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Aula 7 Beta-bloqueadores e Farmacologia da Serotonina – 17.09 Os beta-bloqueadores são fármacos com ação antagonista nos receptores beta-adrenérgicos. Os receptores beta 1 são os principais receptores que irão mediar as respostas simpáticas no coração. A ativação do beta 1 cardíaco tem efeito inotrópico e cronotrópico, aumentando a FC, a força de contração e o DC. A inibição do beta 1 resulta em diminuição do DC e, consequentemente, da PA. FÁRMACOS ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS SIMPATICOLÍTCOS – aqueles que inibem a função simpática. Primeira geração – não seletivos que pegam beta 1 e beta 2 Segunda geração – seletivos pra beta 1 (antagonizam beta 1 com maior eficiência, mas também são capazes de se ligarem ao beta 2) Terceira geração – podem ser beta 1 seletivos ou não seletivos, mas eles não tem ação somente no receptor beta (também podem ter ação no receptor alfa, indução de vasodilatação e redução da PA, regular estresse oxidativo – funções acessórias que contribuem no efeito terapêutico) A importância farmacológica dos beta-bloqueadores está relacionada à ação beta 1. A inibição de beta 2 vai interferir na musculatura lisa, na irrigação da musculatura esquelética e na broncodilatação (podendo até causar broncoconstrição, que seria um problema para pacientes asmáticas e portadores de DPOC). Insuficiência cardíaca e pós IAM em que há necessidade de diminuição da carga do coração para não haver aumento da demanda de oxigênio – aumento do trabalho cardíaco, o coração demanda mais O2, o que pode ser complicado num quadro pós infarto. Os betabloqueadores terminam com LOL. Diminuição da velocidade de condução nos nós sinoatrial e átrio-ventricular. O mecanismo pelo qual os beta-bloqueadores agem não é só pela redução do DC. Alguns indivíduos hipertensos apresentam aumento da renina circulante. O sistema renina-angiotensina-aldosterona promove aumento da PA. A liberação da renina pelas células renais é estimulada pelo sistema nervoso simpático. Bloqueando os receptores beta adrenérgicos nos rins, haverá redução da produção de renina, interferindo hormonalmente na redução da PA. Bloqueando receptores beta podemos controlar a quantidade de norepinefrina e os de terceira geração terão efeitos adicionais (óxido nítrico, regulação de canais de cálcio, ativação de beta 2, inibição de alfa 1...). Celiprolol – bloqueia o beta 1 e estimula o beta 2 ao mesmo tempo (medicamento em estudo). Síndrome de Ehlers_Danlos – alteração genética de colágeno e há aumento da elasticidade em diversos tecidos. Pode levar à ruptura aórtica por perda da integridade da parede. Bloqueando a glicogenólise e a lipólise, bloqueia a capacidade de estimulação simpática aumentar a glicose. Sintomas de hipoglicemia – hálito cetônico, tremores, sudorese... Os sintomas da hipoglicemia ficam “mascarados” com o uso de beta-bloqueadores. Tremores podem ocorrer por ativação de receptores beta 2 da musculatura esquelética. Pacientes diabéticos que fazem uso de beta-bloqueadores devem estar constantemente controlando e verificando a glicemia. O carvedilol é um beta-bloqueador que tem efeito benéfico – não causa aumento de LDL nem de triglicerídeos. PRIMEIRA GERAÇÃO (não seletivos que tem basicamente ação beta): Pode gerar efeitos adversos no beta 2. Angina – pacientes que precisam reduzir a demanda de oxigênio pelo músculo cardíaco. Não reduz a dor durante a crise de enxaqueca, mas reduz o aparecimento de crises. O hipertireoidismo pode ser caracterizado como aumento da atividade simpática – beta-bloqueador para reduzir aspectos dessa atividade simpática, principalmente no que diz respeito ao coração (evitar sobrecarga e elevação da FC). Altamente lipofílico – facilita atravessar a barreira hematoencefálica. Biodisponibilidade de 25% (baixa) – fármaco de ingestão oral sujeito a metabolismo de primeira passagem (hepático). Como o propranolol tem alta taxa de metabolismo hepático, devemos ter atenção no uso em pacientes com insuficiência hepática (pode não metabolizar, aumentar a concentração no organismo, podendo atingir doses tóxicas). Hidrossolúvel – não ultrapassa a barreira hematoencefálica. Glaucoma de ângulo aberto – aumento da pressão intraocular por aumento de humor aquoso na câmara anterior do olho. Com bloqueio de receptores beta no corpo ciliar, temos redução da produção de humor aquoso – controle e ajuste do volume e pressão exercida pelo humor aquoso no olho. No glaucoma de ângulo fechado a indicação é tratamento cirúrgico. O timolol não é seletivo, então ele pode apresentar efeito beta 2. O colírio pode ser absorvido, ir pra circulação sistêmica e apresentar efeito beta 2 no paciente asmático. Colinomiméticos – estimulam receptores muscarínicos que irão contrair o músculo ciliar. Os fármacos que agem nos receptores precisam ter afinidade pelos receptores e os agonistas têm capacidade de ativar o receptor. O agonista parcial não atinge 100% da resposta mesmo aumentando a dose administrada do fármaco (resposta de 1% a <100% são fármacos parciais). O agonista parcial irá competir pelo sítio de ligação do receptor com o agonista pleno e vai atrapalhar a resposta do agonista pleno (irá agir como um antagonista). O pindolol é um agonista parcial com eficácia baixa – ação beta-bloqueadora com pequena atividade simpática. Utilizado em pacientes com propensão à bradicardia para prevenir bradicardia severa. SEGUDA GERAÇÃO (seletividade beta 1, mas tem capacidade de se ligar a beta 2): Dentro de uma dose terapêutica, irão se ligar preferencialmente a receptores beta 1 – cardioseletividade. Em doses terapêuticas, o metoprolol possui afinidade de 50 a 100 vezes mais pelos receptores beta 1. As enzimas CYP que realizam reações de fase 1 – mudam a estrutura do fármaco, inativando-o na maioria das vezes (a não ser que seja um pró-farmaco). A CYP2D6 tem uma variabilidade grande entre os indivíduos da população – resposta diferente do indivíduo ao fármaco. Mau metabolizador - CYP menos expressa ou de menor eficiência. Enzimas de metabolismo não eficientes = acúmulo do fármaco por demora da metabolização tendo probabilidade de efeito tóxico. Muitas vezes utilizado associado a um diurético. Metabolizado no próprio sangue – muito rápido. Utilizado em paciente com insuficiência cardíaca crônica. TERCEIRA GERAÇÃO (além do antagonismo beta 1, possuem ação adicional vasodilatadora): Pode inibir canais de cálcio – redução da contração cardíaca e de musculatura lisa. Ação beta 2 agonista – redução das chances de ruptura da artéria. Ação antioxidante – reduz a formação de radicais livres. Algumas doenças cardiovasculares têm muitos componentes anti-inflamatórios. Tendo mediadores inflamatórios, temos aumento de espécies reativas de oxigênio, que pode levar à lesão celular. Ao bloquear o sinal de espécie reativa de O2, temos melhora em alguns casos. Alguns beta-bloqueadores de terceira geração tem a capacidade (via beta 3) de produzir óxido nítrico (vasodilatação). Proliferação de células musculares lisas – alguns insultos cardíacos em doenças cardiovasculares geram proliferação de células musculares e remodelamento que pode dificultar a função do coração ao longo do tempo. A redução da proliferação de células musculares lisas e cardíacas proporciona melhora do paciente. Bloqueio alfa 1 adrenérgico – favorece redução da resistência vascular periférica e redução da PA. Aumento de NO – vasodilatação. Beta 2 agonista – ação beta 2 agonista leve. Bloqueio da entrada de cálcio – o cálcio é um potente íon que induz contração de musculatura cardíaca. Bloqueio da entrada de cálcio favorece a vasodilatação e redução da PA. Abertura dos canais de K+ - favorece a contração muscular. Um isômero tem maior afinidade pelo receptor alfa e o outro isômero tem maior afinidade pelo receptor beta – antagonista. A ação antagonista beta junto à ação antagonista alfa vai facilitar o efeito hipertensivo do labetalol tanto por redução do DC quanto por redução da resistência vascular. Beta não seletivo. Antagonista não seletivo – pegabeta 1 e beta 2. Reduz DC e reduz RVP e, além disso, tem efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios. Reduz espécie reativa de O2 – inibe o remodelamento do músculo vascular. Sua ação vasodilatadora aumenta a eficácia como fármaco anti- hipertensivo. Diminuição da demanda por O2. Redução do DC para redução da pressão com que o sangue na aorta pra diminuir a chance de aumento da dissecção e possível rompimento aórtico. Proteção do coração do paciente com hipertireoidismo. Prevenção da enxaqueca – ação central. Fármacos que ultrapassam a barreira hematoencefálica. Agem controlando a vascularização – vasodilatação. Ansiedade de performance – gerada por descarga simpática. A expressão de comportamentos do meio interno (taquicardia, sudorese...) aumentam a sensação de ansiedade (emoção). O uso off label de beta-bloqueadores reduz a ação da ansiedade, favorecendo a performance. Fenômeno de Raynaud – diminuição de fluxo sanguíneo para a periferia e hipóxia. O lúpus favorece o fenômeno de Raynaud. A célula regula a quantidade de receptores dependendo do ligante. Se bloqueamos os receptores beta, a célula vai aumentar a quantidade de receptores da célula (aumento da sensibilidade). Retirando o beta-bloqueador de uma hora pra outra, teremos mais receptores e efeitos inotrópico e cronotrópico aumentado. A retirada dos beta-bloqueadores deve ser feita de forma planejada (aos poucos) para que a célula vá ajustando a sensibilidade dela ao ligante. O propranolol é beta-bloqueador não seletivo – pode causar broncoconstrição. O verapamil é um inibidor de canais de cálcio. A prazosina é um antagonista alfa 1, que reduz a pressão arterial por vasodilatação (diminuição da RVP) e tem como efeito colateral a hipotensão ortostática. A inibição de receptores alfa 1 não permite ajuste rápido de pressão. O propranolol é não seletivo – beta 1 e beta 2. Resposta – letra A. FARMACOLOGIA DA SEROTONINA (5-HT): A serotonina é importante no processo de comunicação celular. Inicialmente foi identificada como uma molécula no plasma que levava à vasoconstrição. Hoje em dia sabemos que ela é expressa em outros lugares e tem outras funções. 5-HT = 5-hidroxitriptamina Células do SNC chamadas células enterocromafins ou cromafins intestinais – vão sintetizar serotonina (neuro-hormônio). As plaquetas não produzem, mas acumulam serotonina por transportadores. O triptofano (aminoácido precursor da serotonina) entra por ação de transportador da família SLC, será transformado em hidroxitriptofano e serotonina (5-HT). A serotonina será colocada dentro da vesícula por ação do VMAT (transportador vesicular de monoaminas). Depois será liberada e vai agir nos seus receptores. Normalmente a serotinina é recaptada, mas ela também é alvo de degradação da MAO (monoamina oxidase). O SERT é um transportador de serotonina específico que é um alvo farmacológico importante. Fármacos que induzem a inibição da MAO irão aumentar a disponibilidade da serotonina (mas a MAO é inespecífica, degradando também outros neurotransmissores). Os receptores da serotonina podem ser pré ou pós sinápticos e a maioria é acoplado à proteína G. 5-HT 1, 5-HT 2, 5-HT 4, 5-HT 5, 5-HT 6 e 5-HT 7 – acoplados à proteína G. 5-HT 3 – canal iônico. Ainda existem subdivisões dentro de cada receptor. Os neurônios do núcleo da rafe fazem sinapse em várias regiões do cérebro – neocórtex, cerebelo, amigdala, hipocampo... Por ser precursora da síntese de melatonina, a serotonina também é reguladora de sono. Um desbalanço da neurotransmissão serotoninérgica gera algumas patologias – depressão, por exemplo, apetite (obesidade). Lorcaserina – proibido por desenvolvimento de câncer. Ação em plaquetas – favorece a agregação plaquetária. Contração do músculo liso vascular – vasoconstrição Quando os receptores de serotonina são ativados, acontece um reflexo vagal que leva à bradicardia (receptores 5-HT 3). A serotonina também controla a liberação de acetilcolina que também controla a peristalse – aumento da peristalse do TGI. Ação indireta – aumentando serotonina na fenda sináptica, mas sem ser agonista e antagonista. Muitas vezes antes do aparecimento da cefaleia ocorre uma fase chamada de aura. O indivíduo que tem enxaqueca com a aura possui outras sintomatologias – sintomas visuais, diminuição da visão, visão borrada, halo preto, fotofobia, sensibilidade ao som. Existem medicamentos desenvolvidos para tentar agir especificamente no peptídeo relacionado ao gene da calcitonina – inibindo o processo de extravasamento e ativação de terminações de dor. Esses medicamentos, no entanto, apresentam efeitos adversos. As triptanas diminuem não só a cefaleia, mas também os eventos associados à enxaqueca. São medicamentos úteis durante a crise aguda da enxaqueca. Os receptores 5-HT 1B e 5-HT 1D são pré-sinápticos – inibe a liberação dos peptídeos vasoativos, reduzindo o processo de vasodilatação. Em gramíneas e trigo existem fungos Clavíceps purpúrea (esporão do centeio) que produzem alcaloides que se ligam a receptores de serotonina. O LSD é um composto sintético que foi desenvolvido a partir dos moldes dos alcaloides do esporão do centeio. Receptor H1 = receptor de histamina. Efeitos adversos pelo antagonismo da resposta serotoninérgica. SERT – transportador para recaptação específico de serotonina. Existem outras classes que agem via transportador de serotonina, mas que não específicos para o SERT. Os antidepressivos tricíclicos inibem o SERT e o NET também (noradrenalina).
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