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1 Rebeca Ferreira Moreira FIXAÇÃO RÍGIDA VERSUS NÃO RÍGIDA A fixação interna pode ser através de amarrias, parafusos, placas, haste, pinos e outros dispositivos colocados diretamente nos ossos para ajudar na estabilização de uma fratura. FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA • Qualquer forma de fixação aplicada diretamente nos ossos que seja resistente o bastante para prevenir movimentação fragmentar ao longo da fratura • Requer exposição cirúrgica para alinhar anatomicamente os fragmentos (redução aberta) e assegurar a fixação dos dispositivos • Exemplo da fixação rígida na mandíbula- dois parafusos lag screw ou placa por meio de uma fratura, o uso de uma placa de reconstrução com pelo menos três parafusos de cada lado da fratura, uso de uma placa de compressão grande • Tais esquemas são rígidos o suficiente para prevenir a mobilidade interfragmentar durante o período curativo • Cicatrização em processo de remodelação harvesiana- não há formação de calo ósseo • Cicatrização óssea primária ou direta- imobilização absoluta dos fragmentos, ou seja, fixação rígida, distância mínima entre eles. 2 Rebeca Ferreira Moreira FIXAÇÃO INTERNA NÃO RÍGIDA • Qualquer forma de fixação óssea que não seja forte o bastante para evitar a movimentação interfragmentar ao longo da fratura, com o uso ativo da estrutura esqueletal • A diferença básica da fixação rígida e não rígida é centrada na mobilidade interfragmentar • Se existe movimentação dos fragmentos ósseos durante o uso ativo da estrutura esqueletal, a fixação é considerada não rígida • Algumas formas de fixação não rígida são fortes o bastante para possibilitar o uso ativo do esqueleto durante a fase curativa, mas não o suficiente para evitar a mobilidade Inter fragmentária- fixações funcionalmente estáveis • Estabilidade adequada para função apesar de não haver estabilidade adequada para união direta do osso Ao final da década de 1950, a Associação Suíça para o Estudo de Fixação Interna (AO/ASIF) divulgou quatro princípios biomecânicos para tratamento de fratura: 1. Redução anatômica precisa. 2. Técnica operativa a traumática com preservação da vitalidade do osso e dos tecidos moles. 3. Fixação interna rígida que produza uma unidade esqueletal mecanicamente estável. 4. Prevenção de dano ao tecido mole e “doença de fratura”, o que torna possíveis mobilização rápida, ativa, livre de dor da unidade esqueletal. 3 Rebeca Ferreira Moreira CICATRIZAÇÃO ÓSSEA Tipos de cicatrização óssea primária. A. Quando existe uma distância mínima entre os fragmentos, e eles estão imobilizados rigidamente, os osteoclastos de um fragmento “criam” seu caminho pela linha de fratura e para dentro do fragmento oposto. Atrás deles, vêm o tecido fibrovascular e os osteoblastos, que começam a depositar novo osso. Com a maturação, eles formam novos canais haversianos. Esse processo é normalmente chamado de cicatrização por contato. B. Quando existe um espaço pequeno entre os fragmentos imobilizados rigidamente, osso lamelar é depositado dentro da abertura da fratura. Depois, ocorre o processo descrito anteriormente, com novos canais haversianos que cruzam a abertura. Esse processo é chamado algumas vezes de gap healing (cicatrização de lacuna). Com qualquer desses tipos de cicatrização óssea primária, nenhum calo externo poderá ser encontrado ao longo do lado de fora desses fragmentos, se eles forem rigidamente imobilizados. A cicatrização óssea sob condição de mobilidade entre os fragmentos ósseos é denominada indireta ou secundária. Em tais circunstâncias, há deposição de calo periosteal, reabsorção das terminações dos fragmentos e diferenciação tecidual a cartilaginosa. Os ossos não podem se formar por uma abertura móvel. A formação de um calo pode ser encarada como uma fixação interna natural, fornecendo estabilidade aos fragmentos ósseos, de forma que a união óssea possa ocorrer. O aparecimento de um calo em uma radiografia indica que existe mobilidade entre os fragmentos, o que exige uma deposição do calo para “imobilizar” os fragmentos e possibilitar a ossificação. ✓ Método Champy de tratamento de fraturas de ângulo, com o uso de uma mini placa única de não compressão presa com parafusos monocorticais de 2 mm, 4 Rebeca Ferreira Moreira dois de cada lado da fratura. Como a placa se localiza na área mais vantajosa biomecanicamente (borda superior), uma placa pequena pode neutralizar as forças funcionais e possibilitar o uso ativo da mandíbula durante o processo de cicatrização. Embora essa técnica seja funcionalmente estável, é provável que uma movimentação intrafragmentária ocorra em alguma extensão durante a função. Por essa razão, não se trata de uma fixação rígida FIXAÇÃO DO TIPO LOAD-SHARING X FIXAÇÃO DO TIPO LOAD-BEARING Os dispositivos que dividem as cargas com o osso e cada lado da fratura são chamados de Load-Sharing. E load-bearing é um dispositivo resistente e rígido suficiente para suportar toda a carga aplicada à mandíbula durante as atividades funcionais. Os danos que requerem fixação do tipo load-bearing (bridging) são fraturas cominutivas da mandíbula, interface óssea pequena em virtude da atrofia, danos que resulta em perda da porção da mandíbula. Geralmente o dispositivo mais utilizado é a placa de reconstrução grande, espessa, dura (2,3mm 2,4mm ou 2,7mm). Quando afixada aos fragmentos de cada lado da fratura com no mínimo três parafusos, as placas de reconstrução podem promover estabilidade temporária aos fragmentos ósseos, pois normalmente falharam por afrouxamento dos parafusos ou fratura da placa. A fixação tipo load-sharing é qualquer forma de fixação interna que apresente estabilidade insuficiente para suportar todas as cargas funcionais aplicadas às fraturas pelo sistema mastigatório (mini placas 2mm). Esse dispositivo de fixação requer fragmentos ósseos sólidos de cada lado da fratura que possam suportar parte das cargas funcionais. As fraturas que podem ser adequadamente estabilizadas com dispositivos de fixação tipo load-sharing são fraturas lineares simples, que constituem a maioria de fraturas mandibulares. FORÇAS DINÂMICAS REGIONAIS • As diferentes regiões da mandíbula são submetidas as forças de diferentes magnitudes e direção • Uma fratura no ângulo tende a “abrir” na borda superior, desse modo a aplicação de dispositivo de fixação na borda superior é mais efetivo na prevenção da separação dos fragmentos submetidos a função • A técnica de Champy funciona extremamente bem para esse tipo de fratura 5 Rebeca Ferreira Moreira • As fraturas de corpo apresentam comportamento simular, com tendência à formação de uma abertura na borda superior • Quanto mais anterior for a fratura, maior a possibilidade de ocorrer torque nos fragmentos, causando desalinhamento mediolateral da borda inferior • A mandíbula anterior é a forças de torção e cisalhamento, essa é a razão pelo qual a maioria dos cirurgiões defende a aplicação de dois pontos de fixação na sínfise FIXAÇÃO DE UM PONTO X FIXAÇÃO DE DOIS PONTOS • As fraturas mandibulares podem ser tratadas pela aplicação de dispositivos de fixação em um ponto ou ao longo da fatura ou dois • Não há nenhuma dúvida de que a adição se um segundo ponto fornece mais estabilidade à fratura • No entanto para se levar vantagem mecânica de mais de um ponto de fixação, os dispositivos devem ser colocados o mais longe possível um do outro • O emprego da fixação de dois pontos requer altura suficiente de osso para que os dispositivos possam ser colocados o mais distante possível um do outro • Se for escolhido duas placas do tipo load-sharing para fornecer fixação rígida, deve-se estar ciente do posicionamento das raízes, do nervo alveolar inferior e mentual 6 Rebeca Ferreira Moreira OSTEOSSÍNTESECOM PLACA COMPRESSIVA X NÃO COMPRESSIVA • As placas de compressão são capazes de comprimir as margens do osso fraturado ajudando a aproxima-las e proporcionando estabilidade adicional pelo aumento da fricção entre eles • A aplicação de compressão cria uma força dinâmica possivelmente prejudicial, caso não aplicada de maneira perfeita • São mais seguras quando aplicadas em fraturas que existe obliquidade mínima e um local que haja tecido ósseo sólido e sadio em cada lado da fratura • Deve-se apenas utilizar compressão quando se deseja rigidez absoluta na fratura • Se ocorrer micro movimentação pela fratura a osteossíntese com placa de compressão falhará por torna-se solta SISTEMA COM TRAVAMENTO PARAFUSO-PLACA • Essas placas funcionam como fixadores internos e alcançam estabilidade pelo travamento do parafuso à placa • Os sistemas convencionais de placa e parafuso exigem adaptação precisa da placa ao osso subjacente, sem esse contato íntimo o aperto dos parafusos 7 Rebeca Ferreira Moreira tracionará os segmentos ósseos em direção a placa o que resulta em alteração na posição dos segmentos e na relação oclusal • O sistema com travamento parafuso placa oferece certas vantagens sobre outros sistemas: • É desnecessário o contato íntimo da placa com e o osso subjacente em todas as áreas, á medida que os parafusos são apertados elas se travam à placa e estabilizam os segmentos ósseos sem que haja compressão da placa com o osso • Não altera a redução pela inserção do parafuso • Os parafusos são dificilmente afrouxados do osso, a vantagem dessa propriedade é menor incidência de complicações inflamatórias • A quantidade de estabilidade fornecida pela linha da fratura é maior do que quando são usados parafusos sem travamento FIXAÇÃO COM PARAFUSO TIPO LAG SCREW • Emprego de parafusos para compressão óssea sem a utilização de placas • Duas corticais ósseas saldáveis são necessárias • Essa técnica divide a carga com o osso • O aperto do parafuso cria uma força de tensão que comprime as corticais ósseas entre si, o que reduz a fratura de forma apertada • Somente deve ser utilizada para fornecer fixação rígida absoluta • A micro movimentação da fratura fixada com lag screw resultará em dissolução do osso ao redor dos parafusos e perda de estabilidade • O lag screw somente deve ser selecionado quando existir osso suficiente disponível para colocação de pelo menos dois parafusos em osso sadio 8 Rebeca Ferreira Moreira • Vantagens: menos material e menor custo-benefício, como não há a necessidade de uma placa para se adaptar sendo os parafusos mais rápido e fácil para inserção, a redução é mais precisa do que quando utiliza placas • Deve-se sempre posicionar o lag screw em direção perpendicular à linha da fratura para se prevenir a sobreposição e o deslocamento durante o aperto dos parafusos FRATURAS MANDIBULARES SIMPLES X FRATURAS MANDIBULARES MÚLTIPLAS • Frequentemente múltiplas • As exigências para fixação de fraturas duplas ou múltiplas se diferenciam das fraturas isoladas • Nas fraturas mandibulares simples pode utilizar menos formas rígidas de fixação • Uma tendência mínima para fratura de sínfise, corpo e ângulo resultarem em alargamento da mandíbula • A aplicação de fixação de dois pontos para as fraturas lineares de corpo e ângulo e uma única fixação na borda superior de ângulo é adequada para a maioria das fraturas lineares simples isoladas • O lag screw pode ser usado no lugar ou em conjunto com as placas • Quando duas fraturas estão presentes, existe uma tendência maior de deslocamento dos seguimentos em virtude da perda bilateral de suporte que ocorre • Com fraturas bilaterais lineares simples, deve-se sempre considerar o uso de uma forma de fixação mais rígida, pelo menos em uma das fraturas • Se uma fratura de ângulo é combinada com uma fratura contralateral do processo condilar, deve-se considerar a aplicação de uma fixação mais estável no ângulo, se o processo condilar for tratado de forma fechada sem BMM • Se o processo condilar sofrerá redução aberta e fixação interna ou se muitas semanas de BMM serão usadas, a fratura de ângulo pode ser tratada com uma única mini placa de 2 mm na borda superior • O padrão de fratura que tem a maior tendência de alargamento é a fratura de sínfise combinada com fraturas de processo condilar, especialmente quando os dois côndilos estão fraturados • Se for escolhido o tratamento fechado da (s) fratura(s) de processo condilar, uma fixação muito estável deve ser aplicada por meio da sínfise mandibular • Isso pode ser alcançado por um grande número de técnicas, mas a mais estável é uma placa de reconstrução aplicada pela sínfise • Se for escolhido o tratamento aberto das fraturas de processo condilar, a fratura de sínfise pode ser tratada como uma fratura de sínfise isolada, com qualquer técnica 9 Rebeca Ferreira Moreira
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