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TEORIA PIAGETIANA AULA 06 – Provas Piagetianas, parte 2 REALISMO NOMINAL - Diz respeito a capacidade de compreensão entre a palavra escrita e a falada a partir da consciência da própria palavra como sequencia de sons. Significante (a palavra) e significado (ao que a palavra se refere). - O realismo nominal é uma forma de conceber as palavras que não as considera como designações arbitrárias, independentes do tamanho, da aparência ou da utilidade dos objetos, seres ou estados que designam. Os nomes dados aos objetos foram desenvolvidos com a evolução da língua. - Realismo Nominal Ontológico consiste na confusão da existência, origem e localização das palavras com os objetos a que elas se referem. - Questionando crianças entre 5 a 6 anos (pré-operatório) sobre esses aspectos, Piaget (1962) percebeu que elas acreditavam que os nomes emanavam das coisas e que se localizavam, de forma invisível, no próprio objeto. Algumas crianças, por exemplo, afirmavam ser necessário apenas olhar para o sol para saber que ele se chamava “sol”. - Realismo Nominal Lógico caracteriza-se pela atribuição de um valor lógico intrínseco à palavra. - Uma das perguntas sugeridas por Piaget (1962) para avaliar este tipo de realismo nominal era a seguinte: "Poderíamos chamar o 'sol' de 'lua' e a 'lua' de 'sol'?". As crianças que se encontravam nesse nível afirmavam não ser possível chamar o 'sol' de 'lua' porque o sol é grande e brilhante e não poderia diminuir para ficar do tamanho da lua. - Assim, Piaget (1962) concluiu que nessa fase, as crianças conferem ao nome características do objeto de tal forma que, para elas, se o nome muda, alteram-se também as particularidades do objeto. - 1º Nível: Realismo Nominal 1A (RN1A) – a) Acriança mostra profunda confusão entre palavra e coisa. Acreditam que “...trocar nomes significaria trocar as características específicas de cada objeto...”. (Vygotsky, 1962, p 169). Ex: A lua podia ter o nome de sol e o sol de lua? b) Também faz uma “Atribuição de características do objeto ao nome”. Ex: X: Diga algumas palavras grandes? Y: Caminhão, trem... (palavras que denominam coisas grandes) X: Diga algumas palavras pequenas? Y: Borboleta, moranguinho (palavras pequenas são as que denominam coisas pequenas). c) Ainda a criança tem dificuldades em ver semelhanças entre palavras independentemente da existência de semelhança entre seus referentes. Ex: X: Diga uma palavra parecida com bola? Y: Esfera. X: Diga uma palavra parecida com pato? Y: Galinha. A semelhança está nos objetos que essas palavras exibem e não nos objetos em si. - 1º Nível: Realismo Nominal 1B (RN1B) – É a fase intermediária entre o estágio anterior e o próximo, até estabilizar na fase seguinte. - 2º Nível: (RN2) – Ainda é motivada a relação entre o nome e a coisa, mas o nome não recebe mais as características da coisa, assim sendo, a criança mostra claramente sua capacidade de focalizar a palavra tal como ela é, independente de seu significado. Ex: X: Diga uma palavra grande? Y: Caminhão; telefone,... X: Qual a palavra maior trem ou telefone? Y: telefone, porque tem mais letras. - A criança que não superou o primeiro estágio do realismo nominal dificilmente poderá aprender a ler, porque sua aprendizagem ficaria restrita ao reconhecimento da figura da palavra, ou a esforços de emitir sons que tenham sido associados a certas letras ou grupos de letras, e não baseadas numa real compreensão da relação entre palavra falada e escrita. A consciência fonológica ainda não está totalmente desenvolvida, impedida pela presença do realismo nominal. O TESTE DAS QUATRO PALAVRAS E UMA FRASE - Emilia Ferreiro – Biografia: Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi nasceu na Argentina em 1936; Doutorou-se na Universidade de Genebra, sob orientação do biólogo Jean Piaget, cujo trabalho de epistemologia genética (uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança) ela continuou, estudando um campo que o mestre não havia explorado: a escrita; A partir de 1974, Emilia desenvolveu na Universidade de Buenos Aires uma série de experimentos com crianças que deu origem às conclusões apresentadas em Psicogênese da Língua Escrita, assinado em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky e publicado em 1979. - Psicogênese da Língua Escrita – Hipóteses infantis sobre a escrita: - Pré-silábica; - Hipótese silábica; - Hipótese silábico-alfabética; - Hipótese alfabética. - Pré-silábica: Subdividida em dois níveis, nessa fase, a criança não traça o papel com a intenção de realizar o registro sonoro do que foi proposto para a escrita: a) Nível 1 - Ela apresenta baixa diferenciação entre a grafia de uma palavra e outra, por isso costuma escrever palavras de acordo com o tamanho do que está representando. Seus traços são semelhantes entre si (ainda não tem letras, apenas traços e rabiscos) e, muitas vezes, nem ela consegue identificar o que escreveu - leitura instável (passar e perguntar o que ela escreveu, a criança vai dizer uma coisa, depois se perguntar de novo ela vai responder outra coisa). Algumas vezes, usa como estratégia o pareamento de desenhos com as palavras - para poder ler com mais segurança -, o que também pode caracterizar certa insegurança ao decidir que letras usar. Essa dificuldade acontece porque ela ainda não compreendeu a função da escrita e ainda confunde a escrita com desenhos (as vezes, a criança nem sabe desenhar ainda). b) Nível 2 - Embora já saiba que há uma quantidade mínima de caracteres e que seu emprego é necessário para a escrita, a criança ainda tenta criar diferenciações entre os grafismos produzidos, a partir do arranjo das letras que conhece (por poucas que sejam), mas sua escrita continua não analisável (a criança já sabe desenhar, principalmente as letras do próprio nome). Uma das hipóteses com qual a criança trabalha é sobre a qual nenhuma palavra pode ser construída com apenas uma letra, se precisa juntar duas letras ou mais. - Hipótese silábica: A criança começa estabelecer relações entre o contexto sonoro da linguagem e o contexto gráfico do registro (a consciência fonológica começa a se estabelecer). Sua estratégia é a de atribuir a cada letra ou marca escrito (uma letra, pseudoletra ou até um número) o registro de uma sílaba falada, pois começa a perceber que a grafia representa partes sonoras da fala. No entanto, ainda enxerta letras no meio ou final das palavras por acreditar que, assim, está escrevendo corretamente. Nessa fase, seu maior conflito são as palavras monossílabas - para ela é necessário um número mínimo de letras para cada palavra. - Hipótese silábico-alfabética: Como a criança utiliza ambas as hipóteses de escrita (pré-silábica e silábica) ao mesmo tempo, ela vivencia um momento de transição. Nessa fase, os avanços só podem ocorrer mediante informações que possibilitem o refinamento da aprendizagem relativa ao valor sonoro convencional das letras (conhecer a representação de cada som com letras específicas), além de oportunidades de comparação dos diversos modos de interpretação da mesma escrita (intervenção formal de uma instrução para que a criança aprenda). - Hipótese alfabética: A criança já venceu todos os obstáculos conceituais para a compreensão da escrita - cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba - e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever (aqui a criança já está realmente alfabetizada, ela já entendeu como se dá a relação das letras com as representações dos sons). Também já perdeu o medo de escrever (que ocorre com a maioria das crianças quando iniciam a escolaridade), contudo ainda não domina as regras normativas da ortografia. Apesar dessa subdivisão, o tempo necessário para a criança avançar de um nível para outro varia muito (depende muito das experiências que a criança tem com a leitura). Mas sua evolução pode ser facilitada pela atuação significativa do professor, quedeve estar sempre atento às necessidades observadas em seu desempenho, para lhe propor atividades adequadas que a conduzirão ao nível seguinte. Logo, o processo de alfabetização não é imediato, ele tem diversas etapas e se dará ao longo dos anos subsequentes do Ensino Fundamental. Ela não se resume à primeira série, pois durante todo o EF a criança vai aprendendo a questão da ortografia para se tornar um usuário consciente da leitura e da escrita. INSTRUÇÕES PARA O TESTE DAS QUATRO PALAVRAS E UMA FRAS DE EMILIA FERREIRO 1. Escolha 4 palavras de mesmo grupo semântico ex.: brinquedos, corpo humano, animais...; 2. Organize em ordem decrescente de sílabas: quatro, três, duas e uma sílaba; 3. Elabore uma frase simples (para não complicar a criança) com uma das palavras escolhidas; 4. Chame a criança uma por uma e afaste tudo que ela possa ver que tenha letras, e deixe que ela escreva o nome somente ao final do teste (como ela sabe as letras do próprio nome, ela pode fixar as letras específicas e isso pode atrapalhar), principalmente nos pré-silabicos para que eles não repitam somente as letras do nome; 5. Dite sem induzir ao som por exemplo: ""escreva e-le-fan-te". Simplesmente diga: "escreva a palavra elefante"; 6. Se a criança perguntar a palavra dite da mesma forma; 7. Tenha calma e procure manter a criança como se ela estivesse fazendo uma tarefa qualquer; 8. Quando ela terminar de escrever peça para que leia a palavra indicado com o dedo ou sublinhando a forma como está lendo; 9. Assim que a criança entregar o teste faça suas anotações no próprio teste assinalando como e onde foi verificado cada atitude da criança, isto facilita o Diagnóstico.
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