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Gabriela Veras Alimentação e Nutrição de Ruminantes SISTEMAS DE ANÁLISES DE ALIMENTOS: EVOLUÇÃO DAS METODOLOGIAS 1. Método de Weende (1864) ● Desidratação do alimento: para analisar um alimento, é necessário que este seja desidratado para evitar o crescimento de microrganismos capazes de degradar o alimento a ser analisado em laboratório. Além disso, é necessário saber a porcentagem de água presente no alimento. Diante disso, os alimentos são colocados dentro de duas estufas, uma estufa de desidratação parcial seguida por outra estufa (não consegui pegar o nome), que fazem com que a água presente no alimento evapore. Dessa forma, haverá separação entre o teor de matéria seca e o teor de umidade desse alimento. ● Mineralização da matéria orgânica: após a etapa de desidratação, o alimento é submetido a carbonização dentro de uma mufla, a uma temperatura de 600°C, onde toda a matéria orgânica é transformada em cinzas, sendo transformado em matéria mineral. A mineralização da matéria orgânica faz com que todos os componentes dessa matéria orgânica passem para a forma gasosa e apenas os componentes minerais são preservados em estado sólido. Ao retirar esses componentes da mufla, é realizada uma pesagem que distingue o peso da matéria orgânica e da matéria mineral. ● Análise de compostos nitrogenados: inclui proteínas e nitrogênio não proteico (ureia, aminoácidos, fosfolipídios nitrogenados, proteoglicanas, ácidos nucleicos etc ). De um modo geral, as proteínas possuem 16% de nitrogênio. Dessa forma, dividindo 100 por 16, têm-se 6,25, que ao multiplicar 6,25 x a quantidade de nitrogênio na amostra, obtém-se uma estimativa de proteína presente na amostra. ● Análise de compostos não nitrogenados: - Extrato etéreo: lipídios: a quantidade de lipídios em uma amostra era descoberta com uma lavagem em ar quente com um solvente orgânico, como o N-Hexano. Esse solvente orgânico lava a amostra e retira o teor de lipídio. - Fibra Bruta (monogástricos): compostos que os monogástricos não conseguem digerir. Celulose e Lignina Insolúvel: a amostra é submetida a dois processos de digestão sequenciais, uma digestão em solução ácida (ácido clorídrico), e depois uma digestão alcalina com hidróxido de sódio. Essas digestôes simulam o processo de digestão no organismo animal. O que não é digerido nem no componente ácido e nem no componente alcalino, são as fibras, que são eliminadas através das fezes. - Extrato não nitrogenado (ENN): Açúcares solúveis, amido, pectina, hemicelulose e lignina solúvel são os componentes que sobram na amostra e que têm o teor definido por diferença. Todavia, esses componentes são agrupados pois não é possível fazer a separação para análise. 2. Método de Van SOEST: uso de soluções detergentes ● Solúveis em detergente neutro (conteúdo celular): A amostra foi submetida a um tratamento de digestão em um detergente neutro, onde todos os componentes que são solúveis em detergente neutro (lipídios, açúcares solúveis, amido e pectina, proteína solúvel e nitrogênio não protéico) deixam o ambiente sólido e passam para o componente líquido. Esses componentes solubilizados em detergente neutro são componentes do conteúdo celular vegetal que pode ser assimilado por qualquer organismo animal. ● Não solúveis em detergente neutro: O que não é solubilizado, permanece ligado ao alimento, fazendo parte da parede celular vegetal (hemicelulose, lignina solúvel em álcool, celulose, lignocelulose, lignina, e componentes proteicos que estavam presos na fibra. Esses componentes fibrosos que não se solubilizaram no detergente neutro, fazem parte da parede celular vegetal, e são chamados de Fibra Gabriela Veras em Detergente Neutro (FDN) e podem ser digeridos e absorvidos por animais ruminantes e herbívoros que possuem simbiose com microrganismos capazes de degradar esses componentes. ● Não digeridos de jeito nenhum: Van SOEST viu que se submeter uma amostra de alimentos em detergente ácido, parte dos componentes fibrosos também é solubilizado, pois deixavam de fazer parte da fibra e se solubilizam, porém, algumas partes dos componentes continuavam presos às fibras, mesmo após a digestão ácida. Então os componentes que permaneceram na estrutura do alimento e que não foram solubilizados nem com o detergente neutro e nem o ácido, receberam o nome de Fibra em Detergente Ácido (FDA), que inclui todos os componentes altamente lignificados, que não pode ser utilizados nem por animais ruminantes e herbívoros que possuem simbiose com organismos. Dessa forma, FDA não possui qualidade nutricional. OBS: O FDA está dentro do FDN, uma vez que faz parte da estrutura da fibra. Síntese: Van Soest (1967) Conteúdo celular - compostos nitrogenados solúveis, - lipídios, açúcares simples, amido, pectina Fibra em detergente neutro (FDN): componentes que podem ser degradados por microrganismos e parte deles é disponibilizado para os animais Fibra em detergente ácido (FDA): parte do FDN que nem os microrganismos conseguem degradar, e portanto, não possui qualidade nutricional. Quanto maior o FDA, menos nutritivo é o alimento. MEDIDAS DE ENERGIA CONTIDA NOS ALIMENTOS ● Nutrientes digestíveis totais (NDT): o material foi submetido a uma digestão (in vitro ou in vivo- fístula ruminal ● Energia Bruta ● Energia Digestível ● Energia Metabolizável ● Energia Líquida CLASSIFICAÇÃO DOS CARBOIDRATOS 1. FUNÇÃO VEGETAL ● Carboidratos não estruturais (CNE) - Componentes do conteúdo celular - açúcares simples - amido ● Carboidratos Estruturais (CE) - Componentes da parede celular - celulose (componente da parede celular) - hemicelulose - lignocelulose (parte da celulose incrustada com o composto fenólico sem valor nutricional) - pectina (componente extracelular, entre as células) 2. FUNÇÃO NUTRICIONAL ● Carboidratos Não Fibrosos (CNF) - açúcares simples - amido - pectina (função estrutural no vegetal, no animal se comporta como o amido, pois é digerida tão rapidamente quanto o amido) ● Carboidratos Fibrosos (CF) = FDN - parede celular - celulose - hemicelulose Gabriela Veras - lignocelulose Fracionamento de carboidratos e proteínas: CNCPS: Os carboidratos foram divididos em frações A, B (b1, b2, b3) e C. - Açúcares simples (mono e dissacarídeos) - A: estão disponíveis prontamente no rúmen, na qual são quase que instantaneamente disponibilizados para a ação microbiana no rúmen - Amido - B1: também ficam disponíveis para a microbiota, todavia, precisam de um processo de digestão, nem que seja rápido, para que então fiquem rapidamente disponíveis para a ação microbiana. - pectina - B2: o mesmo do B1, porém. a pectina é degradada um pouco mais lentamente que o amido - hemicelulose - B3: são degradados bem lentamente, ficam disponíveis para a microbiota, mas o processo de digestão através de enzimas extracelulares é mais demorado. Os monômeros demoram a serem disponibilizados para a microbiota ruminal. - celulose / B3: mesmo da hemicelulose - lignocelulose - C: não fica disponível, uma vez que os microrganismos não conseguem degradar, portanto, será eliminada nas fezes. FRACIONAMENTO DE CARBOIDRATOS FRAÇÃO COMPOSTO A Açúcares simples (mono e dissacarídeos) B1 Amido B2 Pectina B3 Hemicelulose e Celulose C Lignocelulose ANÁLISE DE COMPOSTOS NITROGENADOS Proteína bruta: teor de nitrogênio x 6,25 Proteína digestível: proteína bruta presente no alimento e proteína bruta nas fezes (muito falho) Proteína degradável no rúmen (PDR) x Proteína não degradável no rúmen (PNDR) - PDR: proteína de degradação rápida, que ao ser fornecida ao animal, é rapidamente degradada pelas bactérias, onde os aminoácidos são disponibilizados para o uso microbiano e para o uso do animal. - PNDR: proteínas que não podem ser degradadas pela microbiota ruminal, pois resiste a ação microbiana, e só é digerida no abomaso (estômago verdadeiro/glandular), e também no intestino delgado sob a ação das enzimas pancreáticas. Proteína microbiana: proteína sintetizada a partir dos aminoácidos que resultam da degradação microbiana PDR. Essa proteínavai compor o corpo celular dos próprios microrganismos e possuem um elevado valor nutricional, pois quando o microrganismo morre, é digerido no abomaso e intestino delgado e o animal absorve as suas próprias proteínas. Proteína endógena: produzida pelo animal e lançada nas secreções (enzimas estomacais, pancreáticas, enzimas das secreções salivares, etc, compõem a proteína endógena. Essa proteína não pode ser perdida, deve ser digerida e absorvida, e o animal resgata os aminoácidos que ele mesmo lançou. Proteína Metabolizável: soma da proteína microbiana, endógena e a PNDR. Fracionamento de proteínas (CNCPS: A1, B1, B2, B3 e C) Gabriela Veras ● A: Nitrogênio não protéico: fica instantaneamente disponível para a ação microbiana ● B1 (mais rápido), B2 (intermediário), B3 (mais lento): compostos proteicos que são digeridos de forma progressiva ● C: componente que é resistente à ação microbiana que não é digerido, sendo eliminado através dos excrementos Síntese: Análise e Classificação dos Carboidratos e Proteínas Metodologias: Weende x Van Soest Medidas de energia - nutrientes digestíveis totais (NDT) - energia bruta - energia digestível - energia metabolizável - energia líquida Classificação de carboidratos - FDN = CF (celulose, hemicelulose, lignocelulose) - CNF (açúcares simples, amido, pectina) Análises de compostos nitrogenados: - P Bruta, - P Digestível, - PDR/PNDR, - P metabolizável Fracionamento (CNCPS) de carboidratos e proteínas: - A, - B1, - B2, - B3, - C
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