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CAPÍTULO 11. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA 366 11.7 Problemas Aplicados e Projetos 11.1 - Um corpo negro (radiador perfeito) emite energia em uma taxa proporcional à quarta potência de sua temperatura absoluta, de acordo com a equação de Stefan-Boltzmann, E = 36.9 10−12 T−4 , onde E = potência de emissão, W/cm2 e T = temperatura, Ko. O que se deseja é determinar uma fração dessa energia contida no espectro viśıvel, que é tomado aqui como sendo 4.10−5 a 7.10−5 cm. Podemos obter a parte viśıvel integrando a equação de Planck entre esses limites: Eviśıvel = ∫ 7.10−5 4.10−5 2.39 10−11 x5(e1.432/Tx − 1) dx , onde x = comprimento de onda, cm; E e T como definido acima. A eficiência luminosa é definida como a relação da energia no espectro viśıvel para a energia total. Se multiplicarmos por 100 para obter a eficiência percentual e combinarmos as constantes, o problema torna-se o de calcular: EFF = ( 64.77 ∫ 7.10−5 4.10−5 dx x5(e1.432/Tx − 1) ) / T 4 . Obter a eficiência luminosa, com erro relativo < 10−5, nas seguintes condições: i) Ti = 2000 oK Tf = 3000 oK com incremento da temperatura igual a 250. ii) Ti = 2000 oK Tf = 3000 oK com incremento da temperatura igual a 200. onde Ti e Tf são as temperaturas iniciais e finais, respectivamente. 11.2 - De um veloćımetro de um automóvel foram obtidos as seguintes leituras de velocidade ins- tantânea: t(min.) 0 5 10 15 20 25 30 35 40 v(km/h) 23 25 30 35 40 45 47 52 60 Calcule a distância em quilômetros, percorrida pelo automóvel usando a regra de Simpson. 11.3 - A determinação da área da seção reta de rios e lagos é importante em projetos de prevenção de enchentes ( para o cálculo de vazão da água) e nos projetos de reservatórios ( para o cálculo do volume total de água). A menos que dispositivos tipo sonar sejam usados na obtenção do perfil do fundo de rios/lagos, o engenheiro civil deve trabalhar com valores da profundidade, obtidos em pontos discretos da superf́ıcie. Um exemplo t́ıpico de seção reta de um rio está mostrado na figura a seguir: CAPÍTULO 11. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA 367 superf ície da água 6 4 2 0 Profundidade(m) I 1.8 2 4 4 2.83.43.646b b b b b b b b b b b ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? distância da margem esquerda(m) 200 10 - Use uma fórmula de quadratura sobre pontos igualmente espaçados de h, para calcular a área da seção reta da figura dada acima. 11.4 - A equação de Clapeyron encontrada no estudo das relações de propriedade termodinâmica pode ser expressa como: d lnP dT = ∆Hr RT 2 , (11.27) onde P : pressão do vapor, T : temperatura absoluta, ∆Hr: entalpia da vaporização, R: constante de gás. Esta temperatura, que é válida para um intervalo limitado de pressão e temperatura, pode ser usada para determinar a pressão de vapor em qualquer temperatura, reecrevendo-se (11.27) e integrando a partir de alguma pressão e temperatura conhecidas P0, T0. Mostre que fazendo isso obtemos: ln P P0 = ∫ T T0 ∆Hr RT 2 dT . (11.28) A solução de (11.28) requer o cálculo da integral indicada. Entretanto em muitos casos ∆Hr, não pode ser dada por uma expressão anaĺıtica conveniente e a integral deve então ser calculada por um método numérico. Considere uma substância para a qual os seguintes dados são conhecidos: T 185 190 195 200 205 210 ∆Hr 81.307 80.472 79.568 78.714 77.859 77.002 215 220 225 230 235 76.141 75.272 74.395 73.508 72.610 R = 0.01614 K cal / Kg, P0 = 0.028 atm em T0 = 185 oK . Determine a pressão do vapor a uma temperatura de 235 oK, usando 3, 5, 7, 9 e 11 pontos. Com 11 pontos é posśıvel dizer quantas casas decimais estão corretas? Se a resposta for afirmativa diga qual é a precisão obtida. Observe que nesse problema você não deve entrar com o valor de ǫ, mas sim comparar os resultados obtidos. 11.5 - Seja a viga em balanço e o carregamento dado na figura a seguir: CAPÍTULO 11. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA 368 B A h b = 0.20m 0.60m l = 3m 0.20m P = 1 t/m ???????? onde E = 200t/cm2 (módulo de elasticidade do concreto). O deslocamento vertical no ponto B pode ser obtido através da expressão: δV B = ∫ B A M0M1 EJ dx , com M0 = 1 2 (ℓ− x)2, M1 = ℓ− x, J = bh3 12 , onde M0 é o momento da viga, M1 é o momento da viga correspondente a uma carga unitária na direção e sentido do deslocamento e J é o momento de inércia de uma secção retangular de altura h. Determine o deslocamento vertical δV B com erro relativo inferior a 10 −4. 11.6 - Na determinação da radiação luminosa emitida por um radiador perfeito é necessário calcular-se o valor da integral: Q = ∫ λ2 λ1 2πhc2 λ5(e hc kλT − 1) dλ, onde: Q = radiação emitida por unidade de tempo por unidade de área entre os comprimentos de onda λ1 e λ2, em erg/cm 2.s, λ1 e λ2 = limites inferior e superior, respectivamente, do comprimento de onda, em cm, h = constante de Planck = 6.6256× 10−27 erg.s, c = velocidade da luz = 2.99793× 1010 cm/s, k = constante de Boltzmann = 1.38054× 10−16 erg/k, T = temperatura absoluta da superf́ıcie, oK, λ = variável de integração = comprimento de onda, cm. Obter Q, com erro relativo < 10−5, nas seguintes condições: CAPÍTULO 11. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA 369 i) λ1 = 3.933666× 10 −5 cm , λ2 = 5.895923× 10 −5 cm , T = 2000 oK . ii) λ1 = 3.933666× 10 −5 cm , λ2 = 5.895923× 10 −5 cm , T = 6000 oK . 11.7 - A função de Debye é encontrada em termodinâmica estat́ıstica no cálculo do calor espećıfico da água a volume constante de certas substâncias. A função é expressa por: D(x) = 3 x3 ∫ x 0 y3 ey − 1 dx . Obter D(x), com erro relativo < 10−5, nos seguintes casos: i) x = 0.5 ii) x = 10 iii) x = 50 11.8 - Uma aproximação para a velocidade em função do tempo de um paraquedista em queda livre na atmosfera é dada pela equação: v(t) = gm c ( 1− e− c m t ) , onde g é a aceleração da gravidade (9.8m/s2), m é a massa do paraquedista (68kg), c é o coeficiente de arrasto (12.5kg/s) e t é o tempo (em s) a partir do ı́nicio da queda. Suponha que o paraquedista salte de uma altura de 3000m. Sabendo que o espaço percorrido pelo paraquedista entre os instantes de tempo a e b é dado por: ∆s = ∫ b a v(t) dt , calcule a altura em que se encontra o paraquedista nos instante t = 2s e t = 10s. Em ambos os casos, utilize a regra 13 de Simpson, com um número adequado de subintervalos para que o erro seja menor que 1m. 11.9 - O etileno ocupa a quinta posição entre os produtos qúımicos mais fabricados nos Estados Unidos e o primeiro lugar entre os produtos qúımicos orgânicos, ao longo de um ano. Mais de 28 milhões de libras foram produzidas em 1985 e vendidas a U $ 22/libra. De todo etileno produzido, 65% é usado na fabricação de plásticos, 20% para óxido de etileno e etileno glicol, 5% para fibras e 5% para solventes. Deseja-se determinar o tamanho (volume) de um reator necessário para produzir 300 milhões de libras de etileno por ano do craqueamento de etano puro. A reação é irreverśıvel e elementar. Além disso, deseja-se alcançar 80% de conversão para o etano operando o reator isotermicamente a 1100K e à pressão de 6atm. A equação para o reator é dada por: V = FA0 ∫ x 0 dx −ΓA , onde: V é o volume do reator (ft3); FA0 é a taxa de alimentação do reagente (lb moles/s); −γA é a taxa de reação (ft3/lb mol), e x é a conversão. A taxa de desaparecimento do etano (−ΓA) é dada por: −ΓA = kC , onde k é a constante de reação e C, a reconcentração do reagente (etano) é dada por: C = C0(1− x)/(1 + ǫ), com C0 sendo a concentração inicial do reagente e ǫ o fator de mudança de volume. Usando uma regra de quadratura sobre pontos igualmente espaçados de h, determine o volume de um reator, dado que: FA0 = 0.425lb moles/s, k = 3.07s −1, x = 0.8, C0 = 0.00415lb moles/ft 3 e ǫ = 1. CAPÍTULO 11. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA 370 11.10 - A figura a seguir mostra um circuito t́ıpico contendo um amplificador. saídac c c - c &% '$ Muitos tipos de amplificadores são usados em instrumentos como transmissores de rádio e televisão, dispositivos de medidas, etc. Alguns tipos de amplificadores produzem correntes em pequeno pulso. Essa corrente é periódica no tempo, com T representando o peŕıodo. Para analisar o circuito, é usualmente necessário expressar a corrente em termos de uma função anaĺıtica. Usando a série de Fourrier truncada em m termos para Ip temos: Ip(t) = I0 + I1 cos ( 2πt T ) + I2 cos ( 4πt T ) + . . .+ Im cos ( 2mπt T ) = m ∑ k=0 Ik cos ( 2kπt T ) , onde cada Ik é dado por: Ik = 2 T ∫ T 0 Ip(t) cos ( 2kπt T ) dt , k = 0, 1, . . . ,m. Suponha que em certo experimento você mediu a corrente Ip em vários instantes de tempo e obteve a tabela a seguir: t(seg.) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Ip(t) 100 94 80 60 31 0 −30 −58 −81 −95 −101 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 −96 −82 −60 −30 0 32 59 80 95 99 a) Considerando T = 20, calcule: I0, I1, . . . , I20. b) Desprezando os erros de arredondamento o que você pode concluir sobre a verdadeira ex- pressão da função para Ip(t)? 11.11 - O serviço de proteção ao consumidor (SPC) tem recebido muitas reclamações quanto ao peso real do pacote de 5kg do açúcar vendido nos supermecados. Para verificar a validade das reclamações, o SPC contratou uma firma espacializada em estat́ıstica para fazer uma estimativa da quantidade de pacotes que realmente continham menos de 5kg. Como é inviável a repezagem de todos os pacotes, a firma responsável pesou apenas uma amostra de 100 pacotes. A partir destes dados e utilizando métodos estat́ısticos eles puderam ter uma boa idéia do peso de todos os pacotes existentes no mercado. CAPÍTULO 11. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA 371 Chamando de xi o peso do pacote i, tem-se que a média da amostra x̄ é dada por: x̄ = 1 n n ∑ i=1 xi , onde n é o número de pacotes da amostra. Serão omitidos os pesos, face ao elevado número de pacotes examinados. Calculando-se a média: x̄ = 1 100 × 499.1 = 4.991kg . O desvio padrão que é uma medida estat́ıstica que dá uma noção da dispersão dos pesos em relação à média é dado por: S = + √ √ √ √ 1 n− 1 n ∑ i=1 (x̄− xi)2 . Para os dados deste problema tem-se que S = 0.005kg. Supondo-se verdadeira a hipótese de que a variação do peso dos pacotes não é tendenciosa, isto é, que o peso de um pacote é função de uma composição de efeitos de outras variáveis independentes, entre a quais podemos citar: regulagem da máquina de ensacar, variação da densidade do açúcar, leitura do peso, etc.; pode-se afirmar que a variável do peso tem uma distribuição normal. O gráfico da distribuição normal é apresentado a seguir: x̄ + sx̄x̄− s A forma anaĺıtica desta função é: f(x) = 1 S √ 2π e 1 2 ( x− x̄ S ) 2 . O valor de f(x) é a frequência de ocorrência do valor x. A integral de f(x) fornece a frequência acumulada, isto é: F (x0) = ∫ x0 −∞ f(x) dx , é a probabilidade de que x assuma um valor menor ou igual a x0. Graficamente, F (x0) é a área hachurada na figura a seguir: CAPÍTULO 11. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA 372 @@R F (x0) x̄ + sx̄x̄− s No problema em questão, o que se deseja é determinar : F (5) = ∫ 5 −∞ 1 0.005 √ 2π e 1 2 ( x− 4.991 0.005 ) 2 dx . Observações: 1) ∫ ∞ −∞ f(x) dx = 1. 2) A curva é simétrica em relação a média (x̄), logo: ∫ x̄ −∞ f(x) dx = ∫ ∞ x̄ f(x) dx = 0.5. 11.12 -A definição da integral imprópria é: I = ∫ ∞ a f(x) dx = lim b→∞ ∫ b a f(x) dx . Se essa integral for convergente podemos avaliá-la aproximadamente por método numérico. Por exem- plo, a integral exponencial Ei(x) pode ser avaliada tomando o limite superior U suficientemente grande em: Ei(x) = ∫ ∞ x e−v v dv ≃ ∫ U x e−v v dv . Sabemos que U é “suficientemente grande” quando as contribuições adicionais ao fazer U maior são despreźıveis. Estimar EI(0.5) . Note que pode-se usar subintervalos maiores a medida que v cresce. Compare o valor obtido com o valor tabular: 0.5598. 11.13 - A seção reta de um veleiro está mostrada na figura a seguir: CAPÍTULO 11. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA 373 - T 3 m z = 10 m z = 0 - - - - - - - - - - - cabos de suporte mastro vento @@ j@@R j -� A força que o vento exerce sobre o mastro (devido às velas), varia conforme a altura z ( em metros) a partir do convés. Medidas experimentais constataram que a força resultante exercida sobre o mastro (em N) é dada pela equação: F = ∫ 10 0 f(z) dz , f(z) = z 4 + z e −2z 10 . Deseja-se saber a linha de ação de F , isto é, o ponto onde pode-se aplicar uma força de mesmo módulo, direção e sentido de F , tal que o efeito sobre o mastro seja o mesmo de F . Esse ponto, localizado a uma altura d do convés do barco, pode ser determinado a partir da seguinte equação: d = ∫ 10 0 z f(z) dz ∫ 10 0 f(z) dz . Pede-se então calcular o valor de d, usando fórmula de quadratura sobre pontos igualmente espaçados de h. 11.14 - Suponha que a água em uma represa exerce uma pressão sobre a face esquerda da mesma, como mostrada na figura: z 60 40 20 0 - - - - - - � � � � � � - - - - - 6 - � -122 130 135 160 175 190 200 (b)(a) Essa pressão pode ser caracterizada pela expressão: p(z) = ρg(D − z) , CAPÍTULO 11. INTEGRAÇÃO NUMÉRICA 374 onde p(z) é a pressão (em N/m2) na altura z (em m) a partir do fundo do represa. A densidade da água ρ é suposta constante e vale 103 kg/m3, a aceleração da gravidade vale 9.8m/s2, e D é a altura (em m) da superf́ıcie da água a partir do fundo do represa. Sabe-se que a pressão aumenta linearmente com a profundidade, como mostrado em (a). A força total ft sobre a face esquerda da represa pode ser calculada multiplicando-se a pressão pela área da face da represa. A largura da represa para diferentes profundidades, está mostrada em (b). Assuma que a largura da represa varia linearmente desde 200m ( na superf́ıcie) até 122m ( a 60 m de profundidade). Assim a força resultante sobre a face da represa pode ser obtida através de: ft = ∫ D 0 ρ g ω(z) (D − z) dz , onde ω(z) é a largura da represa na altura z a partir do fundo. Determine a altura d da linha de ação da força resultante, que pode ser obtida através do cálculo de: d = ∫D 0 z ρ g ω(z) (D − z) ft dz .