDADE DE HEMOSTASIA: ▪ A adrenalina é eficaz em prevenir ou minimizar a perda de sangue nos procedimentos cirúrgicos, entretanto ela produz um efeito dilatador rebote que o nível tecidual diminui. Isso leva a possível sangramento pós-operatório e potencial de interferir na consolidação da ferida ▪ A noradrenalina é um potente alfa estimulador e vasoconstritor, que tem produzido casos de necrose e descamação tecidual. Não é recomendado na odontologia pois suas desvantagens superam suas vantagens ▪ Felipressina contrai mais a circulação venosa do que arterial, portanto, é de mínimo valor para hemostasia ▪ Os vasoconstritores usados para atingir hemostasia devem ser depositados localmente na área cirúrgica para serem eficazes. Eles agem diretamente no receptor alfado musculo liso vascular. Apenas pequenos volumes são necessários para atingir a hemostasia CONDIÇÃO MÉDICA DO PACIENTE: ▪ Para uma solução anestésica pura, deve-se avaliar os riscos benefícios ▪ As quantidades encontradas nos anestésicos locais há poucas contraindicações ▪ Pacientes cardiovascular ASA 3 e 4 ▪ Disfunção da tireoide, diabetes, alergia ao sulfito ▪ Pacientes que fazem uso de inibidores da MAO ▪ Antidepressivos tricíclicos e fenotiazínicos ▪ A adrenalina é contraindicada nos casos de hipertireoidismo, e gestantes ▪ O uso de noradrenalina é totalmente contraindicado a pacientes que faz uso de antidepressivos tricíclicos 34 Rebeca Ferreira Moreira AÇÃO CLÍNICA DE SUBSTÂNCIAS ESPECÍFICAS (CAP. 4) SELEÇÃO DE UM ANESTÉSICO LOCAL: ▪ Os anestésicos locais disponíveis para uso odontológico são: articaína, bupivacaína, lidocaína, mepivacaína e prilocaína ▪ Disponibilidade em várias combinações com e sem vaso Duração ▪ Curva de distribuição normal (curva em forma de sino): a maioria dos pacientes responde de maneira previsível as ações de determinadas substâncias, entretanto, alguns apresentarão uma duração mais curta ou mais longa, isso é esperado e completamente normal ▪ Normoreativos, hiper-reativos, hipo-reativos ▪ Precisão na administração do anestésico: a deposição anestésica próxima ao nervo fornece maior profundidade, e duração da anestesia quando comparada com a deposição anestésica em uma distância maior do nervo a ser bloqueado ▪ Condição dos tecidos onde um anestésico é injetado: inflamação, infecção ou dor, geralmente reduzem a profundidade e duração esperada da anestesia. ▪ O aumento da vascularização no local resulta em uma absorção mais rápida e uma duração menor da anestesia ▪ Na técnica de Gow-Gates do nervo mandibular é considerado menos vascularizado do que a área alvo NAI, a duração de qualquer anestésico em áreas menos vascularizadas é maior ▪ Variações anatômicas: altura do forame mandibular, largura do ramo, espessura da cortical do osso ▪ Na mandíbula é a firmado que a infiltração supraperiosteal não é eficaz em adultos porque a cortical é demasiadamente espessa 35 Rebeca Ferreira Moreira ▪ O uso de articaína tem-se mostrado eficaz na mandíbula ▪ Duração da anestesia clínica: é influenciada pelo tipo de injeção administrada, para todas as substâncias apresentadas, um bloqueio nervoso fornece uma duração maior de anestesia pulpar e tecidos moles do que a injeção supraperiosteal (infiltração) DOSES MÁXIMAS DOS ANESTÉSICOS: ▪ A dose máxima tem pouca probabilidade de serem alcançadas na maioria dos pacientes odontológicos, especialmente adultos de peso corporal normal ▪ Dois grupos apresentam risco potencialmente elevado de níveis sanguíneos altos de anestésico local: crianças pequenas de baixo peso e idosos debilitados ▪ A dose máxima recomendada deve ser sempre diminuída em pessoas clinicamente comprometidas ▪ A dose calculada da substância (com base no peso corporal) deve ser reduzida em todos os indivíduos de risco ▪ Dose máxima por kg: ✓ Articaína 7,0 mg/kg ✓ Prilocaína 8,0 mg/kg ✓ Mepivacaína 6,6 mg/kg ✓ Lidocaína 7,0 mg/kg (ML=AP) Paciente: 22 Anos, Saudável, Mulher, 50 kg Anestésico Local: Lidocaína + Adrenalina a 1:100.000 Lidocaina 2% = 36 mg/tubete Lidocaina: 7,0 mg/kg = 350 mg (DMR) Numero de tubetes: 350/36 = aproximadamente 9. Paciente: 40 Anos, Saudável, Homem, 90 kg Anestésico Local: Articaína + Adrenalina a 1:200.000 Articaina 4% = 72 mg/tubete Articaina: 7,0 mg/kg = 630 mg (DMR) Numero de tubetes: 630/72 = aproximadamente 9,0 Paciente: 6 Anos, Saudável, Homem, 20 kg Anestésico Local: Mepivacaína, sem Vasoconstritor Mepivacaina 3% = 54 mg/tubete Mepivacaina: 6,6 mg/kg = 132 mg (DMR) Numero de tubetes: 130/54 = aproximadamente 2,5 36 Rebeca Ferreira Moreira ANESTÉSICOS LOCAIS DO TIPO AMIDA: Lidocaína ▪ Metabolismo: no fígado ▪ Excreção: pelos rins; menos de 10% na forma inalterada e mais de 80% na forma de vários metabólitos ▪ Propriedades vasodilatadoras: maiores que a prilocaína ou mepivacaína ▪ pKa: 7,9 ▪ Inicio de ação: rápida (3 a 5 mim) ▪ Concentração odontológica eficaz: 2% ▪ Ação anestésica tópica: sim, em concentração de 5% ▪ Dose máxima recomendada: 7,0 mg/kg; 500mg ou 4,4mg/kg 300mg sem vaso ▪ Comentários: ✓ Está disponível na forma de 2% a 1:50.000, e 2% 1:100.000, com adrenalina ✓ A única utilização de lidocaína 1:50.000 é para hemostasia, onde é aplicada pequenas doses no local da cirurgia ✓ A lidocaína de 1:100.000 promove anestesia pulpar de aproximadamente 60 mim e de 3 a 5 horas nos tecidos moles ✓ A concentração de adrenalina é de 10 a 18 ng por tubete ✓ Para pacientes sensíveis a adrenalina, utilizar no máximo dois tubetes por consulta* ✓ A vasodilatação rebote ocorre tanto com a concentração de 1:50.000 e 1:100.000 ✓ Os primeiros sinais se sintomas é sonolência, levando a perda da consciência e parada respiratória Mepivacaína ▪ Metabolismo: fígado ▪ Excreção: Excreção pelos rins, 1% a 16% da dose anestésica são excretados inalterados ▪ Propriedades vasodilatadoras: Produz uma ligeira vasodilatação ▪ pKa: 7,6 ▪ Início de ação: Rápida (3 a 5 mim) ▪ Concentração odontológica eficaz: 3% sem vasoconstritor; 2% com vasoconstritor 37 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Dose máxima recomendada: 6,0 mg/kg; 400 mg ▪ Comentários: ✓ Está disponível na forma de 2% com levonordefrina 1:20.000 e 3% sem vaso ✓ Duração da anestesia pulpar com mepi sem vaso é 20 a 40 mim, 2 a 3 horas tecidos moles ✓ Frequentemente a mepi sem vaso é usada em pacientes pediátricos e geriátricos ✓ Mepi 2% com levonordefrina 1:20.000 proporciona uma anestesia pulpar de 20 mim, tecido duro 40 mim e tecidos moles de 3 a 5 horas ✓ Seus efeitos de profundidade e duração são semelhantes com a lidocaína ✓ Nos casos em que se deseja hemostasia a utilização de adrenalina é preferível em relação a levonordefrina Prilocaína ▪ Metabolismo: difere significativamente da lido e mepi, por ser uma amida secundária. É hidrolisada em ortotoluidina que pode induzir a formação de metemoglobina produzindo metemogobinemia por sua vez capaz de causar cianose ▪ A metemoglobina pode ser revertida dentro de 15 mim com administração de 1 a 2 mg de solução azul de metileno IV durante 5 mim ▪ A eficiência na degradação da prilocaína pelo organismo é demostrada pela fração extremamente pequena de prilocaína inalterada na urina ▪ Sofre biotransformação mais rápida e completamente que a lidocaína ▪ Metabolismo no fígado, rim, pulmões ▪ Excreção: Rins ▪ Propriedades vasodilatadoras: É um vasodilatador, produz vasodilatação maior que a mepivacaína, porém menor que a lidocaína ▪ pKa: 7,9 ▪ Início de ação: Discretamente lento (3 a 5 mim) ▪ É considerada menos tóxica do que os outros anestésicos locais de potência igual ▪ Concentração eficaz: 4% ▪ Dose máxima recomendada: 8,0 mg/kg; 600 mg ▪ Comentários: ✓ 4% sem vaso ✓ 4% com adrenalina de 1:200.000 38 Rebeca Ferreira Moreira ✓ A prilocaína pura é capaz de proporcionar anestesia com duração equivalente a obtida com lido e mepi com vaso ✓ O bloqueia regional proporciona anestesia de 40 a 60 mim ✓ Infiltração fornece duração curta de anestesia pulpar 10 a 15 mim ✓ Tecidos moles de 2 a 4 horas ✓ A prilocaína com caso não depende muito da técnica anestésica, tendo assim anestesia pulpar de 40 a 90 mim e tecidos moles de 3 a 8 horas ✓ Os portadores de doenças cardiovasculares ASA 3 podem receber até 4 tubetes ✓ É relativamente contraindicada para pacientes com hemoglobinopatias, ou insuficiência cardíaca ou respiratória ✓ Tem sido alegado que a solução de 4% de prilocaína com ou sem vaso está associado a maior risco de parestesia, basicamente donervo lingual, a solução de 4% pode ser mais neurotóxica que as outras formulações anestésicas Articaína ▪ Metabolismo: Ocorre tanto no plasma quanto no fígado ▪ Excreção: Excreção pelo rim de 5% a 10% na sua forma inalterada ▪ Propriedades vasodilatadoras: equivalente ao da lidocaína ▪ Pka: 7,8 ▪ Início de ação: Articaína 1:200.000, infiltração: 1 a 2 minutos, bloqueio mandibular: 2 a 3 minutos; articaína 1:100.000, infiltração: 1 a 2 minutos, bloqueio mandibular: 2 a 2,5 minutos ▪ Concentração eficaz: 4% ▪ Dose máxima recomendada: 7,0 mg/kg ▪ Comentários: ✓ Possui características tanto amida como éster ✓ Solução de 4% com adrenalina de 1:100.000 ou 1:200.000 ✓ Dose máxima recomendada 7,0 mg/kg de peso corporal ✓ Há relatos de parestesia do nervo lingual após sua administração no NAI ✓ Pode ser administrada em grávidas Bupivacaína ▪ Metabolismo: Fígado ▪ Excreção: Excreção pelo rim, 16% na sua forma inalterada ▪ Propriedades vasodilatadoras: Relativamente vasodilatadora ▪ pKa: 8,1 39 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Início de ação: Requer maior tempo de início de ação que os outros anestésicos (6 a 10 mim) ▪ Concentração eficaz: 0,5% ▪ Dose máxima recomendada: 90 mg ▪ Comentários: ✓ 0,5% com adrenalina de 1:200.000 ✓ A mais potente ✓ Indicada para procedimentos demorados > 90 mim ✓ Controle da dor pós-operatória ✓ A necessidade de analgésicos opiodes pós-operatórios diminui consideravelmente quando a bupi é administrada ✓ Foi desenvolvido um esquema: administração pré-operatória de AINE (1 hora antes), seguida da administração de qualquer anestésico de duração intermediária para o controle da dor durante o procedimento. A bupi é administrado imediatamente antes da alta do paciente (caso se considere necessário), como a continuação do AINE a cada ‘x’ horas como indicado. Anestésico Local Concentração % Duração de Efeito(média) pKa Dose máxima Recomendada Vasoconstrictor Lidocaína 2% 60 mim 7,9 500 mg Adrenalina 1:50.000 1:100.000 Mepivacaína 3% 2% 20-40 mim 60 mim 7,6 400mg Sem vaso Levonordefrina 1:20.000 Prilocaína 4% 4% 40-60 mim 60-90 mim 7,9 600mg Sem vaso Adrenalina 1:200.000 Articaína 4% 4% 60-75 mim 45-60 mim 7,8 Não há máximo absoluto Adrenalina 1:100.000 1:200.000 Bupivacaína 0,5% 90-180 mim 8,1 90 mg Adrenalina 1:200.000 40 Rebeca Ferreira Moreira 41 Rebeca Ferreira Moreira
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