Composição física - exigencias nutricionais de ruminantes

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Aulas 01/07 e 06/07 
 
COMPOSIÇÃO FÍSICA - EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE RUMINANTES 
 
Deve haver o mínimo de gordura para 
evitar o processo de encurtamento pelo 
frio (“cold shoulder”) que protege a 
carcaça (isolante térmico), 
especificamente as fibras, do 
endurecimento. Assim, quando a 
carcaça não possui os 4 mm de gordura 
o frio faz com que os filamentos de actina 
e miosina fiquem muito contraídos 
deixando a carne dura, porque o animal 
já morreu e, obviamente, o músculo não irá descontrair (uma vez que o animal após ser abatido 
permanece em uma câmera fria de 0 à 1ºC, por no mínimo 24 horas). 
 
Para entendermos tudo isso precisamos ver 
como funciona a ordem de deposição dos 
tecidos em um animal ruminante. 
Primeiro temos a deposição de osso, 
músculo e por último gordura. Então, na 
maior parte da vida animal essas três 
características estão acontecendo ao 
mesmo tempo. 
Entre o nascimento e a puberdade teremos 
as três coisas acontecendo, assim as 
exigências dos animais vão ser norteadas 
por essa taxa de crescimento dos tecidos. 
Obviamente, quando estiver depositando 
osso, por exemplo, as exigências de 
cálcio e fósforo serão muito mais altas  os bezerros têm uma maior capacidade de 
absorver cálcio e fósforo justamente pelo fato da deposição óssea. 
Quando o crescimento muscular se sobressai, a exigência por proteína metabolizável é 
muito alta  também, esses animais se tornam mais exigentes, diminuindo a exigência de 
cálcio e fósforo e aumentando por proteína metabolizável, exatamente para fazer síntese 
proteica para a deposição de músculo. 
Quando a gordura se sobressair, aumenta a exigência de energia metabolizável, exatamente 
para a deposição de gordura. 
Se colocarmos todas as curvas de crescimento dos 
tecidos em uma curva só veremos que temos um 
crescimento exponencial: 
Fases I, II e III: deposição intensa de óssos e 
músculos. 
Quando o animal atinge a maturidade (III e IV) ele 
começa a depositar gordura, ou seja, a gordura se 
sobressai e, assim, o crescimento desacelera – 
desacelera porque requer mais energia para 
deposição de gordura. 
 
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A gordura é mais “cara” (requer mais energia) para ser depositada porque ela necessita de mais 
calorias ingeridas para depositar 1 kg de gordura, ou seja, com 1 kg de alimento o animal faz mais 
músculo do que gordura. 
Animais de diferentes tamanhos 
corporais ou diferentes “frame 
size”: 
- Olhando na linha de animais de 
454 kg temos 3 tipos de “frame 
size”, ou seja, um animal de porte 
pequeno, médio e grande – 
porém todos os três pesando 454 
kg. Assim, esses três animais 
possuem o mesmo peso mas não 
possuem a mesma composição 
corporal, consequentemente não 
terão as mesmas exigências 
nutricionais. 
Repare que o animal de frame 
pequeno tem uma maior 
proporção de linha azul (que é gordura) e o animal de frame grande possui uma menor proporção 
de linha azul (gordura). 
 Dessa forma, podemos entender que um animal de frame grande passa a maior parte de 
sua vida depositando osso e músculo e só mais tarde começa a depositar gordura  são os 
chamados animais tardios: charolês, chianina, marchigiana, limousin  ou seja, são animais que 
atingem uma porcentagem de gordura na carcaça de 28%, ou seja, em qual peso o animal 
atinge 28% de gordura (chamamos de peso maduro quando o animal atinge 28% de gordura)? 
Raças grandes atingem em torno de 640, 680 ou 700 kg como, por exemplo, o limousin (frame 
grande). 
 O nosso nelore inteiro irá atingir o peso maduro com 560 kg, ou seja, antes. Então, se eu 
pegar um animal nelore de 454 kg, igual do gráfico, ele é considerado um nelore de frame médio. 
 Se compararmos um limousin (frame grande) com o nelore (frame médio), sob um mesmo 
peso, com certeza o nelore terá mais gordura do que o limousin. 
 Mas, se considerarmos um animal de frame pequeno (angus, wagyu, devon) eles começam 
a depositar gordura antes (chamamos de animais precoces). 
 Portanto, quanto maior o frame do animal/tamanho corporal mais tempo ele fica na curva de 
deposição de osso e músculo, ou seja, esse animal precisa de mais tempo para a deposição de 
osso músculo então ele inicia a deposição de gordura mais tarde. 
 
Tem como, por meio da dieta, deixar um animal 
mais tardio ou mais precoce? Sim. 
 Considerando que um animal de frame 
pequeno tem mais gordura na carcaça, sob o 
mesmo peso, comparado ao animal de frame 
médio/grande olharemos a composição de 
tecido adiposo e muscular (tecido magro). 
 O músculo possui 75% de água e apenas 
25% de massa. Enquanto que a gordura possui 
90% de massa e apenas 10% de água. Por isso 
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diz-se que é muito mais caro colocar gordura nos animais (na carcaça), visto que apenas 10% é 
água e o restante é massa (energia que tem que vim da dieta). A todo momento que o animal está 
na fase de deposição muscular, 1 kg de músculo que o animal deposita ele está colocando 75% de 
água, ou seja, é muito mais fácil/mais barato colocar 1 kg de músculo do que gordura, por isso o 
crescimento é exponencial na fase de deposição muscular. 
 Obviamente, animais de frame pequeno, como o angus, terão uma curva/tempo de 
deposição muscular menor, ou seja, a deposição de gordura irá se sobressair antes (animais 
precoces)  animais mais exigentes, ou seja, quanto mais gordura tenho na carcaça ou quanto 
mais antecipado o início de deposição de gordura mais exigente aquele animal será em termos de 
ENERGIA e menos exigente em termos de proteína. 
 
Olhando na tabela, quem tem maior exigência de 
energia? 
- Animais de pesos mais elevados (obviamente 
porque quanto mais pesado mais energia ele 
precisa para manter o corpo). 
- Animais de graus de maturidade menor, ou 
seja, de frame pequeno, como o angus. 
Portanto, se o animal tem exigência de energia maior quer dizer que ou ele possui um peso mais 
elevado ou possui um menor grau de maturidade (que significa que ele possui mais gordura no 
corpo – manter mais gordura é mais caro). 
 
Em contrapartida, onde iremos achar as maiores 
exigências de proteína? 
- Em animais que possuem peso mais leve, ou seja, 
quanto mais leve for o animal (tipo bezerro, novilhos) – 
comparado com o boi magro ou gordo – eles possuem 
maiores exigências de proteínas metabolizável porque 
estão na fase de deposição muscular. 
- Em animais com maior grau de maturidade, que começam depositando gordura mais tarde, ou 
seja, ficam mais tempo na fase de deposição muscular – tendo, assim, mais exigência de proteína 
metabolizável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quem faz parte da proteína metabolizável? PROTEÍNA MICROBIANA + PNDR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Animais machos inteiros, se pegarmos uma mesma raça, são mais tardios que animais machos 
castrados e, por sua vez, é mais tardio que fêmea (novilha). 
Isso é bem esclarecido na literatura, que fêmeas começam a depositar gordura antes, ou seja, por 
isso que fêmeas são menores, elas possuem uma maior % de gordura no corpo (isso para todos 
os mamíferos). 
 Portanto, quando falamos em exigência de PNDR (que é componente da proteína 
metabolizável) obviamente que o macho inteiro é mais tardio porque ele ficará mais tempo na fase 
de deposição de musculo e a exigência de PNDR (proteína não degradável no rúmem) é maior. 
 
O PDR (proteína degradável no 
rúmem) é o contrário do PNDR. 
Então, a proteína bruta é a soma 
do PDR + PNDR. Assim, como 
machos inteiros precisam de mais 
PNDR, obviamente que você irá 
precisar colocar menos PDR na 
ração (se for ração para macho 
inteiro). 
Se a ração for para fêmea deverá 
colocar mais PDR, visto que a 
fêmea deposita mais gordura. 
 
 
 
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 As fêmeas ficam menos tempo depositando músculo e iniciam o deposito de gordura mais 
cedo, ou seja, elasse tornam mais exigentes em termos de energia. Então, a dieta para fêmea terá 
mais energia e menos proteína (devo tirar proteína): Por ex.: diminuir farelo de soja e colocar milho. 
 Quando faço isso estou dessincronizando o rúmem. Portanto, quando coloco mais energia na 
dieta para suprir a exigência de energia da novilha devo colocar nitrogênio também para sincronizar 
o rúmem – por isso que o PDR aumenta. 
 Por outro lado, o macho inteiro é um animal que não atingiu a exigência máxima de energia 
ainda. Dessa forma, a dieta será mais proteica (então será uma dieta menos fermentativa, com 
menos energia). Assim, não precisa de tanto PDR, podemos incluir mais PNDR para ajudar a 
proteína microbiana do intestino e compor a proteína metabolizável. 
 
 
Então, se fizermos tudo isso e 
respeitarmos a curva de 
crescimento do animal, ou seja, 
quando é pra depositar osso, 
músculo ou gordura  teremos 
um animal atingindo o peso 
maduro dentro do que o NRC 
estipula. 
 
 
Quando não respeitamos a curva de crescimento e colocamos muita energia de forma antecipada 
na vida do animal, ou seja, bezerro que está no “creep feeding” que come muita energia muito cedo, 
bezerro que é desmamado e vai direto para o confinamento ou bezerros que simplesmente comem 
suplementos do pasto (1% do peso vivo em ração) e acabam sendo depois enviados para o 
confinamento. Ou seja, colocar energia muito cedo na vida do animal precisa tirar alguma coisa da 
dieta. Normalmente, tiramos fibra ou proteína para colocar mais energia na dieta. Mesmo que você 
consiga manter o nível de proteína para que aquele animal continue na curva exponencial de 
deposição de músculo você está colocando mais energia. E o que fazemos quando colocamos 
mais energia? Acaba depositando como gordura  Chamamos esse processo de achatamento de 
curva (deixar o animal mais precoce). 
 Por ex.: Animal nelore inteiro tem peso maduro de 560 kg (quando o animal 
atinge 28% de gordura na carcaça). Se eu deixar esse animal inteiro comer dieta energética desde 
cedo o peso maduro dele será em torno de 520 kg. Então, conseguimos manipular essa curva 
de deposição de tecidos de acordo com as exigências do mercado. 
 Obviamente, quando trabalho com mais energia posso ter problemas de distúrbio 
digestivo (acidose, laminite, timpanismo). 
 
 O contrário também ocorre, se o animal passa fome (que é o mais comum no Brasil do que 
achatar a curva) em alguma parte da vida por causa, por exemplo, da seca ele irá ganhar peso nas 
águas. 
(obs.: aporte energético maior do que o animal precisa isso irá achatar a curva de deposição de 
tecidos) 
Esse animal terá um aporte energético menor do que ele precisa, assim, irá perder peso, entrar em 
restrição nutricional. Dessa forma, o peso/maturidade aumenta, ou seja, o peso maduro ao invés 
de ser 560 será de 580/590/600 kg de um animal nelore inteiro. 
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 Por isso, é muito difícil no Brasil hoje terminarmos o animal apenas no pasto antes dos 2 
anos, até porque os pastos no Brasil não têm muita energia (a maior parte deles estão degradados) 
fazendo com que precisemos incluir sempre dietas concentradas. O que o pessoal do pasto faz 
para ajudar nesse problema? Castra o animal, porque, assim, ele vira uma “fêmea”, ou seja, 
começa a depositar gordura (tendo em vista que quando castramos o animal cessamos a síntese 
de testosterona e de hormônios que fazem a síntese proteica ou muscular. Assim, abreviamos a 
fase de deposição muscular e o animal inicia a fase de deposição de gordura). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Animal confinado inteiro não tem esse problema, porque mesmo que ficar por exemplo 4 meses 
confinado o pessoal do frigorífero já sabe que no confinamento achata a curva, ou seja, promove 
muita energia na dieta e, consequentemente, uma dieta de mais energia do que o animal precisa 
irá reverter em grande peso que é gordura. 
 
 
 
Então, dietas altamente 
energéticas com >80% de 
concentrado e <14% de proteína 
bruta  só devem ser oferecidas 
para animais que estão na fase 
de terminação, ou seja, animais 
que estão na fase de deposição 
de gordura. 
Como já falamos, deposição de 
gordura é caro, então talvez iremos fazer uma dieta mais cara com um animal que talvez irá ganhar 
menos peso por dia, visto que gordura só tem 10% de água. Ou seja, é uma dieta que irá ter uma 
conversão alimentar pior (anti-econômico) – o animal precisará comer mais para ganhar 1 kg de 
peso vivo porque a maior parte desse kg de peso vivo que ele está ganhando é gordura e não 
músculo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Portanto, que a conversa é: você liga no frigorífero para 
vender o boi, o cara fala assim: 
- Seu boi está onde? Você responde que está no pasto. 
A segunda pergunta que ele faz é: está castrado? 
Porque se não estiver castrado é bem provável que o 
frigorífero irá te penalizar porque ele já sabe que o 
animal pode não ter gordura de cobertura o suficiente 
que é exigido pelo mercado. 
 
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TIPOS MORFOLÓGICOS 
 
Temos os tipos morfológicos que 
podem variar na entrada do 
confinamento ou na desmama. Só 
de olhar o animal já sabe-se se ele 
possui mais músculo ou mais 
gordura na carcaça. 
 
- O animal 4 possui uma perna 
mais alta e pouca costela, isso quer 
dizer que esse animal é mais 
tardio. Se for um animal com uma 
idade considerável, ou seja, 18 
meses, que dizer que ele irá 
demorar para entrar na fase de deposição de gordura. Dependendo do peso que esse animal 
estiver, mesmo que você coloque muita energia para ele comer no confinamento para achatar a 
curva dele, pode ser que não seja suficiente a energia que você irá oferecer porque é um animal 
muito atrasado/muito tardio. 
 
- Ao contrário também ocorre, ou seja, se você pega um animal do estilo do número 1, mesmo com 
um peso baixo esse animal já possui muita gordura, ou seja, esse animal será super ineficiente na 
fase de terminação, ou seja, ele não cresceu muito, não possui muito músculo e já está cheio de 
gordura, porém ainda não possui peso de abate. O frigorífero quer 250 a 300 kg de carcaça – uma 
carcaça em um frigorífero dá um rendimento de 54-55%, ou seja, para você ter uma carcaça de 
250-300 kg você terá que abater o animal com no mínimo 500 kg. Então, o animal número 1 já tem 
400 kg e já possui gordura mais que o suficiente para o abate porém não tem peso  isso vai ficar 
muito caro porque esse animal tem que comer mais para ganhar 1 kg e isso demora mais. Então, 
nesse caso compensa ser penalizado pelo frigorífero do que deixar esse animal mais tempo 
alimentando e gastando. 
 
Analisando os tipos morfológicos: 
O animal 1 é precoce, ele possui peso à 28% de gordura na carcaça MENOR quando comparado 
ao animal 4, que é um animal mais tardio e possui um peso/maturidade maior, ou seja, ele vai 
atingir 28% de gordura na carcaça em um peso MAIOR. (Só analisar as setas). 
 
Temos exemplos como na imagem ao lado. 
Temos animais de porte pequeno e grande. 
Observe o animal angus (preto), ele possui 
pernas curtas e mais costelas (precoce) do que o 
animal branco, o boi charolês, que é um animal 
mais alto e possui mais pernas e menos costelas 
– caracterizando um animal mais tardio. 
 
 
 
 
 
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O nosso nelore está entre o 3 e 4. Se 
você castrar o nelore ele terá um frame 
praticamente pequeno. 
Peso maduro está totalmente ligado à 
exigência do animal, ou seja, um 
animal de maior peso maduro significa 
que ele fica mais tempo depositando 
gordura e um animal de menor peso 
maduro quer dizer que ele requer mais 
energia. 
Quando se castra o animal você 
diminui o peso maduro, ou seja, você 
antecipa a deposição de gordura. 
 
MUDANÇAS NA COMPOSIÇÃO DO GANHO! 
Logo na fase de terminação, ou seja, 
quando o animal cessa a deposição de 
músculo e começa a deposição de 
gordura. No final da vida do animal, 
quando eletem entre 360 e 550 kg o 
que ocorre é que a exigência de 
proteína diminui e aumenta a exigência 
de energia porque agora ele está 
depositando gordura. 
 
 
Observe que no início do 
confinamento o animal tem uma 
conversão alimentar de 6,26. Nos 
últimos 30 dias do confinamento a 
conversão alimentar dobrou (12,62), 
ou seja, o animal precisa comer o 
dobro para ganhar o mesmo kg de 
peso vivo. O peso vai de 1,400 para 
0,900 kg/dia, ou seja, diminuiu muito 
o ganho de peso porque esse animal 
agora está gastando mais para 
colocar 1 kg de peso vivo porque ele 
passou de um depósito muscular para um depósito de gordura. 
	Composição física - Exigências nutricionais de ruminantes
	TIPOS MORFOLÓGICOS
	Mudanças na composição do ganho!