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Autora: Eduarda C.
Área de Estudo: Fisiologia
Propósito: Resumo de seminário
Anorexia em Felinos
Anorexia e hiporexia são
sintomas muito presentes na clínica de
felinos, que significam a falta total de
ingestão alimentar e a ingestão muito
baixa, respectivamente. Sinais que os
tutores podem demorar a perceber, mas
que são os primeiros indicativos de
adoecimento que levam os animais ao
atendimento (ROYAL, 2020).
Ao contrário de nós humanos, os
felinos não compreendem a importância
de se alimentar regularmente, somente
o fazem, por instinto, quando estão com
fome (LUIS, 2016).
Desse modo, as causas de
anorexia não estão ligadas tão
frequentemente a fatores psicológicos,
como nos humanos, e sim a outras
doenças de bases, aspectos ambientais,
etc (RIBAS, 2015).
A etiologia desse problema, pode
ser dividida em três categorias:
Anorexia Primária, Secundária e
Pseudoanorexia.
A pseudoanorexia diz respeito a
não alimentação com a presença de
apetite, isto é, o animal sente fome, mas
não consegue apreender ou reluta em
comer o alimento, por razões como
doença oral grave, neuropatologias
referente a movimentação precisa,
doença retrobulbar, comedouros
inacessíveis ou que não deem segurança
aos animais, entre outros (ROYAL, 2020;
DANIEL, 201-).
A anorexia primária é aquela que
tem causas na própria falta de apetite,
seja por não conseguir sentir odor ou
gosto dos alimentos, questões
neurológicas de sinalização ou
comportamentais (DANIEL, 201-).
As alterações neurológicas
geralmente estão localizadas no centro
de apetite do hipotálamo. Já os fatores
comportamentais estão ligados a
mudanças na dieta ou moradia, medo,
ansiedade e estresse (viagem, banho,
ausência do dono, chegada de nova
pessoa ou animal na casa, etc) (RIBAS,
2015).
Por fim, a anorexia secundária,
mais presente em gatos, trata-se da
parada de alimentação por conta de uma
afecção base, sendo uma resposta de
um distúrbio prévio como doenças
sistêmicas, principalmente do trato
gastrointestinal (TGI), neoplasias,
efeitos colaterais de fármacos (que
provocam náusea ou inibem a via
orexígena), entre outras (ROYAL, 2020).
Envolvendo ou não a falta de
apetite, é importante compreender como
se dá o controle neural de apetite e
saciedade, o qual ocorre em diferentes
centros hipotalâmicos.
Nesse sentido a estimulação
lateral do hipotálamo promove o apetite,
já a lesão dessa região gera anorexia. Do
mesmo modo, a porção ventromedial
está correlacionado com a sociedade, em
que a estimulação promove saciedade e
a lesão a ingestão excessiva de
alimentos. Em consonância, a porção
paraventricular está associada à
modulação alimentar e saciedade,
indicando os “tipos” de alimentos que
poderão saciar o desejo de comer
(CARVALHO, 2020).
Em condições normais, além dos
centros hipotalâmicos, o sistema
digestório conta com importante rede de
sinalização.
Dando nome aos hormônios e
neurotransmissores envolvidos no
controle alimentar a nível entérico e
neural, podemos citar as catecolaminas,
serotoninas, histaminas, acetilcolina
(CARVALHO, 2020),
Pró-opiomelanocortina (POMC),
Colecistocinina (CCK), Peptídeo YY
(PYY), Peptídeo Pancreático (PP),
Amilina, Peptídeo Glucagon Like
(GLP-1), Oxintomodulina (OXM),
Insulina, Leptina como agente
anorexígenos (FIGUEREDO; et al, 2021).
Relacionados aos agente
orexígenos podemos citar Neuropeptide
Y(NPY), Proteínas Relacionadas ao
Agouti (AgRP), Grelina, Orexinas A e B
(ORXA e ORXB) e Endocanabinóides
(FIGUEIREDO; et al, 2021).
*O funcionamento de cada um dos
neurotransmissores/ hormônios é bastante
complexo e não tão cobrado, exceto em
disciplinas e áreas específicas, sendo
recomendado o estudo deles isoladamente,
em momento oportuno.
Independente da causa do
sintoma anoréxico ou de sua vertente
neurofisiológica, existem algumas
consequências ao organismo que
consideradas padrões como muito bem
exposto Daniel (201-):
Alterações funcionais do trato
intestinal, imunológicas
(imunossupressão, anemia, etc), e
metabólicas (hiper/hipoglicemia,
hipercortisolemia, etc); Aumento de
creatina quinase (CK); Diminuição da
cicatrização e curva de sobrevida;
Lipidose hepática; e Hipocalemia.
Em caso de gatos obeso a
lipidose hepática ganha destaque entre
as consequências, a qual representa o
acúmol de gorduras no figado e gera
vômito e icterícia, com risco de óbito
(RIBAS, 2015).
Como a anorexia não é uma
doença propriamente dita para animais
como os gatos, e sim um sintoma, o
diagnóstico não se volta para sua
existência ou não, mas as suas causas.
A avaliação médica de animais
anoréxicos se dá por por exames
laboratoriais e de imagem, exames
físicos e anamnese. A entrevista
anamnese deve ser o primeiro passo de
qualquer avaliação veterinária, a coleta
minuciosa e adequada do histórico do
animal fornece ao médico os principais
direcionamentos para futuros exames e
possíveis explicações para a afecção
(DANIEL, 201-).
O exame físico compreende
algumas etapas; (a) peso corpóreo, (b)
escore de condição corporal (ECC), (c)
escore de condição muscular (ECM), (d)
histórico dietético, (e) ausculta cardíaca
e pulmonar, (f) aferição de temperatura
e pressão e (g) avaliação da dor,
servindo como o indicador da situação
atual do animal e quais exames
complementares solicitar.
O histórico dietético diz respeito
ao padrão de consumo alimentar do
animal durante toda sua vida,
quantidades, tipos de dieta etc. O ECC e
o ECM são regulamentados pela
AssociaçãoMundial Veterinária de
Pequenos Animais (WSAVA) os quais
categorizam os animais em nove e
quatro níveis, respectivamente.
Fonte: http://vetsmart-parsefiles.s3.amazonaws.com/
097d2256f448ee41ba59498c08040931_vetsmart_a
dmin_pdf_file.pdf
Fonte: https://wsava.org/wp-content/uploads/2020/0
1/Global-Nutritional-Assesment-Guidelines-Portugue
se.pdf
Fonte: https://wsava.org/wp-content/uploads/2020/0
1/Muscle-Condition-Score-Chart-for-Cats.pdf
Os demais exames laboratoriais e
de imagem que podem ser solicitados
estão relacionados a avaliação
hematológica, eletrolítica e bioquímica
completa, assim como ultrassonográfico
e radiográfico, para animais que não
exponham indicadores etiológicos com a
avaliação supracitada (DANIEL, 201-).
De igual importância a fazer a
avaliação completa do paciente e
determinar a causa do problema, está a
necessidade de começar a intervenção
rápida e eficiente.
Nesse sentido, os caminhos
tomados pelo médico veterinário devem
ser na direção dos controles básicos
(dor, náusea, hidroeletrolíticos etc) e
suporte nutricional (ROYAL 2020).
Para o controle de algumas
questões fisiológicas básicas é
importante a administração de fluidos e
fármacos que a auxiliam na regulação
hidroeletrolítica e diminuição de náuseas
e dores.
Geralmente a fluidoterapia é
usada na promoção de homeostasia de
hidratação e desequilíbrios eletrolíticos,
variando em cada caso. A
farmacoterapia, é preferível no controle
de náuseas e dores, uma vez que ambos
são tidos como possíveis causadores da
anorexia, podendo ser tratados com
medicação analgésica e antiemético,
também variando do caso (DANIEL,
201-).
Mesmo antes dos resultados dos
exames e em conjunto com a
administração de fármacos de controle
básico, é preciso o início do suporte
nutricional (LUÍS, 2016).
Tal suporte pode ser oferecido de
três modos: nasoesofágica,
sofagostomia ou gastrostomia.
A sonda nasoesofágica é o
método menos estressante e invasivo
dos três citados, com maior aceitação
pelos felinos, o qual pode ser feito sem
a necessidade de sedação com facilidade
e rapidez. Porém as recomendações
indicam uso de até três dias e a dieta
precisa ser liquefeita, pelo calibre da
sonda (ROYAL, 2020). É contraindicado
seu uso em animais com lesões e déficits
nas vias respiratórias ou gástrica
(DANIEL, 201-).
O segundo procedimento, a
sofagstomia, é uma sonda que permite
tanto a alimentação voluntária do
animal, quanto a administração de
alimentos mais pastosos (LUÍS, 2016).
Mesmo que possa ser usada por longos
períodos e seja de fácil realização,
necessita de anestesia geral, o que
impede sua aderência por animais
debilitados(ROYAL,2020).
Também é contraindicada para
portadores de lesões e déficits pneumo
gástricos (DANIEL, 201-).
A última opção de suporte é a
gastrostomia, a qual permite
administração de alimentos úmidos por
longos períodos, mas necessita de
anestesia geral e aparato anestésico
específico, se tornando um
procedimento bastante caro (ROYAL,
2020).
É contraindicado para animais
com afecções gástricas (DANIEL, 201-).
Ao que tange ao suporte nutricional de
felinos em anorexia é preciso que alguns
cuidados sejam tomados, como a
reintrodução dos alimentos de maneira
gradual (em tempo e palatabilidade),
adoção preferencial de suportes
gastrointestinais para reduzir as chances
de atrofia de enterócitos e especificidade
no cálculo de necessidade energética de
repouso (RIBAS, 2015; ROYAL, 2020;
LUÍS, 2016).
Dependendo do caso, com os
resultados de exames em mãos o
veterinário pode requerer o uso de
medicação orexígena, estimulante do
apetite/fome. Para o entendimento do
funcionamento desses fármacos é
necessário relembrar como se dá o
controle de saciedade e apetite a nível
neural.
No caso da medicação orexígena,
esta promove a apetite, estimulando a
porção lateral do hipotálamo em
receptores específicos (CARVALHO,
2020). A medicação popularmente
utilizada em humanos e animais é
cipropetadina, a qual é baseada no
antagonistas dos receptores de H1 e
5HT2a, e agonista dos receptores M1 e
M2. A ação antagonista de um remédio
é aquela que impede a ação do
neurotransmissor, já a ação agonista é a
que imita a atividade do
neurotransmissor (CARVALHO, 2020).
Neste caso, ao impedir a ligação
das histaminas e serotoninas nos
receptores específicos e atuar de forma
paralela às acetilcolina nas, sinaliza a
necessidade de ingestão alimentar
(DANIEL, 201-).
Os efeitos colaterais desse tipo
de medicação são os diferentes níveis de
sedação e sonolência desencadeados
(CARVALHO, 2020). O nome comercial
mais conhecido desse medicamento em
animais é a mirtazapina e em humanos
apevitin, suas dosagens variam e
precisam ser receitadas por médico
especializado, assim como
administradas sob supervisão
(CARVALHO, 2020; DANIEL, 201-).
A medicação veterinária atua
moderadamente no controle de náuseas
e pode promover efeitos colaterais como
vocalizações e tremores, sendo
contraindicada para animais
hepatopatas (DANIEL, 201-).
Alguns fármacos destinados ao
tratamento de outras alterações podem
também influenciar no apetite, sendo
um bom exemplo os neurolépticos e
valproato de sódio, utilizados para
epilepsia.
Independente do tipo de
terapêutica adotada, é crucial ter
cuidado para que não haja o fenômeno
de aversão ao alimento. Os felinos são
entendidos como uma das espécies
domésticas mais sensíveis a alterações
ambientais, gerando consequências
principalmente em sua alimentação.
Desse modo, o ato de ingestão
alimentar não pode ser associado pelo
animal como algo ruim, sendo
necessário muita cautela ao incentivar a
alimentação voluntária (DANIEL, 201-).
Referências
FIGUEREDO, Erika Martins de; et al. Regulação do
Consumo em Animais: Um Referencial Teórico.
[S.l]:Editora Científica Digital, v. 1, e.1, 2021.
ROYAL CANIN. Anorexia em Felinos: Um Sinal Clínico
Comum e Inesperado em Gatos. [S.l]: Portal vet, 2020.
DANIEL, Alexandre G. T. Anorexia em Gatos:
Abordagem Diferencial e Terapêutica. [S.l.}: Agender
União Saúde Animal, 201-
LUIS, Letícia Warde. Anorexia e suas Consequências
Metabólicas em Cães e Gatos. Jaboticabal: Famap,
2016.
RIBAS, Laila Massad. Anorexia em Gatos. São Paulo:
Portal Medicina Felina, 2015.