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Entender a fisiopatologia da incontinência urinária (causas etiológicas, tipos, diagnóstico e tratamentos e suas consequências, de modo que interfira na vida do
idoso).
Anatomia e fisiologia 
A manutenção da continência depende da integridade anatômica do trato urinário inferior e do seu controle neurológico; depende também da cognição, da mobilidade, da destreza manual, de fatores ambientais e da ausência de comorbidades que afetem os mecanismos da continência. Para a compreensão dos fatores envolvidos nesse processo, é necessário que se conheça a anatomia do trato urinário inferior e a fisiologia da micção.
Etiologia e Fisiopatologia 
A etiologia da Incontinência urinária é multifatorial. Destacam-se número de gestações, partos vaginais, tempo prolongado do período expulsivo, doenças e cirurgias ginecológicas, idade avançada e estado hormonal.
Várias teorias tentam explicar a fisiopatologia da Incontinência urinária, tendo em vista que a bexiga e a uretra são definidas como uma unidade funcional que sofre influência de vários fatores, tais como:
· posição anatômica do colo vesical em relação à sínfise púbica em repouso e esforço; 
· composição da matriz extracelular, a distribuição e a proporção de seus componentes; 
· musculatura vesical e uretral e vasos periuretrais; 
· trofismo da mucosa vesical e uretral; 
· integração do sistema nervoso central e periférico e fibras sensitivas vesicais; 
· sensibilidade do detrusor a acetilcolina, entre outros. 
Em 1990, Petros e Ulmsten propuseram a teoria integral, segundo a qual todas as formas de Incontinência urinária são decorrentes da frouxidão da parte suburetral da vagina e/ou de seus ligamentos de sustentação. De acordo com tal teoria, sem a integridade anatômica do assoalho pélvico, ocorre um desequilíbrio entre as forças que determinam a abertura e o fechamento do colo vesical e da uretra proximal, ocasionando a perda urinária. Esses defeitos anatômicos podem ainda levar à ativação prematura do reflexo de micção, representada clinicamente pela hiperatividade do detrusor.
Classificação
 	A incontinência urinária é classificada em transitória (reversível) e estabelecida (persistente). Esta última é subdividida em incontinência de urgência, de esforço, de transbordamento (hiperfluxo) e mista, conforme será detalhado a seguir. 
Incontinência transitória ou reversível
A incontinência urinária transitória é caracterizada pela perda involuntária de urina na ausência de disfunção do trato urinário inferior. É provocada por eventos clínicos agudos, potencialmente reversíveis (Quadro 63.2). Esse tipo de incontinência tem sido referido como “incontinência relacionada a situações potencialmente reversíveis”
Incontinência Estabelecida 
A incontinência estabelecida refere-se à variedade não causada por comorbidades clínicas ou efeito colateral de medicamentos, que persiste ao longo do tempo. Relaciona-se aos seguintes mecanismos fisiopatológicos: hiperatividade ou hipoatividade do detrusor, alteração da pressão uretral, obstrução da saída vesical e distúrbios funcionais. A incontinência estabelecida é classificada, de acordo com a sintomatologia clínica, em: urgência, esforço, transbordamento (hiperfluxo) funcional e mista. 
Incontinência de urgência e bexiga hiperativa
A incontinência de urgência ou urge-incontinência é a mais comum em pacientes idosos de ambos os sexos. Caracteriza-se clinicamente por intenso desejo de urinar (urgência), seguido da perda involuntária de volume de urina, que pode ser de moderado a grande. É desencadeada por contrações não inibidas da bexiga, referidas como hiperatividade do detrusor, condição que, geralmente, ocorre na presença de função contrátil normal. Idosos fragilizados, entretanto, podem apresentar incontinência na presença de detrusor hiperativo, mas hipocontrátil, caracterizando-se a denominada “hiperatividade do detrusor com redução da contratilidade”. Essa condição se manifesta, clinicamente, com urgência, frequência, jato urinário fraco e grande volume residual, sintomas que se confundem com aqueles provocados por obstrução mecânica do fluxo urinário. O diagnóstico diferencial é obtido com base na urodinâmica. A bexiga hiperativa é uma síndrome caracterizada por urgência urinária com ou sem incontinência, em geral acompanhada de frequência e noctúria. Pode ocorrer em consequência de doenças neurológicas tais como esclerose múltipla, doença de Parkinson, AVC e demência, mas em muitos casos o seu mecanismo fisiopatológico permanece desconhecido
Incontinência de esforço
Incontinência de esforço ocorre quando aumentos na pressão intra-abdominal superam a pressão de fechamento esfincteriano, na ausência de contrações vesicais. É o tipo de incontinência mais comum em mulheres jovens e o segundo mais comum em mulheres idosas. É causada, na mulher, por deslocamento da uretra de sua posição anatômica durante esforços (hipermotilidade uretral) ou por deficiência esfincteriana intrínseca, decorrente de trauma cirúrgico; no homem, ocorre por deficiência esfincteriana, consequência de lesão causada por prostatectomia radical. 
Incontinência por transbordamento (hiperfluxo)
O termo “incontinência por transbordamento ou de hiperfluxo” é utilizado para descrever o quadro de gotejamento ou perda contínua de urina, associada a esvaziamento vesical incompleto, jato urinário fraco, esforço miccional, intermitência, hesitação, frequência e noctúria. A incontinência por transbordamento é provocada por dois mecanismos distintos: hipocontratilidade do detrusor e obstrução da saída vesical. Hipocontratilidade do detrusor ocorre em 5 a 10% dos idosos, como consequência de hipoestrogenismo, de neuropatia periférica e de lesão das vias eferentes do detrusor (herniação discal, estenose do canal medular, tumores). Obstrução da saída ocorre, no homem, em consequência de aumento da próstata ou estenose uretral e, nas mulheres, devido a lesões uretrais cicatriciais e a prolapso vesical e uterino volumosos. 
Incontinência mista
Esta modalidade refere-se à coexistência de mais de um tipo de incontinência em um mesmo paciente. É a variedade de incontinência mais frequente na mulher. O suposto mecanismo fisiopatológico envolve a associação de hiperatividade do detrusor com redução da função esfincteriana. 
Incontinência funcional
Trata-se da incontinência que acomete pacientes sem comprometimento dos mecanismos controladores da micção. Deve-se à incapacidade desses pacientes para alcançar o toalete a tempo de evitar a perda de urina, seja por limitações físicas, transtornos psíquicos, déficit cognitivo, hostilidade ou limitações ambientais (iluminação inadequada, banheiros e urinóis de difícil acesso). Pacientes idosos hospitalizados, não prontamente atendidos pelo corpo de enfermagem ou por cuidador durante o desejo de urinar, podem tornar-se, com o tempo, funcionalmente incontinentes
Avaliação clínica 
A história, o exame físico e o exame de urina são suficientes como guia inicial para o diagnóstico e tratamento da maioria dos pacientes portadores de incontinência; portanto, devem ser realizados em todos os pacientes idosos incontinentes. 
História
O relato da história da função vesical deve ser dirigido, já que grande parte dos pacientes não menciona perda de urina espontaneamente. Devem-se contemplar os seguintes componentes: 
· Início, curso e características da incontinência; a frequência e o volume das perdas, os sintomas associados (urgência, esforço, frequência, noctúria, polaciúria, esforço, hesitação) 
· Fatores precipitantes (medicamentos, bebidas cafeinadas, álcool, atividade física, tosse, riso) 
· Função intestinal (constipação intestinal, fecaloma) 
· Doenças neurológicas (doença de Parkinson, demência, neuropatias)
· Doenças que provocam expansão de volume intravascular (insuficiência cardíaca, insuficiência venosa) 
· Quantidade de líquido ingerida 
· Cirurgia do aparelho geniturinário, cirurgias pélvicas, dilatações uretrais, radiações, infecções recorrentes do trato urinário 
· Lista de medicamentos. 
Exame físico
No examefísico devem ser enfatizados os seguintes aspectos: 
· Extremidades inferiores: mobilidade articular, edema
· Aparelho cardiovascular (sinais de insuficiência cardíaca congestiva [ICC]) 
· Abdome: massas, dolorimento, distensão vesical 
· Exame retal: massas; impactação fecal; consistência, simetria e tamanho estimado da próstata
· Exame neurológico detalhado, com ênfase na integridade das vias sacrais (sensibilidade perineal, tônus do esfíncter anal, reflexo bulbocavernoso), na sensibilidade e nos reflexos dos membros inferiores (patelares, Babinski) 
· Avaliação cognitiva e funcional 
· Avaliação para depressão.
Exames complementares 
Exames laboratoriais 
· Urinálise e urinocultura devem ser realizados em todos os portadores de incontinência. Para pacientes selecionados, indicam-se: dosagem de eletrólitos, de ureia, de creatinina, de cálcio e glicemia (insuficiência renal, síndromes poliúricas); além de citologia urinária, avaliação ginecológica e urológica.
Testes clínicos 
· Teste do estresse: É indicado para mulheres que apresentam sintomas que sugiram incontinência de esforço ou mista. Realiza-se do seguinte modo: pede-se à paciente para se levantar, para relaxar e tossir vigorosamente uma única vez, observando se ocorre perda instantânea ou retardada de urina pela uretra. Perda instantânea sugere incontinência de esforço; perda retardada, especialmente se volumosa e difícil de ser controlada, sugere hiperatividade do detrusor induzida pela tosse. Um absorvente (papel ou outro material) deve ser colocado no nível do períneo.
· Medida do volume residual pós-miccional : A medida do volume residual pós-miccional pode ser obtida por cateterização ou ultrassom. É indicado nas seguintes situações: para homens com urgência urinária, antes de se iniciar medicação anticolinérgica; para mulheres submetidas a cirurgia anti-incontinência que apresentam recorrência da incontinência; para pacientes que não respondem a tratamento empírico com anticolinérgicos; para pacientes com infecções urinárias recidivantes; para portadores de hipoatividade do detrusor ou de obstrução do fluxo urinário; para pacientes com episódios recorrentes de retenção urinária; e para pacientes portadores de neuropatia periférica.
· Testeuro dinâmico: Embora seja considerado o padrão-ouro para o estudo fisiológico da incontinência, o teste urodinâmico não deve ser indicado como rotina, pois além de não ser essencial para o diagnóstico, é invasivo e dispendioso. Sua indicação, entretanto, é fundamental quando terapêutica invasiva é planejada
Tratamento
O sucesso do tratamento da incontinência urinária depende, antes de tudo, de planejamento adequado e de abordagem multifatorial, que inclui a remoção dos fatores precipitantes e a introdução de uma terapêutica em passos, em que as medidas não farmacológicas precedam às farmacológicas, e estas, às medidas cirúrgicas. 
Incontinência Transitória
As estratégias para o tratamento da incontinência urinária transitória visam reconhecer e tratar as causas reversíveis, reduzir as doses e/ou suspender medicamentos envolvidos, recuperar a mobilidade e providenciar modificações ambientais que facilitem o acesso do indivíduo ao toalete.
Incontinência estabelecida
O tratamento da incontinência estabelecida inclui medidas não farmacológicas, farmacológicas e cirúrgicas. As medidas não farmacológicas envolvem mudanças no estilo de vida, terapias do comportamento, dispositivos mecânicos e elétricos e exercícios para os músculos do soalho pélvico. As medidas farmacológicas se baseiam na utilização de fármacos anticolinérgicos, de relaxantes da parede vesical, de agonistas e de antagonistas alfa-adrenérgicos.
Incontinência de urgência 
O tratamento usual da incontinência de urgência inclui mudanças no estilo de vida e terapias comportamentais, isoladas ou associadas a farmacoterapia com antimuscarínicos, conforme apresentados anteriormente. Quadros refratários têm sido tratados com toxina botulínica e eletroestimulação. 
Incontinência de esforço na mulher
Os tratamentos mais eficazes para a incontinência de esforço na mulher são a fisioterapia do soalho pélvico e as intervenções cirúrgicas. As indicações e a eficácia dos exercícios para o soalho pélvico foram abordadas anteriormente. A cirurgia, de uma maneira geral, oferece índices de cura elevados, inclusive em mulheres idosas; conceitualmente, consiste nos seguintes procedimentos: colpossuspensão de Burch; instalação de faixas pubovaginais de suporte (slings); injeção periuretral de colágeno; prótese esfincteriana. 
Incontinência de esforço no homem 
Muitos pacientes submetidos a prostatectomia radical apresentam incontinência de esforço no pós-operatório, quadro que se resolve espontaneamente em 6 a 12 meses, na maioria dos casos. Quando a incontinência persiste, são indicados esfíncteres artificiais e (slings suburetrais, associados à fisioterapia do soalho pélvico. 
Incontinência por transbordamento 
O tratamento da incontinência por transbordamento, tanto no homem quanto na mulher, depende do mecanismo etiológico (obstrução mecânica do fluxo urinário ou hipoatividade do detrusor). Pode incluir intervenção cirúrgica, intervenção clínica ou ambos. Portadores de obstrução do fluxo urinário serão encaminhados para avaliação cirúrgica. Os não selecionados para cirurgia podem ser tratados, clinicamente, com antagonistas alfa-adrenérgicos. Para portadores de hipoatividade do detrusor de origem idiopática ou neurogênica são indicados: estimulação sacral, redução ou supressão de medicamentos anticolinérgicos e de beta-agonistas, tratamento da impactação fecal e cateterização vesical intermitente, em número suficiente para manter um volume vesical menor do que 500 ml. Se volumes maiores forem registrados, deve-se aumentar o número de cateterizações. 
Incontinência mista 
Muitas mulheres idosas apresentam sintomas e achados urodinâmicos concomintantes de incontinência de esforço e de urgência. Para essas pacientes, uma combinação de imipramina, associada aos exercícios do soalho pélvico, pode melhorar o quadro. Se o sintoma predominante for urgência, a combinação de fisioterapia do soalho pélvico com um antagonista colinérgico é uma boa opção. 
Incontinência funcional 
Os pacientes com incontinência funcional são tratados com medidas ambientais e comportamentais, associadas a reabilitação física, controle dos distúrbios psiquiátricos e apoio social.
Consequências 
· Lesões perineais;
· Quedas e fraturas;
· Úlceras de pressão;
· Prejuízo do sono;
· Infecções urinárias;
· Isolamento social;
· Depressão;
· Conotação de maus hábitos de higiene;
· Mal-estar;
· * Perda da auto estima"
· Constrangimento:
A cada 3 pessoas que sofrem de incontinência urinaria, apenas uma não se sente constrangida em falar sobre o assunto com familiares, amigos ou com profissionais médicos;
· Consequências: sociais, psicológicas, ocupacionais, domésticas, sexuais;
· Restrições de atividades;
· Demora a procurar ajuda;
· Sentimentos de ansiedade, receio, preocupação, baixa autoestima, frustração;
· Autoexclusão do convívio social;
· Sentimento de impotência;
· Desconforto e constrangimento;
· Perdas materiais;
· Vergonha;
· Demora na procura de ajuda profissional:
· Relacionam com a velhice ou ao processo fisiológico da idade
Conclusão 
A incontinência urinária no idoso é um problema médico prevalente, de alta morbidade e de alto custo financeiro, não relatado espontaneamente por metade dos indivíduos afetados e, frequentemente, subdiagnosticado e subtratado por muitos médicos, que ainda interpretam o problema como um evento normal do envelhecimento. Atribuir esse problema ao envelhecimento constitui um equívoco que pode conduzir o paciente a múltiplas situações mórbidas, à perda da convivência social e à internação em asilos. Os profissionais, inclusive os de atenção primária, devem se preparar para reconhecer os mecanismos da incontinência, para identificar suas causas, para tratá-las ou, no mínimo, para encaminhar os portadores para centros especializados, onde possam ser adequadamenteconduzidos.
Curiosidade 
A prevalência da IU em todo o mundo varia entre 25 e 45%5 . No entanto, outros estudos evidenciaram a prevalência média de IU entre 27,6% em mulheres e 10,5% em homens. Ela está presente em aproximadamente 20 a 23% das mulheres na faixa etária dos 30 aos 39 anos, crescendo para 25 a 30%, entre 40 e 49 anos, mantendo-se até entre 75 e 89 anos, quando ocorre um novo aumento para 30 a 35%. Após os 90 anos, a prevalência alcança 35%, podendo atingir até 50% das mulheres em alguma fase de suas vidas
Curiosidade 2
Entender a fisiopatologia da infecção urinária (causas etiológicas, tipos, diagnóstico e tratamentos e suas consequências, de modo que interfira na vida do idoso).
Fisiopatologia
O trato urinário, dos rins ao meato uretral, é normalmente estéril e resistente à colonização bacteriana apesar da contaminação frequente da uretra distal com bactérias colônicas. A principal defesa contra infecções do trato urinário é o esvaziamento completo da bexiga durante a micção. Outros mecanismos que mantêm a esterilidade do trato urinário incluem a válvula vesicoureteral e várias barreiras mucosas e imunológicas.
Cerca de 95% das infecções do trato urinário ocorrem quando bactérias ascendem a uretra para a bexiga e, no caso de pielonefrite, ascendem do ureter para os rins. O restante das infecções é hematogênica. Infecções sistêmicas podem resultar de uma infecção do trato urinário, principalmente em idosos. Cerca de 6,5% dos casos de bacteremias adquiridas em hospital são atribuídos a uma infecção do trato urinário.
A infecção do trato urinárionão complicada geralmente é considerada cistite ou pielonefrite que ocorre em mulheres adultas na pré-menopausa sem nenhuma anormalidade estrutural ou funcional do trato urinário e que não estão grávidas e não têm nenhuma comorbidade significativa que pode levar a resultados mais graves. Além disso, alguns especialistas consideram infecções do trato urinário como problemas simples, mesmo que afetem mulheres na pós-menopausa ou pacientes com diabetes bem controlado. Nos homens, a maioria das infecções do trato urinário ocorre em crianças ou idosos, são decorrentes de alterações anatômicas ou instrumentação e são consideradas complicadas.
As raras infecções do trato urinário que ocorrem em homens dos 15 aos 50 anos de idade costumam ocorrer naqueles que fazem sexo anal desprotegido ou nos quais o pênis não foi circuncisado, e elas geralmente são consideradas simples. Infecções do trato urinário em homens nessa faixa etária que fazem sexo anal desprotegido ou cujo pênis não foi circuncisado são muito raras e, embora também sejam consideradas não complicadas, justificam avaliação para anormalidades urológicas.
A infecção do trato urináriocomplicada pode envolver um ou outro sexo em qualquer idade. Geralmente é considerada pielonefrite ou cistite que não preenche os critérios para ser considerada não complicada. A uma infecção do trato urinário é considerada complicada quando o paciente é criança, está grávida ou tem um dos seguintes:
Anormalidade estrutural do aparelho urinário ou funcional e obstrução do fluxo de urina Comorbidade que aumenta o risco de contrair a infecção ou resistência ao tratamento, como diabetes mal controlado, doença renal crônica, ou imunossupressão. Instrumentação ou cirurgia recente do trato urinário
Fatores de risco
Os fatores de risco do desenvolvimento de uma infecção do trato urinário em mulheres incluem:
· Relações sexuais
· Diafragma e uso de espermicida
· Uso de antibióticos
· Novo parceiro sexual no último ano
· História de infecções do trato urinário em parentes de 1º grau do sexo feminino
· História de infecções do trato urinário recorrentes
· Primeira uma infecção do trato urinário em idade precoce
Mesmo a utilização de preservativos revestidos de espermicidas aumenta o risco de uma infecção do trato urinário nas mulheres. O maior risco de uma infecção do trato urinário em mulheres que utilizam antibióticos ou espermicidas provavelmente decorra de alterações na flora vaginal que permitem o crescimento excessivo de Escherichia coli. Em mulheres mais velhas, a contaminação do períneo por incontinência fecal aumenta o risco.
Anormalidades anatômicas, estruturais e funcionais são fatores de risco de uma infecção do trato urinário. Uma consequência comum das anormalidades anatômicas é o refluxo vesicoureteral, presente em 30 a 45% das crianças pequenas com uma infecção do trato urinário sintomáticas. O refluxo vesicoureteral é geralmente causada por um defeito congênito que resulta em incompetência da válvula ureterovesical. O refluxo vesicoureteral também pode ser adquirido em pacientes com bexiga flácida em decorrência de lesão da coluna ou depois de cirurgia do trato urinário. Outras alterações anatômicas que predispõem à uma infecção do trato urinário são válvulas uretrais (anomalia obstrutiva congênita), a maturação tardia do colo vesical, os divertículos vesicais e as duplicidades uretrais (ver Visão geral das anomalias renais e geniturinárias congênitas).
Anomalias do trato urinário estruturais e funcionais que predispõem a infecções do trato urinário geralmente envolvem a obstrução do fluxo de urina e baixo esvaziamento da bexiga. O fluxo de urina pode ser comprometido por cálculos e tumores. O esvaziamento da bexiga pode ser prejudicado por disfunção neurogênica (ver Bexiga neurogênica), gestação, prolapso uterino, presença de cistocele e hipertrofia da próstata. Uma infecção do trato urinário causadas por fatores congênitos se manifestam com mais frequência na infância. A maioria dos outros fatores de risco é mais comum em idosos.
Outros fatores de risco de uma infecção do trato urinário incluem instrumentação (p. ex., cateterismo vesical, colocação de stent, cistoscopia) e cirurgia recente.
Causa
A causa infecciosa na maior parte das vezes é bacteriana, podendo porém, ser causada por fungos. Quando adquirida na comunidade, a ITU é geralmente causada pela bactéria Escherichia coli (70% a 85% dos casos), seguido por outros tipos como o Staphylococcus saprophyticus, espécies de Proteus e de Klebsiella e o Enterococcus faecalis. Já quando adquirida em ambiente hospitalar, os agentes são bastante diversificados, predominando as enterobactérias, embora a E. coli também seja uma das mais frequentes. 
Etiologia
As bactérias que mais causam cistite e pielonefrite são:
· Geralmente, bactérias aeróbias gram-negativas entéricas (mais comum)
· Bactérias gram-positivas (menos comum)
Em tratos geniturinários relativamente normais, cepas de Escherichia coli com fatores de ligação específicos para epitélio transicional da bexiga e ureteres representam 75 a 95% dos casos. O restante dos patógenos gram-negativos urinários inclui normalmente outras enterobactérias, tipicamente Klebsiella, Proteus mirabilis e, às vezes, Pseudomonas aeruginosa. Entre as bactérias gram-positivas, Staphylococcus saprophyticus está presente em 5 a 10% das infecções do trato urinário bacterianas. Infecções do trato urinário bacterianas gram-positivas menos comuns são Enterococcus faecalis (estreptococos do grupo D) e Streptococcus agalactiae (estreptococos do grupo B), que podem ser contaminantes, particularmente se presentes em pacientes com cistite não complicada.
Em pacientes hospitalizados, E. coli é responsável por 50% dos casos. As espécies Gram-negativas Klebsiella, Proteus, Enterobacter, Pseudomonas e Serratia são responsáveis por cerca de 40%; e cocos Gram-positivos E. faecalis e S. saprophyticus e Staphylococcus aureus, são responsáveis pelo restante.
Tipos
Os principais tipos de infecção urinária são:
· cistite: infecção na bexiga;
· uretrite: infecção no canal da uretra;
· pielonefrite: infecção nos rins.
A infecção urinária mais comum é a infecção na bexiga (cistite), sendo também a que mais facilmente é tratada. Normalmente o organismo infecioso ascende do exterior pela uretra e infeta a bexiga. Em algumas situações a infecção pode propagar-se até ao rim originando a infecção renal (pielonefrite). A infecção localizada nos rinsgeralmente necessita de tratamento mais prolongado e maior vigilância dado o seu potencial para se disseminar para o resto do organismo (sépsis).
As infeções localizadas apenas à uretra (uretrite) são provocadas geralmente por agentes transmitidos por via sexual e são mais típicas do sexo masculino (a mulher possui a uretra muito curta e a infecção transmite-se diretamente à bexiga). Geralmente a infecção da uretra caracteriza-se pelo aparecimento de um corrimento (“escorrência”) uretral, límpido ou esbranquiçado (“leitoso”) consoante o tipo de infecção.
Algumas pessoas são afetadas por várias infeções urinárias ao longo da vida: a presença de 2 infeções urinárias em 6 meses ou 3 infeções urinárias num ano é considerado infecção urinária de repetição e deverá ser investigado mais aprofundadamente.
Alguns casos, o tratamento inicial pode não ser eficaz: o microorganismo pode ser resistente ou o tratamento não ter a duração ideal. Nestas situações é frequente as pessoas melhorarem inicialmente mas recidivaram em pouco tempo.
Diagnóstico
O diagnóstico da infecção urinária é feito pelos sintomas do doente e pelo exame da urina (análises de sumária de urina tipo 2 e cultura da urina). Em alguns casos pode ser necessário realizar um estudo imagiológico complementar para adquirir mais informações como a Ecografia ou a Tomografia computorizada (TC ou TAC). Se procura um médico urologista em Portugal, selecione o seu concelho.
Tratamento
A infecção urinária normalmente tem origem em bactérias e o tratamento baseia-se nos antibióticos. Outros medicamentos que se associam frequentemente aos antibióticos são os anti-inflamatórios (ex. ibuprofeno) ou os analgésicos para aliviar a dor e desconforto Em relação a tratamento ou remédio caseiro o melhor complemento natural à medicação prescrita pelo médico é a ingestão abundante de água, contribuindo tanto para a cura como para a prevenção (profilaxia). É importante o doente fazer a medicação da forma como foi prescrita, durante o tempo recomendado pelo médico, sob o risco de falhar o tratamento e a infecção se tornar crónica e mais difícil de debelar. Não existem alimentos a evitar nas infeções urinárias pois estes não interferem na duração da infecção ou no tratamento. No entanto, alguns doentes referem que os alimentos ácidos, os picantes ou as bebidas gaseificadas podem agravar as queixas e como tal, para estes doentes, será preferível evitar este tipo de alimentos. Na infecção urinária persistente ou recorrente é importante, além do tratamento agudo, determinar os factores de risco presentes e corrigir estes de modo o prevenir o reaparecimento da infecção. A duração do tratamento vai variar com o tipo de infecção e com o tipo de antibiótico indicado: algumas infeções da bexiga ou da uretra (uretrites e cistite) necessitam apenas de uma dose única (fosfomicina) ou até 5 dias de antibiótico (amoxicilina), enquanto que nas infeções do rim ou da próstata pode ser necessário tomar os comprimidos durante duas ou mais semanas. Nas infeções sexualmente transmitidas deverá ser sempre tratado o casal em conjunto e evitar relações sexuais desprotegidas enquanto não acabar o tratamento. É previsível que a recuperação ou melhoria clinica surja nos primeiros dias após iniciar o tratamento e, se tal não acontecer, deverá ser reavaliado pelo seu médico. O doente nunca deve em caso algum automedicar-se, devendo sempre realizar o tratamento de acordo com a prescrição médica.
Consequência
Observou-se, neste estudo, que 44,4% das idosas relataram perder urina, a maioria perdendo pouca quantidade, em média uma vez por semana, tendo os sintomas se iniciado há mais de um ano. Apesar de apresentarem baixa autoestima, esta não estava correlacionada aos sinais e sintomas da IU. A baixa autoestima é uma condição não rara em idosos, sendo que vários fatores podem contribuir, além da IU. O impacto da incontinência na vida das mulheres sofre alterações conforme a idade, renda familiar, grau de escolaridade, tipo de incontinência, frequência e quantidade das perdas, além dos fatores culturais e sua percepção de saúde. O número reduzido e a homogeneidade da amostra avaliada podem ter influenciado os resultados deste estudo, constituindo, assim, limitação para o mesmo, sendo que os resultados encontrados também não devem ser generalizados. Faz-se necessário realizar novas pesquisas com a população de mulheres idosas, para que se conheçam seus sentimentos em relação à IU, condição frequente nesta faixa etária.
Conhecer a iatrogenia e seus tipos, correlacionando com o caso clínico.
Os efeitos adversos das intervenções médicas (iatrogenia) constituem-se em eventos não intencionais que resultam em dano, complicações, incapacidade, aumento do tempo de internamento e morte, os quais resultam de cuidados e gerenciamento de saúde, e não da doença de base. O envelhecimento aumenta a prevalência de multimorbidade e, consequentemente, do aumento no consumo de fármacos. Torna-se lógica a expectativa de serem encontradas maiores de reações adversas e/ou de interações medicamentosas nessa faixa etária (Gorzoni, 1995; Lantz, 2002). Por isso, a iatrogenia passou a ser considerada uma das síndromes geriátricas. Outro fator predisponente é o fato de um paciente ser assistido por múltiplos profissionais, de diversas especialidades, que prescrevem intervenções e medicamentos e não se comunicam entre si (Green (et al., 2007). Todo sinal ou sintoma de instalação subsequente ao início de novo medicamento ou ao aumento de dose deve levantar a suspeita de ser de causa farmacológica. Anti-hipertensivos, diuréticos e hipnóticos podem, por exemplo, provocar hipotensão ortostática e/ou quedas e induzir à progressiva imobilidade. Outras circunstâncias, como o consumo excessivo ou a retirada abrupta de fármacos, contribuem constantemente para o desenvolvimento de estados confusionais agudos, como no casso dos benzodiazepínicos (Gorzoni, 1995). Deve-se pensar em efeito adverso de medicamentos quando o paciente idoso apresentar, de forma aguda ou subaguda, declínio funcional, confusão mental, déficit cognitivo, distúrbios comportamentais, sintomas depressivos, queixas de tonturas, alterações da marcha e do equilíbrio, quedas repetidas, incontinência urinária e/ou fecal. As síndromes extrapiramidais também estão relacionadas com o uso de medicamentos e a sua ocorrência é mais comum em idosos (Costa, 2002). O Quadro 82.8 mostra os e feitos adversos por idade em pacientes idosos hospitalizados
Recomendações para a prática clínica
Uma maneira de minimizar esse erro diagnóstico causado pelas apresentações atípicas das doenças em idosos é fazer uma avaliação considerando os seguintes passos (Flaherty & Zwiker, 2010): 
· Abordagem baseada em problemas e não em diagnósticos, permitindo, dessa forma, levantar para um problema várias etiologias. Caso a anamnese inclua queixas relacionadas com o nível de consciência e/ou à cognição é necessário colher a história também com familiares e cuidadores e, se possível, consultar documentos médicos anteriores 
· O exame físico deve ser criterioso e focado nos problemas. A avaliação do paciente deve incluir uma observação cuidadosa sobre o seu comportamento, flutuações no nível de consciência, inquietação, ansiedade, desconforto, sinais indiretos de dor, incontinência, sinais de negligência e maus-tratos, dispneia, taquipneia, alterações da marcha e equilíbrio, fadiga, dentre outros. Muitas vezes, a repetição do exame permite identificar flutuações no quadro clínico que são importantes para o diagnóstico correto 
· A análise crítica das informações prévias, além de ser importante para determinar se estamos frente a uma apresentação atípica, permite, também, determinar a urgência ou não do quadro clínico. O uso de protocolos e de algoritmos é útil por permitir a comparação de resultados, detectando pequenas alterações que, de outro modo, passariam despercebidas, assim como permite intervenções passo a passo. Entretanto, é bom ter em mente que o pleomorfismo das apresentações das doenças nosidosos pode ser tão amplo que impossibilite a sua abordagem em protocolos 
· Deve-se ter em mente que um sintoma ou grupo de sintomas resulta de várias doenças e de múltiplos fatores e que as Síndromes Geriátricas e sinais e sintomas inespecíficos podem ser a apresentação de qualquer doença em idosos
· Fazer o inventário dos medicamentos em uso, bem como das mudanças de posologia e retiradas recentes 
· Realizar sempre a avaliação geriátrica ampla (AGA), também conhecida por avaliação geriátrica global ou avaliação multidimensional do idoso, englobando os aspectos físicos, cognitivos, funcionais, psicológicos e sociais
Por Yan Slaviero Augusto
 Tutoria
 Aula 2
Período 3- Módulo 3 - Tutoria 2 por Yan Slaviero Augusto

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