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Emió, Aula 11 (Queimaduras) – Notas TRATAMENTO DAS ALTERAÇÕES OROFACIAIS EM QUEIMADURAS INTRODUÇÃO = Desafio para a reabilitação — consequências físicas e psíquicas = Tratamento multidisciplinar = Etiologias das queimaduras: acidentes, violência, tentativa de suicídio = Taxas de prevalência de queimaduras em cabeça e pescoço: de 6% a 60% = Cuidados gerais incluem: = Procedimento pré-hospitalar adequado = Admissão em Pronto Socorro = Internação em leito de Enfermaria ou Unidade de Terapia Intensiva (UTI) = Acompanhamento ambulatorial = Readmissões semi-eletivas para o tratamento de sequelas SEQUELAS DE QUEIMADURAS EM FACE E PESCOÇO = Queimaduras em cabeça e pescoço podem causar: = Discromias na pele = Cicatrizes desfigurantes ou deformidades após a cura das feridas = Contraturas - extensão insuficiente do pescoço, oclusão oral incompleta, deformidades esqueléticas oromaxilofaciais = Microstomia = Queimaduras em cabeça e pescoço podem causar: = Disfunção Temporomandibular (DTM) = Diminuição na mobilidade das estruturas orofaciais = Alterações na expressão facial = Alterações nas funções orofaciais: mastigação, deglutição, respiração, fonação e fala (articulação) INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM CASOS DE QUEIMADURA DE FACE E PESCOÇO PRINCIPAIS OBJETIVOS GERAIS = Prevenção de sequelas como cicatrizes, contraturas e outros fatores limitantes da funcionalidade orofacial = Foco no resultado funcional após o processo terapêutico OBJETIVOS GERAIS = Manutenção da mobilidade da pele = Recuperação da simetria facial = Recuperação da mímica facial = Manutenção da fisiologia muscular no repouso e no movimento bilateral = Manutenção do fluxo sanguíneo e aporte de nutrientes aos mm. da face e região cervical, visando minimizar possíveis processos degenerativos decorrentes de déficits na mobilidade muscular = Reabilitação das funções miofuncionais orofaciais: respiração, mastigação e deglutição *este programa não contempla estratégias para reabilitação de alterações vocais e de articulação da fala AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA ESTRUTURA GERAL = Anamnese = Medidas de amplitude mandibular = Medidas de amplitude cervical = Avaliação da mímica facial = Avaliação Miofuncional Orofacial ANAMNESE Queixa do paciente Data da queimadura Superfície corpórea queimada Grau da queimadura Agente da queimadura Enxertos realizados Tratamentos utilizados Medicamentos utilizados Lesão inalatória PROTOCOLO AMIOFE-E Avaliação Miofuncional Orofacial: Protocolo AMIOFE-E (Felício et al., 2009) = Protocolo AMIOFE-E = Aparência e condição postural = Mobilidade = Funções orofaciais PLANO TERAPÊUTICO FONOAUDIOLÓGICO PARA PACIENTES COM QUEIMADURA DE CABEÇA E PESCOÇO MANOBRAS = As manobras são determinadas levando-se em consideração as alterações apresentadas por cada paciente = O paciente deverá realizar as manobras em casa, conforme prescrição e orientação do fonoaudiólogo = Cada manobra deverá ser repetida 8x, sendo realizada 3 vezes ao dia HIDRATAÇÃO = Facilitação das manobras faciais e ação no tecido queimado = Utilizar produtos que sejam indicados pelo médico = creme hidratante / loção oleosa / hidrogel com alginato ORIENTAÇÕES AO PACIENTE E/OU CUIDADOR = OBJETIVO: instruir o paciente sobre a doença e sobre os objetivos do tratamento fonoaudiológico. = ESTRATEGIA: utilizar figuras e vídeos. = EFEITO: aumento da propriocepção do Sistema Miofuncional Orofacial MANOBRAS MANIPULAÇÃO DIGITAL — OBJETIVOS: = Melhora na mobilidade muscular = Melhora no aspecto da cicatriz = Redução da retração da cicatriz MANIPULAÇÃO EM REGIÃO CICATRICIAL = Circular digital = Movimentos antagônicos = Alongamento MANIPULAÇÃO EM REGIÃO CICATRICIAL = Circular digital em região de queimadura: deslizamento suave do dedo com movimentos circulares em região queimada = Movimentos antagônicos: deslizamentos em região de cicatriz Hipertrófica, Quelóides e Bridas = Alongamento de cicatriz: Deslizamento na direção da cicatriz do centro para as bordas. Mantendo alongada por 3 segundos. MANIPULAÇÃO DE PONTOS DE DOR E ALONGAMENTO MUSCULAR — OBJETIVOS: = Redução da dor = Melhora da mobilidade muscular MANIPULAÇÃO DE PONTOS DE DOR: = Manobra de pressão intra e extraoral: após apalpação nos feixes musculares e a identificação de nódulos com queixa de dor pelo paciente ALONGAMENTO MUSCULAR — OBJETIVOS: = Aumento da oxigenação muscular = Redução da hiperfuncionalidade = Aumento da mobilidade muscular = Aumento da elasticidade da pele ALONGAMENTO MUSCULAR = M. Frontal = M. Orbicular do olho e M. Orbicular da boca = M. Levantador do lábio superior e da asa do nariz = M. Zigomático = M. Bucinador = M. Temporal = M. Masseter = M. Mentual = M. Platisma = M. Esternocleidomastoideo ALONGAMENTO MUSCULAR: M.FRONTAL: Deslizamento com os dedos indicador, médio e anelar percorrendo o caminho da implantação capilar até a sobrancelha em região de queimadura. M. ORBICULAR DO OLHO: Deslizamento suave do dedo indicador percorrendo o trajeto do septo do olho (canto interno) até o canto externo do olho. O movimento deverá ser realizado separadamente em cada uma das pálpebras. M. ORBICULAR DA BOCA: Deslizamento do dedo indicador percorrendo o trajeto da columela em direção a comissura labial. Deslizamento do dedo indicador internamente com força de dentro para fora (alongando a pele), percorrendo o trajeto da comissura labial em direção à linha média do lábio inferior. Os movimentos devem ser realizados separadamente. M. LEVANTADOR DO LÁBIO SUPERIOR E DA ASA DO NARIZ: Deslizamento do dedo indicador, percorrendo o trajeto do septo do olho ao ponto médio entre a comissura labial e a columela, passando pela face lateral do nariz. M. ZIGOMÁTICO: Deslizamento do polegar internamente fazendo em conjunto uma força de dentro para fora (alongando a pele) percorrendo o trajeto do arco zigomático, canto externo do olho ao ponto médio entre a comissura labial e a columela. M. BUCINADOR: Deslizamento interno com o dedo indicador na direção da ATM até a comissura labial fazendo força de dentro para fora (alongando a pele). M. TEMPORAL: Deslizar os dedos da região das têmporas em sentido descendente até a região da articulação temporomandibular. M. MASSETER: Deslizamento do polegar internamente fazendo em conjunto uma força de dentro para fora (alongando a pele) percorrendo o trajeto da maxila até a mandíbula. M. MENTUAL: Deslizamento do dedo indicador da região da columela (linha média) do lábio inferior até a sínfise da mandíbula. M. ESTERNOCLEIDOMASTOIDEO: Deslizar com a palma da mão em região posterior e abaixo da mastóide (atrás da orelha) e realizar movimento descendente até a clavícula. M. PLATISMA: O paciente será orientado a realizar rotação do pescoço para a direita quando for alongar o platisma do lado esquerdo. Será realizado o deslizamento utilizado quatro dedos da mão direita no trajeto da mandíbula em direção a região peitoral. O paciente será orientado a realizar rotação do pescoço para a esquerda quando for alongar o platisma do lado direito. Será realizado o deslizamento utilizado quatro dedos da mão esquerda no trajeto da mandíbula em direção a região peitoral. PLANO TERAPÊUTICO FONOAUDIOLÓGICO PARA PACIENTES COM QUEIMADURA DE CABEÇA E PESCOÇO MANOBRAS – MOBILIDADE OROFACIAL = Lábios / = Língua / = Bochechas / = Mandíbula / = Cervical Lábios: = Protrusão e retração de lábios; = Lateralidade de lábios Língua: = Protrusão e retração de língua, com lábios abertos = Lateralidade de língua — fora da boca Bochechas: = Inflar o ar nas bochechas e lateralizar o ar, alternadamente Mandíbula: = Realizar abertura oral máxima, sem dor, e manter a abertura por 5 segundos Cervical: = Rotação da cabeça para direita e para a esquerda = Lateralização cervical para direita e para esquerda = Hiperextensão cervical e retorna para o posicionamento da cabeça paralela ao plano de Frankfut (postura ereta) FUNÇÕES OROFACIAIS — OBJETIVO: = Melhorar a percepção das funções de mastigação e deglutição = Treinos dirigidos seguindo os padrões adequados, conformepossibilidades anatômicas e funcionais, considerando as lesões oriundas da queimadura ESTRUTURAÇÃO E PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO – RESUMO TRATAMENTO DAS ALTERAÇÕES OROFACIAIS EM QUEIMADURAS = Prática baseada em evidências = Discussões multidisciplinares = Conhecimento acerca do diagnóstico (tipo de queimadura, grau, superfície corpórea queimada, região) = Avaliação clínica completa = Definição e hierarquização de objetivos do tratamento = Definição das estratégias a serem trabalhadas a cada sessão, de acordo com os objetivos do tratamento = Organização das orientações para realização de manobras em casa = Reavaliação pós-terapia para mensuração dos resultados e devolutiva ao paciente e/ou responsável = Acompanhamento para alta Aula 13: AVALIAÇÃO DA DISFAGIA - AGENDA 1. Disfagia: definição, principais etiologias e manifestações clínicas. 2. Protocolos de avaliação clínica da disfagia. 3. Avaliação instrumental. 4. Atividade em sala - uso de protocolos de avaliação da disfagia e interpretação de resultados. Definição Distúrbio da deglutição decorrente de causas neurológicas e/ou estruturais (neurogênica ou mecânica). Reflete problemas envolvendo a cavidade oral, a faringe, o esôfago ou a transição esofagogástrica. Pode decorrer de: • Trauma de cabeça e pescoço. • AVE. • Doenças neuromusculares degenerativas. • Disfagia Câncer de cabeça e pescoço. • Demências. • Encefalopatias. Reflete problemas envolvendo a cavidade oral, a faringe, o esôfago ou a transição esofagogástrica. Pode resultar em: • Entrada de alimento na via aérea. • Tosse. • Penetração laríngea. • Sufocação/asfixia. • Disfagia Aspiração laringotraqueal. • Problemas pulmonares / pneumonia. • Déficits nutricionais. • Desidratação. • Perda de peso. • Morte. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA - AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DEGLUTIÇÃO Fonoaudiólogo é o profissional capacitado para: = Avaliar e reabilitar alterações motoras orais e cervicais = Orientar cuidadores e equipe multidisciplinar sobre reintrodução ou manutenção de dieta por VO e riscos para disfagia. Avaliação da dinâmica da deglutição - protocolos Avaliações pró-ativas, planejadas e controladas Prática baseada em evidências Informações sobre os fatores preditivos mais importantes para agravar o quadro disfágico Associação da avaliação da anatomia, das função de deglutição, da cognição e do comportamento. * Exame clínico. * Comparação entre resultados - reprodutibilidade de instrumentos. * Não há consenso na literatura quanto a um protocolo que seja o mais objetivo. * Instrumentos seguros e não invasivos. * Baixo custo. * Rápida aplicação para a prática em beira-leito. * Verificação do grau de disfunção ou risco de aspiração. * Possibilidade de verificação mais clara dos parâmetros de avaliação. * A aplicação de protocolos de avaliação clínica indicam quando pode ser necessária uma avaliação instrumental. Aplicabilidade e reprodutibilidade em diferentes realidades: = Tradução. = Adaptação transcultural. = Validação. ETAPAS * Escolha de um protocolo. * Oferta de alimentos com consistências e volumes controlados, observação de sinais clínicos sugestivos de penetração laríngea ou aspiração laringotraqueal. * Classificação da gravidade. * Definição de condutas. AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DEGLUTIÇÃO (Andrade, Moraes, Befi-Lopes, Medeiros, Fernandes e Glebocki, 2015) Indicação da Avaliação da deglutição: « IOT prolongada (48h ou mais). « Traqueostomia. « Doença neurológica. « Doença neuromuscular. « Doença do tecido conjuntivo. « Cirurgias de Cabeça e Pescoço. Indicação da Avaliação da Disfagia: « Trauma orofacial. « Queixas de disfagia. « Uso prolongado de vias alternativas de alimentação. « Diminuição do nível de consciência. Ambiente de Avaliação da Disfagia: « Hospitalar. « Ambulatorial / clínica. « Domiciliar. Materiais: « Oxímetro de pulso. « Estetoscópio. « Avental. « Máscara. « Protetor Facial. « Espátula. « Gaze. « Luvas descartáveis. « Seringa de 10ml. « Colher de sopa. « Copo com 15ml de água. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM BEIRA-LEITO Avaliação da deglutição - Protocolos Específicos: « Protocolo de Avaliação Preliminar (PAP). « Protocolo Fonoaudiológico do Risco para a Disfagia (PARD). « Protocolo de Introdução e Transição Alimentar (PITA). Avaliação - Procedimentos: « Atendimento à solicitação médica de avaliação. « Discutir caso com equipe. « Verificar dados no prontuário do paciente. Avaliação da deglutição - Procedimentos: Avaliar imediatamente o paciente que atender aos seguintes requisitos: « Estabilidade clínica: FC 60 - 100bpm; FR 12 - 20 rpm; SPo2 > 90 « Ausência de jejum programado. « Nível de alerta adequado: Glasgow > 13 ou dentro dos limites basais do paciente « Escala Glasgow. « Avaliação do estado neurológico - TCE. « Observação de 3 parâmetros: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora. « Devem ser consideradas as melhores respostas verbais e motoras durante a aplicação da escala. Aplicação do PAP (protocolo de avaliação preliminar): « Exame geral. « Respiração. « Fala e voz. « Avaliação orofacial. « Avaliação cervical. Avaliação da deglutição - Procedimentos: « Instabilidade clínica durante a aplicação: interromper e retomar em 24h. « Ausência de deglutição espontânea de saliva: estimulação gustativa com colher molhada em alimento pastoso homogêneo. « Se degjlutir, continuar avaliação. « Se não degjlutir, indicar terapia fonoaudiológica - Nível funcional 1 de deglutição (ASHA NOMS). PARD Avaliação da deglutição - Procedimentos: « Presença de deglutição espontânea de saliva - aplicar do PARD. Avaliação da deglutição - Procedimentos PARD: « Iniciar com teste de deglutição de água. « Aplicar em seguida teste de deglutição de pastoso. « Classificar o grau de disfagia e as condutas. Nível I. Deglutição normal - Normal para ambas as consistências e em todos os itens avaliados. Nenhuma estratégia ou tempo extra é necessário. A alimentação via oral completa é recomendada. Nível II. Deglutição funcional - Pode estar anormal ou alterada, mas não resulta em aspiração ou redução da eficiência da deglutição, sendo possível manter adequada nutrição e hidratação por via oral”. Assim, são esperadas compensações espontâneas de dificuldades leves, em pelo menos uma consistência, com ausência de sinais de risco de aspiração. A alimentação via oral completa é recomendada, mas pode ser necessário despender tempo adicional para esta tarefa. Nível III. Disfagia orofaríngea leve - Distúrbio de deglutição presente, com necessidade de orientações específicas dadas pelo fonoaudiólogo durante a deglutição. Necessidade de pequenas modificações na dieta; tosse e/ou pigarro espontâneos e eficazes; leves alterações orais com compensações adequadas. Nível IV. Disfagia orofaríngea leve a moderada - Existência de risco de aspiração, porém reduzido com o uso de manobras e técnicas terapêuticas. Necessidade de supervisão esporádica para realização de precauções terapêuticas; sinais de aspiração e restrição de uma consistência; tosse reflexa fraca e voluntária forte. O tempo para a alimentação é significativamente aumentado e a suplementação nutricional é indicada. Nível V. Disfagia orofaríngea moderada - Existência de risco significativo de aspiração. Alimentação oral suplementada por via alternativa, sinais de aspiração para duas consistências. O paciente pode se alimentar de algumas consistências, utilizando técnicas específicas para minimizar o potencial de aspiração e/ou facilitar a deglutição, com necessidade de supervisão. Tosse reflexa fraca ou ausente. Nível VI. Disfagia orofaríngea moderada a grave - Tolerância de apenas uma consistência, com máxima assistência para utilização de estratégias, sinais de aspiração com necessidade de múltiplas solicitações de clareamento, aspiração de duas ou mais consistências, ausência de tosse reflexa, tosse voluntária fraca e ineficaz. Se o estado pulmonar do paciente estiver comprometido, é necessário suspender a alimentação por via oral. Nível VII. Disfagia orofaríngea grave - Impossibilidade de alimentaçãovia oral. Engasgo com dificuldade de recuperação; presença de cianose ou broncoespasmos; aspiração silente para duas ou mais consistências; tosse voluntária ineficaz; inabilidade de iniciar deglutição. Avaliação da deglutição - Condutas PARD: « Deglutição normal e funcional, disfagia orofaríngea leve, leva a moderada e moderada: Aplicar PITA. Avaliação - Condutas PARD Disfagia orofaríngea moderada a grave ou grave: « Definir nível funcional da deglutição (VI ou VII) / ASHA NOMS. « Manutenção da via alternativa de alimentação. « Indicar terapia fonoaudiológica. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM BEIRA-LEITO - AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DEGLUTIÇÃO Avaliação da deglutição - PITA: * Auxiliar o fonoaudiólogo no gerenciamento clínico da disfagia durante a fase de introdução e transição da dieta por via oral no ambiente hospitalar. * Avaliar volumes maiores e diferentes consistências. * Testar a dieta com a dieta com alimentos pastosos homogêneos, heterogêneos, semissólidos, sólidos e líquidos. * Evolução da consistência e o nível funcional de deglutição. 1. Itens gerais da avaliação Vias de alimentação: > SNE/SNG (sonda nasoenteral/ sonda nasogástrica): ambas tem acesso nasal. O pertuito da sonda gástrica alcança o estômago e a sonda enteral situa-se em região pós-pilórica. > SOE/SOG: sonda oroenteral/ sonda orogástrica: ambas tem acesso oral. O pertuito da sonda gástrica alcança o estômago e a sonda enteral situa-se em região pós-pilórica. > Parenteral: via alternativa de alimentação com administração intravenosa. > Gastro/Jejuno (Gastrostomia/ Jejunostomia): sondagem realizada por acesso cirúrgico ou endoscópico, localizada em região gástrica (gastrostomia) ou enteral (jejunostomia). > Via oral: ingestão de alimentos realizada pela via natural de alimentação. Dependência: > Alimentação apenas assistida pelo fonoaudiólogo: a oferta de alimentos é realizada apenas pelo fonoaudiólogo, quando há necessidade de orientação frequente de técnicas terapêuticas. > Alimentação assistida pelo cuidador ou equipe de enfermagem: a oferta de alimentos é realizada pelo cuidador ou equipe de enfermagem, devido a alguma incapacidade do paciente em alimentar- se sozinho (por exemplo, no caso de paresia ou paralisia de membros superiores, redução do nível cognitivo etc). A alimentação assistida pelo cuidador ou equipe de enfermagem pode estar ou não associada à supervisão de técnicas terapêuticas. Neste caso, ambos devem ser previamente treinados. > Alimentação supervisionada: o próprio paciente controla a ingestão de alimentos, com necessidade de supervisão de técnicas terapêuticas realizada pelo fonoaudiólogo ou cuidador e/ou equipe de enfermagem, previamente treinados. > Alimentação independente: o próprio paciente controla a refeição, sem necessidade de supervisão. Pode ser ou não necessária a realização de técnicas terapêuticas, que devem ter sido aprendidas ou automatizadas. Modo de oferta: > Meia colher de sopa: equivalente a 3 ml. > Colher de sopa rasa: equivalente a 5 ml. > Colher de sopa cheia: equivalente a 10 ml. > Goles controlados: o fonoaudiólogo controla a deglutição de líquidos, tanto com a oferta assistida, quanto com a orientação ao paciente, em relação à quantidade e velocidade. > Canudo: a oferta de líquidos é realizada com canudo. Neste caso, também se pode especificar como serão os goles. > Goles livres: o próprio paciente controla a deglutição de líquidos, quanto à quantidade e velocidade. > Pedaços secos: especifica a oferta de alimentos que não utilizam utensílio para a preensão, como pães e biscoitos, que são oferecidos sem modificação em sua consistência inicial. > Pedaços umedecidos: especifica a oferta de alimentos que não utilizam utensílio para a preensão, como pães e biscoitos, que são oferecidos com modificação em sua consistência inicial, como por exemplo, o pão molhado no leite. Dietas testadas PITA Níveis de dieta por via oral: Nível 1: alimentos pastosos homogêneos (sem pedaços), muito coesivos, que requerem pouca habilidade de mastigação. Entre eles: purês de frutas, Geléias, purês de legumes, cremes ou sopas cremosas peneiradas etc. Nível 2: alimentos pastosos heterogêneos (pastoso com pedaços), coesivos, misturados, que requerem pouca habilidade de mastigação. Entre eles: sopas cremosas com pequenos pedaços de legumes bem cozidos ou macarrão, cames moídas ou desfiadas misturadas a purês, frutas amassadas, vitamina de frutas sem peneiramento etc. Esse nível exclui pães, bolachas e outros alimentos sólidos que não estejam misturados a cremes ou purês. Nível 3: alimentos semi-sólidos, macios, que requerem maior habilidade de mastigação, como frutas picadas, massas, cames desfiadas, legumes bem cozidos, arroz papa, pão de forma, pão de leite etc. Exclui grãos soltos, pães duros, verduras e outros alimentos de difícil mastigação ou que tendem a dispersar-se em cavidade oral. Nível 4: dieta regular, inclui todos os alimentos, inclusive de qualquer textura sólida. Entre eles: vegetais crus, carnes, saladas, pães, grãos etc. Líquidos: Líquido fino (F): líquidos de consistência similar à água em seu estado natural. Estão incluídos os sucos, chás, leite, café etc. Líquido pastoso fino (PF): líquidos pouco engrossados. Estão incluídos nesta categoria os iogurtes líquidos, alguns sucos de frutas (ex: suco de manga) e qualquer outro líquido pouco engrossado (com espessante ou outros tipos de amido). Líquido pastoso grosso (PG): líquidos engrossados, com consistência similar ao nível 1 de dieta por via oral. Estão incluídos nesta categoria os iogurtes em polpa sem pedaços, vitaminas de frutas grossas peneiradas (ex: vitamina de mamão com banana) e outros líquidos engrossados (com espessante ou outros tipos de amido). Nota: Caso algum alimento específico seja contra-indicado, ressaltar no campo “observações” (exemplos: leite, grãos, pipoca etc). Avaliação - PITA: « Avaliar volumes maiores e diferentes consistências. « Avaliação da dinâmica da deglutição em pacientes com dieta por VO liberada: aplicar PAP e PITA com a dieta prescrita. « Discutir com o médico responsável e com a equipe multiprofissional o desempenho do paciente e a conduta fonoaudiológica. ESCALAS DE DEGLUTIÇÃO / ASHA - NOMS « American Speech-Language and Hearing Association (ASHA-NOMS, 2002;2013): « Propõe medidas funcionais da comunicação e deglutição - descrição durante os procedimentos de avaliação e tratamento. Nível 1 - O individuo não é capaz de deglutir nada com segurança pela boca. Toda nutrição e hidratação são recebidas através de recursos não orais (ex.: sonda nasogástrica, gastrostomia). Nível 2 - O indivíduo não é capaz de deglutir com segurança pela boca para nutrição e hidratação, mas pode ingerir alguma consistência, somente em terapia, com uso máximo e consistente de pistas. Método alternativo de alimentação é necessário. Nível 3 - Método alternativo de alimentação é necessário, uma vez que o indivíduo ingere menos de 50% da nutrição e hidratação pela boca; e/ou a deglutição é segura com o uso moderado de pistas para uso de estratégias compensatórias; e/ou necessita de restrição máxima da dieta. Nível 4 - A deglutição é segura, mas frequentemente requer uso moderado de pistas para uso de estratégias compensatórias; e/ou o individuo tem restrições moderadas da dieta; e/ou ainda necessita de alimentação por tubo e/ou suplemento oral. Nível 5 - A deglutição é segura com restrições mínimas da dieta; e/ou ocasionalmente requer pistas mínimas para uso de estratégias compensatórias. Ocasionalmente pode se auto monitorar. Toda nutrição e hidratação são recebidas pela boca durante a refeição. Nível 6 - A deglutição é segura e o individuo come e bebe independentemente. Raramente necessita de pistas mínimas para uso de estratégias compensatórias. Frequentemente se auto monitora quando ocorrem dificuldades. Pode ser necessário evitar alguns itens específicos de alimentos (ex.: pipoca e amendoim); tempo adicional para alimentação pode ser necessário (devido à disfagia). Nível7 - A habilidade do indivíduo em se alimentar independentemente não é limitada pela função de deglutição. A deglutição é segura e eficiente para todas as consistências. Estratégias compensatórias são utilizadas efetivamente quando necessárias. AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL DA DEGLUTIÇÃO * Métodos complementares à avaliação clínica para diagnóstico. * Dependente de disponibilidade de aparelhos (hospitais, clínicas de diagnóstico por imagem). * Possibilitam avaliar a dinâmica da deglutição com uso de imagens. * Permitem a identificação de alterações na deglutição que levam à ocorrência de penetração laríngea e/ou aspiração laringotraqueal. VIDEOFLUOROSCOPIA (ou videodeglutograma) > Método padrão-ouro para avaliação de todas as fases da deglutiçã. > Complementa a avaliação clínica. > Bolo alimentar modificado com sulfato de Bário (contraste) - exposição à radiação. > Possibilidade de verificação do efeito de manobras posturais e de deglutição - evidências para a diminuição do risco de aspiração laringotraqueal. > Registro de imagens em tempo real. > Medidas do tempo de trânsito oral e faríngeo. > Exame realizado por técnico de radiologia e fonoaudiólogo com supervisão de médico radiologista. > Indivíduo sentado - imagem em posição lateral ou anteroposterior. * Fase oral: capacidade de o indivíduo reter o bolo alimentar dentro da cavidade oral, a formação do bolo, a ocorrência de perda prematura e se há desvio do alimento para o vestíbulo oral, tempo de preparo oral prolongado, resíduos em vestíbulo oral, alteração do fechamento velofaríngeo e tempo de trânsito oral. * Fase faríngea: tempo de trânsito faríngeo, movimentos de elevação e anteriorização de laringe, resíduos em valécula e/ou em seios piriformes (ou em parede faríngea), necessidade de deglutições múltiplas, presença de penetração laríngea ou aspiração laringotraqueal antes, durante ou após a deglutição. * Fase esofágica: abertura do esfícter esofágico superior, passagem do bolo alimentar para o esôfago, ocorrência de refluxo gastroesofágico. VED (Videoendoscopia da deglutição) ou FEES (Fiberoptic Endoscopic Evaluation of swallowing). > Possibilita a visualização das características morfológicas da região faringolaríngea e avalia a fase faríngea da deglutição. > É possível a identificação de escape posterior do bolo alimentar, alteração na sensibilidade da região faringolaríngea, penetração laríngea e/ou aspiração laringotraqueal. > Sem exposição à radiação. > Método invasivo. > Portabilidade - realização em clínicas e homecare. > Verificação da terapêutica empregada. > Realizado em conjunto por otorrinolaringologista e fonoaudiólogo. > Paciente sentado. AVALIAÇÃO DA DISFAGIA - RESUMO « Escolha de protocolos padronizados e validados. « Possibilidade de comparação entre avaliação inicial e reavaliações pós-intervenção. « Prática baseada em evidências no gerenciamento das disfagias. « Proporcionar segurança durante a alimentação. « Melhorar os índices de intervenção - orientações direcionadas para o tratamento e avaliação de eficácia. « Diminuir risco de complicações e óbitos. « Melhorar a qualidade de vida. Aula 14: GERENCIAMENTO DA DISFAGIA (Furkim e Nascimento Jr., 2016) > Desde o primeiro contato com o paciente. > Triagem. > Avaliação clínica. > Acompanhamento de avaliações instrumentais. > Terapia (reabilitação, adaptação). > Orientação, supervisão e capacitação profissional. > Orientação a cuidadores. > Organização institucional do atendimento. > Rede de cuidado. Objetivos da adaptação e reabilitação da Disfagia > Reduzir o risco de aspiração laringotraqueal. > Promover a deglutição segura e funcional. > Melhorar a qualidade de vida. Informações norteadoras > Diagnóstico médico. > Gravidade. > Condições clínicas gerais. > Sinais vitais. > Estado de consciência, cognição. > Via de alimentação. > Condições do cuidado. > Resultados da avaliação clínica da deglutição. > Resultados da avaliação instrumental (quando possível). ADAPTAÇÃO E REABILITAÇÃO DA DISFAGIA - AMBIENTE HOSPITALAR TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO PROCEDIMENTOS Divisão didática 1: procedimentos compensatórios e fonoterapêuticos. Divisão didática 2: dentro dos procedimentos fonoterapêuticos: procedimentos terapêuticos são divididos em passivos e ativos. PROCEDIMENTOS - DIVISÃO 1 Procedimentos compensatórios: podem facilitar o processo de alimentação do pacientem sem causar esforço - manobras posturais, estímulos sensoriais, modificações na dieta e introdução de próteses intraorais. Procedimentos fonoterapêuticos: utilizados para modificar a fisiologia da deglutição, ampliando os movimentos das estruturas orais e faríngeas, integrando ações e funções sensório-motoras orais, controle e coordenação dos movimentos da deglutição. Abordagem com exercícios sensoriomotores orais, procedimentos de integração sensório-motora e manobras de deglutição. TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO – PROCEDIMENTOS COMPENSATÓRIOS – MUDANÇAS POSTURAIS TÉCNICA EXECUÇÃO INDICAÇÃO EFEITO Cabeça para trás Levar o queixo para cima (cabeça para trás) e deglutir Dificuldade no controle oral e transporte do bolo alimentar - com fase faríngea adequada Ação da gravidade para auxiliar na limpeza da cavidade oral, facilitação da retropropulsão do bolo, ampliação da orofaringe, aumento da pressão do esfíncter esofágico superior (EES) Cabeça para baixo ou queixo para baixo Inclinar a cabeça para frente e pressionar o queixo contra o peito firmemente e depois deglutir Escape prematuro, demora no desencadeamento da deglutição, redução do fechamento das vias aéreas Manutenção do bolo em posição anterior favorecendo melhor controle, evitando escape anterior, alarga a valécula, prevenindo entrada de alimento nas VAS, aproxima/estreita o complexo laringo- hioideo (VAS), estreitando a orofaringe Rotação de cabeça (cabeça virada para o lado lesionado) Virar a cabeça para o lado mais fraco (lesionado) antes de deglutir Paralisia ou paresia da faringe e pregas vocais redução da abertura da transição faringoesofágica (TFE) Direciona o bolo para o lado mais forte, fechando o seio piriforme do lado lesionado (elimina esse lado, diminuindo resíduo em seios piriformes), aproxima as pregas vocais, aumentando a oclusão das vias respiratórias, redução da aspiração laringotraqueal, aumenta abertura da TFE, diminuindo a pressão do EES Queixo voltado para o lado lesionado Virar a cabeça para o lado mais fraco (lesionado) e depois abaixá-la, encostando o queixo contra o peito antes de deglutir Paralisia ou paresia da faringe e pregas vocais redução da abertura da transição faringoesofágica (TFE) Coloca a epiglote em posição protetiva, estreita a entrada laríngea, provoca o fechamento das pregas vocais (pressão da musculatura extrínseca), previne contra a aspiração laringotraqueal Deitar-se de lado Deitar de lado e permanecer nesta posição durante ingestão de alimentos ou líquidos Diminuição da contração da faringe que leva a acúmulo de resíduos e risco de aspiração laringo- traqueal após a deglutição Elimina a ação da gravidade sobre os resíduos da faringe, reduz o risco de aspiração laringotraqueal Cabeça inclinada (para o lado sadio) Inclinar a cabeça para o lado sadio (mais forte) antes de deglutir Paralisia ou paresia unilateral da faringe Usa a gravidade para o direcionamento do bolo através do lado sadio, diminui resíduos de cavidade oral, aumenta o fechamento das pregas vocais TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO – PROCEDIMENTOS COMPENSATÓRIOS – ESTÍMULOS SENSORIAIS Estímulos sensoriais/ abordagens facilitadoras ou indutoras: realizados durante a deglutição em casos de distúrbios práxicos desta função ou no aumento do transporte do bolo alimentar através da faringe. Visam propiciar ao paciente sensações iniciais para desencadear a deglutição. * Pressão do centro da língua com colher: pressionar a colher sobre a língua ao introduzir o alimento na cavidade oral, para ajudar no trânsito posterior deste. * Uso da colher sem alimento:indicado para dificuldades em eliciar a deglutição, atraso no disparo da fase faríngea e presença de estase na cavidade oral e faringe. * Estabilidade de lábios e mandíbula: auxiliar a deglutição com apoio da mão envolvendo a mandíbula e os lábios inferior e superior com os dedos (três dedos são utilizados) a fim de facilitar a organização do bolo pelo aumento da pressão intraoral. * Estimulação tátil-térmica-gustativa: > Indicada para pacientes com risco de aspiração e/ou traqueostomizados. > Técnicas de estimulação por pressão tátil, por agentes térmicos (quente/frio) e estimulação com sabor azedo. > Dentro dos procedimentos fonoterapêuticos (divisão 2 dos procedimentos de adaptação e reabilitação das disfagias) é considerada uma técnica ativa porém indireta, empregada para estimular a deglutição de saliva. TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO – PROCEDIMENTOS COMPENSATÓRIOS – MODIFICAÇÕES NA DIETA * Volume modificado: a modificação do volume de alimento e/ou a lentificação do processo de alimentação facilitam a diminuição da presença de resíduos alimentares na cavidade oral, valécula e seios piriformes. * Consistência modificada: a modificação da consistência alimentar é uma estratégia facilitadora, a qual pode ser introduzida de forma individualizada, de acordo com cada dificuldade de deglutição identificada. ABORDAGENS DE MODIFICAÇÕES NA DIETA ALIMENTAR Características do bolo alimentar Condições fisiológicas Volume Aumento • Aumento dos tempos de trânsito oral e faríngeo • Maior duração da apneia da deglutição • Maior extensão da elevação hioidea • Maior força de propulsão do bolo alimentar • Maiores pressões de propulsão na faringe e na língua • Maior estimulação sensorial dos receptores sensitivos da cavidade oral Consistência Sólida Necessita de preparação. O controle neuromotor voluntário e a iniciativa motora devem estar intactos, bem como a produção de saliva e a hidratação na cavidade oral Sólido amolecido Condição mínima de controle e preparação do bolo alimentar, porém com dificuldade de mastigação vigorosa Pastosa Fluxo de alimento mais lento, facilitando o controle motor da laringe, não exige mastigação e facilita a proteção das vias respiratórias, mesmo na presença de alteração de fechamento Néctar Fluxo do alimento mais lento que a água (líquido fino), porém mais rápido que o mel - possibilita > facilidade para a propulsão do bolo e certo controle da proteção das vias respiratórias na laringe Mel Fluxo do alimento mais lento que o néctar, porém mais rápido que o pastoso - possibilita > facilidade para certo controle da proteção das vias respiratórias na laringe Consistência Líquida (água) Facilita a propulsão do alimento até a faringe por apresentar maior velocidade do escoamento do alimento. Dificulta o controle motor de proteção das vias respiratórias da laringe Bebida gaseificada Reduz o tempo de trânsito e a retenção farínfea Reduz a penetração laríngea e a aspiração laringotraqueal Sabor Azedo Intensifica os componentes da fase oral em pacientes com disfagia neurogênica e acelera a resposta sensório-motora da faringe Utensílio Canudo Facilita o controle do bolo alimentar TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO – PROCEDIMENTOS COMPENSATÓRIOS – PRÓTESES ORAIS Próteses intraorais: a introdução de próteses intraorais poderá ser considerada nos pacientes que apresentem alterações estruturais em razão de remoções cirúrgicas. PROCEDIMENTOS FONOTERAPÊUTICOS DIVISÃO 1 * Exercícios sensoriomotores orais: realizados com as estruturas orofaciais, envolvendo a extensão dos movimentos de lábio, mandíbula, língua e laringe. Podem ser associados a exercícios de coaptação de pregas vocais (fechamento), posteriorizando o direcionamento do bolo alimentar através do trato orofaríngeo. * Procedimentos de integração sensoriomotora: realizados por meio de exercícios de rapidez, estímulos táteis e térmicos, sucção e deglutição - facilitam a deglutição. * Manobras de deglutição: propiciam o controle voluntário da deglutição de saliva e de alimentos. TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO – PROCEDIMENTOS FONOTERAPÊUTICOS EXERCÍCIOS SENSORIOMOTORES ORAIS TÉCNICA EXECUÇÃO INDICAÇÃO EFEITO Fortalecimento de lábios Apertar um lábio contra o outro e relaxar. Apertar um lábio contra o outro e estalar. Protrusão de lábios sustentada. Protrusão de lábios com contrarresistência (espátula). Contrarresistência lábio superior e inferior (espátula). Escape anterior de alimento. Redução na pressão intraoral. Alteração no controle do bolo. Aumento da força da musculatura de lábios, favorece a oclusão labial e manutenção do bolo na cavidade oral. Fortalecimento de bochechas Inserir uma espátula ou dedo enluvado na bochecha do paciente, solicitar que oclua os lábios sem tensão. Em seguida, solicitar que ele empurre o dedo enluvado ou espátula no sentido dos dentes enquanto o terapeuta exerce uma fora contrária para fora. Realizar 3 séries de 10 repetições. Variação: realizar o mesmo mas com a contrarresistência constante (movimento sustentado) e solicitar que o paciente empurre o dedo enluvado ou espátula no sentido dos dentes até que retire o dedo ou espátula no sentido dos lábios. 3 séries de 5 a 10 segundos. Alteração do controle do bolo alimentar. Dificuldade na deglutição de alimentos sólidos. Aumenta a força das bochechas. Fortalecimento de língua Elevar anteriormente e sustentar. Elevar posteriormente e sustentar. Lateralizar e sustentar (D/E). Empurrar o dorso da língua para trás, mantendo o ápice no sentido do assoalho da boca, e sustentar. Repetição de sílabas com o fonema /k/ desde que propicie contato da língua com o palato mole. Alteração do controle do bolo alimentar. Dificuldade na deglutição de alimentos pastosos e sólidos. Aumenta a força de língua Adução de pregas vocais Técnica de empuxo. Técnica do trato vocal semiocluído. Aspiração durante a deglutição. Paresia ou paralisia de ppvv. Aumenta a força da musculatura laríngea e favorece o fechamento laríngeo, protegendo as vias respiratórias. Fortalecimento da musculatura suprahioidea Emissões de sons agudos. Enrolar uma toalha e posicionar abaixo do queixo, solicitando que o paciente aperte o queixo fortemente para baixo e que degluta com força. Redução da elevação e anteriorização do complexo hioideo. Alteração na estabilização da elevação laríngea e Anteriorização do hioide Aumenta a mobilidade e força da musculatura suprahioidea. Mobilidade laríngea Solicitar ao paciente que emita a vogal /a/ em frequência mais grave possível e em seguida solicitar que emita a vogal /i/ em frequência mais aguda possível. Emissão do /b/ com prolongamento do início e emissão em frequência grave. Diminuição na mobilidade larínge/excursão laríngea. Melhora na mobilidade da laringe. Favorece a proteção das vias respiratórias - fase faríngea. Shaker (Shaker et al., 2002) Deitar com as costas para baixo, levantar a cabeça a uma altura em que seja possível ver os dedos dos pés, sem levantar os ombros. Manter a cabeça nessa posição por 1 minuto e descansar em seguida. Repetir 3 vezes. Depois mover a cabeça para cima e para baixo por 30 vezes. Diminuição da abertura da TFE e da elevação laríngea Fortalecimento dos mm. supra- hioideos possibilitando maior relaxamento do EES e diminuição da pressão acima dele. Melhora a elevação laríngea e a abertura da TFE. Tonghe-hold/ Masako (Fujiu, 2002) Deglutir com 1/4 da língua presa entre os dentes** *não pode ser realizada com alimento - aumenta resíduo em valéculadiminui o fechamento das vias respiratórias e aumenta o atraso do disparo da deglutição na faringe. Presença de resíduos em faringe Aumenta a pressão e a duração do contato da base da língua com a parede posterior da faringe. Melhora a contração dos mm. constritores superiores da faringe. PROCEDIMENTOS FONOTERAPÊUTICOS DIVISÃO 2 * Técnicas passivas: utilização de manobras que levem o paciente à adequação do tônuspela estimulação geral e orofacial, estimulação sensorial digital e estimulação tátil-cinestésica. * Técnicas ativas: >Indiretas: realizadas com foco na deglutição de saliva, estimulando também a sua produção. Ex.: Estimulação tátil-térmica-gustativa. >Diretas: realizadas com foco na deglutição de alimentos em diferentes consistências, volumes, temperaturas e sabores, visando a reintrodução da alimentação por via oral. TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO – PROCEDIMENTOS FONOTERAPÊUTICOS – TÉCNICAS PASSIVAS * Manobras para adequação do tônus geral e orofacial: > Iniciar pelo posicionamento de elevação do paciente a 60º quando possível, modificando o seu apoio corporal, direcionando-o para o quadril. > Estabilizar o tônus do tronco, posicionando a cabeça e os ombros do paciente em linha média. > Realizar movimentos de rotação lateral e inclinação da cabeça. > Realizar exercícios de alongamento e contração por meio de massagens. TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO – PROCEDIMENTOS FONOTERAPÊUTICOS TÉCNICAS PASSIVAS – MANOBRAS PASSIVAS PARA ADEQUAÇÃO DE TÔNUS MUSCULAR TÉCNICA EXECUÇÃO INDICAÇÃO EFEITO Alongamento do m. orbicular do lábio (superior/inferior) Realizar massagens de alongamento bidigitais, iniciando na região da columela direita indo até à comissura labial direita. Realizar o mesmo para o lado esquerdo. Iniciar pelo lábio superior e depois realizar o mesmo para o lábio inferior. Realizar 3 séries de 8 massagens com intervalos de 10 seg. Contração aumentada/lábios hiperfuncionantes Relaxamento da musculatura, vedamento labial sem esforço. Alongamento do m. masseter (direito/esquerdo) Realizar massagens de alongamento no m. masseter direito utilizando 3 dedos, iniciando na região da ATM e descendo até a mandíbula; segurar por 2 segundos. Realizar o mesmo para o lado esquerdo. Realizar 3 séries de 8 massagens com intervalos de 10 seg. Contração aumentada durante a mastigação ou no repouso (apertamento dentário, trismo, bruxismo). Relaxamento da musculatura, mastigação sem esforço excessivo, melhora na abertura oral, alívio da dor orofacial (quando aplicável). Contração do m. masseter (direito/esquerdo) Realizar massagens de contração no m. masseter direito utilizando 3 dedos, iniciando na da mandíbula e subindo até a região da ATM; segurar por 2 segundos. Realizar o mesmo para o lado esquerdo. Realizar 3 séries de 8 massagens com intervalos de 10 seg. Contração diminuída no repouso (mandíbula abaixada) e/ou durante a mastigação. Contração da musculatura, mastigação sem esforço excessivo, favorecimento do desempenho na mastigação. Alongamento do m. temporal (direito/esquerdo) Realizar massagens de alongamento no m. temporal direito utilizando 3 dedos, iniciando na região lateral no osso temporal e descendo até a região da ATM; segurar por 2 segundos. Realizar o mesmo para o lado esquerdo. Realizar 3 séries de 8 massagens com intervalos de 10 seg. Contração aumentada durante a mastigação ou no repouso (apertamento dentário, trismo, bruxismo). Relaxamento da musculatura, mastigação sem esforço excessivo, melhora na abertura oral, alívio da dor orofacial (quando aplicável). Contração do m. temporal (direito/esquerdo) Realizar massagens de contração no m. temporal direito utilizando 3 dedos, iniciando na região da ATM e subindo até a região lateral superior no osso temporal; segurar por 2 segundos. Realizar o mesmo para o lado esquerdo. Realizar 3 séries de 8 massagens com intervalos de 10 seg. Contração diminuída no repouso (mandíbula abaixada) e/ou durante a mastigação. Contração da musculatura, mastigação sem esforço excessivo, favorecimento do desempenho na mastigação. TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO – PROCEDIMENTOS FONOTERAPÊUTICOS – TÉCNICAS PASSIVAS * Estimulação sensorial digital - indicada na presença de reflexos patológicos e de sensibilidade e tônus muscular alterados: > Reflexos patológicos aumentados: manobras com toques firmes, rápidos e curtos, uma ou duas vezes em gengiva, língua e palato. > Respostas diminuídas: três toques suaves e amplos em gengiva, língua e palato. * Estimulação tátil-cinestésica: realizar toques rítmicos e firmes na face > Das bochechas em direção aos lábios. > Pela mandíbula até o queixo. > Nos lábios, com movimentos de cima para baixo no lábio superior e de baixo para cima no lábio inferior. > Na língua, por movimentos de direcionamento posteroanterior (dorso e laterais). TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO – PROCEDIMENTOS FONOTERAPÊUTICOS TÉCNICAS PASSIVAS – TÉCNICAS ATIVAS INDIRETAS – MANOBRAS DE DEGLUTIÇÃO ESTIMULAÇÕES ORAIS PARA DEGLUTIÇÃO DE SALIVA TÉCNICA EXECUÇÃO INDICAÇÃO EFEITO Estimulação tátil-térmica Com espelho odontológico 00, mantido imerso em água gelada por minutos, fazer movimentos leves nas fauces anteriores, verticalmente. O movimento deverá ser repetido de 5 a 10 vezes, em séries realizadas 4 a 5 vezes ao dia (em até 1 mês, se necessário). Solicitar que o paciente realize a deglutição logo após a realização da estimulação. Demora no disparo da deglutição faríngea. Diminuição de sensibilidade. Aumenta a resposta da deglutição faríngea. Estimulação oral (térmica e gustativa) Estimulação intraoral com diferentes temperaturas, sabores e texturas (gelo envolto em gaze, gelatina, gaze levemente embebida em água morna ou quente, colher de alumínio, escova de dente ou gaze embebida em limão espremido). Solicitar que o paciente realize a deglutição logo após a realização da estimulação. Hipo ou hipersensibilidade intraoral. Reduzir a resposta motora nos casos exacerbados. Aumentar a resposta aos estímulos sensoriais nos casos de hipossensibilidade. TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO – PROCEDIMENTOS FONOTERAPÊUTICOS – TÉCNICAS ATIVAS DIRETAS Técnicas ativas diretas visam a reintrodução da alimentação por via oral * Escolha da consistência mais segura, segundo dados da avaliação - varia de acordo com o tipo e a gravidade da disfagia. * Disfagia em fase preparatória-oral: estímulo para o odor dos alimentos. * Disfagia em fase oral: alimentos pastosos homogêneos são os mais indicado, sobretudo em casos neurogênicos - alimentos coesivos, fluidos, sem necessidade de mastigação. * Restrição na abertura oral: pastosos e líquidos homogêneos (considerar uso de canudo). * Introdução de líquido engrossado com uso de manobras de facilitação da deglutição - impedir a passagem do alimento para a via aérea e promover limpeza de resíduos em recessos faríngeos. LEMBRAR DO MONITORAMENTO DO PACIENTE ANTES, DURANTE E APÓS A OFERTA DE ALIMENTOS DURANTE A TERAPIA E DO AUTOMONITORAMENTO/BIOFEEDBACK MANOBRAS DE DEGLUTIÇÃO TÉCNICA EXECUÇÃO INDICAÇÃO EFEITO Supraglótica (Nagaya et al., 2004) Prender a respiração, deglutir e tossir em seguida. Aspiração laringotraqueal durante a deglutição, redução da atividade esfinctérica da laringe, demora no disparo da fase faríngea. Proteção das vias aéreas antes e durante a deglutição. Redução do risco de aspiração pelo aumento do fechamento glótico. Super- supraglótica Prender a respiração com força, deglutir e tossir em seguida. Aspiração laringotraqueal durante a deglutição, redução da atividade esfinctérica da laringe, demora no disparo da fase faríngea. Proteção das vias aéreas ao nível das pregas vestibulares. Redução do risco de aspiração pelo aumento da excursão da laringe. Deglutição com esforço Deglutir com força, empurrar e comprimir todos os mm. da boca e da garganta (faringe e laringe). Diminuição da retração da base da língua (estase alimentar em valécula). Aumento da pressão da língua e do palato, do tempo de duração da deglutição, do movimento da base da língua. Redução da distância entre o osso hioide, laringe e mandíbula - auxilia na elevação laríngea, melhorando a proteção das vias respiratórias. Redução da estase valecular e propicia limpeza do espaço valecular. Mendelsohn (Crary et al., 2004) Manter a laringe elevada pormeio da compressão digital. Diminuição da elevação laríngea. Redução da abertura da TFE (transição faringo- esofágica). Aumenta e prolonga a excursão laríngea. Reduz a estase em seios piriformes e TFE Melhora a coordenação e o tempo dos eventos de deglutição. Fortalece e treina os mm. responsáveis pela elevação laríngea. Show a breath hold plus hard swallow (Rosenbeck, 2012) Prender a respiração e deglutir com força dos mm. da língua e da faringe. Aspiração durante a deglutição. Redução da atividade esfinctérica da laringe. Demora no disparo da fase faríngea. Protege vias respiratórias ao nível das pregas vestibulares. Redução da aspiração por aumento da excursão da laringe. Aumento da pressão da língua e do palato, da duração da deglutição e do movimento da base da língua. Redução da estase valecular e limpeza do espaço valecular. Deglutições múltiplas ou secas Deglutir algumas vezes após a primeira deglutição com alimento. Resíduo em recessos faríngeos. Limpeza dos resíduos faríngeos. PROCESSO DE ADAPTAÇÃO E REABILITAÇÃO DA DISFAGIA - RESUMO > Prática baseada em evidências no gerenciamento das disfagias. > Selecionar as estratégias mais adequadas de acordo com cada objetivo do processo de adaptação e reabilitação. > Proporcionar a reintrodução da via oral com segurança durante a alimentação. > Melhorar os índices de intervenção - orientações direcionadas para o tratamento e avaliação de eficácia - comparar resultados da avaliação com a reavaliação pós-terapia. > Diminuir risco de broncoaspiração e óbito. / > Melhorar a qualidade de vida. Emió, Aula 15 (Fissuras Lábiopalatinas) – Notas TRATAMENTO DAS ALTERAÇÕES OROFACIAIS EM FISSURAS LABIOPALATINAS AGENDA 1. Fissuras labiopalatinas: aspectos gerais. 2. Classificação dos tipos de fissuras. 3. Principais alterações oriundas das fissuras labiopalatinas. 4. Tratamento cirúrgico das fissuras labiopalatinas. 5. Tratamento fonoaudiológico das fissuras labiopalatinas. FISSURAS LABIOPALATINAS - ASPECTOS GERAIS * Malformações congênitas que rompem a integridade do lábio e/ou palato durante o período embrionário e início do período fetal, até a 12a semana gestacional; * Caracterizam-se como as mais frequentes entre as deformidades craniofaciais: incidência de 1:500 a 1:700 nascidos vivos * Fissuras labiais ou labiopalatinas: ocorrem duas vezes mais em homens. * Etiologia multifatorial: predisposição genética, hereditariedade, fatores teratogênicos, consanguinidade dos pais, deficiência de ácido fólico na gestação e idade materna. * Podem estar associadas a síndromes genéticas. * As fissuras labiais, quando não tratadas, podem afetar o crescimento de outras regiões como: - Base craniana (largura e comprimento) - Região petrosa do osso temporal - Septo nasal - Coluna cervical (devido a alterações do crescimento, retardo na maturação da cartilagem ou malformações congênitas) * Não existem evidências de que o processo de crescimento craniofacial nos indivíduos fissurados seja anormal, mas ocorre em um substrato deficiente. FISSURAS LABIOPALATINAS - CLASSIFICAÇÃO Classificação de Spina (1972) - tem como referência o forame incisivo que separa o palato primário do palato secundário: * Fissura labial * Fissura pré-forame incisivo * Fissura pós-forame incisivo * Fissura transforame incisivo * Fissura submucosa (considerada também como pós-forame incompleta) * Fissura de palato oculta Fissura pré-forame incisivo: falta de fusão dos processos maxilares com os nasais medianos; completa quando atinge o lábio e a arcada alveolar e incompleta quando atinge somente o lábio. Fissura pós-forame incisivo: falta de fusão dos processos palatinos entre sie com o septo nasal; completa quando atinge palato duro, mole e úvula; incompleta quando atinge palato duro parcialmente, mole e úvula ou palato mole parcialmente e a úvula. Fissura transforame incisivo: não fusão do mesênquima dos processos palatinos laterais, o palato primário e do septo nasal; atinge desde o lábio até a úvula. Fissura submucosa (considerada também como pós-forame incompleta): não fusão das placas ósseas e musculares, somente da mucosa; úvula bífida, diástase de palato mole e entalhe ósseo do palato duro; indicada a palatoplastia em casos sintomáticos ou assintomáticos com hipernasalidade. Fissura de palato oculta: hipoplasia ou ausência do músculo da úvula e diástase da musculatura velar na superfície nasal (somente visualizada por meio de nasofibroscopia). Tipo de Fissura Incidência Pré-forame incisivo Lábio e arcada alveolar Completa ou incompleta Uni ou bilateral Pós-forame incisivo Palato duro e mole Completa ou incompleta Transforame Lábio, arcada alveolar, Palato duro e mole - Uni ou bilateral * Fissura labial uni ou bilateral completa ou incompleta: - Palato primário (lábio superior e borda alveolar) com falha no crescimento - 6a semana de gestação. * Fissura palatina completa ou incompleta: - Palato secundário (palato duro e mole) com falha no crescimento - 8a semana de gestação, FISSURAS LABIOPALATINAS - PRINCIPAIS ALTERAÇÕES * Alterações nas funções orofaciais. * Disfunção velofaríngea. * Distúrbios obrigatórios. * Distúrbio Articulatório Compensatório (DAC). * Voz - qualidade vocal alterada. * Audição - disfunção tubária, otites. Alterações nas funções orofaciais: * Sucção * Deglutição * Mastigação * Respiração * Fonoarticulação Alterações nas funções alimentares * Sucção e amamentação: - Dificuldade na pega/Vedamento labial, para fissuras labiais. - Diminuição na pressão negativa intraoral (junção das cavidades nasal e oral) e refluxo de leite para a cavidade nasal, nas fissuras palatinas. - Movimentos compensatórios para a sucção e deglutição - a língua se posterioriza e eleva, tentando fechar a fissura e entrar em contato com a faringe, substituindo o mecanismo velofaríngeo, e o leite escoa pelas laterais da língua. - Em casos de disfagias neurogênicas e/ou cardiopatias pode ser indicado o uso de sonda orogástrica no recém-nascido. * Deglutição: língua com projeção anterior entre os arcos dentários ou pressionando os incisivos. * Mastigação: falta de elementos dentários, apinhamento, maloclusão classe III de Angle, vedamento labial, mobilidade de língua, oclusão e relação maxila-mandíbula alteradas com impacto negativo na eficiência mastigatória. * Respiração: geralmente alterada, com modo oral. Há casos com estreitamento nasal, com alteração no fluxo aéreo e que podem ocasionar apneia obstrutiva do sono. Disfunção velofaríngea: incompetência x insuficiência * Incapacidade de fechamento quando fisiologicamente necessário: - Incompetência velofaríngea - natureza funcional. - Insuficiência velofaríngea (IVF) - fatores estruturais, alterações anatômicas - fissuras palatinas. Distúrbios obrigatórios: * Fraca pressão intraoral. * Escape de ar nasal (audível ou não). * Hipernasalidade na fala. * Hiponasalidade em quadros de fissuras associadas a malformações de cavidade nasal que causam obstrução nasal. Distúrbio Articulatório Compensatório (DAC): * Fase de aquisição e desenvolvimento de fala e linguagem. * casos de não correção cirúrgica ou correção tardia. * Mímica facial/nasal associada. * Articulações compensatórias mais frequentes: golpe de glote, fricativa faríngea, plosiva faríngea, fricativa velar, plosiva dorso-médio palatal e fricativa nasal posterior. * Ceceio. * Há ocorrência de coarticulações compensatórias em alguns casos. * Pouca ou nenhuma inteligibilidade de fala nos casos de disfunção velofaríngea. Voz - qualidade vocal alterada: * Rouquidão. * Soprosidade. * Abuso vocal como compensação da insuficiência velofaríngea. * Alteração de ressonância. * Voz aspirada e com baixa intensidade. Disfunção tubária, otites: * Disfunção velofaríngea com consequente disfunção tubária (deficiência na movimentação do músculo tensor do vêu palatino que permite a abertura da tuba auditiva em ocasiões de mudanças de pressão - a tuba do fissurado palatino permanece aberta em repouso).TRATAMENTO DAS FISSURAS LABIOPALATINAS - EQUIPE MULTIDISCIPLINAR * Geneticista * Cirurgião plástico * Pediatra * Dentista/ortodontista * Cirurgião bucomaxilofacial * Otorrinolaringologista * Assistente social * Enfermeiro * Nutricionista * Fonoaudiólogo * Psicólogo * Fisioterapeuta, ortopedista, fisioterapeuta, cardiologista, neurologista - síndromes TRATAMENTO CIRÚRGICO DAS FISSURAS LABIOPALATINAS 1. Queiloplastia - 3 meses de idade. 2. Palatoplastia - entre 9 meses e 1 ano de idade. 3. Faringoplastia - 5 anos de idade, se houver IVF. 4. Enxerto ósseo alveolar (osso da crista ilíaca):7 anos de idade. * Queiloplastia: gera mudanças na amamentação do bebê. * Palatoplastia e enxerto ósseo: podem trazer mudanças na avaliação fonoaudiológica referente à fala, voz e alimentação. TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO DAS ALTERAÇÕES OROFACIAIS NAS FISSURAS LABIOPALATINAS * Intervenção com a gestante e tratamento precoce para promoção do aleitam.ento natural, desenvolvimento de fala e auditivo. * Orientações pós-cirúrgicas. * Intervenção em região de cicatrizes. * Adequação da função nasal. * Intervenção referente aos DAC. * Intervenção referente à qualidade vocal e ressonância. GESTANTE E BEBÊ Intervenção com a gestante e tratamento precoce para promoção do aleitamento natural, desenvolvimento de fala e auditivo. OBJETIVO: Orientar e acompanhar gestantes cujos bebês receberam diagnóstico precoce de fissura labiopalatina, quanto à alimentação, o desenvolvimento da fala, linguagem e audição. * Fissura pré-forame (labial) completa ou incompleta: possível dificuldade inicial na “pega” da amamentação devido à fissura. * Fissura pós-forame (palatina) completa ou incompleta: é possível a ocorrência de refluxo nasal no momento da amamentação/alimentação, escape de ar pelo nariz gerando choro/fala “fanhosa”, futuras dificuldades em fonemas da fala. * Fissura transforame (lábio e palato) completa ou incompleta: é possível a ocorrência de dificuldades na alimentação (“pega”, refluxo nasal), choro/fala com escape de ar pelo nariz (“fanhosa”), futuras dificuldades na produção de fala. * Seio materno ou uso de mamadeiras de plástico flexível e bico ortodôntico para prematuros (que pode ter um corte em X). * Treinar o cuidador a espremer um pouco do leite na cavidade oral do bebê no início das mamadas e, em seguida, posicionar o bico da mamadeira (ou seio materno) em direção a alguma estrutura rígida existente no palato (processo palatino, rebordo alveolar do lado não fissurado), em caso de fissuras unilaterais, ou à bochecha e rebordo alveolar inferior, no caso de fissuras bilaterais - evitar o escoamento de leite direto para a orofaringe, nasofaringe ou cavidade nasal, e estimulação do uso da língua pelo bebê para a captação do leite. * Uso de placa acrílica na região palatina, entretanto, em virtude do crescimento do bebê, a placa precisaria ser remoldada com frequência, o que coloca em questionamento a viabilidade da conduta, além de ser necessário considerar a permanência da disfunção velofaríngea. * Ênfase à importância de colocar o bebê para arrotar várias vezes na mesma mamada, considerando que pelo esforço realizado na sucção, o bebê faz várias pausas e acaba por deglutir muito ar, levando a uma sensação de saciedade antes de extrair o volume de leite necessário para sua nutrição. * A frequência das mamadas deve ser maior. *As condições respiratórias devem ser sempre bem observadas, a fim de não prejudicar a alimentação e o desenvolvimento do bebê. * Posicionamento e postura da mãe: sentada ou o mais ereta possível. * Posicionamento e postura do bebê: - O mais ereto possível. - Inclinado com o lado da fissura voltado para cima para evitar o escape de alimento. - De cavalinho, apoiado na perna da mãe (barriga com barriga). - Inclinado, com fissura voltada para baixo, mas encostada no seio da mãe vedando a fissura. - Tempo da mamada: aproximadamente de 20 a 30 minutos. * Mudança do lado: recomenda-se a troca de lado da mamada, posicionando-o como orientado anteriormente. * Após as mamadas, após a eructação, aconselha-se colocar o bebê em decúbito lateral direito para facilitar o esvaziamento gástrico e evitar que o bebê se asfixie ou aspire o leite em caso de regurgitação. * Higienizar a cavidade oral utilizando gaze e/ou haste flexível embebida em água filtrada para que fique limpa sem partículas de leite. * Orientar quanto às etapas de aquisição e desenvolvimento de fala e linguagem - possíveis alterações. * Pinçar narinas durante o balbucio e continuar estimulando a fala. Orientações pós-cirúrgicas: * Para aqueles que fazem amamentação natural, esta já é liberada logo nas primeiras horas do pós- cirúrgico. * Suspender o uso de chupeta e bico de mamadeira, com o intuito de evitar lesões traumáticas na região operada. * Corsistência e temperatura dos alimentos: a oferta deve incluir líquidos e pastosos, frios, em colher e copinho. * Os pais são também orientados quanto à higienização após toda oferta de alimento. * Manobras de massagem nos lábios após a retirada dos pontos e liberação médica após a queiloplastia. Intervenção em região de cicatrizes: lábios * Massagens por toques, pressões, alisamento e trações. * As manobras promovem aquecimento, soltura, vascularização muscular e tecidual. * Para o alívio da dor, podem ser indicadas pomadas e óleos a fim de evitar aderência aos tecidos vizinhos. * Fissuras unilaterais: a massagem no lábio é realizada com deslizamento da vertente maior (lado não fissurado) para o centro enquanto a vertente menor é deslizada para cima e para o lado. * Os movimentos são realizados de forma contínua de um lado, depois do outro. * Um mês após a queiloplastia: movimentos retilíneos de cima para baixo, circulares para ambos os lados e com pressão labial. Intervenção em região de cicatrizes: palato * Técnica cirúrgica de fechamento precoce de véu: realizar a massagem circular na região da papila, seguida de deslizamento pelas laterais da fissura e novamente movimentos circulares com o dedo na região do véu com o intuito de estimulá-lo. * As massagens devem ser realizadas, em média, quatro vezes ao dia e antes das mamadas. * Um mês após a palatoplastia: estímulos circulares na região da papila palatina e o deslizamento pelas laterais da fissura são mantidos com a introdução de massagens circulares para ambos os lados e pressionamento no sentido superior do palato mole. * As massagens estão indicadas para todos os tipos de cicatrização e devem ser realizadas durante os três primeiros meses permitindo ativar a maturação cicatricial. Adequação da função nasal: * Higienização * Direcionamento de fluxo de ar nasal Musculatura orofacial: * Exercícios de mobilidade de lábios, língua, bochechas e palato mole são indicados para oferecer maior precisão articulatória. * Exercícios isocinéticos, com contra-resistência, são úteis para fortalecer a musculatura, geralmente flácida. Plano Terapêutico Fonoaudiológico (PTF) para: Tratamento dos Distúrbios Articulatórios Compensatórios na Fissura Labiopalatina (Wenceslau, Mangilli e Andrade, 2015) 1. Aumentar a pressão aérea intra-oral durante a produção dos fonemas. 2. Fortalecer a musculatura velofaríngea. 3. Estimular o fechamento velofaríngeo durante a produção dos fonemas orais. 4. Eliminar os Distúrbios Articulatórios Compensatórios. 5. Adequar o ponto articulatório dos fonemas. 6. Estimular a propriocepção sobre o sistema miofuncional orofacial durante a fala. 7. Melhorar a inteligibilidade de fala. 8. Automatizar os resultados atingidos. Objetivo 1: Orientações sobre alterações com relação ao sistema miofuncional orofacial durante a produção dos fonemas orais. Estratégia Descrição Efeito da atividade Uso de figuras, exames do paciente, e softwares de anatomia / fisiologia. 1. Explicar para o paciente a função das estruturas relacionadas à produção adequada dos fonemas orais e que podem apresentar alteração em seu funcionamento como uma compensação da insuficiência velofaríngea decorrenteda fissura labiopalatina. Utilizar desenhos, figuras, vídeos para ilustração. 2. Informar os dados obtidos na avaliação e quais itens a serem melhorados que irão refletir na inteligibilidade de fala. 1. Permitir a compreensão das estruturas, músculos e seu funcionamento durante a fala. 2. Permitir a conscientização e importância do tratamento a ser realizado e iniciar a percepção do que se encontra alterado e precisa ser trabalhado. Objetivo 2: Estabelecimento dos fonemas a serem trabalhados inicialmente Estratégia Descrição Efeito da atividade Aplicação de provas terapêuticas 1. A partir do levantamento dos fonemas que apresentam Distúrbio Articulatório Compensatório, realizar provas terapêuticas com a estimulação breve da produção adequada do fonema isolado e graduar pelo nível de dificuldade encontrado. 2. Organizar a ordem dos fonemas de acordo com o desempenho do paciente, facilidade de emissão e em pares surdo-sonoro. Respeitar critérios como fonemas de interesse do paciente e ordem de aquisição fonológica. Entre sons plosivos, iniciar com /p/. Entre sons fricativos, iniciar com /f/, depois transferir o aprendizado ao outros sons com mesmo modo articulatório. Ex.: Ordem para plosivas /p/ e /b/ /t/ e /d/ k e /g/ Ordem para fricativas /f/ e /v/ /s/ e /z/ /ʃ/ e /ӡ/ /tʃ/ e /dӡ/ 1. Verificar entre os fonemas alterados quais apresentarão maior facilidade de emissão. 2. Estabelecer a sequência de fonemas a serem trabalhados. Objetivo 3: Direcionamento do fluxo aéreo para a cavidade oral Estratégia Descrição Efeito da atividade Apoio de pistas visuais, táteis e auditivas. 1. O terapeuta irá demonstrar o fluxo aéreo através da respiração e sopro, suavizando a saída de ar pela cavidade oral. Em seguida, orientar o paciente a inspirar profundamente, inflar as bochechas e eliminar o ar pela cavidade oral, ocluindo as narinas. Repetir junto com o paciente por pelo menos 5 vezes. Para crianças, utilizar papel franjado ou bolinhas de isopor como pista visual. 1. Propriocepção do fluxo aéreo na cavidade oral. Objetivo 4: Aumento de pressão aérea intra-oral Estratégia Descrição Efeito da atividade Apoio de pistas táteis e auditivas. 1. Orientar o paciente a inspirar profundamente, inflar as bochechas e aprisionar o ar na cavidade oral, ocluindo as narinas (facilitador em fissuras ou fístulas ainda não operadas, ou insuficiência velofaríngea com escape de ar nasal audível). Manter por 3 segundos e soltar o ar gradativamente pela cavidade oral, posicionando o dorso da mão em frente à boca como pista tátil para sentir o fluxo aéreo. Repetir por pelo menos 5 vezes. A outra mão pode ser apoiada nas bochechas como pista tátil. 2. Realizar o exercício anterior sem ocluir as narinas. 1. Estimulação da contração da musculatura velofaríngea, com a facilitação da oclusão das narinas. Propriocepção da pressão aérea intra-oral. 2. Estimulação da contração da musculatura velofaríngea com nível maior de dificuldade, sem a oclusão das narinas. Objetivo 5: Colocação do ponto articulatório do fonema-alvo através da fala sussurrada Estratégia Descrição Efeito da atividade Fala sussurrada, pistas táteis, visuais e auditivas. 1. O terapeuta deve se sentar em frente à criança e produzir o som-alvo como modelo articulatório. Iniciar a colocação do fonema-alvo isolado e em conjunto com as vogais (monossílabos) de maneira prolongada com fala sussurrada. Poderá ser utilizado espelho como pista visual para o modelo articulatório. 2. Associar as pistas táteis relacionadas ao direcionamento do fluxo aéreo para a cavidade oral e pressão intra-oral, como nos objetivos anteriores. Repetir a emissão do fonema por pelo menos 5 vezes. 1. Instalação do ponto articulatório no fonema- alvo oral. 2. Facilitação da emissão do fonema-alvo oral. Objetivo 6: Treino de produção do fonema isolado e em monossílabos Estratégia Descrição Efeito da atividade Pistas visuais, táteis, fonéticas e auditivas. 1. Quando instalado, repetir a produção do som-alvo isolado e em conjunto com as vogais (monossílabos) de maneira prolongada. 2. Utilizar as pistas táteis relacionadas ao direcionamento do fluxo aéreo para a cavidade oral e pressão intra-oral, associando à produção do fonema. Repetir diversas vezes a produção adequada atentando-se às diferenças acústicas e articulatórias em relação ao som produzido anteriormente com o Distúrbio Articulatório Compensatório. 3. O terapeuta deverá ler uma lista de palavras e o - paciente irá repetir apenas a sílaba que contém o som- alvo?. Ex.: (/f/) foto - fó; (/p/) pato - pá 4. Utilizar som que o paciente produza adequadamente como pista fonética para atingir a produção correta de outro som por aproximações”. Ex.: utilizar o /s/ para atingir o /ʃ/. 1. Treino da emissão do fonema-alvo oral. 2. Treino da emissão do fonema-alvo oral. 3. Identificação e treino da emissão do fonema-alvo oral. 4. Facilitador para colocação ou mudança do som-alvo. Objetivo 7: Conscientização perceptivo-auditiva resultante da produção correta e alterada Estratégia Descrição Efeito da atividade Pistas auditivas e táteis 1. Demonstrar junto ao paciente a produção adequada do fonema-alvo com a emissão do fluxo aéreo pela cavidade oral. O terapeuta deverá ler uma lista de palavras e frases e o paciente irá sinalizar sempre que ouvir o som-alvo? 2. Utilizar garrote como apoio tátil e auditivo; posicionar uma das pontas do garrote em frente a cavidade oral e a outra próxima à orelha, produzir o fonema-alvo trabalhado. O garrote irá proporcionar melhor percepção da saída do fluxo aéreo. 1. Percepção da produção correta do fonema. 2. Conscientização perceptivo-auditiva da produção correta do fonema-alvo para auto- monitoramento. Objetivo 8: Treino da produção do fonema-alvo em palavras e automatismos Estratégia Descrição Efeito da atividade Pistas visuais, táteis e auditivas. 1. O terapeuta deverá selecionar palavras que contêm o som-alvo para estimulação, iniciando com dissílabas, palavras que tenham importância na vida diária do paciente como nomes de familiares, material de trabalho ou escolar, brinquedos. Deve-se evitar escolher palavras que apresentem outros fonemas que o paciente tenha dificuldade a fim de não estimular o erro. O paciente deverá realizar a leitura ou repetição de uma lista contendo essas palavras. 2. Orientar o paciente a nomear ou descrever objetos/figuras utilizando a “língua do som” (substituir todas as consoantes da palavra pelo fonema-alvo). As pistas visuais, táteis e auditivas podem ser utilizadas quando necessário. Exemplo: “língua do /k/” pipoca - kikoka “língua do /f/” Pipoca - fifofa 3. Utilizar a estratégia anterior da “língua do som” com a fala automática assim como a contagem ou nomeação de meses do ano. Estimular o paciente a julgar se sua produção está adequada. 1. Treino da produção adequada do som-alvo em palavras. 2. Possibilidade de produzir qualquer fonema- alvo de maneira mais intensa. 3. Facilitar a automatização da produção adequada e estimular o auto- monitoramento. Objetivo 9: Treino da produção do fonema-alvo em frases e textos Estratégia Descrição Efeito da atividade Pistas visuais, táteis e auditivas. 1. Orientar que o paciente identifique e grife em frases e textos todas as palavras que contém o som-alvo. Em seguida deverá realizar a leitura tentando produzir adequadamente os sons. 2. Orientar a repetição ou leitura de, graduando sua complexidade, utilizando a “língua frases do som”. 1. Identificação do som- alvo em textos como facilitador para treino adequado durante a leitura. 2. Possibilidade de produzir qualquer fonema- alvo de maneira mais intensa em frases. Objetivo 10: Produção do fonema-alvo em atividades de fala espontânea e automatização Estratégia Descrição Efeito da atividade Automatização e manutenção dos resultados obtidos. 1. Proporcionar situações de fala espontânea com diferentes entonações durante atividades lúdicas,contagem de histórias, utilização de provérbios populares, diálogos sobre atividades de vida diária, realizando o auto-monitoramento da produção da fala. 2. Reforçar a importância, ao término do tratamento e durante o processo terapêutico, da necessidade de monitorar o direcionamento do fluxo de ar juntamente com a pressão intra-oral durante a emissão dos pontos articulatórios trabalhados. 3. Realizar acompanhamento periódico para reavaliar resultados e realizar as orientações que se fizerem necessárias. 1. Possibilidade de produzir os fonemas-alvo trabalhados durante a fala espontânea. 2. Conscientização da necessidade do auto- monitoramento e capacidade de se autocorrigir para melhor produção da fala. 3. Manutenção dos resultados obtidos após o processo terapêutico. Intervenção referente à qualidade vocal * Orientações para evitar o abuso vocal. * Cuidado para não favorecer a continuidade ou aumento dos comportamentos vocais alterados/abusos durante a terapia para eliminação de DAC. Intervenção referente à hipernasalidade *Percepção e propriocepção: ~ a percepção do direcionamento do fluxo aéreo para a cavidade oral: ~~~ apoio visual com papel. ~~~ apoio sensorial com a mão. ~ Percepção da melhora pós-terapia para DAC. * Estratégias: ~ Emitir a sílaba “Rá” de forma repetida, com o máximo de força possível e forte intensidade (orientação - raspar a garganta; sentir o “motor” [vibração de laringe] - 5 repetições). ~ Emitir a vogal /a/ de forma prolongada (orientação: o paciente deve inspirar e emitir o som até o final da expiração) - 5 repetições. ~ Emitir os sons “ah” e “ham” alternadamente (orientação: terapeuta apresenta o modelo para o exercício) - 5 repetições ~ Emitir a vogal /a/ de forma curta, repetidamente, com o máximo de força possível (orientação: emitir o som /a/ com intensidade forte e dando “soquinhos”) - 5 repetições. * Terapia funcional: ~ Treinos funcionais que visem a adequação e automatização da ressonância: produção oral de frases, textos e em fala espontânea, monitorando a produção fonêmica quanto aos DAC e a ressonância / fluxo de ar. * Pacientes com e sem obturador faríngeo: ~ Eliminar hipernasalidade e DAC - técnicas que permitam o aumento e a manipulação da pressão intraoral, utilizando-se de pistas visuais, tátil-cinestésicas, auditivas e fonéticas, como facilitadoras, sempre vinculadas a situações de fala. IMPORTANTE: Considerar necessidade de reabilitação da linguagem, pois os fissurados podem apresentar alterações no desenvolvimento da mesma (tanto em quadros isolados como em quadros de fissuras associadas a síndromes genéticas) e também reabilitação da mastigação, deglutição e respiração. RESUMO * Conhecer os tipos de fissuras labiopalatinas e as alterações orofaciais a elas relacionadas. * Conhecer os tipos de intervenção cirúrgica e os tempos de tratamento. * Intervenção direcionada ao tipo de fissura, tipo de tratamento médico e idade do paciente. * Intervenção com a gestante e tratamento precoce para promoção do aleitamento natural, desenvolvimento de fala e auditivo. * Orientações pós-cirúrgicas. * Intervenção em região de cicatrizes. * Adequação da função nasal. * Intervenção referente aos DAC. * Intervenção referente à qualidade vocal e ressonância. Emió, Aula 16 (Paralisia Facial) – Notas Avaliação e Tratamento Fonoaudiológico na Paralisia Facial AVALIAÇÃO E TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO NA PARALISIA FACIAL – AGENDA 1. Paralisia facial – aspectos gerais; 2. Classificação dos tipos de paralisia facial; 3. Principais alterações oriundas da paralisia facial; 4. Avaliação fonoaudiológica da paralisia facial; 5. Tratamento fonoaudiológico da paralisia facial. PARALISIA FACIAL – ASPECTOS GERAIS > A face é responsável pela comunicação não verbal. > Valor estético – apresentação do sujeito. > Pode ser acometida por diferentes causas, dentre elas a Paralisia Facial (PF). > A Paralisia Facial se refere à interrupção da informação motora para a musculatura facial. > Isso ocorre por uma alteração do nervo facial (VII par craniano). VII Par Craniano - FACIAL * Nervo Misto. * Origem aparente no encéfalo: Sulco bulbo-pontinho. * Origem aparente no crânio: Forame estilomastoídeo. LESÃO * Paralisia Facial; * Hiperacusia; * Lagoftálmico; * Epífora; * Sinal de Bell; * Ageusia. FUNÇÃO MOTORA Eferente: * Músculos da mímica facial (exceto o elevador da pálpebra superior); * Corda do tímpano; * Platisma; * Ventre posterior do digástrico; * Estilohióideo; * Horner. FUNÇÃO SENSITIVA Aferente (Superficial) * Pavilhão auditivo; * Meato acústico externo; * Tímpano. FUNÇÃO GUSTATIVA * 2/3 anteriores da língua FUNÇÃO VEGETATIVA * Glândula lacrimal; * Submandibular; * Sublingual. PARALISIA FACIAL – CLASSIFICAÇÃO * CENTRAL ou INTRACRANIANA * PERIFÉRICA * INTRA TEMPORAL: Petroso superficial / Corda do Tímpano * EXTRA TEMPORAL: Temporal / Zigomático / Bucal / Mandibular / Cervical - Uma lesão periférica geralmente paralisa uma metade inteira da face. Já uma lesão central paralisa apenas um quadrante. PARALISIA FACIAL – PREJUÍZOS Possíveis prejuízos oriundos da Paralisia Facial: Físicos, Psicológicos, Sociais e Profissionais. PARALISIA FACIAL – ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA Paralisia Facial e Disfunção Temporomandibular * A relação entre a PF e a ATM é frequente, na atividade fonoaudiológica clínica em PF - queixa de dor na região da ATM e redução dos movimentos articulatórios para a fala. * Amplitude dos movimentos mandibulares – relação com a integridade da articulação temporomandibular (ATM) e ação dos mm. esqueléticos: diferença média estatisticamente significante entre os grupos para os resultados de abertura oral máxima, lateralização para esquerda e protrusão mandibular em indivíduos com paralisia facial unilateral. Demanda de adaptações funcionais excedem a tolerância estrutural e funcional da ATM. (Felício e Trawistki, 2009; Sassi et al., 2011) PARALISIA FACIAL – ETIOLOGIAS A paralisia facial é uma síndrome que representa a manifestação de muitas enfermidades, com mais de 75 causas conhecidas. Causas Congênita Anomalia congênita Traumatismo neonatal Sindrome de Moebius Infecciosa Otite média aguda Otite média crônica - mastoidite Sindrome de Ramsay-Hunt Parotidite Mononucleose infecciosa Tumoral Neuroma do nervo facial Neuroma acústico Tumor de parótida Traumática Fratura da base do crânio Laceração facial Ritidoplastias Fratura de mandíbula Idiopática Paralisia de Bell Sindrome de Melkerson-Rosenthal Doenças Diabetes mellitus Sarcoidose Sindrome de Guillain Barre Miastenia gravis Porfiria Paralisia bulbar Leucemias Hanseníase Malária Poliomielite Distrofia miotônica Doença de Lyme Sífilis Osteopetrose Uso de isoniazida Neuropatia por vacinação Meningite Mononucleose infecciosa Botulismo PARALISIA FACIAL – ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA Integração dos profissionais de Fonoaudiologia com profissionais das seguintes áreas: * Medicina / Otorrinolaringologia * Medicina / Cirurgia Plástica * Psicologia * Avaliação. * Tratamento – fechamento ocular, funções orofaciais e simetria facial. AVALIAÇÃO * Anamnese. * Escala de House-Brackmann. * Avaliação clínica da mímica facial. * Índice de Incapacidade Facial (IFF). * Medidas antropométricas. * AMIOFE-E. * Documentação fotográfica e vídeos. * Eletromiografia de superfície (EMGs). Anamnese: - Queixa do paciente - Lado da PF - Causa da PF - Tempo de ocorrência - Medicamentos utilizados - Tipos de tratamento realizados anteriormente - Se já fez aplicação de Botox - Quantas vezes já teve PF - Casos de PF na Família Escala de House-Brackmann Avaliação da movimentação facial segundo House e Brackmann (1985) - Padrão Ouro para Avaliação Clínica de PF Grau Descrição Em repouso Em movimento I Normal Simetria Função facial normal II Disfunção leve Simetria e tônus normais Fronte: função moderada a boa Olho: fechamento completo com esforço mínimo Boca: assimetria discreta III Disfunção moderada Simetria e tônus normais Fronte: movimento discreto a moderado Olho: fechamento completo com esforço
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