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Victória Portela Pereira Tuberculose na infância Geral Clínica Diagnóstico Investigação de contatos Tratamento · Doença infecciosa extremamente frequente no mundo, 10 milhões de novos casos/ano (11% em < 15 anos) · Incidência em < 15 anos no Brasil: 6,4:100.000 em < 2 anos e 4,8:100.000 entre 5-14 anos · Representam eventos sentinela, já que são resultante de transmissão comunitária, geralmente por exposição domiciliar (busca pelo caso bacilifero) · Etiopatogenia · Complexo de Mycobacterium tuberculosis · BAAR · Transmissão respiratória por aerossóis – logo só ocorre em caso de BK ativa pulmonar ou laríngea (elimina gotículas de Flugge que são exaladas e ressecadas nos núcleos de Wells, os quais contêm de 1-2 bacilos, os responsáveis por atingir alvéolos pulmonares, podendo gerar quadro pulmonar ou extra-pulmonar – disseminação por contiguidade ou linfohematogenica) · Bacilos permanecem em suspensão no ar por dias, principalmente em ambientes pequenos, pouco arejados, pouca exposição solar · PI: 4-12 semans · Maior risco de infecção na infância (< 1 ano -70-80% chance, com diminuição progressiva) e de adoecimento (< 1 ano – 40%; 5-10 anos – 2%, > 10 anos – 10 a 20% · Patogênese · Primária: presença do complexo de Ranke = nódulo de Ghon + linfangite tuberculosa + comprometimento linfonodo regional. Geralmente 1-3 meses após infecção · Maior frequência de formas extrapulmonares: linfoganglionar (65% - principalmente periférica), meningoencefálica (15%), pleural (5%), osteoarticular (5%) · Adultos, geralmente, apresentam quadro por reativação de infecção adquirida no passado (pós-primária) · Mimetiza pneumonia ou asma que não melhoram com terapêutica adequada · Tosse persistente > 2 sem · Febre baixa vespertina > 15 dias · Baixo ganho ponderal ou perda de peso · Linfadenomegalia · Hepatomegalia · Hemoptise é rara em < 10 anos · Crises recorrentes de sibilância · Derrame pleural – cursa com DHL e ADA aumentados Radiografia · Opacidade pulmonar pequena, principalmente em lobos superiores (anterior e médio) e a direita – achado mais comum · Linfonodomegalia hilar unilateral ou paratrequeal, principalmente à direita pode fazer compressão extrínseca do brônquico, causando atelectasia ou enfisema obstrutivo · Pneumonia de evolução lenta ou que cavita · Normal – não exclui diagnóstico · LCR na neurtoBK: pleiocitose com predomínio de linfomononucleares, redução de glicose e aumento de proteínas · BK na infância é paucibacilar: escarro positivo em 20% apenas (não descarta diag), lavado gástrico (3 amostras – 3 dias seguidos) positivo em 50% (invasivo) · Não há formação de cavernas, dificultando eliminação dos bacilos · Baciloscopia e cultura negativa NÃO descartam o diagnostico · Diagnóstico de BK pulmonar em crianças = exposição a adulto bacilífero + PT positiva + quadro clínico compatível + RX alterada a- Teste tuberculínico/ reação de Mantoux (PT): maior reação naqueles que foram previamente expostos ao micobacterium. Só indica infecção, mas não comprova que está doente · FN: aplicação incorreta, má qualidade da tuberculina, imunossuprimido, vacina vírus vivo atenuado recente · FP: reação cruzada com outros micobacterium, · Aplicação do PPD-RT23 ID na face anterior do antebraço com leitura do diâmetro em 72h da aplicação · Reator se ≥ 5 mm (independentemente da idade e do tempo decorrido da vacinação pela BCG) pode demorar de 2-3 meses para positivar após infecção · Escore de pontos · ≥ 40 pontos: muito provável · 30-35: possível · < 25: pouco provável, demanda investigação Feita naqueles que tenha BK bacilífera, fazendo convocação de todos os contatos A- Contato sintomático: investigar BK doença – clinica + PPD + RX B- Assintomático · < 10 anos: RX + PPD (somente após RX normal) · RX suspeito: investigar doença · RX normal PPD: se > 5 mm, ILTB. Se < 5 mm, repetir em 8 sem (avaliar conversão – aumento de > 10 mm do teste anterior) · > 10 anos: PPD · Reator RX tórax: se suspeito, investigar doença. Se normal, ILTB · Não reator: repetir em 8 sem. Sem conversão, alta; ILTB · Ocorre em pacientes que tiveram contato com adulto bacilífero, mas estão assintomáticos, RX normal, mas com PPD positivo · Tratamento – sempre tratar na infância: isoniazida 6-9 meses (270 doses), 5mg/kg, com máx de 300 mg/dia · Alternativa: rifampicina 4 meses (120 doses), 10 mg/kg, máx de 600 mg/dia · Quando um lactente é contato de um paciente bacilífero, há indicação imediata de início do tratamento profilático com isoniazida e realizara o PPD, caso este paciente seja assintomático, mesmo na ausência de evidência radiológica ou imunológica (PPD) de infecção lactente. C- Pulmonar em < 10 anos · Fase intensiva (objetiva reduzir, rapidamente, população bacilar e consequentemente transmissão e resistência): 2RHZ · Manutenção (objetiva eliminar bacilos latentes): 4RH · NÃO recebe etambutol por conta da neurite óptica (de difícil rastreio) · Isoniazida 10 mg/kg/dia · Rifampicina 10 mg/kg/dia · Pirazinamida 35 mg/kg/dia D- Pulmonar em > 10 anos: 2RHZE + 4 RH E- Neurotuberculose/ osteoarticular: 2RHZ/RHZE + 10RH associado a prednisona (reduz complicações e sequelas) por 2-4 meses, se neurológica · BCG só protege contra casos graves da doença (como a miliar), que é mais comum de ocorrer em lactentes · MS não recomenda mais a revacinação de crianças que receberam a vacina BCG e não desenvolveram cicatriz vacinal, independente do período decorrido após a vacinação. · CI ao seu uso: imunossuprimidos, RN < 2000g e lesões cutâneas no local de aplicação Quimioprofilaxia primária · RN exposto a adulto bacilífero · Conduta · Não vacinar com BCG · Isoniazida ou rifampicina por 3 meses · Após 3 meses de tto, solicitar PPD: se não reator, interrompe medicação e vacinar com BCG. Se reator, completar tto com ILTB (mais 3 meses de isoniazida) e não vacinar com BCG · Tuberculose materna não CI amamentação, mas deve ser feito uso de máscara até negativação do escarro (geralmente 15 dias após início do tto) · A baciloscopia do escarro apresenta bons resultados em pacientes adolescentes bacilíferos, apesar da sensibilidade na população em geral ser relativamente baixa (50-60%), sendo capaz de positivar em jovens bacilíferos em mais de 80% dos casos submetidos ao exame. · Na tuberculose óssea, em casos pediátricos, é comum o acometimento dos ossos da mão e do joelho, em contraponto aos quadros que acometem a população mais idosa, que tem preferência pela coluna vertebral, conhecido como mal de Pott, pelo quadril ou também pelo joelho, porém que dificilmente atingem os ossos das mãos. · Lactente que recebeu a vacina BCG e apresenta linfonodo palpável não supurado demanda observação clínica. Existem três efeitos adversos que requerem tratamento com isoniazida após vacinação com BCG: abscesso subcutâneo frio, linfadenite regional supurada e úlcera > 1 cm. A última deve ser tratada apenas se persistir por 12 semanas ou mais.