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Comportamento do Consumidor Disciplina na modalidade a distância Créditos Unisul – Universidade do Sul de Santa Catarina UnisulVirtual – Educação Superior a Distância Reitor Unisul Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Máximo Pró-Reitora Acadêmica Miriam de Fátima Bora Rosa Pró-Reitor de Administração Fabian Martins de Castro Pró-Reitor de Ensino Mauri Luiz Heerdt Campus Universitário de Tubarão Diretora: Milene Pacheco Kindermann Campus Universitário da Grande Florianópolis Diretor: Hércules Nunes de Araújo Campus Universitário UnisulVirtual Diretora: Jucimara Roesler Diretora Adjunta: Patrícia Alberton Equipe UnisulVirtual Gerência Acadêmica Márcia Luz de Oliveira (Gerente) Fernanda Farias Gerência Administrativa Renato André Luz (Gerente) Marcelo Fraiberg Machado Naiara Jeremias da Rocha Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Moacir Heerdt (Gerente) Clarissa Carneiro Mussi Letícia Cristina Barbosa (Auxiliar) Gerência Financeira Fabiano Ceretta (Gerente) Alex Fabiano Wehrle Sheyla Fabiana Batista Guerrer Gerência de Logística Jeferson Cassiano Almeida da Costa (Gerente) Abraão do Nascimento Germano Carlos Eduardo Damiani da Silva Fylippy Margino dos Santos Geanluca Uliana Guilherme Lentz Pablo Darela da Silveira Rubens Amorim Gerência de Produção e Logística Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francini Ferreira Dias Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico James Marcel Silva Ribeiro (Gerente) Adriana da Costa Andiara Clara Ferreira André Luiz Portes Bruno Ataide Martins Emanuel Karl Feihrmann Galafassi Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Holdrin Milet Brandão Jenniffer Camargo Jonatas Collaço de Souza Juliana Cardoso da Silva Maria Isabel Aragon Maurício dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Micheli Maria Lino de Medeiros Nidia de Jesus Moraes Priscilla Geovana Pagani Rychard de Oliveira Pires Sabrina Mari Kawano Gonçalves Taize Muller Tatiane Crestani Trentin Vanessa Trindade Avaliação Institucional Dênia Falcão de Bittencourt (Coord.) Rafael Bavaresco Bongiolo Biblioteca Soraya Arruda Waltrick (Coord.) Paula Sanhudo da Silva Renan Cascaes Rodrigo Martins da Silva Capacitação e Assessoria ao Docente Angelita Marçal Flores (Coord.) Adriana Silveira Caroline Batista Cláudia Behr Valente Elaine Surian Patrícia Meneghel Simone Perroni da Silva Zigunovas Coordenação dos Cursos Adriana Ramme Adriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luisa Mülbert Ana Paula Reusing Pacheco Bernardino José da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Charles Cesconetto Diva Marília Flemming Eduardo Aquino Hübler Eliza Bianchini Dallanhol Locks Fabiana Lange Patrício (Auxiliar) Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janete Elza Felisbino Jorge Alexandre Nogared Cardoso José Carlos Noronha de Oliveira Jucimara Roesler Karla Leonora Dahse Nunes Luiz Guilherme Buchmann Figueiredo Luiz Otávio Botelho Lento Marciel Evangelista Catâneo Maria Cristina Schweitzer Veit Maria da Graça Poyer Maria de Fátima Martins (Auxiliar) Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaça Nazareno Marcineiro Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Raulino Jacó Brüning Roberto Iunskovski Rose Clér Estivalete Beche Rodrigo Nunes Lunardelli Tania Regina Goularte Waltemann (auxiliar) Criação e Reconhecimento de Cursos Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Desenho Educacional Carolina Hoeller da Silva Boeing (Coord.) Design Instrucional Ana Cláudia Taú Carmen Maria Cipriani Pandini Cristina Klipp de Oliveira Daniela Erani Monteiro Will Flávia Lumi Matuzawa Lucésia Pereira Luiz Henrique Milani Queriquelli Márcia Loch Marina Cabeda Egger Moellwald Michele Correa Nagila Cristina Hinckel Silvana Souza da Cruz Viviane Bastos Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel Avaliação da Aprendizagem Márcia Loch (Coord.) Eloísa Machado Seemann Gabriella Araújo Souza Esteves Lis Airê Fogolari Simone Soares Haas Carminatti Núcleo Web Aula Célio Alves Tibes Júnior Design Visual Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Alice Demaria Silva Anne Cristyne Pereira Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Frederico Trilha Higor Ghisi Luciano Jordana Schulka Nelson Rosa Patrícia Fragnani de Moraes Vilson Martins Filho Multimídia Sérgio Giron (Coord.) Célio Alves Tibes Júnior Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Dandara Lemos Reynaldo Fernando Gustav Soares Lima Sérgio Freitas Flores Portal Rafael Pessi Luiz Felipe Buchmann Figueiredo Disciplinas a Distância Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Franciele Arruda Rampelotti (auxiliar) Luiz Fernando Meneghel Gestão Documental Lamuniê Souza (Coord.) Clair Maria Cardoso Janaina Stuart da Costa Josiane Leal Marília Locks Fernandes Ricardo Mello Platt Logística de Encontros Presenciais Graciele Marinês Lindenmayr (Coord.) Ana Paula de Andrade Aracelli Araldi Hackbarth Cristilaine Santana Medeiros Daiana Cristina Bortolotti Edesio Medeiros Martins Filho Fabiana Pereira Fernando Oliveira Santos Fernando Steimbach Marcelo Jair Ramos Formatura e Eventos Jackson Schuelter Wiggers Monitoria e Suporte Rafael da Cunha Lara (Coord.) Andréia Drewes Anderson da Silveira Angélica Cristina Gollo Bruno Augusto Zunino Claudia Noemi Nascimento Cristiano Dalazen Débora Cristina Silveira Ednéia Araujo Alberto Karla Fernanda Wisniewski Desengrini Maria Eugênia Ferreira Celeghin Maria Lina Moratelli Prado Mayara de Oliveira Bastos Patrícia de Souza Amorim Poliana Morgana Simão Priscila Machado Produção Industrial Francisco Asp (Coord.) Ana Paula Pereira Marcelo Bittencourt Relacionamento com o Mercado Walter Félix Cardoso Júnior Secretaria de Ensino a Distância Karine Augusta Zanoni (Secretária de ensino) Andréa Luci Mandira Andrei Rodrigues Bruno De Faria Vaz Sampaio Daiany Elizabete da Silva Djeime Sammer Bortolotti Douglas Silveira Giane dos Passos Luana Borges Da Silva Luana Tarsila Hellmann Marcelo José Soares Miguel Rodrigues Da Silveira Junior Patricia Nunes Martins Rafael Back Rosângela Mara Siegel Silvana Henrique Silva Vanilda Liordina Heerdt Vilmar Isaurino Vidal Secretária Executiva Viviane Schalata Martins Tenille Nunes Catarina (Recepção) Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) André Luis Leal Cardoso Júnior Felipe Jacson de Freitas Jefferson Amorin Oliveira José Olímpio Schmidt Marcelo Neri da Silva Phelipe Luiz Winter da Silva Rodrigo Battistotti Pimpão Campus UnisulVirtual Avenida dos Lagos, 41 | Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-100 Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br Site: www.unisul.br/unisulvirtual Victor Henrique Moreira Ferreira Desiree de Souza Freccia de Carvalho Palhoça UnisulVirtual 2010 Design instrucional Cristina Klipp de Oliveira Comportamento do Consumidor Livro didático Edição – Livro Didático Professor Conteudista Victor Henrique Moreira Ferreira Desiree de Souza Freccia de Carvalho Design Instrucional Cristina Klipp de Oliveira Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Anne Cristyne Pereira Revisão Ortográfica B2B Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2010 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 658.8342 F44 Ferreira, Victor Henrique Moreira Comportamento do consumidor : livro didático / Victor Henrique Moreira Ferreira, Desiree de Souza Freccia de Carvalho ; design instrucional Cristina Klipp de Oliveira. – Palhoça : UnisulVirtual, 2010. 150 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Comportamento do consumidor. 2. Consumidores - Atitudes. I. Carvalho, Desiree de Souza Freccia de. II. Oliveira, Cristina Klipp de. III. Título. Comportamento do Consumidor Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . 07 Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 – Os fatores que influenciam o comportamento do consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Victor Henrique Moreira Ferreira UNIDADE 2 – As influências ambientais e os processos psicológicos . . 41 Victor Henrique Moreira Ferreira Desiree de Souza Freccia de Carvalho UNIDADE 3 – A natureza do comportamento do consumidor e o processo de tomada de decisão de compra . . . . . . . . . . . . 67 Victor Henrique Moreira Ferreira UNIDADE 4 – Estágios no processo de compra e comportamento pós-compra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 Victor Henrique Moreira Ferreira Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 Sobre os professores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 145 Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 Sumário Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Comportamento do Consumidor. O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz. Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual, por isso, a “distância” fica caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou para sua formação, pois, na relação de aprendizagem, professores e instituição estarão sempre conectados com você. Então, sempre que sentir necessidade, entre em contato; você tem à disposição diversas ferramentas e canais de acesso, tais como: telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem, que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual. Palavras dos Professores Ao ter contato com esta disciplina, que versa sobre Comportamento do Consumidor, você terá a possibilidade de adquirir conhecimentos acerca dos fatores que influenciam o comportamento do consumidor e, também, poderá estar em contato com variáveis que versam sobre a natureza do comportamento e o processo de tomada de decisão de compra. Este livro didático possibilitará ainda que você, na qualidade de estudante, possa compreender como se desenvolvem os estágios que ocorrem no processo de compra e como se dá o comportamento conhecido como pós-compra, bem como estudar e compreender as influências ambientais e os processos psicológicos a serem apresentados. Isto, sem dúvida alguma, não apenas permitirá que você compreenda as diversas nuances que perfazem os principais estudos acerca deste “elemento” tão importante, tão peculiar e singelo, que os profissionais de marketing denominam de consumidor, mas também lhe possa ser útil em sua carreira profissional. Não custa lembrar que o futuro das próximas gerações humanas em nosso planeta depende de muitas variáveis que, por muitas vezes, não percebemos e estão diretamente relacionadas com nossas atitudes, gestos e exemplos. Um consumidor responsável, que esteja em estreita consonância com os princípios de consumo responsável com vistas à conservação e preservação ambiental, certamente fará toda a diferença para as décadas vindouras! Universidade do Sul de Santa Catarina Na qualidade de futuros profissionais de marketing, é responsabilidade sua ter um conhecimento básico sobre a importância do comportamento do consumidor cultural e, principalmente, das variáveis que acabam por influenciar este mesmo comportamento, como forma de promover o seu produto ou o seu serviço, além de permitir uma melhor sustentabilidade do espaço natural que se ocupa. Que este livro possa representar um instrumento não só de conhecimento, como também de possibilidade de reflexão sobre os diversos matizes e nuances que são inerentes à atividade profissional da área do marketing. Professor Victor Henrique Moreira Ferreira Professora Desiree de Souza Freccia de Carvalho Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: � O livro didático. � O Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA). � As atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação). � O Sistema Tutorial. Ementa Fontes de informações de mercado e de demanda. Fatores que influenciam o comportamento do consumidor. Natureza do comportamento. Processo de tomada de decisão de compra por parte do consumidor. Estágios no processo de compra. Comportamento pós-compra. Influências ambientais. Processos psicológicos. Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivo Ao final da disciplina, espera-se que o acadêmico compreenda qual o significado e a abrangência do tema que versa sobre o comportamento do consumidor e todas as variáveis inter- relacionadas. Carga Horária A carga horária total da disciplina é de 60 horas-aula. Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Eles se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 4 Unidade 1 - Os fatores que influenciam o comportamento do consumidor Nesta Unidade, você estará em contato com os fatores que influenciam o comportamento do consumidor. Teremos a oportunidade de abordar também alguns conceitos sobre a palavra comportamento e também sobre a palavra consumidor. Sabe-se que diversos são os fatores que acabam por influenciar o nosso comportamento como consumidores e que diversas são as fontes, como, por exemplo, família, amigos, grupos de faixa etária similar, dentre outros, que acabam tendo uma influência quando da tomada de decisão acerca da aquisição de um produto e/ou serviço. Comportamento do Consumidor Unidade 2 - As influências ambientais e os processos psicológicos A unidade 2 deste nosso livro didático tratará de aspectos selecionados das influências ambientais e os processos psicológicos. Nesta unidade, teremos a oportunidade de abordar algumas influências ambientais, tais como fatores culturais e subcultura. Da mesma forma, será possível estudar alguns dos processos psicológicos que influenciam no comportamento do consumidor, por meio das duas seções que compõem esta unidade. Unidade 3 - A natureza do comportamento do consumidor e o processo de tomada de decisão de compra Já a unidade3 versa basicamente sobre dois pilares fundamentais, nomeadamente: a natureza dos processos decisórios e os tipos de comportamento de compra. Por último, esta unidade se propõe a apresentar um estudo de caso que servirá, não somente para reflexão, mas também para fixar os conceitos apresentados na unidade toda. Unidade 4 - Estágios no processo de compra e comportamento pós-compra Nesta última unidade, você terá a oportunidade de estudar e conhecer quais são os estágios no processo de compra e, também, como se dá o comportamento pós-compra. Ela ainda aborda e apresenta uma seção sobre o reconhecimento da necessidade e a busca, variáveis de suma importância para se conhecer e se compreender o que ocorre com os consumidores em momento tão importante, que é o da decisão de aquisição. Estes dois temas, portanto, são os dois pilares fundamentais que compõem esta última unidade. Universidade do Sul de Santa Catarina Agenda de atividades/ Cronograma � Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor. � Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. � Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina. Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) 1UNIDADE 1Os fatores que influenciam o comportamento do consumidor Objetivos de aprendizagem � Conhecer as definições sobre a palavra comportamento e a palavra consumidor. � Enumerar os diversos fatores que acabam por exercer influência em menor ou maior grau junto ao universo de consumidores. � Compreender o que é mercado e conhecer uma tipologia do consumidor. Seções de estudo Seção 1 Definições sobre comportamento e sobre consumidor Seção 2 Características e compreensão sobre mercado e tipologia do consumidor Seção 3 Considerações gerais sobre os fatores que influenciam o comportamento do consumidor 16 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Como já é de amplo conhecimento da grande maioria dos estudantes, de profissionais e experts da área mercadológica, o relacionamento entre as empresas e seus diversos públicos, dentre os quais destacamos – clientes, fornecedores, acionistas, parceiros, colaboradores e comunidade – tem sido marcado por mudanças significativas, que acabam por exigir maiores esforços de adequação e transformação das organizações e de seus administradores, principalmente do ponto de vista estratégico. Tais mudanças se processam em ambientes diversos e, de forma geral, incluem clientes e consumidores mais exigentes e seletivos, maior qualidade de produtos e serviços, maior integração com a comunidade local e sociedade, respeito ao meio ambiente e à qualidade de vida, valorização dos colaboradores e parceiros, postura responsável e ética nos negócios e investimentos em questões sociais e de saúde. Diante disso, as organizações que pretendem sustentar de forma rentável seus negócios têm se valido cada vez mais de técnicas e atividades estratégicas relacionadas ao marketing, não apenas voltado à promoção de seus produtos e serviços, mas também no sentido de prover as necessidades de seus clientes e satisfazer suas diversas exigências, potencializando, assim, o grau de fidelidade destes em relação a seus produtos e marcas. A empresa que atinge este patamar de qualidade e excelência na prestação de serviços acaba por desfrutar de uma posição privilegiada frente a sua concorrência direta e indireta. Você terá oportunidade, na leitura das três seções que compõem esta primeira unidade, de conhecer diversos aspectos relevantes sobre as inter-relações existentes entre os consumidores e seus diversos comportamentos, quando nos referimos à aquisição de produtos e/ou serviços. Desejo que você possa aproveitar bastante e que você responda ao final da unidade os exercícios propostos. Eles foram elaborados pensando exclusivamente na possibilidade de você demonstrar o nível de conhecimento e de aprendizagem desta unidade, além de possibilitar novos desafios em termos de pensamentos globais em relação ao marketing e ao comportamento do consumidor. Bons estudos! 17 Comportamento do Consumidor Unidade 1 Seção 1 - Definições sobre comportamento e sobre consumidor O grande desafio das organizações, atualmente, é identificar quais as estratégias de marketing que devem ser utilizadas para que seu público-alvo (clientes e/ou consumidores) possa decidir pela aquisição de seus produtos e serviços, diante da oferta de inúmeros concorrentes, e, a partir daí, estabelecer com os mesmos um relacionamento de parceria e fidelidade mútua. Neste sentido, observa-se que o comportamento do consumidor surge como um aspecto decisivo para a consecução dos objetivos organizacionais. Esta primeira seção vai definir qual o significado e a abrangência da palavra “comportamento” e o que significa consumidor. Vamos verificar, portanto. O que é comportamento? Quando nós brasileiros ouvimos a palavra comportamento, pensamos imediatamente no conjunto de reações de um indivíduo em face do meio social. Em português, esta palavra tem tradicionalmente um sentido mais restrito do que em inglês. Nesta língua, a palavra comportamento se refere tanto a ações de um indivíduo quanto a sentimentos, pensamentos e falas. Assim, para compreender o comportamento do indivíduo, é necessário analisá-lo. A palavra análise talvez não guarde muitos segredos para a maioria das pessoas que a ouçam e seu significado em português não difere do significado inglês. Análise, de acordo com o Aurélio (2007), é a decomposição de um todo em suas partes constituintes ou o exame de cada parte de um todo, para conhecer a sua natureza ou, ainda, a determinação dos elementos que se organizam em uma totalidade, dada ou a construir, material ou ideal. Segundo Teixeira Junior (2006), uma das áreas do conhecimento utilizadas para se analisar o comportamento é chamada Análise do Comportamento. A Análise do Comportamento é uma ciência natural, que estuda o comportamento de organismos vivos e íntegros. O conceito utilizado para definir comportamento no nome Análise do Comportamento é o conceito inglês, isto porque Análise do Comportamento é a tradução de Behavior Analysis, um nome norte- americano. 18 Universidade do Sul de Santa Catarina Assim, para a Análise do Comportamento, a palavra comportamento se refere tanto a ações de um indivíduo quanto a sentimentos, pensamentos e falas. A compreensão de cada palavra que compõe o conceito de Análise do Comportamento é essencial para entendermos essa consideração. Baum (1999) explica que a Análise do Comportamento se divide em três partes: � o seu braço teórico, filosófico, histórico seria chamado de Behaviorismo Radical. � O braço empírico seria classificado como Análise Experimental do Comportamento. � O braço ligado à criação e administração de recursos de intervenção social seria chamado de Análise Aplicada do Comportamento. De toda sorte, precisamos resgatar um pouco da evolução histórica do estudo sobre o comportamento, o que faremos a seguir. Em psicologia, o comportamento é o conjunto de procedimentos ou reações do indivíduo ao ambiente que o cerca em determinadas circunstâncias, o meio. Pode designar um grupo de atividades ou limitar-se a uma só, o comportamento singular. O termo tem sua origem em 1908, com Henri Piéron na França e em 1913, com John B. Watson nos Estados Unidos, associado à redefinição do objeto de estudo da psicologia, isto é, se ela estudaria apenas as ações observáveis do ser humano e dos animais ou também os sentimentos e pensamentos. (PAULA, 1998) Há controvérsias entre os psicólogos quanto à aplicaçãodo termo. Ranzoli (1994), por exemplo, exclui de tal conceito as reações típicas da espécie e, enquanto Daniel Lagache (1996) não estabelece diferenças entre o comportamento e a conduta, Édouard Claparède (1989) propõe que o conceito de conduta exclua o comportamento da espécie, instinto. (RANzOLI, 1994; LAgACHE, 1996; CLAPARÉDE, 1989). 19 Comportamento do Consumidor Unidade 1 A corrente da psicologia que se ocupou diretamente com o comportamento como um processo fisiológico foi o Behaviorismo ou Comportamentalismo. Outras correntes, como a Cognitivista, têm o seu objeto na absorção de informações e veem novamente o comportamento separado das atividades internas do indivíduo. O comportamento é a exteriorização de atos interiores. Em uma tentativa de delinear a diferença entre os campos de estudo da fisiologia, da etologia e da psicologia, criaram-se os conceitos de comportamento molar e comportamento molecular. O primeiro designa o conjunto; é universal. O segundo, o específico, muscular, reservado à fisiologia. Já o comportamento singular é mais difícil de determinar. Quando começa? Quando termina? A construção de um ninho ou um movimento com a cabeça, por exemplo, podem ser considerados comportamentos isolados. Cabe ao psicólogo, para medida de estudo, especificá-lo, determiná-lo. O que interessa, em nosso estudo, é voltado às relações mercadológicas, ou seja, conceituar diretamente a palavra comportamento. Vamos a algumas definições. De acordo com o wikidictionary, o vocábulo comportamento significa maneira de proceder, procedimento, conduta. Para o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, comportamento é derivação masculina, singular de comportar. Já o dicionário Michaelis da Língua Portuguesa, apresenta a seguinte definição para o vocábulo comportamento: Disponível em: <http:// pt.wiktionary.org/wiki/ comportamento>. Acesso em: 10 mar. 2010. Disponível em: <http:// www.priberam.pt/DLPO/ Default.aspx>. Acesso em: 10 mar. 2010. 20 Universidade do Sul de Santa Catarina comportamento com.por.ta.men.to 1 Maneira de se comportar; procedimento. 2 Psicol Em sentido restrito, designação genérica de cada modo de reação em face de um estímulo presente; em sentido amplo, qualquer atividade, fato ou experiência mental, passível de observação direta ou indireta. C. social, Sociol: todas as maneiras de agir relacionadas com a presença ou influência de outros. (MICHAELIS ON-LINE) A seguir, repassamos mais uma definição acerca do vocábulo comportamento, desta feita de acordo com o Dicionário Aurélio on-line. Maneira de se comportar ou de se conduzir; conjunto de ações de um indivíduo observáveis objetivamente. (A psicologia experimental distingue os comportamentos nos quais a resposta do sujeito decorre de um estímulo, daqueles em que não se distingue um estímulo específico.) // Psicologia do comportamento, estudo sistemático das reações individuais aos estímulos. Com a apresentação destas definições acerca de comportamento, a seguir, passamos a tratar de definir o que vem a ser consumidor. Preparados? O que é ser consumidor Os aspectos envolvidos no ato de consumo são muitos e cada vez mais importantes, até mesmo para o conhecimento das empresas. Sabemos que em cada um de nós existe um consumidor e que em cada pessoa que conhecemos também existe o ato de consumo, ou seja, ele é um produto atual de nosso tempo, o tempo em que as pessoas consomem demasiadamente, isto não deixando de analisar e levar em conta as classificações sociais, como serão destacadas mais à frente no decorrer desta seção. Segundo Karsaklian (2000), percebe-se, porém, que, formalmente ou não, a preocupação com o consumo, a constatação e o fato de existir em cada um de nós um consumidor têm gerado 21 Comportamento do Consumidor Unidade 1 polêmica com relação a como lidar com os seus comportamentos. Comportamentos estes que são acompanhados de vários fatores, muitas vezes determinantes para o consumo. Mas o que é ser consumidor? Ser consumidor é ser humano. “Ser consumidor é alimentar-se, vestir-se, divertir-se... é viver” (KARSAKLIAN, 2000, p.11). Já em uma outra visão, Cobra (1997, p.59) destaca que “cada consumidor reage de forma diferente sob estímulos iguais, e isso ocorre porque cada um possui uma ‘caixa preta’ diferente”. Então, se os consumidores, ou seja, as pessoas são diferentes umas das outras e necessitam alimentar-se, vestir-se e, até mesmo, divertir-se, são as suas diferenças que vão determinar seus atos de compra e seus comportamentos em relação às outras no mercado de consumo. Mais do que nunca, compreender o consumidor é reconhecida como uma necessidade vital não apenas para as empresas, mas para toda a organização que se assuma como orientada para o mercado (DUBOIS, 1998, apud VIEIRA, 2004, p.3). Podemos verificar, desta forma, que os fatores relacionados ao comportamento do consumo giram em torno das ações dos consumidores, tornando-se, assim, essenciais à busca de sua compreensão. Para Karsaklian (2000), por mais que se busque conhecer o consumidor, é difícil saber quais comportamentos ele vai ter em relação a fatos que venham ocorrer durante a sua vida. Sob outra perspectiva, Kotler e Armstrong (1993) destacam que são muitos os fatores que podem influenciar a tomada de decisão e comportamento do consumidor, conforme destacamos a seguir: a) Motivações: Os consumidores podem ser influenciados por necessidades, que são divididas em fisiológicas (fome, sede, desconforto) e psicológicas (reconhecimento, autoestima, relacionamento), mas, muitas vezes, estas necessidades não serão fortes suficientemente para 22 Universidade do Sul de Santa Catarina motivar a pessoa a agir num dado momento, ou seja, a pessoa às vezes necessita de um motivo maior para buscar sua satisfação. b) Personalidade: É a personalidade de cada pessoa que vai determinar o seu comportamento no ato da compra, pois se refere a características psicológicas que conduzem uma resposta relativamente consistente no ambiente onde a pessoa está inserida. Os autores destacam, ainda, que o conhecimento da personalidade pode ser muito útil para analisar o comportamento do consumidor quanto a uma marca ou a um produto. c) Percepções: Consideradas como “processo pelo qual as pessoas selecionam, organizam e interpretam informações para formar uma imagem significativa do mundo” (KOTLER E ARMSTRONg, 1993, p.89). Assim sendo, a pessoa fica pronta para agir, influenciada por sua percepção, que vai determinar sua decisão de compra. Por essas influências, os consumidores aprendem e diferenciam fatores sobre escolhas que vão fazer durante as suas tomadas de decisões, tornando, assim, seus comportamentos um pouco mais previsíveis a quem deseja estudar os seus atos. A próxima seção vai tratar sobre as características e a compreensão do mercado. Recapitularemos alguns conceitos de marketing e sua abrangência, além de apresentar uma tipologia do consumidor. Bom prosseguimento de estudos! Seção 2 - Características e compreensão sobre mercado e tipologia do consumidor Esta segunda seção apresentará a você algumas características sobre o mercado, ou seja, o “espaço” onde ocorrem as relações de troca entre a oferta e a demanda (sempre por meio de um valor monetário ou financeiro) e, em cuja relação de troca, o marketing pode aplicar suas ferramentas e instrumentos variáveis, como forma de facilitar esta relação de troca. 23 Comportamento do Consumidor Unidade 1 Além disso, você conhecerá uma tipologia sobre o consumidor, que certamente lhe auxiliará na compreensão dos fenômenos inter-relacionados do comportamento do consumidor. Vamos a eles então? Classificação dos mercados O mercado é o local onde se encontram os vendedores e compradores de determinados bens e serviços. Antigamente, a palavra mercado tinha uma conotação geográfica que hoje não mais subsiste, uma vez que os avanços tecnológicos nas comunicaçõespermitem que haja transações econômicas até sem contato físico entre o comprador e o vendedor, tais como nas vendas por telefone e/ou Internet. Disponível em: <http://www.artigos.com/artigos/ sociais/administracao/demanda-e--oferta!-2109/ artigo/> Acesso em: 10 mar. 2010. Os economistas classificam os mercados da seguinte forma: I - Concorrência perfeita: Trata-se de um mercado caracterizado pelos seguintes fatores: a) Existência de um grande número de pequenos vendedores e compradores; b) O produto transacionado é homogêneo; c) Há livre entrada e saída de empresas no mercado; d) Perfeita transparência, ou seja, perfeito conhecimento pelos compradores e vendedores de tudo o que ocorre no mercado; e) Perfeita mobilidade dos recursos produtivos. Como se percebe por suas características, o mercado de concorrência perfeita não é facilmente encontrado na prática, embora se possa afirmar que os mercados que mais se aproximam dela são os mercados de produtos agrícolas. 24 Universidade do Sul de Santa Catarina O mercado de concorrência perfeita é estudado pelos economistas para servir como um paradigma (referencial de perfeição) para análise dos outros mercados. � Monopólio - é o mercado que se caracteriza pela existência de um único vendedor. O monopólio pode ser legal ou técnico. � Oligopólio - é o mercado em que existe um pequeno número de vendedores ou em que, apesar de existir um grande número de vendedores, uma pequena parcela destes domina a maior parte do mercado. � Monopsônio - é um mercado em que há apenas um único comprador. � Oligopsônio - é o mercado caracterizado pela existência de um pequeno número de compradores ou, ainda, que, embora haja um grande número de compradores, uma pequena parte destes é responsável por uma parcela bastante expressiva das compras ocorridas no mercado. A seguir, apresentamos alguns exemplos. Monopólio: � Da Petrobrás, no que tange à exploração do petróleo em águas profundas no Brasil. De certa forma, mesmo que a legislação já permita que outras empresas explorem petróleo no Brasil, a Petrobrás é grande o suficiente para controlar o preço da commodity. � Da Cemig, no que tange à distribuição de energia elétrica em Minas gerais. � Também ocorre quando há apenas uma empresa de transporte coletivo servindo a um determinado bairro. Normalmente isso acontece em grandes centros urbanos, nos bairros mais afastados, onde há apenas uma linha de ônibus (uma única viação), que presta o serviço àquela comunidade ou bairro. O mesmo acontece na maioria das concessões de linhas entre cidades no país. Disponíveis em: <http://br.answers. yahoo.com/question/index?qid=2 0070528094104AAibNPe>. Acesso em: 10 mar. 2010. 25 Comportamento do Consumidor Unidade 1 Oligopólio: � De empresas aéreas - gOL, TAM, Varig. � De empresas de telefonia móvel e celular - Claro, Oi, Tim, Telemig Celular. � De empresas de gases Industriais e hospitalares - White Martins, Oximil. Monopsônio: Não existe um exemplo tão claro, mas imagine uma grande indústria de derivados de leite, a Cotochés, por exemplo, instalada em Rio Casca/Mg que, sozinha, compra toda a produção de leite de todos os pequenos produtores nas cidades vizinhas. Oligopsônio: Também não há um exemplo claro, mas imagine grandes fabricantes de celulose como a Aracruz Celulose, no ES, Bahia Sul Celulose, na BA e a Cenibra, em Mg. Apenas estas três empresas comprando toda a produção de eucalipto de pequenos produtores espalhados pelos estados de Minas e Espírito Santo. II - Concorrência Monopolística - trata-se de um mercado em que, apesar de haver um grande número de produtores (e, portanto, ser um mercado concorrencial), cada um deles é como se fosse monopolista de seu produto, já que este é diferenciado dos demais. Esta não é a única classificação possível dos mercados, embora seja a mais utilizada. Uma importante diferenciação entre as estruturas de mercados reside no grau de controle que vendedores e compradores têm sobre o preço pelo qual o produto é transacionado no mercado. Na concorrência perfeita, nenhum vendedor ou comprador, considerado isoladamente, tem influência sobre o preço de mercado. 26 Universidade do Sul de Santa Catarina Neste mercado, portanto, é somente a influência conjunta de todos os vendedores e de todos os compradores que determina o preço de mercado. Nas demais estruturas de mercado, ou o vendedor ou o comprador, isoladamente, pode impor um preço ao mercado. O processo de troca entre o grupo de produtores/ vendedores e os consumidores acontece no ambiente que denominamos de mercado. Esse local de troca, que no passado era geralmente em espaço físico específico e delimitado, como mercado público ou feira, por exemplo, hoje se expandiu e envolve até mesmo um espaço virtual, como o ciberespaço e as compras pela Internet. O mercado representa também o conjunto de compradores reais ou potenciais em posição de demandar produtos. (SAMARA; MORSCH, 2005). Antes de apresentarmos a tipologia do consumidor, de acordo com Samara e Morch (2005), faz-se necessária uma breve abordagem sobre conceitos de marketing e suas principais estratégias, como forma de mantermos um encadeamento lógico acerca deste raciocínio, válido para esta seção. Marketing: alguns conceitos e principais estratégias Para Keegan e green (2003, p.2) [...] o marketing é descrito como uma das áreas funcionais da empresa, separada de finanças e operações. E sua coordenação eficaz com outras áreas funcionais é vista cada vez mais como importante tarefa organizacional. Já na visão de Cobra (1986, p.22) “Marketing é uma força de sentir o mercado e buscar o desenvolvimento de produtos ou serviços que satisfaçam necessidades específicas”. Ou seja, o autor compreende que o marketing e suas diversas ações devem estar focados nas características elementares dos consumidores, em suas particularidades, e, não apenas, em um contexto global, no qual a organização perceba todos como sendo iguais e sem necessidades e expectativas individuais. 27 Comportamento do Consumidor Unidade 1 Para Kotler (2000), necessidades são estados de carência percebida. O homem tem muitas necessidades complexas: necessidades básicas físicas de alimentação, roupas, calor e segurança; necessidades sociais de fazer parte de um grupo e ser querido; e necessidades individuais de conhecimento e autorrealização. Essas necessidades não são criadas pelos profissionais de marketing, elas são uma parte básica da constituição do homem. Do ponto de vista tradicional da administração, marketing é o desempenho das atividades empresariais que dirigem o fluxo de mercadorias e serviços do produtor para o consumidor final. Ele é o conjunto de atividades empresariais que visa à satisfação das necessidades e dos desejos de um ou vários mercados, por meio da oferta de produtos, adquiridos por um processo de troca (COSTA; CRESCITELLI, 2003). Para Kotler (2000, p. 30) Marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com os outros. O Marketing também pode ser definido como: [...] uma orientação da administração baseada no entendimento de que a tarefa primordial da organização é determinar as necessidades, desejos e valores de um mercado visado e adaptar a organização para promover a satisfação desejada de forma mais efetiva e eficiente que seus concorrentes (MINADEO, 1998, p.23). No entanto, quando se usa uma definição gerencial, o marketing é frequentemente descrito como a arte de vender produtos. Mas as pessoas se surpreendem quando ouvem que o mais importante em marketing não é vender. Vender é apenas a ponta do iceberg de marketing, conforme você compreenderá mais adiante. 28 Universidade do Sul de Santa Catarina Richers (2000) coloca a gestão em contato direto com o meio de sua demanda,ou seja, os clientes como formuladores da ótica de gestão de qualidade, o que fará com que o autor incorra no prospectivo da explicação de que Marketing são atividades sistemáticas de uma organização humana, voltadas à busca e realização de trocas com seu meio ambiente, visando benefícios específicos. (RICHERS, 2000, p.153). Pode-se presumir que sempre haverá necessidade de algum esforço de vendas, mas o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua. A meta é conhecer e compreender tão bem o cliente que o produto ou o servi-lo se adapte a ele e se venda por si só. O ideal é que o marketing deixe o cliente pronto para comprar. A partir daí, basta tornar o produto ou o serviço disponível. Tipologia do Consumidor O consumidor assume várias formas, desde uma criança de sete anos, que pede uma boneca ou figurinhas para seus pais, até um diretor de uma grande empresa, que decide a compra de um novo sistema de computador. O termo consumidor é frequentemente utilizado para descrever dois tipos diferentes de entidades consumidoras (SCHIFFMAN e KANUK apud SAMARA, B. S. et MORSCH, M. A., 2005). São dois os tipos de consumidor, de acordo com os supra mencionados autores: a) O consumidor pessoal; b) O consumidor organizacional. Este tópico foi baseado na obra de Samara; Morsch, 2005. 29 Comportamento do Consumidor Unidade 1 Consumidor pessoal O consumidor pessoal compra bens e serviços para seu próprio uso (creme dental ou xampu, por exemplo), para o lar (geladeira) ou para um amigo, como um presente (livro ou CD). Nessas situações, os bens são adquiridos para uso final dos indivíduos, que são conhecidos como usuários finais ou consumidores finais. Atenção! Para entender melhor a diversidade de papéis que pode envolver o consumidor no processo de compra, esclarecemos que nem sempre o consumidor ou usuário é a mesma pessoa que compra o produto. Por exemplo: a mãe (compradora) pode comprar um computador para o filho (usuário) e o presente poderá ser pago pelo pai (pagador). Philip Kotler (2002) distinguiu cinco diferentes papéis de consumidor, nomeadamente: � Iniciador: pessoa que sugere a ideia de comprar um produto ou serviço. � Influenciador: pessoa cujo ponto de vista ou conselho influencia na decisão. � Decisor: pessoa que decide sobre quaisquer componentes de uma decisão de compra: comprar, o que comprar, como comprar ou onde comprar. � Comprador: pessoa que efetivamente realiza a compra. � Usuário: pessoa que consome ou usa o produto ou serviço. Uma vez que os papéis de compra mudam e a tomada de decisão de compras pode envolver mais de uma pessoa, como ocorre em alguns grupos (família, por exemplo), os profissionais de marketing precisam ser muito cuidadosos na análise dos fatores que envolvem o comportamento do consumidor e nas decisões estratégicas de comunicação. Uma fábrica de pisos de cerâmica, por exemplo, poderá melhorar suas vendas se direcionar sua comunicação para as mulheres, com base na descoberta de que 30 Universidade do Sul de Santa Catarina a dona de casa influencia decisivamente, na maioria das vezes, a escolha de cor, tipo e modelo de pisos para cozinhas e banheiros do lar. Consumidor organizacional O consumidor organizacional inclui empresas, órgãos governamentais, instituições civis (escolas, hospitais) e entidades sem fins lucrativos. Uma empresa do ramo industrial, por exemplo, precisa adquirir matérias-primas e componentes de fornecedores para poder produzir seu produto, assim como uma escola precisa comprar diversos materiais, como produtos de escritórios e limpeza, para realizar efetivamente suas atividades. O processo de decisão de compra organizacional envolve certas peculiaridades e, não raro, possui maior complexidade do que a compra pessoal, principalmente em virtude do envolvimento de diversos departamentos e do extenso procedimento operacional decisório. A compra de um novo software para uma rede de varejo, por exemplo, implicará demoradas análises das opções disponíveis no mercado e suas compatibilidades operacionais, bem como avaliações de custos e benefícios para as diversas áreas da empresa. A decisão, embora esteja a cargo de uma diretoria de tecnologia, envolverá inevitavelmente a participação direta de outros departamentos, como operações, marketing e finanças, e a indireta de filiais e pontos de venda, fornecedores e distribuidores. Decisões desse tipo, que envolvem membros e papéis diferenciados no processo, possuem relevância estratégica e econômica, pelos altos custos normalmente envolvidos, e precisam ser cuidadosamente avaliadas. Como em outras ciências, o marketing utiliza recursos metodológicos de classificação e generalização. Para facilitar seu estudo, os profissionais de marketing criaram tipologias específicas a partir de critérios comuns à química, física e biologia, como os métodos de indução (generalizar a partir de alguns exemplos) e dedução (inserir um exemplo numa generalização preexistente). 31 Comportamento do Consumidor Unidade 1 Embora possam sofrer críticas, como toda generalização e classificação, diversos autores e profissionais têm usado a tipologia como base referencial para analisar o comportamento do consumidor. Uma categorização geralmente utilizada classifica os consumidores por critérios culturais, demográficos, psicográficos, estilos de vida, ciclo de vida do produto e modo de compra. Essa classificação, todavia, não esgota as possibilidades de tipificação. Dependendo dos objetivos e dos critérios utilizados, outras formas de abordar o estudo de consumo e de compra pelas entidades consumidoras poderão ser validadas pelos profissionais de marketing. Na próxima seção teremos a oportundade de verificar de forma mais detalhada algumas considerações gerais sobre estes fatores que influenciam o comportamento do consumidor. Junte-se a nós e bons estudos! Seção 3 - Considerações gerais sobre os fatores que influenciam o comportamento do consumidor Como já sabemos, um dos propósitos de marketing é atender e satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores. A área do comportamento do consumidor estuda como indivíduos, grupos e organizações selecionam, compram, usam e dispõem de bens, serviços, ideias ou experiências para satisfazer as suas necessidades e desejos. Da mesma forma, sabemos que nunca foi tão simples entender o comportamento e “conhecer os consumidores”. Eles podem declarar suas necessidades e desejos, mas agir de outra maneira. Podem não estar a par de suas motivações mais profundas e responder apenas às influências de última hora. Há alguns anos, os profissionais de marketing podiam compreender os consumidores por meio da experiência diária e do contato direto da venda. Mas as empresas e os mercados cresceram e muitos profissionais de marketing encarregados da tomada de decisões perderam o contato com seus consumidores, portanto, a maioria deles teve que empregar pesquisas de mercado. 32 Universidade do Sul de Santa Catarina Os administradores de marketing devem estudar os desejos, percepções, preferências e comportamento de compra de seus consumidores- alvo. A compreensão das forças que influem no comportamento do consumidor é peça fundamental para adoção de estratégias de marketing. Os consumidores variam enormemente em idade, renda, educação, gostos e outras variáveis, portanto, estes fatores têm levado os administradores que atuam no espectro mercadológico a compreender o comportamento dos consumidores, buscando agrupá-los em segmentos homogêneos de consumo. As características dos consumidores incluem quatro fatores principais, que são nomeadamente: culturais, sociais, pessoais e psicológicos. FATOR SUBDIVISÃO CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS A) CU LT UR AL A1 ) C UL TU RA A cultura é a causa mais determinante dos desejos e do comportamento da pessoa, comportamento este que é, em grande parte, aprendido; Ao crescer em uma certa sociedade,a criança aprende valores básicos, percepções, desejos e comportamentos da família e outras importantes instituições. A2 ) C UL TU RA Cada cultura contém pequenas subculturas, ou grupos de pessoas com os mesmos sistemas de valor baseados em experiências e situações de vida em comum; As subculturas podem ter determinantes, tais como: nacionalidades, religiões, raças e regiões geográficas. A3 ) C LA SS E SO CIA L Quase toda sociedade tem alguma forma de estrutura de classes sociais. Classes sociais são divisões relativamente permanentes e homogêneas da sociedade, cujos membros partilham valores, interesses e comportamentos semelhantes; A classe social não é determinada por um único fator, como renda, por exemplo: é uma combinação de ocupação, renda, educação, riqueza e outras variáveis. Quadro 1.1 - Fatores culturais que influenciam o comportamento do consumidor. Fonte: Adaptado de Armstrong; Kotler, 2003. Os fatores culturais exercem a mais ampla e profunda influência sobre o comportamento do consumidor. A cultura inclui valores básicos, percepções, preferências e comportamentos que uma pessoa aprende da família e de outras instituições importantes. Os profissionais de marketing estão sempre tentando detectar mudanças culturais que possam sugerir novas formas de servir aos consumidores. 33 Comportamento do Consumidor Unidade 1 Já as subculturas são “culturas dentro de culturas” que possuem valores e estilos de vida distintos. As classes sociais são subculturas cujos membros têm prestígio social similar, baseado em suas ocupações, renda, educação e outras variáveis. As pessoas com características culturais, subculturais e sociais distintas desenvolvem diferentes preferências por produtos e marcas. Portanto, os profissionais de marketing devem concentrar seus programas mercadológicos nas necessidades específicas de certos grupos. Além dos fatores culturais, o comportamento do consumidor pode ser influenciado por fatores sociais, como os grupos de referência de uma pessoa-família, amigos, organizações sociais, que afetam fortemente a escolha de produtos e marcas. FATOR SUBDIVISÃO CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS B) SO CIA L B1 ) G RU PO S O comportamento de uma pessoa é influenciado por vários grupos pequenos; Os grupos que têm influência direta sobre a pessoa são chamados de grupos de associação; Alguns são grupos primários, com interação regular e informal, como: família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho; Outros são grupos secundários, mais formais e com interação menos regular, tais como: grupos religiosos, associações profissionais e sindicatos. B2 ) F AM ÍLI A Os familiares podem ter grande influência no comportamento do comprador; A família é a estrutura ou organização de compra mais importante da sociedade e vem sendo pesquisada intensamente; Os profissionais de marketing observam os papéis e a influência do marido, da esposa e dos filhos na compra de diferentes produtos e serviços. B3 ) P AP ÉIS E ST AT US As pessoas pertencem a muitos grupos: famílias, clubes, organizações e sua posição em cada um desses grupos pode ser definida em termos de papel e status; Cada papel tem um status que reflete a opinião geral da sociedade sobre ela. Por exemplo: o papel de gerente de marcas tem mais status na sociedade norte- americana do que o papel de filha. Quadro 1.2 - Fatores sociais que influenciam o comportamento do consumidor. Fonte: Adaptado de Armstrong; Kotler, 2003. A posição da pessoa dentro de cada grupo pode ser definida em termos de papel e status. Todos esses fatores podem afetar profundamente as reações dos compradores e as organizações devem levá-los em consideração ao projetar suas estratégias de marketing. 34 Universidade do Sul de Santa Catarina As decisões dos compradores são também influenciadas por características pessoais, que incluem a idade, estágio de vida, ocupação, situação econômica, estilo de vida, personalidade e autoconceito. FATOR SUBDIVISÃO CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS C) PE SS OA L C1 ) I DA DE E ES TÁ GI O DE VI DA Ao longo da vida, as pessoas mudam seus hábitos de compra de produtos e serviços. As preferências por comida, roupas, móveis e diversões são sempre relacionadas com a idade. A compra também é moldada pelos estágios do ciclo de vida familiar − estágios pelos quais a família passa à medida que seus membros amadurecem. C2 ) O CU PA ÇÃ O A ocupação de uma pessoa afeta os bens e serviços adquiridos. O operário especializado tende a comprar roupas de trabalho mais simples, enquanto os executivos compram mais ternos e gravatas. C3 ) S ITU AÇ ÃO EC ON ÔM ICA A situação econômica da pessoa afetará sua escolha de um produto. Uma pessoa qualquer pensará em adquirir uma câmera Nikon cara se tiver renda disponível, economias ou possibilidade de financiar a compra. C4 ) E ST ILO D E V ID A Pessoas oriundas de uma mesma subcultura, classe social e ocupação podem ter estilos de vida diferentes. Estilos de vida são o padrão de vida da pessoa, conforme expresso na sua psicografia. Psicografia envolve a medida das dimensões centrais do consumidor - atividades (trabalho, hobby, compras, esporte, compromissos sociais). Psicografia envolve também interesses (comida, moda, família, diversão) e opiniões (sobre si próprio e sobre questões sociais, negócios, produtos). O estilo de vida envolve algo mais do que a classe social ou a personalidade da pessoa − dá o perfil do seu padrão de ação e interação com o mundo. C5 ) P ER SO NA LID AD E E AU TO CO NC EIT O A personalidade distinta de cada pessoa influencia seu comportamento. Personalidade é o conjunto de traços psicológicos únicos, que levam a reações relativamente coerentes e duradouras com o ambiente do indivíduo. É descrita em termos de traços como autoconfiança, domínio, sociabilidade, autonomia, defesa, adaptação e agressividade. Muitos profissionais de marketing usam um conceito relacionado à personalidade − o autoconceito (também chamado autoimagem). A premissa básica do autoconceito é que as posses da pessoa refletem sua identidade, ou seja, “nós somos o que possuímos”. Portanto, para compreender o comportamento do consumidor, o profissional de marketing deve, em primeiro lugar, compreender a relação existente entre o seu autoconceito e suas posses. Quadro 1.3 - Fatores pessoais que influenciam o comportamento do consumidor. Fonte: Adaptado de Armstrong; Kotler, 2003. 35 Comportamento do Consumidor Unidade 1 Consumidores jovens têm necessidades e desejos diferentes dos mais idosos. As necessidades dos casais jovens diferem das necessidades de casais de aposentados. Consumidores com rendas mais elevadas apresentam um padrão de compra diferente daqueles com rendas menores. O estilo de vida dos consumidores constitui uma importante influência na escolha dos programas de marketing das empresas, atingindo seus consumidores-alvo com maior precisão. As escolhas de compra do consumidor também são influenciadas por fatores psicológicos. Como já afirmado anteriormente, a pesquisa sobre a motivação e o comportamento do consumidor ganhou significado nas sociedades contemporâneas no mundo inteiro. Nos últimos 30 anos, surgiu um campo de estudo multidisciplinar grande e crescente. O interesse central dos negócios, economistas de consumidores e outros é encontrar estratégias mais eficazes para influenciar e moldar este comportamento. Em resultado, a pesquisa de consumidores é de importância essencial neste mundo aplicado. Outros gerentes têm uma perspectiva mais holística, chamada pós-modernismo, e estão concentrando esforços em estudos de consumo para entender como as pessoas pensam e se comportam perante esta importante atividade da vida. Quando se encaixa a mais recente extensão de investigação pelas fronteiras culturais, o resultado é um campo rico e crescente de pesquisa. Os fatores psicológicos sempre receberam uma especial atenção dos pesquisadorese, a seguir, enumeramos, de forma esquematizada, as principais subdivisões destes fatores, para uma melhor compreensão. 36 Universidade do Sul de Santa Catarina FATOR SUBDIVISÃO CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS D) PS ICO LÓ GI CO D1 ) M OT IVA ÇÃ O As pessoas têm muitas necessidades em qualquer momento. Algumas dessas necessidades são biológicas, originadas de estados de tensão como fome, sede ou desconforto; Outras são psicológicas, originadas de necessidades de reconhecimento, de autoestima ou de relacionamento; Grande parte dessas necessidades não é tão forte a ponto de motivar a pessoa a agir em um dado momento. Elas só se tornam um motivo quando aumentam de intensidade; O motivo (ou impulso) é uma necessidade com tal grau de intensidade que leva a pessoa a tentar satisfazer-se. D2 ) P ER CE PÇ ÃO Depois de motivada, a pessoa está pronta para agir; A forma como cada um age é influenciada por sua percepção da situação; Duas pessoas com a mesma motivação e na mesma situação podem agir de formas diferentes porque não percebem a situação de forma igual; Percepção é o processo pelo qual as pessoas selecionam, organizam e interpretam informações para formarem uma imagem significativa do mundo. D3 ) A PR EN DI ZA DO À medida que as pessoas agem, elas aprendem; O aprendizado é as mudanças no comportamento do indivíduo a partir de sua experiência; Os teóricos do aprendizado postulam que a maior parte do comportamento humano é aprendida e que o aprendizado ocorre pela inter-relação de impulsos, estímulos, sugestões, respostas e reforço. D4 ) C RE NÇ AS E AT ITU DE S Por meio de ações e do aprendizado, as pessoas formam suas crenças e atitudes, as quais, por sua vez, influenciam o comportamento de compra; Crença é um pensamento descritivo da pessoa sobre alguma coisa; As pessoas têm atitudes quanto à religião, política, roupas, música, comida e quase tudo o mais; Atitudes são avaliações, sentimentos e tendências relativamente consistentes quanto a um objeto ou ideia. Quadro 1.4 - Fatores psicológicos que influenciam o comportamento do consumidor. Fonte: Adaptado de Armstrong; Kotler, 2003. Após a apresentação das variáveis que podem influenciar o comportamento do consumidor, pode-se entender as várias forças que atuam em seu comportamento do mesmo. Sua escolha resulta da complexa interação entre os fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Embora muitos destes fatores não possam ser influenciados pelos profissionais de marketing, eles podem ser úteis para identificar os compradores interessados e para adaptar produtos e apelos às necessidades do consumidor. 37 Comportamento do Consumidor Unidade 1 Desta forma, finalizamos a apresentação desta seção e, por conseguinte desta unidade, na expectativa de que este possibilite a aplicação na prática dos conceitos e das variáveis ora apresentadas. Seguimos para a unidade 2, onde você terá a oportunidade de estar em contato com aspectos relacionados à natureza do comportamento do consumidor e ao processo de tomada de decisão de compra, seguramente dois importantes aspectos que permitem uma melhor análise sobre o comportamento do consumidor. Síntese Ao encerrarmos esta primeira unidade de nosso livro didático, você teve a possibilidade de conhecer diversos conceitos e muitas variáveis que são aplicadas para um conhecimento inicial ou básico sobre as nuances relacionadas ao comportamento do consumidor. A primeira seção apresentou as definições sobre as palavras comportamento e consumidor de forma individualizada e com a utilização de base psicológica, para poder explicar, da melhor maneira possível, o significado de cada uma em base singular e como se dá a compreensão do fenômeno, quando ambas são unidas. A segunda seção abordou conceitos relacionados ao mercado, como marketing e sua aplicabilidade. Além disso, você estudou uma tipologia de consumidor proposta por autores brasileiros, cuja característica é a distinção entre consumidor pessoal e organizacional. Já a terceira e última seção apresentou em quadros explicativos os principais fatores que exercem influência junto aos consumidores (fatores culturais, sociais, pessoais, psicológicos e suas subdivisões). Seguimos em frente para a segunda unidade em que novos conceitos e novas variáveis serão apresentados e para que você possa seguir trilhando este caminho de dedicação e leitura, não se esqueça de realizar os exercícios de autoavaliação propostos ao final desta unidade. Bons estudos! 38 Universidade do Sul de Santa Catarina Atividades de autoavaliação 1 - De acordo com o conteúdo estudado, explique o que significa o termo “comportamento do consumidor”. 2 - Foram apresentadas determinadas variáveis que influenciam o comportamento do consumidor. Uma delas é o fator cultural. Dentro deste fator, a primeira subdivisão é a cultura. Explique a seguinte frase que caracteriza cultura: “A cultura é a causa mais determinante dos desejos e do comportamento da pessoa, comportamento este que é em grande parte aprendido”. Saiba mais Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade ao consultar as seguintes referências: BAUM, Willian M. Compreender o behaviorismo: ciência, comportamento e cultura. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul, 1999. CHURCHILL, g. A; PETER, J. P. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva, 2000. 39 Comportamento do Consumidor Unidade 1 COBRA, Marcos. Plano estratégico de marketing. São Paulo: Atlas, 1986. COBRA, Marcos. Marketing básico: uma abordagem brasileira. São Paulo: Atlas 1997. COSTA, Antônio R.; CRESCITELLI, Edson. Marketing promocional para mercados competitivos. São Paulo: Atlas, 2003. CzINKOTA, Michael R, et al. Marketing: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman, 2001. ENgEL, James F.; BLACKWELL, Roger D.; MINIARD, Paul W. Comportamento do consumidor. Rio de Janeiro: LTC, 2000. KARSAKLIAN, E. Comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2000. KEEgAN, Warren J.; gREEN, Mark C. Princípios de Marketing Global. São Paulo: Saraiva, 2003. KOTLER, Philip. Marketing. São Paulo: Atlas, 1996. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1998. KOTLER, Philip. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000. KOTLER, Philip; ARMSTRONg, gary. Princípios de marketing. São Paulo: Prentice Hall, 1993. MINADEO, Roberto. Marketing internacional: conceitos e casos. Rio de Janeiro: Thex, 1998. MOWEN, J; MINOR, M. Comportamento do consumidor. São Paulo: Prentice Hall, 2002. PAULA, M. António. Comportamento in Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura, pp. 638-639. Volume VII. Editorial Verbo: Lisboa e São Paulo, 1998. 40 Universidade do Sul de Santa Catarina RICHERS, Raimar. Marketing: uma visão brasileira. São Paulo: Negócios, 2000. TEIXEIRA JÚNIOR, Ronaldo Rodrigues; SOUzA, Maria Aparecida Oliveira de. Vocabulário de Análise do Comportamento: um manual de consulta para termos usados na área. São Paulo: ESETec Editores Associados, 2006. VIEIRA, Valter A. Consumerismo: uma revisão nas áreas de influência do comportamento do consumidor. In. Trabalho Acadêmico (Curso de Administração de Empresas e Comércio Exterior da Universidade Paranaense - UNIPAR). Campus Francisco Beltrão – PR, 2004. 2UNIDADE 2As influências ambientais e os processos psicológicos Victor Henrique Moreira Ferreira Desiree de Souza Freccia de Carvalho Objetivos de aprendizagem � Reconhecer a importância das influências ambientais: o fator cultural e as subculturas. � Conhecer os principais processos ou teorias adotadas pelos consumidores. Seções de estudo Seção 1 A cultura e as subculturas como fatores de influência no comportamento do consumidor Seção 2 As teorias e os processos adotados pelos consumidores sob a ótica da psicologia 42 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Ao iniciarmosesta unidade, podemos afirmar que nos últimos anos a base econômica dos países se desarticulou do sistema de produção para o consumo, migrando-se da racionalidade material para a atmosfera do desejo, e, portanto, para o campo da subjetividade. Foi a partir desta relação que as marcas transformaram-se em expressivos signos de posição social. Hoje, tudo possui uma marca e o poder dela possibilita a adaptação às representações do desejo de cada consumidor. A marca confere status, ou seja, ao consumirmos um produto de uma determinada marca, estamos nos posicionando socialmente, estamos sugerindo o que somos e o que gostamos. Mas o fato de uma empresa possuir uma marca não garante a ela competitividade no mercado. Ela precisa sempre desenvolver mecanismos que a diferenciem das demais. E uma das características para diferenciar a empresa e sua marca é a imagem que esta passa para seu público consumidor, levando em consideração as características culturais de cada povo ou, mesmo, nação! Pode-se definir cultura como sendo o complexo de valores, ideias, atitudes e outros símbolos significativos, que permitem aos humanos se comunicar, interpretar e avaliar como membros da sociedade. A cultura e seus valores são transmitidos de uma geração para outra. Os valores essenciais de uma sociedade definem como os produtos são usados com respeito a suas funções, formas e significados. A cultura também oferece valências positivas e negativas para marcas e para programas de comunicações e definem a ideologia do consumo. As forças fundamentais que formam os valores incluem a tríade de transfusão cultural e experiências de vida iniciais. A primeira refere-se à influência das instituições da família, da religião e da escola. A última refere-se a influências básicas entre gerações, tais como depressões, guerras e outros eventos importantes. Além disso, diversas teorias foram produzidas como forma de explicar o comportamento do consumidor, com base na ciência da psicologia. 43 Comportamento do Consumidor Unidade 2 Estes são os dois temas oferecidos, que você poderá estudar a partir de agora! Seção 1 - A cultura e as subculturas como fatores de influência no comportamento do consumidor Esta seção inicial objetiva familiarizar você, estudante, com alguns aspectos selecionados acerca do vocábulo cultura, com o intuito de que você possa aprender sobre como este fator decisivo acaba por influenciar o comportamento do consumidor. O estudo do evolucionismo cultural é um desafio para os profissionais de marketing, porque eles compreendem um conjunto de fatores que não são visíveis. Keegan e green (2003, p.100) explicam que “cultura é um comportamento aprendido, passado de geração para geração e, por isso, é difícil para alguém de fora, inexperiente ou sem treino, entendê-la em profundidade”. Os autores supra mencionados acreditam que, para se tornar um administrador global, é preciso aprender a se libertar de suposições culturais. “Caso contrário, torna-se difícil entender com precisão o sentido e o significado das declarações e do comportamento dos parceiros de negócio de uma cultura diferente”, afirmam os mesmos. Edward Tylor (1871, in: LARAIA, 2000, p.25) foi o primeiro a conceituar cultura como conhecemos hoje. Para ele, cultura é “todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. De acordo com o conceito anterior, nota-se que há uma estreita relação entre marketing e cultura. Para se obter excelência em marketing é estritamente necessário entender as diferenças culturais. Lembramos que estas diferenças são inúmeras e significativamente complexas. 44 Universidade do Sul de Santa Catarina De acordo com Cobra (1992, p.204), a cultura é a mais importante determinante dos desejos de compra de uma pessoa. As pessoas crescem aprendendo a estabelecer valores, percepções e preferências, através do processo de socialização que envolve a família, os amigos e outros grupos. Kotler e Armstrong (2003, p.76) entendem que as pessoas são moldadas pela sociedade em que vivem, segundo eles o ambiente cultural é constituído de instituições e outras forças que afetam os valores, as percepções, as preferências e os comportamentos básicos de uma sociedade. As pessoas crescem em determinada sociedade que molda suas crenças e seus valores básicos. Elas absorvem uma visão de mundo que define seu relacionamento com os outros. Desta forma, torna-se patente que o profissional de marketing deve vivenciar a cultura de seu mercado consumidor, dessa forma poderá, eventualmente, começar a criar modelos mentais em consonância com seus clientes e, também, potenciais clientes. Peter Senge (2004, p.201) explica que modelos mentais são como uma vidraça que emoldura ou distorce sutilmente nossa visão, determinando o que vemos. “Os seres humanos não podem navegar através dos ambientes complexos do nosso mundo sem modelos mentais cognitivos”. [...] O que temos em nossas mentes são imagens, premissas e histórias. Nossos modelos mentais determinam não apenas a forma como entendemos o mundo, mas também como agimos. “[...] Duas pessoas com modelos mentais diferentes podem observar o mesmo evento e descrevê-lo de forma diferente, pois vêem detalhes diferentes”. Os modelos mentais citados por Senge (2004) correspondem a uma estruturação racional das influências culturais e sociais, que determinam nossa personalidade. Essa interpretação é fundamental para analisar as etapas do processo de consumo e caracterizar as decisões tomadas pelos consumidores.Sobre isto se pode referir à Unidade 3. 45 Comportamento do Consumidor Unidade 2 Cobra (1992, p.219) segue a mesma linha de pensamento ao explicar o comportamento adverso de pessoas, com mesmos níveis de motivação, diante de uma situação semelhante. Para ele, duas pessoas em igual estado de motivação numa mesma situação podem agir de forma diferente em função da percepção que elas tenham dos fatos. A percepção pode ser definida como o processo pelo qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta uma informação para criar uma significativa imagem do mundo. Esse padrão interpretativo do ambiente que nos circunda, Kotler e Armstrong chamam de “visão de mundo”, Peter Senge de “modelo mental” e Marcos Cobra “percepção”, entretanto, todos se referem a um só tema, eles acreditam que a sociedade é determinante para afetar nossas decisões, entre elas, as relativas ao comportamento de consumo. Os antropólogos americanos Hoebel e Frost (1976, p.21) ensinam que a sociedade seleciona seus costumes para a vida diária, mesmo nas pequenas coisas, optando por aquilo que se assimila com seu modo de pensar. Cada indivíduo tenta encaixar sua maneira de pensar com os postulados básicos da sociedade a que pertence. Os postulados representam um conjunto selecionado de costumes baseados na natureza do mundo exterior e do próprio homem. Cada cultura promove uma seleção limitada de padrões de comportamento, potencialidades humanas, individuais e coletivas. Pode-se inferir, então, que todos os indivíduos são julgados de acordo com esse modelo-padrão, construindo assim sua reputação. Para Schiffman e Kanuk (1997, p.287), a cultura existe para satisfazer as necessidades das pessoas dentro de uma sociedade. Ela oferece ordem, direção e orientação em todas as fases da solução do problema humano, incluindo as necessidades psicológicas, pessoais e sociais. 46 Universidade do Sul de Santa Catarina Você sabia... O maior expoente a respeito das necessidades humanas é Maslow, segundo ele existe uma hierarquia de necessidades, a qual o ser humano percorre durante sua vida. Para Kotler & Armstrong (2003, p.130), “Abraham Maslow procurou explicar porque as pessoas são impulsionadas por determinadas necessidades em determinados momentos.” De acordo com Maslow, as necessidadeshumanas são dispostas em uma hierarquia, da mais urgente para a menos urgente. “[...] Em ordem de importância, elas são: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades sociais, necessidades de respeito e necessidades de auto-realização”. Keegan e green (2003, p.101) também enaltecem essa teoria ao colocarem que “a hierarquia de necessidades de Maslow é, naturalmente, uma simplificação do complexo comportamento humano”. Para se chegar ao cume da pirâmide de Maslow, Nova (2000, p.53), acredita no poder da cultura, pois essa tem como função evidente satisfazer necessidades humanas. “E na medida em que a cultura compreende uma regulamentação da satisfação de necessidades, ela estabelece limites a essa satisfação”. Essa abordagem é possivelmente uma das mais interessantes para compreender o poder da cultura no comportamento dos consumidores. Atenção! É oportuno notar que, proporcionando ao homem um meio de satisfazer suas necessidades, a cultura nem sempre é inteiramente harmonizada com as condições orgânicas de nossa espécie. Ao contrário, a cultura, em geral, implica alguma violação da condição natural do homem. Na seção 3, desta unidade, você visualiza o desenho da Pirâmide de Maslow. 47 Comportamento do Consumidor Unidade 2 O uso do paletó e da gravata e de tecidos e cores incompatíveis com o bem-estar humano em regiões de clima tropical é um exemplo do caráter arbitrário da cultura e de como ela nem sempre representa a forma mais adequada de adaptação do homem às condições ambientais. Esse caráter arbitrário da cultura é, também, uma das características do marketing. O marketing possui consigo uma interpretação vulgar associada a comportamentos antiéticos e apelativos. Muitos desses tabus são criados a partir da má interpretação do comportamento dos consumidores ou da padronização de modelos globais de beleza e comportamento, onde as pessoas são arbitrariamente “forçadas” a adotar essas tendências. Para Kotler e Armstrong (2003, p.120), os profissionais de marketing devem concentrar-se nas mudanças culturais, descobrir novos produtos e serviços que podem ser desejados. Eles citam um exemplo, mostrando que as mudanças culturais ligadas ao aumento de preocupação com a saúde e a boa forma física criaram um enorme setor para equipamentos e roupas de ginástica, para alimentos naturais e de baixa caloria e para serviços de saúde e de boa forma física. Além dessa visão de “dentro para fora”, é preciso também ter uma visão de “fora para dentro”, ou seja, além de procurar oportunidades no mercado, o profissional de marketing deve analisar o mercado já existente e adaptar seus produtos às necessidades percebidas. Keegan e green (2003, p.105) contribuem ao explicar que esse grau de adaptação é conceituado como sensibilidade ambiental, que nada mais é senão “o grau de adaptação dos produtos às necessidades culturais específicas dos diferentes mercados nacionais”. Quanto maior for essa adaptação, maior será a sensibilidade ambiental. 48 Universidade do Sul de Santa Catarina A obra Os professores de mercadologia da FGV-EAESP, (DIAS, 2003, p.54) afirma que os mesmos relacionam as necessidades culturais com o consumo, dependendo da cultura de cada pessoa (por exemplo, preferir ler a ver TV, ou música sertaneja a rock), haverá maior ou menor predisposição ao consumo e, conseqüentemente mercado maior ou menor para determinados produtos e serviços. Um exemplo disso é o consumo de carne bovina, proibida aos hindus, da mesma forma que a carne de porco é interditada aos muçulmanos. Segundo Schiffman e Kanuk (1997, p.287), padrões sobre quando comer (não entre as refeições), onde comer (em um restaurante cheio, pois provavelmente a comida é boa) e o que é apropriado para comer (no café da manhã, sucos e cereais), são determinados pela cultura. Dentro de um mesmo país você pode deparar-se com uma enorme variedade matinal, como o beiju de Teresina, o cuzcuz de Natal, o mungunzá da Paraíba, a mortadela de São Paulo, o pão de queijo em Belo Horizonte. São essas diferenças que poderão mostrar possíveis linhas de ação para os profissionais de marketing, pois as mesmas estão enraizadas nas características de consumo do povo, sendo compartilhadas e repassadas de geração em geração ao longo dos séculos. Schiffman e Kanuk (1997, p.291-2) explicam que existem quatro formas de compartilhamento cultural, nomeadamente: 1. a família; 2. as instituições de ensino; 3. as casas de culto; e 4. as mídias de massa. 49 Comportamento do Consumidor Unidade 2 A família é considerada por vários dos autores até aqui citados, como sendo a principal forma de aculturação, responsável direta por tornar as crianças, consumidores preparados para vida. É por meio da instituição família que as crianças aprendem o significado do dinheiro, a relação preço e qualidade, o estabelecimento de gosto pelos produtos, preferências e hábitos. É muito comum um consumidor ter preferência por uma marca, porque cresceu vendo os hábitos de consumo de seus pais. As instituições de ensino também exercem um papel decisivo na vida das crianças. É na escola que aprendemos sobre história, patriotismo, cidadania e treinamento técnico. As instituições religiosas são responsáveis pelo treinamento moral, consciência religiosa e orientação espiritual. A novidade para a prática de compartilhamento cultural passa a ser a utilização de mídias de massa. Veículos, como televisão e revistas, passam a desempenhar um papel importante. Desde muito cedo somos bombardeados por comerciais, desenhos animados, filmes e programas “infantis”. O exemplo mais bem sucedido de compartilhamento cultural por meio das mídias de massa é o cinema norte-americano. Seus filmes sempre terminam com um herói americano salvando o mundo e jurando amor ao seu país. Em praticamente todos os filmes yankees é possível ver uma bandeira dos EUA. Os ideais americanos também estão presentes, como: sucesso, atividade, eficiência, progresso, conforto material, individualismo, liberdade, conformidade externa, humanitarismo, jovialidade, forma física e saúde. Contudo, é essencial destacar que esse compartilhamento cultural não é aculturação, ou seja, essas influências não afetam nossas principais características comportamentais. Vila Nova (2000, p.56), explica que 50 Universidade do Sul de Santa Catarina aculturação compreende aqueles fenômenos que resultam quando grupos de indivíduos de culturas diferentes entram em contato direto e contínuo com mudanças resultantes de um deles, ou de ambos os grupos. A partir dessa conceituação, não pode haver aculturação por meio de contato a distância, por meio dos meios de comunicação de massa. Os sociólogos provam que o contato indireto afeta somente os aspectos superficiais do comportamento e das ideias dos seres humanos (o modo de vestir, ou o gosto musical) não provocando mudanças profundas na personalidade dos indivíduos, em seus modos de sentir, assim como em sua visão do mundo. Vila Nova (2000, p.56) enfatiza uma confusão muito comum entre os leigos. A intensa exposição indireta do brasileiro ao estilo de vida e à música popular do povo norte-americano, por meio do cinema, televisão, do rádio e do disco, não provocou, ao contrário do que alguns acreditam, nenhuma mudança significativa no comportamento, nos modos culturalmente padronizados de pensar e de sentir de nosso povo. Em outras palavras, não provocou sua ‘americanização’, de vez que não nos tornou mais individualistas, mais competitivos, pragmáticos e puritanos, segundo padrões dominantes da cultura norte-americana. Algumas das mais importantes características influenciadas pela cultura são as seguintes: a) sentido do eu e do espaço; b) comunicação e linguagem; c) vestuário e aparência; d) alimentação e hábitos alimentares; e) tempo e consciência de tempo; f) relacionamentos (família, organizações,
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