Buscar

ARTIGO- PSICOPEDAGOGIA E LUDICIDADE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

10
 FACULDADE ALPHA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLÍNICA
MARIA DE FÁTIMA DO NASCIMENTO
MARINA SILVA DE VASCONCELOS
EDELWANES ISIDRO OLIVEIRA SOUZA
OS DESAFIOS DA INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA E OS PROCESSOS DE LETRAMENTO NO ÂMBITO ESCOLAR
CARUARU
2020
MARIA DE FÁTIMA DO NASCIMENTO
MARINA SILVA DE VASCONCELOS
EDELWANES ISIDRO OLIVEIRA SOUZA
OS DESAFIOS DA INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA E OS PROCESSOS DE LETRAMENTO NO ÂMBITO ESCOLAR
Artigo apresentado à Faculdade ALPHA, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica.
Orientador: Prof.º Me. Laerte Leonaldo Pereira 
	
CARUARU
2020
OS DESAFIOS DA INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA E OS PROCESSOS DE LETRAMENTO NO ÂMBITO ESCOLAR
Artigo apresentado à Faculdade ALPHA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia. 
Aprovado em: ___/___/________
BANCA EXAMINADORA 
__________________________________________
Prof.º Me. Laerte Leonaldo Pereira
__________________________________________
Prof.º 
RESUMO
A presente pesquisa tem como foco, discutir o autismo em uma perspectiva de educação inclusiva. O assunto tem recebido bastante atenção na literatura atual, levando em consideração as necessidades especiais que as crianças que apresentam a condição que demandam. Este trabalho nos convida a refletir sobre a inclusão das crianças autista na escola regular, bem como, analisar relatos de professores a partir de outros trabalhos sobre o processo de letramento de crianças autistas na literatura especializada. Desta feita, é necessário estabelecer um trabalho que envolva comunidade escolar e pais no que tange as reais necessidades educacionais do aluno autista ainda na educação Infantil e fomentar o aprendizado dos mesmos. Este projeto se justifica perante a necessidade de descobrir novos conhecimentos e novas informações sobre o autismo, tendo em vista que em muitos casos o aluno autista é incógnita tanto para pais como para o professor em sala de aula. O objetivo geral deste trabalho é dar enfoque a identificação das diferentes formas de aprendizagem no ensino regular, incluindo as crianças autista e não fazendo a sua segregação. Nos apoiaremos em nossa fundamentação teórica, autores como FREITAS (2008); SHIBUKAWA (2013); e Vygotisky (2003). Outrossim, em nosso delineamento metodológico, usaremos para aporte da natureza qualitativa de nossa pesquisa, RICHARDSON (2007) e GIL (2007). No recorte da pesquisa do tipo bibliográfica, no tratamento de dados, usaremos a unidade analítica de MYNAIO (2008). Os resultados obtidos no término deste trabalho fazem referência ao processo de inclusão da criança autista na educação infantil na modalidade regular e da necessidade de profissionais capacitado para esse fim. 
PALAVRAS-CHAVES: Autismo. Letramento. Educação Inclusiva. Educação Infantil. 
1 INTRODUÇÃO
Na sociedade contemporânea, a escrita assume um papel central, pois, media a interação dos sujeitos na sociedade, possibilitando uma leitura crítica e refllexiva da realidade e de como modificá-la. Nessa perspectiva, o processo de alfabetização tem sido objeto constante de estudos no campo da Educação, os quais têm buscado investigar, dentre outros, os fatores que influenciam nos comportamentos e desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita (SHIBUKAWA, 2013). 
A escola representa, nos dias atuais, uma das principais instituições que media esse contato dos indivíduos com a sociedade, realizado por meio do aprendizado da escrita, através do letramento e da alfabetização. Considerando a importância dessa instituição para o desenvolvimento do ser humano, a Declaração de Salamanca (1994) estabelece que todas as crianças e adolescentes devem ter lugar garantido na escola, independentemente de suas condições sociais, linguísticas ou outras. Nesse contexto, estão incluídas as crianças e adolescentes que apresentam quaisquer tipos de deficiências ou necessidades educativas especiais, devendo a escola ajustar-se às suas necessidades. 
Nesse cenário, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem se destacado como um dos principais problemas que se apresentam no processo de letramento de crianças, pois estas apresentam uma dificuldade, muitas vezes, severa, em relacionar-se com as demais pessoas, o que acaba por limitar as suas possibilidades de aprendizagem e circulação social (BASTOS, 2017). O autismo se configura como uma síndrome que prejudica, principalmente, a capacidade da criança em se comunicar e interagir socialmente. Todavia, isso não significa que a mesma não possa desenvolver suas potencialidades em relação à escrita (SHIBUKAWA, 2013). 
Apesar da defasagem em termos de aprendizagem, a criança autista tem condições de desenvolver-se em relação à linguagem escrita, desde que haja por parte da escola e, sobretudo, do professor responsável pela turma, o conhecimento sobre as necessidades desses alunos, podendo adaptar-se e refletir sobre o processo de aprendizagem desses sujeitos. Realizada dessa forma, a inclusão da criança autista na sala de aula e o seu consequente letramento se constituem ferramentas significativas na compreensão da sua realidade, possibilitando-a agir sobre ela e tornando menores as dificuldades acarretadas pela deficiência (SHIBUKAWA, 2013). 
Entretanto, apesar de ter havido um crescente interesse nos últimos anos em pesquisar o autismo em crianças, ainda são poucos os estudos que se preocupam em investigar as consequências dessa síndrome em relação ao processo escolar e, mais especificamente, o letramento. Dessa forma, este trabalho se justifica por permanecer ainda fora de foco as principais dificuldades enfrentadas por crianças autistas em relação ao processo de letramento, o que aponta para a importância de novas pesquisas que investiguem a referente problemática. 
Diante dos elementos apresentados, norteamos a nossa pesquisa a partir da seguinte questão: Quais são as principais dificuldades de aprendizagem de crianças autistas em relação ao processo de alfabetização? Para responder a pergunta que norteará toda a investigação, foram delimitados os seguintes objetivos: Objetivo Geral: Investigar as principais dificuldades de aprendizagem de crianças autistas em relação ao processo de letramento. Objetivos Específicos: a) averiguar a relação entre o autismo e o processo de letramento na pesquisa científica em Educação; b) discutir as estratégias pedagógicas adotadas por professores de estudantes autistas no processo de letramento; c) refletir sobre as possibilidades do ensino e aprendizagem de letramento e desenvolvimento da criança autista em termos de interação social. 
Nos próximos capítulos, discutiremos sobre a aprendizagem de crianças autistas, os diversos processos de letramento, especificamente do letramento da criança autista. Falaremos também as estratégias metodológicas que podem ser usadas como proposta de intervenção em crianças autistas. Por fim, abordaremos a temática do processo de socio-interacional bem como suas práticas de inclusão da criança autista. 
2 A APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS AUTISTAS
As vivências e aprendizagens experimentadas pelas crianças no ambiente escolar, dentro e fora da sala de aula, se constituem em oportunidades efetivas de interação social e lazer. Além disso, a escola é um dos principais ambientes onde se podem detectar possíveis transtornos e necessidades educativas especiais em crianças e adolescentes. Segundo Gadia et al (2013), o olhar do professor deve ser sensível aos diversos sintomas que os educandos apresentam na sala de aula. Entre eles, os que estão relacionados ao seu desenvolvimento. 
Dentre os transtornos que podem ser identificados pelo professor em sala de aula, está o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O autismo, caracterizado pela dificuldade extrema de um indivíduo em interagir com o outro, tem adquirido uma relevância significativa em termos de pesquisas científicas nos últimos anos. Todavia, segundo Shibukawae Capellini (2013), ainda são poucos os estudos voltados à inclusão de crianças autistas em classes comuns de Ensino Fundamental, sobretudo, no que tange à alfabetização desses sujeitos. 
Segundo Camargo e Bosa (2009), a ausência de estudos voltados à alfabetização de crianças autistas é justificada pela recente inclusão desses alunos nas escolas regulares de Ensino Fundamental. Nesse sentido, a percepção dessa ausência continua sendo constatada em relação a essa etapa, tendo aumentado o número de estudos que investigam as vivências de crianças autistas na Educação Infantil (GOMES, 2007; CORREIA, 2012). De qualquer forma, a inclusão da criança ou adolescente com autismo na escola regular é garantida pela Lei nº 12.764 de 2012, que regulamenta os direitos da pessoa com esse transtorno, obrigando as escolas a acolherem e se adaptarem às suas necessidades. Segundo o referido documento, a inclusão de crianças autistas nas classes regulares tem como intuito proporcionar o desenvolvimento integral das mesmas, devendo o professor possuir formação específica para lidar com as necessidades desses alunos em sala de aula. 
No que tange à alfabetização, especificamente, Shibukawa (2013) afirma que este é um dos mais complexos e importantes processos da trajetória escolar dos alunos, pois, é por meio dele que os mesmos são inseridos na sociedade, de acordo com o seu sucesso ou insucesso nesse viés. Segundo a autora supracitada, os alunos autistas também precisam se apropriar da linguagem escrita, pois, devido à especificidade da síndrome, a qual acarreta problemas na interação do autista com outras pessoas, o aprendizado da linguagem por meio da alfabetização acaba favorecendo a interação desses sujeitos com o mundo externo (SHIBUKAWA, 2013). 
É possível afirmar que os processos de alfabetização e de letramento tem fundamental importância na integração efetiva dos alunos com autismo na sociedade. Isso ocorre em decorrência da maior possibilidade de quebrar as barreiras da deficiência, tendo em vista que a alfabetização e o letramento garantiriam mais uma forma de comunicação e expressão social, já que as habilidades da linguagem oral também são comprometidas, na maioria dos casos de alunos com essa deficiência. Dessa maneira, estar-se-ia proporcionando à criança com deficiência a oportunidade de tornar-se mais autônoma, à medida que ela possuiria mais uma forma de interação com o mundo externo (SHIBUKAWA, 2013, p. 31). 
No entanto, a criança autista necessita de um auxílio maior do professor para conseguir desenvolver suas competências cognitivas e sociais, pois, as mesmas apresentam dificuldades significativas de socialização, comprometimento da linguagem e comportamentos repetitivos, no caso do autismo clássico. 
Batista e Bosa (apud SOUZA et al, 2018) corroboram com esse pensamento, complementando que a inclusão de crianças com autismo no ambiente escolar deve ter como primeira e principal preocupação o seu aprendizado no que diz respeito à aquisição da linguagem e, por conseguinte, de sua comunicação com o mundo externo. Nesse sentido, é necessário que, além do auxílio especial do professor, a criança autista seja acompanhada por uma "equipe multidisciplinar, composta por um “psiquiatra infantil, neurologista, pediatra, psicopedagogo, fonoaudiólogo, dentre outros” (SOUZA et al, 2018, p. 5), a qual deve trabalhar em conjunto para favorecer o desenvolvimento da criança com autismo.
Entretanto, de acordo com Bastos (2017), a realidade das escolas públicas de Ensino Fundamental que possuem alunos com TEA não proporciona esse auxílio integral às suas necessidades. Ao citar Kupfer e Petri (2000), a autora chama a atenção para a dificuldade que professores e professoras enfrentam para adaptarem-se a uma sala de aula com um ou mais alunos autistas, pois, conforme assinala, essas crianças não estabelecem laços ou contato social com nenhuma pessoa de sua sala e não tem curiosidade pelos assuntos ensinados. Nesse contexto, segundo os autores asseveram: 
O trabalho de escolarização das crianças com TEA exigirá dos professores uma reflexão sobre os processos usuais de ensino e aprendizagem, bem como um olhar diferente que leve em conta um aluno que não está em posição de curiosidade como os outros, mas que aprende de maneira idiossincrática e pouco convencional (BASTOS, 2017, p. 136). 
Nessa perspectiva, a atuação do professor em relação ao processo de letramento de alunos autistas depende da sua perspectiva de aprendizagem, ou seja, depende de como o mesmo compreende os processos de desenvolvimento do ser humano. O olhar diferenciado do professor em relação à criança com TEA pode ser definidor no sucesso de seu processo de letramento ou pode excluí-la desse processo, julgando-a incapaz de ser alfabetizada. Portanto, é preciso indagar quais são as dificuldades que se apresentam na aprendizagem de crianças autistas em relação ao processo de letramento, auxiliando o professor a desenvolver metodologias específicas que consigam sanar ou ao menos minimizar essas dificuldades, melhorando a qualidade de vida e as possibilidades de futuro desses sujeitos. 
Para Weiss (2004), o diagnóstico psicopedagógico tem como objetivo básico identificar os desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem do sujeito que o impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social, possibilitando assim ao psicopedagogo fazer as intervenções e os encaminhamentos necessários. Podemos defini-lo como um processo de investigação referente ao que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada.
Portanto, no tocante ao autismo não cabe ao psicopedagogo dar qualquer diagnóstico em relação à alterações no comportamento, pois esta é uma função do médico psiquiatra ou neurologista, mas o psicopedagogo será capaz de perceber se a criança está respondendo como uma criança de sua idade. Deverá ser verificada se a aprendizagem está fluindo bem ou se há atraso em seu desenvolvimento, seja em relação à linguagem, à psicomotricidade ou ao comportamento que possam prejudicar uma aprendizagem acadêmica.
3 PROCESSOS DE LETRAMENTO 
Para KLEIMAN (2002), o processo de leitura torna-se cada vez mais simples quando o leitor passa a ler continuamente, pois assim, ele passará a conhecer o léxico e a semântica do texto. Já para Jouve (2002), “na leitura alguns processos são ativados tais como: processo neurofisiológico, processo cognitivo, afetivo, argumentativo e simbólico”. A leitura é um ato concreto que recorre a faculdades definidas do ser humano. Nenhuma leitura é possível sem um funcionamento do aparelho visual e das diversas funcionalidades que o cérebro possui.
Ler é antes de qualquer coisa uma percepção de identificação e de memorização dos signos. Diferentes estudos de Richaudeau (1969) “tentaram descrever com detalhes essas atividades. Mostraram que os olhos não apreendem os signos individualmente e sim por pacotes, dessa maneira, é normal pular certas palavras”.
A visão possui uma sequência periférica, ou seja, a visão gravaria seis a sete signos mesmo que pulando alguns não perderiam o sentido da frase. O leitor decifra os signos quando no texto apresenta palavras breves, antigas, simples e polissêmicas. Por outro lado, a memória imediata oscila entre oito e dezesseis palavras. Segundo Richaudeau (1969), “quando um autor não respeita esses grandes princípios de legibilidade, todos os deslizes semânticos tornam-se possíveis, assim, o texto, lido “já não é mais o texto, escrito”. O ato de ler é subjetivo, ou seja, o leitor ler para si. Quando Richaudeau diz que o texto escrito já não é mais o texto lido significa que o cérebro e a memória imediata armazenaram um número significativo de signos. O texto que estava escrito passou a ser outro texto depois de lido devido ao número de armazenamentos das palavras.
A compreensão de um texto é o processo de conhecimento que o leitor adquire durante toda sua vida. Esse conhecimento ocorre mediante a interação com vários níveis de conhecimento como o conhecimento linguístico,textual e conhecimento de mundo. Esse conhecimento abarca o conhecimento que vamos acumulando em nossa memória ao longo de nossa vida e que é explorado no entendimento dos textos lidos.
Segundo Kleiman (2002), “o conjunto de noções e conceitos sobre o texto que chamaremos de conhecimento textual, faz parte do conhecimento prévio e desempenha um papel importante na compreensão do texto”. Conhecimento textual é um conjunto de conceitos a respeito de diversos tipos de textos que exercem uma função de compreensão. Nesse momento se faz importante a abordagem sobre conhecimento prévio. Como nos diz Garcez (2004), “o processo de compreensão expande-se, extrapola-lhe as possibilidades e prolonga-lhe o funcionamento do contato com o texto propriamente dito”.
O papel das emoções na leitura está ligado aos três níveis básicos de leitura como: níveis sensorial, emocional e racional. Cada um dos três corresponde a uma forma de aproximação do texto. Esses níveis são interrelacionados, senão simultâneos, mesmo um ou outro sendo privilegiado, segundo as suas experiências e expectativas assim como, seus interesses.
A definição de letramento de Coppens, Parente e Lecours (op. cit.) está bastante próxima da definição de alfabetização de Tfouni (2002, p.20) que afirma que “enquanto a alfabetização se ocupa da aprendizagem da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade”. Estas definições de letramento nos induzem a pensar que não exista questão fechada acerca do que seja o letramento. Neste sentido, esse tema merece ser discutido.
4 PROCESSOS DE LETRAMENTO DE CRIANÇAS AUTISTAS 
As pesquisas sobre o tratamento do autismo têm constituído um grande interesse não apenas para a Psicopedagogia, mas também para a medicina, fonoaudiologia, pedagogia e psicologia, enquanto áreas do conhecimento a qual possuem em seu corpo teórico estudos sobre aquisição e o desenvolvimento do ser humano como um todo. 
Estudos ressaltam a contribuição da Psicopedagogia para as pesquisas em autismo, seja nos aspectos relativos à aprendizagem como também em relação às consequências que esse transtorno acarreta na vida não apenas do autista em si, como também para sua família. Ainda segundo a autora, o autismo é uma síndrome difícil de ser diagnosticada quando não é a forma mais grave da doença, afetando crianças em diferentes níveis, desde o mais brando ao mais severo, mas é possível perceber alguns traços desse espectro no ambiente lúdico da psicopedagogia. 
Nesse sentido, cabe ao psicopedagogo enquanto um profissional que possui como uma de suas áreas de atuação o trabalho com os aspectos que envolvem a aprendizagem, desenvolver pesquisas nestas áreas, bem como promover estratégias e adaptações de ensino/aprendizagem que possam colaborar com o processo de desenvolvimento desta criança autista.
4.1 Estratégias Pedagógicas como Propostas de Intervenção em Crianças Autistas
Para facilitar a escolarização ainda na educação infantil do aluno autista, métodos que envolvem psicologia comportamental e psicolinguística foram criados, como por exemplo o método TEACCH e o método ABA. O método TEACHH, que significa Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits Relacionados à Comunicação já é bastante utilizado no Brasil. 
O método TEACCH se baseia em princípios que versam sobre a adaptação do ambiente frente as limitações da criança autista, elaboração de planos de intervenção, mudanças de ensino e na grade curricular, bem como a capacitação de professores e a readaptação da avaliação. O principal foco é atender as demandas diárias do aluno autista a fim de possibilitar uma melhor qualidade de vida tanto no âmbito escolar quanto no âmbito social. Monte (2004, p.9) explica: 
O método TEACCH utiliza uma avaliação denominada PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado) para avaliar as crianças e determinar seus pontos fortes e de maior interesse, e suas dificuldades, e, a partir desses pontos, montar um programa individualizado. O TEACCH se baseia na adaptação do ambiente para facilitar a compreensão da criança em relação a seu local de trabalho e ao que se espera dele. Por meio da organização do ambiente e das tarefas de cada aluno, o TEACCH visa desenvolvimento da independência do aluno de forma que ele precise do professor para o aprendizado de atividades novas, mas possibilitando-lhe ocupar grande parte de seu tempo de forma independente.
Desta feita, o TEACCH tem como objetivo ofertar aos alunos autistas ainda na educação infantil, diversas formas de adaptações no âmbito em que ela convive, no entanto, é de suma importância dar atenção especial e analisar as necessidades de cada aluno individualmente, pois várias crianças podem ser diagnósticas com autismo, mas suas dificuldades são diferentes. 
Neste método, são utilizados estímulos visuais na forma de figuras, seja por meio de fotos, cartazes, etc; estímulos corpóreos como apontar dedos, fazer gestos e movimentos corporais; estímulos audiocinestesicovisuais, que são sons, palavras, movimentos com associação a fotos, palavras escritas ou objetos concretos utilizados em sequência, como legos, por exemplo. As atividades que serão realizadas com a criança autista na educação infantil serão indicadas de forma visual, a fim de proporcionar uma melhor compreensão e inclusão do aluno em sala de aula. 
Lewin e Leon (1995), indicam que os pontos que dão aporte ao método TEACCH são uma escola com estrutura física delimitada e com espaço para desenvolvimento das atividades; atividades que envolvem sequências para que a criança autista que está na educação infantil tenha entendimento do que está sendo exigido dela, fazendo sempre uso de apoio visual. A rotina da criança deve ser reavaliada periodicamente a fim de observar mudanças na sua rotina que contribuam para o seu desenvolvimento. 
O método TEACCH minimiza os sintomas da doença e permite que o educando consiga lidar de melhor maneira e com maior tolerância as atividades que antes lhe causavam confusão, aborrecimento e agressividade. O método permite que se vislumbre a possibilidade de mudar tendências que são inatas do comportamento da criança autista, especificamente, em sala de aula.
Outro método inclusivo usado é o PECS (Picture Exchange Communication System) que é um sistema que pode ser usado pelo professor da educação infantil, pois o mesmo faz uso de figuras, e pode ser usado com alunos que possuam menos habilidades cognitivas, tendo em vista que as figuras representam interesses individuais. É feita uma ligação entre atividade e os símbolos que esse método oferta, de modo que o PECS é uma alternativa viável para professor e aluno, tendo em vista que o método utiliza velcro ou adesivos como meio para que a seja incluída na aula e exerça sua autonomia. Por meio do velcro ou do adesivo, a criança “comunica” ao professor sobre o andamento da atividade que está desenvolvendo. Por meio desses recursos, ela consegue transmitir o professor quando começa e quando termina uma atividade. 
O PECS é um meio de comunicação alternativa entre professor e aluno que contribui para inclusão do aluno que cursa a educação infantil. Esse método motiva a criança autista a utilizar sua fala ou o dialeto que usa para se comunicar. Esse método descontrói a ideia de aprendizagem através do lúdico (fotos, sinais) podem vir a diminuir o desenvolvimento verbal. 
Outro método bastante usado é o método ABA. Ele é utilizado em criança autistas a fim de modificar o comportamento dessas crianças. Skinner (1998 p.30), fundador da teoria da Análise do Comportamento, define aprendizagem como: 
“(…) arranjo de contingências [condições] de reforçamento sob as quais os alunos aprendem. Eles [os alunos] aprendem sem ensino nos seus ambientes naturais, mas os professores planejam [ou são responsáveis por planejar] contingências especiais para otimizar a aprendizagem, acelerando a aprendizagem de comportamentos que se daria mais lentamente [nos demais ambientes naturais]ou certificando-se da aprendizagem de comportamentos que, em outras condições, não ocorreria.”
O método ABA está relacionado com o ensino intensivo e individualizado das habilidades necessárias para que a criança autista possa adquirir independência e a melhor qualidade de vida possível. Dentre as habilidades ensinadas incluem-se os comportamentos que interferem no desenvolvimento e integração do indivíduo diagnosticado com autismo. Em suma, esse método que oferece transformações no comportamento e ajuda na aprendizagem e na inclusão, através de um estímulo corroborado que advém em uma probabilidade ampliada de que aquele comportamento se repita no futuro. 
Para que se ateste se este método está surtindo efeitos com a criança que está na educação infantil, é necessário que os professores realizem observações periodicamente, elaborando relatórios detalhes para que por meio deles seja possível acompanhar a evolução das habilidades da criança autista que está cursando a educação infantil. Para que o método ABA seja aplicado, é necessário que o professor tenha uma capacitação específica em Análise Comportamental e com experiência supervisionada. 
É necessário criar maneiras para transmitir novas informações e melhorar a prática pedagógica se tornando adequadas em sala de aula. 
O educador deve estar sempre em busca de novas estratégias para colaborem no desenvolvimento da criança. Para que a inclusão apresente o verdadeiro sentido, o professor necessita construir conhecimentos para as crianças com autismo através de atividades concretas, visual e auditiva, com coordenação motora, exercícios de concentração e com significado, dessa forma o aluno irá obter os novos conhecimentos de maneira fácil e prazerosa.
4.2 O Processo Socio-Interacional e as Melhores Práticas de Inclusão da Criança Autista.
O autismo infantil consiste em um transtorno do desenvolvimento de etiologias múltiplas, definido de acordo com critérios eminentemente clínicos. As características são muito abrangentes, afetando os indivíduos em diferentes graus nas áreas de interação social, comunicação e comportamento. Atualmente, utiliza-se o termo "espectro autista" tendo em vista as particularidades referentes às respostas inconsistentes aos estímulos e ao perfil heterogêneo de habilidades e prejuízos (HÖHER CAMARGO; BOSA, 2009; SCHWARTZMAN, 2011).
Embora as crianças com espectro autista apresentem dificuldades em comportamentos que regulam a interação social e a comunicação, podendo ter pouco ou nenhum interesse em estabelecer relações apresentando diferentes níveis de dificuldades na reciprocidade social e emocional (GÓMEZ; TORRES; ARES, 2009; NOGUEIRA, 2009), concorda-se com autores como Garton (1992), Seidl-de-Moura (2009) e Salomão (2012), que consideram em suas pesquisas a importância da interação social para o desenvolvimento humano e o conceito de bidirecionalidade caracterizado pela ênfase na reciprocidade e na adaptação mútua entre os parceiros levando em conta suas características individuais.
Tendo em vista o termo espectro autístico, que compreende diferentes graus de comprometimento, cita-se Höher Camargo e Bosa (2009), ao afirmar que a noção de uma criança não comunicativa, isolada e incapaz de demonstrar afeto não corresponde às observações atualmente realizadas. Concorda-se com autores como Nogueira (2009) e Orrú (2007) quando destacam, em seus estudos, as potencialidades dessas crianças, apesar de considerarem as dificuldades centrais do espectro autista.
Considerando a influência de autores como Vygotsky (2007) e Tomasello (2003) e dos estudos na perspectiva da interação social dos estudiosos da linguagem, Salomão (2012) destaca que a relevância dos aspectos sociais da interação para o processo de aquisição da linguagem é indiscutível, tendo em vista que o desenvolvimento da comunicação é fundamentalmente interacional, sendo de grande importância os comportamentos verbais e gestuais.
A partir da perspectiva da interação social dos estudiosos da linguagem, Garton (1992) pontua a importância do ambiente interpessoal para a aquisição de habilidades comunicativas, ressaltando o suporte do adulto, uma vez que, sensível às necessidades conversacionais da criança, é capaz de adequar suas contribuições às capacidades dessa última, ou seja, o adulto adapta seu comportamento comunicativo para obter respostas das crianças. Nesta mesma linha de pesquisa, são estudados aspectos facilitadores da fala dirigida à criança, os estilos de fala materna (diretivos, informações e feedbacks, por exemplo), os quais podem expressar uma ampla variedade de intenções comunicativas e funções nas trocas linguísticas. Esses estilos linguísticos foram estudados por diferentes autores, sendo conceituados neste trabalho a partir de Salomão (2012), Fonsêca e Salomão (2006), Borges e Salomão (2003) e Braz e Salomão (2002).
Autores como Silva e Mulick (2009) abordam a importância de um diagnóstico precoce, considerando que a idade em que a criança começa a receber intervenções apropriadas representa um dos elementos essenciais para um melhor prognóstico em termos de seu desenvolvimento. Sobre o tratamento dessas crianças, Choto (2007) destaca a fusão entre a terapia e a educação, pontuando a interdisciplinaridade como um elemento indispensável para obtenção de melhores resultados. Ademais, a autora discorre a respeito da integração de métodos pedagógicos e psicológicos como sendo fundamental para obtenção de avanços na intervenção terapêutica, apontando melhor socialização e desenvolvimento geral da criança.
Nesse sentido, destaca-se a escola como um dos espaços que favorecem o desenvolvimento infantil, tanto pela oportunidade de convivência com outras crianças quanto pelo importante papel do professor, cujas mediações favorecem a aquisição de diferentes habilidades nas crianças. De acordo com Höher Camargo e Bosa (2012), o contexto escolar oportuniza contatos sociais, favorecendo o desenvolvimento da criança autista, assim como o das demais crianças, na medida em que convivem e aprendem com as diferenças. Silva e Facion (2008) afirmam que os demais alunos irão se enriquecer por terem a oportunidade de conviver com o diferente. Já Fiaes e Bichara (2009) pontuam a escola regular como um contexto no qual a criança com dificuldades encontra modelos mais avançados de comportamentos para seguir.
Vygotsky, em seus estudos sobre defectologia, já afirmava os benefícios da inserção de crianças com deficiência mental em grupos homogêneos, podendo as crianças mais capazes atuarem como mediadoras no processo de aprendizagem (Momberger, 2007). Tais trocas remetem ao conceito de mediação, que, segundo Vygotsky (2007), desempenha um papel fundamental, em que as trocas que a criança estabelece com outras crianças e com os adultos exercem funções importantes para o desenvolvimento e a aprendizagem.
5 RESULTADOS E ANÁLISE
Como relata Sampaio (2008), vimos que as professoras entrevistadas percebem a importância da inclusão escolar dos alunos autistas e tentam colocá-la em prática, mais revelam que para envolvê-la na sala de aula é necessário um conjunto de aspectos para se torna útil e válido.
Os estudos são claros quando mostra que os professores têm dificuldades ao inserir um aluno autista em sala de aula, ou seja, apesar de buscarem melhorar as suas práticas, pesquisando em livros, internet e comentários de outras colegas. Entretanto, os professores ainda não estão preparados para lidar com a inclusão escolar de alunos autistas, pois não tiveram uma formação tanto a nível inicial como contínuo que abordassem as práticas educacionais, que são necessárias para obter a verdadeira inclusão.
Outro ponto que chama a atenção é a falta de recursos didáticos, de estrutura escolar, a falta de especialização por parte dos professores e o apoio nos ambientes educacionais, sem esse conjunto de aspectos os professores não têm como elaborar atividades específicas para essas crianças, de maneira que podem chegar a atrasar o aluno autista como os demais.
Sobre a inclusão escolardessas crianças, embora haja vasta literatura, alguns autores (BOSA, 2002; HÖHER CAMARGO; BOSA, 2012; LAGO, 2007) apontam que a ênfase dada aos prejuízos e limitações inerentes às características da síndrome torna esta prática questionável, e historicamente essas características têm sido utilizadas como justificativa para a não inserção escolar de tais crianças. Em concordância com autores (BAPTISTA; BOSA, 2002; FIAES; BICHARA, 2009; HÖHER CAMARGO; BOSA, 2012; LAGO, 2007; LIRA, 2004; ORRÚ, 2007; SERENO, 2006), parte-se da ideia de que, embora seja uma prática difícil, a interação social é também realizável e possível, considerando os benefícios das vivências escolares tanto em termos de interações sociais quanto do desenvolvimento de habilidades cognitivas nas crianças do espectro autista.
Assim, podemos relatar que inclusão não é apenas colocar o aluno dentro da sala de aula regular, mas adapta-lo ao contexto, construindo novos conhecimentos de maneira própria e no tempo da criança. A aprendizagem dela deve ser sempre acompanhada pelo professor, para que ambos se relacionem e enriqueça sua construção de conhecimentos. 
Tendo em vista os aspectos abordados, entende-se que as áreas de interação social, comunicação e comportamento se articulam intimamente no desenvolvimento humano desde a mais tenra idade. Considerando que os indivíduos com autismo apresentam prejuízos nessas áreas, cabe ao psicopedagogo, utilizar estratégias que contemplem a aquisição de habilidades que são pré-requisitos para que outras se efetivem. As ideias desta pesquisa se apoiam na relevância dos modelos de desenvolvimento para orientar a realização de intervenções mais eficazes, possibilitando uma melhoria nas habilidades sociais, tendo em vista que os resultados demonstram uma capacidade parcial de realização social por parte das crianças autistas.
5 ANÁLISE DE RESULTADOS 
A inclusão da criança autista na Educação Infantil está aquém de sua simples presença em sala de aula. É importante que a criança autista que esteja dentro de sala de aula aprenda e desenvolva suas habilidades e capacidades, superando sempre suas dificuldades. Entretanto, a realidade encontrada na maioria das escolas, são vagas para crianças com necessidades especiais, porém, não há nenhuma preparação para incluir essa criança nas práticas metodológicas desenvolvidas.
Fazendo o estudo das publicações dos teóricos que embasaram este projeto de ensino em educação, é incontestável que para se atender uma criança autista que frequenta a educação infantil é necessário que se promova diversas adaptações tanto na escola como um todo, mas também, no que tange a formação do professor que trabalhará com aquela criança. 
A formação docente qualificada é de extrema importância e necessária. É de suma importância que o professor saiba como proceder frente as dificuldades que surgem ao lecionar para um aluno autista na educação infantil. A Declaração de Salamanca preconiza que a formação dos professores é mola propulsora do processo inclusivo. Quando não há formação adequada, não há inclusão, nem pedagógica, nem social. 
É necessário que haja uma reflexão das equipes psicopedagógicas que compõe as escolas a fim de encontros meios e métodos para incluir os alunos autistas na escola, ainda que para isso a escola precise passar por todo uma reestruturação. Sabemos das dificuldades física e estruturais que muitas escolas enfrentam e que muitos professores, apesar de não terem a formação adequada, dão seu melhor para proporcionar uma experiência de aprendizagem inclusiva para o seu alunado especial.
6 METODOLOGIA
A fim de melhor atender os objetivos propostos, o estudo segue metodologicamente a linha de pesquisa qualitativa (RICHARDSON, 2007), pois se considerou que, através desse enfoque, seria possível compreender e descrever, de modo mais aprofundado, a problemática assumida no referente estudo. A pesquisa qualitativa, segundo Richardson (2007, p. 90), “[...] pode ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas, de características ou comportamentos”. 
O método qualitativo é usado para realizar a tabulação dos dados alcançados na pesquisa, visando alcançar os objetivos do estudo. Nesse sentido, esta investigação irá buscar uma visão mais ampla da problemática discutida. Para tanto, priorizou-se a realização de uma análise da literatura a partir de revisão bibliográfica do tema abordado, tomando como base o modelo proposto por Gil (2007). 
Neste sentido, essa seção apresenta o percurso metodológico a ser seguido na referente pesquisa. De acordo com Gil (2007, p. 17), a metodologia de uma investigação se refere à descrição minuciosa dos passos realizados para alcançar o objetivo do estudo. Sendo assim, a pesquisa pode ser definida como “[...] procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se em processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados”. 
A presente investigação se configura como uma pesquisa bibliográfica, pois tem como objetivo principal a explicitação de uma problemática a partir das fontes já publicadas na literatura, como artigos, livros, anais e plataformas eletrônicas. Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de algumas etapas, quais sejam: 1. Escolha do tema; 2. Delimitação do tema e formulação do problema; 3. Elaboração do plano de desenvolvimento da pesquisa; 4. Identificação, localização das fontes e obtenção do material; 5. Leitura do material; 6. Tomada de apontamentos; 7. Redação do trabalho (GIL, 2002, p. 76). Contudo, de acordo com o autor, essas etapas não precisam ser seguidas de forma rigorosa, pois devem se adequar às necessidades do estudo pretendido. 
Na pesquisa do tipo bibliográfica, os dados da pesquisa são organizados conforme a sua procedência, considerando-se artigos, monografias, dissertações ou teses, além das fontes de divulgação de ideias, quais sejam: revistas, sites, vídeos, etc. Feito este processo de organização, o pesquisador(a) consegue contextualizar e problematizar melhor o tema, validando o referencial teórico da investigação (ALVES-MAZZOTTI, 2002). 
Enquanto exercício de análise e sistematização dos dados optou-se pela técnica de Análise de Conteúdo (MINAYO, 2008), a partir do viés dedutivo. Esse método ajuda a analisar as informações que levarão a uma conclusão. Desse modo, é utilizado para encontrar resultados acerca de uma determinada problemática. Com isso, confirma-se ou refuta-se o pressuposto da pesquisa. Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão. 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão da criança autista na Educação Infantil está aquém de sua simples presença em sala de aula. É importante que a criança autista que esteja dentro de sala de aula aprenda e desenvolva suas habilidades e capacidades, superando sempre suas dificuldades. Entretanto, a realidade encontrada na maioria das escolas, são vagas para crianças com necessidades especiais, porém, não há nenhuma preparação para incluir essa criança nas práticas metodológicas desenvolvidas. 
Fazendo o estudo das publicações dos teóricos que embasaram este trabalho de conclusão de curso em forma de artigo, é incontestável que para se atender uma criança autista que frequenta a educação infantil é necessário que se promova diversas adaptações tanto na escola como um todo, mas também, no que tange a formação do professor que trabalhará com aquela criança. A formação docente qualificada é de extrema importância e necessária.É de suma importância que o professor saiba como proceder frente as dificuldades que surgem ao lecionar para um aluno autista na educação infantil. A Declaração de Salamanca preconiza que a formação dos professores é mola propulsora do processo inclusivo. Quando não há formação adequada, não há inclusão, nem pedagógica, nem social. 
É necessário que haja uma reflexão das equipes pedagógicas que compõe as escolas a fim de encontros meios e métodos para incluir os alunos autistas na escola, ainda que para isso, a escola precise passar por todo uma reestruturação. Sabemos das dificuldades física e estruturais que muitas escolas enfrentam e que muitos professores, apesar de não terem a formação adequada, dão seu melhor para proporcionar uma experiência de aprendizagem inclusiva para o seu alunado especial. 
Depois de realizar toda esta pesquisa para a composição deste artigo, podemos afirmar que intervenções são necessárias para que as crianças autistas que frequentam a educação infantil possam interagir e desenvolver uma aprendizagem eficaz, que promova sua independência e seu desenvolvimento pleno. Este artigo é apenas uma pequena contribuição para os vários estudos que já existem sobre o tema. 
	
8 REFERENCIAL TEÓRICO 
ALVES -MAZZOTTI, A. J. O método nas ciências sociais. In: ALVES -MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. p. 109-187.
BASTOS, M. B. Tratar e educar: escrita e alfabetização de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). 2017. Disponível em: >https://www.researchgate.net/publication/320569172_Tratar_e_educar_escrita_e_alfabetizacao_de_criancas_com_Transtorno_do_Espectro_Autista_TEA.>
Acesso em: 24 de novembro de 2020. 
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e altera o § 3o do art. 98 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm>
Acesso em: 01 de novembro de 2020. 
CAMARGO, Síglia Pimentel Höler e BOSA, Cleonice Alves. Competência social, inclusão escolar e autismo: revisão crítica da literatura. Rio Grande do Sul: Psicologia & Sociedade, 2009.
CHOTO, M. C. Autismo infantil: el estado de la questión. Revista Ciencias Sociales Universidad de Costa Rica, v.116, n.2, p.169-180, 2007. 
CORREIA, Helen Cristina. A percepção da criança com transtornos globais do desenvolvimento (autismo) sobre seu processo de inclusão em uma escola de educação infantil. 2012. Dissertação (Mestrado em Educação), Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2012.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais, 1994, Salamanca-Espanha. 
FONSÊCA, P. N.; SALOMÃO, N. M. R. Contingência semântica das falas materna e paterna: uma análise comparativa. Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v.19, n.1, p.91-97, 2006.  
GADIA, C; et al. Estratégias de identificação: autismo – como identificar? In: Cartilha Autismo e Educação. São Paulo: 2013. 
GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de redação: O que é preciso para bem escrever. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
GARTON, A. F. Social Interaction and the development of language and cognition. Hillsdale, USA: Lawrence Erlbaum Associates, Publishers, 1992. 
GÓMEZ, S. L.; TORRES, R. S. R.; ARES, E. M. T. Revisiones sobre el autismo. Revista Latinoamericana de Psicologia, v.41, n.3, p.555-570, 2009.  
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
HÖHER CAMARGO, S. P.; BOSA, C. A. Competência social, inclusão escolar e autismo: revisão crítica da literatura. Psicologia & Sociedade, Florianópolis, v.21, n.1, p.65-74, 2009.   
______. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
JOUVE, Vincent. A Leitura. Tradução: Brigitte Hervor. São Paulo: Editora UNESP, 2002.
KLEIMAN, Angela. Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura. 8 ed. Campinas: Pontes, 2002.
MINAYO, M. C. de S. Trabalho de campo: contexto de observação, interação e descoberta in. MINAYO, M. C. de S.; DESLANDES, S. F. GOMES, R. (Org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 28ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2008. 
MOMBERGER, M. M. Inclusão no ensino superior: itinerários de vidas de acadêmicos com necessidades educacionais especiais. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.   
LEWINS, S. M., & de Leon,V. C. (1995). Programa TEACCH. In J. S. Schwartzman & F. B. Assumpção (Eds.), Autismo infantil (pp. 233-263). São Paulo, SP: Memnon.
RICHARDSON, R. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
SCHWARTZMAN, J. S. Neurobiologia dos transtornos do espectro do autismo. In: SCHWARTZMAN, J. S.; ARAÚJO, C. A. (Org.). Transtornos do espectro do autismo (São Paulo: Memnon Edições Científicas, 2011. v. 6, p.65-111.
SEIDL-DE-MOURA, M. L. Interações sociais e desenvolvimento. In: SEIDL-DE-MOURA, M. L.; MENDES, D. M. L. F.; PÊSSOA, L. F. (Org.). Interação social e desenvolvimento.  Curitiba: CRV, 2009. p. 19-36. 
SHIBUKAWA, P. H. Inclusão escolar de um aluno com autismo: descrevendo práticas de alfabetização em uma escola pública - ciclo I / Shibukawa, Priscila Hikaru, São Paulo, 2013.
SHIBUKAWA, P. H.; CAPELLINI, V. L. M. F. O autismo e suas especificidades refletidas no processo de alfabetização e letramento em uma escola de ensino fundamental ciclo I. XI Congresso Nacional de Educação EDUCERE, 2013. 
SOUZA, M. E. S.; et al. A alfabetização de crianças autistas através da ludicidade. V Conedu – Congresso Nacional de Educação, 2018. 
TOMASELLO, M. Origens culturais da aquisição do conhecimento humano. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

Continue navegando