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Emió, Aula 01 (Neonatologia) – Notas Atuação Fonoaudiológica em Neonatologia O que é Neonatologia? Definido por Shaffer (1960) como: “A arte e a ciência do diagnóstico e o tratamento dos distúrbios do recém-nascido (RN)”. Quem é o Neonato? É o ser humano considerado desde o dia de seu nascimento até o seu 280. dia (27 dias, 23 horas e 59 minutos). A partir do 280. dia de vida a designação passa a ser de “bebé”. Classificações do Recém-Nascido Idade Gestacional RN pré-termo: idade gestacional inferior a 37 semanas RN a termo: Idade gestacional entre 37 e 42 semanas incompletas (41 semanas e 6 dias) RN pós-termo: idade gestacional acima de 42 semanas * DUM - Data da última menstruação * Ultrassom * Método Capurro (RN>28 semanas) * Método New Ballard (RN>20 semanas) MÉTODO CAPURRO * Capurro somático: avaliação de 5 características somáticas - textura da pela, forma da orelha, glândula mamária, formação do mamilo, pregas plantares - escore convertido em idade em dias * Capurro Somático Neurológico (RN saudáveis com + de 6h de vida): 4 parâmetros somáticos e 2 parâmetros neurológicos - forma da orelha, textura da pele, glândula mamária, pregas plantares, sinal do xale (posição do cotovelo) e posição da cabeça ao levantar o RN (ângulo cérvico- toráxico). MÉTODO NEW BALLARD * Análise de 6 parâmetros neurológicos: postura, ângulo de flexão do punho, retração do braço, ângulo poplíteo, sinal do xale e calcanhar-orelha. * Análise de 6 parâmetros físicos: pele, lanugo, superfície plantar, glândula mamária, olhos/orelhas e genital masculino/feminino. ESTATURA - Escala de Battaglia e Lubchenco RN PIG - Pequeno para a idade gestacional: peso ao nascimento abaixo do percentil 10 do esperado para a idade gestacional RN AIG - Adequado para a idade gestacional: peso ao nascimento está dentro do percentil de normalidade, entre 10 e 90 RN GIG - Grande para a idade gestacional: peso ao nascimento acima do percentil 90 esperado para a idade gestacional PESO RNBP - Recém-nascido baixo peso: peso ao nascimento < 2.500g RNMBP - Recém-nascido de muito baixo peso: peso ao nascimento < 2.500g RNMMBP - Recém-nascido de muitíssimo baixo peso: peso ao nascimento < 1.000g APGAR * Teste para avaliação do bem-estar do bebê ao nascer * Observação de 5 aspectos: - Cor da pele - Frequência cardíaca (bat/min) - Reflexos - Respiração - Tônus muscular * Nota de no mínimo O e no máximo 10 pontos 0 1 2 Cor da pele Azulado ou pálido Só mãos / pés azuis Cor normal Frequência cardíaca Não detectado > 100 bpm < 100 bmp Reflexo Sem reflexo Resmunga Espirra, chora Respiração Não detectado Irregular Forte Tônus Muscular Molenga, não reage Se mexe às vezes Estica e puxa com braços e pernas Condição Respiratória * Eupneia * Dispneia * Taquipneia * Doença pulmonar * Uso de Ventilação Mecânica (VM) – Intubação Orotraqueal (IOT) *Frequência respiratória e Nível de Saturação de Oxigênio FATORES DE RISCO PARA ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES OROFACIAIS NO NEONATO * PREMATURIDADE: - Imaturidade neuromotora e neurofisiolóánica: - Baixo peso (correto 1.500g) - Indicação de habilidade para coordenar sucção, respiração e deglutição a partir das 34 semanas de vida * DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS: - Hipóxia/anóxia - Taquipneia Transitória do Recém-Nascido (desconforto respiratório - absorção retardada de líquido amniótico) - Doença pulmonar crônica neonatal (prematuridade) - Displasia broncopulmonar (associada ao uso de VM) - Decorrentes de anomalias craniofaciais: Ex.: Microrretrognatia na Sequência de Pierre-Robin - Uso de VM e IOT * ANOMALIAS CONGÊNITAS : - Limitada movimentação fetal - Síndromes - Fissuras labiopalatina - Anquiloglossia - Alterações neurológicas: alterações no desenvolvimento do movimento e da postura, sensibilidade, percepção, cognição, comunicação e comportamento. Ex.: Paralisia Cerebral, Epilepsia, - Doenças neuromusculares. Áreas e Ambientes de Atuação Fonoaudiológica em Neonatologia * audição, motricidade orofacial e disfagia * HOSPITALAR * AMBULATORIAL * DOMICILIAR Prevenção e detecção de possíveis alterações nas estruturas e funções orofaciais e triagem auditiva, considerado o desenvolvimento neuropsicomotor e o estado clínico do recém-nascido HOSPITALAR: * Triagem Auditiva Neonatal (TANU), PEATE Automático – orientação, acolhimento, avaliação e orientação; * Avaliação para retirada de via alternativa de alimentação * Avaliação da amamentação (condições das estruturas orofaciais, pega, sucção, respiração, deglutição); * Avaliação do Frênulo da Língua (escolha de protocolo específico) * Estimulação das funções alimentares e da amamentação * Orientações para a amamentação * Reabilitação das alterações da deglutição (disfagia) AMBULATORIAL: * Acolhimento * Anamnese * Triagem: TANU, sucção, deglutição * Avaliações: auditiva, estruturas e funções orofaciais, amamentação * Orientações: saúde auditiva, desenvolvimento motor e de linguagem, amamentação e funções alimentares, hábitos orais DOMICILIAR: * Programa de atendimento domiciliar, consulta de puerpério (APS) * Acolhimento * Avaliações * Acompanhamento: alimentação (por via alternativa ou via oral em casos de disfagia; amamentação) * Orientações: saúde auditiva, desenvolvimento motor e de linguagem, amamentação e funções alimentares, hábitos orais Políticas Públicas Nacionais em Aleitamento materno e Saúde do Recém-Nascido * Política Nacional de Atenção Integral à saúde da Criança e do Adolescente * Política Nacional de Aleitamento Materno * Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) * Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para lactentes (revisada) * Rede Brasileira de Banco de Leite * Semana Mundial da Amamentação * Norma de Atenção Humanizada ao Recém-nascido de Baixo Peso – Método Canguru * Dia Nacional de Doação de Leite Humano * Rede Amamenta Brasil - trabalho interdisciplinar nas UBS * Rede Cegonha INICIATIVA HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA - ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA * Alojamento Conjunto e Método Canguru * Banco de leite * Capacitação para o manejo clínico e aconselhamento na amamentação * Detecção de grupo de risco para problemas iniciais na amamentação * Avaliação da mamada: posicionamento mãe/bebê, pega, ritmo, coordenação sucção-respiração- deglutição * Atenção especializada à díade mãe/bebê * Teste da Orelhinha (TANU) * Cuidados em relação ao uso de bicos * Intervenção precoce MÉTODO CANGURU - ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA * Estimular o contato pele a pele entre mãe e bebê (RNBP): maior estabilidade fisiológica, controle térmico, e equilíbrio respiratório, regulação do estresse, empoderamento da família e melhora nas taxas de amamentação e favorecimento da alta precoce * Acompanhamento até o bebê atingir o peso de 2.500g * Fonoaudiólogo integra a equipe multidisciplinar * UTI, Semi-intensiva e Berçário * Acolhimento e escuta aos familiares do neonato * Considerações referente a aspectos socioculturais * Avaliação e orientações quanto ao aleitamento materno e funções orofaciais * Acompanhamento após a alta hospitalar (ambulatorial ou domiciliar) Local de atuação Etapas Ações fonoaudiológicas UTI Neonatal * Acolhimento aos familiares. * Controle de ambiência. * Garantia de livre acesso aos pais. * Suporte para a amamentação e uso do leite materno (LM). * Início do contato gradativo pele a pele. * Integração das equipes de neonatologia e banco de leite. * Auxílio na autorregulação e organização do RNBP e orientação às famílias. * Orientação e incentivo à posição canguru de forma gradual. * Orientações sobre a avaliação do sistema miofuncional orofacial do RN e intervenções. * Orientações para a ordenha manual e frequente do LM. * Acompanhamento da dieta, orientações e assistência direta. * Avaliação e aplicação de técnicas de transição da sonda para via oral diretamente ao seio materno e incentivo ao aleitamento materno (AM). * Desenvolvimento de ações educativas para cuidados e AM. Unidade de Cuidados Intermediários Canguru/Alojamento Canguru * Bebê permanece continuamente com sua mãe (24h/dia) e a posição cangurudeve ser realizada pelo maior tempo possível. * Período de preparação para a alta hospitalar, sendo que mãe, pai ou membro familiar ou íntimo da rede de apoio social serão capacitados diariamente nos cuidados ao RNBP e amamentação. * Continuidade das ações da etapa anterior. * Avaliação diária das mamadas e atuação intensa no manejo clínico da amamentação (treino de posicionamento, pega, auxílio na opção das técnicas alternativas de alimentação e complemento etc. * Identificação e correção de possíveis disfunções orais dos bebês e capacitação da mãe/ família para controle e intervenção. * Realização do Teste da Orelhinha (TANU) * Desenvolvimento de ações educativas de promoção e proteção à saúde em geral e da comunicação humana (aleitamento materno, desenvolvimento infantil, saúde auditiva, hábitos orais etc. Ambulatório de Acompanhamento * Exame físico completo da criança tomando como referências básicas o grau de desenvolvimento, o ganho de peso, o comprimento e o perímetro cefálico. * Correção das situações de risco, como ganho inadequado de peso. * Orientação e acompanhamento para tratamentos especializados. * O atendimento, quando necessário, deverá envolver outros membros da equipe interdisciplinar. * Incentivo e assistência para continuidade do AME até o 6º mês de vida e continuado até os 2 anos com introdução da dieta complementar. * Manejo clínico da amamentação e intervenção de disfunções orais dos bebês. * Seguimento com orientações sobre aquisição e desenvolvimento da linguagem e audição e intervenções necessárias. * Monitoramento auditivo. * Encaminhamento e acompanhamento na realização de tratamentos especializados. (Sanches e Melo, 2016) SMAM - SEMANA MUNDIAL DE ALEITAMENTO MATERNO DE 1 A 7 DE AGOSTO - SMAM 2021 - Proteger a Amamentação: uma responsabilidade de todos. SMAM 2021 - PILARES: 1. Informar as pessoas sobre a importância de proteger a amamentação 2. Apoiar a amamentação como uma responsabilidade vital de saúde pública 3. Articular-se com indivíduos e organizações para maior impacto 4. Potencializar ações para proteger o aleitamento materno para melhorar a saúde coletiva WABA - Aliança Mundial Para Ação de Aleitamento Materno ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM AMBIENTE HOSPITALAR UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI): * Oferecer os cuidados adicionais necessários ao RNPT e/ou RNBP, analisando se o neonato apresenta condições para alimentação VO, sem riscos para sua saúde e sobrevivência. * Anamnese e observância aos dados do prontuário do paciente Idade gestacional (ao nascimento e corrigida). * Peso ao nascimento e atual. * Sinais vitais: FC, FR, Saturação de oxigênio. * Nível de consciência * Avaliação do SMFO: posicionamento, reflexo de procura, tônus da musculatura orofacial (lábios, língua, bochechas), mobilidade. * Ausculta cervical: repouso, deglutição de saliva e deglutição de leite. * Avaliação da sucção não nutritiva, frequência de sucções e coordenação S-R-D. * Elevação laríngea, tempo de trânsito oral. * Transição da via alternativa de alimentação para VO: terapia motora oral, sucção não nutritiva, avaliação e treino da sucção nutritiva - treino VO (seringa, mamadeira, seio materno). ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM AMBIENTE HOSPITALAR BERÇARIO * Bebé recebe alta da UTI ou foi encaminhado do parto para o berçário para tratamento, monitoramento, ganho de peso, transição da via alimentar. * Continuidade dos procedimentos realizados na UTI, com a intensificação da transição da dieta por VO. * Orientações quanto ao aleitamento materno e amamentação. * Indicação dos volumes e utensílios adequados para a realização o treino VO. * Reavaliações constantes para análise de progresso do neonato e sugestão de via de alimentação, visando a deglutição VO com segurança e o aleitamento materno exclusivo. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM AMBIENTE HOSPITALAR ALOJAMENTO CONJUNTO * Bebe 24 horas junto com a mãe * Avaliação e monitoramento da amamentação * Avaliação da sucção e da deglutição * Acompanhamento do ganho pôndero-estatural * Preparação para a alta hospitalar AMBULATÓRIO * Retorno programado após alta hospitalar * Verificação da via de alimentação * Avaliação da suçcão e sua coordenação com a respiração e a deglutição * Avaliação da mamada - tempo, postura, situação respiratória * Consultoria em amamentação * Orientações quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor de linguagem e das funções orofaciais Emió, Aula 02 (Tratamento das Alterações na Respiração) – Notas PARTE 1 - Respiração, Crescimento e Desenvolvimento Orofacial e Principais Alterações RESPIRAÇÃO * Função vital: absorção de oxigênio para os tecidos e remoção do gás carbônico. * Regulada pelo SNC. * Processo automático e rítmico da caixa torácica - entrada e saída de ar. * Fundamental para o crescimento e desenvolvimento adequados do complexo cérvico-raniofacial. * Possibilita o funcionamento adequado dos músculos e demais funções do Sistema Miofuncional Orofacial. * Modo adequado: nasal. SISTEMA RESPIRATÓRIO desenvolvimento estrutural > crescimento desenvolvimento funcional > maturação crescimento > pré e pós-natal maturação > pós-natal RESPIRAÇÃO NO FETO * Início do desenvolvimento do Sistema Respiratório na 5a semana de vida intrauterina. * Movimentos respiratórios observados na 11a semana de vida intrauterina. * Placenta como órgão em que ocorrem as trocas gasosas - conhecimento ainda pouco preciso sobre a fisiologia. * Movimentos respiratórios fetais - relação com crescimento e desenvolvimento dos pulmões. * Fases iniciais da gestação (1º e 2º trimestres): - MRF contínuos, tônicos e irregulares. - Ocorrem junto com a atividade de outros músculos. - Origem na coluna espinhal. - Alta atividade do músculo diafragma. * Final da gestação (3º trimestre): - MRF diminuem, sendo limitados à fase REM do sono. - Modulação inibitória pela ponte e mesencéfalo, seguida de controle pela medula espinhal. - À 25a semana de gestação: respiração não profunda, mas pode manter a vida por algumas horas, quando estabelecida. * Após o nascimento: - Fatores inibitórios da placenta após oclusão do cordão umbilical. - Respiração deixa de ser cíclica e passa a ser contínua no neonato. RESPIRAÇÃO NO NEONATO * MRF cessam e inicia-se a respiração contínua. * Recém-nascido como respirador essencialmente/preferencialmente nasal. * Imaturidade na função respiratória ao nascimento. * Variações entre padrões de eupneia, apneia, respiração periódica e taquipneia. * Frequência respiratória geralmente inversamente proporcional ao peso. *Movimentos respiratórios paradoxos: - Ocorrem principalmente em bebês prematuros. - Combinação entre uma caixa torácica complacente e a diminuição do tônus intercostal muscular versus a contração diafragmática máxima. - Maior esforço muscular - 4 vezes maior do que durante o padrão respiratório adequado. - A resposta ventilatória ao CO, se torna mais rápida com o avanço da idade gestacional e também após o nascimento. RESPIRAÇÃO A PARTIR DA INFÂNCIA * Às 26 semanas de vida: formação dos alvéolos primitivos (sacos terminais) e estabelecimento do contato entre os capilares. * Aos 8 meses de idade: está completo o desenvolvimento dos alvéolos/ contato epitelial e endotelial – maturação. * A maturação envolve aspectos anatômicos e bioquímicos. * O Sistema Respiratório continua a sofrer alterações dinâmicas até o envelhecimento. RESPIRAÇÃO NO IDOSO * Envelhecimento ocasiona alterações nas estruturas pulmonares e extrapulmonares. * Redução na reserva da capacidade respiratória. * Perda da retração elástica pulmonar. * Enrijecimento da parede torácica. * Diminuição da potência motora e muscular. * Alterações no sistema de defesa respiratória. * Dificuldade de clareamento das vias respiratórias. ESTRUTURAS DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES * Nariz (fossas nasais) * Cavidade oral * Faringe * Laringe ESTRUTURAS DAS VIAS AÉREAS INFERIORES * Traqueia * Brônquios * Bronquíolos * Alvéolos * Pulmão e pleura * Cavidade torácica (incluindo mm. intercostais) CICLOS DO PROCESSO RESPIRATÓRIO* Ciclo ambiental * Ciclo pulmonar * Ciclo circulatório * Ciclo celular CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL * Crescimento: aumento de volume permanente e irreversível, limitado, no tempo e no espaço, em duração e grandeza - mudanças ósseas até os 30 anos. * Desenvolvimento: progredir no sentido da maturidade - ocorre desde a vida intrauterina. O crescimento do todo depende do desenvolvimento das partes. VELOCIDADE DO CRESCIMENTO * Proporções: crescimento de tecidos e órgãos em ritmos diferentes, em épocas distintas. * Processo ordenado, mas que se intensifica e se estabiliza. MECANISMOS DE CRESCIMENTO * Osso: crescimento desigual - aposição e reabsorção em área contígua - deslizamento e remodelação. * O processo de aposição em uma área e reabsorção na área oposta produz deslizamento. * Deslocamento espacial resultante de pressão ou tração muscular ou de outros ossos. CONTROLE DO CRESCIMENTO CRANIOFACIAL * Fatores genéticos intrínsecos: inerentes aos tecidos craniofaciais. * Fatores epigenéticos locais : órgãos que têm seu próprio contingente genético e manifestam sua influência sobre as estruturas com que se relacionam. * Fatores epigenéticos gerais: à distância (hormônios sexuais). * Fatores ambientais locais: ambiente externo, pressão externa, forças musculares. * Fatores ambientais gerais: suprimento alimentar e oxigênio. CONTROLE DO CRESCIMENTO CRANIOFACIAL * Esqueleto craniofacial: conjunto de áreas funcionais independentes que delimitam espaços ocupados por tecidos moles relacionados a respiração, visão, fonação, mastigação e olfato. * Tecidos moles: matrizes funcionais em torno das quais se forma o osso. CRESCIMENTO FACIAL * Há um fenômeno rotatório que pode orientar a mandíbula em sentido horário (desfavorável) e anti-horário (favorável). * Em conjunto, maxila e mandíbula podem crescer em sentido horizontal (favorável) ou vertical (desfavorável). COMPLEXO NASOMAXILAR Respiração: * Fluxo de ar nasal - reabsorção óssea na parte interna das fossas nasais e a deposição óssea na externa. * Distanciamento das órbitas, faces nasal e oral do palato, arco maxilar, seios paranasais e arcos zigomáticos. * Respiração nasal + apoio repetido da língua no palato duro e processos alveolares superiores = deslocamento anterior e expansão lateral. COMPLEXO NASOMAXILAR * Crescimento do seio maxilar permite a descida da arcada dentária para encontrar um plano oclusivo funcional. * Desenvolvimento dos seios paranasais - pressão resultante do deslocamento de ar nas vias aéreas superiores. * Aerupção de cada dente decíduo contribui para o aumento da altura da face verticalmente e mais tarde, a erupção dos dentes permanentes. CRESCIMENTO DA MANDÍBULA * Crescimento ântero-inferior a partir das ATMs. * A cabeça da Mandíbula (côndilo) pode crescer em qualquer direção para manter a normoclusão. * Toda a mandíbula é deslocada da fossa. * Ramo remodelado em tamanho e forma - mais longo e largo para acomodar os músculos mastigatórios, promover aumento do espaço faríngeo e alongamento do complexo nasomaxilar. CRESCIMENTO DA MANDÍBULA * Os músculos bucinador, orbicular e constritor da faringe superior são molde extraoral na contenção de dentes e língua. * Expansão do palato também depende da compressão da língua. PRINCIPAIS ETIOLOGIAS RELACIONADAS À RESPIRAÇÃO ORAL * Rinite * Sinusite * Desvio de septo * Pólipo nasal * Hipertrofia de cornetos * Hipertrofia da tonsila faríngea * Hipertrofia das tonsilas palatinas * Asma O DIAGNÓSTICO DAS ALTERAÇÕES DA RESPIRAÇÃO DEVE SER FEITO PELO MÉDICO. Alterações Respiratórias e Relações com o Sistema Miofuncional Orofacial *Alterações no crescimento e desenvolvimento craniofacial e nas funções orofaciais podem decorrer de diferentes tipos de alterações na respiração, como: - Prematuridade - Doenças neurológicas - Doenças pulmonares obstrutivas - Alergias * São esperadas alterações como: - Alterações nas estruturas orofaciais relacionadas às funções alimentares desde o nascimento até a vida adulta (crescimento completo). - Incoordenação sucção-respiração-deglutição. - Disfagia - Alterações no crescimento facial que causam maloclusões, alterações na mastigação e na deglutição - Alterações na articulação da fala Alterações na Face e na Cavidade Oral Associadas à RO PERFIL ÓSSEO * Padrão de crescimento vertical - terço inferior aumentado. * Altura facial aumentada. * Mordida aberta esquelética ou cruzada. * Relação antero-posterior alterada - Oclusão Classe II ou III de Angle. * Palato duro mais profundo e estreito. * Apinhamento dentário. PERFIL MUSCULAR * Musculatura facial estirada e flácida. * Lábios desocluídos ou ocluídos com tensão. * Hiperfunção de m. mentual. * Língua baixa, alargada e anteriorizada. * Língua interposta aos arcos dentários. * Alteração na postura de cabeça. * Padrão de crescimento vertical - terço inferior aumentado. * Altura facial aumentada. * Mordida aberta esquelética ou cruzada. * Relação antero-posterior alterada - Oclusão Classe II ou III de Angle. * Palato duro mais profundo e estreito. * Apinhamento dentário. Alterações nas Funções Orofaciais associadas à RO – Alterações na Mastigação Padrão vertical * Aumento na atividade da musculatura de trabalho. * Inativação da musculatura de balanceio. * Sobrecarga às ATMs com possibilidade de dor. * Baixa eficiência mastigatória. * Alterações digestivas. Padrão unilateral preferencial ou crônico * Aumento na atividade da musculatura de trabalho do lado de preferência. * Baixa ativação da musculatura de balanceio ipsilateral. * Sobrecarga à ATM com possibilidade de dor no lado de preferência. * Cruzamento de mordida. * Baixa eficiência mastigatória. ALTERAÇÕES NA DEGLUTIÇÃO * Alteração na pressão intraoral: mordida aberta, lábios desocluídos, língua interposta aos arcos dentários. * Escape de alimento - lábios desocluídos. * Presença de ruído. * Movimentos associados de cabeça. * Necessidade de deglutições múltiplas - baixa eficiência da função. ALTERAÇÕES NA FALA * Espaço intraoral diminuído. * Posição habitual de lábios alterada. * Posição habitual de língua alterada. * Dificuldade na precisão da articulação de alguns fonemas: /s/, /z/, /ch/, /j/, /t/, /d/, /n/, /l/, /r/ - DISTORÇÕES. * Diagnóstico de Ceceio (anterior, lateral ou ambos). ALTERAÇÕES NA RESPIRAÇÃO Produto de: - Alterações ósseas - Alterações musculares - Alterações funcionais Tratamento das Alterações da Respiração PARTE 2 - Planejamento, Objetivos e Estratégias para o Tratamento PROCESSO DE REABILITAÇÃO - VISÃO GERAL * Análise das alterações/riscos para alterações encontrados na avaliação. * Elencar as alterações que causam maior prejuízo para o paciente ou que influenciam diretamente nos passos necessários para reabilitação. * Idade x crescimento e desenvolvimento craniofacial e do Sistema miofuncional. * Considerar a necessidade e/ou andamento de outros tratamentos/procedimentos de saúde no cliente. * Estruturação do processo terapêutico: objetivos (gerais e específicos), duração e fases do tratamento; escolha das estratégias terapêuticas e de conscientização do paciente e/ou responsável(is). * Reabilitar/adequar as estruturas e funções orofaciais e melhorar a saúde e a qualidade de vida do cliente. ATUAÇÃO MULTIDISCIPLINAR PROCESSO DE REABILITAÇÃO Fono – Psicólogo – Nutricionista – Dentista – Médico ATUAÇÃO MULTIDISCIPLINAR – PROCESSO DE REABILITAÇÃO * Considerar: - Diagnóstico médico - Tratamento medicamentoso - Procedimento cirúrgico - Tratamento ortodôntico * Fornecer feedback sobre andamento e resultados do tratamento fonoaudiológico aos demais profissionais da saúde que cuidam do paciente. * Solicitar feedback sobre o andamento de tratamentos e/ou resultados de procedimentos cirúrgicos realizados por outros profissionais. * Solicitar avaliação e conduta em caso de necessidade de indicação de avaliação e/ou tratamento com profissional de outra área. ESTRUTURAÇÃO E PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO O tratamento fonoaudiológico envolve: - Desenvolvimento da percepção do pacientesobre o que está alterado. - Preparo dos músculos esqueléticos faciais - exercícios e manobras. - Treinamento funcional corretivo dirigido. * Prática baseada em evidências. * Definição e hierarquização de objetivos. * Definição das fases do tratamento. * Considerar a idade do paciente. * Duração prevista para o tratamento. * Estabelecimento do número e duração das sessões. * Definição do ambiente terapêutico. * Seleção de estratégias terapêuticas de acordo com os objetivos, fases do tratamento e idade do paciente. * Definição da ordem de apresentação das estratégias por sessão. * Revisão das estratégias terapêuticas de acordo com a necessidade. * Organização das orientações para realização de exercícios e outras práticas/mudanças de hábitos em casa. CONTROLE MOTOR 1. Córtex Cerebral: Controle voluntário das ações musculares, planejamento motor. [Córtex pré- motor, córtex parietal (posterior)] 2. Núcleos da base e Cerebelo: Coordenação dos movimentos, correções, comparações, equilíbrio. 3. Tronco Encefálico: Núcleo dos nervos cranianos (incluindo os nervos motores) aferências e eferências das ações musculares. [Neurônio motor superior, núcleos dos nervos cranianos] 4. Medula Espinhal: Conduz a informação motora originada no Sistema Nervoso Central para os músculos e também envia informações motoras oriundas dos músculos para o SNC. [Neurônios motores inferiores, conexão com os músculos] APRENDIZAGEM MOTORA - TEORIA OPTIMAL * MOTIVAÇÃO - Autonomia para aprender - O Aumento das expectativas * ATENÇÃO (Foco externo) * Objetivos acoplados à ação TEORIA OPTIMAL Motivação + Atenção para o foco na TAREFA = Performance motora e do aprendizado motor => CICLO VIRTUOSO DE APRENDIZAGEM MOTORA SELEÇÃO DE ESTRATÉGIAS PARA O TRATAMENTO 1. Apresentação da proposta e objetivos. 2. Apresentação sobre do Sistema Miofuncional Orofacial: anatomia e fisiologia. 3. Hábitos alimentares e de saúde. 4. Propriocepção. 5. Sensibilidade. 6. Exercícios miofuncionais orofaciais e manobras para adequação das estruturas orofaciais alteradas. 7. Exercícios/atividades para adequação das funções orofaciais alteradas. 1. Apresentação da proposta e objetivos * Relação entre as alterações identificadas na avaliação e a proposta do tratamento. * Informar o tempo previsto para o tratamento e para cada sessão, O número de sessões, a duração das sessões, estrutura e os objetivos de cada fase do tratamento. 2. Apresentação sobre do Sistema Miofuncional Orofacial: anatomia e fisiologia *Uso de imagens estáticas e animações para apresentar o SMFO ao paciente e mostrar cada órgão/grupo muscular a ser trabalhado, sua fisiologia e sua relação com as funções orofaciais. * Usar material específico de acordo com o que será abordado nas sessões iniciais. * Apresentar as funções orofaciais e sua importância para o SMFO e a saúde em geral. * Explicar sobre a condição anatômica e fisiológica diante das dificuldades. 3. Hábitos alimentares e de saúde * Rotina alimentar e relações com as condições do SMFO. * Sono. * Atividades ocupacionais. * Atividades físicas. * Condições de moradia/fatores alergênicos. 4. Levantamento sobre as condições respiratórias e higiene nasal: * Informações sobre os últimos dias e o dia atual. * Realização da higienização nasal: - Frasco de soro fisiológico (cloreto de sódio 0,9%) em embalagem de 10 ml. - Crianças: recomendado 5ml em cada narina. - Adultos: recomendado 10ml em cada narina. PROCEDIMENTO: pressionar uma narina enquanto o fonoaudiólogo ou o próprio paciente aplica o soro na narina contralateral; aspirar em seguida; massagem circular para cima no mesmo lado; assoar o nariz suavemente, uma narina por vez. Higiene nasal - PROCEDIMENTO: 1. Pressionar uma narina enquanto o fonoaudiólogo ou o próprio paciente aplica o soro na narina contralateral; 2. Aspirar em seguida; 3. Aplicar massagem circular para cima no mesmo lado; 4. Solicitar que o paciente assoe o nariz suavemente, uma narina por vez. OBS.: pode haver sensibilidade aumentada, ardor e até pequeno sangramento no início, devido à diminuição da entrada de ar inicial. 5. Propriocepção: Definição: Capacidade de reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais. * Auxiliar o paciente na percepção de sua postura global e de cabeça: comando verbal e reforço visual. * Auxiliar o paciente a identificar o posicionamento/postura de lábios e língua, tanto no repouso como durante a realização das funções orofaciais. 6. Sensibilidade: * Estimulação em casos de alteração a fim de direcionar o processo de reorganização funcional por meio de informações aferentes sensitivas. * Aplicação de estímulos na face e na cavidade oral. 7. Exercícios miofuncionais e manobras para adequação das estruturas orofaciais: * Seleção das estruturas/músculos a serem trabalhados de acordo com o objetivo: - Lábios, língua, bochechas, mandíbula. - Simetria, força, resistência, mobilidade. * Tipo de exercício - isotônico, isométrico, isocinético. * Momento de aplicação de cada exercício. * Velocidade, duração e frequência. * Padronizar a quantidade de repetições por série, respeitando a progressão de acordo com os objetivos x desempenho x capacidade muscular. FISIOLOGIA MUSCULAR: FIBRAS MUSCULARES > MÚSCULOS > MOVIMENTO TIPOS DE MÚSCULOS Músculo estriado esquelético: movimento do esqueleto. Músculo estriado cardíaco: movimentos involuntários. Músculo liso (visceral): controle involuntário - paredes de diferentes órgãos e vísceras. MÚSCULO ESQUELÉTICO * Responde aos estímulos - excitabilidade e irritabilidade * Contração com variabilidade do comprimento da fibra muscular. * Aumento da espessura ou força – contrabilidade. * Pode ser distendido – extensibilidade. * Retorna a forma original após cessada a força de deformação – elasticidade. MÚSCULO ESQUELÉTICO > FIBRAS MUSCULARES > MIOFIBRILAS (subunidades de formato cilíndrico) > SARCÔMEROS TIPOS DE CONTRAÇÃO MUSCULAR * ISOTÔNICA: contração com modificação do tamanho das fibras musculares. * ISOMÉTRICA: não há variação do tamanho da fibra muscular. * ISOCINÉTICA: pode ou não haver modificação do tamanho da fibra muscular mas está sempre associado a uma resistência. Isotônica > Mobilidade Isométrica > Força Isocinética > Força e Resistência CONTRAÇÃO MUSCULAR: FORÇA E VELOCIDADE * Para a contração muscular a força se relaciona de forma inversa à velocidade: > força < velocidade < força > velocidade EXERCÍCIOS ATIVOS ALONGAMENTOS – execução do movimento CONTRAÇÕES – execução do movimento MANOBRAS PASSIVAS ALONGAMENTOS – manipulação muscular CONTRAÇÕES – manipulação muscular 8. Exercícios/atividades para adequação das funções orofaciais * Hierarquização da ordem de restabelecimento de cada função: - RESPIRAÇÃO - MASTIGAÇÃO - DEGLUTIÇÃO - FALA (quando aplicável) PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO E SELEÇÃO DE ESTRATÉGIAS PARA O TRATAMENTO EM CASOS DE RO RESUMO * Contextualização sobre o processo e sobre o SMFO * Saúde geral e hábitos alimentares * Higiene nasal * Propriocepção * Sensibilidade * Exercícios para adequação de força, resistência e mobilidade de lábios, língua e bochechas * Exercícios e prática dos padrões adequados de respiração, mastigação, deglutição * Exercícios para adequação da produção fonêmica Emió, Aula 03 – Parte I (Apneia Obstrutiva do Sono) – Notas APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO Distúrbio do sono com manifestação mais grave. Decorre da interação de fatores anatômicos e não anatômicos: * Comprimento aumentado da via aérea superior (VAS). * Faringe estreita. * Forma do lúmen faríngeo ou colapso da VAS. * Mudanças na atividade da musculatura orofaríngea. Decorre da interação de fatores anatômicos e não anatômicos: * Pobre responsividade do m. genioglosso à pressão faríngea negativa. * Baixo limiar de despertar. * Mínimo de ativação respiratória. * Sistema de controle ventilatório hipersensível. RISCO DA OBESIDADE * O alto Índice de Massa corpórea (IMC) é um fator predisponente, tantoem crianças como em adultos. VAS: estrutura maleável sem suporte de osso rígido – risco de colapso: * Pressões negativas intraluminais – inspiração. * Pressões positivas extraluminais – tecidos moles circundantes. Colapsos da VAS causam: * Redução do fluxo aéreo (hiponeia). * Cessação do fluxo aéreo (apneia). * Dessaturação de oxigênio. * Sono fragmentado. * Esforço respiratório (durante parte do evento). * Ronco alto. * Interrupção do sono. * Sonolência diurna excessiva. * Noctúria. * Fadiga. * Dor de cabeça matinal. SINTOMAS * Irritabilidade. * Diminuição da concentração. * Perda de memória. Obs: O ronco isolado não é sinônimo de AOS. EFEITOS NOCIVOS * Prejuízo na qualidade de vida * Ocorrência de comorbidades: = Doenças cardiovasculares = Distúrbios metabólicos = Prejuízos cognitivos CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO * Distintos para crianças e adultos * Polissonografia (PSG) de noite inteira: * Número de eventos de apneia e hipopneia por hora (e/h) * Índice de Apneia e Hipopneia (IAH) - gravidade*: * Leve:5 a 15 e/h * Moderada: 16 a 30 e/h * Grave:>30e/h Valores de referência para indivíduos a partir de 18 anos CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO (cont.) * Exame físico - Classificação de Malampati: * Comprimento da região de VAS durante a vigília * Capacidade de abertura da boca * Tamanho da língua * Distância da úvula e do palato mole * Mobilidade de cabeça * Exame físico - Classificação de Malampati: = Classe I: visualiza-se completamente todo o véu palatino e a úvula. = Classe II: visualiza-se parcialmente a úvula e os arcos do véu palatofaríngeo. = Classe III: não há visualização da úvula ou do véu palatino. = Classe IV: não há visualização de todo palato mole. TRATAMENTO * Principal: uso do aparelho de pressão positiva contínua das vias aéreas (Continuous Positive Airway Pressure - CPAP - do inglês). * Tratamento Fonoaudiológico - Terapia Miofuncional Orofacial (TMO): = Casos de gravidade (IAH) leve até moderada. = Realização de exercícios orofaríngeos. = Ensaios clínicos randomizados realizados por autores brasileiros demonstraram diferentes benefícios da TMO em casos de AOS. TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO * Benefícios em casos de apneia leve-moderada, isolado ou em conjunto com CPAP: = Redução do IAH - gravidade da AOS. = Aumento da porcentagem da saturação de oxigênio. = Decréscimo do índice de despertar. = Aumento da aderência ao uso do CPAP. = Melhora na qualidade de vida. * Benefícios em casos de apneia leve-moderada - Tomografia Computadorizada: = Alívio da obstrução da VAS. = Mudanças no diâmetro anteroposterior da parede faríngea na região retropalatal. = Mudanças na distância retropalatal e no comprimento do palato mole. TERAPIA MIOFUNCIONAL OROFACIAL NA AOS - TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO * Programa terapêutico com duração de 3 meses. * Treinos diários em casa – 3x. * Sessão semanal de tratamento. * Estratégias terapêuticas dirigidas à musculatura da língua, palato mole, paredes laterais da faringe e à epiglote. * Programa terapêutico composto por conjunto de estratégias com o objetivo de promover: = Respiração nasal: limpeza nasal com solução salina 3x/dia e exercícios para a oclusão labial e ativação dos mm. elevadores da mandíbula. = Recrutamento da musculatura do palato mole (m. tensor do véu palatino e m. elevador do véu palatino) e elevação do palato mole. = Redução da dimensão da língua e adequação de sua posição na cavidade oral. = Aumento da força de protrusão de língua. = Elevação do osso hioide. = Equilíbrio das funções de mastigação e deglutição. ESTRUTURAÇÃO E PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO * O tratamento fonoaudiológico envolve: = Desenvolvimento da percepção do paciente sobre o que está alterado. = Preparo dos músculos esqueléticos faciais - exercícios e manobras. = Treinamento funcional corretivo dirigido. = Prática baseada em evidências. = Definição e hierarquização de objetivos. = Definição das fases do tratamento. = Considerar a idade do paciente. = Duração prevista para o tratamento. = Estabelecimento do número e duração das sessões. = Definição do ambiente terapêutico. PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO E SELEÇÃO DE ESTRATÉGIAS PARA O TRATAMENTO EM CASOS DE RO RESUMO * Contextualização sobre os objetivos do tratamento, sobre o processo e sobre o SMFO. * Saúde geral e hábitos alimentares. * Higiene nasal. * Propriocepção. * Sensibilidade. * Exercícios para adequação de força, resistência e mobilidade de lábios, língua e bochechas. * Exercícios e prática dos padrões adequados de respiração, mastigação, deglutição. * Exercícios para adequação da produção fonêmica. Emió, Aula 03 – Parte II (Exercícios Miofuncionais Orofaciais) – Notas POSTURA DE LÁBIOS OBJETIVO: Adequar posição habitual de lábios, possibilitando a manutenção da respiração nasal e da adequada tonicidade. ESTRATÉGIA: Posicionar um elástico entre os lábios do paciente e solicitar que ele segure, com os lábios ocluídos, respirando pelo nariz. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 2 séries, com duração de 1 minuto e intervalos de 30 seg. entre cada série. POSTURA DE LÍNGUA OBJETIVO: Adequar posição habitual de língua, possibilitando a manutenção da respiração nasal e da adequada tonicidade. ESTRATÉGIA: Posicionar um elástico no ápice da língua e orientar o paciente a tocar a papila com o ápice da língua. Em seguida, o paciente deve ocluir os lábios, respirando pelo nariz, e manter o ápice da língua tocando a papila, segurando o elástico e mantendo espaço funcional livre. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 2 séries, com duração de 1 minuto e intervalos de 30 seg. entre cada série. POSTURA DE LÍNGUA OBS.: Se o paciente estiver com obstrução nasal e não conseguir ocluir os lábios para depois realizar o exercício, o terapeuta deverá explicar sobre a postura adequada de língua, orientar o paciente a realizar o exercício inicialmente com os lábios desocluídos, somente em terapia, e instruir o paciente a observar a postura de língua durante a semana, em situações cotidianas. POSTURA DE MANDÍBULA OBJETIVO: Adequar posição habitual de mandíbula, possibilitando a manutenção da respiração nasal e da adequada tonicidade, evitando apertamento dentário e sobrecarga na região das ATMs. ESTRATÉGIA: Solicitar ao paciente que mantenha a mandíbula elevada, porém sem contato dentário, mantendo o espaço funcional livre; utilizar a associação com a postura adequada de lábios e de língua. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 2 séries, com duração de 1 minuto e intervalos de 30 seg. entre cada série. MOBILIDADE DE LÁBIOS OBJETIVO: Aumento da mobilidade dos músculos dos lábios possibilitando o recrutamento muscular coordenado e preciso para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente protraia os lábios, em oclusão e em seguida realize um sorriso sem mostrar os dentes. Esses dois movimentos devem ser repetidos, alternadamente. Variação possível: protrusão de lábios seguida de sorriso aberto. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 10 movimentos, com duração de 1 segundo por movimento (um movimento completo corresponde a uma protração seguida de um sorriso) e intervalos de 15 seg. entre cada série. MOBILIDADE DE LÁBIOS OBJETIVO: Aumento da mobilidade dos músculos dos lábios possibilitando o recrutamento muscular coordenado e preciso para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente protraia os lábios, em oclusão e em seguida lateralize para a direita e depois para a esquerda. Esses dois movimentos devem ser repetidos, alternadamente. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 10 movimentos, com duração de 1 segundo por movimento (um movimento completo corresponde a uma lateralização para a direita seguida da lateralização para a esquerda) e intervalos de 15 seg. entre cada série. MOBILIDADE DE LÍNGUA OBJETIVO: Aumento da mobilidade dos músculos da língua possibilitando o recrutamento muscular coordenado e preciso para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente lateralize a língua paraa direita e depois para a esquerda, alternadamente. O ápice da língua deverá estar alinhado à sua base. Variação possível: realizar o movimento com a língua dentro da cavidade oral, com o ápice tocando a face interna das bochechas. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 10 movimentos, com duração de 1 segundo por movimento (um movimento completo corresponde a uma lateralização para a direita seguida da lateralização para a esquerda) e intervalos de 15 seg. entre cada série. MOBILIDADE DE LÍNGUA OBJETIVO: Aumento da mobilidade dos músculos da língua possibilitando o recrutamento muscular coordenado e preciso para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente eleve a língua e em seguida abaixe, fora da cavidade oral. Esses dois movimentos devem ser repetidos alternadamente . Variação possível: realizar os movimentos com a língua dentro da cavidade oral, mantendo os lábios entreabertos. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 10 movimentos, com duração de 1 segundo por movimento (um movimento completo corresponde à elevação seguida do abaixamento da língua) e intervalos de 15 seg. entre cada série. MOBILIDADE DE BOCHECHAS OBJETIVO: Aumento da mobilidade dos músculos da bochecha possibilitando o recrutamento muscular coordenado e preciso para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente encha a bochecha de ar do lado direito e depois transfira o ar para a bochecha do lado esquerdo. Esses dois movimentos devem ser repetidos alternadamente. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 10 movimentos, com duração de 1 segundo por movimento (um movimento completo corresponde a lateralização do ar de uma bochecha para a outra) e intervalos de 15 seg. entre cada série. MOBILIDADE DE BOCHECHAS OBJETIVO: Aumento da mobilidade dos músculos da bochecha possibilitando o recrutamento muscular coordenado e preciso para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente retraia as bochechas e solte. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 10 movimentos, com duração de 1 segundo por movimento e intervalos de 15 seg. entre cada série. MOBILIDADE DE PALATO OBJETIVO: Aumento da mobilidade dos músculos do palato possibilitando o recrutamento muscular coordenado e preciso para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente realize um bocejo e em seguida oclua os lábios. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 10 movimentos com intervalos de 15 seg. entre cada série. MOBILIDADE DE PALATO OBJETIVO: Aumento da mobilidade dos músculos do palato possibilitando o recrutamento muscular coordenado e preciso para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar ao paciente que assopre um canudo ocluído ou sugador de saliva descartável e que em seguida interrompa o fluxo aéreo. Não deve ser utilizado o ar de reserva. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar séries de 5 repetições, com intervalos de 10 segundos, durante 3 minutos. MOBILIDADE DE MANDÍBULA OBJETIVO: Aumento da mobilidade dos músculos responsáveis associados à movimentação da mandíbula, possibilitando o recrutamento muscular coordenado e preciso para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente realize a abertura e o fechamento da boca, mantendo o ápice da língua em contato com a papila palatina como guia. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 10 movimentos (um movimento completo corresponde à uma abertura seguida de um fechamento) com intervalos de 15 seg. entre cada série. MOBILIDADE DE MANDÍBULA OBJETIVO: Aumento da mobilidade dos músculos responsáveis associados à movimentação da mandíbula, possibilitando o recrutamento muscular coordenado e preciso para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente lateralize a mandíbula para a direita e, em seguida, para a esquerda, mantendo uma espátula ou abaixador de língua entre as superfícies oclusais dos dentes como guia. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 10 movimentos (um movimento completo corresponde à uma lateralização para a direita e outra para a esquerda) com intervalos de 15 seg. entre cada série. CONTRAÇÃO E FORÇA DE LÁBIOS OBJETIVO: Promover a contração de lábios possibilitando tensão e força muscular para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente pressione um lábio contra o outro e sustente o movimento. Variação possível: realizar o exercício oferecendo contrarresistência – enquanto o terapeuta posiciona uma espátula ou abaixador de língua entre seus lábios e oferece uma contrarresistência fraca no sentido de dentro para foca da cavidade oral. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Sustentar o movimento por 10 segundos. Realizar 3 séries com intervalos de 30 seg. Aumentar progressivamente o tempo e a contrarresistência aplicada ao longo do tratamento. FORÇA E RESISTÊNCIA DE LÁBIOS OBJETIVO: Aumentar a tonicidade de lábios possibilitando tensão, força e resistência muscular para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente pressione um lábio contra o outro e sustente o movimento. Variação possível: realizar o exercício oferecendo contrarresistência – enquanto o terapeuta posiciona uma espátula ou abaixador de língua entre seus lábios e oferece uma contrarresistência fraca no sentido de dentro para foca da cavidade oral. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Sustentar o movimento por 10 segundos. Realizar 3 séries com intervalos de 30 seg. Aumentar progressivamente o tempo e a contrarresistência aplicada ao longo do tratamento. FORÇA E RESISTÊNCIA DE LÍNGUA OBJETIVO: Promover a contração da língua possibilitando força e resistência muscular para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente afile e protraia a língua, com ápice alinhado à base, e sustente o movimento. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Sustentar o movimento por 5 segundos, realizando 3 séries com intervalos de 30 seg. Aumentar progressivamente o tempo de execução do movimento sustentado ao longo do tratamento. FORÇA E RESISTÊNCIA DE LÍNGUA OBJETIVO: Promover a contração da língua possibilitando força e resistência muscular para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente realize a protrusão da língua, com ápice alinhado à base. Em seguida, o terapeuta deverá posicionar um abaixador de língua ou espátula em frente ao ápice da língua e exercer contrarresistência fraca contra a mesma. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Sustentar o movimento por 10 segundos, realizando 3 séries com intervalos de 30 seg. Aumentar progressivamente a contrarresistência aplicada ao longo do tratamento. FORÇA E RESISTÊNCIA DE BOCHECHAS OBJETIVO: Promover a contração das bochechas possibilitando força e resistência muscular para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Posicionar um dedo indicador enluvado estendido na região da bochecha do paciente, no interior da cavidade oral. Em seguida,oferecer contrarresistência para o lado de fora com o dedo, enquanto orienta o paciente a puxar o dedo do terapeuta de volta para dentro da cavidade oral, utilizando a musculatura da bochecha. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Sustentar o movimento por 5 segundos, realizando 3 séries com intervalos de 30 seg. Aumentar progressivamente o tempo e a contrarresistência aplicada ao longo do tratamento. FORÇA E RESISTÊNCIA DE BOCHECHAS OBJETIVO: Promover a contração das bochechas possibilitando força e resistência muscular para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Posicionar um dedo indicador enluvado estendido na região da bochecha do paciente, no interior da cavidade oral e aplicar contrarresistência. Em seguida, o paciente deverá pressionar a bochecha contra o dedo do terapeuta, de modo que este deslize no sentido póstero-anterior, seguindo a linha do músculo bucinador, até chegar à comissura labial. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar o movimento contandoaté 5, sendo 3 séries de 10 movimentos. Aumentar progressivamente a contrarresistência aplicada ao longo do tratamento. RECRUTAMENTO E CONTRAÇÃO DE PALATO MOLE OBJETIVO: Promover a contração do palato mole possibilitando tensão e força muscular para o adequado desempenho das funções orofaciais. ESTRATÉGIA: Solicitar ao paciente que assopre um canudo ocluído ou sugador de saliva descartável por 5 segundos. Não deve ser utilizado o ar de reserva. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar a tarefa por 3 minutos, com intervalos de 10 seg. EXERCÍCIO PARA RESPIRAÇÃO OBJETIVO: Aumento da circulação sanguínea e linfática local promovendo melhora da aeração nasal. ESTRATÉGIA: Realizar massagem digital na região das asas nasais, mantendo os dois dedos indicadores na região da asa do nariz, com movimentos circulares de baixo para cima. Solicitar que o paciente mantenha a respiração nasal durante a massagem. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 5 séries de 5 a 10 movimentos circulares com intervalo de 30 segundos entre as séries. EXERCÍCIO PARA RESPIRAÇÃO OBJETIVO: Estimulação do modo respiratório nasal. ESTRATÉGIA: Solicitar ao paciente que vede a narina direita utilizando os dedos e que inspire profundamente pela narina contralateral à vedada e expire pela boca. Repetir o mesmo para o lado esquerdo. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 3 sequências de inspiração/expiração para cada lado. EXERCÍCIO PARA MASTIGAÇÃO OBJETIVO: Adequar o padrão mastigatório, buscando a manutenção do equilíbrio funcional e estético orofacial. ESTRATÉGIA: Solicitar que o paciente realize a incisão do alimento com os dentes incisivos. Em seguida, solicitar que alterne o lado de mastigação a cada nova porção de alimento mordido e inserido na boca, sempre mantendo os lábios ocluídos. Depois deve-se orientar o paciente a distribuir o alimento na face oclusal dos dentes posteriores bilateralmente e realizar a trituração dois lados ao mesmo tempo, com velocidade de um ciclo por segundo. A mastigação deverá ser finalizada quando o bolo alimentar estiver homogêneo e pronto para a deglutição. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Para a sessão de terapia determinar uma porção de alimento, variando consistências, para que seja feito o treino. Em casa o paciente deverá selecionar ao menos uma refeição diária para treino e monitoramento do padrão mastigatório. EXERCÍCIO PARA DEGLUTIÇÃO DE LÍQUIDO OBJETIVO: Adequar o padrão de deglutição de sólidos, buscando a manutenção do equilíbrio funcional e estético orofacial. ESTRATÉGIA: Solicitar a deglutição de alimentos sólidos sequencial- mente ao treino mastigatório, orientando a manutenção da estabilidade mandibular, a oclusão labial e o posicionamento da língua contra o palato durante a deglutição. O paciente deverá posicionar o bolo alimentar no centro da língua e posicionar o ápice da língua na papila antes de realizar a deglutição. Por fim, o bolo deverá ser deglutido em uma única vez, sem deixar resíduo. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Para a sessão de terapia determinar uma porção de alimento, variando consistências, para que seja feito o treino. Em casa o paciente deverá selecionar ao menos uma refeição diária para treino e monitoramento do padrão mastigatório. EXERCÍCIO PARA DEGLUTIÇÃO DE SÓLIDO OBJETIVO: Adequar o padrão de deglutição de sólidos, buscando a manutenção do equilíbrio funcional e estético orofacial. ESTRATÉGIA: Solicitar a deglutição de alimentos sólidos sequencialmente ao treino mastigatório, orientando a manutenção da estabilidade mandibular, a oclusão labial e o posicionamento da língua contra o palato durante a deglutição. O paciente deverá posicionar o bolo alimentar no centro da língua e posicionar o ápice da língua na papila antes de realizar a deglutição. Por fim, o bolo deverá ser deglutido em uma única vez, sem deixar resíduo. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Para a sessão de terapia determinar uma porção de alimento, variando consistências, para que seja feito o treino. Em casa o paciente deverá selecionar ao menos uma refeição diária para treino e monitoramento do padrão mastigatório. ALONGAMENTO DE LÁBIO SUPERIOR OBJETIVO: Alongamento do lábio superior. ESTRATÉGIA: Realizar massagens bidigitais para alongar o filtro e orbicular superior da boca, iniciando na região da base do nariz para baixo. Posicionar um dos dedos em região de vestíbulo da boca e o outro na mesma direção, porém externamente. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 10 massagens com intervalos de 10 seg. ALONGAMENTO DE LÁBIOS OBJETIVO: Alongamento dos lábios (m. orbicular do lábio) para melhora na extensibilidade muscular e/ou diminuição de contraturas. ESTRATÉGIA: Realizar massagens de alongamento bidigitais, iniciando na região da columela direita indo até à comissura labial direita. Realizar o mesmo para o lado esquerdo. Iniciar pelo lábio superior e depois realizar o mesmo para o lábio inferior. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 8 massagens com intervalos de 10 seg. CONTRAÇÃO DE LÁBIOS OBJETIVO: Contração dos lábios (m. orbicular do lábio) para melhora do tônus muscular e oxigenação da musculatura. ESTRATÉGIA: Realizar massagens de contração bidigitais, iniciando na região da comissura labial direita indo até a columela direita . Realizar o mesmo para o lado esquerdo. Iniciar pelo lábio superior e depois realizar o mesmo para o lábio inferior. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar 3 séries de 8 massagens com intervalos de 10 seg. EXERCÍCIO PARA ACOPLAMENTO DE LÍNGUA OBJETIVO: adequar o posicionamento da língua em preparação para a função de deglutição. ESTRATÉGIA: Orientar o paciente a acoplar a língua no palato duro, pressioná-la contra o palato e manter o movimento sustentado. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Iniciar com 5 segundos evoluindo até 10 segundos. Realizar por 3 minutos ao longo do dia. EXERCÍCIO DE RETRAÇÃO DE LÍNGUA OBJETIVO: adequar a mobilidade de língua em preparação para a função de deglutição - propulsão do bolo alimentar. ESTRATÉGIA: Orientar o paciente a retrair a língua, abaixando o terço posterior, com o ápice voltado para o assoalho da boca e depois retornar à posição de repouso. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: 10 a 20 repetições em 3 séries. EXERCÍCIO COMBINADO DE LÁBIOS E LÍNGUA OBJETIVO: promover a oclusão labial sem esforço e o contato da língua com o palato duro durante o repouso e à deglutição. ESTRATÉGIA: Solicitar ao paciente que estale a língua contra o palato duro e, simultaneamente, alterne o estiramento e a protrusão dos lábios. FREQUÊNCIA e DURAÇÃO: Realizar de 5 a 10 repetições da sequência em 3 séries. Emió, Aula 04 (Mastigação) – Notas O que é mastigação? Função orofacial essencial à nutrição, crescimento e desenvolvimento do indivíduo. Caracteriza-se pelo ato de morder e triturar o alimento. Constitui processo fisiológico e complexo que envolve atividades neuromusculares e digestórias. Função aprendida, que se desenvolve a partir da introdução alimentar. Fase inicial da digestão: ação da enzima amilase salivar durante a trituração dos alimentos facilita a deglutição e a ação de enzimas no estômago e do pâncreas. Prazer: envolve os sentidos do tato, paladar e olfato - sensação de saciedade. Proporciona desenvolvimento dos ossos maxilares, além de mantê-los em virtude do estímulo funcional gerado, e da dentição. FASES DE DESENVOLVIMENTO * Vida intrauterina -10a. semana: movimentos precursores da mastigação - abertura e fechamento da mandíbula. * Introdução alimentar - 7 a 9 meses: a criança morde e tritura os alimentos sólidos de modo rudimentar, com os dentes incisivos - abaixamento, protrusão, elevação e retração da mandíbula. * 24 meses - dentição decídua completa: dieta semelhante à do adulto, ciclo mastigatório mais estável e padrão de intercuspidação dentária mais eficiente. * A eficiência mastigatória e a força de mandíbula aumentam com a idade cronológica, o número de dentes e o tamanho corporal. * O hormônio do crescimento tem influência na região craniofacial e causa aumento na massa muscular mastigatória a qual afeta a morfologia mandibular.* Essas variáveis apresentam-se com diferenças entre os sexos a partir dos 9 anos de idade - vantagem no sexo masculino com maior altura e peso. * O consumo de dieta mais consistente tende a produzir aumento na força de mordida e promover o crescimento mais harmônico entre as estruturas craniofaciais. * Dentição permanente - movimentos mais complexos e coordenados: padrão maduro. * Padrão mastigatório fisiológico - bilateral alternado: necessária adequada função dos mm. da mandíbula, sua consonância com mm. de lábios, língua e bochechas, função adequada das ATMs, morfologia craniofacial, oclusão e saúde oral. * É necessária a contração coordenada de grupos musculares, sobretudo dos músculos mastigatórios, para que a mastigação ocorra de modo harmonioso. * Há também participação das ATMSs, dos músculos da língua e dos músculos anatomia e faciais, principalmente do orbicular dos lábios e do bucinador fisiologia. * Contração muscular - mobilidade rítmica da mandíbula - pressão intercuspidiana - fragmentação do alimento. INERVAÇÃO MOTORA = Nervo trigêmeo (V par craniano - ramo mandibular): o núcleo motor do trigêmeo contém os corpos celulares dos motoneurônios que inervam os mm. de fechamento e abaixamento da mandíbula (exceto ventre posterior do m. digástrico). Outros pares cranianos: = Hipoglosso (XII par craniano): língua. = Facial (VIl par craniano): mm. orbicular da boca, bucinador, ventre posterior do digástrico). = A partir dos impulsos motores a musculatura da região craniofacial envolvida é ativada para desempenhar a função de mastigação. FASES/ESTÁGIOS DA MASTIGAÇÃO * Mordida/incisão e estágio de transporte: ocorre entre os dentes incisivos e é responsável pelo corte do alimento, facilitado pela superfície oclusal reduzida, quase linear; a língua posiciona o alimento entre os pré-molares e molares em preparação para o próximo estágio. * Trituração: responsável pela transformação mecânica do alimento de partes maiores em menores; realizada principalmente entre os dentes pré-molares, resultando em uma moagem mais fácil e eficiente, considerando a pressão intercuspidiana elevada. * Pulverização: ocorre entre os dentes molares, caracterizada pela moenda final das partículas pequenas e formação do bolo alimentar. CICLO MASTIGATÓRIO * Fenômenos espaciais por aceleração angular que ocorrem na mandíbula durante a mastigação. * Dividido nas fases de: abertura, fechamento e oclusal (em que ocorre o golpe mastigatório). * Duração variável de acordo com o tipo de alimento e fase de maturação. CONTROLE MOTOR DO MOVIMENTO MASTIGATÓRIO * Analisado por meio dos movimentos mandibulares de abaixamento, elevação, protrusão, retração e lateralização - isoladamente e durante a mastigação. Dois tipos de contração muscular observados na neurofisiologia da mastigação: = Voluntária: feixes neurais corticobulbares da via piramidal - transmissão do potencial de ação da fibra muscular que ocasiona a abertura dos canais de cálcio no sarcoplasma - processo contrátil por ação da actina e miosina. = Involuntária: comandada pelos receptores de estiramento por propriocepção do fuso muscular. * A mastigação se dá por início voluntário, com comando do córtex cerebral e ação da força gravitacional, para que ocorra o abaixamento da mandíbula - abertura da boca. * Em seguida há distenção dos proprioceptores do fuso muscular que geram impulsos nervosos para o núcleo motor do ramo mandibular no nervo trigêmeo (V par craniano) e segue para o núcleo mesencefálico. * Impulsos nervosos são gerados pela via motora eferente para que haja encurtamento dos fusos musculares e contração dos mm. elevadores da mandíbula. * Ocorre a fase de fechamento até a fase oclusal em que há estímulo de pressão no periodonto (receptores - corpúsculos de Pancini) - geração de impulsos nervosos para a raiz sensorial do nervo trigêmeo (V par craniano) até o núcleo sensorial mesencefálico o qual transmite informação ao núcleo motor para que haja estiramento dos fusos musculares e o reflexo mastigatório recomeça. * Para a coordenação da mastigação com a respiração e a deglutição ocorre um sofisticado controle motor bilateral, com participação de centros geradores de padrões no tronco encefálico, de regiões subcorticais, da área somatossensorial e da área motora primária no córtex cerebral. MOVIMENTO MASTIGATÓRIO – PLANO VERTICAL * Abaixamento mandibular: promovido pela tração da mandíbula para baixo pelo ventre anterior do m. digástrico, músculo miolo-hioideo e tração das cabeças da mandíbula pelo m. pterigoideo lateral (contração bilateral simultânea). * Abertura oral ampla: também ocorre movimento de retração mandibular - m. gênio-hioide puxa a mandíbula para trás. * Elevação mandibular: m. temporal, pterigoideo medial e masseter. MOVIMENTO MASTIGATÓRIO – PLANO HORIZONTAL * Lateralização: m. pterigoideo lateral propicia o movimento lateral para o lado oposto ao da contração. * Protrusão: ativação da cabeça inferior do m. pterigoideo lateral, fibras anteriores do m. temporal e parte superficial do masseter. * Retração: ativação das fibras posteriores do m. temporal. MOVIMENTO MASTIGATÓRIO - MUSCULATURA DE LÍNGUA E LÁBIOS * Abertura oral: neste momento ocorre a ativação da musculatura que promove a protrusão da língua - a língua recebe o alimento. Elevação da mandíbula: = O m. genioglosso (principal protrusor) apresenta decréscimo de sua atividade enquanto mm. retrusores da língua são ativados - evitam trauma de língua pela intercuspidação dentária (mordida). = Oclusão labial enquanto ocorre o abaixamento mandibular e depois a elevação durante a mastigação - aumento da ativação da musculatura perioral para evitar escape anterior de alimento. Fatores que influenciam na Mastigação • Presença de dentes, com número suficiente de dentes ocluindo e ausência de doença periodontal. • Fluxo salivar suficiente. • Função muscular e das ATMs adequada. • Morfologia craniofacial harmônica. • Informações sensoriais que promovam o início do movimento e o comportamento motor. • Informações sensórias relevantes: Textura/consistência; Composição e modo de preparo; Sabor. (promoção de ajustes de força e direção da contração muscular - eficiência mastigatória) ALTERAÇÕES DA MASTIGAÇÃO - PRINCIPAIS ETIOLOGIAS * O padrão fisiológico bilateral alternado é dependente da integridade das estruturas orofaciais, da capacidade funcional das ATMs, da morfologia craniofacial e da oclusão (relação entre os 1os. molares – sup./inf.). * Falhas nos processos sensório-motores ou na integridade do SMFO podem provocar: = Adaptação ou compensação da musculatura. = Mudança da dieta por ineficiência mastigatória. = Impedir que a mastigação seja executada. * Malformações craniofaciais. * Traumas de face. * Ressecção decorrente de doenças oncológicas em cabeça e pescoço. * Falhas dentárias. * Perda óssea alveolar. * Má oclusão. * Deformidades dentofaciais. * Uso de próteses dentárias e tratamentos endodônticos que alteram a sensibilidade periodontal. * Alteração no tônus e força muscular - Ex.: alterações oriundas da respiração oral. * Disfunção temporomandibular (DTM). * Alterações posturais ou dos músculos cervicais. * Doenças neurológicas. * Presença de hábitos orais que alteram a morfologia facial (músculos e dentes). * Causas de ADAPTAÇÕES na mastigação - caráter TEMPORÁRIO = Tipo de dentição (decídua ou mista). = Tipo facial. = Uso de aparelhos ortodônticos e dor na região oral. = Obstruções respiratórias esporádicas. Desvio/Alteração Causas Prováveis (Estrutura) Causas Prováveis (Descrição) Não morde o alimento ou morde com os dentes caninos, pré-molares e molares Dentes Ausência de dentes anteriores, mordida aberta anterior, medo de fraturar os dentes ou presença de próteses dentárias. Músculos e/ou nervos Debilidade na contração muscular com impossibilidade de gerar força suficiente. Mordida realizada com dentes posteriores - aproximação da inserção muscular propicia melhor aproveitamento da força resultante. Dor nos músculoselevadores da mandíbula, trismo muscular, doenças neuro- musculares, edema após trauma ou cirurgia. ATM’s e mandíbula Dor nas ATMSs, redução na amplitude de abertura oral por DTM, deslocamento de disco articular sem redução, aquilose, fratura da cabeça da mandíbula. Desvio/Alteração Causas Prováveis (Estrutura) Causas Prováveis (Descrição) Prejuízo no processamento do alimento, na velocidade e no ritmo da mastigação, na formação e no envio do bolo alimentar para a deglutição. Língua Incoordenação, inabilidade ou impossibilidade de realizar os movimentos por imaturidade neuromuscular, anquiloglossia, macroglossia, microglossia, lesão neurológica ou muscular. Bochechas Flacidez por causas variadas: falta de uso, envelhecimento, paralisia facial, traumas/lesões resultando em acúmulo de alimentos nas bochechas e/ou traumas na mucosa. Palato duro Alteração na integridade óssea, como em casos de fissura palatina e de lesões cancerígenas, cobertura do palato por prótese dentária ou aparelho ortodôntico - dificuldade no esmagamento do alimento pela pressão da língua contra o palato duro. Produção reduzida de saliva Comprometimento da lubrificação e da umidificação do alimento, dificultando seu processamento e formação do bolo alimentar. Pode resultar do uso de alguns medicamentos, mas também de doença cônica, sistêmica, autoimune - disfunção progressiva das glândulas salivares (xerostomia) - sobretudo da 4a. à 6a. década de vida. Trituração bilateral simultânea do alimento Sobremordida profunda Quando os dentes incisivos e caninos superiores sobrepassam mais de um terço da coroa dos inferiores (overbite acentuado), aumenta o esforço para realizar movimentos mandibulares laterais. Uso de próteses totais A alternância do lado de mastigação provoca movimentos ou deslocamentos da prótese inferior, com entrada de alimentos e traumas na mucosa – mastigação bilateral não é recomendada. Trituração unilateral do alimento Dentes e oclusão Dentes fraturados ou com cárie, dores dentárias, ausência dentária, interferências oclusais que impedem ou dificultam a dinâmica dos movimentos laterais da mandíbula, deformidade dentofacial classe II e classe III e assimetria esquelética. ATMs Dores, redução na amplitude dos movimentos de abertura e lateralidade por deslocamento de disco articular sem redução, anquilose, fratura de cabeça da mandíbula. No caso de fratura unilateral de cabeça da mandíbula a mastigação é do lado afetado, o que não necessariamente ocorre nas DTM. Outras causas Assimetria funcional da musculatura, DTM muscular, paralisia facial, traumas, ressecções cirúrgicas e trismo muscular (que pode resultar de radioterapia). Desvio/Alteração Causas Prováveis (Descrição) Trituração anterior do alimento Perdas dentárias posteriores extensas Queixa de cansaço para mastigar, com ou sem pre- juízo no ritmo, força e atividade reduzida dos mm. elevadores da mandíbula verificado por testes de força de mordida e Eletromiografia de Superfície. Fadiga muscular de origens diversas: fibromialgia, DTM, atrofia muscular e miofibroses decorrentes de cirurgia ortognática, Ausência do comportamento de trituração do alimento. Lesões externas na região oral, lesão neurológica, presença ou exacerbação de reflexo que impede a mastigação. Desvio/Alteração Causas Prováveis (Descrição) Mastigação sem oclusão labial ou oclusão labial forçada e reduzida amplitude de movimento, escape extraoral do alimento, dificuldade para deglutir pela pressão alterada da cavidade oral. * Encurtamento ou incompetência da musculatura perioral. * Má oclusão óssea ou dentária, que impede o comportamento labial normal. * Malformação dos lábios ou traumas/lesões. * Ressecções cirúrgicas. * Doenças neuromusculares ou neurológicas. Padrão vertical * Aumento na atividade da musculatura de trabalho. * Inativação da musculatura de balanceio. * Sobrecarga às ATMSs com possibilidade de dor. * Baixa eficiência mastigatória. * Alterações digestivas. Padrão unilateral preferencial ou crônico * Aumento na atividade da musculatura de trabalho do lado de preferência. * Baixa ativação da musculatura de balanceio ipsilateral. * Sobrecarga à ATM com possibilidade de dor no lado de preferência. * Cruzamento de mordida. * Baixa eficiência mastigatória. * Alterações digestivas. TRATAMENTO DAS ALTERAÇÕES DA MASTIGAÇÃO REGRAS PARA EVITAR COMPENSAÇÕES NEGATIVAS E RISCO DE DANOS NA INSTALAÇÃO DO PADRÃO FISIOLÓGICO * Força muscular suficiente para quebrar e triturar o alimento. * Habilidade para movimentar o alimento na cavidade oral nas diferentes etapas. * Presença de guias de oclusão para ambos os lados. * Ausência de interferências oclusais no lado de balanceio. * Ausência de ruídos articulares durante a mastigação. * Ausência de dor durante ou após a mastigação. A terapia Fonoaudiológica com a função mastigatória deverá ser realizada sempre que as condições morfológicas possibilitarem. PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO E ESTRATÉGIAS * Explicar ao paciente os objetivos relacionados à reabilitação da função mastigatória. * Exibir animação demonstrando o padrão fisiológico de mastigação. * Exibir o filme gravado na avaliação e utilizado para a identificação das alterações: = Tensões compensatórias. = Tamanho da porção. = Incisão do alimento. = Movimentos mandibulares. = Preferência mastigatória. = Ritmo (velocidade). = Coordenação mastigação-respiração-deglutição. = Outros comportamentos e sinais de alteração. * Selecionar estratégias para adequação das estruturas orofaciais participantes da mastigação: = Lábios: exercícios miofuncionais, manobras de contração e relaxamento. = Língua: exercícios miofuncionais. = Bochechas: exercícios miofuncionais, manobras de contração e relaxamento. = Mandíbula: exercícios miofuncionais. = ATM (casos de DTM, dor, redução de amplitude mandibular): manobras específicas para alongamento da musculatura mastigatória, terapia térmica, exercício para melhora da abertura oral. * Iniciar a observação dos aspectos relacionados à mastigação e o treino dirigido do padrão fisiológico desde a etapa inicial do tratamento para possibilitar o trabalho direto com os mm. mastigatórios: = No início incentiva-se a mastigação unilateral alternada, com o paciente mantendo o alimento de um só lado (se houver preferência, iniciar pelo lado contralateral ao da preferência) - percepção da musculatura e movimentos. = Repetir o mesmo procedimento para o outro lado, até que o controle da alternância de lados se torne automático, de acordo com a textura/consistência alimentar de treino - é possível definir um número de ciclos mastigatórios no início. = Informar e mostrar ao paciente a movimentação da língua para a lateralização do bolo alimentar, bem como a função da musculatura das bochechas para a lateralização e homogeneização do bolo alimentar no centro da língua, preparando-o para a propulsão para orofaringe e início da deglutição * Guiar o número de ciclos mastigatórios de acordo com a consistência alimentar proposta para treino, tamanho da porção do alimento, características faciais do paciente (força, velocidade relacionadas). * Trabalhar com diferentes consistências alimentares - treino da coordenação muscular e aumento da força mastigatória, bem como do número de golpes mastigatórios. * Observar se não ocorrem desvios ou ruídos articulares. * Casos de DTM: = Mudar inicialmente do tipo unilateral para o bilateral simultâneo (vertical). = No decorrer da TMO se não houver impedimentos oclusais o padrão bilateral alternado pode ser treinado. = Utilização de diferentes consistências alimentares, sempre observando se não há queixa de dor ou ocorrência de desvios ou ruídos articulares. * Casos de cirurgia ortognática: = A sobrecarga da mastigação deve ser evitada por pelo menos 45 dias após a cirurgia (tempo estimado para a formação de um “calo ósseo”. = Dieta líquida-pastosa por cerca de 25 dias. = Pedaços macios introduzidos após esse período. = Variações progressivasnas consistências após 45 dias. * Casos de Traumas de Face/Fratura de mandíbula: = A sobrecarga da mastigação deve ser evitada - dieta líquida e pastosa. = Reintrodução da alimentação com consistência sólida gradativa. = Mastigação estimulada sempre que as condições morfológicas permitirem. = Casos de fratura unilateral da cabeça da mandíbula - treino da mastigação inicialmente no lado contralateral à fratura. * Manobras de oxigenação e relaxamento da musculatura cervical * Manobras de alongamento da musculatura mastigatória: alívio da dor e melhora na amplitude mandibular: = M. Temporal. = M. Masseter. = M. Occipitofrontal. Emió, Aulas 06 e 07 (DTM) – Notas Articulação Temporomandibular (ATM) * Articulação do tipo sinovial. * Diartrose - bicondiloartrose: ocorre entre a cabeça e a mandíbula e a fossa temporal e o tubérculo articular do osso temporal. * Única articulação móvel do crânio. * Relação morfológica e funcional com o sistema dental e musculatura associada. * Inervação pelo n. trigêmeo (V par craniano - ramo mandibular). Constituída por: * Superfícies articulares. * Revestimento articular. * Disco articular. * Sistema de ligamentos (cápsula articular, ligamentos próprios e acessórios). * Membranas sinoviais. Movimentos divididos em: * Fundamentais: rolamento e deslizamento. * Abertura e fechamento da boca. * Propulsão e retropulsão. * Lateralidade direita e esquerda. * Desvio lateral. DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM) Grupo de condições musculoesqueléticas e neuromusculares que envolvem as ATMs, os músculos mastigatórios e todos os tecidos associados. Prevalência de 5% a 12% da população. Predominante em mulheres (2x maior que em homens). DTM - CLASSIFICAÇÃO Multifatorial: • Alterações oclusais. • Alterações de base óssea: anomalias congênitas, neoplasias, traumas/fraturas, anquilose. • Alterações degenerativas. • Modificações funcionais. • Hábitos parafuncionais. • Estresse, ansiedade. • Anormalidades no disco intra-articular. DTM - ETIOLOGIA Hábitos parafuncionais: * Apertamento dentário e/ou labial. * Pressionamento lingual. * Morder língua / lábios / comissuras labiais / objeto. * Ranger dentes. * Onicofagia. * Apoiar o queixo sobre a mão por longos períodos. * Dormir com a mão sob o rosto. CLASSIFICAÇÃO: DTMs Musculares / Dores OU DTMS intra-articulares DTMs MUSCULARES / DORES A dor é considerada relacionada à DTM quando: * É modificada para melhor ou para pior, por movimento mandibular, função ou parafunção. * Quando ocorre durante a palpação do local indicado pelo paciente. * A classificação é realizada de acordo com o modo e o local de manifestação. CLASSIFICAÇÃO DTM MUSCULARES / DORES Mialgia - dor nos mm. temporal ou masseter: * Local: dor apenas no local palpado * Dor miofacial: quando se espalha no próprio músculo palpado * Dor miofacial referida: quando se manifesta no local palpado e além deste Artralgia - dor nas ATMs: * Dor de cabeça atribuída à DTM - na região do m. Temporal. * Desordens biomecânicas intracapsulares do complexo cabeça-disco (deslocamento do disco articular), as desordens degenerativas e a subluxação / luxação. Deslocamento de disco com redução (DDR): * Disco articular deslocado, geralmente em posição anterior em relação à cabeça da ATM - pessoa com a boca fechada. * A relação cabeça-disco é recuperada (redução) e o movimento atinge uma amplitude normal - pessoa com a boca aberta. * O deslocamento do disco pode ser medial ou lateral. * Ruído articular (estalo) presente. Deslocamento de disco com redução (DDR) com bloqueio intermitente: * Limitação temporária do movimento de abertura bucal e uma manobra para a redução pode ser necessária. Deslocamento de disco sem redução (DDR) com bloqueio intermitente: * Disco articular deslocado em relação à cabeça da ATM quando a pessoa está com a boca fechada, sem recuperação durante a abertura oral. * DDSR com abertura bucal limitada. * DDSR sem abertura bucal limitada. DDSR com abertura bucal limitada (travamento fechado): * A máxima abertura bucal assistida (alongamento passivo), incluindo o trespasse vertical dos dentes incisivos, é menor de 40mm. DDSR sem abertura bucal limitada: * A máxima abertura bucal assistida, incluindo o trespasse vertical dos dentes incisivos, pode ser maior ou igual a 40mm. Doença degenerativa da articulação: *Deterioração do tecido articular com alteração na cabeça da mandíbula e/ou na eminência articular. Critérios clínicos para diagnóstico: -Relato de ruído na ATM nos últimos 30 dias. -Detecção de ruído de crepitação pelo examinador (em pelo menos 1 dos movimentos mandibulares). Subluxação / luxação: * O complexo cabeça-disco ultrapassa a eminência articular durante a abertura/bucal ampla. * Na subluxação o paciente consegue realizar manobra para o reposicionamento e recuperação dos movimentos mandibulares. * Na luxação é necessária a intervenção de um profissional para o reposicionamento. DTM - SINTOMATOLOGIA • Dores na face e na cervical. • Cefaleia. • Ruídos articulares. • Dores na região pré-auricular. • Otalgia. • Cansaço muscular. • Desvio na trajetória da mandíbula durante o movimento. • Limitação de movimento / abertura bucal. • Sensibilidade dentária. DTM - PRINCIPAIS ACHADOS NA AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL Face e Lábios - Aparência e Condição Postural * Face: Assimetria - funcional ou óssea. * Lábios desocluídos (menos frequente) - obstrução das VAS durante o crescimento e desenvolvimento. * Lábios ocluídos com tensão aparente: - Má oclusão óssea e/ou dentária, overjet (trespasse horizontal excessivo) e mordida aberta anterior - diminuição do EFL, > recrutamento da musculatura elevadora de mandíbula - fadiga e dor muscular - Lábios fortemente ocluídos, estirados, sem alteração na forma que dificulte seu contato - apertamento dentário (bruxismo cêntrico) ou desgastes dentários por bruxismo excêntrico - lábios perdem a espessura e o contorno natural Língua - Aparência e Condição Postural * No assoalho da boca ou interposta aos arcos dentários - reduzido controle neuromuscular. * Interposta aos arcos dentários para estabilização da mandíbula durante o repouso e na deglutição. * Casos de desgastes dentários ou redução da dimensão vertical de oclusão (DVO). * Interposta aos arcos dentários para promover a desoclusão dos dentes e aliviar a dor - marcas nas bordas da língua. Bochechas - Aparência e Condição Postural * Hipofunção: bochechas não participam da mastigação - recondução do alimento do vestíbulo da boca ou quando há redução da DVO. * Hiperfunção: pode ocorrer no lado preferencial da mastigação, sobretudo se houver mordida cruzada posterior - > atividade do m. bucinador para recondução do alimento do vestíbulo da boca à face oclusal dos dentes. * Comprimidas: sucção na direção das faces oclusais decorrente de dor acompanhada de leve sucção dos lábios para manter a mandíbula abaixada. * Marcadas na mucosa: permanecem entre os arcos dentários por flacidez ou para promover a desoclusão dos dentes ou em decorrência de traumas oriundos de má oclusão dos dentes posteriores. Postura - Aparência e Condição Postural Corporal global: * Elevação dos ombros no repouso / assimetria. * Modificação do eixo corporal. Cervical: * Tensão. *Anteriorização da cabeça. * Inclinação lateral da cabeça. DTM - PRINCIPAIS ACHADOS NA AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL Mobilidade Prejuízos na precisão de movimentos isolados observados em ordem decrescente de frequência: • Mandíbula. • Língua. • Lábios. • Bochechas. Principais causas de alterações na mobilidade: * Inabilidade no controle neuromuscular. * Falta de uso adequando durante as atividades funcionais. * Restrições impostas pelas ATMs. DTM - PRINCIPAIS ACHADOS NA AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL - Funções Deglutição: • Contração excessiva da musculatura perioral. • Interposição de língua. • Movimentos associados. • DTM crônica: diminuição no pico relativo da atividade dos mm. Supra-hioideos durante a deglutição de líquidos com aumento da participação dos mm. mastigatórios e maior duração
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