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1 Jaíne Miotto Candaten Doenças Renais Tubulares e Intersticiais Doenças glomerulares a maioria é imunologicamente mediada; Distúrbios tubulares e intersticiais são frequentemente causados por agentes tóxicos ou infecciosos. Dois principais processos: 1) Lesão tubular isquêmica ou tóxica – lesão tubular aguda 2) Reações inflamatórias dos túbulos e interstício – nefrites tubulointersticiais. o Lesão (necrose) tubular aguda Insuficiência renal aguda e em algumas situações, evidências morfológicas de lesão tubular necrótica nas células tubulares. Etiologia dividida em 2 grupos: a) LTA isquêmica Distúrbios hemodinâmicos; hipertensão maligna; condições trombóticas; choque hipovolêmico – comprometem a membrana basal tubular b) LTA tóxica Lesão direta por agentes nefrotóxicos endógenos e exógenos – túbulos proximais. 2 Jaíne Miotto Candaten Lesão reversível que surge em: a) Trauma grave – isquemia tecidual – LTA isquêmica b) LTA nefrotóxica – agentes endógenos e exógenos c) Combinações de LTA isquêmica e nefrotóxica Transfusões sanguíneas incompatíveis Crises hemolíticas – hemoglobinúria LTA – o diagnóstico tem grande importância dada a possibilidade de reverter o quadro. Lesão tubular aguda isquêmica (LTA isquêmica) Má perfusão renal – redução do volume circulatório ou falência da bomba cardíaca. Se a isquemia for intensa e persistente há lesão tubular (mais sensíveis à hipóxia) Choque – hemorragias, queimaduras, infarto do miocárdio, miocardiopatias graves, septicemia. Lesão dos vasos intrarrenais – hipertensão maligna, púrpura trombocitopênicca trombótica, CID, síndrome hemolítico-urêmica. Patogenia: Células epiteliais tubulares são sensíveis à isquemia e vulneráveis a toxinas. Isquemia – redistribuição de proteínas de membrana com transporte anormal de íons, aumento de Na nos túbulos, a mácula densa estimula secreção de renina – vasoconstrição. Expressão de citocinas pelas células tubulares isquêmicas recrutando células inflamatórias Células tubulares agredidas destacam-se das membranas – cilindros – obstrução luminal, aumento da pressão intratubular, TFG reduzida. Edema intersticial – extravasamento de líquidos no interstício, pressão intersticial aumentada e danos adicionais aos túbulos. 3 Jaíne Miotto Candaten Distúrbios no fluxo sanguíneo Alterações hemodinâmicas que causam a taxa de filtração glomerular reduzida. Principal evento é vasoconstrição intrarrenal, com < fluxo sanguíneo glomerular e liberação de oxigênio reduzida para os túbulos. Vias vasoconstritoras: 1) Ativação do Sistema renina-angiotensina – liberação de sódio aumentada 2) Lesão endotelial (endotelina) com redução de óxido nítrico e prostaciclina. Vasoconstrição reduz o fluxo sanguíneo nos glomérulos e agrava a perfusão tecidual. 4 Jaíne Miotto Candaten Início: Isquemia provoca lesões tubulares reversíveis – edema, degeneração hidrópica, perda da polaridade celular. Se as lesões persistem, necrose e apoptose. Morfologia Macro: a) Rins com tamanho normal ou aumentados de volume. b) Região cortical tumefeita e com coloração pálida contrastando com a região medular com coloração vermelho-escura - rim do choque. Rim do choque Micro: a) Desaparecimento da borda em escova, degeneração hidrópica e desnudamento da membrana basal. Nem sempre há necrose tubular. b) Quando presente, focos múltiplos com picnose, cariorrexe e ruptura membrana basal – tubulorrexe. Necrose epitelial tubular focal ao longo do néfron. 5 Jaíne Miotto Candaten c) Luz tubular dilatada, presença de cilindros hialinos eosinofílicos (células descamadas, proteínas plasmáticas e urinárias) nos túbulos distais e leucócitos. d) Infiltrado mononuclear e edema intersticial. e) Regeneração epitelial – células epiteliais achatas com núcleos hipercromáticos e figuras de mitose. Necrose de coagulação. Células com vacúolos - degeneração hidrópica Túbulo contorcido proximal. Na seta- célula destacada. (descamada) Eosinofilia citoplasmática; Células em processo de necrose – degeneradas Tumefação celular Cilindros hialinos (no círculo. No interstício células inflamatórias. Necrose Células destacadas (círculo) Núcleos em processo de necrose. Algumas células inflamatórias no interstício. 6 Jaíne Miotto Candaten LTA tóxica Agentes químicos, medicamentos, produtos biológicos ou não, que penetram no organismo exercem ação tóxica por si mesmos ou por seus metabólitos. Agressões tubulares são as mais importantes, túbulos proximais e não há destruição da membrana basal – regeneração dos túbulos se a causa base for retirada. Etiologia: Agentes exógenos: Metais pesados; solventes orgânicos; antibióticos; anestésicos; agentes antioneoplásicos ou imunossupressor; venenos; contrastes radiológicos. Agentes endógenos: hemoglobina (hemólise intravascular); mioglobina – lesão muscular (miosite progressiva, choque térmico, exercício intenso e prolongado, choque elétrico); anticorpos; bile/bilirrubina. Rins com lesões prévias e/ou insuficiência funcional, clínica ou não, mais sujeitos lesão tubular aguda tóxica. Morfologia: Lesão tubular aguda, túbulos contorcidos proximais Necrose inespecífica, distintas no envenenamento. 1. Cloreto mercúrio, inclusões acidofílicas, células necróticas descamam e ocupam a luz tubular – calcificação 2. Tetracloreto de carbono, acúmulo de lipídios nas células lesadas seguido por necrose. 3. Etilenoglicol, degeneração hidrópica seguido por necrose, cristais de oxalato de cálcio observados nas luzes tubulares. Fatia de abacaxi 7 Jaíne Miotto Candaten o Nefrite tubulointersticial Reação inflamatória primariamente intersticial – acomete túbulos e interstício - , início insidioso e manifesta-se principalmente com azotemia. Pode ser aguda ou crônica. Infiltrado focal ou difuso, com o edema ocorre compressão da microcirculação = necrose Aguda Início clínico rápido. 8 Jaíne Miotto Candaten Rins aumentados de volume, cortical pálida e edemaciada. Limite corticomedular indistinto. Caracterizada por edema intersticial, acompanhado por infiltração leucocítica (neutrófilos, eosinófilos, macrófagos e linfócitos) no interstício e túbulos – agressão tubular. 2 caminhos patogenéticos: 1) Lesão tubular primária – necrose tubular nefrotóxica – reação intersticial secundária. 2) Lesão intersticial decorrente da reação imunitária Período de latência entre a administração de fármaco e as lesões renais Eosinofilia Níveis séricos elevados IgE Plasmócitos contendo a Ig nas lesões Possibilidade de recorrência por reexposição ao fármaco Alguns fármacos (meticilina) atuam como haptenos se ligando e estimulando a formação de anticorpos antimembrana basal. Postula-se também, deposição de complexos Ag-Ac - lesão túbulos e interstício Aspectos clínicos: febre, rubor cutâneo, hematúria, proteinúria discreta, leucocitúria. Crônica Infiltrado predominante por mononucleares, fibrose intersticial e atrofia tubular disseminada. Ocasionalmente observam-se macrófagos formando granulomas com células gigantes. Crônica – tem fibrose intersticial (rosa claro), atrofia tubular (luz diminuída). 9 Jaíne Miotto Candaten Aguda. Túbulos necróticos. Infiltrado inflamatório intersticial Infiltrado leucocitário no interstício; Citoplasma 'vermelhinho' – eosinófilos. AGUDA porque não tem atrofia, nem fibrose. Doenças vasculares Quase todas as patologias renais secundariamente envolvem os vasos sanguíneos. Hipertensão está associado ao rim, sendo a doença renal tanto causa ou consequência do aumento da pressão arterial.o Nefroesclerose Designa lesões nas pequenas artérias e arteríolas renais associadas à hipertensão arterial. Representada por hialinose na íntima e espessamento das paredes vasculares com estreitamento da luz e alterações isquêmicas no parênquima renal. Isquemia leva à glomeruloesclerose e lesão tubulointersticial crônica – redução massa renal funcional. Patogenia: Espessamento da média e íntima em resposta a alterações hemodinâmicas, genética e envelhecimento. Hialinização das paredes arteriolares, extravasamento de proteínas plasmáticas, e deposição aumentada de matriz da membrana basal 10 Jaíne Miotto Candaten Encontradas também no diabetes melito e no envelhecimento. Morfologia: Macro Rins com tamanhos normais ou reduzidos. Na superfície cortical apresentam granulações pequenas, finas e homogêneas. Na progressão, ocorre redução do tamanho e peso do órgão – cicatrização e adelgaçamento da cortical. Micro Estreitamento das luzes das pequenas artérias e arteríolas – espessamento e hialinização das paredes (arteriosclerose hialina) Cicatrizes subcapsulares com glomérulos e túbulos escleróticos alternando com parênquima normal – superfície granulosa. Arteríola aferente, hialinose intimal. Hiperplasia aparelho justaglomerular. Nas artérias interlobulares e arqueadas há hipertrofia medial – replicação da MEI e aumento de tecido muscular e elástico na íntima – Hipertrofia fibroelástica, acompanha arteriosclerose e aumenta a gravidade com a idade e na hipertensão. Estreitamento vascular promove focos de atrofia tubular e fibrose intersticial e alterações glomerulares (redução celularidade, colapso MBG, fibrose e esclerose glomerular). 11 Jaíne Miotto Candaten o Nefroesclerose maligna Doença vascular renal associada à hipertensão maligna ou acelerada. Hipertensão acelerada pode surgir em normotensos, mas acomete principalmente pacientes com hipertensão arterial essencial ou secundária. Patogenia: Lesão vascular com lesão endotelial, aumento da permeabilidade dos vasos com saída de fibrinogênio e outras proteínas plasmáticas. Morte focal das células da parede vascular e deposição plaquetária – necrose fibrinóide dos vasos com ativação de fatores de coagulação causando trombose intravascular. O PDGF estimulam hiperplasia do músculo liso na íntima dos vasos – arteriosclerose hiperplásica. Rins se tornam isquêmicos. Níveis elevados de renina plasmática. Morfologia: Macro: rins com hemorragias petequiais na superfície cortical. Micro: Necrose fibrinóide das arteríolas. Parede vaso com aparência manchada e granular, eosinofílica, deposição fibrina. Inflamação mínima. Glomérulos necróticos e infiltrados com neutrófilos. Capilares glomerulares podem trombosar. Artérias e arteríolas interlobulares há espessamento da íntima por edema, neoformação colágena e elástica, proliferação de fibroblastos e de células musculares lisas alongadas arranjadas concentricamente – cascas de cebola. Trombose intraluminal sobreposta. Lesões arteriolares e arteriais promovem estreitamento das luzes vasculares, atrofia isquêmica, infarto distal. 12 Jaíne Miotto Candaten o Estenose artéria renal Correção cirúrgica do estreitamento pode curar o estado hipertensivo. Isquemia causada por obstrução da artéria renal induz aumento da secreção renina, aparelho justaglomerular, resultando em aumento dos níveis de angiotensina II – causa HÁ. Restabelecimento do fluxo sanguíneo na artéria renal estenosada reduz níveis de renina e a PA. Patogenia: Placa de ateroma - principalmente em homens, incidência aumenta com a idade e o diabetes melito. Placa concêntrica com a sobreposição de uma trombose é frequente. Displasia fibromuscular da artéria renal - Espessamento fibroso ou fibromuscular envolvendo a íntima, a média ou adventícia – média mais envolvida. Morfologia: Rim isquêmico está reduzido de volume e mostra sinais de atrofia isquêmica difusa. Glomérulos envoltos por túbulos atróficos, fibrose intersticial e infiltrado inflamatório focal. Arteríolas no rim isquêmico – leve arteriosclerose. Rim não isquêmico contralateral apresenta arteriosclerose mais grave, varia com gravidade da hipertensão.
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