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Scanned with CamScanner Scanned with CamScanner Scanned with CamScanner Scanned with CamScanner Scanned with CamScanner Scanned with CamScanner Scanned with CamScanner Scanned with CamScanner ONCOLOGIA – Lidiely Mello GENITÁLIA FEMININA Antes da puberdade, anatomicamente, o colo do útero está praticamente anteriormente à vagina. Quando a produção de hormônios se inicia, o colo do útero se aproxima da vagina. Então, após a puberdade, a ectocérvice é a região perto da vagina e a endocérvice a região perto do colo do útero. Na mulher adulta, o útero encontra-se antevertido (inclinado anterossuperiormente em relação ao eixo da vagina) e antefletido (fletido ou curvado anteriormente em relação ao colo, criando o ângulo de flexão), de modo que sua massa fica sobre a bexiga urinária. Sendo assim, quando a bexiga urinária está vazia, o útero tipicamente situa-se em um plano transversal. A posição do útero muda com o grau de enchimento da bexiga urinária e do reto, e também com a evolução da gravidez. O corpo do útero, que forma os dois terços superiores do órgão, inclui o fundo do útero, a parte arredondada situada superiormente aos óstios uterinos. O corpo está situado entre as lâminas do ligamento largo e é livremente móvel. Tem duas faces: anterior (relacionada com a bexiga urinária) e posterior (intestinal). O corpo do útero é separado do colo pelo istmo do útero, um segmento estreitado, com cerca de 1 cm de comprimento. O colo do útero é o terço inferior cilíndrico e relativamente estreito do útero, que tem comprimento aproximado de 2,5 cm em uma mulher adulta não grávida. É dividido em duas porções: uma porção supravaginal entre o istmo e a vagina, e uma porção vaginal, que se saliente para a vagina. A porção vaginal arredondada circunda o óstio do útero e, por sua vez, é circundado por um recesso estreito, o fórnice da vagina. A porção supravaginal é separada da bexiga urinária anteriormente por tecido conjuntivo frouxo e do reto posteriormente pela escavação retouterina. A cavidade do útero continua inferiormente como o canal do colo do útero (cervical). O canal fusiforme estende-se de um estreitamento no interior do istmo do corpo do útero, o óstio anatômico interno, atravessa as porções supravaginal e vaginal do colo, comunicando-se com a luz da vagina através do óstio uterino. A parede do corpo uterino é formada por três camadas ou lâminas: • Perimétrio: Serosa ou revestimento seroso externo. Consiste em peritônio sustentado por uma fina lâmina de tecido conjuntivo. • Miométrio: Camada média de músculo liso. Muito distendido, extenso e muito mais fino durante a gravidez. Os principais ramos dos vasos sanguíneos e nervos do útero estão localizados nessa camada. Durante o parto a contração do miométrio é estimulada hormonalmente a intervalos cada vez menores para dilatar o óstio do colo do útero e expelir o feto e a placenta. Durante a menstruação, as contrações do miométrio causam as cólicas. • Endométrio: Camada mucosa interna, firmemente aderida ao miométrio subjacente. O endométrio participa ativamente do ciclo menstrual, sofrendo modificações de sua estrutura a cada estágio do ciclo. Se houver concepção, o blastocisto implanta-se nessa camada; se não houver concepção, a superfície interna dessa camada é eliminada durante a menstruação. O endométrio tem características secretora, ou seja, possui um epitélio cilíndrico. COLO DO ÚTERO A ectocérvice e a endocérvice são divisões do colo do útero: • Endocérvice – canal cervical: porção mais interna do colo, na região do óstio interno, voltada para o útero; revestida por uma camada única de células produtoras de muco = epitélio glandular – células colunares simples. ONCOLOGIA – Lidiely Mello • Ectocérvice: porção mais externa, voltada para vagina, próximo ao óstio externo. A vagina por ser um órgão de atrito, possui um epitélio estratificado pavimentoso, que confere proteção para a vagina, pois está em constante renovação celular. • A transição da endocérvice (epitélio cilíndrico) para a ectocérvice (epitélio estratificado pavimentoso), não é imediata, ou seja, existe uma área de transformação, em que ocorre uma metaplasia fisiológica. • Essa área de transição é a JUNÇÃO ESCAMOCOLUNAR (JEC). JUNÇÃO ESCAMOCOLUNAR - JEC A junção escamocolunar apresenta-se como uma linha bem definida com um degrau, devido à diferença de altura dos epitélios escamoso e colunar. A localização da junção escamocolunar com relação ao orifício cervical externo é variável durante a vida da mulher e depende de fatores como idade, estado hormonal, trauma ao nascimento, uso de anticoncepcionais orais e certas condições fisiológicas como gravidez. • INFÂNCIA E PÓS-MENOPAUSA: JEC situa-se na endocérvice – hormônios inibidos ou com baixas concentrações. • MENARCA: JEC situa-se na ectocérvice – hormônios com maiores concentrações. A ação tampão do muco que recobre as células colunares sofre interferência quando o epitélio colunar evertido no ectrópio fica exposto ao meio vaginal ácido. Isto leva à destruição e substituição subsequente do epitélio colunar pelo epitélio escamoso mataplásico recém-formado. O processo mataplásico começa principalmente na junção escamocolunar e prossegue centripetamente em direção ao orifício cervical externo ao longo do período reprodutivo até a perimenopausa. A irritação do epitélio colunar exposto ao meio vaginal ácido leva ao surgimento de células subcolunares de reserva. Essas células proliferam, produzindo uma hiperplasia de células de reserva e com o tempo formam o epitélio escamoso metaplásico. Do período da perimenopausa e depois da menopausa, o colo uterino reduz de tamanho devido à falta de estrógeno e, portanto, o movimento da nova junção escamocolunar em direção ao orifício cervical externo e para dentro do canal endocervical é acelerado. As células de reserva tem um aspecto semelhante as células basais do epitélio escamoso original, com núcleos arredondados e citoplasma escasso. À medida que o processo metaplásico progride, as células de reserva proliferam e se diferenciam para formar um epitélio multicelular fino de células escamosas imaturas sem evidência de estratificação. Com o avanço do processo, as células escamosas metaplásicas se diferenciam em epitélio metaplásico estratificado maduro. Varios cistos, denominados de Cistos de Naboth (folículos), são vistos no epitélio escamoso metaplásico maduro. Eles são cistos de retenção que se desenvolvem como resultado da oclusão de uma abertura ou desembocadura de criptas endocervicais pelo epitélio escamoso metaplásico suprajacente. A metaplasia escamosa é um processo irreversível, podendo progredir a uma velocidade diferente nas diversas áreas do colo uterino, e assim são vistas muitas áreas de graus bem diferentes de maturidade no epitélio escamoso com ou sem ilhotas de epitélio colunar. OBS: A zona de transição é descrita como normal quando é composta de metaplasia escamosa imatura e/ou madura juntamente com áreas ou ilhotas interpostas de epitélio colunar, sem sinais de carcinogênese cervical, como a alteração displásica na zona de transformação. ONCOGÊNESE VIRAL Em humanos, os vírus estabelecem infecções persistentes, sendo o câncer um efeito colateral acidental das diferentes estratégias de replicação viral. Os mecanismos através dos quais os vírus podem contribuir para o desenvolvimento de tumores são: ▪ Inflamação crônica; ▪ Estímulos da proliferação celular; ▪ Alterações da resposta imune; ▪ Acúmulos de mutações na célula infectada. Além disso os vírus têm a capacidade de: ▪ Introduzir material genético estranho; ONCOLOGIA – Lidiely Mello ▪ Estimular o desenvolvimento de fatores de crescimento e proteases; ▪ Estimular amutação de proto-oncogenes, tornando-se oncogenes; ▪ Altera funções do sistema imune. Os vírus causadores de tumores pertencem a dois grupos: RNA (retrovírus) e DNA. VÍRUS DE RNA RETROVÍRUS SIMPLES: Carregam oncogenes e são capazes de causar transformações celulares tanto in vitro como in vivo; RETROVÍRUS COMPLEXOS: HTLV-1; sua capacidade de transformação celular estaria associada à função de genes de origem viral. OBS: Ativação insercional – Retrovírus que não carregam genes com capacidade oncogênica, induzem a transformação celular pela integração do provírus na proximidade dos proto-oncogenes celulares normais alterando sua expressão e/ou atividade. Os únicos vírus de RNA associados atualmente a tumores em humanos são os vírus: HTVL-1 e HIV-1. HTVL-1 – Vírus Linfotrópico da Célula humana • Associado à forma de leucemia/linfoma das células T; • Possui tropismo para as células TCD4+, esse subgrupo de células T é o principal alvo para transformação neoplásica; • Infecção humana que requer a transmissão de células T infectadas; (relação sexual, sangue ou amamentação). ❖ O genoma do HTVL-1 contém uma região chamada de pX, onde está localizado o gene TAX (proteína necessária e suficiente para transformação celular). A interação com fatores de transcrição, como NF-k, a proteína TAX pode desativar a expressão dos genes que codificam citocinas e moléculas coestimulatórias. Se esses genes têm sua expressão desativada, ocorre circuitos de sinalização autócrinas e uma maior ativação de cascatas de sinalização pró-mitóticas. VÍRUS DE DNA Apresentam oncogenes próprios essenciais para a replicação viral e transformação celular. Os vírus pequenos de DNA dependem da maquinaria da célula hospedeira para replicar seu DNA. As proteínas não estruturais, codificadas pelos vírus, estimulas as células quiescentes e/ou diferenciadas a entrar na fase S do ciclo para produzir as enzimas e outros fatores necessários para que aconteça a síntese de DNA. EBV – Vírus Epstein-Barr ▪ Está associado ao linfoma de Burkitt; • O EBV usa o receptor de complemento CD21 para se fixar às células B e infectá-las, levando a proliferação de células B policlonais e à geração de linhagens celulares de linfoblastóides B; • O gene LMP1, codificado pelo EBV, age como um oncogene e sua expressão induz linfomas de células B; → O LMP1 induz fatores pró-angiogênicos, como o VEGF, FGF-2, MMP-9 e COX-2. • A LMP1 promove a proliferação de células B, pela ativação de vias de sinalização a partir da molécula CD40, tomando “emprestada” uma via de ativação normal das células B para então promover sua própria replicação de células suscetíveis a infecções; • O EBV codifica o gene EBNA-2, que transativa vários genes, incluído a ciclina D e a família SCR de proto- oncogenes; • A citocina IL-10 é copiada do genoma hospedeiro pelo EBV, codificando assim uma citocina vitral (Vil-10). Dessa forma, os macrófagos e monócitos não conseguem ativarem as células T e matar as células com infecção viral. A TAX: ▪ Impulsiona a progressão do ciclo ligando-se a ciclinas e ativando-as; ▪ Reprime genes supressores de tumor que controlam o ciclo, como p16 e p53; → Dessa forma, o gene TAX liga vários genes de citocinas e seus receptores, estabelecendo um sistema autócrino, impulsionando a proliferação de células T, inicialmente sendo monoclonais. Devido a inativação da p53, por exemplo, as células T se tornam mais suscetíveis à mutações, podendo levar ao crescimento de uma população de células T neoplásicas. ONCOLOGIA – Lidiely Mello • OBS: O linfoma de Burkitt não expressa LMP1, pois são mantidos sob controle pelo sistema imune. Logo, as células do linfoma podem emergir somente quando translocações ativam o oncogene MYC, que substitui o LMP1 na sinalização, assim permitindo que as células tumorais façam a regularização decrescente da LMP1 e evadindo do sistema imune. HEPATITE B e C Seus efeitos oncogênicos são multifatoriais, mas o efeito dominante parece ser a inflamação crônica, imunologicamente mediada com a morte de hepatócitos, levando a regeneração e ao dano genômico. • A infecção viral crônica leva à proliferação compensatória de hepatócitos, favorecido por citocinas, fatores de crescimento e quimiocinas. As células imunes ativas promovem a sobrevivência celular, o remodelamento tecidual e a angiogênese. • Ocorre a ativação de NF-kβ nos hepatócitos, causada por mediadores derivados das células imunes ativas. Essa ativação dentro dos hepatócitos bloqueia a apoptose, permitindo que os hepatócitos em divisão entrem em estresse genotóxico e acumulem mutações. HPV – Papiloma Vírus Humano Os papilomavírus são vírus de DNA, mucoepiteliotrópicos e espécie-específicos. ▪ Já foram descritos mais de 100 tipos de HPVs; ▪ Apesar de possuírem uma apresentação genômica muito semelhante, os diferentes tipos infectam epitélios em regiões anatômicas específicas, onde se replicam como plasmídeos multi-cópias extracromossomais e podem causar lesões escamosas, denominadas verrugas, papilomas ou condilomas; ▪ São classificados como baixo risco e alto risco: • Baixo risco → Tipos 6 e 11 (mantém-se na sua forma epissomal) ; Associados a verrugas benignas. • Alto risco → Tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 66; Associados à lesões escamosas de alto grau e ao desenvolvimento do câncer da cérvice uterina e de outras regiões anogenitais. Além disso, o DNA desses vírus tem sido encontrado em até 70% dos tumores da orofaringe. ▪ O genoma dos HPVs constitui-se num DNA de aproximadamente 8.000 pares de bases, que codifica para uma série de proteínas precoces multifuncionais, envolvidas no controle da replicação e transcrição viral, e duas proteínas tardias que compõem o capsídeo viral. MECANISMO MOLECULAR: O mecanismo molecular que permite a entrada do HPV na célula ainda não é muito bem entendido. Parece ocorrer via endocitose, por vesículas cobertas por clatrina, sendo um processo lento e complexo que pode durar horas. • O desnudamento do vírus, no interior da célula, permite que o DNA viral seja transportado para o núcleo; • Este vírus reconhece receptores específicos presentes apenas em células indiferenciadas. Por isso, a infecção se inicia na camada basal da epiderme, cujas células imaturas, chamadas de células basais, são expostas em decorrência da abrasão e consequente formação de microlesões na pele ou mucosa; • O HPV também pode infectar as células de reserva do epitélio colunar endocervical, ou, ainda, as células metaplásicas ora presentes na região de junção escamo- colunar (JEC) do colo uterino; • Após sua entrada, o DNA viral é direcionado ao núcleo celular e iniciando o processo de estabilização, ou seja, se replica apenas quando a célula se replica. • Nas células basais, favorece a manutenção da forma epissomal (circular), a qual é garantida também pela atuação dos genes E1 e E2. Nessa fase, chamada de latente, o HPV se mantém em pequeno número. O vírus pode permanecer assim no tecido por vários dias, ou até por anos, sem causar nenhuma alteração tecidual. Devido à baixa carga viral, sua transmissão é dificultada, mas não é impedida. → OBS: E1 e E2 são proteínas virais que se expressam e promovem a replicação; elas estabilizam o DNA viral em longo prazo e controlam a expressão dos demais genes virais. • Ainda sob a forma epissomal, partículas virais começam a ser formadas independentemente do ciclo de divisão celular, aumentando, assim, em número – Saída do vírus de sua fase de latência. Nesta fase lesões começam a aparecer; • O gene E4 codifica uma proteína associada à maturação viral e à alteração da matriz intracelular. E4se associa com ceratinas do citoesqueleto da célula hospedeira, facilitando a montagem e maturação do vírus. E4 é expressa nas camadas diferenciadas do epitélio, em estágios tardios da infecção; • A região de E5 codifica uma proteína hidrofóbica que é capaz de interagir com várias proteínas transmembranosas como os receptores do fator de crescimento epidérmico (EGRF) e o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), entre outros. Possui função sinérgica ao fator de crescimento ONCOLOGIA – Lidiely Mello epidérmico (EGF), estimulando a proliferação celular e impedindo a apoptose. • Os genes E6 e E7 codificam proteínas que podem estimular a proliferação e a transformação das células hospedeiras, cooperando sinergicamente para a imortalização celular. A oncoproteína E7 é uma pequena fosfoproteína que se liga de forma eficiente à proteína do retinoblastoma (pRB) em seu sítio de ligação de fatores de transcrição, como membros da família E2F. Esta interação leva à liberação do fator de transcrição E2F do complexo repressor transcricional pRB/E2F, permitindo a estimulação da proliferação celular; • O gene E7 também desregula mecanismos de apoptose; • A proteína E6 complementa o papel desempenhado por E7, evitando a indução de apoptose e a correção de possíveis erros que aparecem durante o processo de replicação do DNA. Esta oncoproteína é capaz de se associar à proteína p53 por intermédio de outra proteína celular, a proteína associada à E6 (E6-AP). Esse complexo se liga por sua vez à E3 ubiquitina ligase, resultando na ubiquitinação de p53 e subsequente degradação proteolítica. • E6 também colabora na imortalização celular ativando a telomerase da célula hospedeira. ▪ A expressão e atuação das proteínas oncogênicas do HPV são necessárias para o surgimento de lesões cervicais. Mutações adicionais geradas a partir da instabilidade genômica provocada pelas oncoproteínas são necessárias para a progressão maligna. À medida que a carga viral aumenta mais e mais proteínas vão sendo produzidas e acumuladas dentro da célula hospedeira. ▪ Durante o processo de integração do genoma viral ao genoma do hospedeiro, os genes E2 ou E1 são quebrados, perdendo assim sua funcionalidade. Como consequência, perde-se também o controle na expressão dos genes oncogênicos E6 e E7 e a estabilidade da forma episomal. ▪ A progressão tumoral, desde a infecção pelo HPV em células normais, está sujeita ao efeito de fatores ambientais, como carcinógenos químicos e físicos, ou fatores restritos ao hospedeiro, tais como hormônios, resposta imune, herança genética, hábitos sexuais do parceiro, entre outros. HPV E O CÂNCER DE COLO DE ÚTERO A maioria das infecções é eliminada em um curto período de tempo pelo sistema imunológico, mas em um numero pequeno de mulheres as infecções pelo vírus não são eliminadas e o HPV pode permanecer na cérvice uterina por anos. A infecção persistente por determinados tipos de HPV é considerada o principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões percursoras do carcinoma do colo uterino. • O tempo entre a infecção primária por tipos de HPV de alto risco oncogênico e o desenvolvimento de neoplasias intraepiteliais cervicais, carcinoma in situ e câncer invasivo é relativamente longo. • Neoplasias intraepiteliais cervicais tem um pico de incidência entre 25 e 30 anos de idade, enquanto que a incidência de câncer cervical está entre 45 e 55 anos. Isso deixa claro que o período de latência é de muitos anos entre a infecção inicial e o desenvolvimento da neoplasia intraepitelial, e que a progressão para câncer invasivo requer entre 20 e 30 anos. Dessa forma, a infecção persistente apresenta- se como evento determinante na carcinogênese da cérvice uterina. • O ciclo de vida do HPV é intimamente ligado à diferenciação epitelial. Para que a infecção persista é necessário que o vírion infecte a camada basal do epitélio, onde se localizam as células capazes de se dividir ativamente. Contudo, a replicação do seu genoma e a expressão de suas proteínas ocorre apenas nas camadas mais diferenciadas do epitélio. • As proteínas de expressão precoce E6 e E7 interferem em um grande número de funções celulares, contribuindo para carcinogênese. Enquanto a proteína E6 é capaz de induzir a degradação da proteína p53, a proteína E7 é capaz de induzir a degradação da proteína pRb. A perda de função de pRb leva à progressão do ciclo celular mediado pela ativação do fator de transcrição E2F. Essa progressão pode ser inibida por apoptose, entretanto, a indução de apoptose é comprometida em células infectadas devido à degradação de p53 por E6. Dessa forma, a interferência de E6 e E7 nas vias controladas pela atividade de p53 e pRb pode ser considerada um dos principais fatores associados à carcinogênese do colo uterino. • Carcinoma epidermoide – câncer de células escamosas: acomete o epitélio ectocervical, ou seja, epitélio que está em contato com a vagina. O tumor uterino tem início com uma lesão pré- maligna, chamada displasia. As displasias são lesões causadas pelo HPV. Podem ser classificadas como leves, moderadas ou graves. Também são chamadas de neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC). De acordo com o grau de comprometimento, são classificadas em graus 1, 2 e 3 (em ordem crescente de agressividade.) ONCOLOGIA – Lidiely Mello NIC I: Displasia Leve ▪ Lesão bem diferenciada; ▪ Camadas superficiais ou intermediárias do epitélio; células conhecidas como coilócitos. ▪ Terço inferior do epitélio. NIC II: Displasia Moderada ▪ Alterações celulares nos dois terços inferiores do epitélio; NIC III: Displasia severa e carcinoma in situ ▪ Diferenciação e estratificação epitelial pode estar ausente; ou presente apenas na superfície do epitélio; ▪ Anomalias nucleares são observadas por toda a espessura do epitélio; ▪ Mitoses numerosas e anormais. Nessa fase as células malignas ainda não têm capacidade de invadir os tecidos e causa metástases, por estarem limitadas por uma barreira natural do órgão, chamada membrana basal. Quando o tumor consegue ultrapassar a membrana basal, pode invadir os tecidos vizinhos. Inicialmente as células malignas irão se infiltrar superficialmente em direção à vagina e profundamente em direção às lâminas de tecido conjuntivo que mantêm o útero fixo em sua posição na bacia: os paramétrios. A partir daí, as células tumorais podem invadir órgãos vizinhos, como bexiga, ureteres, reto, cavidade pélvica, os linfonodos da região e penetrar os vasos linfáticos e sanguíneos para ter acesso a órgãos distantes, como pulmões, fígado e ossos. NEOPLASIA DE COLO DE ÚTERO Além do Carcinoma epidermoide, causado pela infecção ao HIV, também existem outros dois tipos: • Adenocarcinoma: acomete o edocérvice, um epitélio glandular que está na parte mais interna do colo uterino. Não é tão comum quanto o carcinoma epidermoide. Pode também estar associado a infecções pelo HPV. • Carcinoma adenoescamoso: muito raro e com características dos dois outros tipos. As células epiteliais superficiais dessas lesões geralmente exigem hipercromasia e aumento do tamanho do núcleo – efeitos da replicação viral. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO • Anamnese: Dirigida aos fatores de risco e aos sinais e sintomas relacionados ao câncer; • Exame Físico: Palpação do fígado, regiões supraclaviculares e inguinais para excluir metástase. • Papanicolau (Citologia oncótica ou exame citopatológico de colo de útero): Considerando também um tipo de prevenção secundária; → É o principal método de rastreamento do câncer cervical; → Detecta possíveis lesões pré-malignas: assintomáticas e curáveis; As quais poderiam evoluir para câncer em 8 a 10 anos; → Quem deve fazer: Segundo o ministério da saúde, mulheres quejá tiveram relação sexual, dos 25 aos 64 anos (desde que os 2 últimos papas foram normais. → Por que não iniciar antes dos 25 anos? Porque o Papanicolau é um rastreamento do câncer de colo de útero, e abaixo de 25 anos a incidência é mínima. O exame antes do momento indicado eleva a taxa de morbidade obstétrica e neonatal → Ao realizar o exame retira-se um pedaço do tecido do colo uterino, podendo prejudicar uma futura gestação, pois a paciente pode ter uma incompetência istmo- cervical, o colo irá dilatar antes da hora. → Como deve ser feita a coleta? Amostra do epitélio ectocervical (células escamosas) + amostra do epitélio endocervical (células glandulares) + amostra do epitélio de transformação (células metaplásicas). → Mulheres que fizeram histerectomia completa (útero + colo) por motivos de lesões benignas ou malignas de baixo grau, não precisam realizar o Papanicolau. Porém, mulher que fizeram histerectomia parcial ou total e tenha antecedentes de lesões malignas de A classificação citológica mais atual do esfregaço cervical é o Sistema de Bethesda Ela incorporou vários conceitos e conhecimentos adquiridos que, resumidamente, são: o diagnóstico citológico deve ser diferenciado para as células escamosas e glandulares; a inclusão do diagnóstico citomorfológico sugestivo da infecção por HPV, devido às evidências do envolvimento desse vírus na carcinogênese dessas lesões, dividindo-as em lesões intraepiteliais de baixo – LSIL (NIC I); e alto - HSIL grau (NIC II e NIC III); ressaltando o conceito de possibilidade de evolução para neoplasia invasora; e a introdução da análise da qualidade do esfregaço. ONCOLOGIA – Lidiely Mello alto grau, deve continuar realizando o Papanicolau, como forma de prevenção. • Colposcopia e biópsia dirigida: Etapas fundamentais na propedêutica do carcinoma invasor inicial do colo de útero; Delimita a extensão da doença no colo e vagina, além de confirmar o diagnóstico; Biópsia quando o exame histopatológico confirma lesões invasivas. - Microinvasão → invasão < 5 mm extensão < 7 mm PREVENÇÃO ❖ Prevenção primária: • 1º nível: promoção à saúde - Moradia adequada; - Educação sanitária; • 2º nível: proteção específica - Imunização (vacinação); - Saúde ocupacional; - Higiene pessoal e do lar; - Controle de vetores. ❖ Prevenção secundária: • 3º nível: diagnóstico precoce - Inquérito para descoberta de casos na comunidade; - Exames periódicos para detecção precoce de casos; - Isolamento para evitar propagação da doença; - Tratamento. • 4º nível: limitação de incapacidade - Evitar futuras complicações; - Evitar sequelas. ❖ Prevenção terciária: • 5º nível: reabilitação - Fisioterapia; - Terapia ocupacional; - Psicologia; - Fonoaudiologia. POLÍTICAS PÚBLICAS ❖ SISCOLO: 2009 A 2015 • Sistema de rastreamento; • Rastreamento do câncer de colo de útero; • Módulo laboratorial: registra dados referentes aos procedimentos de citopatologia, histopatologia e monitoramento externo; • Módulo coordenação: registra as informações de seguimento das mulheres que apresentam exames alterados. • Módulo de atenção primária, secundária e terciária. ❖ SISCAM: Em desenvolvimento desde 2013; Acompanha tanto câncer de colo de útero como de mama. ❖ PROGRAMA VIVA MULHER: Desde 1995; • Apresenta cinco etapas: recrutamento da população alvo; coleta do material (Papanicolau); processamento do material no laboratório de citopatologia; tratamento e avaliação. VACINA: Formada a partir de partículas virais – DNA recombinante. Tetravalente: protege contra os 4 principais e mais prevalentes tipos de HPVs. → Oncogênicos: Tipos 16 e 18 (mais agressivos) → Não-oncogênicos: Tipos 6 e 11 (verrugas – condiloma acuminado). • Público alvo: ▪ Meninas: 9 a 14 anos 2 doses: primeira dose e a segunda 6 meses depois. ▪ Meninos: 11 a 14 anos 2 doses: primeira dose a segunda 6 meses depois. ▪ Mulheres HIV +: 9 a 26 anos 3 doses: Uma dose; a segunda dose depois de 2 meses; terceira dose depois de 6 meses; ▪ Gestantes: não devem ser vacinadas. ONCOLOGIA – Lidiely Mello FATORES GENÉTICOS RELACIONADOS À ONCOGÊNESE SÍNDROME DE CÂNCER AUTOSSÔMICO DOMINANTE • Ocorrem por transmissão vertical (de uma geração para outra), por meio de um padrão de herança mendeliano bem definido, em geral do tipo autossômico dominante, ou seja, 50% de risco de transmissão para a prole em cada gestação, independentemente do sexo; • Apresentam, também, elevada taxa de penetrância: o indivíduo portador da mutação tem um risco elevado de desenvolver lesões associadas à síndrome durante toda a vida; • Mutações incapacitantes herdadas em um gene supressor de tumor, são responsáveis pelo desenvolvimento de um tumor em famílias • Algumas características estão associadas ao câncer hereditário, como: − Idade precoce ao diagnóstico; − Mais de uma neoplasia em um mesmo indivíduo; − Vários membros de uma mesma família apresentando a mesma neoplasia ou neoplasias relacionadas e múltiplas gerações acometidas. • A herança de um só gene mutante aumenta muito o risco de desenvolver um tumor! • EXEMPLOS: • Câncer de Mama e ovário – BRCA1/2 • Retinoblastoma – Rb • Melanoma – p16 • Neurofibromatoses – NFI/NFII SÍNDROME AUTOSSÔMICA RECESSIVA DO REPARO DO DNA DEFEITUOSO • Instabilidade cromossômica ou de DNA; • As mutações dos genes envolvidos no reparo de DNA ocorrem principalmente em XPA, ERCC3, XPC, ERCC2, DDB2, ERCC4 e ERCC5, que constituem respectivamente os grupos de complementação XP-A a XP-G. • A herança genética é responsável pelo desencadeamento do xeroderma pigmentoso (XP), uma doença rara, com frequência estimada de um afetado para cada 250.000 indivíduos. Apresenta padrão genético autossômico recessivo, e seus efeitos são potencializados em crianças cujo pai e mãe possuem o gene da doença. CÂNCERES FAMILIARES DE HERANÇA INCERTA • Não estão associados a fenótipos marcadores específicos; • A predisposição a tumores é dominante. LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS ADQUIRIDAS • Maioria não progride para câncer; • Lesões precursoras surgem em quadros de lesões teciduais crônicas ou inflamações que podem aumentar a probabilidade de malignidade por estimularem a continuação da proliferação regenerativa ou expor as células aos produtos de inflamação. POLIMORFISMOS GENÉTICOS • Podem ocorrer por ausência completa de codificação do gene para a enzima de metabolização; perda ou diminuição da expressão do gene em razão da presença de mutações nas regiões reguladoras. Mutações nos limites entre o éxon e íntron do gene promovendo um splicing incorreto do pré-Mrna. • Alterações em regiões não-codificadas → altera a quantidade de proteínas, seja por aumento ou diminuição da transcrição do gene. • Alterações em regiões codificadoras → consequência na função da proteína. ➢ O acúmulo de toxicidades é evitado por meio da ação funcional da P450, que reconhece xenobióticos e os tranforma em formas mais hidrofóbicaas, passíveis de seres excretadas. A P450 está presente em todos os tecidos, com maior abundância no fígado. Em nível celular, está presente no reticulo endoplasmático e mitocôndrias. ALTERAÇÕES CARIÓTIPAS NOS TUMORES Ativa oncogenes ou inativa genes supressores de tumor, podendo ser ou não identificados no cariótipo (depende do tamanho da lesão). I) TRANSLOCAÇÕES EQUILIBRADAS: Podem ativas ativar os proto-oncogenes de duas maneiras: 1) Superexpressão de proto-oncogenes por removê-los de seus elementos reguladores normais e coloca-los sob o controle de um promotor inadequado e altamente ativo; 2) Criação de genes de fusão codificadores de proteínas quiméricas novas. - Exemplo: cromossomo Filadélfia (Ph) -> Leucemia mielógena crônica • Célulaslinfoides são com mais frequência os alvos dos rearranjos dos genes, pois essas células intencionalmente produzem rupturas no DNA durante o processamento de anticorpos ou na recombinação do gene receptor de célula T. • Os rearranjos de genes em tumores sólidos podem contribuir para a carcinogênese pelo aumento da expressão de um oncogene ou geração de um novo gene de fusão. ONCOLOGIA – Lidiely Mello - Exemplo: Genes de fusão TMPRSS – ETS, encontrados em carcinomas de próstata, colocam os genes de fator de transcrição da família ETS sob o controle do promotor, que é ativado por androgênios, logo, tendo a expressão inadequada dependente de androgênio e dos fatores de transcrição ETS. II) DELEÇÕES • As deleções de regiões especificas dos cromossomos podem resultar na perda de determinados genes supressores de tumor; • Os supressores tumorais geralmente requerem a inativação de ambos os alelos para que contribuem para a carcinogênese. - Exemplo: Mutação pontual de inativação em um alelo seguido pela deleção do outro alelo não mutado. • Deleções envolvendo 13q14, sítio do gene Rb, está associado ao retinoblastoma; já deleções de 17p, está associada à perda da p53. III) AMPLIFICAÇÃO GÊNICA • Proto-oncogenes podem ser convertidos em oncogenes por amplificação, ou seja, ocorre a superexpressão de proteínas sob outros aspectos; • Tal amplificação pode produzir centenas de cópias de proto-oncogenes na célula tumoral. IV) MICRO – RNAs E CÂNCER • Os miRNAs são pequenas moléculas endógenas de ácido ribonucleico (RNA), não codificantes, com cerca de 22 nucleotídeos, que atuam como reguladores negativos da expressão gênica; • Inibem a expressão genética por meio da pós- transcrição ou pela clivagem do mRNA, permitindo a transdução; • Possuem a função de controlar o crescimento celular, diferenciação e a sobrevivência das células; • Podem aumentar a expressão de oncogenes e/ou reduzir a expressão dos genes supressores de tumor; • Se um miRNA inibir a transdução de om oncogene, uma redução na quantidade ou função desse miRNA levará a superprodução do produto do oncogene. Dessa forma, um miRNA tendo como alvo um gene supressor de tumor, a sua superatividade irá reduzir a proteína supressora tumoral. • Obs: Pode servir como gene supressor de tumor. Exemplo: A regulação decrescente ou deleção de certos miRNA em algumas leucemias e linfomas, resulta em aumento de BCL2 (gene antiapoptótico). V) MODIFICAÇÕES EPIGENÉTICAS E CÂNCER • Células cancerosas caracterizam-se por hipometilação global do DNA e hipermetilação seletiva; • Os genes supressores de tumor às vezes são silenciados por hipermetilação das sequencias do promoter; • CDKN2A codifica dois supressores tumorais – p14 e p16; como esse lócus produz dois supressores tumorais que afetam p53 e Rb silenciá-lo remove dois pontos de controle com apenas uma alteração; • Modificações epigenéticas, regulam a expressão genética, permitindo que células com a mesma constituição genética, tenham aderências e funções diferentes. DISTÚRBIOS PROSTÁTICOS • A próstata divide-se em 3 zonas: − Periférica: corresponde a 75% do total da glândula -> região predominante do câncer. − Central: cerca de 20% do volume prostático; − Transição: 5% do volume total. Local que ocorre hiperplasias. • A próstata normal mede 3 a 4 cm na base, 4 a 6 cm na sua dimensão céfalo-caudal e 2 a 3 cm na sua dimensão ântero- posterior. • O período da adolescência é o que apresenta maior taxa de crescimento da próstata, estabelecido em cerca de 1,6 grama ao ano, atingindo seu peso fisiológico máximo na idade adulta, de aproximadamente 20 gramas. O crescimento da próstata é regulado por uma complexa interação entre o epitélio e estroma prostáticos; • O epitélio da próstata humana consiste em três maiores componentes celulares: as células basais, luminais e neuroendócrinas. • As células luminais produzem parte do plasma seminal, incluindo o PSA e a fosfatase ácida prostática. HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA (HPB) • A hiperplasia prostática benigna (HPB) é o tumor benigno mais comum em homens e sua incidência está relacionada à idade -> Mais comum em homens acima de 50 anos; • Caracterizada pela hiperplasia do estroma prostático e das células epiteliais, resultando na formação de nódulos grandes, razoavelmente distintos na região periuretral da próstata. ONCOLOGIA – Lidiely Mello • A repercussão desse crescimento engloba tanto sintomas irritativos como obstrutivos: − Urgência, polaciúria e noctúria; − Diminuição da força e do calibre do jato urinário; − sensação de esvaziamento incompleto da bexiga; − dupla micção (nova micção até duas horas após a primeira); − esforço miccional e gotejamento terminal. O grau de obstrução é variável e gradativo, podendo levar a casos de retenção urinária aguda e repercussões ao trato urinário superior. • Os andrógenos que são necessários para o desenvolvimento de HPB, podem não apenas aumentar a proliferação celular, mas também inibir a morte celular. O principal andrógeno na próstata, constituindo 90% dos andrógenos prostáticos totais, é a diidrotestosterona (DHT). As células estromais, então, são responsáveis pelo crescimento prostático dependente de andrógeno (conversão da testosterona pela enzima 5α-redutase tipo 2). • A DHT se liga ao receptor de andrógeno nuclear (AR) presente em células prostáticas estromais e epiteliais. DHT é mais potente que a testosterona porque possui maior afinidade por AR e forma um complexo mais estável com o receptor. • A ligação de DHT com AR ativa a transcrição dos genes dependentes de andrógenos. DHT não é um mitógeno direto para células prostáticas, ao invés disso uma transcrição genética mediada por DHT resulta em maior produção de vários fatores do crescimento e seus receptores. • Os mais importantes são os membros da família do fator de crescimento de fibroblastos (FGF), particularmente FGF-7 (fator de crescimento de queratinócitos). FGF-7, produzido pelas células estromais, provavelmente é o fator mais importante na mediação da regulação parácrina do crescimento prostático estimulado por andrógenos. • O aumento da resistência ao fluxo urinário provoca hipertrofia e distensão da bexiga, acompanhada por retenção urinária. PROSTATITE Doença inflamatória da próstata. Dividida em 4 categorias: − Bacteriana aguda; − Bacteriana crônica; − Crônica não bacteriana; − Granulomatosa. BACTERIANA AGUDA: • Geralmente afeta os homens dos 20 aos 40 anos de idade, com segundo pico após os 60 anos. • Resulta de bactérias semelhantes àquelas que causam as infecções do trato urinário. Portanto, a maioria dos casos é causada por diversas cepas de E. coli, outros bastonetes Gram-negativos, enterococos e estafilococos. • Vias de infecção: − Ascensão dos micro-organismos pela uretra; − Refluxo de urina infectada para os ductos prostáticos; − Transrretal, devido à biópsia prostática; − Linfática e hematogênica são raras. • Dor abdominoperineal e sintomas do trato urinário inferior como disúria e urgência, associados à febre com calafrios geralmente estão presentes. • O exame de Toque retal é doloroso e mostra flutuações prostáticas, ou seja, próstata macia e esponjosa. BACTERIANA CRÔNICA: • Os pacientes frequentemente têm uma história de infecções recorrentes do trato urinário (cistite, uretrite) causadas pelo mesmo organismo; • Pode apresentar dor lombar, disúria e desconforto perineal e suprapúbico; • Alternativamente, pode ser virtualmente assintomática; • As secreções prostáticas obtidas por expressão da glândula contêm mais de 10 leucócitos por campo de alta potência, porém as culturas bacterianas são uniformemente negativas. ❖ Além do cateterismo vesical, a terapia médica mais comumenteusada e efetiva para os sintomas relacionados a HPB consiste nos α-bloqueadores, que diminuem o tônus da musculatura lisa prostática pela inibição dos receptores de α1- adrenérgicos; ❖ Outra terapia farmacológica comum se destina a diminuir os sintomas pela redução física da próstata com um agente inibidor da síntese de DHT. ONCOLOGIA – Lidiely Mello CRÔNICA NÃO BACTERIANA: • Condição na qual há dor persistente na área em torno da glândula da próstata; • Também chamada de prostatite crônica (de longa duração) ou síndrome da dor pélvica crônica; • É mais comum em homens mais velhos que têm uma próstata aumentada; • Os sintomas mais comuns incluem dor na área entre o saco escrotal e o ânus, dor ao ejacular e, às vezes, sangue na urina ou no sêmen. INFLAMATÓRIA ASSINTOMÁTICA (PROTATODINIA): • Não causa sintomas, sendo descoberta de modo incidental durante avaliação para outras doenças prostáticas quando há presença de leucócitos na urina. CÂNCER DE PRÓSTATA • O principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata (CP) é a idade. Cerca de 65% dos casos de câncer de próstata são diagnosticados em pacientes com idade superior a 65 anos, sendo apenas 0,1% dos casos diagnosticados antes dos 50 anos de idade; • Outro fator de risco importante é a raça. A mortalidade relacionada ao câncer é 2,4 vezes maior na população afro- americana quando comparados à raça branca; • O papel da inflamação no CP ainda é incerto. Homens com prostatite sintomática são diagnosticados mais frequentemente de câncer de próstata por serem submetidos a um maior número de biópsias; • O câncer de próstata é muitas vezes associado ao estilo de vida ocidental, e é encontrado em menor incidência na população asiática. O fumo, a presença de vasectomia, consumo de álcool e atividade física foram excluídos como fatores de risco; • O CP decorre de alterações na proliferação e na diferenciação das células que compõem o epitélio da glândula. O crescimento e a manutenção do epitélio prostático normal são regulados pela testosterona e pela vitamina D. O andrógeno estimula a proliferação celular, enquanto os metabólitos da vitamina D o inibem. Ambas as vias interagem em vários níveis com o eixo do fator de crescimento insulina-símile 1 (IGF-1), sendo que perturbações nas mesmas têm sido relacionadas ao CP. • Outro fator envolvido na patogênese do CP é a testosterona. Após a ação da 5α-redutase, a testosterona é transformada para a sua forma mais ativa, 5α- dihidrotestosterona (DHT), que se liga ao receptor de andrógeno, ativando os elementos de resposta dos genes- alvo, promovendo proliferação celular. • O receptor androgênico que tem 8 éxons, é um membro da família dos fatores de transcrição e está localizado no cromossomo xq11-12. → Polimorfismos deste gene têm sido relacionados a uma maior predisposição ao câncer de próstata; • Estudos de associação genômica tem identificado varias variantes genéticas que estão associadas ao risco aumentado, como uma variante do oncogene MYC no cromossomo 8q24; • Mutações somáticas adquiridas: rearranjos genéticos que criam genes de fusão, formados pelo promotor, regulado por androgênio do gene TMPRSS2 e na sequência codificadora dos fatores de transcrição. • As primeiras metástases se disseminam pelos linfáticos inicialmente para os nodos obturadores e eventualmente para os nodos para-aórticos. • A disseminação hematogênica ocorre principalmente para os ossos, em particular o esqueleto axial, porém algumas lesões são disseminadas amplamente para as vísceras; • A disseminação visceral maciça é uma exceção, e não a regra. As metástases ósseas são tipicamente osteoblásticas e em homens apontam fortemente para câncer prostático; • Os ossos comumente envolvidos, em ordem descendente de frequência, são a coluna lombar, o fêmur proximal, a pelve, a coluna torácica e as costelas. • Histologicamente, a maioria das lesões consiste em adenocarcinomas que produzem padrões glandulares bem definidos, facilmente demonstráveis. • As glândulas do câncer de próstata são mais aglomeradas e caracteristicamente não possuem ramificações e dobras papilares. ONCOLOGIA – Lidiely Mello CLASSIFICAÇÃO E ESTADIAMENTO A forma mais utilizada para estadiar histologicamente o adenocarcinoma de próstata é o escore de Gleason. O sistema é graduado de 2 a 10, sendo 2 o menos agressivo e 10 o mais agressivo. • A avaliação do Escore de Gleason é uma análise anatomopatológica a partir de tecido prostático obtido por cirurgia ou biópsia. • A graduação de Gleason refere-se ao padrão arquitetural do câncer de próstata, sendo que 1 é bem diferenciado e 5 é pobremente diferenciado. Já está definido que Escores de Gleason com valores de 8 a 10 têm mais chance voltar o tumor, mesmo após o tratamento primário, assim como maior letalidade pelo câncer do que valores de 2 a 6; • Estadiamento geral: Classificação Tumor Node Metástase MECANISMO DE METÁSTASE Etapas da metástase 1. Destacamento das células da massa tumoral original; 2. Deslocamento dessas células através da MEC; 3. Invasão dos vasos linfáticos ou sanguíneos; 4. Sobrevivência das células na circulação; 5. Adesão ao endotélio vascular; 6. Saída do vaso; 7. Proliferação no órgão invadido; 8. Indução de vasos para o suprimento sanguíneo. Destacamento das células da massa tumoral original • Os sinais que induzem proliferação celular em geral também inibem as ligações mediadas pelas caderinas (moléculas de adesão dependentes do cálcio que permitem a ligação entre as células vizinhas). • Alterações nestas proteínas diminuem a adesão entre as células e facilitam o desprendimento do tumor primário e invasão dos tecidos vizinhos. Obs: Uma vez que atinjam a circulação, as células tumorais ficam vulneráveis à destruição por uma variedade de mecanismos, ONCOLOGIA – Lidiely Mello incluindo o estresse mecânico de cisalhamento, a apoptose estimulada pela perda de adesão (que foi denominada anoikis) e a defesa imune inata e adaptativa. Obs: Em diversos tumores epiteliais, incluindo adenocarcinomas do cólon intestinal e de mama, há uma regulação diminuída da expressão da E-caderina, importante para se fazer a adesão entre as células; (mutações no gene para a α-catenina; E-caderinas são conectadas à β-catenina e à actina do citoesqueleto). Deslocamento das células através da MEC • A célula neoplásica assume o fenótipo de célula móvel – pseudópodo; • Deslocamento é facilitado pela destruição enzimática da matriz; • Locomoção é orientada por fatores quimiotáticos. Portanto, as células metastáticas devem ser capazes de secretas colagenases e outras enzimas proteolíticas que dirigem a matriz extracelular. Obs: Recentes experimentos de imagem in vivo mostraram que as células tumorais podem adotar um segundo modo de invasão, denominado migração ameboide. Nesse tipo de migração, as células se apertam através dos espaços da matriz em vez de recortar seu caminho através dela. Essa migração ameboide é muito mais rápida e as células tumorais parecem ser capazes de usar as fibras de colágeno como estradas de alta velocidade em sua jornada. Invasão dos Vasos Sanguíneos ou Linfáticos • Deve-se a propriedade das células malignas de destruir a matriz e se locomover, possibilitando vencer a membrana basal dos vasos e penetrar na sua luz; • Caindo na circulação, as células neoplásicas, para sobreviverem, precisam escapar dos mecanismos de defesa-anticorpos, macrófagos; • Ao entrar na corrente circulatória a maior parte das células é destruída por linfócitos e fagócitos polimorfonucleares; • O número de células malignas que conseguem penetrar em um vaso sanguíneo é muito maior do que o número daquelas que originam metástase; • A presença de células na circulação não indica obrigatoriamentea formação de metástase. Obs: As células tumorais podem elas mesmas secretar enzimas proteolíticas, ou induzir as células estromais (p. ex., fibroblastos e células inflamatórias) a elaborar proteases. Muitas famílias de proteases diferentes, tais como as metaloproteinases (MMP), a catepsina D e o ativador de plasminogênio uroquinase, foram relacionadas à invasão por células tumorais. Adesão ao endotélio vascular • A aderência das células cancerosas segue os mesmos mecanismos da aderência leucocitária na inflamação. Obs: A moléculas da adesão CD44 apresenta interesse em particular, pois está expressa em linfócitos T normais, sendo usada por essas células para migrar através de sítios selecionados no tecido linfoide. Saída do Vaso – Diapedese • A diapedese depende da ação de quimiotáticos produzidos no estroma do órgão alvo; • Células tumorais possuem receptores para quimiocinas e atendem ao gradiente desses peptídeos deslocando-se. Proliferação no órgão invadido – Crescimento Secundário • Para formar uma nova colônia, as células neoplásicas dependem de fatores de crescimento existentes no órgão alvo e da capacidade da célula neoplásica de induzir a ANGIOGÊNESE; • Se não ocorrer angiogênese, as células neoplásicas proliferam mas a metástase não cresce, porque não há desenvolvimento de vasos sanguíneos para suprir a nova colônia. Obs: Algumas células cancerosas da mama expressam os receptores de quimiocina CXCR4 e CCR7. As quimiocinas que se ligam a esses receptores estão altamente expressadas nos tecidos em que os cânceres de mama comumente metastatizam. O bloqueio da interação entre CXCR4 e seu receptor diminui as metástases do câncer de mama para linfonodos e pulmões. ONCOLOGIA – Lidiely Mello SÍNDROME PARANEOPLÁSICA • Constitui um conjunto de sinais e sintomas que precedem as diferentes formas de neoplasias ou cursam com elas paralelamente, compondo acometimentos variados e sistematizados; • Essas manifestações as vezes dependem do tumor e acompanham sua evolução, mas podem regredir com o passar do tratamento. • A etiopatologia é desconhecida; • Possivelmente as secreções elaboradas pelas células tumorais, substancias de tipo hormonal, possam explicar muitas manifestações. • Reações cruzadas entre elementos das células neoplásicas, ou mesmo fatores genéticos ainda não identificados, ligado ao paciente, ou efeitos de drogas anti-neoplásicas podem atuas nas relações neoplasia-paciente, resultando nas diversas manifestações da síndrome paraneoplásica; • As manifestações osteomioarticulares estão frequentemente presentes; • A dor é geralmente o grande sintoma que alerta o paciente. Resulta da liberação de prostaglandinas e outros mediadores químicos pelas células tumorais, ou ainda pela ação integrada de outras condições, como o aumento da pressão intramedular, estiramento da membrana periostal, fraturas patológicas, compressão e traumatismo de estruturas ligamentares e nervosas. DIAGNÓSTICO • O diagnóstico de certeza do câncer da próstata é feito pelo estudo histopatológico do tecido obtido pela biópsia da próstata, que deve ser considerada sempre que houver anormalidades no toque retal ou na dosagem do PSA. • O relatório anatomopatológico deve fornecer a graduação histológica do sistema de Gleason, cujo objetivo é informar sobre a provável taxa de crescimento do tumor e sua tendência à disseminação, além de ajudar na determinação do melhor tratamento para o paciente. Na graduação histológica, as células do câncer são comparadas às células prostáticas normais. Quanto mais diferentes das células normais forem as células do câncer, mais agressivo será o tumor e mais rápida será sua disseminação. Gleason de 2 a 4 – existe cerca de 25% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Gleason de 5 a 7 - existe cerca de 50% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Gleason de 8 a 10 - existe cerca de 75% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. • TOQUE PROSTÁTICO: É sempre recomendável e também fundamental no estadiamento da doença, bem como para definição do tratamento. • ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA): Aceita-se como valores limites normais até 4 ng/ml, porém podem existir tumores com PSA abaixo deste valor. Quando o PSA estiver acima de 10 ng/ml há indicação formal para biópsia. Para valores entre 4-10 ng/ml deve-se também levar em consideração a velocidade do PSA e a relação PSA livre/total. • ULTRASSOM TRANSRETAL: Pode ser usado para orientar a biópsia da próstata. Também poder ser útil na determinação do volume prostático e para avaliar a extensão local da doença. • CINTILOGRAFIA ÓSSEA: É fundamental no estadiamento do câncer da próstata, sendo altamente sensível, porém pouco específica. É indicada em todo paciente portador de câncer da próstata com PSA > 20ng/ml e PSA entre 10-20 com graduação histológica de Gleason > 7. Os mesmos parâmetros devem ser utilizados para a pesquisa de metástases linfonodais utilizando-se métodos de imagem pélvica como o ultrassom, a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética. TRATAMENTO Deve ser individualizado para cada paciente levando-se em conta a idade dos pacientes, o estadiamento do tumor, o grau histológico, o tamanho da próstata, as comorbidades, a expectativa de vida, os anseios do paciente e os recursos técnicos disponíveis. • CIRURGIA RADICAL : A prostatovesiculectomia radical retropúbica (PTR) é o procedimento padrão-ouro para o tratamento de câncer da próstata localizado. Cerca de 85% dos pacientes submetidos à PTR não apresentam evidência de doença após cinco anos e 2/3 após 10 anos. Os fatores determinantes do sucesso pós-PTR são: ausência de margens cirúrgicas comprometidas, ausência de infiltração das vesículas seminais, ausência de infiltração linfonodal, nível sérico de PSA indetectável após 3 meses da cirurgia; • RADIOTERAPIA: A radioterapia pode ser dividida em externa e intersticial (braquiterapia). A radioterapia externa (RXT) é uma ótima opção para o tratamento da doença localizada. Também pode ser indicada para pacientes que tenham contra-indicação de cirurgia. A dose de RXT mínima sobre a próstata deve ser de 72 Cy, respeitando-se a tolerância dos tecidos normais adjacentes. Apresenta como possíveis complicações: alterações gastrointestinais e cistite actínica. A braquiterapia intersticial permanente com sementes radioativas está indicada isoladamente nos pacientes com bom prognóstico (T1-T2a, PSA < 10 ng/ml, Gleason < 7) ou ONCOLOGIA – Lidiely Mello complementar à RXT externa para casos de pior prognóstico. Deve ser evitada nos casos de tumores volumosos ou submetidos previamente à ressecção prostática transuretral ou à prostatectomia convencional e em próstatas menores que 20 g. A braquiterapia intersticial de alta taxa de dose, em combinação com a RXT de megavoltagem também pode ser utilizada no tratamento de tumores localizados. Suas possíveis complicações são: incontinência urinária, disfunção erétil e estenose de uretra ou colovesical. • TRATAMENTO DA DOENÇA LOCALMENTE AVANÇADA: A meta terapêutica é a cura destes pacientes. O tratamento monoterápico é geralmente ineficaz nestas situações. As melhores opções de tratamento incluem uma combinação de bloqueio hormonal e cirurgia radical ou radioterapia externa, ou cirurgia radical seguida de radioterapia. • TRATAMENTO DA DOENÇA METASTÁTICA: Nesta situação a cura é improvável e o tratamento está baseado na supressão androgênica. Tipos de supressão androgênica: orquiectomia bilateral (tratamento padrão-ouro); análogos do hormônioliberador do hormônio luteinizante (LHRH); estrógenos; antiandrógenos puros ou mistos (flutamida, nilutamida, bicalutamida, ciproterona). CUIDADOS PALEATIVOS • PRINCÍPIOS PARA O BOM CONTROLE DE SINTOMAS − Abordagem multidisciplinar: que contemple todas as competências necessárias ao bom acompanhamento do paciente, destacando-se o papel da Enfermagem, Serviço Social, Nutrição, Psicologia e Fisioterapia; − Conhecimento da história natural desta doença: que favoreça a adequada avaliação de fatores prognósticos, tais como idade, performance status, estado mental e patologias associadas que possam influir na adoção de medidas paliativas; − Comunicação com o binômio paciente-familiares: Evidentemente, o bom controle de sintomas depende de mudanças, em toda política de saúde, que favoreça a captação de recursos e a dispensação, inclusive, de medicamentos básicos no alívio da dor, como os opióides e outras drogas controladas e de difícil disponibilidade. As mazelas socioeconômicas em nosso país dificultam o acesso da população ao arsenal de medicamentos utilizados no controle dos sintomas nesses pacientes e interferem, inclusive, com a política de desospitalização e controle domiciliar, adotado com muito sucesso em outros países. Neste campo, o apoio e a boa avaliação de um profissional do Serviço Social nos auxiliam no processo de acompanhamento dos doentes e seus familiares. Melhores resultados serão alcançados com a otimização na formação médica, que privilegie os cuidados paliativos como módulo necessário no currículo de nossas faculdades da área biomédica e ressalte a importância da antecipação dos sintomas para que o produto final possa ser uma morte digna, livre de sofrimento, com maior autonomia por parte do paciente. • Nestes pacientes, os principais objetivos são o alívio da dor óssea, a correção e prevenção de fraturas patológicas, a abordagem da astenia/caquexia, da uropatia obstrutiva, do delírio e dos distúrbios metabólicos, bem como o entendimento dos distúrbios psicossociais tão característicos nesta fase final da vida e que influem, de forma dramática, no controle dos sintomas, alterando o produto final que deveria ser a “boa morte”. Scanned with CamScanner Scanned with CamScanner ONCOLOGIA – Lidiely Mello CÂNCER DE TRATO GASTROINTESTINAL PREVALÊNCIA CÂNCER DE ESÔFAGO: Atinge cerca 450.000 pessoas anualmente ao redor do mundo, sendo a sexta neoplasia que mais afeta homens e a nona entre as mulheres. • Existem dois tipos histológicos principais: o carcinoma de células escamosas de esôfago ou carcinoma epidermoide (CEE) e o adenocarcinoma (ADE). CARCINOMA EPIDERMOIDE: − Representa 90% dos tumores de esôfago em países em desenvolvimento, ocorrendo em menor proporção em países do primeiro mundo; − Os pacientes afetados são geralmente do sexo masculino entre 55 e 65 anos; − As regiões de maior incidência estão localizadas no cinturão asiático – norte da China ao nordeste do Irã, incluindo Japão e Índia; − No Brasil, a maior frequência de CEE está localizada na região sua (Rio Grande do Sul), seguida da região sudeste → chimarrão muito quente. − Ocasionalmente associado à outras neoplasias, principalmente do trato respiratório e da região da cabeça e pescoço. ADENOCARCINOMA: − Observado com maior frequência nos EUA; − 4,5% no Brasil e 30-50% nos EUA; − Associado a uma lesão pré-neoplásica conhecida como esôfago de Barrett, na qual o epitélio escamoso estratificado do esôfago é substituído por um epitélio colunar do tipo intestinal especializado caracterizado pela presença de células de globet; − Clones epiteliais identificados na metaplasia de Barrett não displásica, persistem e acumulam mutações durante a progressão para displasia e carcinoma invasivo; − Amplificações do gene C-ERB-B2, ciclina D1 e ciclina E; − Mutação no gene supressor Rb; − Hipermetilação da p16. − Expressão aumentada de TNF e NF-Kβ sugere que a inflamação também pode contribuir para a progressão neoplásica; − O esôfago de Barret é uma condição secundaria à doença do refluxo duodeno-gastrofágico e/ou refluxo gastroesofágico (7% da população); − Tem seu risco aumentado pelo uso do tabaco e obesidade; CÂNCER DE ESTÔMAGO: É o segundo mais comum entre homens, o quarto mais comum entre mulheres. Porém, é o segundo em óbitos para ambos os sexos. • O Japão apresenta a maior incidência, sendo seguido por outros países asiáticos, como Coréia e China. • A etiologia do câncer gástrico é bastante heterogênea, incluindo o consumo de alimentos ricos em sal, tabagismos e a infecção pela bactéria Helicobacter pylori, envolvida em cerca de 60% dos adenocarcinomas gástricos; • Gastrite crônica: − De longa duração que envolve o corpo e fundo gástrico, leva a perda significativa da massa de células parietais; − A presença de células caliciformes está fortemente associada ao risco aumentado de adenocarcinomas gástricos (metaplasia); − A gastrite crônica expõe o epitélio aos danos por radicais livres e ao estimulo proliferativo, relacionados à inflamação. • Adenocarcinoma: − Mutações da linhagem germinativa em CDH1, o qual codifica a caderina-E, estão associadas a cânceres gástricos familiares; − A perda da função da caderina-E é “essencial” para o desenvolvimento do câncer gástrico; − Mutações na catetina – β, que se liga tanto a caderina- E quanto ao pólipo adenomatoso do cólon; como a hipermetilação de genes como TGF- β, BAX, IGF e p16 também tem sido descritos nesse tipo de câncer, assim como no p53; − Infecção por H. pylori juntamente com variantes genéticos dos genes que codificam IL-1 β, TNF, IL-10, IL- 8 e TLR4 estão associados ao risco elevado de câncer gástrico; • O principal tipo histopatológico de câncer a acometer o estômago (adenocarcinoma) é classificado segundo a classificação proposta por Laurén em duas categorias: o tipo intestinal (AEI) e o tipo difuso (AED). − O AEI apresenta células maiores com núcleos aumentados e irregulares, formando estruturas tubulares e ordenadas; − O AED contém células menores, solitárias ou agrupadas de forma desordenada em pequenos cachos. Tem um ONCOLOGIA – Lidiely Mello índice maior em mulheres mais jovens, sendo também mais agressivo. TUMOR ESTROMAL GASTROINTESTINAL – GIST: Neoplasia mesenquimal mais frequente no TGI. • Estima-se que a incidência de GIST seja de 10-20 casos por milhão de habitante; • A maioria ocorre após os 50 anos; • Mutações oncogênicas do tipo “ganhadoras de função do gene” que codificam a tirosina qinase c-KIT (receptor para célula tronco); • Os GIST familiares estão associados a mutações no c-KIT e no fator de crescimento derivado de plaquetas (RAFCDP) na linhagem germinativa; • Podem ocorrer também hiperplasias difusas das células de Cajal; • Os receptores para c-KIT e RAFCDP produzem sinais intracelulares que ativam as vias RAS e PI3K/AKT, promovendo proliferação e sobrevivência das células tumorais. CÂNCER COLORRETAL: É o terceiro no ranking das neoplasias malignas mais frequentes; é a quarta causa de morte por câncer. • O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do biênio 2018/2019, sejam diagnosticados 36.360 novos casos de câncer colorretal (17.380 em homens e 18.980 em mulheres) no Brasil; • Esses valores correspondem a um risco estimado de 16,83 casos novos a cada 100 mil homens e 17,90 para cada 100 mil mulheres; • Entre os fatores etiológicos estão a dieta e estilo de vida; maior consumo de carnes vermelhas, tabaco e bebidas alcoólicas são fatores que aumentam o risco; • As doenças inflamatórias intestinais, como a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, são fatores de risco para o câncer colorretal. MORFOLOGIA GASTROINTESTINAL O intestino delgado, formado pelo duodeno,jejuno e íleo, é o principal local de absorção de nutrientes dos alimentos ingeridos. Estende-se do piloro até a junção ileocecal, onde o íleo une-se ao ceco (primeira parte do intestino grosso). A parte pilórica do estômago esvazia-se no duodeno, sendo a admissão duodenal controlada pelo piloro. O intestino grosso é formado pelo ceco; apêndice vermiforme; colo ascendente; transverso descendente e sigmoide; reto e canal anal. • Ceco e apêndice vermiforme: Contínuo com o colo ascendente. É uma bolsa intestinal cega, que mede aproximadamente 7,5 cm de comprimento e largura. Situa-se na fossa ilíaca do quadrante inferior direito do abdome, inferiormente à junção com a parte terminal do íleo. • O apêndice é um divertículo intestinal cego (6-10 cm de comprimento) que contém massas de tecido linfoide. Origina-se na face posteromedial do ceco, inferiormente à junção ileocecal; COLO: É dividido em quatro partes – ascendente, transversa, descendente e sigmoide. • O colo ascendente é a segunda parte do intestino grosso (seguido pelo ceco). Segue para cima na margem direita da cavidade abdominal, do ceco até o lobo hepático direito, onde vira para a esquerda na flexura direita do colo (flexura hepática). − O colo ascendente é mais estreito do que o ceco e é secundariamente retroperitoneal ao longo da face direita da parede abdominal posterior; − É coberto por peritônio anteriormente às laterais. • O colo transverso é a terceira parte do intestino grosso, a mais longo e mais móvel (sendo livremente móvel, a posição do colo transverso é variável, geralmente pendendo até o nível do umbigo – nível da vértebra L3). − Atravessa o abdome da flexura direita do colo até a flexura esquerda do colo, onde curva para baixo e dá origem ao colo descendente. • O colo descendente ocupa uma posição secundariamente retroperitoneal entre a flexura esquerda do colo e a fossa ilíaca esquerda, onde é contínua com o colo sigmoide. • O colo sigmoide, caracterizado por sua alça em forma de S com comprimento variável, une o colo descendente ao reto. − Estende-se da fossa ilíaca até o terceiro segmento sacral (S3), onde se une ao reto. O reto é a parte pélvica do tubo digestório, mantendo continuidade proximal com o colo sigmoide e distal com o canal anal. − O reto segue a curvatura do sacro e do cóccix, formando a flexura sacral do reto. ONCOLOGIA – Lidiely Mello A parede do colo tem 5 camadas: A camada mais interna que contacta com as fezes chama-se mucosa. Possui três tipos de tecido: epitelial, conjuntivo e muscular. A camada seguinte é a submucosa que tem tecido conjuntivo e vasos; A terceira camada é muscular; A quarta é a subserosa e é formada por tecido conjuntivo; A quinta é a serosa. MUCOSA: − Constituída por epitélio; lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo; muscular da mucosa; músculo liso. − Conforme a região do tubo digestório, o epitélio pode ser estratificado pavimentoso, com função protetora, ou simples colunar, com diferentes tipos celulares para a absorção ou a secreção de substâncias; − A lâmina própria pode conter glândulas e tecido linfoide; − A muscular da mucosa geralmente consiste em uma subcamada interna circular e uma subcamada externa longitudinal de músculo liso. Ela promove o movimento da mucosa, aumentando o contato com o alimento. SUBMUCOSA: − Tecido conjuntivo denso não modelado; − Muitos vasos sanguíneos e linfáticos; − Pode ter glândulas e tecido linfoide; − Contém o plexo nervoso submucoso (ou de Meissner), com gânglios do sistema nervoso autônomo, cujos neurônios são multipolares e motores; eles controlam o movimento da muscular da mucosa, a secreção das glândulas e o fluxo sanguíneo. MUSCULAR: − Células musculares lisas em espiral, dividas em duas subcamadas: Subcamada mais interna: orientação circular. Subcamada mais externa: orientação longitudinal. − Entre essas camadas está o complexo nervoso mioentérico e tecido conjuntivo contendo vasos sanguineos e linfáticos; − Plexos com agregados de células nervosas (neurôniod viscerais multipolares formando pequenos gânglio parassimpáticos); − Rede rica em fibras pré e pós ganglionares do SNA e algumas fibras sensorias viscerais possibilitam comunicação entre esses gânglios ( gânglios em maior número nas regioes de maior motilidade). SEROSA (ou adventícia): − Revestimento externo; − A serosa (peritônio visceral) é formada por tecido conjuntivo frouxo e revestida mesotélio (epitélio simples pavimentoso); − Na cavidade abdominal, a serosa que reveste os órgãos é denominada peritônio visceral, e está em continuidade com o mesentério (suporta o intestino) e o peritônio parietal (reveste a parede da cavidade abdominal). − Locais em que órgãos digestivos estão unidos a serosa é substituída por uma adventícia espessa (tecido conjuntivo e adiposo contendo vasos e nervos, sem o mesotélio. CARCINOGÊNESE QUÍMICA • A carcinogênese química inclui três etapas definidas como iniciação, promoção e progressão; • Cada uma delas caracteriza-se por transformações morfológicas e bioquímicas, e resulta de alterações genéticas e/ou epigenéticas; • No grupo das alterações genéticas incluem-se mutações nos genes que controlam a proliferação celular, a morte celular e a reparação do DNA - mutações nos proto- oncogenes e genes supressores de tumor; • Os fatores epigenéticos, também considerados como caracteres não genéticos, podem contribuir para a carcinogênese por mecanismos de silenciamento gênico. A iniciação resulta da exposição das células a uma dose suficiente de carcinogênicos; célula inicial alternada, tornando-a potencialmente capaz de originar o tumor. Obs: Iniciação isolada não é capaz de formar um tumor. A iniciação provoca danos permanentes ao DNA (mutações), ou seja, é rápida e irreversível, possuindo memória. Os promotores podem induzir os tumores nas células iniciadas, mas eles não são tumorogênicos por si mesmos; não há formação de tumores quando o agente promotor é aplicado antes do iniciador. Obs: Promotores não afetam o DNA diretamente e são reversíveis. Promotores aumentam a proliferação das células iniciadas, o que pode contribuir para o desenvolvimento de mutações adicionais. ONCOLOGIA – Lidiely Mello AGENTES DE AÇÃO DIRETA • Não requerem conversão metabólica para se tornarem carcinogênicos; • A maioria são considerados carcinógenos fracos – alguns são quimioterápicos para o câncer. AGENTES DE AÇÃO INDIRETA • Requerem a conversão metabólica para um carcinógeno em sua forma final antes que se tornem ativos. Benzopireno: Presente na fumaça do cigarro, de escapamentos automotivos, da queima de madeira e em carnes excessivamente grelhadas na brasa ou defumadas, o benzopireno é um potente agente cancerígeno pertencente à classe dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos. Ele é capaz de reagir com nosso DNA e interferir na reprodução celular. É um agente iniciador. • A potência carcinogênica de uma substancia química é determinada não somente pela atividade inerente do seu derivado eletrofílico, mas também pelo equilíbrio entre ativação metabólica e reações de inativação; • A metabolização é realizada pelo citocromo P-450, logo, a suscetibilidade aos carcinógenos é regulada em parte por polimorfismos nesses genes que codificam as enzimas. ALVOS MOLECULARES DO CARCINÓGENOS QUÍMICOS • DNA é o alvo primário; oncogenes e genes supressores de tumor, comumente mutados são alvos particularmente importantes; INICIAÇÃO E PROMOÇÃO DA CARCINOGÊNESE QUÍMICA • Alterações não reparadas no DNA são os primeiros passos no processo de iniciação, e para que essa iniciação ocorra, as células alteradas devem sofrer pelo menos um ciclo de proliferação para que as alteraçõesno DNA se tornem fixas; • No fígado muitas substâncias químicas são ativadas para reativar eletrófilos, mesmo que a maioria não produza tumores malignos; • PROMOTORES: Agentes que não provocam mutação, mas estimulam a divisão de células mutadas (drogas, hormônios, fenóis), levando a proliferação e a expansão clonal das células iniciadas (mutadas). CÂNCER COLORRETAL – CCR’S Os CCRs resultam do acúmulo de alterações genéticas nas células normais. Entretanto, eventos mutacionais ao acaso são responsáveis pelas modificações genéticas que resultam na maioria dos tumores. − A ativação de vias de fator de crescimento é comum nos CCRs; − Um passo crítico e precoce para o desenvolvimento do adenoma é a ativação da via de sinalização da prostaglandina, induzida por inflamação ou pela hiperexpressão de COX2, uma enzima catalítica das protaglandinas, a 15-prostaglandina desidrogenase (15PGDH). ❖ A hiperexpressão de COX2 ocorre em mais de 60% dos CCRs, e a perda de 15PGDH em 80% dos adenomas colorretais e CCRs. − O Fator de Crescimento Epidérmico (EGF) tem efeito trófico pela ligação ao seu receptor EGFR em um subgrupo de CCRs. O EGFR media a ativação das vias de sinalização da MAPK e PI3K; − O Fator de Crescimento Vascular Endotelial (VEGF) induz a produção de novos vasos sanguíneos estromais (angiogênese) me condições de lesão tecidual ou crescimento de tecidos. DESENVOLVIMENTO DO CCR – GENÉTICA MOLECULAR O câncer colorretal desenvolve-se a partir de progressão ordenada com alterações genéticas distintas e cumulativas. O pólipo adenomatoso progride lentamente de estágios iniciais benignos até o surgimento do câncer. • As mutações nos genes supressores de tumor e oncogenes que levam ao surgimento do CCR ocorrem em ordem específica (mutações no gene APC, hipometilação, mutação no gene K-ras, mutação do gene DCC e, por último, mutação no gene p53); • Na maioria dos casos a primeira alteração é a inativação do gene APC, contudo, essa mutação isolada não é suficiente para permitir a progressão dos adenomas e, caso não ocorram mutações em outros genes, pode haver regressão; • Várias outras proteínas estão envolvidas, como a proteína K-ras, que quando mutada ativa uma cascata de sinalização intracelular que promove alterações neoplásicas; ONCOLOGIA – Lidiely Mello • No decorrer do processo, pode haver deleção do gene supressor de tumor DCC ou de outros genes localizados próximos dele, no cromossomo 18q; • O passo final da progressão para o carcinoma é dado com a perda no cromossomo 17p, onde se localiza o gene supressor de tumor p53. Alterações genômicas a partir desse ponto contribuem para aumentar o potencial metastático do tumor. LESÕES PRECURSORAS A história natural do câncer colorretal segue uma sequência histopatológica conhecida, desde a mucosa normal passando pelas lesões precursoras e evoluindo ao câncer invasivo. Atualmente, os dois grupos histológicos que apresentam potencial maligno e são denominados lesões precursoras do câncer colorretal são os adenomas e os pólipos serrilhados. • Adenomas − Os adenomas representam entre 51 a 67% das lesões precursoras do câncer colorretal, sendo mais frequentes no sexo masculino. − Apesar de representar a principal lesão precursora do câncer colorretal, é importante ressaltar que apenas 5% dos adenomas evoluem para o câncer colorretal; − Os adenomas são caracterizados histologicamente por núcleos alargados, hipercromáticos, com vários graus de estratificação e perda da polaridade. Baseado na arquitetura, os adenomas podem ser classificados em tubulares, vilosos e túbulo-vilosos. A grande maioria dos adenomas tem arquitetura tubular. • Pólipos Serrilhados − Os pólipos serrilhados formam um grupo heterogêneo de lesões colorretais que incluem: o pólipo hiperplásico (HP), adenoma serrilhado séssil (SSA), adenoma serrilhado tradicional (TSA) e a combinação de duas ou mais características; − Histologicamente, os pólipos serrilhados são caracterizados pela morfologia serrilhada que é consequência da inibição da morte celular programada (apoptose) no epitélio glandular; − Os pólipos hiperplásicos são os pólipos serrilhados mais comuns do cólon, correspondendo a aproximadamente 80 a 90% de todos os pólipos serrilhados e cerca de 10 a 15% dos pólipos do cólon. Pólipos hiperplásicos são geralmente pequenos e frequentemente localizados no cólon distal. VIAS DE INSTABILIDADE GENÔMICA Via da instabilidade cromossômica: adenoma-carcinoma • O desenvolvimento do câncer colorretal é dado através de múltiplos passos onde a transformação da mucosa normal ao adenoma precoce e ao adenoma avançado e finalmente ao carcinoma invasivo é consequência do acúmulo de alterações genéticas em genes supressores de tumor e oncogenes causando uma instabilidade cromossômica; • Neste modelo, a primeira etapa de transformação (mucosa normal-adenoma precoce) é resultado da mutação no gene supressor tumoral APC; • Em condições fisiológicas, a proteína codificada pelo gene APC é responsável pela manutenção de níveis baixos da proteína βcatenina no núcleo, impedindo assim a transcrição de múltiplos genes pela β-catenina envolvidos na proliferação celular; • Na presença de APC mutada, o complexo APC- β-catenina não pode ser formado, e a β-catenina não degradada, se acumula no núcleo e promove o crescimento e invasão tumoral. ONCOLOGIA – Lidiely Mello APC/β-catenina. Células normais: com a formação do complexo APC/β-catenina, ocorre o transporte da β-catenina do núcleo para o citoplasma e manutenção dos seus níveis baixos, impedindo a indução de vários genes. Células tumorais: na presença de APC mutada não há formação do complexo APC/β-catenina, e a ausência de degradação de β-catenina resulta no aumento dos seus níveis no núcleo e a transcrição gênica. • Para ocorrer a fase seguinte da carcinogênese colorretal (adenoma precoce em adenoma avançado), é necessária a mutação no oncogene KRAS, que é um dos oncogenes pertencentes à família RAS; • RAS codifica uma quinase que pertence à cascata de sinalização das mitogen-activated protein kinase (MAPK) que inclui mediadores da sinalização celular culminando na proliferação celular, apoptose e diferenciação; • Mutações pontuais em KRAS ocorrem nos códons 12 e 13 do éxon 2 e menos frequentemente no códon 61 do éxon 3, e induzem a fosforilação da enzima guanina difosfato levando à ativação contínua da via da sinalização da via MAPK; • Apesar da sua importância, mutação no oncogene KRAS não é suficiente para o desenvolvimento do câncer, havendo necessidade de alterações genéticas em genes supressores de tumor tais como o gene TP53 e oncogenes como o PIK3CA; • O TP53 é conhecido como o guardião do genoma, pois impede a proliferação celular quando há danos no DNA, estimulando o reparo do erro ou então induzindo a apoptose celular quando tal reparo não é possível. • Quando ocorre mutação em TP53, este gene não é ativado quando ocorre um dano no DNA, o que impossibilita a correção dos erros, permitindo o acúmulo de outras mutações e consequentemente, o crescimento das células tumorais. Via do Serrilhado • Quando ocorre mutação em TP53, este gene não é ativado quando ocorre um dano no DNA, o que impossibilita a correção dos erros, permitindo o acúmulo de outras mutações e consequentemente, o crescimento das células tumorais.; • Entretranto, com a descrição da via do serrilhado como a segunda principal via que leva ao desenvolvimento do câncer colorretal, os pólipos hiperplásicos foram reconhecidos como possiveis lesões precursoras por poderem evoluir para outras lesões serrilhadas e então para o câncer colorretal; • Desde a mucosa normal, a evolução desta via seria de pólipos hiperplásicos para adenomas serrilhados
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