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microorganismos para o rumen

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3º MÓDULO - OS PRINCIPAIS MICROORGANISMOS DO RÚMEN 
 
Neste artigo se revisa o estudo dos principais microrganismos encontrados no 
rúmen mostrando assim, sua importância perante a degradação das forragens e suas 
restrições químicas, físicas e biológicas. 
 
A microbiota ruminal é constituída de três principais microorganismos, que são 
eles: bactérias, fungos e protozoários estes têm extrema importância para a segurança 
alimentar, exportações de carne e para a disseminação de resistência a antibióticos. 
Atualmente este tema se tornou pertinente devido a crescente ascensão do sistema 
confinado, que visa melhor eficiência alimentar do ruminante, pois se tem pouco 
tempo para chegar ao abate. O rúmen é um ecossistema anaeróbio, caracterizado pelo 
seu poder tampão, temperatura, pH e fermentação, assim este fica favorável aos 
microorganismos. 
O principal interesse produtivo do ruminante esta na capacidade de aproveitar 
os nutrientes na digestão microbiana. No rúmen e no ceco, o desenvolvimento desta 
microflora e microfauna permitem o aproveitamento eficiente de vários nutrientes, 
principalmente para produção de energia, essencial na manutenção corporal e 
produção do bovino, demonstrando assim a simbiose com o animal. 
A microbiologia do rúmen é extremamente completa, devido ao grande 
número de organismos presentes, sendo que suas diferentes naturezas e as mudanças 
da população, resultam na mudança da dieta do animal hospedeiro (TEIXEIRA, 
1991).Desta forma, o rúmen funciona como uma câmara de fermentação, devido a 
uma série de mecanismos fisiológicos do hospedeiro (SOEST, 1982). 
 
 
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A ação da população microbiana ruminal sobre o substrato (alimento do 
hospedeiro) tem especial importância, pois constitui a base da fisiologia digestiva dos 
ruminantes. Celulose e hemicelulose representam a maior fonte potencial de energia 
para os animais herbívoros (ARCURI, 1992), após a degradação pelos complexos 
enzimáticos de microorganismos animais. Além dessa fundamental capacidade 
hidrolítica, estes microorganismos reduzem acentuadamente o volume de matéria 
seca que passa à porção pós-ruminal do trato digestivo (DEHORITY, 1987). 
 
O AMBIENTE MICROBIOLÓGICO DO RÚMEN 
O rúmen apresenta características peculiares que o tornam um ecossistema 
anaeróbico propício para o desenvolvimento microbiano (TEIXEIRA, 1991). Neste 
ambiente podem se encontrar também leveduras, principalmente em animais jovens. 
A temperatura ruminal está média entre 38º a 42º C e é mantida por 
mecanismos homeotérmicos do hospedeiro. O pH pode variar de 5 a 7, de acordo com 
o tipo de alimento ingerido, tempo de amostragem e freqüência de fornecimento de 
alimentos ao hospedeiro. 
Segundo WILLIAMS (1986), os protozoários do rúmen são mais sensíveis que as 
bactérias e podem mesmo vir a desaparecer se o pH ultrapassar 7,8 ou decrescer 
abaixo de 5 embora as espécies bacterianas tenham seu crescimento reduzido em pH 
menor que 5. 
A capacidade de troca catiônica do alimento ingerido e o volume de saliva 
afetam a capacidade tampão do conteúdo ruminal (MCDOUGALL, 1948; SOEST, 1982), 
já a baixa concentração de oxigênio no rúmen favorece o desenvolvimento de 
microorganismos anaeróbicos - bactérias anaeróbicas facultativas; apesar dos 
microorganismos serem predominantemente anaeróbicos, eles podem suportar algum 
oxigênio que chega ao rúmen através do alimento, água e difusão através da parede 
ruminal. Este oxigênio é rapidamente metabolizado e serve como doador de elétrons 
na fermentação. Os produtos resultantes da fermentação são continuamente 
removidos, não havendo acumulação (TEIXEIRA, 1991). 
Inúmeras espécies de microorganismos podem ser encontradas no rúmen, 
porém a classificação destas como partes da microbiota ruminal só é possível se forem 
satisfeitos os seguintes requisitos, propostos por GALL e HUTTANEN (1950): ser 
anaeróbio; apresentar população mínima de 1000000 células/g de conteúdo ruminal 
fresco; ter sido isolada pelo menos dez vezes em dois ou mais animais; ter sido isolada 
em pelo menos duas diferentes localizações geográficas e produzir subprodutos 
encontrados no rúmen. 
 
 
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A enorme diversidade de organismos ruminais pode ser devida à complexidade 
do substrato. Sobrevivem e predominam as espécies que possuam em seu material 
genético as informações para a síntese de enzimas que compõe as vias metabólicas 
mais eficientes no aproveitamento da energia contida no substrato (HUNGATE, 1966). 
 
BACTÉRIAS RUMINAIS 
Apesar do papel dos protozoários e fungos do rúmen, é claro que são as 
bactérias os microorganismos mais ativos na atividade enzimática, apresentando assim 
mais de 20 espécies, com uma população entre 1.000.000.000 a 10.000.000.000 de 
células/g de conteúdo ruminal. A maioria é composta por bactérias anaeróbicas 
obrigatórias, podendo ser encontradas anaeróbicas facultativas (TEIXEIRA, 1991). 
Usualmente as bactérias são classificadas de acordo com a atuação de cada grupo no 
processo fermentativo. 
Bactérias celulolíticas têm a habilidade bioquímica de produzir a enzima 
extracelular celulase, através da hidrólise da celulose. As celulases da maioria dos 
microorganismos celulolíticos estão associadas às células aderidas firmemente às 
partículas fibrosas do conteúdo ruminal. A adesão inicial é feita através do glicocálice, 
à medida que a celulase vai degradando a fibra, fragmentos do envelope celular 
passam a compor a matriz de glicocálice, dentro da quais as celulases continuam a 
digerir a celulose (CHENG; COSTERTON, 1986). Os ácidos graxos de cadeia ramificada 
são necessários ou estimulatórios para o crescimento das bactérias celulolíticas 
(DEHORITY, 1987). 
As espécies celulolíticas produzem, principalmente, acetato, propionato, 
butirato, succinato, formato, CO2 e H2. São liberados também etanol e lactato 
(HUNGATE, 1966). Segundo DEHORITY (1987) E SOEST (1982), as principais espécies 
celulolíticas são Ruminococcus flavefaciens, Ruminococcus albus, Bacteroides 
succinogenes e Butyrivibrio fibrisolvens. 
Bactérias Amilolíticas são as responsáveis pela degradação do amido (que se dá 
pela enzima amilase), que é fermentado por espécies do gênero Bacteroides, dentre 
estas, Bacteroides amylophilus que utiliza amido, mas é incapaz de utilizar glicose ou 
outros monossacarídeos. Já Streptococus bovis e Selenomonas ruminantium 
fermentam amido e açúcares solúveis produzindo acetato, quando estes carboidratos 
são abundantes mudam para acetato, formato e etanol ou acetato e propionato, 
quando a concentração de substrato prontamente fermentável decresce. Esta última 
rota metabólica maximiza a produção de ATP (RUSSELL, 1988). 
 
 
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Muitas das bactérias Proteolíticas presentes no rúmen são capazes de degradar 
proteína. Existem, no entanto, bactérias essencialmente proteolíticas, que utilizam 
aminoácidos como fonte de energia primária (Bacteroides amylophilus e Bacteroides 
ruminicola). A proteína contida no alimento do animal pode ser degradada pelos 
microorganismos de rúmen, com liberação de amônia e ácidos graxos voláteis. A 
excessiva degradação protéica no rúmen causa redução na retenção de N pelo 
hospedeiro (TEIXEIRA, 1991; SOEST, 1982). 
As Bactérias Metanogênicas (anaeróbias estritas) são organismos capazes de 
produzir metano. Estas bactérias são especialmente importantes para o ecossistema 
ruminal, pois tem um papel importante na regulação de fermentação pela remoção 
das moléculas de H2 (TEIXEIRA, 1991). Praticamente todo o metano é produzido pelas 
reações de redução de CO2 acoplada ao fornecimento de elétrons pelo H2. O gênero 
Methanobacterium desempenha importante papel no equilíbrio químico no 
ecossistema ruminal ao utilizar o H2 presente no meio, contribuindo para a 
regeneração de co-fatores, como NAD+ e NADP+ (ARCURI, 1992). 
 
OS PROTOZOÁRIOS DO RÚMEN 
Os protozoários foram os primeiros microorganismos identificados no
rúmen. 
Em geral, a presença de protozoários aumenta diretamente a digestão da celulose e 
hemicelulose (FONDEVILA, 1998). 
Sua população é de 100.000 a 1.000.000 células/ml de conteúdo ruminal 
(TEIXEIRA, 1991). São organismos unicelulares, anaeróbios, não patogênicos, 10 a 100 
vezes maiores que as bactérias (HUNGATE, 1966; OGIMOTO; IMAI, 1981.,CITADO POR 
ARCURI, 1992). As bactérias constituem a fonte preferida de nitrogênio para os 
protozoários (WILLIAMS, 1986). Esta predação reduz significamente o número de 
bactérias no líquido ruminal (HUNGATE, 1966). Uma característica peculiar dos 
protozoários é o quimotactismo, isto é, a capacidade de se locomoverem num 
gradiente de concentração de nutrientes, como, açúcares ou glicoproteínas (ARCURI, 
1992). 
Normalmente, os protozoários encontrados no rúmen são da classe dos 
Ciliados, dividindo-se nas subclasses Holotricha e Pirotricha (TEIXEIRA, 1991). 
DEHORITY; TIRABASSO (1986) sugerem que a subclasse Holotrica é capaz de se fixar à 
parede do retículo e imigrar em direção ao rúmen logo após a alimentação do 
hospedeiro, possivelmente em função do aparecimento de açúcares solúveis. Através 
deste mecanismo, os holotrica são seletivamente retidos no rúmen, o que permite a 
 
 
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estes organismos sobreviver neste ambiente, uma vez que têm um tempo de geração 
muito longo (LENG; NOLAN, 1984). 
A predação por grandes populações de protozoários reduz a biomassa 
bacteriana livre no líquido ruminal; aumenta a reciclagem intra-ruminal e a perda de N 
pelo hospedeiro e reduz o fluxo de proteína microbiana para o intestino delgado do 
hospedeiro, tanto pela menor população bacteriana quanto pela retenção dos 
protozoários no rúmen (LENG e NOLAN, 1984). 
A defaunação - que nutricionalmente é definida como a eliminação dos 
protozoários do rúmen – pode trazer alguns benefícios. Em alguns programas de 
alimentação, como em dietas com alta energia e ricas em nitrogênio não protéico a 
ausência dos protozoários resulta numa melhoria da performance do animal. Mas 
contrapondo a presença de protozoários no rúmen parece ser um fator fundamental 
para o processo fermentativo, pois através da ingestão de partículas alimentares e 
pelo armazenamento de amido, eles podem controlar o nível de substrato disponível, 
uniformizando a fermentação entre os intervalos de alimentação. Os protozoários 
podem servir também como uma fonte contínua de nitrogênio para as bactérias após 
sua morte e degradação, pois grande parte da proteína do protozoário foi formada a 
partir da proteína das bactérias (TEIXEIRA, 1991). 
 
FUNGOS DO RÚMEN 
Um grupo de ficomicetos anaeróbios produtores de zoósporos flagelados, antes 
considerados, erroneamente, como protozoários flagelados, é parte integrante da 
microbiota ruminal de animais alimentados com dietas fibrosas (RUSSELL, 1988). 
Segundo (TEIXEIRA 1991), (ORPIN, 1975), foi o primeiro pesquisador a definir a 
existência de tais fungos. 
Pouco ainda se sabe sobre a importância dos fungos no processo fermentativo, 
mas parece que eles estão associados com a degradação da fibra no rúmen e estão 
presentes em grande número quando a dieta é rica em forragens. Os zoósporos 
móveis aderem-se aos fragmentos das forragens, invadindo os tecidos vegetais através 
de talos e rizóides (BAUCHOP, 1981). 
A ação dos fungos sobre a parede vegetal diminui a rigidez estrutural das 
forragens (BORNEMAN, 1986. CITADO POR FONDEVILA, 1998), e favorece a ruptura 
das partículas de forragens, aumentando também a superfície acessível para a ação 
das bactérias (FONDEVILA, 1998). 
 
 
 
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MYCOPLASMAS 
Descrito por HUNGATE, em 1966, como microorganismo anaeróbico 
obrigatório encontrado no rúmen, que degradava células bacterianas e apresentava 
habilidade em hidrolisar caseína. Entretanto, pouco se sabe sobre a importância destes 
microorganismos no ecossistema ruminal. 
 
DISTRIBUIÇÃO E VARIAÇÕES DOS MICROORGANISMOS RUMINAIS 
O rúmen apresenta conteúdo heterogêneo composto pelas digestas líquida e 
sólida, sujeitas a fluxos diferentes e distribuição distinta da microbiota (CZERKAWSKI, 
1986). CHENG; COSTERTON (1986) dividem a microbiota em três populações básicas: a 
população do líquido ruminal, a dos microorganismos aderentes à fração sólida da 
digesta e a população ligada à parede do rúmen. 
A primeira compreende a porção mais investigada, devido aos métodos 
clássicos de coleta de amostra e cultivo do conteúdo ruminal. Os autores incluem 
nesta população os microorganismos aptos a colonizarem alimentos recém-ingeridos 
ou superfícies de tecidos recém-expostos, o que os leva a atribuir-lhes grande 
atividade metabólica. A população aderente à fração sólida está relacionada com a 
degradação dos alimentos fibrosos (STEWART, 1986). 
Um grupo totalmente distinto ocorre na parede do rúmen. São anaeróbios 
facultativos, que digerem células epiteliais mortas e apresentam importante atividade 
ureolítica, num ambiente situado na interface entre o tecido bem oxigenado e o 
conteúdo ruminal anaeróbio (CZERKAWSKI, 1986). A população microbiana encontrada 
no rúmen, normalmente pode sofrer uma pequena variação, dependendo da espécie 
de animal, da localização geográfica, da dieta e outros. A variação entre o número e 
quantidade de bactérias no rúmen, em geral é muito pequena, quando comparada 
com a variação na população de protozoários, estes podem variar em número e tipo 
entre animais de mesmo grupo genético. Algumas vezes, a variação na população de 
protozoários pode afetar a população bacteriana, devido a predação existente entre 
estes microorganismos (TEIXEIRA, 1991). 
A compreensão da população de microorganismos ruminais é fundamental 
para o fornecimento de condições necessárias ao melhor aproveitamento do processo 
de digestão. Assim, se gera sistemas mais eficientes de nutrição unindo produtividade 
e diminuição de custos. 
 
 
 
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É fato que, tanto o próprio animal ganha quanto os microorganismos pelo 
processo de simbiose, mas é necessário maior clareza para não afetar outros meios em 
vez de aumentar a digestão. 
 
Por Anna Carolynne Alvim Duque, Eder Cristian Malta de Lanes e Fernando César Feraz Lopes. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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WILLIAMS, A . G. Rumen holotrich cilliate protozoa. Microbiological Review, Washington, v.50, p. 25, 
1986. 
https://www.grupocultivar.com.br/artigos/artigo-estudo-dos-principais-microorganismos-do-rumen 
 
 
MAXIMIZAÇÃO DO USO DA URÉIA PELOS MICROORGANISMOS 
RUMINAIS 
 
A utilização da ureia na nutrição de ruminantes passou a ter maior importância 
a partir da década de 80, tendo seu apogeu na década de 90 e atualmente é utilizada 
de forma a maximizar o ambiente ruminal e favorecer a digestibilidade de fibras. O 
conhecimento dos processos relacionados à produção de proteína microbiana e da 
importância desta ao suprimento desse nutriente às exigências nutricionais dos 
bovinos, levaram a grande utilização desse ingrediente no arraçoamento dos bovinos. 
Dentre as fontes de nitrogênio (N) utilizadas na nutrição de ruminantes a ureia 
ainda apresenta custo razoável, devido a sua alta eficiência de conversão em proteína 
microbiana. O grande aumento do custo da uréia nos últimos anos, aumentou a 
importância da eficiência de utilização desse ingrediente, sob pena de inviabilizar sua 
utilização nos casos em que a uréia não for utilizada de forma eficiente. 
As principais vantagens de utilizar ureia na nutrição de ruminantes são: 
• Elevar a concentração de amônia no rúmen para melhorar a síntese de 
proteína microbiana; 
• Criar uma ação tamponante no rúmen, de modo a manter o pH numa faixa 
mais adequada para o processo de digestão da celulose; 
• Alterar o hábito alimentar no sentido de promover refeições mais frequentes, 
resultando um possível incremento na eficiência energética da dieta. Nesse campo a 
uréia tem sido utilizada para limitar o consumo de rações suplementares como 
exemplo o sal proteinado. 
A ureia é rapidamente hidrolisada à amônia pela ação da urease microbiana no 
rúmen. A velocidade de produção de amônia pode ser 4 vezes superior a capacidade 
de utilização pelos microorganismos do rúmen, diminuindo drasticamente a utilização 
dessa fonte de N na produção de proteína microbiana (Makkar et al., 1988). De 1 a 3 
horas após o fornecimento da uréia, ocorre um rápido incremento na concentração de 
 
 
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amônia no rúmen, que se não utilizada, será absorvida pela parede ruminal, 
transformada em uréia no fígado e eliminada através da urina ou reciclada ao rúmen 
pela saliva. 
Além de ser desperdiçada ao ser eliminada na urina, a “ureia” não utilizada 
gasta energia ao ser transformada no fígado, gerando um custo energético para 
eliminar o nitrogênio excedente através da urina. Esse gasto de energia irá retirar 
parte de energia destinada à produção (ganho de peso/produção de leite). 
Dependendo do nível de amônia e uréia o organismo não consegue eliminar 
rapidamente o excedente em amônia, levando à intoxicação do animal. 
Para solucionar ou amenizar os efeitos desfavoráveis da utilização da uréia na 
nutrição de ruminantes, se faz necessário a redução da taxa de hidrólise da uréia no 
rúmen, amenizando os problemas apresentados, possibilitando melhor utilização da 
mesma como fonte de N para os microorganismos ruminais. 
Algumas técnicas de “proteção” da uréia contra a ação da urease no rúmen 
foram feitas através do revestimento do grão de uréia com amido, enxofre, barreiras 
físicas, etc, no intuito de diminuir a liberação de amônia no rúmen, possibilitando a 
melhor utilização da mesma. 
A proteção da ureia através da utilização do amido foi desenvolvida por 
pesquisadores da Universidade do Kansas nos Estados Unidos, porém sem apresentar 
realmente uma forma de liberação “parcelada” que possibilitasse a maximização da 
utilização, pelo fato do amido ser também rapidamente degradado no ambiente 
ruminal. Além do aspecto de proteção à degradação ruminal, a proteção da uréia com 
amido, possibilita a proteção efetiva da mesma nos casos do contato com a água, 
evitando intoxicações de animais quando a ocorrência de chuvas durante o 
fornecimento. Vale lembrar também que o amido ao ser fornecido conjuntamente 
com a uréia, passa a ser fonte de energia para os microorganismos ruminais utilizarem 
essa fonte de N. 
Atualmente, outras formas de proteção, como a proteção física, vem sendo 
utilizada, porém ainda não apresentam satisfatória avaliação científica para que 
possamos discutir sobre a eficiência de sua utilização. 
Além do aspecto tempo de liberação, é importante salientar que a utilização do 
nitrogênio não protéico pelos microorganismos ruminais, depende da presença 
concomitante de uma fonte de carboidrato (energia). Portanto, no intuito de 
maximizar a utilização da uréia pelos microorganismos ruminais, deve ser fornecida, 
juntamente com a uréia, uma fonte de energia rapidamente degradável no rúmen, 
visando a sincronia de liberação amônia/energia no ambiente ruminal. 
 
 
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Referências bibliográficas: 
ARELOVICH, H.M.; OWENS, F.N.; HORN, G.W.; VIZCARRA, J.A. Effects of supplemental zinc and 
manganese on ruminal fermentation, forage intake, and digestion by cattle fed praire hay and urea. J. 
Anim. Sci., v. 78, p. 2972-2979, 2000. 
STANTON, T.L. Urea and NPN for cattle and sheep. Livestock Series. Colorado State University – 
Cooperative Extension, 6/98, 2003. 
Fonte: https://www.beefpoint.com.br/maximizacao-do-uso-da-ureia-pelos-microorganismos-ruminais-
45159/

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