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As Emoções e o Corpo

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Emoções e o corpo
	Todas as emoções são somatizadas. Isso significa que todas as emoções são vividas e percebidas pelo nosso próprio corpo. Não existe nenhuma forma de viver as emoções sem que elas fossem somatizadas pelo corpo, de forma que o impacto das experiencias emocionais fosse visualizado pelo nosso corpo. 
	Existe um caráter adaptativo/filogenético para que vivamos as emoções com o nosso próprio corpo. Cerca de 60% da nossa comunicação envolve a linguagem não-verbal, ou seja, a linguagem corporal. Vivemos inseridos em vários ambientes, e a adaptação a cada um desses ambientes depende das trocas que efetuamos com esses ambientes e com as pessoas que estão neles. Pensando nessas trocas, boa parte ocorre via linguagem verbal, mas também utilizamos muito da linguagem não-verbal. A comunicação de estados internos via linguagem não-verbal é fundamental para a nossa adaptação. É através desse mecanismo que conseguimos dizer para o ambiente a vivência de um estado interno, sem ter que verbalizar essa vivência interna. 
	Sem o feedback produzido pelo corpo, sem a ativação corpórea, as emoções não poderiam ser diferenciadas de meros pensamentos. Assim, ficaria difícil para nós mesmos distinguir os estados internos, como por exemplo, distinguir o medo da análise de resolução de um problema. 
	Além disso, emoções também são uteis porque produzem alterações/impressões nas outras pessoas, sem precisar usar a linguagem verbal. Através das expressões não-verbais, comunicamos para os outros que ele pode se aproximar, por exemplo, ou que não deve se aproximar, ou que é melhor não falar. 
	A vivência das respostas emocionais de medo e ansiedade nos preserva, nos mantém vivos. O problema é quando a vivência do medo e da ansiedade se cronificam e impactam esse corpo de forma negativa. Tudo depende da dose que essas respostas aparecem. O deslocamento da homeostase de forma crônica traz prejuízos para o funcionamento do corpo. 
Estresse psicológico 
A vivência crônica de respostas emocionais pode levar o corpo ao deslocamento crônico da homeostase e, consequentemente, ao desgaste desse corpo. 
Todas as funções cognitivas que possuímos são possíveis por causa das atividades físicas do encéfalo – sinapses neuronais. Um cérebro sem atividade neuronal é um cérebro morto. 
Quando ocorrem alterações importantes nos padrões de pensamento e na vivência de respostas emocionais, estamos vivendo alterações no sistema nervoso, no sistema endócrino e no sistema imune. Os três sistemas estão interligados, já que somos seres integrais. Nossa mente funciona junto com o nosso corpo. Há uma relação entre a vivência do estresse no nosso sistema nervoso e o impacto dessa vivência no sistema imune e endócrino, levando o corpo ao esgotamento e ao adoecimento. 
Estresse, SNC e Sistema Imune
A regulação do SNC sobre o sistema imune se estabelece, principalmente, pela liberação de hormônios do tipo glicocorticoides (cortisol). 
A amígdala ativa o hipotálamo, que secreta o CRH (hormônio corticotrófico). Esse hormônio CRH alcança a hipófise (glândula do sistema nervoso central). Ao chegar na hipófise, ela é estimulada a secretar o ACTH (hormônio adrenocorticotrófico). Ao secretar o ACTH, este hormônio cai na corrente sanguínea e age nas glândulas adrenais/suprarrenais, que, por sua vez, irão secretar cortisol. O cortisol é um hormônio secretado, principalmente, na fase de resistência. 
Na fase de alerta, o principal hormônio secretado é a adrenalina. Na fase de resistência, o cortisol. O cortisol não é um hormônio ruim, e é muito importante para nós. É esse aumento de cortisol que nos permite resistir ao estímulo estressor. A fase de resistência, junto ao cortisol, tenta fazer o sujeito se adaptar à essa ameaça. O problema está na cronificação da vivência do estresse, e não no cortisol em si. 
Os glicocorticoides endógenos são importantes porque são os principais reguladores fisiológicos da resposta imune. O cortisol é o regulador fisiológico do sistema imune. Isso significa que o aumento do nível de cortisol é o sinal que o sistema imune precisa para que ele se ative, entendendo que o sujeito está vivendo uma situação de ameaça e precisa se preparar para a adversidade, havendo a ativação do sistema imune caso esse organismo tenha que enfrentar a adversidade. 
Nosso sistema imune é composto por diferentes tipos de células, localizadas em partes estratégicas do corpo. Temos células de defesa do sistema imune dispersas no sangue (soldados), vigiando as portas de entrada para possíveis invasores. E temos os quartéis, que são os linfonodos, onde as células (soldados) se concentram (pescoço, nas axilas, no abdome e na virilha). Toda vez que o sistema imune precisa ser ativado, as células que estão dispersas no sangue precisam avisar as outras células dos linfonodos que algo está acontecendo com o corpo, e ele vai enfrentar uma situação difícil. Esse aviso é feito a partir da liberação de algumas substâncias que, a princípio, desencadeiam uma resposta imune ou inflamatória inicial. Porém, essa resposta inflamatória inicial é benéfica, porque é ela quem avisa as células dos linfonodos que algo está errado. Um exemplo disso é a febre. Com a liberação dessas substâncias que causam a resposta inflamatória, as células de defesa nos linfonodos se preparam e se ativam para poder combater a situação adversa. 
Quando a adrenal é ativada na fase de alerta, a adrenalina é liberada e promove todas as características do estado de alerta: sistema nervoso autônomo simpático – impacto no sistema digestório, respiratório e cardiovascular. Algumas pessoas têm maiores vulnerabilidades em alguns desses sistemas, como por exemplo rinite e sinusite em vulnerabilidades respiratórias; hipertensão na cardiovascular; gastrite na digestória. 
Depois que a fase de alerta passa, os glicocorticoides passam a ser secretados no lugar da adrenalina, na fase de resistência da adversidade. O cortisol tem ações no organismo como um todo, inclusive no sistema nervoso central. Ele promove efeitos como o aumento da vigilância do sujeito para com o estímulo estressor, e diminuição da vigilância para qualquer outra situação que não a secretora. Com o objetivo de resistir à situação adversa, também há o aumento da quebra de gordura para fornecer energia e o nível de glicose no sangue, com o mesmo objetivo. 
Assim, a fase de resistência é marcada pelo hiper funcionamento do eixo hipotálamo – hipófise/pituitária - adrenal, ocasionando no aumento do cortisol no sangue e na ativação da resposta imune, por consequência, tentando ajudar o organismo no enfrentamento da adversidade. 
Nós possuímos dois tipos de imunidade:
· Imunidade nata: células de defesa inatas, ou seja, que nascem com o bebê, prontas para combater infecções. 
· Imunidade adquirida: ao longo da vida, conforme entramos em contato com alguns microrganismos, nosso sistema imune desenvolve células especificas para combater os microrganismos, chamadas anticorpos. 
Persistindo o estímulo estressor após a fase de quase-exaustão, ele vai para a fase de exaustão, que é marcada pelo hipofuncionamento do eixo hipotálamo – hipófise – adrenal. Quando o hipotálamo detecta que tem muito cortisol circulante, por meio de um feedback negativo, o próprio hipotálamo deixa de estimular a hipófise, que por sua vez, não estimula mais a adrenal a secretar cortisol, havendo uma queda considerável da queda de cortisol circulante. Os níveis de cortisol na exaustão são muito abaixo do esperado, e as respostas imunes adaptativas também diminuem, tornando o corpo mais suscetível às infecções oportunistas, como a infecção de garganta, de urina, aos vírus como a gripe, como a herpes. 
Embora a imunidade adaptativa perca potência nesse momento, há um aumento de intensidade e duração das respostas inflamatórias comandadas pela imunidade inata – hiperatividade. Aqui, manifestamos as alergias de pele, doenças autoimunes, vitiligo, rinite, sinusite, asma, síndrome do intestino irritável, doença de Krohn, entre muitas outras. 
A molécula sintética do corticoideé muito semelhante ao cortisol. Sendo assim, em momentos de hiperativação da imunidade inata, ou seja, de cortisol em baixa, o corticoide pode enganar o sistema imune e tentar diminuir essa hiperativação da imunidade inata. O problema é que os corticoides têm efeitos colaterais a longo prazo que são de difícil controle, como catarata, problemas vasculares, falência renal, entre muitos outros. Porém, não existe muito o que fazer quando estamos falando dessa hiperativação da imunidade inata, e o corticoide precisa ser prescrito para amenizar os sintomas severos das respostas inflamatórias. Por isso que as doenças autoimunes são muito complicadas, porque são desencadeadas todas as vezes que o indivíduo passa pelas oscilações de cortisol, e o seu controle atual é prioritariamente por meio do uso de corticoides, que a longo prazo trazem prejuízos significativos pro sujeito. 
A psicoterapia age na interpretação que o sujeito vai dar para os estressores, e conseguindo mudar essa interpretação, ele ativa menos o sistema de defesa, não tendo impactos no corpo. No caso da doença autoimune, uma vez instalada, ela adquire caráter crônico, e o sujeito terá que lidar com essas manifestações pelo resto da vida, entre momentos melhores, onde os sintomas estão amenizados, e momentos piores, onde os sintomas aparecem com muita severidade, e o sistema de defesa está muito ativado.
Assim, toda doença é psicossomática, porque toda doença envolve um organismo que sofreu impacto de vivencias. Se há o desencadeamento de sinais e sintomas é porque esse sistema, que tem função de nos preservar, foi ativado, porém está sendo ativado cronicamente, e é necessário que a interpretação que esse sujeito está dando para esses estímulos seja alterada, levando em consideração o custo que essa ativação tem para o corpo, que é onde a psicoterapia pode ajudar. 
Individuo estressado é individuo inflamado, e sujeitos em depressão e em crises de ansiedade apresentam marcadores inflamatórios altíssimos.

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