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1 Eduarda Rebés Müller Caderno de Saúde Mental TRANSTORNOS CLIMATÉRICOS E PÓS-MENOPÁUSICOS Diagnóstico diferencial Síndrome Pré-Menstrual (SPM) ou Síndrome de Tensão Pré-Menstrual (STPM) Não é uma doença, mas sim uma síndrome caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas, podendo estar indicado tratamento específico. Segundo o DSM-5, neste quadro os sintomas são menos numerosos (menos que 5), menos intensos, menos incapacitantes, sem presença dos sintomas afetivos exigidos para o diagnóstico de TDPM (Transtorno Disfórico Pré-Menstrual). Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) Presente no DSM-5 como um dos transtornos incluídos no grupo dos Transtornos Depressivos O diagnóstico exige a presença de no mínimo 5 dos sintomas descritos nos critérios diagnósticos, incluindo critérios afetivos Na maioria dos ciclos menstruais, pelo menos 5 sintomas devem estar presentes na semana final antes do início da menstruação, começar a melhorar poucos dias depois do início da menstruação e tornar-se mínimos ou ausentes na semana pós-menstrual – esse critério deve ser confirmado por avaliações prospectivas diárias durante pelo menos 2 ciclos sintomáticos Esses critérios devem ser satisfeitos para a maioria dos ciclos menstruais que ocorreram no ano precedente Os sintomas estão associados a sofrimento clinicamente significativo ou interferência no trabalho, escolha, em atividades sociais habituais ou relações com outras pessoas 2 Eduarda Rebés Müller Fluxograma para o diagnóstico de TDPM vs SPM ou EPM Depressão ao longo do ciclo vital da mulher A suscetibilidade dos sintomas depressivos se acentua nos momentos de queda dos níveis de estrógenos o Essa queda é mais acentuada no final do período menstrual 3 Eduarda Rebés Müller Zona de risco de TDPM Final da gestação igualmente produz queda dos níveis de estrógenos O período de maior risco de depressão por mulheres é o pós-parto e o período perimenopausa – períodos de maior flutuação dos níveis de estrogênio 4 Eduarda Rebés Müller Desordens depressivas e cognitivas em mulheres climatéricas A menopausa é definida após 12 meses consecutivos de amenorreia na ausência de outras causas Alterações do ciclo menstrual podem iniciar até 8 anos antes da menopausa Geralmente ocorre por volta dos 50 anos (entre 40 e 60 anos) A duração média da perimenopausa é de 4 anos Perimenopausa Transição inicial para a menopausa: aumento de 7 ou mais dias entre dois ciclos menstruais consecutivos pelo menos 2x nos últimos 10 ciclos Transição tardia para a menopausa: um intervalo de amenorreia de 60 ou mais dias nos últimos 12 meses Pós-menopausa inicial: o primeiro ano seguindo o período menstrual final ainda inclui-se na perimenopausa. A pós-menopausa inicial inclui os seis primeiros anos e a tardia daí em diante. Queixas comuns: Secura vaginal Dispareunia Diminuição da libido Infecções frequentes do sistema urogenital Incontinência urinária Prolapso pélvico de órgão Fochados Suores noturnos Distúrbios do sono Prejuízo da memoria Osteoporose Alterações metabólicas Déficit cognitivo Dificuldade com a memória, atenção ou em encontrar palavras Declínio no desemprenho de tarefas cognitivas como velocidade de reconhecimento, capacidade de integração de conceitos e habilidades psicomotoras Estrógenos facilitam a sinaptogênese, induzem o Fator de Crescimento Neural (NGF), protegem contra estresse oxidativo e regulam a neurotransmissão (por serotonina, noradrenalina e acetil- colina) em sistemas cerebrais relacionados ao processamento da cognição e regulagem do humor Os efeitos regulatórios dos estrógenos sobre a colina-acetil-transferase (ChAT) e a acetilcolinesterase (AChE) têm grande relevância para a cognição devido ao papel da transmissão colinérgica no aprendizado e na memória, como se evidencia na Doença de Alzheimer Além das queixas cognitivas aumentadas na perimenopausa e após a menopausa, é possível que a deprivação de estradiol esteja relacionada a maior incidência de demência em mulheres Depressão na perimenopausa Depressão Maior é aproximadamente duas vezes mais frequente em mulheres a partir da adolescência, sendo aparentemente mais frequente ao longo do seu ciclo reprodutivo. Os estrógenos modulam as funções serotoninérgicas e noradrenérgicas, de importância central no processamento afetivo. A flutuação nos níveis de estrógenos neste período tem sido relacionada à produção dos sintomas afetivos observados. Estima-se que até 90% das mulheres na perimenopausa relatam algum sintoma afetivo na perimenopausa, sendo que 20 a 30% necessitarão tratamento para estes sintomas. Fatores de risco: 5 Eduarda Rebés Müller História de depressão maior (preditor mais forte) História de Transtorno Disfórico Pré-Menstrual e de depressão pós-parto também são indicadores de risco aumentado Estresse psicossocial (desemprego, dificuldades financeiras, apoio social prejudicado, eventos estressantes) Distúrbios do sono e sintomas vasomotores Presença de condição médica crônica Um período de transição mais curto para a menopausa, com rápido aumento do FSH antes da última menstruação pode ser um fator protetor para depressão no período Hormônios e sintomas depressivos Além de modular as funções serotoninérgicas e noradrenérgicas, de importância central no processamento afetivo, os estrógenos interagem também com opioides endógenos afetando a regulação da temperatura corporal realizada no hipotálamo. Por isto a flutuação hormonal crescentemente errática pode constituir um mediador compartilhado para sintomas vasomotores e depressivos. A ocorrência de sintomas depressivos estaria provavelmente mais relacionada a maior variabilidade na flutuação das concentrações hormonais do que aos seus valores absolutos. A alopregnanolona (ALLO) é um potente modulador alostérico dos receptores GABA-A no eixo HipotálamoHipófise-Adrenal (HHA), os quais estão envolvidos na modulação da resposta ao estresse pelo eixo HHA. Respostas maladaptativas a flutuações dos níveis de ALLO podem estar envolvidas no risco aumentado para depressão na perimenopausa. Tratamento: hormônios e psicofármacos Terapia com reposição de estrógenos é o tratamento mais efetivo para sintomas climatéricos, diminuindo também os sintomas depressivos Ao mesmo tempo, Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRSs), como paroxetina, citalopram, escitalopram, e Inibidores da Recaptação da Serotonina e da Noradrenalina (IRSNs), como venlafaxina e desvenlafaxina, são antidepressivos eficazes no tratamento de sintomas climatéricos, diminuindo sintomas depressivos e a frequência e intensidade de fogachos. TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS NA GESTAÇÃO Reagudização de quadros psiquiátricos anteriores ou desencadeamento de quadros psiquiátricos sem antecedentes prévios Processo diagnóstico: 1. Observação dos sinais e sintomas dos transtornos mentais (anamnese e exame do estado mental) 2. Diagnóstico sindrômico 6 Eduarda Rebés Müller 3. Diagnóstico diferencial 4. Diagnóstico categorial (diagnóstico positivo) Grandes síndromes psiquiátricas Síndromes ansiosas Síndromes depressivas Síndromes maníacas Síndromes neuróticas Síndromes psicóticas Síndromes de agitação e de estupor e lentificação psicomotora Síndromes relacionadas ao consumo de alimentos Síndromes relacionadas a substâncias psicoativas Síndromes relacionadas à sexualidade Síndromes relacionadas ao sono Síndromes mentais orgânicas Demências Síndromes relacionadas à cultura As síndromes psiquiátricas de maior interesse na gestação são: síndromes ansiosas, depressivas, maníacas, psicóticas, relacionadas ao consumo de alimentos e relacionadas ao uso de substâncias psicoativas. Transtornos de ansiedade Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) Transtorno de pânico Transtorno obsessivo-compulsivo Fobias Transtornos de humor Episódio depressivo único Depressão psicótica Transtorno depressivo recorrente Transtorno afetivo bipolar Transtorno distímico Transtornos psicóticos Esquizofrenia Transtorno esquizofreniforme Transtorno esquizoafetivo Transtorno delirante Transtorno psicótico breve Transtornos da alimentação Anorexia nervosa Bulimia nervosa Obesidade Compulsões alimentares Transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas Intoxicação por substância psicoativa Abstinência de substância psicoativa Dependência de substância psicoativa 7 Eduarda Rebés Müller Transtornos psiquiátricos na gestação Até 70% das grávidas podem apresentar algum sintoma depressivo, sendo que cerca de 15% preenchem os critérios para episódio depressivo A gravidez se associa ao início do TOC em 15 a 39% das mulheres com TOC Transtorno de pânico pode se reagudizar na gestação Transtornos alimentares, transtornos do humor e transtornos psicóticos podem iniciar na gestação ou reagudizar com a suspensão da medicação Riscos na suspensão da medicação na gestação Depressão não tratada na gestação diminui o crescimento fetal (RN de baixo peso, menor circunferência cefálica, baixos escores de APGAR), aumenta o risco de parto prematuro e de complicações obstétricas bem como de défices no futuro desenvolvimento cognitivo, comportamental e emocional do bebê. Depressão na gestação triplica o risco de depressão puerperal e é causa de maus cuidados no pré- natal, má nutrição, aumento do uso de drogas, álcool e tabaco, agressões ao feto e de falha no reconhecimento ou comunicação do trabalho de parto. Suicídio Esquizofrenia não tratada tem sido associada a aumento da mortalidade perinatal Há risco de que níveis de cortisol persistentemente elevados devido a stress severo na gestação possam prejudicar o desenvolvimento cerebral fetal Fármacos na gestação Classificação do FDA A: Estudos controlados em mulheres não mostraram risco (0,7%) B: Fármaco sem efeitos adversos em animais e sem estudos controlados em mulheres; ou com efeitos adversos em animais não confirmados em estudos controlados em mulheres (19%) o Estudos com animais não demonstraram risco fetal; ou houve alterações em animais, mas estas não se confirmaram em estudos controlados com mulheres. o Experimentos de exposição fetal em animais podem não representar o que se passa no humano. A talidomida não representou nenhuma teratogenicidade em animais. o Na gestação, buspirona, clozapina e maprotilina são categoria B C: Fármacos com efeitos adversos em fetos animais e sem estudos controlados em humanos: evitar (66%) D: Fármacos com evidência positiva de risco em humanos; ponderar risco/benefício para indicar (7%) o Na gestação, imipramina, nortriptilina e paroxetina são categoria D X: Contraindicado na gravidez: o risco não compensa (7%) Riscos Malformações congênitas (1º trimestre) Síndromes perinatais (próximo ao parto) Alterações neurocomportamentais no desenvolvimento das crianças → não há confirmação consistente até o momento “A classificação do FDA de drogas na gestação apresenta limitações. Bupropiona é categoria B e todos os ISRS são C. No entanto, não há dados clínicos sobre bupropiona na gestação humana. Portanto, não sugiro usar bupropiona ao invés de ISRS na gestação. Da mesma maneira, nortriptilina é D (evidência positiva de risco). No entanto, para uma paciente que responde bem a nortriptilina, é muito mais seguro para ela continuá-la do que trocar para um ISRS”. (Schatzberg, Cole e DeBattista, 2007, p. 554) Em 2014 o FDA alterou as regras para a informação nas bulas dos medicamentos quanto ao uso na gestação e amamentação. Determinou a progressiva eliminação da classificação de risco por meio do uso de letras, que deverá ser substituído por um sumário contendo toda informação disponível a respeito do uso do fármaco na gestação ou amamentação a fim de que o clínico possa fazer sua 8 Eduarda Rebés Müller avaliação singular do risco/benefício do uso no caso específico. Razão principal: não é verdade que o risco realmente aumenta consistentemente das categorias “A” para “D” porque os fármacos entram no mercado na categoria B e só após anos poderão eventualmente passar para a categoria “D”, enquanto os fármacos mais antigos já foram utilizados em número suficiente de casos para que se observe ocorrência de complicações com seu uso. O tratamento biológico mais seguro é o ECT (eletroconvulsoterapia)! Benzodiazepínicos Todos são categoria D (há evidências de malformações em humanos; o benefício do uso deve compensar o risco), exceto 5: estazolam, flurazepam, quazepam, temazepam e triazolam → Estes são categoria X (contraindicados na gestação) Evitar no primeiro trimestre. Uso eventual, esporádico, não contínuo: segundo e terceiro trimestres. Antidepressivos Categoria B: maprotilina Categoria D: imipramina, nortriptilina, paroxetina Demais: categoria C Antidepressivos Antidepressivos tricíclicos: como classe, não estão contraindicados na gestação Não está relatado risco elevado de morte intrauterina, malformações congênitas ou atraso no desenvolvimento global associado ao uso de ADTs ou ISRSs na gravidez Entre os ISRSs, a sertralina e o citalopram são os medicamentos com mais evidência de segurança e devem ser preferidos Drogas mais perigosas no tratamento dos transtornos do humor Categoria D: 29 drogas, entre elas → imipramina, nortriptilina, paroxetina carbonato de lítio, anticonvulsivantes (exceto oxcarbazepina e lamotrigina que são classe D), benzodiazepínicos Antipsicóticos Haloperidol, clorpromazina e clozapina não estão relacionados conclusivamente a teratogenia até o momento Clorpromazina: hipotensão/letargia/icterícia/sintomas extrapiramidais/hiper ou hiporreflexia/dificuldade de sucção no RN Haloperidol é o mais seguro Estabilizadores do humor Categoria D: lítio, carbamazepina, ácido valproico o O lítio, embora esteja associado a malformações congênitas, ainda é o estabilizador do humor mais seguro para uso durante a gestação considerando uma relação risco/benefício o Apesar do risco para defeito do tubo neural, o lítio permanece o agente de primeira escolha para tratar Transtorno do Humor Bipolar na gravidez. Suplementação de folato reduz o risco de defeito do tubo neural. Categoria C: lamotrigina, oxcarbazepina, antipsicóticos atípicos (ex: risperidona) Categoria B: clozapina → no início da clozapina, fazer hemogramas semanais devido ao risco de agranulocitose Riscos perinatais em gestantes em uso de psicofármacos Benzodiazepínicos/anticonvulsivantes: depressão respiratória fetal, hipotonia, hipotermia, letargia, síndrome de abstinência fetal Valproato/ carbamazepina: doença hemorrágica do RN (síndrome fetal do ácido valpróico/ carbamazepina) 9 Eduarda Rebés Müller Clorpromazina: hipotensão, letargia, icterícia, sintomas extrapiramidais, hiper ou hiporreflexia, dificuldade de sucção no RN Clozapina: letargia, hipotonia, convulsões Anti-histamínicos (prometazina): fibroplasia retrolental no prematuro, depressão respiratória no RN ADTs: letargia, síndrome de retirada de tricíclicos (perturbações gastrintestinais, vômitos, perturbação do sono, parkinsonismo) Condutas próximo ao parto ADTs e ISRs: diminuir a dose próximo ao parto para diminuir sintomas de retirada no bebê: tremores, dificuldades na alimentação e sono, irritabilidade, mais raramente convulsões. Lítio: diminuir a dose em 50% próximo ao parto (duas semanas) para evitar aumento súbito da litemia materna pela depleção hídrica no parto. Princípios gerais Se possível, evitar drogas teratogênicas no 1º trimestre Preferir monoterapia Os psicofármacos na gestaçãodevem ser usados quando o risco estimado de causar danos por usá- los é menor do que o de não os usar Observar o risco ponderado do fármaco em questão em relação à idade gestacional → o risco maior de teratogenia ocorre no primeiro trimestre e o risco maior para complicações perinatais ocorre no terceiro trimestre Pesar risco/benefício Ponderar: o Risco fetal de exposição à medicação o Risco de não tratar o transtorno psiquiátrico da mãe o Risco de recaída com a interrupção da medicação Compartilhar decisão com obstetra, pacientes e familiares Diminuir ou suspender a droga próximo ao parto para evitar complicações fetais DROGADIÇÕES NA GESTAÇÃO Cafeína Presente em café, chás, refrigerantes e chocolate Não há efeitos teratogênicos documentados A FDA recomenda limitar o consumo a 300 mg/dia (três xícaras de café/dia) Causa vasoconstrição e diurese leve na mãe Diminui a absorção de ferro, aumentando o risco de anemia materna Em excesso, pode diminuir a fixação do cálcio nos ossos Nicotina Agonista dos receptores colinérgicos nicotínicos Atravessa a barreira placentária produzindo níveis plasmáticos fetais semelhantes aos maternos Provoca vasoconstrição e diminuição do fluxo sanguíneo uteroplacentário Retarda o crescimento fetal Mulheres fumantes têm 20 a 35% a mais de probabilidade de morte perinatal do bebê Fumo na gestação Aumenta risco de: o Hipertensão arterial materna o Gestação ectópica o Morte fetal o Aborto espontâneo 10 Eduarda Rebés Müller o Descolamento prematuro da placenta o Placenta prévia o Parto pré-termo Relacionado a recém-nascido com: o Baixo peso o Menor altura o Menor circunferência cefálica o Síndrome de abstinência de nicotina (inquietação, irritabilidade, bradicardia, transtorno do sono) Bebê de mãe fumante: o Síndrome da morte súbita infantil o Transtornos respiratórios o Transtornos do desenvolvimento infantil: déficits cognitivos relacionados à linguagem, leitura, vocabulário, raciocínio, memória e habilidades matemáticas; déficit de atenção, hiperatividade, impulsividade, conduta oposicionista e agressividade Além disso, o fumo na gestação aumenta a chance de dependência à nicotina quando adulto Bebê de pai fumante: o Pai que fuma mais que 20 cigarros por dia tem 42% a mais de chance de ter filho com câncer infantil o Pai que fuma 10 a 20 cigarros por dia tem 31% a mais de chance de ter filho com câncer infantil o Pai que fuma menos que 10 cigarros por dia tem 3% a mais de chance de ter filho com câncer infantil Abordagens farmacológicas Adesivo de nicotina Bupropiona (categoria B) Vareniclina (categoria C) Nortriptilina (categoria D) Álcool Abortamento espontâneo Natimorto Restrição do crescimento intra-uterino Peso reduzido ao nascer Espectro do transtorno alcoólico fetal: o Ampla variedade de malformações congênitas o Déficits neurocognitivos e comportamentais vitalícios decorrentes da exposição fetal ao álcool o Síndrome alcoólica fetal é a terceira causa de retardo mental nos Estados Unidos (depois de síndrome de Down e espinha bífida) Síndrome alcoólica fetal Critérios do Alcohol Study Group pf the Research Society on Alcoholism: 1. Retardo do crescimento intra-uterino 2. Pelo menos duas das seguintes dismorfologias craniofaciais: microcefalia; micro-oftalmia e/ou fenda palpebral pequena; sulco nasolabial ausente ou pouco desenvolvido, lábio superior fino ou achatamento da área maxilar 3. Anormalidades do SNC (déficits neurológicos e intelectuais: retardo mental ou desenvolvimento intelectual retardado) 11 Eduarda Rebés Müller Malformações congênitas associadas: Sistema cardiovascular: tetralogia de Fallot, comunicação interatrial, hemangiomas, dextrocardia Sistema urinário: rins em ferradura, disgenesia urovesical, hipotrofia dos rins, fístula vesical, megaureter Sistema esquelético e SNC: microcefalia, espinha bífida, encefalocele, mielocele, hemivértebra, escoliose, sinostoses, deformidades ósseas, especialmente de mãos e pés, sindactilia, fibroses congênitas, hipotrofia óssea Sistema visual: estrabismo, micro-oftalmia, ptose palpebral, blefarofimosa, catarata, diminuição de acuidade visual Sistema auditivo: orelhas pequenas e mal implantadas, défice de audição neurogênica ou óssea, otites recorrentes Efeitos comportamentais do RN: Hiperatividade Hiperresponsividade a estímulos Hiperacusia Hipotonia Tremor Transtornos do desenvolvimento Retardo mental Déficit do desenvolvimento neurocognitivo Atraso do desenvolvimento psicomotor Transtornos de comportamento Problemas cognitivos e comportamentais frequentes associados ao transtorno do espectro alcoólico fetal Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) Incapacidade de prever as consequências Incapacidade de aprender a partir de experiência prévia Falta de organização 12 Eduarda Rebés Müller Dificuldades de aprendizagem Baixo raciocínio abstrato Baixo controle de impulsos Problemas na fala e na linguagem Mau julgamento Efeitos a longo prazo e vitalícios: Funcionamento intelectual abaixo da média Déficit na aritmética e na leitura Déficit de atenção Déficit de memória Dificuldade de julgamento e compreensão Transtornos de conduta (comportamento passivo ou imaturo, agressividade, dificuldade de relacionamento pessoal e de grupo, conduta anti-social) Maior vulnerabilidade para uso de álcool ou outras drogas Abordagens farmacológicas Dissulfiram Naltrexona Baclofeno Ambos são categoria C! Considerações Não há dose segura de álcool na gestação A lesão do feto pode ocorrer em qualquer estágio da gestação Maconha Restrição do crescimento intrauterino Descolamento prematuro de placenta Parto pré-termo Relacionada a RN com: Baixo peso Menor circunferência cefálica Reflexo de Moro hiperativo Respostas alteradas a estímulos visuais Choro de tom alto (alteração do SNC?) Tremores Possíveis efeitos a longo prazo Déficit de atenção Hiperatividade Impulsividade Prejuízo no funcionamento da memória Prejuízo na capacidade de aprendizado Prejuízo no desenvolvimento intelectual Transtornos do sono Maior risco para abuso de drogas, transtornos dolorosos, psicoses, outros transtornos psiquiátricos Maconha na gestação e teratogenia 13 Eduarda Rebés Müller Alguns estudos sugeriram esta associação. No entanto, ao contrário do ocorrido com outras substâncias lícitas ou ilícitas, ela ainda tem fundamentação frágil até o momento face às limitações metodológicas dos estudos. Observação no JAMA de jan/2017: uso medicinal da maconha legalizado em 30 estados americanos; nenhum deles proíbe ou inclui advertências sobre possíveis danos ao feto com o uso durante a gestação. Psychiatric Clinics of North America de jun/2017: não relaciona teratogenia entre as consequências do uso da maconha durante a gestação Cocaína Hipertensão arterial gestacional Insuficiência uteroplacentária Restrição do crescimento intrauterino Malformações congênitas Infarto cerebral fetal Infarto do miocárdio fetal Morte fetal Aborto espontâneo Parto prematuro Ruptura da placenta Placenta prévia Descolamento prematuro da placenta Ruptura prematura das membranas amnióticas Ruptura uterina Prematuridade Malformações congênitas Recém-nascido de baixo peso APGAR mais baixo Circunferência da cabeça menor Convulsões Padrões de sono e alimentação deficientes Respostas visuais e auditivas deficientes Síndrome de abstinência neonatal Síndrome de abstinência neonatal Sintomas podem persistir por até 4 meses Convulsões Tremores Hipertonia (corpo hiperestendido e rígido) (ou hipotonia) Hiperreflexia Hipersensibilidade Irritabilidade Incapacidade de responder ao cuidador (fazer vínculo) Difícil de consolar quando chora Coordenação inadequada da sucção e deglutição Alterações do ciclo sono-vigília Efeitos a longo prazo Atraso no desenvolvimento físico, psíquico e cognitivo Prejuízo no desenvolvimento motor e habilidades de interação social Transtornos da aprendizagem 14 Eduarda Rebés Müller Déficit de atenção e hiperatividade Humor deprimido Opioides Opioide consiste em qualquer substância que apresenta, em graus variados, propriedades similares às da morfina. Pode ser natural (extraído da papoula ou outras plantas), semisintético ou sintético. Tipos de opioides: o Naturais: ópio, morfina, codeína o Semi-sintéticos: heroína, oxicodona, hidroxicodona o Sintéticos: metadona, meperidina, fentanila Opioides na gestação podem causar: o Abortamento espontâneo o Restrição do crescimento intrauterino o Toxemia gravídica (pré-eclâmpsia) o Descolamento prematuro da placenta o Parto pré-termo o Ruptura prematura de membranas amnióticas o Apresentação pélvica o Aspiração de mecônio (sofrimento fetal) o Infecções na mãe e/ou RN (por uso EV) o Natimorto (asfixia perinatal, sepse) Relacionado a RN com: Baixo peso Menor circunferência cefálica Síndrome de abstinência de opioides Efeitos a longo prazo: Síndrome da morte súbita infantil Anormalidades comportamentais na infância Síndrome de abstinência de opioides no RN: Hipertonia Irritabilidade Choro de tom alto Vômitos, diarréia, dificuldades alimentares Sucção ruim Perda de peso Coriza, sudorese, febre Dificuldades respiratórias Tremores Convulsões 15 Eduarda Rebés Müller Considerações A síndrome de abstinência de opióides na gestante é muito mais perigosa para o feto do que para a mãe, podendo resultar em morte fetal Manutenção da mãe com metadona melhora o prognóstico Pode ser necessária a administração de opióides ao RN com síndrome de abstinência grave Em casos menos graves podem ser usados clonidina ou benzodiazepínicos Sedativos Benzodiazepínicos e hipnóticos Risco de teratogenia específico para a droga Depressão do SNC no RN, maturidade pulmonar retardada, síndrome de abstinência neonatal RN mais propenso a problemas respiratórios, dificuldades de alimentação e perturbação do sono TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS NO PUERPÉRIO Apresentação ou reagudização de quadros psiquiátricos não relacionados especificamente à gestação e puerpério Transtornos de ansiedade, do humor, alimentares e psicoses Síndrome de Tristeza Pós-Parto (Baby blues) Apresenta-se nos primeiros dias após o parto e tende a alcançar sua máxima intensidade do terceiro ao quinto dia Desaparece espontaneamente em duas semanas Choro fácil e sem razão aparente, tristeza, ansiedade, fadiga, inquietação, perturbação do sono e do apetite, hipersensibilidade aos estímulos ambientais, irritabilidade e reatividade emocional aumentada, com humor instável e oscilante Dificuldade de concentração, raciocínio e perturbação da memória. Pode se sentir esmagada pelo peso da nova situação, excessivamente preocupada com a lactação, a amamentação e a saúde do bebê, sentindo-se incapaz de enfrentar a maternidade e lidar bem com ela. 16 Eduarda Rebés Müller Ao mesmo tempo, pode sentir alegria e até mesmo chorar de alegria por emocionar-se e comover-se com algum pequeno acontecimento, ao qual normalmente não se daria maior importância O humor pode oscilar entre momentos de colorido intensamente depressivo e outros de aumento de energia e algum grau de euforia Depressão Pós-Parto Início gradual, confundível com baby blues Em vez de regredir espontaneamente, vai se agravando Perda progressiva de interesse e prazer por tudo Piora progressiva: sono, apetite, concentração, memória Indecisão, anergia, cansaço, irritabilidade Aumento de ansiedade e queixas somáticas Sentimentos de desvalia, desesperança, abatimento Auto-acusações, preocupações envolvendo o bebê Sentimento de não amar o bebê, medo de prejudicá-lo Sentimentos de desamparo e ambivalência em relação ao bebê Sentimento de inadequação para o papel de mãe Ideias obsessivas de matar-se, ferir ou matar o bebê Fatores de risco Biológicos: História pessoal ou familiar de transtorno de humor Episódio depressivo prévio Tentativas de suicídio prévias Transtornos psiquiátricos puerperais prévios Mau desfecho de gestações anteriores (abortos, doenças) Interrupção de tratamento psiquiátrico durante a gestação Uso de álcool ou drogas Depressão ou ansiedade importantes no pré-natal (pessimismo pré-natal) Complicações peri-natais (parto prolongado e difícil, cesariana inesperada, danos ao bebê, etc) Socioeconômicos e familiares: Mãe solteira ou adolescente Gravidez não-planejada Eventos adversos na gestação ou perinatal (perdas, dificuldades financeiras ou profissionais) Instabilidade empregatícia ou ocupacional Relação conjugal instável ou falta de companheiro estável Insatisfação conjugal (conflitos conjugais) Falta de apoio do pai da criança Relações precárias entre a paciente e sua mãe Falta de um confidente Inexperiência com crianças Suporte social inadequado Prevenção Detecção do risco Diagnóstico precoce da depressão ainda na gravidez 17 Eduarda Rebés Müller Escala de Edinburgh Tratamento Importância: as crianças de mães deprimidas sofrem mais eventos decorrentes de negligência – febre, assaduras, cólicas, acidentes e não receber medicamentos prescritos Consequências da depressão materna não tratada: o Os sentimentos depressivos da mãe tendem a contagiar o pai, que se sente cada vez mais incapaz de ajudá-la o As dificuldades nos relacionamentos do casal, entre si e com seus familiares, vão se agravando o Quadros não tratados podem persistir por anos, com graves prejuízos para o desenvolvimento infantil o A criança pode responder à depressão da mãe com alterações do sono ou da alimentação o A mãe tende a identificar comportamentos normais do bebê como perturbação da saúde, percebendo a criança como doente ou difícil de lidar o Mães deprimidas apresentam menos sorrisos, menos interação corporal e menos comunicação vocal e visual com seu bebê o Elas têm a mímica facial e a expressão verbal empobrecidas, especialmente em relação à imitação carinhosa dos sons, da comunicação e dos comportamentos apresentados pelo bebê o Como consequência, os bebês de mães deprimidas mostram menos expressões faciais positivas, menos vocalizações e menor nível de atividade o O bebê tende a mimetizar o comportamento da mãe, tendendo a mostrar a mesma passividade e inexpressão facial de sua mãe deprimida 18 Eduarda Rebés Müller o Crianças de uma ano e meio de idade, com mães deprimidas, mostram menor capacidade de atenção e apego inseguro a suas mães, ou apego seguro mas com alegria restrita o Têm mais problemas de comportamento e menor competência aos dois anos e meio o Menor desenvolvimento de vocabulário aos cinco o Menor nível de funcionamento adaptativo e de competência social aos nove o Mais problemas de atenção, mais dificuldades com o raciocínio matemático e mais necessidades educacionais especiais aos onze o Os meninos tendem a ser mais intensamente afetados do que as meninas Tratamentos: o Psicoterapia individual o Psicoterapia de casal ou familiar o Farmacoterapia o Internação psiquiátrica o ECT (risco severo de suicídio ou infanticídio) Psicose Pós-Parto Início mais precoce (primeiros dias ou semanas) e evolução mais rápida, se instalando já no primeiro mês Inicia com inquietação, irritabilidade e insônia Humor lábil, oscilando entre depressão/euforia Perda do juízo de realidade Desorientação, despersonalização, comportamento desorganizado Delírios: por exemplo, a criança está morrendo, tem poderes especiais, é Satã ou Deus Alucinações auditivas; vozes lhe ordenam que fira ou mate a si própria ou ao bebê A situação conjugal também tende a ser tema de delírios 19 Eduarda Rebés Müller Fármacos no Puerpério Adoçantes e Lactação Não existem dados sobre os efeitos de adoçantes artificiais sobre o lactente Aspartame: o Não é detectável no leite materno depois da ingestão porque é rapidamente metabolizado em ácido aspártico e fenilalanina, que ocorrem naturalmente no leite materno. o Quantidades de aspartame ingeridas em dietas normais não aumentam significativamente o nível de fenilalanina no leite materno, sendo seguro mesmo para bebês fenilcetonúricos. o Apenas uma ingestão muito alta de aspartame pode elevar significativamente a quantidade de fenilalanina no leite materno. 20 Eduarda Rebés Müller Anorexígenos e Lactação Contraindicados: anfepramona, femproporex, sibutramina Psicofármacos e Lactação Antidepressivos: Todos são excretados no leite materno De maneira geral, considerados seguros Iniciar com doses baixas e observar possíveis efeitos sobre o lactente: sedação, hiperatividade, distúrbio da alimentação, prejuízo no desenvolvimento Mais indicados: nortriptilina, imipramina, amitriptilina, paroxetina, sertralina Ansiolíticos e hipnóticos: Todos são excretados no leite materno Quanto menor meia-vida, mais seguro Iniciar com doses baixas e observar possíveis efeitos sobre o lactente: sedação, distúrbio da alimentação, prejuízo no desenvolvimento Mais indicados: o Ansiolíticos: iorazepam, temazepam, oxazepam, gabapentina o Hipnóticos: zolpidem, midazolam, trazodona Antipsicóticos: Mais indicados: haloperidol, olanzapina, quetiapina Estabilizadores do humor: Mais indicados: oxcarbazepina, olanzapina, quetiapina Considerações Manter o psicofármaco se a mãe está estável usando-o Iniciar amamentação com dose mais baixa e ir aumentando monitorando possíveis efeitos colaterais sobre o bebê, especialmente se prematuro ou de baixo peso Observar especialmente os possíveis efeitos sobre o bebê esperados para o fármaco específico. QUESTÕES DE GÊNERO Diferenças fetais entre meninos e meninas A maioria dos fetos em abortos espontâneos ou natimortos são masculinos (ataque ao feto pelo sistema imunológico da mãe?) Fetos masculinos tendem a ser mais ativos durante a gestação A probabilidade de APGAR baixo é 20% maior em meninos Complicações perinatais são mais frequentes em fetos masculinos Fetos femininos parecem mais resistentes ao dano na gestação (efeito da testosterona e cortisol masculinos?) Meninos têm 50% a mais de probabilidade de morrer de problemas respiratórios no nascimento Meninos têm mortalidade infantil 22% maior que meninas Hormônios fetais contribuem para o dimorfismo sexual cerebral desde o período pré-natal Ondas de aumento da testosterona em meninos ocorrem duas vezes antes do nascimento, durante as semanas 12 a 18 e novamente durante as semanas 34 a 41. Uma outra onda de testosterona, às vezes chamada “mini-puberdade”, ocorre nos primeiros três meses após o nascimento. A literatura atual considera que a ação dos androgênios sobre o feto não se limita à masculinização da genitália. Determina também diferenças no desenvolvimento específico de regiões do SNC relacionadas a variáveis sexuais do comportamento. Diferenças no adulto 21 Eduarda Rebés Müller Geshwind (1985): hipótese da lateralização cerebral gerando assimetria funcional → homens usam primariamente o hemisfério esquerdo para tarefas verbais e o hemisfério direito para tarefas espaciais, enquanto mulheres usam ambos os hemisférios para ambas as tarefas Mulheres que sofrem lesão do hemisfério esquerdo têm menor probabilidade de desenvolver dificuldades de linguagem; mulheres sofrem a mesma afetação da linguagem com lesão de qualquer dos hemisférios cerebrais, enquanto homens têm a linguagem mais afetada por lesões no hemisfério esquerdo; mulheres têm a fluência verbal afetada por anestesia de qualquer dos hemisférios cerebrais, enquanto homens só têm a fluência verbal afetada em anestesia do hemisfério esquerdo. Cérebros de homens são estruturalmente otimizados para comunicação interneuronal dentro de cada hemisfério, enquanto cérebros femininos são otimizados para comunicação interneuronal entre os hemisférios. Não houve evidência que fatores ambientais operaram a partir dos 8 anos de idade para aumentar as diferenças de conectividade entre os sexos. O corpo caloso (que comunica os hemisférios entre si) tende a ser mais desenvolvido em mulheres, o que sugere maior interconectividade entre eles Homens têm conectividade aumentada entre os sistemas sensório e motor e em sistemas neuronais associados com raciocínio complexo e controle Mulheres têm conectividade aumentada com regiões subcorticais incluindo amígdala, hipotálamo, hipocampo, tálamo, globo pálido (Pallidum) e outras regiões associadas a processamento das emoções, cognição social e motivação. Os resultados sugerem: melhor coordenação da percepção-ação em homens e melhor antecipação e subsequente processamento de pistas social e emocional relevantes em mulheres Morfologia cerebral: Homens Mulheres Aumento do volume da massa cinzenta nos lobos temporais mediais e cerebelo Maior assimetria do córtex temporal Aumento do volume da massa cinzenta na região temporal superior, região frontal inferior e giro cíngulo Resposta cerebral: Homens Mulheres Maior lateralização da resposta cerebral às emoções Memória emocional via ativação da amígdala direita Emoções ativam as regiões frontal inferior, córtex posterior e corpo estriado direito Dor: o Ativação do córtex préfrontal dorsolateral direito, ínsula e regiões cinzentas periaquedutal e dorsal da ponte o Ativação do sistema mu-opióide no tálamo anterior, núcleos da base e amígdala Estresse emocional: ativação do córtex pré- frontal medial e córtex cingulado anterior Ativação frontal límbica simétrica na resposta cerebral às emoções Memória emocional via ativação da amígdala esquerda Emoções ativam o córtex cingulado subcaloso, núcleos da base, tálamo, cerebelo e mesencéfalo Mais expressivas emocionalmente e com melhor memória episódica emocional Dor: o Ativação do córtex préfrontal ventromedial, córtex cingulado anterior direito e amígdala esquerda o Redução da ativação do sistema mu- opióide no núcleo accumbens Estresse emocional: ativação do córtex cingulado subcaloso e córtex orbito-frontal Diferenças no desenvolvimento Altos níveis de testosterona correlacionam-se com: Menor contato visual na primeira infância 22 Eduarda Rebés Müller Menor vocabulário aos 12 e 24 meses Menor capacidade de atribuição de intencionalidade aos 4 anos Menor capacidade de empatia aos 8 anos de idade Mediu-se os níveis de testosterona fetal durante a gestação; quanto mais alta a testosterona pré-natal, menos contato visual a criança faz, maior é a preferência do bebê por brinquedos masculinos e menores são as velocidades do desenvolvimento da linguagem e de habilidades sociais na criança. Com 8 anos de idade, as crianças com maiores níveis de testosterona pré-natal têm mais dificuldade para apresentar empatia e para reconhecer as emoções dos outros ou adotar a perspectiva do outro. Diferenças no comportamento de RNs masculinos e femininos Em um estudo, foram filmados 102 bebês no primeiro dia de vida. Os bebês podiam olhar tanto para o rosto da pesquisadora, quanto para uma bola com fotos 43% dos meninos olhava mais para a bola, contra 19% das meninas 37% das meninas olhavam mais para o rosto da pesquisadora 44%das meninas e 32% dos meninos olhavam igualmente para ambos Esses achados foram interpretados como sinal de maior interesse das meninas pela interação social Comportamentos comuns de meninos e meninas A partir dos 3 anos, os meninos tendem a lidar com conflitos construindo hierarquias nos grupos, procurando se impor pela força física, com ameaças e postura autoconfiante As meninas tendem a não recorrer à força corporal e sim à ameaça de romper a amizade Os meninos tendem a ser mais exigentes, “difíceis” e a demandar mais atenção; as meninas tendem a ser mais estáveis emocionalmente, mais tranquilas, procurando mais o contato visual Aos 2 anos e meio, meninas usam oito palavras por frase para se comunicar; meninos usam 6. Aos 4 anos e meio, meninos são duas vezes melhores em testes de rotação espacial. Homens e mulheres e áreas de atuação Brasil: na área de engenharia, 72% são homens; na área de psicologia, 80% são mulheres O paradoxo norueguês: em 2008, a Noruega foi eleita o país de maior igualdade de gênero do mundo. Esperava-se que, com o tempo, a frequência dos dois sexos nas profissões tenderia a se igualar. Entretanto, a distribuição dos sexos por profissão permaneceu estável nas últimas 3 décadas (90% dos engenheiros são homens e 90% dos enfermeiros são mulheres) → assim, em um estudo com 20 países observou-se que quanto MENOR a igualdade de oportunidade entre os gêneros, MAIS as meninas se interessam por ciências exatas. Em outra pesquisa, quando mulheres e homens são colocados em uma situação de stress, como, por exemplo, na iminência de ser submetidos a choques, e são perguntados a respeito de se preferem esperar sozinhos ou com outras pessoas, os homens preferem esperar sozinhos e as mulheres com outras pessoas. Essa é outra explicação para as mulheres preferirem trabalhos em que se relacionam com outras pessoas, como medicina, enfermagem, trabalho social, educação. Pessoas trans A expectativa de vida da população trans e travesti é 35 anos (contra 75 na população geral) O risco de morte do homem trans é 14x maior em relação ao homem homossexual No Brasil, ocorrem 50% das mortes violentas de pessoas trans no mundo Mulheres trans e travestis frequentemente sofrem agressões violentas em casa quando iniciam o processo de transição Apesar do avanço do reconhecimento trans na legislação, as equipes de saúde geralmente estão despreparadas para atender adequadamente a mulher trans Tratamento com uso de hormônios tende a melhorar a condição biopsicossocial e a saúde mental → redução dos índices de suicídio de 27% para 1% 23 Eduarda Rebés Müller Maior incidência de ansiedade, depressão, dependência química e suicídio na população LGBT Conclusão: é urgente a capacitação das equipes de saúde para melhor atendimento desta população PSICOFISIOLOGIA DA FUNÇÃO SEXUAL Violência sexual contra crianças e adolescentes O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) registrou 1.825 notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes no RS em 2017, sendo 83% meninas Uma pesquisa publicada pelo IPEA em 2014 estimou que 527.000 pessoas são estupradas por ano no Brasil e que apenas 10% dos casos chegam à polícia Violência sexual por faixa etária e sexo, em 2017 Estima-se que apenas 2% dos casos de abuso sexual na infância são denunciados Em 90% dos casos denunciados o violador é familiar da vítima A relação que se estabelece entre agressor e vítima de abuso sexual é de poder baseado em ameaças feitas à criança As crianças levam entre 6 e 7 anos para revelar o abuso A grande maioria dos abusadores são homens. Em um número pequeno de casos uma mulher é a abusadora ou participa do abuso juntamente com o homem. Violência sexual por faixa etária e sexo – autor, agressão 834 denúncias de abuso contra crianças ou adolescentes no RS em 2016 RS teve mais de 4 crianças estupradas por dia em 2017 A estimativa para 2018 é que 320 crianças sofreriam abuso sexual no Brasil a cada 24h Denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes recebidas pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) pelo Disque 100 Total de denúncias: 80,4 mil em 2015, 76,1 mil em 2016, 84 mil em 2017 e 76,2 mil em 2018 A falta de confiança da utilidade da denúncia à autoridade pública leva à tendência à subnotificação dos casos pelo Disque 100 Fatores da origem da violência sobre a criança 24 Eduarda Rebés Müller Alto nível de sentimentos hostis dos pais Baixo nível de inibição da agressão manifesta dos pais Concentração da agressividade dos pais sobre a criança (“bode expiatório”) Tipos de violência sobre a criança Negligência emocional (65%) Negligência física (50%) Abuso emocional (71%) Abuso físico (46%) Abuso sexual (20%) Consequências Trauma emocional na infância tem sido considerado fator de risco para: depressão, síndrome de fadiga crônica, transtorno de stress pós-traumático, tentativas de suicídio, multiplicidade de parceiros sexuais, DSTs, uso de álcool e tabaco, sedentarismo, obesidade, cardiopatia isquêmica, câncer e doenças pulmonares, ósseas e hepáticas Maus-tratos na infância têm sido relacionados a alterações no desenvolvimento de estruturas do SNC como o corpo caloso, neocórtex esquerdo, hipocampo e amígdala; observou-se também aumento de irritabilidade nas áreas límbicas, disfunção do lobo frontal e redução da atividade funcional do vermis cerebelar. Violência contra a mulher Em 2005, em mulheres de 10 a 49 anos de idade, homicídio foi a terceira causa de morte, perdendo apenas para doenças cerebrovasculares e acidentes de trânsito, superando a mortalidade por câncer de mama ou doença cardiovascular. Cerca de 40.000 mulheres foram mortas por arma de fogo entre 1999 e 2009 no Brasil A maior parte delas foi vítima de violência doméstica A maioria delas era constituída por solteiras na terceira década de vida (20 a 29 anos) Em 2019, 1310 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil Segundo levantamento da Folha de S. Paulo, país teve aumento de 7,2% no número de mortes por feminicídio no ano passado Dados no RS 48 feminicídios de janeiro a julho de 2018 no RS, contra 45 no mesmo período de 201 → aumento de 6,6% 11 feminicídios em Porto Alegre de janeiro a julho de 2018, contra 8 durante todo o ano de 2017 Em 2018, em Porto Alegre, a média era de 32 casos de violência contra mulher por dia 528 feminicídios de janeiro de 2014 a julho de 2019 no RS 8.412 registros de estupro de mulheres nos RS no mesmo período O número de casos de violência contra a mulher dobrou em 2019 em relação ao mesmo período de 2018 (janeiro a julho) Gravidez na adolescência Na faixa etária dos 10 aos 14 anos de idade, houve um aumento de 93,74% no número de gestantes no Brasil entre 1991 e 2000 Em 21% dos partos realizados pelo SUS a mãe tem de 11 a 20 anos de idade Relatório da OMS publicado em 2018 estima que 16 milhões de adolescentes entre 15 e 19 anos engravidam por ano, e que isso acontece com 2 milhões de adolescentes com menos de 15 anos Anualmente, cerca de 18% dos brasileiros nascidos são filhos de mães adolescentes → 400 mil casos por ano 25 Eduarda Rebés Müller Fatores que aumentam o risco Menarca precoce: Há uma tendência mundial à ocorrência cada vez mais precoce da menarca Além dos possíveis aspectos biológicos (melhor alimentação e cuidados médicos), estima-se que o estresse no meio familiar e a hiperestimulação erótica das crianças no meio familiar, social e na mídia também estejam envolvidos Meninas criadas sem o pai biológico presente no lar têm o dobro de chance de concluir a puberdade antes dos 13 anos e 7x mais chance de engravidar precocemente Desestruturação familiar: Pais separados ou brigas constantes dentro do lar Relacionamento afetivo com os pais ruim ou inexistente Gravidez como “tentativa” (mágica, imaginária) de sair de uma família problemática para formar uma boa família “Tentativa” (mágica, imaginária) de solução de problemas econômicos e ascensão social através de um filho Ser filha de mãe adolescente: Estudo no Rio Grande do Sul (Passo Fundo) encontrou história familiar de gestação na adolescência em 92,7% das gestantes de 12 a 15 anos de idade. Quanto mais jovem a gestante, maior foi o número de adolescentes grávidas na história familiar Início precoce da atividade sexual: Estima-se que até 80% das primeiras relações sexuais sejam desprotegidas Ausência de uso de métodos anticoncepcionais mesmo havendo conhecimento e informação sobre eles Baixa escolaridade: Abandono da escola aumenta significativamente o risco de gravidez na adolescência Das meninas que não completam o Ensino Fundamental, cerca de 50% engravidam antes dos 18 anos A gravidez precoce vem ocupar o lugar de um projeto de futuro inexistente (tornar-se mãe como forma de tornar-se “alguém”) Contaminação pelo HIV e outras DSTs Consequência da iniciação sexual precoce A cada hora, cerca de 30 adolescentes de 15 a 19 anos foram infectados pelo HIV em 2017 no mundo (UNICEF) No Brasil, entre 2004 e 2015, o número de novos casos de HIV entre meninos e meninas de 15 a 19 anos aumentou 53% Estima-se que as meninas tendem a se infectar 2x mais do que os rapazes na mesma faixa etária Embora usem preservativo na primeira relação sexual, abandonam o uso do preservativo logo que o relacionamento parece firmar-se Há necessidade de diminuir a incidência das DSTs, com especial importância para o HPV Considerações Estima-se que 80% destas gestações não são planejadas Há alta probabilidade de separação do casal e impossibilidade de estruturação de um novo lar Prejuízo psicossocial, escolar e econômico para a mãe 60% de chance de nova gestação em 2 anos Para a criança, aumentam as chances de adoção, maus-tratos e gestação precoce 26 Eduarda Rebés Müller Transtornos alimentares como defesa contra sexualidade emergente Anorexia nervosa Acomete 10 a 20x mais o sexo feminino do que o masculino Inicia na puberdade, a partir dos 10 anos, com picos de incidência entre os 13 e 14 anos e entre os 17 e 18 anos Obesidade As adolescentes obesas terão maior probabilidade de vir a não casar e de vir a ter menor escolaridade e menor renda quando adultas Psicofisiologia da atração sexual Atração sexual Homens Mulheres Amígdala e hipotálamo maiores Maior ativação das amígdalas e do hipotálamo ao estímulo sexual visual levando a busca por esta estimulação (voyeurismo) Ativação da amígdala durante o orgasmo Estimulação sexual mais independente dos estímulos visuais Menor ativação das amígdalas e do hipotálamo pelo estímulo visual Ativação predominante no hipocampo e córtex frontal durante o orgasmo Os homens erram mais ao supor receptividade sexual na mulher em relação a eles, ocorrendo mais falso-positivos do que falso-negativos. As mulheres acertam mais quanto ao interesse sexual dos homens, ocorrendo menos falso-positivos ou falso-negativos em relação aos homens. Neuroquímica da paixão Hiperativação adrenérgica e dopaminérgica: o “Frio na barriga”, cólicas o Arrepios, sensação de frio ou calor o Respiração ofegante o Taquicardia e palpitações o Rubor ou empalidecimento facial o Sensação de desfalecimento eminente o Pernas bambas o Boca seca o Tremor muscular o Disartria e alteração do timbre vocal o Nervosismo intenso A atração sexual inicial independe da elaboração cortical. Os estímulos visuais, auditivos, táteis e olfativos estimulam diretamente o tálamo através da amígdala, resultando na descarga adrenérgica sem mediação cortical. Posteriormente, as conexões corticais produzem a consciência do que estamos sentindo e elaboram as respostas organizadas de acordo com a memória e o aprendizado. A elaboração cortical levará, após um tempo variável, à decisão de entregar-se ou não à paixão 27 Eduarda Rebés Müller Fase de enamoramento: Sensação de um estado mental alterado, geralmente de bem-estar ou de oscilação entre alegria e tristeza. Pensamentos e imagens intrusivas em torno do objeto da paixão. Comportamentos complexos com o objetivo de evocar uma resposta de reciprocidade Aumento da liberação cerebral de feniletilamina (substância endógena semelhante à anfetamina), dopamina e betaendorfinas Hipoatividade da transmissão serotonérgica (pensamenos obsessivos, comportamento compulsivo e impulsivo) A liberação abundante de betaendorfinas, oxitocina e vasopressina durante as relações sexuais e o orgasmo levarão progressivamente à diminuição do estado fisiológico de apaixonamento, que será substituído pelo apego amoroso sustentado pela liberação destas substâncias na atividade sexual. Neuroquímica do apego A liberação abundante de betaendorfinas, oxitocina e vasopressina durante as relações sexuais e o orgasmo levarão progressivamente à diminuição do estado fisiológico de apaixonamento,que será substituído pelo apego amoroso sustentado pela liberação destas substâncias na atividade sexual. O casamento parece proteger as pessoas contra o declínio da felicidade ao longo da idade adulta Ratos com parceiras fixas são menos vulneráveis à dependência química Amor patológico Patologia da atração: Incapacidade de apaixonar-se Apaixonamento fácil, mas pouco duradouro Atração que nunca se torna apego Medo de apaixonar-se Atrações múltiplas 28 Eduarda Rebés Müller Patologia do apego: Incapacidade de apego Apego imediato Apego superficial Apego inseguro/obsessivo Ciúme patológico Apego dependência Apego obstinado Apego delirante DISFUNÇÕES SEXUAIS Fatores que influenciam e são influenciados pela sexualidade feminina História pessoal: Idade biológica e aspectos diretamente ligados a ela Imagem corporal e auto-imagem Situação conjugal/afetiva Conhecimentos e crenças a respeito da sexualidade Capacidade de identificação e comunicação das dificuldades sexuais Antecedentes pessoais: história de vida, iniciação sexual e evolução dos relacionamentos História clínica: Drogas: drogas psicoativas (sedativos, hipnóticos, ansiolíticos, narcóticos, antidepressivos, psicoestimulantes e alucinógenos); álcool; hormônios (ACHO, acetato de ciproterona e espironolactona) e anti-hipertensivos. Desordens neurológicas: esclerose múltipla, DM, cirurgia e trauma raquimedular. Endocrinopatias: DM, hipotireoidismo, doença de Addison e hipopituitarismo Outras doenças clínicas: câncer, insuficiência hepática, insuficiência renal, doenças degenerativas Estresse Desordens genitais: aderências clitoridianas, fibrose, debilidade muscular, vaginite atrófica, vaginismo, infecções, prurido, leucorreia, hímen imperfurado, agenesia vaginal, trauma cirúrgico, patologia pélvica (moléstia inflamatória pélvica, gravidez ectópica, endometriose, tumores e cistos e algia pélvica), dismenorreia, tensão pré-menstrual e mastodínia. Anticoncepção Esterilidade Ciclo gravídico puerperal Determinantes das disfunções sexuais 29 Eduarda Rebés Müller Disfunções sexuais secundárias a uso de substâncias/medicamentos Álcool, anfetaminas e similares; cocaína; opióides; sedativos; hipnóticos e ansiolíticos → diminuição do interesse e da excitação sexual Antidepressivos, neurolépticos, ansiolíticos, anticonvulsivantes → diminuição do interesse sexual e transtornos da excitação e do orgasmo Flufenazina e Tioridazina → orgasmo doloroso Clorpromazina, Trazodona e Clozapina → priapismo Processo de excitação sexual da mulher (no relacionamento heterossexual, de maneira genérica) Reconhecimento subjetivo da situação de excitação provocada por certo contexto do relacionamento Percepção de razões ou estímulos diversos para instigar ou se mostrar receptiva à relação sexual O incentivo à relação sexual por meio de recompensas não diretamente sexuais, como intimidade emocional, sensações de bem-estar e aconchego produzidas na relação sexual, ausência de efeitos negativos produzidos pela recusa à relação sexual Em vista disso, pode se considerar que a ocorrência do orgasmo não constitui necessariamente para a mulher à condição única e imprescindível para que ela considere como prazerosa e satisfatória uma relação sexual. Por outro lado, o homem dificilmente consegue dissociar orgasmo e ejaculação, o que faz com que os homens tenham orgasmo na maioria das relações sexuais. Psicofármacos e disfunções sexuais na mulher 30 Eduarda Rebés Müller Drogas com ação serotoninérgica ou anticolinérgica podem causar disfunção sexual → antidepressivos tricíclicos, ISRS, ISRNS e antipsicóticos Dentre os ISRS, fluvoxamina pode ter menor incidência; paroxetina e escitalopram podem ter maior incidência Antidepressivos com ocorrência próxima ao placebo: bipropiona, mirtazapina e agomelatina Acrescentar bupropiona ou mirtazapina ao antidepressivo pode melhorar disfunção sexual Aspectos gerais das disfunções sexuais na mulher Prevalência estimada de queixas quanto à função sexual entre as mulheres nos EUA é de 40% Primeiro passo: EXCLUIR CAUSA FÍSICA OU MEDICAMENTOSA Abordagens terapêuticas: o Terapias sexuais (individual ou de casal) o Terapia cognitivo-comportamental o Psicoterapias psicanalíticas o Abordagens farmacológicas Disfunções sexuais no DSM-5 Transtorno do interesse/ excitação sexual feminino Transtorno do orgasmo feminino Transtorno da dor genito-pélvica/ penetração Transtorno do desejo sexual masculino hipoativo Transtorno erétil Ejaculação prematura Ejaculação retardada Disfunção sexual induzida por substâncias/medicamento Neurofisiologia do desejo sexual 31 Eduarda Rebés Müller Transtorno de desejo sexual hipoativo: decorre da hipoestimulação da via dopaminérgica mesolímbica, que conduz o estímulo dopaminérgico da área tegmental ventral (VTA) ao núcleo accumbens. Bupropiona e mirtazapina estimulam essa via, podendo diminuir esta disfunção. Flibanserina é uma droga para tratar essa disfunção sexual em mulheres. Óxido nítrico: papel no processo de excitação sexual (masculino e feminino) O estado fisiológico de excitação sexual é produzido pelo GMP cíclico (GMPc) e é desfeito pela ação da fosfodiesterase 5 (PDE-5), que produz o desintumecimento da genitália. Transtorno erétil 32 Eduarda Rebés Müller Na disfunção erétil, a ativação da PDE-5 degrada continuamente o GMPc, impedindo a ocorrência da ereção. Apesar das semelhanças na fisiologia da excitação sexual no homem e na mulher, os inibidores da PDE-5 (drogas de mecanismo de ação semelhante ao sildenafil/viagra) são eficientes apenas para a disfunção erétil masculina Formulação mais recente: tadalafila de absorção oral – ação mais rápida Transtornos do orgasmo Pode ser causado pelo uso de ISRS, IRSN ou antidepressivos tricíclicos, apresentando como efeito colateral a impossibilidade de atingir o orgasmo apesar de excitação e estimulação adequadas. Transtorno do orgasmo feminino Ejaculação retardada Ejaculação prematura o Tratamento com antidepressivos que têm como efeito colateral o retardamento da ejaculação: paroxetina e clomipramina – os mais eficazes. o Alternativas: sprays para ejaculação precoce (aplicação tópica minutos antes da relação sexual), dapoxetina (ISRS) e Priligy (comprimido ou spray sublingual) 33 Eduarda Rebés Müller 34 Eduarda Rebés Müller Tratamento das disfunções sexuais Terapia sexual dual Técnicas e exercícios específicos Hipnoterapia Terapia comportamental Mindfullness Terapia de grupo Terapia sexual de orientação psicanalítica Tratamentos biológicos
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