Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tutori� 2 Ciclo Cardíaco Objetivos: 1. Explicar o ciclo cardíaco e suas fases 2. Compreender o processo de excitação-contração e suas alterações 3. Entender a relação do sistema nervoso autônomo e a regulação do bombeamento cardíaco 4. Elucidar os mecanismos de controle da pressão arterial 5. Caracterizar o infarto agudo do miocárdio Objetivo 1: Explicar o ciclo cardíaco e suas fases; Ciclo cardíaco: O ciclo cardíaco é a somatória dos eventos de contração e relaxamento que ocorrem em decorrência dos estímulos elétricos nos miócitos cardíacos. Ele se inicia no final da sístole atrial e termina após um novo ciclo de contração e relaxamento atrioventricular. O ciclo cardíaco é formado por 6 fases no total, são elas: 1. Contração isovolumétrica; 2. Ejeção ventricular; 3. Relaxamento isovolumétrico; 4. Enchimento Rápido; 5. Diástase; 6. Sístole atrial. 1: Contração isovolumétrica A contração isovolumétrica marca o início da sístole ventricular e vai até a abertura das valvas semilunares. Nesse período, o volume ventricular permanece constante — o que explica o seu nome. O início dessa fase coincide com o pico da onda R no eletrocardiograma e com o início da primeira bulha cardíaca. 2: Ejeção ventricular Na sequência da abertura das valvas semilunares, ocorre a ejeção ventricular, que se subdivide em duas fases, a ejeção rápida e a ejeção lenta. Durante a fase de ejeção rápida, há um aumento abrupto na pressão ventricular e aórtica, redução acentuada no volume ventricular e grande aumento no fluxo sanguíneo da aorta. Já a fase de ejeção lenta inicia-se após a curva de redução do volume ventricular diminuir de velocidade, um pouco antes do pico de pressão sistólica aórtica. 3: Relaxamento isovolumétrico. A fase de ejeção ventricular termina com o fechamento das semilunares, dando início a fase de relaxamento isovolumétrico, caracterizada por rápida queda de pressão ventricular sem alteração de volume. Essa fase perdura até a abertura das valvas atrioventriculares (AV). 4: Enchimento rápido. Assim que ocorre a abertura das valvas AV, inicia-se a fase de https://med.estrategia.com/portal/aluno-de-medicina/dicas-de-estudo/arritmia-supraventricular/ enchimento rápido. Dessa forma, o sangue que está nos átrios passa rapidamente para os ventrículos relaxados. Com isso, há reduções nas pressões atriais e ventriculares e aumento súbito do volume ventricular. 5: Diástase Esse processo evolui para a diástase que equivale a uma fase de enchimento ventricular lento pelo sangue que vem das veias cavas e da veia pulmonar enquanto as valvas AV permanecem abertas. 6: Sístole Atrial Por fim, a sístole atrial ocorre na sequência da onda P do eletrocardiograma e consiste em uma contração atrial que termina de encher os ventrículos de sangue. Ela promove um pequeno aumento das pressões atriais, ventriculares e venosas e do volume ventricular. Dessa maneira, chega ao fim o ciclo cardíaco. Objetivo 2: Compreender o processo de excitação-contração e suas alterações Um potencial de ação ocorre e uma onda despolarizante percorre o sarcolema, abrindo os canais rápidos de sódio e os canais de cálcio dependentes de voltagem. O cálcio do meio extracelular entra na célula e inicia a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático através dos receptores de rianodina, num processo denominado cálcio induz a liberação de cálcio. Potencial de ação abre os canais de sódio e cálcio, e cálcio entra no sarcolema. Os íons cálcio também entram no sarcoplasma pelo trocador sódio/cálcio atuando no modo reverso, na proporção 3 sódio fora, 1 cálcio dentro. O cálcio é liberado para o sarcoplasma, onde se liga à troponina C. (enzima cardíaca - ICT), que interage com a tropomiosina (proteína longa e fina, constituída por duas cadeias polipeptídicas enroladas em forma de hélice). Essa combinação do Cálcio + TC modifica a configuração espacial das três subunidades de troponina e desloca a molécula de tropomiosina em direção ao sulco da hélice de actina. Em consequência, tornam-se expostos os locais de ligação da actina com a miosina, ocorrendo interação das cabeças da miosina com a actina. Expõe o sítio ativo da actina. A combinação dos íons Ca2+ com a subunidade TnC corresponde à fase em que o complexo miosina-ATP é ativado. Como resultado da ponte entre a cabeça da miosina e a subunidade de actina, o ATP libera difosfato de adenosina (ADP), fosfato inorgânico (Pi) e energia. Ocorre uma deformação da cabeça e de parte do bastão das moléculas de miosina, aumentando a curvatura da cabeça. Como a actina está combinada com a miosina, o movimento das cabeças da miosina traciona o filamento de actina, promovendo seu deslizamento sobre o filamento de miosina, a sístole. Para que o músculo relaxe é necessário remover o cálcio do sarcoplasma. A recaptação do cálcio é realizada por uma bomba localizada na membrana do retículo sarcoplamatico, denominada SERCA que utiliza ATP como fonte de energia e faz a retirada da maior parte do cálcio do sarcoplasma. A SERCA é modulada pelo fosfolambano, uma proteína que inibe a atividade da SERCA. A estimulação beta adrenérgica fosforila o fosfolambano, que alivia a inibição e a recaptação de cálcio é estimulada. O aumento do cálcio citoplasmático atuando via calmodulina dependente de proteína quinase é também um estímulo para a fosforilação do fosfolambano. O cálcio recapturado pela SERCA é armazenado ligado a uma proteína que organiza o retículo sarcoplasmático e permite que o cálcio esteja pronto para ser liberado próximo ao receptor de rianodina. A calsequestrina se liga ao cálcio com alta capacidade e baixa afinidade. Outra proteína que organiza calsequestrina com os receptores de rianodina é a triadina e a junctina, formando um complexo organizado de armazenamento para liberação. Além de o cálcio ser retirado do sarcoplasma pela SERCA, ele pode ser retirado para o meio extracelular pela bomba sódio/cálcio, que no modo à frente faz o efluxo de cálcio, movido pelo acumulo de cálcio no sarcoplasma e a bomba de cálcio do sarcoplasma, que move o cálcio para o meio extracelular com energia do ATP. O cálcio é removido, a troponina I inibe a interação da actina com a miosina, o músculo relaxa, ocorre a diástole. Objetivo 3: Entender a relação do sistema nervoso autônomo e a regulação do bombeamento cardíaco O coração tem seu próprio marcapasso mas pode ser modulado diretamente pelo SNA alterando diversas funções: ● Cronotropismo: capacidade de modular a atividade elétrica quanto a frequência de disparos ● Dromotropismo: capacidade de modular a atividade elétrica quando a velocidade de condução ● Inotropismo: capacidade de modular a força de contração miocárdica ● Lusinotropismo: capacidade de modular o relaxamento miocárdico Os SNA simpático e parassimpático são capazes de modular os efeitos cronotrópicos e dromotrópicos, sendo o simpático com efeito positivo (aumenta) e o parassimpático negativo (diminui). ● Simpático: Aumenta ● Parassimpático: Diminui A contratilidade cardíaca modulada principalmente pelo SNA simpático, enquanto o SNA parassimpático leva redução da contratilidade. Em repouso, predomina o tônus parassimpático, com um efeito “desacelerador”. ● Acetilcolina: Efeito negativo no cronotropismo e dromotropismo. ● Noradrenalina: Efeito cronotrópico positivo. A ação da acetilcolina sobre receptores aumenta a condutância/passagem do íon potássio, levando à hiperpolarização da membrana celular, o que prolonga o tempo de condução ao nodo atrioventricular e desacelera o coração (efeito cronotrópico e dromotrópico negativos). Acetilcolina: Se liga a receptores, aumenta a quantidade de íons potássio, hiperpolariza a membrana, aumenta o tempo de condução do nodo atrioventricular e desacelera o coração. Já a descarga simpática, com a liberação de noradrenalina sobre os receptores adrenérgicos, ativa a adenilato ciclase que aumenta o AMPc intracelular, que por sua vez ativa a PKA. O resultado dessa ativação simpática é a despolarização do nodosinoatrial e aumento da frequência cardíaca (efeito cronotrópico positivo). Noradrenalina: Se liga a receptores, despolariza o nodo sinoatrial e aumenta a frequência cardíaca. A ação adrenérgica também leva a um aumento da permeabilidade ao íon cálcio, que cursa com aumento da concentração desse íon no meio intracelular, aumentando a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático e, consequentemente, resulta no aumento da força de contração (efeito inotrópico positivo). Frente a ação simpática, a recaptação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático também está aumentada, o que promove maior relaxamento da fibra miocárdica (efeito lusinotrópico positivo). _______________________________ Nos vasos sanguíneos, a ação simpática fornece uma frequência de potenciais que mantém o tônus vascular (como uma leve vasoconstrição). Quando ocorre uma redução da frequência de potenciais de ação, se reduz o tônus simpático e, consequentemente, o tônus da musculatura vascular, permitindo dilatação do vaso. Caso haja um aumento da frequência de disparos pelo sistema autônomo, aumenta-se o tônus vascular e, consequentemente, ocorre uma vasoconstrição. Assim, a descarga simpática é fundamental para o controle da resistência vascular periférica e também do fluxo pelo sistema vascular. Uma vez que o fluxo depende da variação de pressão do sistema e da resistência vascular periférica. Nem todos os leitos vasculares respondem da mesma maneira a ação das catecolaminas, enquanto a pele e a circulação esplênica efetuam uma contração vascular pronunciada com o aumento do tônus simpático, a circulação cerebral e coronariana é menos responsiva, pois nestes leitos a o predomínio da regulação local da perfusão. Assim, frente a algum evento que leve a perda sanguínea, o aumento do tônus simpático por consequência do trauma vai levar a um direcionamento maior de sangue para aquelas regiões em que há menor resistência vascular, ou seja, haverá uma priorização da circulação cerebral e coronariana. Objetivo 4: Elucidar os mecanismos de controle da pressão arterial Reflexo barorreceptor (N): Reflexos rápidos que visam manter a PA constante por meio de aferências no SN simpático e parassimpático. 1: Detecção de alteração na PA pelos barorreceptores (sulco carotídeo e arco da aorta). 2: Estímulo é enviado ao tronco cerebral pelo nervo vago (responde a maiores PA) ou glossofaríngeo (responde a menores PA). 3: Integração no trato-solitário (comanda alterações nos centros vasomosomotores) ativando fibras simpáticas e parassimpáticas. O sistema nervoso simpático. Parassimpático: Nó sinoatrial para diminuir a pressão cardíaca. (bradicardia). Simpático: Atua de 4 formas no reflexo barorreceptor: Atua no nó SA (aumentando a FC). Atua na musculatura cardíaca (aumentando a força de contratilidade do coração, débito cardíaco e a pressão arterial). *Envia fibras para as arteríolas (contribuem para a resistência periférica total)> Causa uma vasoconstrição na musculatura gerando um aumento da resistência periférica total. Vasoconstrição venosa. Sistema renina angiotensina-aldosterona: Sistema lento e responde a menor PA. Etapas: 1: Diminuição da PA e detecção de mecanoreceptores nas arteríolas diferentes. renais. 2: Células da justaglomerular iniciam a secreção de renina que vai pro plasma e converte angiotensinogênio em angiotensina I que vira a angiotensina 2 (por uma enzima conversora de angiotensina ECA - no pulmão e rins). Atua na vasoconstrição das arteríolas, na secreção de aldosterona (amplifica o efeito da angiotensina 2 aumentando a absorção de sódio e água), atua no hipotálamo na sede e ingestão de água. e no rim na reabsorção de sódio e bicarbonato (+ água). Quimiorreceptores centrais e periféricos: Centrais: são sensíveis a mudanças na pressão parcial de CO2. Periféricos: Mudanças na pressão parcial de O2. São ativados em situações de emergência de risco iminente de órgãos vitais. EX: CO2 elevado no cérebro, os quimiorreceptores vão detectar e tentam redirecionar o fluxo sanguíneo do cérebro aumentando a resistência vascular periférica total e causando uma vasodilatação. Barorreceptores cardiopulmonares: Detectam variações no volume sanguíneo (câmaras cardíacas) e estão relacionados a secreção do peptídeo natriurético natural (PNA) relacionado a excreção de sódio e água para regular a PA. Objetivo 5: Caracterizar o infarto agudo do miocárdio Popularmente conhecido como ataque cardíaco, o Infarto Agudo do Miocárdio é um processo de morte do tecido (necrose) de parte do músculo cardíaco por falta de oxigênio, devido à obstrução da artéria coronária. Essa obstrução ocorre, em geral, pela formação de um coágulo sobre uma área previamente comprometida por aterosclerose (placa de gordura), causando estreitamentos dos vasos sanguíneos do coração, e que pode levar à morte súbita. O Setor de Cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein define o infarto agudo do miocárdio, ou ataque cardíaco, como um processo de morte das células de uma região do músculo do coração devido à formação de um coágulo que interrompe o fluxo sanguíneo de forma súbita e intensa. Na maioria dos casos, o infarto ocorre quando há o rompimento de uma dessas placas, levando à formação do coágulo e interrupção do fluxo sanguíneo, que resulta na diminuição da oxigenação das células do músculo cardíaco (miocárdio). O infarto pode ocorrer em diversas partes do coração, e isso dependerá de qual artéria foi obstruída. Em casos raros o infarto pode acontecer por contração da artéria, interrompendo o fluxo de sangue ou por desprendimento de um coágulo originado dentro do coração e que se aloja no interior dos vasos. Essas condições podem ser atendidas por meio de elevação de biomarcadores cardíacos (preferencialmente, troponina cardíaca [cTn]) acima do 99th percentil do limite superior de referência (LSR) e pelo menos um dos seguintes: ● Sintomas da isquemia ● Alterações eletrocardiográficas indicativas de nova isquemia (alterações significativas no ST/T ou bloqueio do ramo esquerdo) ● Desenvolvimento de ondas Q patológicas ● Evidências nas imagens de nova lesão do miocárdio ou nova alteração da contração segmentar da parede ● Evidências na angiografia ou autópsia de trombo intracoronário Critérios ligeiramente diferentes são usados para diagnosticar IM durante e após intervenção coronariana percutânea ou cirurgia de revascularização do miocárdio, e como causa de morte súbita. O IM também pode ser classificado em 5 tipos com base na etiologia e circunstâncias: ● Tipo 1: IM espontâneo causado por isquemia devido a um evento coronário primário (p. ex., ruptura, erosão ou fissuras na placa; dissecção coronária) ● Tipo 2: Desbalanceamento entre oferta/demanda - isquemia devido a aumento da demanda de oxigênio (p. ex., hipertensão), ou diminuição do fornecimento (p. ex., espasmo ou embolia arterial coronariana, arritmia, hipotensão). ● Tipo 3: relacionado com a morte cardíaca inesperada e súbita ● Tipo 4a: associado com intervenção coronariana percutânea. Tipo 4b: associado com trombose do stent documentada ● Tipo 5: associado com revascularização do miocárdio. https://www.einstein.br/especialidades/cardiologia/doencas-sintomas/infarto-do-miocardio https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/vis%C3%A3o-geral-das-s%C3%ADndromes-coronarianas-agudas-sca#v934946_pt
Compartilhar