Buscar

Atenção ao idoso - Tut 03, Mod 03, P3

Prévia do material em texto

Lívia Leandro - Med Fits
CONHECER A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA
PESSOA IDOSA E O ESTATUTO DO IDOSO
POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA
IDOSA
=>Portaria N° 2528 de 19 de outubro de 2006
Tem por objetivo garantir a Atenção Integral à Saúde
das pessoas com 60 anos ou mais, promovendo a
manutenção da capacidade funcional e da autonomia,
contribuindo para um envelhecimento ativo e saudável.
➔ Construção de uma sociedade para todas as
idades
➔ Incluir ainda a parcela dos idosos frágeis, que
apresentam prejuízo funcional, seja por
incapacidade ou perda de autonomia, com o
gerenciamento de ações também voltado a
atender as necessidades desse segmento.
➔ Essa política assume que o principal problema
que pode afetar o idoso é a perda de sua
capacidade funcional, isto é, a perda das
habilidades físicas e mentais necessárias para
realização de atividades básicas e
instrumentais da vida diária.
➔ Assim, afirma que órgãos e entidades do
Ministério da Saúde relacionados ao tema
promovam a elaboração ou a readequação de
planos, projetos e atividades na conformidade
das diretrizes e responsabilidades nela
estabelecidas
HISTÓRICO:
Em 1999, a Portaria Ministerial nº 1.395 anuncia a
Política Nacional de Saúde do Idoso, a qual determina
que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde
relacionados ao tema promovam a elaboração ou a
readequação de planos, projetos e atividades na
conformidade das diretrizes e responsabilidades nela
estabelecidas (Brasil, 1999).
Em 2002, é proposta a organização e a implantação de
Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso
(Portaria nº 702/SAS/MS, de 2002), tendo como base
as condições de gestão e a divisão de
responsabilidades definida pela Norma Operacional de
Assistência à Saúde (NOAS).
Em 2003, o Congresso Nacional aprova e o Presidente
da República sanciona o Estatuto do Idoso, elaborado
com intensa participação de entidades de defesa dos
interesses dos idosos. O Estatuto do Idoso amplia a
resposta do Estado e da sociedade às necessidades da
população idosa, mas não traz consigo meios para
financiar as ações propostas.
Em fevereiro de 2006, foi publicado, por meio da
Portaria nº 399/GM, o documento das Diretrizes do
Pacto pela Saúde que contempla o Pacto pela Vida.
Neste documento, a saúde do idoso aparece como uma
das seis prioridades pactuadas entre as três esferas
de governo, sendo apresentada uma série de ações que
visam, em última instância, à implementação de algumas
das diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde
do Idoso.
Segundo a política, são portas de entrada para
atenção do idoso:
➔ Atenção básica/ESF
➔ Rede de urgências e emergências (UPAS e
pronto atendimento)
➔ Rede de atenção psicossocial (CAPS)
Reafirma direitos constitucionais:
➔ O direito universal e integral à saúde foi
conquistado pela sociedade na Constituição de
1988 e reafirmado com a criação do Sistema
Único de Saúde (SUS), por meio da Lei
Orgânica da Saúde nº 8.080/90.
FINALIDADE:
A finalidade primordial da Política Nacional de Saúde
da Pessoa Idosa é recuperar, manter e promover a
autonomia e a independência dos indivíduos idosos,
direcionando medidas coletivas e individuais de saúde
Lívia Leandro - Med Fits
para esse fim, em consonância com os princípios e
diretrizes do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa
política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos
ou mais de idade.
Considerando:
a) o contínuo e intenso processo de envelhecimento
populacional brasileiro;
b) os inegáveis avanços políticos e técnicos no campo
da gestão da saúde;
c) o conhecimento atual da Ciência;
d) o conceito de saúde para o indivíduo idoso se traduz
mais pela sua condição de autonomia e independência
que pela presença ou ausência de doença orgânica;
e) a necessidade de buscar a qualidade da atenção aos
indivíduos idosos por meio de ações fundamentadas no
paradigma da promoção da saúde;
f) o compromisso brasileiro com a Assembléia Mundial
para o Envelhecimento de 2002, cujo Plano de Madri
fundamenta-se em: (a) participação ativa dos idosos na
sociedade, no desenvolvimento e na luta contra a
pobreza; (b) fomento à saúde e bem-estar na velhice:
promoção do envelhecimento saudável; e (c) criação de
um entorno propício e favorável ao envelhecimento; e
g) escassez de recursos sócio-educativos e de saúde
direcionados ao atendimento ao idoso;
A necessidade de enfrentamento de desafios como:
a) a escassez de estruturas de cuidado intermediário
ao idoso no SUS, ou seja, estruturas de suporte
qualificado para idosos e seus familiares destinadas a
promover intermediação segura entre a alta hospitalar
e a ida para o domicílio;
b) número insuficiente de serviços de cuidado
domiciliar ao idoso frágil previsto no Estatuto do
Idoso. Sendo a família, via de regra, a executora do
cuidado ao idoso, evidencia-se a necessidade de se
estabelecer um suporte qualificado e constante aos
responsáveis por esses cuidados, tendo a atenção
básica por meio da Estratégia Saúde da Família um
papel fundamental;
c) a escassez de equipes multiprofissionais e
interdisciplinares com conhecimento em
envelhecimento e saúde da pessoa idosa; e
d) a implementação insuficiente ou mesmo a falta de
implementação das Redes de Assistência à Saúde do
Idoso.
DIRETRIZES:
a) promoção do envelhecimento ativo e saudável;
b) atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa;
c) estímulo às ações intersetoriais, visando à
integralidade da atenção;
d) provimento de recursos capazes de assegurar
qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa;
e) estímulo à participação e fortalecimento do
controle social;
f) formação e educação permanente dos profissionais
de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa;
g) divulgação e informação sobre a Política Nacional de
Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de saúde,
gestores e usuários do SUS;
h) promoção de cooperação nacional e internacional
das experiências na atenção à saúde da pessoa idosa; e
i) apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.
POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO
FINALIDADE:
Art. 1º A política nacional do idoso tem por
objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando
condições para promover sua autonomia, integração e
participação efetiva na sociedade.
Art. 2º Considera-se idoso, para os efeitos desta
lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade.
PRINCÍPIOS:
Lívia Leandro - Med Fits
Art. 3° A política nacional do idoso reger-se-á
pelos seguintes princípios:
I - a família, a sociedade e o estado têm o dever de
assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania,
garantindo sua participação na comunidade,
defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à
vida;
II - o processo de envelhecimento diz respeito à
sociedade em geral, devendo ser objeto de
conhecimento e informação para todos;
III - o idoso não deve sofrer discriminação de
qualquer natureza;
IV - o idoso deve ser o principal agente e o
destinatário das transformações a serem efetivadas
através desta política;
V - as diferenças econômicas, sociais, regionais e,
particularmente, as contradições entre o meio rural e
o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos
poderes públicos e pela sociedade em geral, na
aplicação desta lei.
DIRETRIZES
Art. 4º Constituem diretrizes da política nacional
do idoso:
I - viabilização de formas alternativas de participação,
ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua
integração às demais gerações;
II - participação do idoso, através de suas
organizações representativas, na formulação,
implementação e avaliação das políticas, planos,
programas e projetos a serem desenvolvidos;
III - priorização do atendimento ao idoso através de
suas próprias famílias, em detrimento do atendimento
asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições
que garantam sua própria sobrevivência;
IV - descentralização político-administrativa;
V - capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas
áreas de geriatria e gerontologia e na prestaçãode
serviços;
VI - implementação de sistema de informações que
permita a divulgação da política, dos serviços
oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada
nível de governo;
VII - estabelecimento de mecanismos que favoreçam a
divulgação de informações de caráter educativo sobre
os aspectos biopsicossociais do envelhecimento;
VIII - priorização do atendimento ao idoso em órgãos
públicos e privados prestadores de serviços, quando
desabrigados e sem família;
IX - apoio a estudos e pesquisas sobre as questões
relativas ao envelhecimento.
Parágrafo único. É vedada a permanência de
portadores de doenças que necessitem de assistência
médica ou de enfermagem permanente em instituições
asilares de caráter social.
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO
Art. 5º Competirá ao órgão ministerial responsável
pela assistência e promoção social a coordenação geral
da política nacional do idoso, com a participação dos
conselhos nacionais, estaduais, do Distrito Federal e
municipais do idoso.
Art. 6º Os conselhos nacional, estaduais, do Distrito
Federal e municipais do idoso serão órgãos
permanentes, paritários e deliberativos, compostos
por igual número de representantes dos órgãos e
entidades públicas e de organizações representativas
da sociedade civil ligadas à área.
Art. 7
o
Compete aos Conselhos de que trata o art. 6
o
desta Lei a supervisão, o acompanhamento, a
fiscalização e a avaliação da política nacional do idoso,
no âmbito das respectivas instâncias
político-administrativas.
Art. 8º À União, por intermédio do ministério
responsável pela assistência e promoção social,
compete:
I. coordenar as ações relativas à política nacional
do idoso;
II. participar na formulação, acompanhamento e
avaliação da política nacional do idoso;
Lívia Leandro - Med Fits
III. promover as articulações intraministeriais e
interministeriais necessárias à implementação
da política nacional do idoso;
IV. elaborar a proposta orçamentária no âmbito da
promoção e assistência social e submetê-la ao
Conselho Nacional do Idoso.
Parágrafo único. Os ministérios das áreas de saúde,
educação, trabalho, previdência social, cultura,
esporte e lazer devem elaborar proposta
orçamentária, no âmbito de suas competências, visando
ao financiamento de programas nacionais compatíveis
com a política nacional do idoso.
AÇÕES GOVERNAMENTAIS:
Art. 10. Na implementação da política nacional do
idoso, são competências dos órgãos e entidades
públicos:
I - na área de promoção e assistência social:
a) prestar serviços e desenvolver ações
voltadas para o atendimento das necessidades básicas
do idoso, mediante a participação das famílias, da
sociedade e de entidades governamentais e
não-governamentais.
b) estimular a criação de incentivos e de
alternativas de atendimento ao idoso, como centros de
convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares,
oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos
domiciliares e outros;
c) promover simpósios, seminários e encontros
específicos;
d) planejar, coordenar, supervisionar e
financiar estudos, levantamentos, pesquisas e
publicações sobre a situação social do idoso;
e) promover a capacitação de recursos para
atendimento ao idoso;
II - na área de saúde:
a) garantir ao idoso a assistência à saúde, nos
diversos níveis de atendimento do Sistema Único de
Saúde;
b) prevenir, promover, proteger e recuperar a
saúde do idoso, mediante programas e medidas
profiláticas;
c) adotar e aplicar normas de funcionamento às
instituições geriátricas e similares, com fiscalização
pelos gestores do Sistema Único de Saúde;
d) elaborar normas de serviços geriátricos
hospitalares;
e) desenvolver formas de cooperação entre as
Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito
Federal, e dos Municípios e entre os Centros de
Referência em Geriatria e Gerontologia para
treinamento de equipes interprofissionais;
f) incluir a Geriatria como especialidade
clínica, para efeito de concursos públicos federais,
estaduais, do Distrito Federal e municipais;
g) realizar estudos para detectar o caráter
epidemiológico de determinadas doenças do idoso, com
vistas a prevenção, tratamento e reabilitação; e
h) criar serviços alternativos de saúde para o
idoso;
III - na área de educação:
a) adequar currículos, metodologias e material
didático aos programas educacionais destinados ao
idoso;
b) inserir nos currículos mínimos, nos diversos
níveis do ensino formal, conteúdos voltados para o
processo de envelhecimento, de forma a eliminar
preconceitos e a produzir conhecimentos sobre o
assunto;
c) incluir a Gerontologia e a Geriatria como
disciplinas curriculares nos cursos superiores;
d) desenvolver programas educativos,
especialmente nos meios de comunicação, a fim de
informar a população sobre o processo de
envelhecimento;
e) desenvolver programas que adotem
modalidades de ensino à distância, adequados às
condições do idoso;
Lívia Leandro - Med Fits
f) apoiar a criação de universidade aberta para
a terceira idade, como meio de universalizar o acesso
às diferentes formas do saber;
IV - na área de trabalho e previdência social:
a) garantir mecanismos que impeçam a
discriminação do idoso quanto a sua participação no
mercado de trabalho, no setor público e privado;
b) priorizar o atendimento do idoso nos
benefícios previdenciários;
c) criar e estimular a manutenção de
programas de preparação para aposentadoria nos
setores público e privado com antecedência mínima de
dois anos antes do afastamento;
V - na área de habitação e urbanismo:
a) destinar, nos programas habitacionais,
unidades em regime de comodato ao idoso, na
modalidade de casas-lares;
b) incluir nos programas de assistência ao
idoso formas de melhoria de condições de
habitabilidade e adaptação de moradia, considerando
seu estado físico e sua independência de locomoção;
c) elaborar critérios que garantam o acesso da
pessoa idosa à habitação popular;
d) diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas;
VI - na área de justiça:
a) promover e defender os direitos da pessoa
idosa;
b) zelar pela aplicação das normas sobre o
idoso determinando ações para evitar abusos e lesões
a seus direitos;
VII - na área de cultura, esporte e lazer:
a) garantir ao idoso a participação no processo
de produção, reelaboração e fruição dos bens
culturais;
b) propiciar ao idoso o acesso aos locais e
eventos culturais, mediante preços reduzidos, em
âmbito nacional;
c) incentivar os movimentos de idosos a
desenvolver atividades culturais;
d) valorizar o registro da memória e a
transmissão de informações e habilidades do idoso aos
mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a
identidade cultural;
e) incentivar e criar programas de lazer,
esporte e atividades físicas que proporcionem a
melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem sua
participação na comunidade.
§ 1º É assegurado ao idoso o direito de dispor
de seus bens, proventos, pensões e benefícios, salvo
nos casos de incapacidade judicialmente comprovada.
§ 2º Nos casos de comprovada incapacidade do
idoso para gerir seus bens, ser-lhe-á nomeado Curador
especial em juízo.
§ 3º Todo cidadão tem o dever de denunciar à
autoridade competente qualquer forma de negligência
ou desrespeito ao idoso.
ESTATUTO DO IDOSO
Art. 1
o
É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a
regular os direitos assegurados às pessoas com idade
igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 2
o
O idoso goza de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas
as oportunidades e facilidades, para preservação de
sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento
moral, intelectual, espiritual e social, em condições de
liberdade e dignidade.
Art. 3
o
É obrigação da família, da comunidade, da
sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso,
com absoluta prioridade, a efetivação do direito à
vida, à saúde, à alimentação, àeducação, à
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária.
1º A garantia de prioridade compreende:
Lívia Leandro - Med Fits
I – atendimento preferencial imediato e
individualizado junto aos órgãos públicos e privados
prestadores de serviços à população;
II – preferência na formulação e na execução de
políticas sociais públicas específicas;
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas
áreas relacionadas com a proteção ao idoso;
IV – viabilização de formas alternativas de
participação, ocupação e convívio do idoso com as
demais gerações;
V – priorização do atendimento do idoso por sua
própria família, em detrimento do atendimento asilar,
exceto dos que não a possuam ou careçam de
condições de manutenção da própria sobrevivência;
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos
nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação
de serviços aos idosos;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a
divulgação de informações de caráter educativo sobre
os aspectos biopsicossociais de envelhecimento;
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde
e de assistência social locais.
IX – prioridade no recebimento da restituição do
Imposto de Renda.
§ 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade
especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se
suas necessidades sempre preferencialmente em
relação aos demais idosos.
Art. 4
o
Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de
negligência, discriminação, violência, crueldade ou
opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação
ou omissão, será punido na forma da lei.
➔ § 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou
violação aos direitos do idoso.
➔ § 2o As obrigações previstas nesta Lei não
excluem da prevenção outras decorrentes dos
princípios por ela adotados.
Art. 5
o
A inobservância das normas de prevenção
importará em responsabilidade à pessoa física ou
jurídica nos termos da lei.
Art. 6
o
Todo cidadão tem o dever de comunicar à
autoridade competente qualquer forma de violação a
esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha
conhecimento.
Art. 7
o
Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito
Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei n
o
8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo
cumprimento dos direitos do idoso, definidos nesta
Lei.
Direitos fundamentais, direito a vida:
➔ Art. 8o O envelhecimento é um direito
personalíssimo e a sua proteção um direito
social, nos termos desta Lei e da legislação
vigente.
➔ Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à
pessoa idosa a proteção à vida e à saúde,
mediante efetivação de políticas sociais
públicas que permitam um envelhecimento
saudável e em condições de dignidade.
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade,
assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a
dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos
civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na
Constituição e nas leis.
§ 1
o
O direito à liberdade compreende, entre outros,
os seguintes aspectos:
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros
públicos e espaços comunitários, ressalvadas as
restrições legais;
II – opinião e expressão;
III – crença e culto religioso;
IV – prática de esportes e de diversões;
V – participação na vida familiar e comunitária;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8842.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8842.htm
Lívia Leandro - Med Fits
VI – participação na vida política, na forma da lei;
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e
orientação.
§ 2
o
O direito ao respeito consiste na inviolabilidade
da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a
preservação da imagem, da identidade, da autonomia,
de valores, idéias e crenças, dos espaços e dos objetos
pessoais.
§ 3
o
É dever de todos zelar pela dignidade do idoso,
colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano,
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Dos Alimentos:
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na
forma da lei civil.
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o
idoso optar entre os prestadores.
Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão
ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou
Defensor Público, que as referendará, e passarão a ter
efeito de título executivo extrajudicial nos termos da
lei processual civil.
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem
condições econômicas de prover o seu sustento,
impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito
da assistência social.
Do Direito à Saúde
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do
idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde –
SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário,
em conjunto articulado e contínuo das ações e
serviços, para a prevenção, promoção, proteção e
recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às
doenças que afetam preferencialmente os idosos.
§ 1
o
A prevenção e a manutenção da saúde do idoso
serão efetivadas por meio de:
I – cadastramento da população idosa em base
territorial;
II – atendimento geriátrico e gerontológico em
ambulatórios;
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal
especializado nas áreas de geriatria e gerontologia
social;
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação,
para a população que dele necessitar e esteja
impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos
abrigados e acolhidos por instituições públicas,
filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente
conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e
rural;
V – reabilitação orientada pela geriatria e
gerontologia, para redução das seqüelas decorrentes
do agravo da saúde.
§ 2
o
Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos,
gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso
continuado, assim como próteses, órteses e outros
recursos relativos ao tratamento, habilitação ou
reabilitação.
§ 3
o
É vedada a discriminação do idoso nos planos de
saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão
da idade.
§ 4
o
Os idosos portadores de deficiência ou com
limitação incapacitante terão atendimento
especializado, nos termos da lei.
§ 5
o
É vedado exigir o comparecimento do idoso
enfermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual
será admitido o seguinte procedimento:
I - quando de interesse do poder público, o agente
promoverá o contato necessário com o idoso em sua
residência; ou
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará
representar por procurador legalmente constituído.
§ 6
o
É assegurado ao idoso enfermo o atendimento
domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou
pelo serviço privado de saúde, contratado ou
conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde -
Lívia Leandro - Med Fits
SUS, para expedição do laudo de saúde necessário ao
exercício de seus direitos sociais e de isenção
tributária.
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de
oitenta anos terão preferência especial sobre os
demais idosos, exceto em caso de emergência.
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é
assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão
de saúde proporcionar as condições adequadas para a
sua permanência em tempo integral, segundo o critério
médico.
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde
responsável pelo tratamento conceder autorização
para o acompanhamento do idoso ou, no caso de
impossibilidade, justificá-la por escrito.
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas
faculdades mentais é assegurado o direito de optar
pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais
favorável.
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições
de proceder à opção, esta será feita:
I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador
ou este não puder ser contactado em tempo hábil;
III – pelo médico,quando ocorrer iminente risco de
vida e não houver tempo hábil para consulta a curador
ou familiar;
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador
ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o
fato ao Ministério Público.
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos
critérios mínimos para o atendimento às necessidades
do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação
dos profissionais, assim como orientação a cuidadores
familiares e grupos de auto-ajuda.
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de
violência praticada contra idosos serão objeto de
notificação compulsória pelos serviços de saúde
públicos e privados à autoridade sanitária, bem como
serão obrigatoriamente comunicados por eles a
quaisquer dos seguintes órgãos:
I – autoridade policial;
II – Ministério Público;
III – Conselho Municipal do Idoso;
IV – Conselho Estadual do Idoso;
V – Conselho Nacional do Idoso.
§ 1
o
Para os efeitos desta Lei, considera-se violência
contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em
local público ou privado que lhe cause morte, dano ou
sofrimento físico ou psicológico.
§ 2
o
Aplica-se, no que couber, à notificação
compulsória prevista no caput deste artigo, o disposto
na Lei n
o
6.259, de 30 de outubro de 1975.
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer:
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura,
esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e
serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de
acesso do idoso à educação, adequando currículos,
metodologias e material didático aos programas
educacionais a ele destinados.
Da Profissionalização e do Trabalho:
Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade
profissional, respeitadas suas condições físicas,
intelectuais e psíquicas.
Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou
emprego, é vedada a discriminação e a fixação de
limite máximo de idade, inclusive para concursos,
ressalvados os casos em que a natureza do cargo o
exigir.
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate
em concurso público será a idade, dando-se
preferência ao de idade mais elevada.
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará
programas de:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6259.htm
Lívia Leandro - Med Fits
I. profissionalização especializada para os idosos,
aproveitando seus potenciais e habilidades
para atividades regulares e remuneradas;
II. preparação dos trabalhadores para a
aposentadoria, com antecedência mínima de 1
(um) ano, por meio de estímulo a novos
projetos sociais, conforme seus interesses, e
de esclarecimento sobre os direitos sociais e
de cidadania;
III. estímulo às empresas privadas para admissão
de idosos ao trabalho.
Da Previdência Social:
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do
Regime Geral da Previdência Social observarão, na sua
concessão, critérios de cálculo que preservem o valor
real dos salários sobre os quais incidiram contribuição,
nos termos da legislação vigente.
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em
manutenção serão reajustados na mesma data de
reajuste do salário-mínimo, pro rata, de acordo com
suas respectivas datas de início ou do seu último
reajustamento, com base em percentual definido em
regulamento, observados os critérios estabelecidos
pela Lei n
o
8.213, de 24 de julho de 1991.
rt. 30. A perda da condição de segurado não será
considerada para a concessão da aposentadoria por
idade, desde que a pessoa conte com, no mínimo, o
tempo de contribuição correspondente ao exigido para
efeito de carência na data de requerimento do
benefício.
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício
previsto no caput observará o disposto no caput e § 2
o
do art. 3
o
da Lei n
o
9.876, de 26 de novembro de 1999,
ou, não havendo salários-de-contribuição recolhidos a
partir da competência de julho de 1994, o disposto no
art. 35 da Lei n
o
8.213, de 1991.
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a
benefícios, efetuado com atraso por responsabilidade
da Previdência Social, será atualizado pelo mesmo
índice utilizado para os reajustamentos dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social, verificado no
período compreendido entre o mês que deveria ter
sido pago e o mês do efetivo pagamento.
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1
o
de Maio, é a
data-base dos aposentados e pensionistas.
Assistência Social:
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada,
de forma articulada, conforme os princípios e
diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência
Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único
de Saúde e demais normas pertinentes.
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e
cinco) anos, que não possuam meios para prover sua
subsistência, nem de tê-la provida por sua família,
é assegurado o benefício mensal de 1 (um)
salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da
Assistência Social – Loas.
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer
membro da família nos termos do caput não será
computado para os fins do cálculo da renda familiar
per capita a que se refere a Loas.
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou
casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação
de serviços com a pessoa idosa abrigada.
§ 1
o
No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é
facultada a cobrança de participação do idoso no
custeio da entidade.
§ 2
o
O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho
Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma
de participação prevista no § 1
o
, que não poderá
exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer
benefício previdenciário ou de assistência social
percebido pelo idoso.
§ 3
o
Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu
representante legal firmar o contrato a que se
refere o caput deste artigo.
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco
social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a
dependência econômica, para os efeitos legais.
(Vigência)
Da Habitação:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9876.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9876.htm#art3%C2%A72
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9876.htm#art3%C2%A72
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm#art35
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm#art118
Lívia Leandro - Med Fits
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio
da família natural ou substituta, ou desacompanhado
de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda,
em instituição pública ou privada.
§ 1
o
A assistência integral na modalidade de entidade
de longa permanência será prestada quando verificada
inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou
carência de recursos financeiros próprios ou da
família.
§ 2
o
Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso
fica obrigada a manter identificação externa visível,
sob pena de interdição, além de atender toda a
legislação pertinente.
§ 3
o
As instituições que abrigarem idosos são
obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis
com as necessidades deles, bem como provê-los com
alimentação regular e higiene indispensáveis às normas
sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da
lei.
Do Transporte:
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos
fica assegurada a gratuidade dos transportes
coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos
serviços seletivos e especiais, quando prestados
paralelamente aos serviços regulares.
§ 1
o
Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso
apresente qualquer documento pessoal que faça prova
de sua idade.
§ 2
o
Nos veículos de transporte coletivo de que trata
este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos
assentos para os idosos, devidamente identificados
com a placa de reservado preferencialmente para
idosos.
§ 3
o
No caso das pessoas compreendidas na faixa
etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco)
anos, ficará a critério dalegislação local dispor sobre
as condições para exercício da gratuidade nos meios
de transporte previstos no caput deste artigo.
No sistema de transporte coletivo interestadual
observar-se-á, nos termos da legislação específica:
I. a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por
veículo para idosos com renda igual ou inferior
a 2 (dois) salários-mínimos;
II. desconto de 50% (cinqüenta por cento), no
mínimo, no valor das passagens, para os idosos
que excederem as vagas gratuitas, com renda
igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes
definir os mecanismos e os critérios para o exercício
dos direitos previstos nos incisos I e II.
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos
termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas
nos estacionamentos públicos e privados, as quais
deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor
comodidade ao idoso.
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança
do idoso nos procedimentos de embarque e
desembarque nos veículos do sistema de transporte
coletivo.
CARACTERIZAR AS QUEDAS NA POPULAÇÃO IDOSA
Os fatores de risco e medidas preventivas
associados a quedas em pessoas mais velhas, porém
ativas e saudáveis, que caem porque participam de
atividades vigorosas e arriscadas diferem dos
indivíduos mais frágeis que caem por instabilidade.
Um modo de avaliar os diferentes tipos de quedas
pode utilizar o roteiro a seguir:
➔ Determinação da contribuição externa à queda,
avaliando-se se a contribuição teria sido
suficiente para derrubar alguém saudável e
mais jovem
➔ Investigação somente daqueles indivíduos que
sofreram duas ou mais quedas
➔ Classificação da intensidade de movimento no
momento da queda.
EPIDEMIOLOGIA
➔ Incidência de 28 a 35% de quedas em
indivíduos com mais de 65 anos, 35% naqueles
com mais de 70 anos e 32 a 42% nos indivíduos
com mais de 75 anos
Lívia Leandro - Med Fits
➔ Algumas evidências apontam para uma
incidência de cerca de 50% em indivíduos com
mais de 80 anos.
➔ Estudos prospectivos indicam que entre 30 e
60% dos mais velhos vivendo na comunidade
sofrem quedas anualmente, com
aproximadamente metade experimentando
quedas múltiplas
➔ Os indivíduos mais saudáveis caem com menos
frequência. Aqueles que já tiveram um episódio
de queda têm uma incidência maior de quedas
no ano subsequente.
PREVENÇÃO
➔ A intervenção ambiental no domicílio para
redução de fatores de risco => modificações
foram implementadas por terapeutas
ocupacionais por meio de visitas domiciliares.
➔ Equipamentos de segurança e dispositivos de
auxílio para mobilidade, mostrou uma redução
de 37% nas quedas e foi mais efetiva no grupo
de idosos que haviam relatado quedas
recorrentes no último ano.
(a) adaptação ou modificação dos fatores ambientais
no domicílio;
(b) suspensão ou uso em doses e tempo mínimo de
medicamentos psicotrópicos;
(c) suspensão ou uso mínimo de outros medicamentos;
(d) controle de hipotensão postural;
e) tratamento de problemas nos pés e intervenção
sobre calçados;
(f) exercícios, particularmente de condicionamento de
equilíbrio, força e marcha.
Outras intervenções incluem suplementação de
vitamina D, cirurgia de correção de catarata, evitar
uso de lentes multifocais durante a deambulação,
marca-passos em idosos com hipersensibilidade
cardioinibitória do seio carotídeo. A complementação
com orientações educacionais e a adaptação das
orientações à cognição e ao nível educacional do
indivíduo devem também ser levadas em conta.
Prática de exercícios físicos regulares e de
exercícios de equilíbrio => diminuem o risco e o medo
de cair
Uso de protetores de quadris: instrumentos
parecidos com esponjas colocados nas regiões
trocanterianas e desenhados anatomicamente para
diminuir o impacto da queda, parece diminuir o risco de
fraturas de colo femoral em instituições de longa
permanência, e o medo de quedas em indivíduos idosos
FATORES DE RISCO
➔ Idosos ativos tendem a atribuir suas quedas a
fatores ambientais, enquanto idosos mais
frágeis, a fatores intrínsecos.
Fatores ambientais podem aumentar o risco de cair,
particularmente nos idosos com problemas de
equilíbrio corporal e marcha.
Fatores de risco intrínsecos, como fraqueza muscular,
alterações visuais, somatossensoriais e vestibulares,
menor funcionalidade física de membros inferiores,
dor, depressão, distúrbios de sono e incontinência
urinária, dentre outros. Quando a demanda sobre o
controle do equilíbrio e da marcha durante a
realização de tarefas excede a capacidade
físico-funcional o risco de cair aumenta. Idosos
frágeis em geral caem dentro de casa ao realizar
tarefas básicas como levantar da cama, da cadeira, da
poltrona ou do vaso sanitário e andar de um cômodo ao
outro.
Em contrapartida, idosos ativos tendem a cair não só
realizando tarefas domésticas mais complexas como
arrumação e limpeza da casa, como também em
ambientes externos tais como ruas, calçadas
esburacadas, desniveladas e sem pavimentação
adequada, em escadas e no transporte público.
➔ Os estudos indicam um aumento do risco de
quedas com o aumento da idade, e a maior
parte um risco maior em mulheres
Em estudo brasileiro, as chances de queda recorrente
aumentaram entre mulheres, viúvos, solteiros ou
desquitados, nos indivíduos com história prévia de
Lívia Leandro - Med Fits
fratura, com grau de comprometimento nas atividades
de vida diária e entre os que não referiam a leitura
como atividade de lazer
➔ Presença de patologias múltiplas
➔ Fatores psicológicos podem aumentar o risco
individual, como comprometimento cognitivo,
depressão e/ou ansiedade.
➔ A maior parte das quedas ocorre em períodos
de atividade máxima no dia, e somente 20%
ocorrem à noite.
Estudo recente de caso-controle: baixo índice de
massa corporal, comprometimento cognitivo, AVE e
falta de controle urinário se correlacionaram a
aumento de risco de fraturas relacionadas com
quedas graves. Medicamentos benzodiazepínicos e
miorrelaxantes também se associaram positivamente
aos eventos estudados, enquanto o uso moderado de
álcool se correlacionou a diminuição de risco
CLASSIFICAÇÃO:
Quedas não sincopais: o risco de cair está relacionado
com uma quantidade de fatores intrínsecos à vítima e
a fatores extrínsecos no momento da queda
Fatores intrínsecos estáveis: doenças crônicas ou
mudanças associadas à saúde.
➔ Contribuinte principal pela perda do controle
postural, como diminuição dos sinais sensoriais
(visão, propriocepção ou sistema vestibular),
diminuição do processamento do SNC (p. ex.,
demência) ou diminuição da resposta motora (p.
ex., miastenia, osteoartrite).
➔ Outros fatores intrínsecos de risco variam
com o tempo ou podem estar presentes
temporariamente, como doença aguda ou
mudanças nas medicações.
Fatores extrínsecos: riscos ambientais, riscos nas
atividades diárias e, em indivíduos mais frágeis,
movimentos como se virar, inclinar-se ou se esticar
para alcançar um objeto
➔ Esses riscos incluem circunstâncias em que o
estímulo sensorial está diminuído, como em
ambientes de baixa iluminação ou brilho
excessivo.
➔ Outros riscos incluem distúrbios potenciais à
resposta de equilíbrio por deslocamento rápido
do CdM, como um escorregão em um tapete
solto ou chão encerado.
CAUSAS DE QUEDAS
Fatores associados a envelhecimento: lentidão dos
mecanismos de integração central, importante para os
reflexos posturais. Redução da habilidade de dividir
atenção.
Doenças específicas:
➔ Epilepsia: A epilepsia aumenta sua prevalência
com a idade e se associa, muitas vezes, à perda
de consciência.
➔ Doença de Parkinson: por seus distúrbios de
marcha, postura e equilíbrio, é
reconhecidamente uma causa potencial de
quedas.
➔ Miopatias e neuropatias periféricas: Os
distúrbios motores dessa ordem que afetam
principalmente os membros inferiores têm sido
demonstrados como fatores de risco para
quedas. As neuropatias sensoriais podem
contribuir para quedaspor distúrbios na
informação sensorial postural.
➔ Síncope cardiogênica: As arritmias cardíacas
mostraram, em alguns estudos, estar
associadas a aumento de risco de quedas,
lesões e fraturas. Entretanto, há evidências
importantes em contrário e, pela alta
prevalência de arritmias em pacientes mais
velhos, torna-se muitas vezes difícil e, por
vezes, pouco eficiente estabelecer essa
correlação. Muitas pessoas mais velhas
apresentam alguma arritmia, e seu simples
diagnóstico não estabelece obrigatoriamente
uma relação causa/efeito. Trabalhos recentes
sugerem que um número significativo de
pacientes que sofre quedas pode ter arritmias
precipitadas por hipersensibilidade do seio
carotídeo.
➔ Espondilose cervical: Há duas maneiras pelas
quais essa patologia pode precipitar quedas.
Em primeiro lugar, uma diminuição do estímulo
proprioceptivo dos mecanorreceptores da
medula espinal pode provocar sensações de
tonturas leves e desequilíbrio em pacientes
Lívia Leandro - Med Fits
mais velhos. Também, a mielopatia cervical que
pode decorrer da espondilose está associada à
espasticidade dos membros inferiores.
➔ Hidrocefalia de pressão normal ou
normobárica: Essa patologia se caracteriza
por distúrbio da marcha com BdS larga e
pequenos passos, incontinência urinária e
demência. Todos esses fatores podem
precipitar quedas.
➔ Demências: Os pacientes demenciados
apresentam vários fatores de risco para
quedas, como distúrbios cognitivos que
impedem o reconhecimento do ambiente e
distúrbios da marcha que são prevalentes
nessa população. É possível que haja defeitos
no controle postural como parte da disfunção
neurológica. Disfunção autonômica e
hipotensão postural: a disfunção autonômica
não é uma patologia frequente em pacientes
mais velhos saudáveis, mas a hipotensão
postural relacionada pode ser uma causa
potencial de quedas. A hipotensão postural sem
disfunção autonômica parece ser mais
prevalente entre mais velhos, podendo ser
causada por medicamentos, desidratação ou
imobilização.
SÍNDROMES DE QUEDAS
=>Déficits sensoriais múltiplos: É provável que alguns
sintomas de tonturas, instabilidade e quedas em
pacientes mais velhos estejam relacionados com
múltiplos distúrbios em vários sistemas sensoriais.
=> Doença cerebrovascular: Há vários indícios de que
esse grupo de doenças pode afetar o risco de quedas
de várias maneiras (comprometimento cognitivo,
distúrbios posturais e da marcha e outras lesões).
=> Ataques de quedas (drop attacks): Essa é uma
entidade de etiologia pouco conhecida, caracterizada
por um ataque súbito de queda sem perda de
consciência, que não pode ser explicado por fraqueza
muscular, distúrbios neurológicos focais ou arritmias e
não é induzida por movimentos rotatórios da cabeça ou
vertigens ou outra sensação cefálica. As teorias
fisiopatológicas mais aceitas associam esse fenômeno
a anormalidades na função postural ou a uma disfunção
transitória na formação reticular que controla a
musculatura antigravitacional.
MEDICAÇÕES
➔ Algumas alterações decorrentes do envelhecimento
normal modificam as características
farmacocinéticas e farmacodinâmicas dos
medicamentos.
➔ Dessas, a alteração da gordura corporal, com um
aumento proporcional de mais de 35% entre as
idades de 20 e 70 anos; alterações no metabolismo
renal e discreta diminuição na fase I do metabolismo
hepático; e alterações na composição de proteínas
plasmáticas de transporte são importantes fatores
no aumento do risco das medicações em pacientes
mais velhos.
➔ As patologias múltiplas a que os pacientes mais
velhos estão sujeitos são fatores importantes que
compõem o quadro geral da maior sensibilidade desse
grupo a efeitos colaterais de medicamentos e,
particularmente, ao maior risco de quedas
➔ Classes específicas associadas a esse aumento
incluem substâncias psicotrópicas, cardiovasculares,
corticosteroides e anti-inflamatórios não hormonais
(AINH). Residentes de casas de repouso em uso de
mais de quatro medicações prescritas apresentam um
risco até três vezes maior de quedas.
As substâncias psicotrópicas, particularmente os
benzodiazepínicos (meia-vida curta ou longa) e
neurolépticos (típicos e atípicos), têm sido mais
constantemente implicadas nos riscos de quedas. O uso
dessas medicações contribui para as quedas e fraturas
por mecanismos presumivelmente relacionados com
distúrbios do equilíbrio, respostas corretoras
posturais alentecidas e hipotensão postural.
O uso de álcool e o risco de quedas têm relação mais
conflituosa. Esta relação parece depender da
quantidade consumida. Em estudo de 6.000 homens
com mais de 65 anos, a ingesta leve (menos de 14
drinks por semana) apresentou um risco diminuído de
duas ou mais quedas em 1 ano em comparação com os
abstêmios. Entretanto, homens que se excederam no
consumo de álcool tiveram um risco aumentado.
CONSEQUÊNCIAS
Lívia Leandro - Med Fits
➔ Morte
➔ Lesões
➔ Medo de quedas
➔ Permanência prolongada no solo após uma
queda, redução nas atividades e na
independência
CLASSIFICAÇÃO
Interno: se a perda do equilíbrio se deve a uma
tendência interna
Externo: se deve a um evento externo, como um
escorregão ou tropeço
ESCLARECER A OSTEOPOROSE
DEFINIÇÃO
Osteoporose é um distúrbio esquelético crônico e
progressivo, de origem multifatorial, que acomete
principalmente pessoas idosas, tanto homens quanto
mulheres, geralmente após a menopausa.
=> É uma doença esquelética crônica caracterizada
pela baixa massa óssea e deterioração da
microarquitetura do tecido ósseo, afetando milhões
de pessoas, causando alto risco de fraturas e perda da
qualidade de vida.
O aumento da morbidade e da mortalidade pela OP
está associado a custos econômicos significativos
relacionados com a hospitalização, cuidados
ambulatoriais, institucionalização, incapacidades e
mortes prematuras.
=> distúrbio esquelético crônico e progressivo, de
origem multifatorial, que acomete principalmente
pessoas idosas, tanto homens quanto mulheres,
geralmente após a menopausa.
=> Caracteriza-se por resistência óssea comprometida,
predispondo ao aumento do risco de fratura, à dor, à
deformidade e à incapacidade física. A resistência
óssea reflete a integração entre densidade e
qualidade óssea, que, por sua vez é determinada por
vários fatores: microarquitetura trabecular interna,
taxa de remodelamento ósseo, macroarquitetura,
acúmulo de microdanos, grau de mineralização e
qualidade da matriz.
Obs: É comum conceituar OP como sendo sempre o
resultado de perda óssea. Entretanto, uma pessoa que
não alcançou seu pico máximo durante a infância e a
adolescência, por desnutrição, doenças disabsortivas
ou anorexia nervosa, por exemplo, pode desenvolver
OP sem ocorrência da perda óssea acelerada. Portanto,
otimizar o pico de massa óssea na infância e na
adolescência é tão importante quanto a perda óssea no
adulto.
No Brasil as estatísticas oficiais mostram que depois
dessa faixa etária, 1 em cada 3 mulheres e 1 em cada 5
homens apresentarão uma fratura relacionada à
osteoporose
CLASSIFICAÇÃO:
Primária:
Tipo I
➔ Predominantemente em mulheres (menopausa)
➔ Perda acelerada do osso trabecular
➔ Fraturas vertebrais comuns
Tipo II
➔ Ocorre em homens e mulheres idosos
➔ Compromete os ossos cortical e trabecular
➔ Ocorrência de fraturas vertebrais e de fêmur
Secundária:
➔ Endocrinopatias (tireotoxicose,
hiperparatireoidismo e hipogonadismo)
➔ Fármacos (glicocorticoides, antiácidos
contendo alumínio, hormônio tireoidiano,
anticonvulsivantes, ciclosporina A)
➔ Doenças genéticas (osteogenesis imperfecta)
➔ Artrite reumatoide
➔ Doenças gastrintestinais
➔ Transplante de órgãos
➔ Imobilização prolongada
Lívia Leandro - Med Fits
➔ Mieloma múltiplo
➔ Câncer de mama
➔ Anemias crônica
➔ Mastocitose
➔ Tratamento prolongado com heparina
FISIOPATOLOGIA
O osso é uma forma rígida de tecido conjuntivo,
formado por células, osteócitos, osteoblastos (Ob) e
osteoclastos (Oc). Os osteócitosencontram-se
embebidos em uma matriz proteica de fibras
colágenas impregnadas de sais minerais, especialmente
de fosfato de cálcio. A matriz apresenta-se, na fase
orgânica, constituída de colágeno, proteínas e
glicosaminoglicanos; na fase inorgânica, encontram-se,
principalmente, hidroxiapatita (fosfato de cálcio) e
menores quantidades de outros minerais. Os Ob e os
Oc estão no periósteo e no endósteo, formando a
matriz óssea. As fibras colágenas dão elasticidade, e
os minerais, resistência.
Na infância, dois terços da substância óssea são
formados por tecido conjuntivo. Na velhice, são os
minerais que predominam => Essa transposição de
conteúdo leva a menor flexibilidade e aumenta a
fragilidade do osso.
Na composição do esqueleto, há aproximadamente
80% de osso cortical ou compacto => funções
mecânica e protetora, portanto mais resistente,
20% de osso trabecular ou esponjoso => mais frágil,
responsável pela função metabólica
Remodelação óssea:
➔ O osso é um tecido dinâmico, que está em
remodelação constante, não uniforme, por toda a
vida
➔ O processo de remodelação é realizado pelos Oc e
Ob, coordenado com fases de formação e
reabsorção óssea, renovando o esqueleto e
mantendo sua estrutura.
➔ A remodelação ocorre na face interna do osso e é
realizada por um conjunto celular justaposto com os
Oc, na frente, e os Ob, atrás, formando a unidade
básica multicelular (UBM).
A velocidade da destruição e reposição de osso velho
ou danificado é determinada pelo número de UBM que
está funcionando em dado momento. Geralmente, é
maior no osso trabecular.
Os osteoclastos são células diferenciadas da linhagem
macrófago/monócito, multinucleadas, dirigidas para
uma sequência de eventos => proliferação,
diferenciação, fusão e ativação => esses eventos
estão sob controle de hormônios e citocinas locais,
juntamente com o microambiente ósseo.
➔ Interleucinas (IL-1, IL-6, IL-4, IL-7, IL-11,
IL-17), fator de necrose tumoral (TNF-α),
fator de transformação do crescimento β
(TGF-β), prostaglandina E2 e hormônios atuam
em conjunto para controlar os osteoclastos.
Sequência da remodelação óssea.
1. Ativação (14
dias)
Os pré-osteoclastos estimulados pelas forças
mecânicas, CSF-GM e microfraturas
transformam-se em osteoclastos
2. Reabsorção
(14 a 21
dias)
Os osteoclastos secretam substância ácida e
digerem as matrizes orgânica e mineral do
osso
3. Inversão (7 a
10 dias)
Há cobertura da cavidade por células
derivadas de monócitos, formando uma
superfície de cemento que previne a
erosão óssea adicional. Esta fase é
mediada por fatores de crescimento e
interleucinas, liberados pela matriz óssea
4. Formação
(150 dias)
Os osteoblastos preenchem a lacuna com
osteoide, o qual é mineralizado
progressivamente.
RANKL:
➔ é um membro da superfamília TNF, expressa pelos
Ob e seus precursores imaturos.
➔ Essa citocina ativa seus receptores RANK,
promovendo a formação e ativação dos Oc,
prolongando sua sobrevivência por meio da
supressão da apoptose.
➔ Os efeitos do RANKL são bloqueados pela
osteoprotegerina (OPG), a qual atua como
receptor solúvel, agindo como antagonista do
RANKL.
➔ O equilíbrio entre RANKL e OPG é regulado pelas
citocinas e hormônios e determina as funções dos
Oc.
➔ Alterações da relação entre RANKL/OPG são
críticas na patogênese das doenças ósseas
Lívia Leandro - Med Fits
reabsortivas; entretanto, seus papéis na
osteoclastogênese são controversos, exigindo
investigação mais aprofundada.
Obs: Deficiência de estrogênio, uso de
corticosteroide, ativação das células T (artrite
reumatoide e outras) e doenças malignas (mieloma e
metástase) alteram a relação RANKL/OPG,
promovendo a osteoclastogênese, acelerando a
reabsorção óssea e induzindo a perda óssea.
Na infância, o esqueleto aumenta de tamanho por
crescimento longitudinal, o qual cessa com o
fechamento epifisário por volta dos 20 anos e por
aposição de novo tecido ósseo nas superfícies
externas do córtex. Esse processo é conhecido como
modelação. Com a chegada da puberdade, aumenta a
produção dos hormônios sexuais, com consequente
maturação óssea, sendo alcançado o máximo de massa
e densidade óssea na fase adulta jovem.
Uma vez alcançado o pico de massa óssea, o
processo de remodelação torna-se a principal
atividade metabólica do esqueleto. O resultado final
é a reposição óssea em igual quantidade da
absorvida, mantendo a massa constante. Após os 30
anos, em vários locais do esqueleto, o processo de
reabsorção e reposição não se faz na mesma
proporção, predominando a fase de reabsorção,
devido ao aumento da atividade Oc ou por
diminuição da Ob, sendo mais marcante na mulher
pós-menopausa
DIAGNÓSTICO
Classificação diagnóstica baseada no T-score:
Diagnóstico T-score
NormalMaior que -1
Osteopenia Entre -1 e -2,5
Osteoporose Menor ou igual a -2,5
Osteoporose grave ≤ -2,5 associado a fratura
por fragilidade
Classificação diagnóstica baseada no Z-score:
Diagnóstico Z-score
Massa óssea dentro dos limites esperados para a
idade Maior que -1,9
Massa óssea abaixo da esperada para a idade
Menor ou igual a -2,0
Esses valores foram definidos com base na relação
bem definida entre menor DMO e aumento no risco
de fraturas. Apesar disso, em termos de número
total, mais fraturas ocorrem mais tarde na vida em
indivíduos com DMO no estado normal ou
osteopênico do que na faixa osteoporótica. Isso
demonstra a importância de se avaliar outros
fatores de risco para determinar o risco de fratura
com mais assertividade.
PADRÃO OURO: O diagnóstico pode ser feito
baseado na ocorrência de fraturas sem trauma
significativo ou na baixa densidade mineral óssea
medida pela densitometria óssea (DXA).
No estado pré-clínico, a OP é caracterizada,
simplesmente, pela baixa massa óssea sem fraturas, e,
geralmente, é assintomática, não levando o paciente ao
médico, retardando o diagnóstico.
Instrumento de avaliação de risco para fratura: Em
2008, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
introduziu uma ferramenta de avaliação de risco de
fratura (FRAX), o qual estima a probabilidade de
fratura de quadril ou fratura osteoporótica
combinada em 10 anos (quadril, vértebra, úmero ou
punho) para uma pessoa não tratada, através dos
fatores e risco, usando ou não a densidade mineral
óssea (DMO). Nos indivíduos de baixo e médio risco
para fratura, avaliados pelo FRAX, é necessária a
medida de DMO, enquanto naqueles de alto risco a
intervenção está justificada sem essa medida
EXAMES LABORATORIAIS
➔ Os exames laboratoriais são geralmente normais
na OP involucional ou primária, do tipo I ou II.
➔ Sua solicitação visa estabelecer a presença de
fatores secundários determinantes da perda de
massa óssea, mesmo na ausência de sinais e
sintomas clínicos.
Lívia Leandro - Med Fits
➔ Devem ser solicitados em todos os pacientes que
apresentem OP.
=> hemograma, velocidade de hemossedimentação
(VHS), cálcio sérico, fósforo sérico, proteína total,
albumina, enzimas hepáticas, creatinina, eletrólitos,
glicemia de jejum, dosagem de cálcio na urina de
24 h.
=>Atualmente, a dosagem de vitamina D sérica tem
sido incorporada a esse arsenal diagnóstico devido à
grande prevalência de deficiência na nossa população.
Existindo história clínica/achados de exame físico
sugestivos de outras causas secundárias =>
hormônio tireoestimulante (TSH) e paratormônio
(PTH) intacto sérico, cortisol urinário livre,
marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo,
discriminados mais adiante; estudo do equilíbrio
acidobásico, eletroforese de proteínas séricas,
anticorpos (AC) antiendomísio, antigliadina e
antitransglutaminase, aspiração de medula óssea.
A biópsia de crista ilíaca com tetraciclina marcada
(histomorfometria óssea) deverá ser considerada
quando nenhuma outra causa subjacente para a OP
puder ser diagnosticada, quando a terapêutica não for
efetiva ou quando houver suspeita de mastocitose ou
osteomalacia.
BIOMARCADORES ÓSSEOS
Os biomarcadores ósseos são produtosda degradação
do osso, liberados para a circulação ou urina, derivados
de atividade osteoblástica e/ou osteoclástica, durante
as fases de formação e reabsorção óssea, traduzindo,
em última análise, a remodelação (turnover) óssea.
A velocidade de formação ou degradação da matriz
óssea pode ser determinada tanto pela atividade
enzimática de células formadoras e reabsorvedoras,
quanto pela medida dos componentes da matriz óssea
liberados na circulação durante a remodelação.
Nenhum desses marcadores é específico da OP,
podendo ser influenciados por outros fatores, como,
por exemplo: clearance metabólico, seus próprios
ritmos circadianos e precisão dos testes.
A variabilidade dos biomarcadores depende
basicamente do ritmo circadiano (alto turnover à noite
e baixo à tarde, por isso os exames devem ser
coletados sempre em uma mesma hora do dia); da
idade, etnia, status menopausal e certas medicações
(Malik, 2014).
Podem ser úteis em algumas situações:
➔ Determinação do risco de fratura
➔ Determinação da resposta terapêutica a alguns
agentes antirreabsortivos
➔ Identificação dos indivíduos com alto turnover
ósseo, para predizer perda óssea rápida.
Obs: Altos níveis de biomarcadores de reabsorção
estão associados a maior risco de fratura de quadril e
vértebras, e a diminuição, decorrente de tratamento
medicamentoso, leva à redução desse risco.
As alterações nos biomarcadores podem ser
detectadas em aproximadamente 3 meses após o início
do uso de qualquer medicação. Primeiro, modificam-se
os marcadores de formação e, posteriormente, os de
reabsorção.
Os valores de N-telopeptídio do colágeno do tipo I
(NTX) e C-telopeptídio do colágeno do tipo I (CTX)
são maiores na adolescência e pós-menopausa, quando
os níveis praticamente dobram; a variabilidade é
biológica e não dos testes, daí a importância de se
estabelecerem os valores de referência (urina de 24 h
ou 2 h de jejum).
A resposta terapêutica é definida como um
decréscimo maior que uma alteração mínima
significativa. Só temos certeza de que o paciente está
respondendo quando houver uma diminuição de pelo
menos 30% no NTX ou no CTX.
Marcadores ósseos:
Biomarcadores de formação Biomarcadores de reabsorção
Fosfatase alcalina total e
ósseo-específica
Osteocalcina ou BGP
Pró-peptídios do colágeno do
tipo I
Pró-peptídio C-terminal
Pró-peptídio N-terminal
Hidroxiprolina urinária
Fosfatase ácida
tartarato-resistente
Hidroxilisina glicosilada
urinária
Cross-links de piridinolina*
NTX (N-telopeptídio)
CTX (C-telopeptídio)
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527729505/epub/OEBPS/Text/chapter078.html#ch78-st1
Lívia Leandro - Med Fits
É importante lembrar que os marcadores de formação
(fosfatase alcalina [FA] óssea específica e
P1NP-pró-peptídio do colágeno do tipo I) estão
aumentados quando se utilizam medicações
osteoformadoras ou anabolizantes, como a
teriparatida.
RADIOGRAFIAS CONVENCIONAIS
A sensibilidade e a precisão das radiografias simples
para determinar baixa massa óssea são fracas, e, na
ausência da fratura vertebral, essa técnica não pode
ser utilizada para diagnosticar a OP precocemente. No
entanto, na presença de fratura por baixo impacto,
independente da DMO, o paciente deverá ser
considerado como osteoporótico.
É sabido que as radiografias só mostrarão as
alterações decorrentes da OP quando a perda de
massa óssea atingir aproximadamente 30%. O
diagnóstico então obtido é bastante tardio, e a
prevenção das fraturas torna-se mais difícil.
Devem ser solicitadas como mais um exame
complementar, visando estabelecer a presença de
fraturas vertebrais.
Estão indicadas também nos indivíduos que perderam
altura de maneira significativa e injustificada
(radiografias de coluna torácica e lombar AP e perfil
em ortostase) para confirmar a presença de fraturas
em outros locais.
Além disso, sinais de hiperparatireoidismo,
calcificações de tecido mole, osteomalacia na
osteodistrofia renal e as lesões líticas dos tumores
podem ser avaliados pela radiografia simples em alguns
locais e ajudam na identificação da etiologia da perda
óssea.
Encontramos, no esqueleto axial e apendicular, as
seguintes alterações:
➔ Radiolucência ou radiotransparência
aumentada, traduzida como osteopenia
➔ Afinamento da cortical
➔ Desaparecimento primário das trabéculas
horizontais, com persistência das verticais,
que seguem as linhas de força gravitacionais
➔ Estriação longitudinal, principalmente na zona
subendosteal, ou tunelização intracortical é
sinal patognomônico de alto turnover ósseo
➔ Reabsorção óssea subperiosteal, com
irregularidade da superfície óssea externa, é
encontrada principalmente no
hiperparatireoidismo primário ou secundário
➔ Nas vértebras, perde-se inicialmente o “bojo”
central, formado de osso trabecular, mais
ativo metabolicamente do que o invólucro
vertebral, formado de osso cortical. A
vértebra passa a apresentar um aspecto de
“moldura de quadro”
Causas de valores anormais dos biomarcadores.
Altas taxas Baixas taxas
Doença de Paget
Hiperparatireoidismo
•Osteomalacia
•Distrofia renal
•Síndrome de má absorção
Doenças endócrinas
•Hiperparatireoidismo
primário
•Tireotoxicose
•Hipogonadismo
Doenças malignas (mieloma)
Fraturas recentes
Síndrome de Cushing
(diminuição da
osteocalcina)
Osteogenesis imperfecta
Hipofosfatemia (diminuição da
fosfatase alcalina)
As deformidades vertebrais podem estar presentes,
traduzindo a ocorrência das microfraturas, muitas
vezes assintomáticas. Podem ser divididas, segundo os
graus de gravidade (I, II e III), em deformidades do
tipo acunhamento anterior, biconcavidade e colapso
vertebral.
A distribuição da osteopenia nos vários locais
também faz supor causas subjacentes. Osteopenia
generalizada é encontrada na OP involucional e
secundária a processos endócrinos
(hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, osteomalacia,
hipogonadismo). Osteopenia regional é observada nas
distrofias simpático-reflexas e na osteoporose
transitória. Osteopenia focal periarticular reflete
processos inflamatórios (artrite reumatoide).
Lívia Leandro - Med Fits
Todos esses achados e características fazem da
radiografia simples um método complementar ao
diagnóstico diferencial das osteopenias.
O achado de fraturas aumenta a predição do risco
de novas fraturas e induz a uma terapia mais
agressiva.
Técnicas que medem a densidade óssea
Com elas, podemos diagnosticar as perdas ósseas,
avaliar o risco de fratura e monitorar o tratamento.
Ultrassonometria óssea: O equipamento mais
comumente utilizado é o que mede a velocidade de
propagação (SOS) e a atenuação do som em calcâneo e
tíbia (BUA). Pela combinação desses dois parâmetros,
é estabelecido um índice que se expressa como a
resistência óssea ou stiffness, que se relaciona ao
risco de fraturas do colo femoral em mulheres acima
dos 65 anos.
Esse método não apresenta boa correlação com os
resultados obtidos pela DXA, e ainda não existem
critérios diagnósticos que se apliquem à
ultrassonometria. Os critérios da Organização Mundial
da Saúde, utilizando os cortes de T-score, não podem
ser utilizados, portanto, não podemos caracterizar os
indivíduos como normais, osteopênicos ou
osteoporóticos, utilizando esse método.
Densitometria óssea (padrão ouro): A DXA é um
termo aplicado a métodos capazes de medir a
quantidade de osso (conteúdo mineral) em uma área ou
volume definido, calculando, como resultado desses
dois parâmetros, a DMO. Mede a densidade óssea, em
valores absolutos (g/cm2), em todo o esqueleto ou em
regiões específicas, comparando-os às curvas de
normalidade, estabelecendo o diagnóstico precoce da
doença, o nível de gravidade e o risco de fratura
óssea.
Amostras são obtidas durante a evolução da
aquisição absorciométrica. Por meio delas, a imagem
vai sendo processada pelo computador.
A DXA permite estabelecer o diagnóstico da OP;
determinar o risco de fraturas; auxiliar na
identificação de candidatos para intervençãoterapêutica; avaliar as mudanças na massa óssea, com
o tempo, em pacientes tratados ou na evolução natural
da doença; e aumentar a aceitação e a adesão aos
diferentes tratamentos.
A DXA avaliada pela técnica DEXA é ainda hoje o
padrão-ouro no diagnóstico da OP).
A escolha do local de análise dependerá basicamente
do tipo de OP que se esteja estudando, da idade do
paciente, do tipo histológico de osso envolvido em cada
caso e da presença de alterações morfológicas ou
artefatos.
Assim, mulheres na pós-menopausa, imediata e
tardia, apresentam perda basicamente de osso
trabecular e devem ter a coluna lombar bem avaliada,
assim como o fêmur proximal. Em indivíduos idosos, o
fêmur proximal sempre será avaliado. A coluna lombar,
se acometida por doença degenerativa, poderá
fornecer resultado falso-negativo para a OP. Essas
alterações funcionarão como artefatos, majorando o
resultado final. A avaliação de um outro local, como o
antebraço, poderá ser útil nesses casos e deve ser
considerada.
Indicações:Quanto às indicações do exame de DXA, o
ideal seria poder realizar uma varredura de todas as
mulheres na perimenopausa e estabelecer quais
apresentam baixo pico de massa óssea, o principal
fator predeterminante de OP; no entanto, essa
conduta não tem custo-benefício estabelecido.
As medidas de DMO devem ser realizadas nas
seguintes situações:
➔ Todas as mulheres de 65 anos ou mais
➔ Mulheres na peri e pós-menopausa com fatores
de risco
➔ Mulheres com amenorreia secundária
prolongada (por mais de 1 ano)
➔ Todos os indivíduos que tenham sofrido
fratura por trauma mínimo ou atraumática
➔ Indivíduos com evidências radiográficas de
osteopenia ou fraturas vertebrais
➔ Homens com idade superior a 70 anos
➔ Homens com idade inferior a 70 anos com
fatores de risco
➔ Indivíduos que apresentem perda de estatura
(2,5 cm) ao longo da vida ou hipercifose
torácica
➔ Indivíduos em uso de corticoides por 3 meses
ou mais, independentemente da dose
➔ Indivíduos com índice de massa corporal baixo
(IMC de 19 kg/m2 para jovens e, para
indivíduos idosos, IMC de 22 kg/m2)
➔ Portadores de doenças crônicas ou em uso de
outras medicações associadas à OP
Lívia Leandro - Med Fits
➔ Para monitoramento de mudanças de massa
óssea decorrentes da evolução da doença e dos
diferentes tratamentos disponíveis
Interpretação: A DXA representou um grande avanço
para o diagnóstico da OP. Entretanto, exige cuidados
técnicos específicos a fim de garantir sua validade. No
exame da coluna lombar, deve estar centrada e
retificada com mesma quantidade de tecido ósseo
bilateralmente, estando presentes no campo pequena
porção das cristas ilíacas e o início das costelas
No exame do fêmur proximal, é necessário o
posicionamento da metáfise retificada em relação à
linha média, com quantidades significativas de tecido
mole acima do grande trocanter e abaixo do ísquio
Biópsia óssea: Sua indicação principal é a realização
do diagnóstico diferencial das doenças
osteometabólicas. O fragmento ósseo é retirado 2 cm
abaixo da crista ilíaca anterossuperior. O cilindro
ósseo adquirido, quando preparado com fluoresceína,
define a taxa de turnover ósseo e biopsias sequenciais
FATORES DE RISCO
Clinicamente, o que se observa é um somatório dos
fatores de risco do passado e do presente, incluindo
tanto a genética quanto o estilo de vida. A ocorrência
de uma fratura é um importante fator de risco para
futuros episódios. Por isso, o objetivo clínico é
prevenir a primeira fratura.
Fatores de risco para osteoporose.
Sexo feminino Amenorreia primária ou
secundária
Baixa massa óssea Hipogonadismo primário ou
secundário em homens
Fratura prévia Perda de peso após os 25 anos
Raça asiática ou caucásica Tabagismo, alcoolismo,
sedentarismo
Idade avançada em ambos os
sexos
Tratamento com outros
fármacos que induzem
perda de massa óssea
(heparina, varfarina,
fenobarbital, fenitoína,
carbamazepina, lítio e
metotrexato)
História materna de FFP e/ou
OP
Imobilização prolongada
Menopausa precoce não
tratada (antes dos 40 anos
Passado de dieta pobre em
cálcio
Tratamento com corticoides Doenças que induzem à perda
de massa óssea
Baixo índice de massa
corpórea (IMC < 19 kg/m2)
A partir dos 35 anos de idade, o osso cortical
apresenta perda de 0,3 a 0,5% por ano, tanto em
homens quanto em mulheres, podendo ser 10 vezes
maior na menopausa. A perda de osso trabecular anual,
pela sua alta atividade metabólica, varia de 0,6 a 2,4%
nas mulheres e de 0,2 a 1,2% nos homens. Ao longo da
vida, as mulheres perdem 35 a 50% do osso trabecular
e 25 a 30% do osso cortical, enquanto os homens
perdem 15 a 45% do osso trabecular e 5 a 15% do osso
cortical.
A diferença sexual no esqueleto está mais
relacionada com o tamanho do que com a densidade,
sendo o osso masculino frequentemente maior que o
feminino. Contribuindo para a maior frequência de
fratura osteoporótica nas mulheres, sabe-se que a
diminuição da massa esquelética é primariamente
causada pela queda dos hormônios gonadais
dependente da idade. A queda dramática dos
hormônios nas mulheres está relacionada com a
redução de massa óssea, enquanto, nos homens, o
decréscimo é gradual.
A prevalência de fratura é muito rara nos países
africanos e na Jamaica. A OP é relativamente comum
na Europa e na Índia, embora, entre os indianos, a
osteomalacia contribua para as fraturas. As meninas
negras formam, durante a adolescência, maior
quantidade de massa óssea do que as brancas
Fatores genéticos são responsáveis por 85% da
variância interpessoal da densidade mineral óssea
(DMO). Por isso, a presença de OP e a história de FFP
Lívia Leandro - Med Fits
materna estão classificadas como fatores maiores de
risco.
Pode-se afirmar que a DMO associada ao peso, em
ambos os sexos, está consagrada na literatura
especializada atual. Existem dois mecanismos
possíveis: o aumento dos níveis de estrogênio, pela
conversão no tecido adiposo da testosterona em
estradiol e da androstenediona em estrona, e o
estímulo da formação de osso novo para atender ao
maior esforço em responder às cargas aumentadas de
peso. Portanto, pessoas magras estão mais propensas à
OP.
A maioria dos estudos ressalta o efeito positivo do
exercício físico na DMO, especificamente no local
musculoesquelético ativado. Na zona rural da Turquia,
onde as mulheres fazem todo trabalho físico, as
fraturas osteoporóticas são mais comuns nos homens
=> Durante a atividade física, com a contração da
musculatura, ocorre deformação do osso, chamada de
piezeletricidade, estimulando sua formação. Também
há aumento do fluxo sanguíneo para os ossos, trazendo
os nutrientes necessários, favorecendo assim sua
formação. O paradigma de Utah relaciona musculatura
e massa óssea, mostrando que a melhora da primeira
promove o ganho da segunda. A atividade física
aumenta de forma mais significativa a massa óssea na
criança do que no adulto. A infância e a adolescência
são períodos críticos para a aquisição de massa óssea
biologicamente determinada. Com esse argumento,
alguns autores chegam a mencionar que a OP é uma
doença do jovem; as complicações é que são do idoso.
Os pacientes confinados ao leito podem perder até
1% de osso trabecular por semana. A mobilização
recupera parcialmente a massa óssea a 0,25% no
mesmo espaço de tempo. O osso cortical é perdido um
pouco mais lentamente
A nutrição pode ter um papel na perda óssea
relacionada com a idade. Os principais pilares do osso –
cálcio, proteína e fósforo – têm recebido maior
atenção.
A má absorção do cálcio instala-se gradualmente com
o avançar da idade. A redução na absorção do cálcio
parece ser devida à queda de 25(OH) D com a idade,
secundária à redução da exposição ao sol e à piora do
metabolismo de 25(OH)D para 1,25(OH)D, pelo
declínio da função renal. Além disso, os receptores da
vitamina D estão em menor número na mulher idosa e
na pós-menopausa.
A homeostase do cálcio pode ser alterada peloconsumo de proteínas, que leva à maior excreção de
urina ácida, promovendo hipercalciúria. Nos seres
humanos, a dieta rica em proteína causa só uma perda
transitória, quando há. Isso porque a carne é rica em
fósforo, o qual diminui a excreção de cálcio urinário.
Além das proteínas, o sódio aumenta a excreção renal
de cálcio. Os achados indicam que o consumo moderado
não constitui fator de risco para a OP.
Têm-se considerado outros componentes da dieta,
incluindo alimentos ricos em fósforo, bebidas
alcoólicas, café e bebidas à base de cola. Entretanto,
em seres humanos, não foi comprovado que, em
quantidades moderadas, sejam fatores de perda óssea.
A adequada exposição solar é necessária para a
produção de vitamina D na pele, substância
fundamental para a absorção de cálcio pelo tubo
digestivo. As fontes alimentares de vitamina D são
escassas e não fazem parte do hábito alimentar
brasileiro.
Nos idosos, a síntese cutânea da vitamina D é bem
menor quando comparada com os jovens devido ao
envelhecimento da pele. Soma-se o fato de
permanecerem mais em casa e, quando saem, cobrirem
mais seus corpos com roupas, constituindo-se em um
grupo de risco para deficiência de vitamina D.
O tabagismo é outro fator de risco para OP. Os
fumantes têm de 10 a 30% menos conteúdo mineral
ósseo do que os não fumantes. O mecanismo não está
claro, mas admite-se que seja multifatorial. As
mulheres fumantes entram na menopausa
precocemente e, quando submetidas à terapia
hormonal, apresentam menor ganho da massa óssea
comparadas às não fumantes.
Vários medicamentos afetam a massa esquelética,
podendo acelerar a perda óssea, assim como alterar o
cálcio sérico. Os principais são os corticosteroides,
mas também os anticonvulsivantes, os
imunossupressores e os antirretrovirais têm sido
responsabilizados pela perda óssea. Por isso, devem
ter indicação precisa e serem utilizados na menor dose
efetiva, durante o menor tempo necessário.
Os pacientes que necessitem receber os
medicamentos anteriormente citados, por um período
Lívia Leandro - Med Fits
maior do que 3 meses, devem ser submetidos a
tratamento preventivo
SINTOMAS
Geralmente, a OP é assintomática. Os pacientes
tomam conhecimento da doença quando ocorre uma
fratura ou o médico observa aumento da
radiotransparência em exame radiológico ou quando é
realizada a DXA.
Os locais de maior ocorrência de fraturas de baixo
impacto são vértebras, punho e região proximal do
fêmur. As fraturas de punho e fêmur são facilmente
diagnosticadas; entretanto, só 30% dos pacientes com
fraturas vertebrais procuram atendimento médico.
Os mais jovens fraturam o punho ao tentarem
diminuir o impacto da queda. Mais tardiamente
ocorrem as fraturas de vértebras e, geralmente após
os 70 anos, as femorais, quando, então, o indivíduo já
não apresenta reflexos posturais adequados, caindo
sentado. A maioria das FFP ocorre por traumas, sendo
rara a fratura de quadril ocorrer antes da queda
A maioria das fraturas vertebrais ocorre nas
vértebras torácicas inferiores ou lombares superiores,
provocadas por mínimos traumas, como ao inclinar-se
para frente para pegar um objeto, levantar um peso
maior, tossir, sentar-se abruptamente ou até pequenas
quedas. A dor por compressão vertebral é aguda, de
forte intensidade, permanecendo por 6 a 8 semanas, e
é evidenciada pela digitopressão da área
comprometida. Os movimentos podem piorá-la. Às
vezes, irradia-se para frente, em barra, raramente em
direção aos quadris e membros inferiores.
Ocasionalmente, pode levar ao íleo paralítico. O
colapso vertebral progressivo acaba produzindo
hipercifose (corcunda ou corcova de viúva), diminuição
da altura e da lordose natural lombar. À medida que
aumenta a hipercifose dorsal, a costela passa a tocar a
crista ilíaca anterossuperior, fazendo pregas
horizontais no abdome, tornando-o protruso,
acarretando dor, plenitude pós-prandial, constipação
intestinal e refluxo gastresofágico. Há também
diminuição da expansibilidade pulmonar. A dor, a
hipercifose, a perda de altura, a restrição dos
movimentos respiratórios e a compressão gástrica são
consequências das fraturas vertebrais. As roupas não
caem bem, ficam mais compridas e, com o abdome
protruso, deterioram a imagem corporal, causando
desconforto social.
Paciente com múltiplas fraturas vertebrais pode
queixar-se de instabilidade na marcha, aumentando o
risco para quedas e dificultando as diferentes
atividades da vida diária
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Medidas preventivas não farmacológicas:
A prevenção da OP e das fraturas consequentes
apoia-se em um tripé:
➔ Adequada nutrição
➔ Bons hábitos de vida, incluindo exercícios
físicos, evitando alcoolismo e tabagismo
➔ Controle do ambiente para prevenção das
quedas.
Nutrição: O nutriente mais importante é o cálcio. Sua
ingesta em níveis adequados está relacionada com o
pico de massa óssea, prevenção e tratamento, como
veremos adiante.
Todos os consensos de OP recomendam uma ingesta
de 1.500 mg de cálcio para mulheres após a
menopausa sem terapia estrogênica e 1.000 mg
para os homens e mulheres em terapia estrogênica,
diariamente, devendo ser aumentada para 1.500
mg/dia após os 65 anos.
O ideal é obter a quantidade total com a dieta, mas,
como nem sempre é possível, há necessidade de
adicionar uma suplementação
Um bom aporte proteico, sem qualquer exagero no
sentido de alta ingesta de carne vermelha, pode,
inclusive, diminuir a mortalidade pós-fratura de colo
femoral.
Exercícios:
Os exercícios mais benéficos para a estimulação óssea
no idoso são realizados com carga, como a marcha, e
contra a resistência, como a musculação leve. Alguns
exercícios específicos, visando alongar a musculatura
peitoral e fortalecer a musculatura paravertebral e
abdominal, dão suporte à coluna e parecem ser
benéficos nas pacientes com tendência à hipercifose
dorsal.
A atividade física deve ser realizada pelo menos
3 vezes/semana, em dias alternados, durante, no
Lívia Leandro - Med Fits
mínimo, 30 min. Caminhadas podem ser feitas
diariamente, por um período de 40 min.
Para a população idosa, a prática regular de
exercício mantém a massa muscular, melhora o
equilíbrio, a mobilidade, o padrão senil da marcha e os
reflexos posturais, contribuindo, definitivamente, para
a prevenção de quedas. São elas as responsáveis por
90% das fraturas de fêmur, a complicação mais
temida da OP.
Medidas farmacológicas:
O objetivo final do tratamento medicamentoso na
OP é a diminuição do risco de fratura e aumento da
massa óssea.
Vários são os agentes, cientificamente comprovados,
que atuam sobre o metabolismo ósseo, porém nem
todos são úteis para o tratamento. Citaremos aqui
apenas os fármacos capazes de cumprir sua função,
testados em estudos controlados e fidedignos.
A primeira grande questão é: quem deverá ser
tratado?
Segundo o Consenso Brasileiro de Osteoporose em
2002:
➔ Mulheres com OP pós-menopáusica
➔ Mulheres com fraturas atraumáticas e baixa
DMO
➔ Mulheres com T-score de DMO < – 2,5 DP sem
fatores de risco
Conteúdo de cálcio, em miligramas, em alguns alimentos.
Alimento
Cálcio
(mg) Alimento
Cálcio
(mg)
Leite de vaca integral
(116 mℓ)
116 Sardinha enlatada 35
Queijos Parmesão
(100
g)
1.1 Verduras
(meia
xícara
)
Brócolis 127
Muçarela
(100
g)
40 Espinafre 122
Ricota
(60 g)
150 Couve 130
Iogurte (150 mℓ) 150 Frango (700 g) 105
Ovo (unidade) 100 Batata (160 g) 100
Feijão (220 g) 100 Macarrão (60 g) 150
➔ Mulheres com baixa DMO limítrofe (T-score <
–1,5 DP) se fatores de risco estiverem
presentes
➔ Mulheres nas quais medidas não
farmacológicas não foram eficazes
(persistência da perda óssea ou ocorrência de
fraturas atraumáticas).
Resumindo, devemos tratar os indivíduos que
tiverem risco de fratura baseado na conjunção de:
➔ Fatores maiores de risco clínico
➔ Baixa massa óssea
➔ Marcadores ósseos elevados
Os grupos terapêuticos para tratamento da OP são:
➔ Antirreabsortivos ósseos
➔

Continue navegando