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drogas adrenérgicas e antiadrenérgicas

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Drogas adrenérgicas ou simpatomiméticas
Drogas que produzem um efeito semelhante às catecolaminas fisiológicas do sistema nervoso autônomo simpático. Podem ter ação direta, indireta ou mista.
Ação direta: sua ação é direta nos receptores adrenérgicos, produzindo efeito semelhante ao SNAS.
Catecolaminas endógenas (apesar desse nome, são drogas exógenas): se referem a droga dopamina, droga noradrenalina e droga adrenalina.
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Adrenalina (endovenosa ou intramuscular): a maior parte do seu uso é em ambiente hospitalar, como em casos de choque anafilático (reação alérgica intensa que leva ao edema de glote), paradas cardíacas, hemorragias superficiais
Seu uso seria importante em casos de choque anafilático, pois se ligará aos receptores beta 2 do músculo liso brônquico, promovendo a broncodilatação.
Seu uso seria importante em casos de parada cardíaca, pois se ligará aos receptores beta 1 do coração, promovendo efeito inotrópico e cronotrópico positivos.
Seu uso seria importante em casos de hemorragia superficial (uso no local), pois se ligará aos receptores alfa 1 do músculo liso vascular, promovendo vasoconstrição.
Seus efeitos adversos podem ser cefaléia, taquicardia (receptor beta 1 no coração) e tremor (receptor beta 2 no MEE).
Noradrenalina (endovenosa): normalmente administrada em UTIs por bombas de infusão que controlam a quantidade de droga por minuto. Normalmente utilizada em situações onde a pressão arterial do paciente está muito baixa ou choque circulatório/choque hipovêmico. Importante na época de COVID, pois o vírus contribui para a queda de pressão arterial através da vasodilatação.
A noradrenalina é a droga de escolha, pois atua no receptor alfa 1 do músculo liso vascular promovendo somente a vasoconstrição, aumentando a resistência periférica e pressão arterial; também se liga nos receptores beta 1 do coração aumentando a frequência cardíaca e força de contração, aumentando o débito cardíaco e pressão arterial; também se liga nos receptores beta 1 das células justaglomerulares aumentando a secreção de renina, e consequentemente forma mais angiotensina II, que faz vasoconstrição, aumentando a resistência periférica e pressão arterial.
Adrenalina não é interessante, pois se liga aos receptores beta 2 do músculo liso vascular, promovendo efeito de vasodilatação… dessa forma seu efeito para aumentar a pressão arterial seria menos eficiente. Em um paciente de emergência não se deve correr riscos, mesmo que mínimos. 
Seus efeitos adversos podem ser hipertensão e taquicardia.
A dopamina não é utilizada em emergências, pois necessita de doses muito grandes. Eventualmente é associada com noradrenalina, mas nunca é usada sozinha.
Agonistas beta 1 seletivos
Dobutamina
Utilizada em situações de emergência e UTIs, via endovenosa. Sua ação, assim como as catecolaminas endógenas (drogas), é direta, ou seja, se liga diretamente no receptor. Se liga, então, nos receptores beta 1 do coração e receptor beta 1 das células justaglomerulares.
Seu uso é indicado para insuficiência cardíaca descompensada (fração de ejeção muito baixa, ou seja, força contrátil débil).
Mecanismo farmacodinâmico: a dobutamina se liga aos receptores beta 1 cardíacos, e tem como resposta um efeito inotrópico e cronotrópico positivos, aumentando o débito cardíaco.
Nesse caso, o efeito mais desejado seria somente o inotrópico positivo, pois o coração doente, se estimulado a aumentar a frequência cardíaca, fica mais desgastado. Infelizmente não há como ser somente inotrópico positivo.
Efeitos adversos: aumento da PA (também atua nos rins estimulando a renina) e frequência cardíaca.
Agonistas beta 2 seletivos (dessensibiliza)
Seu principal uso é por conta dos receptores beta 2 do músculo liso bronquiolar, para obter o efeito de broncodilatação. Recomendados em casos de DPOC e Asma; agonistas beta 2 são o grupo mais importante para tratar asma.
Salbutamol e Fenoterol (curta ação); Salmeterol e Formoterol (longa ação).
Utilizados via enteral: bombas, xaropes ou inalação.
Seus afeitos adversos são tremores (receptores beta 2 do MEE) e taquicardia (pois nenhuma droga é 100% seletiva, seus efeitos adversos vão depender muito da dose).
*ao passar da dose terapêutica recomendada, a droga perde a sua seletividade; nesse caso começa a agir nos receptores beta 1 do coração, levando ao efeito cronotrópico positivo
Os receptores beta 2 podem sofrer a dessensibilização (reversível): o receptor sai da superfície celular para o seu interior, e a droga perde sua capacidade de se ligar a eles, não fazendo seu efeito… isso acontece como um mecanismo de proteção, onde a dose (excessiva) da estimulação e o tempo (excessivo) são a causa, mas em tempo prolongado a tendência da dessenbilização é maior.
Ritodrina (endovenosa): seu uso terapêutico se dá por conta da ligação aos receptores beta 2 do músculo uterino, provocando seu relaxamento. Normalmente utilizado em situações de parto prematuro. Os efeitos colaterais são os mesmos: tremor e possivelmente taquicardia.
Agonistas alfa 1 seletivos (dessensibiliza)
Nafazolina: descongestionante nasal de uso tópico nasal, pois se liga aos receptores alfa 1 do músculo liso vascular, promovendo a vasoconstrição.
Fenilefrina: descongestionante nasal de uso oral, pois se liga aos receptores alfa 1 do músculo liso vascular, promovendo a vasoconstrição.
Oximetazolina: se liga aos receptores alfa 1 do músculo liso vascular, promovendo a vasoconstrição.
Com a vasoconstrição promovida pelo fármaco, o fluxo sanguíneo diminui, assim como o edema, resultante do aumento da permeabilidade vascular causada pela inflamação aguda.
*edema é a principal causa da congestão nasal
É necessário o cuidado, entretando, com a dose utilizada, pois receptores alfa 1 também se dessensibilizam facilmente, e normalmente o usuário aumenta a dose para tentar obter o efeito terapêutico inicial. Dessa forma, a droga pode se tornar sistêmica, causando efeito adversos como aumento da pressão arterial, pois faz vasoconstrição e aumenta a resistência periférica.
Agonistas alfa 2 seletivos
Drogas que se ligam aos receptores alfa 2 pré-sinápticos, mimetizando as catecolaminas endógenas, ou seja, produzem também o efeito de autorregulação inibitória, controlando a quantidade de noradrenalina na fenda sináptica, e assim diminuindo os efeitos do SNAS no organismo.
Clonidina: utilizado em hipertensão refratária, ou seja, uma hipertensão grave, onde o paciente utiliza 5 ou 6 classes de hipertensivo e a PA ainda está alta. É utilizado como terapia adjuvante (complementar).
Seu efeito adverso pode ser tontura e hipotensão postural, sendo recomendado seu uso antes de dormir.
Metildopa: anti-hipertensivo de escolha para gestantes, pois não possui efeitos teratogênicos (não causa má formação fetal). Único 100% confiável.
Mecanismo de ação da metildopa: estimula receptores alfa 2, promovendo a autorregulação inibitória, ou seja, controla a liberação da noradrenalina de dentro da vesícula para a fenda, diminuindo a sua liberação e diminuindo a atividade simpática.
Ao diminuir a quantidade de noradrenalina na fenda sináptica, a atividade simpática fica reduzida, pois haverá menos noradrenalina fisiológica para se ligar aos receptores alfa 1 e beta 1 (alfa 1 nos vasos faz a vasoconstrição, beta 1 no coração aumenta o DC e no rim aumenta a secreção de renina).
Nesse caso sua ação é direta e simpatomimética.
Outro mecanismo da metildopa: entra na terminação nervosa pré-sináptica como alfa metildopa e se comporta como se fosse a tirosina… diz-se que faz um papel de falso neurotransmissor. A alfa metildopa então é metabolizada e, torna-se metilnoradrenalina como metabólito final, ficando armazenada na vesícula. Quando é liberada na fenda sináptica, também tem afinidade pelo receptor alfa 2 pré-sináptico, promovendo mais uma vez a autorregulação inibitória, que diminui a quantidade de noradrenalina e metilnoradrenalina na fenda sináptica, diminuindo a atividade simpática.
Nesse caso a sua ação é indireta e simpatomimética.O efeito adverso mais relevante da metildopa é a hepatotoxicidade… os usuários dessa droga (normalmente gestantes) devem fazer um controle de TGO e TGP, que se estiverem 3x maiores que o valor de referência, o medidamente deve ser cessado.
De forma geral, os agonistas alfa 2 seletivos podem promover sedação.
Drogas adrenérgicas de ação indireta
São drogas que não se ligam diretamente aos receptores adrenérgicos, mas estimulam o aumento dos neurotransmissores fisiológicos, que se ligam nos receptores adrenérgicos.
Metilfenidato: é um derivado de anfetaminas, assim como dimesilato de lisdexanfetamina.
Mecanismo de ação dos derivados de anfetaminas: Entram no neurônio pré-sináptico, e atuam diretamente na vesícula, aumentando a liberação de noradrenalina e dopamina para a fenda (principal mecanismo); outro efeito é o bloqueio parcial dos transportadores responsáveis pela recaptação 1 (a recaptação que leva a catecolamina de volta para dentro da terminação pré-sináptica para ser degradada pela MAO ou voltar para a vesícula), promovendo maior quantidade de noradrenalina e dopamina na fenda (mecanismo secundário).
Por ser uma droga e em concentração maior que a noradrenalina fisiológica, a autorregulação inibitória do receptor alfa 2 “perde” para o metilfenidato que está estimulando a vesícula a liberar mais noradrenalina e dopamina na fenda; o metilfenidato atravessa a barreira hematoencefálica e estimula a liberação de dopamina já dentro do SNC.
Esses neurotransmissores fisiológicos agora encontrados em maiores quantidades na fenda sináptica, se ligam a mais receptores e promovem maior ação simpática.
Como resposta, é um potente estimulante do SNC, melhorando a capacidade cognitiva, percepção e raciocínio.
Seu uso é indicado para pessoas com TDAH e/ou narcolepsia (sono excessivo).
Seus efeitos adversos são taquicardia, arritmia cardíaca, hipertensão, ansiedade, depressão… náusea, êmese e gosto metálico podem ser observados como efeitos adversos da dopamina em excesso na fenda sináptica; também observa-se uma diminuição do apetite.
Drogas adrenérgicas de ação mista
São drogas que se ligam diretamente aos receptores adrenérgicos e entram na terminação pré-sináptica para estimular as vesículas a liberar noradrenalina na fenda.
Efedrina e pseudoefedrina.
São usadas como descondestionantes nasais, pois se ligam aos receptores alfa 1 em vasos fazendo vasoconstrição, mas se ligam também em outros receptores, pois não são seletivas; prefere-se nafazolol, fenilefrina e oximetazolina, pois seu efeito é seletivo a receptores alfa 1, produzindo uma menor quantidade de efeitos adversos.
Drogas antiadrenérgicas ou simpatolíticas
São drogas que bloqueiam os receptores adrenérgicos, ou seja, são antagonistas adrenérgicos e produzem um efeito simpatolítico (diminuem a ação simpática).
Beta bloqueadores
São divididos em 3 gerações, sendo que todos fazem o bloqueio dos receptores beta 1.
1ª propranolol (não seletivos, bloqueando tanto beta 1 quanto beta 2)
Os beta bloqueadores de primeira geração são contraindicados em pacientes asmáticos, pois podem bloquear receptores beta 2 do músculo liso bronquiolar, fazendo broncoconstrição (bloqueia a ligação de adrenalina aos receptores beta 2).
Utiliza-se para tratamentos de ansiedade (diminui descargas adrenérgicas, que podem levar a crises de pânico), tremor, enxaqueca.
Normalmente não indicados por cardiologistas.
2ª atenolol, bisoprolol e metoprolol (seletivos beta 1)
Seletivos, bloqueando somente beta 1;
Lembrando que nenhuma seletividade é 100%, e quando se ultrapassa a dose terapêutica, os medicamentos perdem a sua seletividade.
3ª nebivolol e carvedilol
Os beta bloqueadores de terceira geração, além de bloquearem receptores beta 1, possuem uma ação vasodilatadora adicional.
O nebivolol estimula a liberação de óxido nítrico (NO), portanto o seu efeito vasodilatador não é por ligação aos receptores alfa 1 do músculo liso vascular.
O carvedilol bloqueia receptores beta 1 e também bloqueia receptores alfa 1 do músculo liso vascular.
Todos os beta bloqueadores podem levar a disfunção erétil. 
Todos os beta bloqueadores são contraindicados em pacientes com frequência cardíaca abaixo de 50 batimentos por minuto, pois bloqueiam os receptores beta 1 do coração e promovem um efeito cronotrópico negativo, podendo levar a parada cardíaca.
Todos os beta bloqueadores, com exceção do atenolol, podem ser usados na gestação (normalmente em casos de hipertireoidismo, levando a taquicardia).
Apenas os beta bloqueadores de terceira geração não alteram o perfil lipídico e não aumentam os níveis de glicose sérica. Apesar disso, os beta bloqueadores de primeira e segunda geração não são contraindicados para diabéticos e dislipidêmicos, mas utilizados com cautela.
Para gestantes com HAS → metildopa; para gestantes com taquicardia→beta bloqueadores (exceto atenolol).
Por que os beta bloqueadores são eficazes para tratar HAS?
Porque estes fármacos agem nos receptores beta 1 do coração, bloqueando-os e gerando uma resposta cronotrópica negativa e inotrópica negativa; nos rins, bloqueiam também os receptores beta 1 das células justaglomerulares, diminuindo a secreção de renina, que como produto final, teremos menor quantidade de angiotensina II.
Por que os beta bloqueadores podem ser usados como anti-arrítmicos?
Porque bloqueiam receptores beta 1 do coração e tem efeito cronotrópico negativo.
Beta bloqueadores são indicados de forma geral para hipertensão, arritmia e insuficiência cardíaca.

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