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PORTUGUÊS e Literatura 2° Ano - Ensino Médio CONTEÚDOS: Realismo-Naturalismo Realismo na Europa Realismo-Naturalismo em Portugal Realismo no Brasil Naturalismo Termos da oração Figuras de linguagem Parnasianismo Parnasianismo no Brasil Parnasianismo em Portugal Simbolismo – contexto histórico Simbolismo em Portugal Simbolismo no Brasil Orações subordinadas LITERATURA ORIENTAÇÕES: 1. Leia a apostila com atenção e responda às lições que conseguir. 2. Use um caderno para as respostas e anote o número da página de cada exercício. 3. Tire as dúvidas com o professor e não escreva nada neste material. REALISMO NATURALISMO O CORTIÇO [...] Algumas lavadeiras enchiam já as suas tinas; outras estendiam nos coradouros a roupa que ficara de molho. Principiava o trabalho. Rompiam das gargantas os fados portugueses e as modinhas brasileiras. Um carroção de lixo entrou com grande barulho de rodas na pedra, seguido de uma algazarra medonha algaraviada pelo carroceiro contra o burro. E, durante muito tempo, fez-se um vaivém de mercadores. Apareceram os tabuleiros de carne fresca e outros de tripas e fatos; só não vinham hortaliças, porque havia muitas hortas no cortiço. Vieram os ruidosos mascates, com as suas latas de quinquilharia, com as suas caixas de candeeiros e objetos de vidro e com o seu fornecimento de caçarolas e chocolateiras, de folha-de-flandres. [...] A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a ―Machona‖, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo. Tinha duas filhas, uma casada e separada do marido, Ana das Dores, a quem só chamavam a ―das Dores‖ e outra donzela ainda, a Nenen, e mais um filho, o Agostinho, menino levado dos diabos, que gritava tanto ou melhor que a mãe. A das Dores morava em sua casinha à parte, mas toda a família habitava no cortiço. Ao lado da Leandra foi colocar-se a sua tina a Augusta Carne-Mole, brasileira, branca, mulher de Alexandre, um mulato de quarenta anos, soldado de polícia, pernóstico, de grande bigode preto, queixo sempre escanhoado e um luxo de calças brancas engomadas e botões limpos na farda, quando estava de serviço. Também tinham filhos, mas ainda pequenos, um dos quais, a Juju, vivia na cidade com a madrinha que se encarregava dela. AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 34. Ed. São Paulo, Ática, 1999. Vocabulário: tina: vasilha usada para carregar água e lavar roupas. alcunha: apelido. algaraviado: falado de modo confuso. pernóstico: afetado, pedante. fato: intestino de qualquer animal. escanhoado: bem barbeado. Folha-de-flandres: folha de ferro estanhado, usada na fabricação de utensílios. ATIVIDADES: 1- Nos dois primeiros parágrafos, o narrador destaca algumas atividades que ocorrem no cortiço. Sua intenção é: a) Fazer um retrato fiel das personagens e denunciar as injustiças sociais. b) Idealizar a mulher, como uma fuga à realidade. 2- Ao fazer uma descrição, o usuário da língua sempre recorre a sensações: visuais, olfativas, auditivas, táteis... Na primeira parte do texto, que sensações foram privilegiadas? Justifique sua resposta com um trecho do texto. 3. A que construções dos dias de hoje, podemos comparar ao Cortiço de Aluísio de Azevedo? a) favelas b) condomínios de luxo c) casas de classe média O REALISMO NA EUROPA Realismo é a denominação genérica da reação aos ideais românticos que caracterizou a segunda metade do século XIX. De fato, as profundas transformações vividas pela sociedade europeia exigiam uma nova postura diante da realidade; não havia mais espaço para as exageradas idealizações românticas. Portanto, o Realismo tem de ser analisado a partir de um novo ponto de referências: a Europa vive a segunda fase da Revolução Industrial, ao mesmo tempo que conhece o desenvolvimento do pensamento científico e das doutrinas filosóficas e sociais. Durante a segunda metade do século XIX, difundem-se o pensamento dialético de Hegel, o positivismo de Augusto Comte, o socialismo científico de Marx e Engels, o evolucionismo de Darwin. Refletindo essa nova ordem, é publicado na França, em 1857, Madame Bovary, de Gustave Flaubert, considerado o primeiro romance realista da literatura universal. CARACTERÍSTICAS DO REALISMO Veracidade – Desprezando a imaginação romântica, o realista procura narrar fatos que tenham seus correspondentes na realidade exterior. Contemporaneidade – Ao contrário dos românticos, que se evadiam par um mundo situado no passado ou no futuro, o realista procura a realidade que lhe é contemporânea. Retrato fiel das personagens – Na busca da verdade, o realista prefere retratar tipos concretos, vivos, não-idealizados. É comum a caracterização de indivíduos que representem aspectos negativos da natureza humana: o avarento, o covarde, o ambicioso, o fraco, o mesquinho, a adúltera, a prostituta etc. Gosto pelos detalhes específicos – Objetivando precisão e fidelidade, o realista não abre mão dos detalhes e minúcias na caracterização das personagens e ambientes, na observação de atitudes e sentimentos. Isso também contribui para uma certa lentidão da narrativa. Materialização do amor – Ao contrário do romântico, que tem uma visão espiritual e sentimental do amor, o realista volta-se para o aspecto físico. O homem passa a ver a mulher como objeto de prazer e é comum a temática do adultério e dos crimes passionais. Denúncia das injustiças sociais – Acreditando numa função social da arte, os realistas fazem dela uma arma de combate e denuncia das diferenças sociais, mostrando os preconceitos, a hipocrisia, a ambição dos homens e a exploração das classes menos favorecidas. Determinismo e relação entre causa e efeito – O realista procura uma explicação lógica para as atitudes das personagens, considerando a soma de fatores que justificam suas ações. Na literatura naturalista, dá- se ênfase ao instinto, ao meio ambiente e à hereditariedade como forças determinantes do comportamento dos indivíduos. Linguagem próxima à realidade e preocupação formal – O universo semântico do realista retrata a realidade cotidiana. A linguagem realista é simples, natural, correta, clara e equilibrada. REALISMO-NATURALISMO EM PORTUGAL O divisor de águas entre o Romantismo e o Realismo em Portugal foi a Questão Coimbrã (1865), polêmica travada entre Antônio Feliciano de Castilho, poeta romântico radicado em Lisboa, e Antero de Quental, radicado em Coimbra e líder de jovens estudantes que sonhavam com uma cultura portuguesa reformista, dinâmica, livre do conservadorismo e dos modelos clássicos e adeptos das discussões sobre as questões sociais e políticas, sob a ótica objetiva do Realismo. Entre os autores portugueses, destacam-se: Eça de Queiroz (1845 – 1900), Antero de Quental (1852 - 1891) e Cesário Verde 1855-1886. ● EÇA DE QUEIRÓS 1845-1900 (Póvoa de Varzim - Portugal /Jornalista e Advogado) José Maria Eça de Queiroz é considerado até os dias de hoje como sendo um dos principais representantes do realismo português. Estilo: Tendo iniciado sua trajetória literária sob influência romântica (O mistério da estrada de Sintra), passou a escrever, na sua segunda fase, obras de forte conteúdo crítico sobre a burguesia e o clero, ora apenas realista, ora com elementos naturalistas. Produziu um painel da sociedade portuguesa, dos comportamentos femininos, das ambições masculinas, da corrupção do clero de então e minuciosas descrições de vários ambientes sociais lisboetas do fim do século XIX. Seu primeiro romance de grande êxito foi O primo Basílio, cujo tema é o adultério feminino. Em O crime do padre Amaro faz uma violenta crítica ao clero católico. Em Os Maias, descreve o mundo social lisboeta, sua ânsia de acesso à ―civilização‖ e o deslumbramento por tudo que possa parecer chique. Principaisobras: A Cidade e as Serras; A Ilustre Casa de Ramires, A Relíquia, A Tragédia da Rua das Flores, As Farpas Contos e Prosas Bárbaras, O Crime do Padre Amaro, O Mandarim, O Mistério da Estrada de Sintra, O Primo Basílio, Os Maias e Uma Campanha Alegre. Fragmentos de O primo Basílio “Luísa ergueu-se num salto, lívida. Era Jorge! Amarrotou convulsivamente a carta, quis escondê- la no bolso − o roupão não tinha bolso! E desvairada, sem reflexão, arremessou-a para o sarcófago.” “Mas que explosão de felicidade, quando, depois de tanta espionagem, de tanta canseira, apanhou enfim a carta no sarcófago! Correu ao sótão, leu-a avidamente, e quando viu a importância da ‘coisa’ arrasara-se-lhe os olhos de lágrimas, arremessou a sua alma perversa para as alturas, bradando em si, num triunfo: - Bendito seja Deus! Bendito seja Deus!” “- Pois bem, digo-te. Tu afora está boa, podes ouvir... Luísa! vivo num inferno há duas semanas. Não posso mais...Tu estás boa, não é verdade? Pois bem, que quer dizer isto? Diz a verdade! Juliana, a empregada E estendeu-lhe a carta de Basílio.” chantagista. Eça de Queirós traça um retrato pormenorizado da tradicional família da média burguesia de Lisboa. O livro narra a história de Luísa, jovem sonhadora e leitora de romances, que se envolve com seu primo e primeiro amor, Basílio, enquanto o marido, Jorge, viaja a negócios. O Primo Basílio é um romance realista, um estudo de caso, pois representa um fato social visto através de uma convicção realista. Luísa é a personificação da tendência mórbida de uma época e aí está a moralidade incisiva do livro: a moral do romance não está no fato de que a personagem principal morre depois da queda, está em que ―ela não podia deixar de cair‖. O autor nos impõe um caráter negativo, uma personagem títere e não uma pessoa moral. Luísa é uma mulher conveniente e enfadonha que, como ser inerte que apenas é empurrada por Basílio. O REALISMO NO BRASIL (1881 – 1893) O movimento literário chamado Realismo teve início no Brasil a partir da publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, em 1881. O Realismo brasileiro sofreu influências do Realismo francês. A nova mentalidade literária é motivada pelas últimas conquistas da filosofia e das ciências. O Realismo surgiu como um a reação ao subjetivismo, individualismo e eu românticos. Em seu lugar surgem o objetivismo e o impersonalismo do artista. A razão, a pesquisa, procuram retratar o homem e a sociedade a partir da observação do ambiente, dos costumes, das atitudes, dos comportamentos, procurando as causas dos fatos e fenômenos que abordam.’ PRINCIPAIS AUTORES ● MACHADO DE ASSIS 1839-1908 (Rio de Janeiro-RJ / Jornalista) Considerado como o maior nome da literatura brasileira. Machado de Assis sempre teve em suas obras a predominância do pessimismo e da ironia. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, e suas obras passaram por muitos gêneros literários, entre eles o realismo. Estilo: A obra ficcional de Machado de Assis tendia para o Romantismo em sua primeira fase, mas converteu-se em Realismo na segunda, na qual sua vocação literária obteve a oportunidade de realizar a primeira narrativa fantástica e o primeiro romance realista brasileiro em Memórias Póstumas de Brás Cubas (sua magnum opus). Ainda na segunda fase, Machado produziu obras que mais tarde o colocariam como especialista na literatura em primeira pessoa (como em Dom Casmurro, onde o narrador da obra também é seu protagonista). Principais obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro. MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. Era isto Virgília, e era clara, muito clara, faceira, ignorante, pueril, cheia de uns ímpetos misteriosos; muita preguiça e alguma devoção, - devoção, ou talvez medo; creio que medo.” ( fragmento de Memórias Póstumas de Brás Cubas) Em Memórias Póstumas de Brás Cubas podemos notar todo o estilo irônico do autor, aqui com suas baterias voltadas contra as idealizações românticas que haviam moldado o gosto do público leitor. Repare que Machado parte de uma adjetivação que nos leva a montar um perfil da heroína romântica (a mais atrevida, a mais voluntariosa, bonita, fresca, carregada de feitiço, faceira) para só num segundo momento provocar a ruptura: ignorante, pueril, preguiçosa. DOM CASMURRO Capítulo CXXII – Olhos de ressaca Enfim, chegou a hora de encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas... As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã. (fragmento de Dom Casmurro) http://pt.wikipedia.org/wiki/1839 http://pt.wikipedia.org/wiki/1908 http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_brasileira http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Realismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3rias_P%C3%B3stumas_de_Br%C3%A1s_Cubas http://pt.wikipedia.org/wiki/Magnum_opus Dom Casmurro é um retorno de machado de Assis à narração em primeira pessoa; Bentinho/D.Casmurro é o personagem-narrador que tenta ―atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência‖. À primeira vista, o romance parece girar em torno de um provável adultério: Bentinho é casado com Capitu; desconfia que Ezequiel, o filho, seja de Escobar, amigo do casal; o ciúme doentio de Bentinho leva à dissolução do casamento (eles se separam de fato, mas não socialmente – Capitu e o filho vivem na Europa a pretexto de um tratamento de saúde de Capitu. ● RAUL POMPÉIA (Jornalista) Raul d’Ávila Pompéia nasceu a 12 de abril de 1863, em Jacuacanga, Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Tem uma vida agitada, envolve-se em várias polêmicas, cria inimizades e atravessa crises depressivas. Abandonado pelos amigos, caluniado nos meios jornalísticos e intelectuais, suicida-se em 1895, no dia de Natal. Obras: O Ateneu, Canções sem Metro (poemas em prosa), A Mão de Luís Gama, As Jóias da Coroa, Uma Tragédia no Amazonas. Raul Pompéia entrou para a história da literatura graças a um único livro: O Ateneu. O Ateneu – crônica de saudades, como o próprio subtítulo indica, é um livro de memórias, ou seja, o tempo da ação é anterior ao tempo da narração. O personagem Sérgio, já adulto, narra seu tempo de aluno interno no Ateneu. O ATENEU “Vais encontrar o mundo”, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. “Coragem para a luta!” Bastante experimentei depois a verdade desse aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente,que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.(fragmento da obra) O NATURALISMO Os ideais do Realismo levados às últimas consequências originaram o que se chamou de Naturalismo, que considera o ser humano como um produto biológico, profundamente marcado pelo meio ambiente, pela educação, pelas pressões sociais e pela hereditariedade. Todos esses fatores determinam a sua condição, o seu comportamento. O escritor naturalista observa, estuda, segue o seu personagem de perto, para entender as causas do seu comportamento e chegar ao conhecimento objetivo dos fatos e situações. O mulato, de Aluísio de Azevedo, publicado em 1881, foi o primeiro grande romance naturalista brasileiro. CARACTERÍSTICAS DO NATURALISMO: O Naturalismo acentuou as características do Realismo e destacou-se pela incorporação dos seguintes elementos: ● Visão determinista e mecanicista do homem (O homem é considerado como um animal sujeito a forças que determinam o seu comportamento: o meio, o instinto, a hereditariedade e o momento.) ● Cientificismo (O ―homem‖ analisado cientificamente.) ● Personagens patológicas (Personagens mórbidas, adúlteras, psiquicamente desequilibradas, assassinos, bêbados,miseráveis etc.) ● Crítica social e reformismo (Denunciando o drama da existência, os naturalistas visavam a modificações que alterassem o quadro negativo da realidade social.) ● Incorporação de termos científicos e profissionaisRINCIPAIS AUTORES: ● ALUÍSIO AZEVEDO 1857 – 1913 (São Luís-MA / Jornalista e Diplomata) Aluísio Azevedo é o principal representante do Naturalismo na literatura do Brasil. Crítico impiedoso da sociedade brasileira, seus temas prediletos foram a luta contra o preconceito racial e os vícios presentes, indistintamente, em todas as classes sociais. Em sua prosa naturalista o autor explora a narrativa lenta, impessoal, rebuscada em detalhes minuciosos e a tomada da postura analítica e científica. Em O Mulato, publicado em 1881, expõe a preocupação com as classes marginalizadas, critica o conservadorismo e o clero. Obras: O Mulato, Casa de Pensão, O Cortiço, O Homem, O Coruja. O MULATO Raimundo era mulato, filho do branco José Pedro da Silva e da escrava Domingas. Morto o pai, Raimundo, ainda criança, é mandado pelo tio Manuel a Lisboa, para estudar. O mulato, a certo momento de sua vida, mesmo antes de retornar ao Brasil, começa a indagar de suas origens, que Manuel e Mariana envolvem em mistérios e ocultam. Leia abaixo um fragmento da obra: Muito custou à bondosa Mariana separar-se de Raimundo. Doía àquele coração amoroso ver expatriar-se, assim, tão sem mãe, uma pobre criança de cinco anos. O pequeno, todavia, depois de preparado com todo o desvelo, foi metido, a chorar, dentro de um navio, e partiu. No colégio era o único estudante que se chamava Raimundo e os colegas ridicularizavam-lhe o nome: “Raimundo Mundico Nico!” diziam-lhe, puxando-lhe a blusa e batendo-lhe na cabeça tosquiada à escovinha: até que ele se retirava enfiado, sem querer tornar ao recreio, a chorar e a berrar que o mandassem para a sua terra. Mas, com o tempo, apareceram- lhe amigos e a vida então se lhe afigurou melhor. Já faziam as suas palestras; os companheiros não se cansavam de pedir-lhe informações sobre o Brasil. “Como eram os selvagens?... E se a gente encontrava, pelas ruas, mulheres despidas; e se Raimundo nunca fora varado por alguma flecha dos caboclos.” O CORTIÇO Já na obra O Cortiço, publicada em 1890, Aluísio Azevedo defende o ideal republicado. De forma materialista positivista, valoriza os instintos naturais das personagens e expõe as condições degradantes. A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a “Machona”, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo. Tinha duas filhas, uma casada e separada do marido, Ana das Dores, a quem só chamavam a “das Dores” e outra donzela ainda, a Nenen, e mais um filho, o Agostinho, menino levado dos diabos, que gritava tanto ou melhor que a mãe. A das Dores morava em sua casinha à parte, mas toda a família habitava no cortiço. ● INGLÊS DE SOUSA 1853 — 1918 (Óbidos-Portugal / Jornalista, Advogado, Professor e Político) Herculano Marcos Inglês de Sousa foi o introdutor do Naturalismo no Brasil, mas seus primeiros romances não tiveram repercussão. Tornou-se conhecido com O missionário (1891), que, como toda sua obra, revela influência de Zola. Nesse romance, descreve com fidelidade a vida numa pequena cidade do Pará, revelando agudo espírito de observação, amor à natureza, fidelidade a cenas regionais. Principais obras: O Cacaulista (1976), História de um Pescador (1977), O Coronel Sangrado (1977), O Missionário (1891) e Contos Amazônicos (1893). Em outras circunstâncias, colocado em meio diverso, talvez que padre Antônio de Morais viesse a ser um santo, no sentido puramente católico da palavra, talvez que viesse a realizar a aspiração da sua mocidade, deslumbrando o mundo com o fulgor das suas virtudes ascéticas e dos seus sacrifícios inauditos. Mas nos sertões do Amazonas, numa sociedade quase rudimentar, sem moral, sem educação... vivendo no meio da mais completa liberdade de costumes, sem a coação da opinião pública, sem a disciplina duma autoridade espiritual fortemente constituída... sem estímulos e sem apoio... devia cair na regra geral dos seus colegas de sacerdócio, sob a influência enervante e corruptora do isolamento, e entregara-se ao vício e à depravação, perdendo o senso moral e rebaixando-se ao nível dos indivíduos que fora chamado a dirigir. (SOUSA, Inglês de. O missionário. São Paulo: Ática, 1987, p. 198). ● ADOLFO CAMINHA 1867-1897 (Aracati-CE / Jornalista) Adolfo Caminha foi um dos representantes mais relevantes do naturalismo brasileiro. Polêmico, escreveu obras com temas censurados pela literatura tradicional, como “Bom- Criolo”, romance em que fala sobre homossexualismo. O escritor também tinha fortes ideais políticos, apoiando a república e a abolição da escravatura. Autor de algumas das obras-primas do Naturalismo como A Normalista e Bom-Crioulo. Devido a sua morte prematura aos 30 anos, deixa dois romances pela metade, “Ângelo” e “O Emigrado”. Estilo Descreve crimes em suas obras, cheias de tragédias. O naturalismo de Caminha retrata os vícios do homem, a sexualidade, a traição e o homossexualismo, sem fugir da polêmica. O estilo de escrita era simples, com uma linguagem acessível. Obras Principais: • A Normalista (1892), Bom Crioulo (1895), A Tentação (1896) - romances • Judith (1893), Lágrimas de um Crente (1893) - contos • Voos Incertos (1855-6) - poesia • Cartas Literárias (1895) - crítica • No País dos Ianques (1894) - crônica A Normalista é a história chocante de um incesto em que a personagem principal é seduzida pelo padrinho. Já O Bom Crioulo trata das minorias sexuais condicionadas pelo ambiente. O personagem Amaro, O Bom Crioulo, se envolve amorosamente com um jovem grumete, que acaba sendo seduzido por uma portuguesa. A descoberta da traição leva Amaro a assassinar seu amante. "Seguia-se o terceiro preso, um latagão de negro, muito alto e corpulento, figura colossal de cafre, desafiando, com um formidável sistema de músculos , a morbidez patológica de toda uma geração decadente e enervada, e cuja presença ali, naquela ocasião, despertava grande interesse e viva curiosidade: era o Amaro, gajeiro da proa, - o Bom-Crioulo na gíria de bordo.""Aleixo passava nos braços de dois marinheiros, levado como um fardo, o corpo mole, a cabeça pendida para trás, roxo, os olhos imóveis, a boca entreaberta. O azul-escuro da camisa e a calça branca tinham grandes nódoas vermelhas. O pescoço estava envolvido num chumaço de panos. Os braços caíam-lhe, sem vida, inertes, bambos, numa frouxidão de membros mutilados." (O Bom Crioulo, fragmento) REALISMO E NATURALISMO: DISTINÇÕES O Naturalismo não é independente do Realismo. Ambos têm como objeto de observação a realidade exterior; ambos são postos em relevo pela literatura no mesmo período. O Naturalismo incorporou ao Realismo o cientificismo da época, o determinismo e a crença de que os homens estariam condicionados pela hereditariedade, pelo meio e pelas circunstâncias, criando daí romances que são verdadeiras teses científicas, nos quais o artista cria situações de causa e efeito para melhor descrever atitudes e personalidades, evidenciando preocupações patológicas. ATIVIDADES: 1. Qual foi o primeiro romance realista da literatura universal e quem o escreveu? 2. Sobre Eça de Queiroz, qual sua importância para a literatura e qual foi seu romance de grande êxito? 3. Quando teve origem o Realismo no Brasil e quais os seus dois principais autores? 4. O Realismo surgiu como reação a quais aspectos do Romantismo? a) Surgiu como uma reação ao subjetivismo, individualismo e eu românticos. b) Surgiu como uma continuidade do subjetivismo e individualismo românticos. 5. Como os realistas procuram retratar o homem e a sociedade? a) De forma idealizada e irreal. b) Com veracidade e contemporaneidade. 6. Baseando-se na obra de Dom Casmurro de Machado de Assis, é correto afirmar que: a) Bentinho, o personagem-narrador desconfia que sua mulher esteja lhe traindo com Escobar e que seu filho Ezequiel é o fruto dessa traição. b) Bentinho, o personagem-narrador, tem certeza da traição de sua mulher, Capitu, com Escobar. 7. A expressão ―Olhos de ressaca‖ empregada como título do fragmento da obra Dom Casmurro de Machado de Assis, já visto na apostila, tem a intenção de melhor descrever o olhar de Capitu ao ver seu possível amante morto em um caixão. Copie a alternativa que melhor traduz a expressão “Olhos de ressaca” nessa cena. a) “...enxugou as lágrimas depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala.” b) “... os olhos de Capitu fitaram o defunto, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.” 8. Como o ser humano é considerado pelo Naturalismo? a) Retratam o homem e a sociedade a partir da observação do ambiente, dos costumes, das atitudes, procurando a causa dos fatos e fenômenos que abordam. b) Retratam o homem e a sociedade a partir do seu olhar subjetivo, fantasioso e que nada tem a ver com a realidade. 9. Qual foi o primeiro grande romance naturalista brasileiro e quem o escreveu? 10. Cite quais foram os principais autores do Naturalismo brasileiro. 11. Identifique os autores naturalistas dos fragmentos abaixo (Inglês de Sousa/Adolfo Caminha/Aluísio Azevedo): a) Seguia-se o terceiro preso, um latagão de negro, muito alto e corpulento, figura colossal de cafre, desafiando, com um formidável sistema de músculos , a morbidez patológica de toda uma geração decadente e enervada... b) Em outras circunstâncias, colocado em meio diverso, talvez que padre Antônio de Morais viesse a ser um santo, no sentido puramente católico da palavra, talvez que viesse a realizar a aspiração da sua mocidade, deslumbrando o mundo com o fulgor das suas virtudes ascéticas e dos seus sacrifícios inauditos. c) No colégio era o único estudante que se chamava Raimundo e os colegas ridicularizavam-lhe o nome: “Raimundo Mundico Nico!” diziam-lhe, puxando-lhe a blusa e batendo-lhe na cabeça tosquiada à escovinha... GRAMÁTICA FIGURAS DE LINGUAGEM As figuras de linguagem empregam-se para enriquecer a expressão oral ou escrita. Dividem-se em: figuras de palavras, figuras de pensamento, figuras de construção e figuras de som. Figuras de palavras (ou tropos) As principais figuras de palavras são: comparação, metáfora, catacrese, metonímia, perífrase e sinestesia. 1. Comparação (ou símile) - estabelece um paralelo entre dois elementos, destacando a semelhança entre eles. Exemplo: O homem é forte como (=qual, parecido com etc.) um touro. (comparação da força do homem com a do touro, que apresenta a imagem de vigor) Observação: Na comparação aparece um conectivo comparativo. (como, igual etc.) 2. Metáfora - é uma comparação subjetiva entre dois termos sem o uso de conectivo. Exemplo: O homem era um touro. (semelhante a um touro) 3. Catacrese - é uma metáfora pobre. É o emprego de palavras fora do seu sentido real, por falta de termo próprio. Exemplos: pés da cadeira; céu da boca; embarcar de avião. Observação: Alguns autores consideram a catacrese como um vício de linguagem. 4. Metonímia - é o emprego de um termo em lugar de outro, baseado numa relação de afinidade. Há metonímia, por exemplo, quando se usa: a) O autor pela obra. Exemplo: E bom ler Fernando Pessoa (=a obra) b) O efeito pela causa. Exemplo: Devemos respeitar os cabelos brancos. (A expressão “cabelos brancos” representa a “velhice”, que é a causa dos “cabelos brancos”. c) O continente pelo conteúdo. Bebi um copo cheio. (= líquido) d) A marca pelo produto. Aprecio um porto. (= vinho) e) A parte pelo todo. Exemplo: Cabeças atravessam a avenida. (= pessoas) f) O abstrato pelo concreto. A juventude é corajosa. (= as pessoas jovens) g) O gênero pela espécie. Os mortais não sabem o que fazem. (= os seres humanos) Observação: Atualmente não se costuma fazer distinção entre metonímia e sinédoque. 5. Perífrase (ou antonomásia) - é a substituição de um nome por um de seus atributos ou características. Exemplo: A Cidade Maravilhosa seduz os turistas. (Cidade Maravilhosa = Rio de Janeiro). Observação: Para alguns gramáticos, antonomásia é a perífrase que indica uma pessoa. Exemplo: O Rei do Futebol viajou. (Rei do Futebol = Pelé) 6. Sinestesia - é a mistura de sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplo: Tomei um café quente e gostoso. (quente: sensação tátil; gostoso: sensação gustativa). Figuras de construção (ou de sintaxe) São estas as principais figuras de construção: inversão, anáfora, anacoluto, pleonasmo, assíndeto, polissíndeto, repetição, elipse, zeugma e silepse. 1. Inversão – é a alteração da ordem dos termos da oração. Exemplo: A Deus devemos amar. (= Devemos amar a Deus) 2. Anáfora - é a repetição de uma ou mais palavras no início de versos ou de frases. Exemplo: É tudo tão estranho. É tudo vazio (N.F) 3. Anacoluto- é o corte de um pensamento, substituído por outro. Exemplo: Eu, tudo não passa de intriga. O homem, somos todos incoerentes. 4. Pleonasmo (ou redundância) – é o emprego de palavras redundantes para realçar um pensamento. Exemplo: Essas crianças, eu as observei de longe. 5. Assíndeto - é a supressão da conjunção coordenativa (geralmente e) entre os termos da oração. Exemplo: Trabalhou, comeu, descansou, dormiu. (Não se colocou e antes de dormiu) 6. Polissíndeto - é a repetição da conjunção coordenativa (geralmente e) entre os termos da oração. Exemplo: Trabalhou, e comeu, e descansou, e dormiu. 7. Repetição (ou iteração ou reduplicação) - é a reiteração de palavras para intensificar o pensamento. Exemplo: A menina era bela, bela. 8. Elipse - é a omissão da palavra ou expressão que se subentende facilmente. Exemplo: Espero compreendam! (subentende-se a conjunção que = Espero que compreendam!) 9. Zeugma - é a omissão de uma palavra que foi expressa anteriormente. Exemplo: Roberta gosta de teatro; a irmã, de cinema. (omissão de gosta = Roberta gosta de teatro; a irmã gosta de cinema) 10. Silepse- é a concordância ideológica (com a ideia e não com a palavra expressa). Exemplo: A silepse pode ser de gênero, de número e de pessoa. a) de gênero: São Paulo é muito populosa. b) de número: Os Lusíadas é uma obra-prima. c) de pessoa: Os brasileiros somos trabalhadores. Figuras de pensamento As principais figuras de pensamento são: apóstrofe, antítese, hipérbole, prosopopeia, gradação, ironia, eufemismo, paradoxo, hipálage e litotes. 1. Apóstrofe – é a invocação ou chamamento de alguém ou de algo personificado. Corresponde a um vocativo. Exemplo: Deus, ajude-me! 2. Antítese (ou contraste) - é a oposição de ideias para realçá-las. Exemplo: A vida é feita de alegrias e de tristezas. 3. Hipérbole - é o emprego de uma palavra ou expressão exagerada para dar maior valor expressivo. Exemplo: Há mil anos que não nos víamos. 4. Prosopopeia (ou personificação ou animismo) - é a atribuição de características dos seres humanos a seres inanimados e irracionais. Exemplo: O sol beijava a terra. 5. Gradação (ou clímax) - é o encadeamento de ideias em ordem crescente ou decrescente. Exemplo: Ele gemeu, chorou, gritou desesperadamente. 6. Ironia - é a sugestão do contrário do que as palavras expressam. Exemplo: Que belo serviço!(quando se quer dizer que o serviço não está perfeito) 7. Eufemismo - é a substituição de uma palavra por outra mais suave. Exemplo: Desviou dinheiro. (= roubou) 8. Paradoxo (ou oxímoro) - é a conciliação de ideias opostas, isto é, consiste na atribuição de termos contraditórios à mesma realidade. Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver;/ E ferida que dói, e não se sente;/E um contentamento descontente; E dor que desatina sem doer.” (Camões) 9. Hipálage - é a transferência de uma característica ou qualidade, que logicamente se relaciona a um substantivo, para outro substantivo. Exemplo: O homem fumava um pensativo cigarro. 10. Litotes - é a substituição de um termo ou expressão pela negação de seu oposto, com o objetivo de intensificação. Exemplo: A prova não foi nada fácil.(= A prova foi muito difícil.) Figuras de som (ou recursos fonológicos) São estas as principais figuras de som: aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia. 1. Aliteração - é a repetição de fonemas, simetricamente dispostos. Exemplo: "Vozes veladas, veludosas vozes.. (Cruze Souza) 2. Assonância - é a repetição ordenada de sons vocálicos semelhantes. Exemplo: Sou um mulato nato no sentido lato./ Mulato democrático do litoral. (Caetano Veloso) 3. Paronomásia - é o emprego de palavras semelhantes no som, mas de significados diferentes. Exemplo: “Na tua frente, fico estático e extático.” (estático: imóvel; extático: pasmado) 4. Onomatopeia - é o emprego de palavras que tentam reproduzir sons ou ruídos. Exemplo: tique-taque (do relógio) ATIVIDADES: 1- Reescreva a frase seguinte usando adequadamente o eufemismo: “COMO AQUELE HOMEM É BURRO” 2- Aponte a figura: “Naquela terrível luta, muitos adormeceram para sempre”. a) Antítese b) Eufemismo c) Hipérbole d) Prosopopéia e) Metonímia 3- Na expressão “A natureza pode estar chorando” temos: a) antítese b) catacrese c) ironia d)personificação e) eufemismo 4- “- O zum-zum-zum das crianças no prédio irritou o velho...” a) eufemismo b) prosopopeia c) antítese d) onomatopeia e) hipérbole 5- “Eu já lhe disse um bilhão de vezes para não exagerar quando falar!” a) comparação b) hipérbole c) ironia d) prosopopéia e)catacres PARNASIANISMO CONTEXTO HISTÓRICO Na segunda metade do século XIX, o contexto sociopolítico mudou profundamente. Lutas sociais, tentativas e revolução, novas ideias políticas, científicas. O mundo agitava-se e a literatura não podia mais viver de idealizações e da fuga à realidade. Era necessária uma arte mais objetiva, que atendesse ao desejo de analisar, compreender, criticar e transformar a realidade. Grandes acontecimentos históricos marcaram a geração dos parnasianos brasileiros. A abolição da escravatura em 1888 coincide com a estreia literária de Olavo Bilac. No ano seguinte houve a queda do regime imperial com a Proclamação da República. A transição do século XIX para o século XX representou para o Brasil um período de consolidação das novas instituições republicanas, restauração das finanças e impulso ao progresso material. Um ano após a proclamação da República, instalou-se a primeira Constituição e, em fins de 1891, Marechal Deodoro renuncia ao poder, sendo substituído pelo "Marechal de Ferro", Floriano Peixoto. ORIGEM O Parnasianismo surgiu na França do século XIX e o nome deriva do termo "Parnaso", que na mitologia grega era o monte do deus Apolo e das musas, local em que se encontravam os poetas. Na França, os poetas parnasianos que mais se destacaram foram: Théophile Gautier, Leconte de Lisle e Théodore de Banville. c) uma estética literária de caráter exclusivamente poético, que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. A poesia parnasiana é voltada para onde há o ideal da perfeição estética e a sublimação da "arte pela arte". CARACTERÍSTICAS DO PARNASIANISMO ● Descrição objetiva da realidade: o escritor parnasiano trata os temas baseado na realidade, deixando de lado o subjetivismo, a emoção e o sentimentalismo; ● Impessoalidade e impassibilidade: a visão do escritor não interfere na abordagem dos fatos; indiferença à dor e aos desgostos. ● Valorização da estética e busca da perfeição formal: a poesia é valorizada por sua beleza em si e, portanto, deve ser perfeita do ponto de vista estético; ● Uso de linguagem rebuscada e vocabulário culto: emprego de palavras raras e incomuns, mas exatas, com um único sentido; ● Temas da mitologia grega e da cultura clássica são muito frequentes nas poesias parnasianas; ● Preferência pelos sonetos: composição formada por quatorze versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos; ● Arte pela arte: perfeição na metrificação e nas rimas, o mesmo número de sílabas é usado em cada verso; ● Visão mais carnal que espiritual do amor: enfoque sensual da mulher com ênfase no físico. PARNASIANISMO EM PORTUGAL O movimento em Portugal teve pouca importância. São seus autores: Gonçalves Crespo (brasileiro que mudou para Portugal por ter se casado com uma portuguesa); João Penha e Antônio Feijó. http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/cultura_grega.htm PARNASIANISMO NO BRASIL O Parnasianismo chegou na segunda metade do século XIX e teve força até o movimento modernista (Semana de Arte Moderna de 1922). Considera-se como o marco inicial do Parnasianismo a publicação da obra Fanfarras, de Teófilo Dias, em 1882. Seu término foi em 1893 com o início do Simbolismo. A famosa Tríade Parnasiana Brasileira compõe-se dos poetas Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia. Além da Tríade, devemos destacar o nome de Vicente de Carvalho, que ficou conhecido como “Poeta do Mar” e o de Francisca Júlia, por alguns críticos considerada a voz poética parnasiana mais próxima da impassibilidade. PRINCIPAIS AUTORES: OLAVO BILAC - 1865 – 1918 (Rio de Janeiro-RJ / Jornalista) Foi o primeiro a ser chamado, ainda em vida, de “Príncipe dos Poetas Brasileiros”. Autor do Hino à Bandeira, deu preferência especialmente ao soneto. Nas duas primeiras décadas do século XX, seus sonetos de chave de ouro eram decorados e declamados em toda parte, nos saraus e salões literários da época. Codificou o seu credo estético que se distingue pelo culto do estilo, pela pureza da forma e da linguagem e pela simplicidade. Na última fase, Bilac revela-se mais interiorizado, questionando o sentido da vida e do mundo, as realidades morais e espirituais. Obras principais: Poesias, dividida em ―Panóplias‖, ―Sarças de Fogo‖ e ―Via Láctea‖, Poesias Infantis, e Tarde.Profissão de fé Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto-relevo Faz de uma flor. Imito-o. E, pois, nem de Carrara A pedra firo: O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro. Por isso, corre, por servir-me, Sobre o papel A pena, como em prata firme Corre o cinzel. Corre; desenha, enfeita a imagem, A idéia veste: Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem Azul celeste. (...) Vocabulário: − Ourives: joalheiro que trabalha com ouro. − Carrara: cidade italiana onde se produz o melhor mármore branco. − Cinzel: instrumento cortante para esculpir. Comentário: No poema Profissão de Fé, observamos a importância da escolha das palavras precisas, o cuidado com as frases e o realce no ―polimento‖ dos versos para que o poema se torne uma espécie de objeto precioso, semelhante a uma joia fabricada pelo ourives. ATIVIDADES: ● Todo poema está centrado na comparação entre o trabalho do ourives e o trabalho do poeta. 1- Faça correspondências: (1) ourives – 1ª estrofe ( ) papel (2) prata firme – 3ª estrofe ( ) pena (3) cinzel – 3ª estrofe ( ) poeta 2- Qual a origem da palavra parnasiano? 3- A estética literária parnasiana reagiu contra o quê? 4- Qual a obra que marcou o início do Parnasianismo no Brasil? 5- Quais foram os poetas da famosa tríade parnasiana? 6- Quem foi o poeta parnasiano chamado de Príncipe dos Poetas Brasileiros? http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/semana22 ALBERTO DE OLIVEIRA (1857 – 1937 Palmital de Saquarema-RJ / Farmacêutico) Sua poesia sempre seguiu as rígidas normas da escola parnasiana, ou seja, perfeição formal e métrica rígida. A sua linguagem é cuidadosamente trabalhada, chegando às vezes a ser rebuscada. Os temas giram em torno de objetos, como exemplo podemos citar os sonetos Vaso Grego e Vaso Chinês. Obras principais: Meridionais, Versos e Rimas, Canções Românticas e Sonetos e Poemas. Vaso Chinês ―Estranho mimo aquele vaso! Vi-o. Casualmente, uma vez, de um perfumado Contador sobre o mármor luzidio, Entre um leque e o começo de um bordado. Fino artista chinês, enamorado, Nele pusera o coração doentio Em rubras flores de um sutil lavrado, Na tinta ardente, de um calor sombrio. Mas, talvez por contraste à desventura, Quem o sabe?... de um velho mandarim Também lá estava a singular figura; Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a, Sentia um não sei quê com aquele chim De olhos cortados à feição de amêndoa‖ Vocabulário: Mimo: primor, perfeição. Contador: pequeno armário antigo. Mármor: mármore. Rubras: vermelhas. Sutil: delicado, fino. Lavrado: trabalho manual, ornato em relevo. Mandarim: alto funcionário na antiga China. Singular: única, especial. Comentário: O soneto Vaso Chinês é descritivo e sua finalidade é detalhar um objeto de arte. A atitude do poeta é impessoal, a linguagem e as rimas são ricas. RAIMUNDO CORREIA - 1859 – 1911 (São Luís-MA / Juiz) Em 1883 com o livro Sinfonias, assume o Parnasianismo. Os temas adotados por ele giram em torno da perfeição formal dos objetos. Foi um mestre da construção verbal, caracterizando-se pela escolha perfeita do vocábulo e pelo domínio do verso e da língua. Ele se diferencia um pouco dos demais parnasianos porque sua poesia é marcada por um forte pessimismo, chegando a até ser sombrio. Seus poemas serviam também à ação social e política e muitas vezes tinham um fundo filosófico e ideológico. Obras principais: Primeiros Sonhos, Sinfonias, Versos e Versões, Aleluias, e Poesias. VICENTE DE CARVALHO -1866 – 1924 – (Santos-SP / Advogado, Jornalista e Político) Poeta lírico, ligou-se desde o início ao grupo de jovens poetas de tendência parnasiana. Foi grande artista do verso, da fase criadora do Parnasianismo. Obras principais: Ardentias, Rosa, rosa de amor, Poemas e canções, Versos da mocidade, Páginas soltas e A voz dos sinos. Saudade Belos amores perdidos, Muito fiz eu com perder-vos; Deixar-vos, sim: esquecervos Fora demais, não o fiz. Tudo se arranca do seio, — Amor, desejo, esperança... Só não se arranca a lembrança De quando se foi feliz. Comentário: No poema Saudade, observamos as características parnasianas como: a visão mais carnal do que espiritual do amor, a objetividade e ● descritivismo. FRANCISCA JÚLIA - 1871 – 1920 (Xiririca, hoje Eldorado Paulista-SP) Muito pouco se escreveu sobre o maior vulto feminino do parnasianismo brasileiro. Num universo inteiramente dominado por poetas do sexo masculino, Francisca Júlia provou que mulher também sabia fazer poesia de qualidade. Como poucos, criou versos perfeitos e em nada ficou a dever à chamada Tríade Parnasiana. Na segunda década do século, Francisca Júlia já era uma poetisa há muito consagrada. Aos 46 anos, recebe a maior homenagem que lhe prestaram em vida, quando um grupo de admiradores organizou, em 1917, uma sessão literária e ofereceu seu busto à Academia Brasileira de Letras. Era a consagração da talentosa artífice de versos, da "Musa Impassível", como ficou conhecida. Obras principais: Mármores, Livro da Infância, Esfinges, A Feitiçaria Sob o Ponto de Vista Científico e Alma Infantil. SIMBOLISMO CONTEXTO HISTÓRICO O Simbolismo é originário da França e se iniciou com a publicação de As Flores do Mal, de Baudelaire, em 1857. Esse movimento surgiu nas últimas décadas do século XIX com o objetivo de negar o materialismo que dominava o pensamento da época. O otimismo da era das revoluções sai de cena, cedendo espaço a um olhar mais reflexivo e pessimista, propondo a analisar e atingir a alma humana através de textos que valorizassem as sensações. O final do século XIX representou uma sociedade marcada por um sentimento de total inquietação proveniente das descobertas científicas tanto difundidas pela era do Realismo, que, como toda mudança, desencadeou um processo de indefinições quanto a valores e convicções inerentes ao ser humano. Em consonância com esta problemática, destacava a enorme crise social desencadeada pela disputa econômica entre as grandes potências mundiais com o advento da Revolução Industrial, que obteve como fator resultante, as duas grandes guerras mundiais. Diante disso, o ser humano constituía uma visão patética e dramática perante a sociedade que o cercava, sentindo- se impotente e enclausurado em meio a tantas tensões e contradições. Os artistas retomaram o sentimentalismo subjetivo tanto cultuado pelos românticos, porém partindo para uma visão transcendental influenciada nas ideias de Sigmund Freud: a descoberta pelo “eu” nas camadas mais profundas que habita o ser: o inconsciente e o subconsciente. Diante de uma visão extremamente pessimista do mundo, os simbolistas procuravam no mais profundo “eu” uma resposta para todas estas inquietações procurando solucionar todo este sentimento de angústia. CARACTERÍSTICAS DO SIMBOLISMO ● Subjetivismo: teorias que se voltam ao mundo interior, ao sentimento, à imaginação e à espiritualidade; ● Imprecisão: utilização de palavras que apresentam sentido vago, impreciso e indireto; ● Musicalidade: presença de ecos, comparações, aliterações (repetições de sons consonantais), e assonâncias (repetição de sons vocálicos); ● Pessimismo: os temas mais abordados eram a morte, o destino e a loucura; ● Misticismo: religiosidade e valorização do espiritual; ● Sugere ao invés de descrever; simboliza ao invés de nomear; ● Personificação: utiliza letras maiúsculas em substantivos comuns; ● Desejo de transcendência: deixar a matéria e libertar o espírito; ● Interesse pelo noturno: pelo mistério e pela morte; ● Exploração das zonas desconhecidas da mente humana: o inconsciente e o subconsciente; ● Enfoque espiritualista da mulher: colocando-a num clima de sonho onde predomina o vago, o impreciso.● Sinestesia: o poeta procura estabelecer uma relação entre as palavras e as sensações (tato, olfato, paladar, visão e audição), isto é, pretendiam alcançar o leitor através da sensibilidade e não do raciocínio. SIMBOLISMO EM PORTUGAL Tem início em 1890 com o livro de poemas de Eugênio de Castro, “Oaristos”, e com revistas acadêmicas, durando até 1915, época do surgimento da geração Orfeu, que desencadeia a revolução modernista no país. Os principais autores desse estilo em Portugal seguem linhas diversas, que vão do esteticismo de Eugenio de Castro ao nacionalismo de Antonio Nobre, e outros, até atingirem maioridade estilísticas com Camilo Pessanha: o mais importante poeta simbolista português. PRINCIPAIS AUTORES: EUGENIO DE CASTRO -1869 – 1944 (Coimbra-Portugal / Professor) Entrou para a história da literatura portuguesa com o lançamento do livro de poemas Oaristos. Sua obra pode ser dividida em duas fases: na primeira, a fase simbolista, apresenta algumas características como o uso de rimas novas e raras, novas métricas, sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e musical. Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no século XX, vemos um poeta voltado à Antiguidade Clássica e ao passado português. Obras: Oaristos, Horas Tristes, Constança, Cristalizações da Morte e Últimos Versos, entre muitas outras. ANTONIO NOBRE -1867-1900 (Porto-Portugal / Cientista Político) A debilidade física e a preocupação com a morte foi algo que marcou de forma indelével a sua personalidade, desde logo por ser o mais mimado e superprotegido da família, e concedeu à sua obra o caráter egotista que a caracteriza. Se nos seus poemas pesa o pendor triste, dramático e desesperado, nas suas cartas vibra aqui e além o apego à vida, a esperança da cura e também a alegria. A sua escrita entre 1895 e 1889, com algumas exceções de sonhos de amor e glória, dão largas à amargura e angústia de uma existência vincada pelo medo da morte mas também pela resignação. Em vida, publicou apenas a coletânea Só em 1892. Poeta subjetivo, nacionalista na medida em que incorpora os pescadores e aldeões e notas paisagísticas da terra portuguesa. Aparece na visão místico-religiosa e seu conteúdo temático é religioso. Obras: Só, Despedidas e Primeiros versos, entre muitas outras. CAMILO PESSANHA - 1867-1926 (Coimbra-Portugal / Advogado) Camilo Pessanha é o maior e mais autêntico poeta simbolista português. Foi fortemente influenciado pela poesia do poeta francês Verlaine. Sua poesia mostra o mundo sob a ótica da ilusão, da dor e do pessimismo. O exílio e a desilusão também estão presentes em sua obra e passam a impressão de desintegração do seu ser. A sua obra mais famosa é Clepsidra, relógio de água, que contém poemas com musicalidade marcante e temas até certo ponto dramáticos. Obras: Clepsidra, San Gabriel e Rosas de Inverno. Ao longe os barcos de flores Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridão tranquila, – Perdida voz que de entre as mais se exila, – Festões de som dissimulando a hora. Na orgia, ao longe, que em clarões cintila E os lábios, branca, do carmim desflora... Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridão tranquila. E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora, Cauta, detém. Só modulada trila flauta flébil... Quem há-de remi-la? Quem sabe a dor que sem razão deplora? Só um instante, um som de flauta chora... (Camilo Pessanha) ATIVIDADES: 1- Quais são os principais autores do Parnasianismo no Brasil? 2- Quem foi Baudelaire e que obra escreveu? 3- Que característica romântica passou a ser cultivada pelos simbolistas? 4- Qual a obra que marcou o início do Simbolismo em Portugal? 5- Quais são os três autores simbolistas portugueses mais importantes? 6- O poeta simbolista pretendia: c) sugerir a realidade através de símbolos d) usar palavras que pretendiam atingir o inconsciente e) descrever a realidade de maneira clara e objetiva f) as alternativas a e b estão corretas. SIMBOLISMO NO BRASIL Tem início oficialmente em 1893, com a publicação de Missal (poema em prosa) e Broquéis (poema em versos), de Cruz e Souza. O fim do século XIX foi marcado pelo avanço científico e a corrida desenfreada do capitalismo industrial em busca de tecnologia e matéria- prima. Era também a busca de novas tendências e o Brasil passou por mudanças dentro de sua estrutura política, econômica e social. A abolição da escravatura em 1888 não assegurou o direito de igualdade e civilidade aos negros, acentuando o problema da miséria no país. Revoltas como a “Guerra de Canudos” e a “Revolta da Armada” refletiam o descontentamento com as condições sociais vigentes. O império decadente deu lugar a uma república, em 1889, que favorecia diretamente o sudeste do Brasil, com a política do “café-com- leite” (domínio alternado de presidentes mineiros e paulistas). O movimento simbolista não alcançou o êxito obtido na Europa, devido ao forte predomínio das tendências parnasianas em nossa literatura. Entre os poetas simbolistas, destacam-se as obras de Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens, o mais místico de nossos poetas. Terminou por volta de 1902 com o início do Pré-Modernismo. PRINCIPAIS AUTORES ALPHONSUS DE GUIMARAENS - 1870-1921 (Ouro Preto-MG / Advogado) Em 1888, morre sua noiva, Constança. A morte da moça abalou muito o poeta. Doente, vem, em 1891, para São Paulo, onde colaborou na imprensa e entrou em contato com os jovens simbolistas. Em 1895, no Rio de Janeiro, conheceu Cruz e Souza. Apesar de ter se casado posteriormente, o amor por Constança marcou profundamente sua poesia. Sua obra é marcada pelo pessimismo, religiosidade e um forte questionamento da vida. Obras: Septenário das Dores de Nossa Senhora, Câmara Ardente, Dona Mística, Kyriale, Mendigos, Ismália. Ismália Quando Ismália enlouqueceu, Estava perto do céu, Pôs-se na torre a sonhar... Estava longe do mar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. E como um anjo pendeu As asas para voar... No sonho em que se perdeu, Queria a lua do céu, Banhou-se toda em luar... Queria a lua do mar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... E, no desvario seu, Sua alma subiu ao céu, Na torre pôs-se a cantar... Seu corpo desceu ao mar... CRUZ E SOUZA - 1861-1898 (Florianópolis-SC / Jornalista) Suas únicas obras publicadas em vida foram Missal e Broquéis. Ele é o mais importante poeta Simbolista brasileiro, chegando a ser considerado também um dos maiores representantes dessa escola no mundo. Muitos críticos chegam a afirmar que se não fosse a sua presença, a estética simbolista não teria existido no Brasil. Sua obra apresenta uma forte relação com a música e com a religiosidade. Usava palavras que davam ideias vagas e imprecisas. Um tema comum em sua poesia é a loucura. Conhecido como o “Cisne Negro” de nosso Simbolismo, procurou na arte a transfiguração da dor de viver e de enfrentar os duros problemas decorrentes da discriminação racial e social. Obras: Broquéis, Faróis, Últimos Sonetos, Missal, Evocações e Canção Negra (Autobiografia). Cárcere das almas Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?! Vocabulário 12. Calabouço: prisão subterrânea;cárcere. 13. Grilhão: corrente que prende os condenados; cadeia, algema. 14. Funéreo: relativo à morte, aos mortos ou a coisas que com eles se relacionem. 15. Etéreo: sublime, puro, elevado; celeste, celestial. ATIVIDADES: 1. No soneto Cárcere das Almas, que termos o poeta empregou para significar corpo? a) cárcere, prisões e calabouço b) cárcere, grilhões e imensidades. 2. Escolha a alternativa que melhor interpreta o texto. a) O cárcere é representado pelo próprio corpo humano, que prende o espírito no mundo material e o impede de se libertar e atingir sua plenitude. b) O calabouço é um lugar físico que nada tem a ver com o corpo humano, assim a alma não tem como ficar presa a ele. c) Quanto a sua obra, qual a importância de Cruz e Souza para a literatura brasileira? d) Que tema Cruz e Souza abordou com mais frequência? e) Cite três fatos importantes do contexto histórico do Simbolismo no Brasil? GRAMÁTICA Termos integrantes da oração São termos integrantes da oração: complementos verbais (objeto direto e objeto indireto), complemento nominal e agente da passiva. Complementos verbais - são termos que completam o sentido de um verbo transitivo. Objeto direto - é o complemento de um verbo transitivo direto, ligado ao verbo sem a necessidade de preposição. Exemplo: Compramos um carro. / Espero que você venha. Observação: 1. O objeto direto pode ser representado por substantivo, pronome, numeral, palavra ou expressão substantivada e oração substantiva. (objetiva direta). 2. Há casos em que o objeto direto vem precedido de preposição. A preposição é justificada por motivos de clareza e de estilo. Temos, então, o objeto direto preposicionado. O objeto direto preposicionado costuma ser usado: a) com verbos que exprimem sentimentos. Exemplo: Amo a Deus. b) para evitar ambiguidade. Exemplo: A Abel matou Caim. c) quando o objeto direto antecede o verbo. Exemplo: A meus pais eu respeito. d) quando a preposição realça uma parte. Exemplo: Tomamos do vinho. e)quando o objeto direto é um pronome pessoal oblíquo, tônico, indefinido, ou interrogativo. Exemplo: Ela ama a mim. Objeto indireto - é o complemento de um verbo transitivo indireto, isto é, o termo que se liga ao verbo por meio de uma preposição obrigatória. Pode ser representado por substantivo ou palavra substantivada, pronome, numeral e oração substantiva (objetiva indireta). Exemplo: Obedecemos às leis. Objeto direto e indireto pleonástico - é a repetição do objeto (direto ou indireto) como recurso de estilo. Exemplos: Aquele homem (0.d.) já o (o.d. pleonástico) vi./ A mim (o.i.) não me (o.i.pleonástico) obedeceu. Observação: 1. Os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as exercem a função de objeto direto. 2. Os pronomes lhe, lhes exercem a função de objeto indireto. 3. Os pronomes me, te, nos, vos podem exercer a função de abjeto direto ou indireto, conforme a transitoriedade do verbo. Exemplo: Disseram-me (o.i.) a verdade. Complemento nominal - é um termo ou expressão preposicionada que completa substantivos abstratos, adjetivos ou advérbios que não têm significados completos. Equivale ao objeto direto ou indireto dos verbos. Observemos que esses nomes que necessitam de complemento derivam geralmente de verbos transitivos. Exemplo: Compro (verbo) um livro. (0.d.) = compra (substantivo) do livro (c.n.) Agente da passiva - é o complemento de um verbo na voz passiva (é o agente da ação verbal). É sempre regido de preposição (por, pelo, de). Corresponde ao sujeito da voz ativa. Exemplo: O garoto é estimado pelos colegas. (agente da passiva)(= Os colegas (sujeito) estimam o garoto.) Termos acessórios da oração Há três tipos - adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto. Adjunto adnominal - é a palavra ou expressão que caracteriza ou delimita o substantivo. Pode ser representado por: artigo- Vi um homem; adjetivo - homem simpático; locução adjetiva - homem sem coragem; pronome adjetivo - este homem; numeral adjetivo - primeiro homem; oração adjetiva - homem que estuda; pronomes oblíquos átonos (me, te, lhe, nos, vos), quando tiverem vai possessivo). Vi-lhe o livro. (lhe = seu) Observação: 1 - O adjunto adnominal, quando representado por locução adjetiva, exprime qualidade, posse, finalidade, matéria, origem etc. Exemplo: menina de ouro (qualidade) 2- O adjunto adnominal está sempre junto do substantivo. Adjunto adverbial - é o termo que modifica o verbo, o adjetivo ou o próprio advérbio. Pode ser expresso por advérbio, locução ou expressão adverbial, ou por oração adverbial. Exemplo: Fábio falou apressadamente. (advérbio) Aposto - é o termo que explica, esclarece ou resume outro termo. Tipos de aposto a) Explicativo - vem entre vírgulas, travessões ou parenteses. Exemplo: O homem, senhor idoso, chorava. b) Especificador- é aquele que se liga a um substantivo de sentido genérico, para indicar a espécie a que ele pertence. Não vem separado por vírgulas. Pode vir precedido de preposição. Exemplo: O rio Paraíba do Sul está poluído. c) Resumidor (ou recapitulativo) - é expresso geralmente por um pronome. Exemplo: Homens, mulheres, crianças, todos lutam pela felicidade. d) Enumerativo - desenvolve o que foi resumido num termo anterior. Exemplo: Os namorados viram a lua: sonho, bênção e sedução. Vocativo - é um termo independente, pois não está ligado diretamente aos outros termos da oração. O vocativo serve para evidenciar o ser a quem nos dirigimos. Serve para invocar, chamar ou nomear. Exemplo: A vida, amigo, não passa de luta! ATIVIDADES: 1 - A análise sintática é definida pela relação que se estabelece entre palavras ou grupos de palavras dentro de um contexto. Relacione a 2ª coluna de acordo com a 1ª, observando a correta classificação dos termos destacados. A seguir, assinale a alternativa CORRETA: 1. Objeto direto 2. Objeto indireto 3. Complemento nominal 4. Agente da passiva ( ) “ A fome pode determinar a supressão de uma delas.” ( ) “ A destruição não atinge o princípio universal e comum.” ( ) “ Uma das tribos será exterminada pela outra.” ( ) ... e necessitam de mais alimento. a) 3, 1, 4, 2 b) 1, 2, 3, 4 c) 2, 4, 1, 3 d) 4, 3, 2, 1 e) 3, 4, 1, 3 2- Assinale o item em que a função não corresponde ao termo em destaque: a) Comer demais é prejudicial à saúde. (complemento nominal) b) Jamais me esquecerei de ti. (objeto indireto) c) Ele foi cercado de amigos sinceros. (agente da passiva) d) Não tens interesse pelos estudos. (complemento nominal) e) Ele tinha receio de tudo a sua volta.. (objeto indireto) 3- Em todas as alternativas abaixo, há objeto direto preposicionado, exceto em: a) Acho que ela não consegue amar a ninguém. b) Dedicou–se a estudos matemático. c) Para sair com a turma o diretor escolheu a nós. d) Ofenderam a mim e não a ele. e) O professor elogiou a todos. 4- O agente da passiva foi corretamente destacado em todas as opções, exceto em: a) O presídio tinha sido cercado pelos soldados. b) Ela é a única responsável pela festa. c) O time foi derrotado pelo campeão da cidade. d) O mestre foi homenageado pelos alunos. e) A casa foi destruída pela inundação. 5- Assinale a frase em que o objeto direto é pleonástico: a) A borboleta negra, encontrei–a à noite. b) Eu a sacudi de novo. c) Fiquei a olhar o cadáver com simpatia. d) Um golpe de toalha rematou a aventura. e) Vi dali o retrato de meu pai. 6- Em "Eu era enfim, senhores, uma graça de alienado.", os termos da oração grifados são respectivamente, do ponto de vista sintático: a) adjunto adnominal, vocativo, predicativo do sujeito b) adjunto adverbial, aposto, predicativo do objeto c) adjunto adverbial, vocativo, predicativo do sujeito d) adjunto adverbial, vocativo, objeto direto e) adjunto adnominal, aposto, predicativodo sujeito 7- Das expressões sublinhadas abaixo, com as ideias de tempo ou lugar, a única que tem a função sintática do adjunto adverbial é: a) "Já ouvi os poetas de Aracaju". b) "atravessar os subúrbios escuros e sujos". c) "passar a noite de inverno debaixo da ponte". d) "Queria agora caminhar com os ladrões pela noite". e) "sentindo no coração as pancadas dos pés das mulheres da noite". Orações Subordinadas Oração subordinada é a oração que completa o sentido da oração principal, exercendo uma função sintática de substantivo, adjetivo ou advérbio. A oração subordinada não pode ser compreendida sem a oração principal, sendo dependente da mesma. Exemplo: Espero que você consiga ir. No exemplo acima temos duas orações: “Espero” e “que você consiga ir”. A segunda oração está completando o sentido do verbo transitivo direto “espero”, portanto esta oração exerce função sintática de objeto direto sendo considerada uma oração subordinada substantiva objetiva direta. Dependendo da função sintática que exercem, as orações subordinadas podem ser classificadas em: substantivas, adjetivas ou adverbiais. Orações Subordinadas Substantivas As Orações Subordinadas Substantivas desempenham o papel de substantivo e podem ser encontradas nas frases com funções sintáticas de sujeito, predicado nominal, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, ou aposto. Elas podem se apresentar na formas desenvolvida ou reduzida. Desenvolvidas Em sua forma desenvolvida, as orações são introduzidas por uma conjunção integrante. Essa conjunção é, geralmente, “que” ou “se”, mas também pode ser “quem”, “quantos”, “como”, “onde”, “quando”, entre outros. Exemplo: Ele afirmou que conhecia todos membros do clube. Reduzidas Na forma reduzida, as conjunções não aparecem na frase. Para identificá-la, pode-se observar o verbo e fazer a substituição por “isto”, “disto”, “nisto”, “para isto” etc. Exemplo: Ele afirmou conhecer todos os membros do clube. Orações subordinadas adjetivas Orações Subordinadas Adjetivas são as orações que têm a função de caracterizar um termo da oração principal, desempenhando a mesma função de um adjetivo. As orações subordinadas adjetivas são introduzidas por pronomes relativos (que, quem, qual, quanto, onde, cujo, etc.). São classificadas de acordo com sua capacidade de ampliar ou reduzir o sentido do termo a que se referem. Exemplo: Admiro pessoas que se esforçam. Oração subordinada adjetiva reduzida As orações reduzidas não são introduzidas por conjunções ou pronomes e apresentam verbos em uma das formas nominais. Exemplo: Já foram comidos os chocolates comprados por mim. Existem dois tipos de orações subordinadas adjetivas: • Oração subordinada adjetiva explicativa; • Oração subordinada adjetiva restritiva. Orações Subordinadas Adverbiais Orações subordinadas adverbiais são orações que exercem a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal, tendo a mesma função que um advérbio na estrutura frásica. Acrescentam à oração circunstâncias de tempo, modo, fim, causa, consequência, condição,…, sendo iniciadas por conjunções ou locuções conjuntivas. No quadro abaixo, relacionamos os tipos de conjunções subordinativas e alguns exemplos para facilitar seus estudos: CAUSAIS Exprimem uma relação de causa. Por exemplo: porque, pois, pois que, visto que, por isso que, já que, uma vez que. “Já que você não me avisou com antecedência, não vou à festa”. CONCESSIVAS Exprimem relação de concessão. Por exemplo: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, se bem que, bem que, posto que, por mais/menos que, apesar de, nem que. “Apesar de você não acreditar, cheguei cedo ontem à noite”. CONDICIONAIS Exprimem relação de condição. Por exemplo: se, caso, contanto que, salvo se, sem que, desde que, a menos que, a não ser que. “Vou viajar em dezembro, a não ser que meu pai mude de ideia”. CONFORMATIVAS Exprimem relação de conformidade. Por exemplo: conforme, consoante, como, segundo. “Segundo a previsão, hoje não vai chover”. COMPARATIVAS Exprimem relação de comparação. Por exemplo: tal qual, tanto...quanto, assim como, como, bem como, que nem, mais/menos/menor/maior. “Elias não entendeu nada, assim como eu”. CONSECUTIVAS Exprimem relação de consequência. Por exemplo: tal/tanto/tão/tamanho, de forma que, de maneira que, de modo que. “Ela até engasgou, tamanho foi o susto”. FINAIS Exprimem relação de finalidade. Por exemplo: a fim de que, porque, para que. “Diego me emprestou dinheiro para que eu pudesse almoçar”. PROPORCIONAIS Exprimem relação de proporcionalidade. Por exemplo: à medida que, ao passo que, à proporção que, quanto mais/menos...quanto menos/mais. “Parece que quanto mais coisas tenho para fazer, menos tenho vontade”. TEMPORAIS Exprimem relação de tempo. Por exemplo: quando, antes que, depois que, até que, logo que, assim que, desde que, cada vez que. “Assim que colocou os pés dentro de casa, já começou a reclamar”. INTEGRANTES Ligam as orações subordinadas substantivas à oração principal. Por exemplo: que, se. “Maria pediu que trouxéssemos os boletos para pagamento”. ATIVIDADES 1- Assinale a alternativa cuja oração subordinada é substantiva predicativa.a) Espero que venhas hoje. b) O aluno que trabalha é bom. c) Meu desejo é que te formes logo. d) És tão inteligente como teu pai. e) n.d.a. 2- "Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.” No texto acima temos uma oração destacada que é ________e um "se" que é . ________. a) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora b) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito c) relativa, pronome reflexivo d) substantiva subjetiva, partícula apassivadora e) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito 3- A oração destacada em: “Lá, cresce basicamente uma única espécie de árvore, QUE PERMITE UMA EXPLORAÇÃO INDUSTRIAL DA MADEIRA PELAS INDÚSTRIAS DE PAPEL, MÓVEIS E NAVIOS.” classifica-se como subordinada: a) adverbial causal. b) adverbial concessiva. c) adjetiva explicativa. d) adverbial final. e) adjetiva restritiva. 4- Classifique as orações subordinadas adverbiais: a) Você será aprovado, porque estudou muito. b) Eu me comportei tão bem que pude passear no parque. c) Caso necessite de maiores informações, envie um e-mail para o responsável. d) Fui aprovada, embora não tenha estudado muito. e) Compramos as passagens a fim de que pudéssemos viajar logo. 5- Orações subordinadas adjetivas podem ser restritivas ou explicativas. Indique a alternativa que apresenta a correta classificação ao lado do período apresentado: a) Os estudantes, que são bons alunos, serão ótimos profissionais. - Oração subordinada adjetiva restritiva. b) Os estudantes que obtiverem boas notas, receberão chocolates. - Oração subordinada adjetiva restritiva. c) Jamais encontraria o hostel, não fosse a gentileza de uma senhora que passava por ali. - Oração subordinada adjetiva explicativa. d) Aquelas mulheres, todas as de vermelho, são do mesmo bloco de carnaval. - Oração subordinada adjetiva restritiva. e) Aquela mulher, a feliz, acabou de sair. - Oração subordinada adjetiva explicativa.
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