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1) DEFINIR INTOXICAÇÃO CRÔNICA, IDENTIFICANDO A EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E O TRATAMENTO DAS INTOXICAÇÕES CRÔNICAS POR SOLVENTES E METAIS (CHUMBO, MERCÚRIO E BENZENO), ALÉM DE ANALISAR OS AGENTES NEUROTÓXICOS ENCONTRADOS NO AMBIENTE DE TRABALHO E SEUS EFEITOS. ⟶ INTOXICAÇÃO CRÔNICA A intoxicação crônica resulta de exposições repetidas com o agente tóxico, num período de tempo prolongado, de meses ou anos. Muitos compostos não chegam a causar danos após algumas exposições, porém, em casos de exposições prolongadas, podem promover efeitos lentos e graves, como são os casos de mutagenidade e carcinogenicidade. Nas intoxicações crônicas, os sinais clínicos podem advir de dois mecanismos: 1. Somatória ou acúmulo do agente tóxico no organismo: a velocidade de eliminação é menor que a de absorção, assim, ao longo da exposição a substância vai sendo somado no organismo, até alcançar um nível tóxico. 2. Somatória de efeitos: ocorre quando o dano causado é irreversível e, portanto, vai sendo aumentado a cada exposição, até atingir um nível detectável ou, então, quando o dano é reversível, mas o tempo entre cada exposição é insuficiente para que o organismo se recupere totalmente. Os efeitos danosos sobre a saúde humana, incluindo a acumulação de danos genéticos, surgem no decorrer de repetidas exposições ao toxicante, que normalmente ocorrem durante longos períodos de tempo. Nestas condições os quadros clínicos são indefinidos, confusos e muitas vezes irreversíveis. Os diagnósticos são difíceis de serem estabelecidos e há uma maior dificuldade na associação causa/efeito, principalmente quando há exposição a múltiplos produtos, situação muito comum na agricultura brasileira. A intoxicação crônica manifesta-se através de inúmeras patologias, que atingem vários órgãos e sistemas, com destaque para os problemas imunológicos, hematológicos, hepáticos, neurológicos, malformações congênitas e tumores. As características clínicas das intoxicações por agrotóxicos dependem, além dos aspectos supra citados, do fato de ter ocorrido contato/exposição a um único tipo de produto ou a vários deles. Nas intoxicações agudas decorrentes do contato/exposição a apenas um produto, os sinais e sintomas clínico- laboratoriais são bem conhecidos, o diagnóstico é claro e o tratamento definido. Em relação às intoxicações crônicas, o mesmo não pode ser dito. ⟶ CHUMBO O chumbo é a causa mais comum de envenenamento crônico por metais e continua sendo um importante contaminante ambiental, especialmente nos países em desenvolvimento. A exposição ao chumbo pode ocorrer por inalação ou ingestão, e tanto formas inorgânicas como orgânicas de chumbo produzem toxicidade clínica. A absorção por via cutânea de chumbo, uma vez absorvido o chumbo se liga aos eritrócitos e se distribui para os tecidos corporais. Outras fontes potenciais de chumbo incluem medicamentos, suplementos fitoterápicos e dietéticos, remédios tradicionais, objetos metálicos e cosméticos. A absorção de chumbo inorgânico ocorre geralmente via trato respiratório e gastrointestinal com a absorção cutânea insignificante. As deficiências nutricionais de cálcio, ferro, cobre e zinco podem contribuir para o aumento da absorção gastrointestinal em crianças. A exposição ao chumbo orgânico pode ocorrer pela inalação de gasolina na forma de chumbo tetraetila (“gasolina com chumbo”). Após a absorção, o chumbo tetraetila é metabolizado em chumbo inorgânico e trietil-chumbo; este último é responsável pela neurotoxicidade da gasolina com chumbo. Mais de 90% do total de chumbo no corpo é armazenado no osso, onde facilmente troca com o sangue. O chumbo pode ser transferido através da placenta. A excreção do chumbo ocorre lentamente com a meia-vida biológica do chumbo no osso estimada em 30 anos. SP2 “De Júpiter ou Saturno?” A toxicidade do chumbo afeta principalmente os sistemas nervoso, cardiovascular, hematopoiético e renal. No SNC, os efeitos tóxicos do chumbo incluem: Lesões nos astrócitos, com dano secundário à microvasculatura e rompimento da barreira hematoencefálica, edema cerebral e aumento da pressão intracraniana. Reduções na concentração de adenosina monofosfato cíclico e fosforilação de proteínas, que contribuem para déficits de memória e aprendizado. O chumbo é estruturalmente similar, assim ele pode alterar a homeostase do cálcio, que leva à liberação espontânea e descontrolada de neurotransmissores. No sistema nervoso periférico, o chumbo causa desmielinização segmentar primária, seguida de degeneração axonal secundária, principalmente dos nervos motores. No sistema cardiovascular, ocorrem pequenos aumentos na prevalência de hipertensão e doença vascular aterosclerótica com níveis elevados de chumbo no sangue. No sistema hematopoiético, o chumbo interfere no metabolismo da porfirina, o que pode contribuir para a anemia induzida pelo chumbo. A anemia hemolítica também ocorre como resultado da inibição da pirimidina 5’-nucleotidase das células vermelhas do sangue, uma enzima responsável pela limpeza dos produtos de degradação do RNA celular. No rim, o chumbo afeta o túbulo proximal, produzindo a síndrome de Fanconi com aminoacidúria, glicosúria, fosfatúria e acidose tubular renal. A nefrite intersticial crônica e o aumento dos níveis de ácido úrico ocorrem devido ao aumento da reabsorção tubular de urato. O chumbo afeta adversamente a função dos osteoblastos e dos osteoclastos no osso. Com a exposição crônica ao chumbo, o aumento da deposição de cálcio nas placas de crescimento pode ser visto como “linhas de chumbo” nas radiografias de ossos longos. O chumbo ainda afeta o sistema reprodutivo, aumentando perdas fetais e ruptura prematura das membranas, além da motilidade de espermatozoides. ↳ Manifestações clínicas Os sinais e sintomas de intoxicação por chumbo são amplos, inespecíficos e variam de acordo com o tipo de exposição (aguda versus crônica). As crianças pequenas são mais suscetíveis que os adultos aos efeitos do chumbo. A encefalopatia é uma das principais causas de morbidade e mortalidade, podendo o quadro ter apresentação inicial de forma dramática com convulsões e coma ou desenvolver-se indolentemente ao longo de semanas a meses, com diminuição do estado de alerta e memória, progredindo para mania e delírio. Encefalopatia por intoxicação por chumbo ocorre tipicamente em 15 a 30 meses de idade com níveis de chumbo no sangue > 100 mcg/dL, mas tem sido relatado com níveis de chumbo no sangue de 70 mcg/dL ou inferior. Outros sintomas neurológicos incluem alterações comportamentais, com irritabilidade, insônia, inquietação, náusea e vômito, tremor, coreia, convulsões, mania, papiledema, neurite óptica e ataxia. A toxicidade crônica pelo chumbo cursa com cefaleia, irritabilidade, depressão, fadiga, alterações de humor e de comportamento, déficit de memória e distúrbios do sono. Os sintomas do sistema nervoso periférico são caracteristicamente motores com perda de força em extremidades, mas também incluem parestesias, reflexos tendinosos deprimidos ou ausentes. Manifestações gastrointestinais e hematológicas ocorrem mais frequentemente com intoxicações agudas do que com intoxicações crônicas. A principal manifestação gastrointestinal são dores abdominais em cólica, além de sensação de gosto metálico e manchas azuladas em gengivas. Podem ainda ocorrer diarreia e hepatites. As manifestações hematológicas são frequentemente concomitantes às gastrointestinais e incluem hemólise e anemia. A toxicidade do chumbo também causa sintomas constitucionais, incluindo artralgias, fraqueza generalizada e perda de peso. Manifestações renais podem ser agudas e incluem a síndrome de Fanconi (acidosetubular renal com aminoacidúria, glicosúria e fosfatúria). Manifestações crônicas incluem nefrite intersticial, lesão renal, hipertensão, gota (raro e inespecífico). Crianças e lactentes com níveis de chumbo no sangue > 10 mcg/dL apresentam retardo desenvolvimento cognitivo. ↳ Manejo A primeira medida nesses pacientes é removê-los do contato com a fonte de intoxicação. O uso de carvão ativado não é indicado, pois o carvão não se liga ao chumbo. Se os exames de imagem abdominais demonstrarem manchas radiopacas consistentes com o chumbo, deve-se instituir a irrigação do intestino completo com solução eletrolítica de polietilenoglicol. O tratamento de suporte é importante e realizado com as medidas padrão, com uso de benzodiazepínicos para convulsões e se necessário com propofol ou barbitúricos. Pacientes com sinais e sintomas de intoxicação e um nível elevado de chumbo no sangue devem receber tratamento específico, mas esse tratamento é raramente iniciado no Departamento de Emergência. Se houver suspeita de encefalopatia por chumbo, deve-se iniciar a terapia de quelação, não sendo necessário esperar resultado de exames laboratoriais. Opções para quelação incluem dimercaprol em dose de 75 mg/m2 4/4 horas por 5 dias. Pacientes sem encefalopatia, mas com níveis de chumbo > 70 mcg/dL também têm indicação de quelação. Outra opção é o edetato de cálcio dissódico, 1.500 mg/m2 por dia por infusão contínua ou em 2-4 doses fracionadas IV por 5 dias com as mesmas indicações que o dimercaprol. O succímero é indicado se os níveis de chumbo estiverem entre 45 e 69 mcg/dL (se níveis > 70 mcg/dL se indica o dimercaprol); a dose é de 10 mg/kg oral a cada 8 por 5 dias. Outro agente quelante, a penicilamina, não recebeu aprovação para tratamento da toxicidade por chumbo pelo FDA, mas há experiência publicada demonstrando benefícios, e a penicilamina é usada na Europa para envenenamento por chumbo. A internação hospitalar é recomendada nas seguintes situações: • Pacientes com sintomas ou com nível de chumbo no sangue > 70 mcg/dL. • Pacientes com sintomas neurológicos centrais. • Aproximadamente 85% dos pacientes que sofrem de encefalopatia tóxica por chumbo desenvolvem danos neurológicos centrais permanentes, incluindo convulsões, retardo mental em crianças e déficits cognitivos em adultos. A dor em cólica abdominal geralmente desaparece dentro de alguns dias após o início da terapia de quelação, e outras manifestações agudas desaparecem dentro de 1 a 16 semanas com a terapia. A nefropatia induzida por chumbo pode ser parcialmente reversível com a terapia de quelação. ↳ Epidemiologia Estima-se que o chumbo seja utilizado em mais de 200 processos industriais diferentes com destaque para a produção de acumuladores elétricos. Este segmento abriga além de grandes empresas com melhor controle das condições ambientais de trabalho, pequenas empresas, muitas das quais instaladas em regiões residenciais, e funcionando à margem da legislação trabalhista, ambiental e de saúde. No nosso meio, os homens constituem a maior parte dos atingidos pela intoxicação pelo chumbo dada a natureza das atividades que utilizam o metal (empregam predominantemente o sexo masculino). No Brasil, além dos casos relacionados à produção e reforma de baterias automotivas tem sido relatados casos entre trabalhadores da indústria de plástico, entre trabalhadores que usam rebolos contendo chumbo para lapidação de pedras preciosas, instrução e aprendizado de tiro, reparação de radiadores de carro, reciclagem de baterias automotivas, redução de minérios ricos em ouro para obtenção deste, entre outros. Principais atividades ocupacionais que expõem os trabalhadores ao risco de intoxicação: • Exposições ocupacionais a poeiras e fumos de chumbo • Extração, concentração e refino de minérios contendo chumbo • Fundição de chumbo • Produção, reforma e reciclagem de acumuladores elétricos • Fabricação e têmpera de aço chumbo • Fundições de latão e bronze • Reparo de radiadores de carro • Manuseio de sucatas de chumbo • Instrução e prática de tiro • Produção de cerâmicas • Jateamento de tintas antigas à base de chumbo • Soldas à base de chumbo • Produção de cristais ⟶ MERCÚRIO O mercúrio é um metal líquido, podendo ocorrer em formas inorgânicas e orgânicas. Os compostos de mercúrio inorgânicos são subdivididos em sais de mercúrio elementar (mercúrio), mercúrio (Hg+) (p. ex., cloreto de mercúrio) e mercúrico (Hg2+) (p. ex., cinábrio ou sulfureto mercúrico). As formas orgânicas de mercúrio podem ser divididas em formas com cadeias curtas (alquilas) e cadeias longas (arilas). As formas orgânicas de mercúrio têm neurotoxicidade tardia. O mercúrio tem uso médico como antiparasitário, diurético, agente catártico, antisséptico e preservativo. Todas as formas de mercúrio são potencialmente tóxicas, mas diferem quanto aos meios de exposição, vias de absorção, constelações de achados clínicos e respostas à terapia. O mercúrio elementar é absorvido principalmente pela inalação de vapor. O mercúrio elementar, a partir de um termômetro quebrado ou de uma lâmpada fluorescente é altamente volátil devido ao calor e ao fluxo de ar. A absorção pelo trato gastrointestinal é geralmente insignificante, de modo que a deglutição de mercúrio contida em um termômetro de vidro (mercúrio elementar) não produz efeitos adversos, a menos que a mucosa esteja danificada. O mercúrio elementar pode ser absorvido por via dérmica. Injeções de mercúrio intravenosa podem produzir êmbolos pulmonares e sistêmicos de mercúrio. O mercúrio elementar atravessa a barreira hematoencefálica, onde é ionizado e mantido no SNC. Os sais de mercúrio inorgânicos são absorvidos principalmente pelo trato gastrointestinal, mas também podem ser absorvidos pela pele intacta. Os sais mercúricos se depositam na forma ionizada principalmente no rim, seguidos pelo fígado e baço. Os sais de mercúrio não entram no SNC em quantidades significativas nem atravessam a placenta. O mercúrio se liga a grupos sulfidrila, afetando um número significativo de sistemas enzimáticos e proteicos. O metilmercúrio também inibe a acetilcolinatransferase, que catalisa a etapa final na produção de acetilcolina e pode produzir sintomas de deficiência de acetilcolina. Os sais de mercúrio produzem necrose tubular renal proximal. ↳ Manifestações clínicas Os efeitos clínicos da intoxicação por mercúrio dependem da forma e, em alguns casos, da via de administração. Em geral, os sistemas neurológico, gastrointestinal e renal são predominantemente afetados. Os sintomas agudos após a inalação de vapor de mercúrio elementar incluem dispneia, febre/calafrios, tosse, náusea, vômito, diarreia, paladar metálico, dores de cabeça, fraqueza e visão embaçada. Em casos graves, os pacientes podem desenvolver lesão pulmonar aguda e desconforto respiratório grave com hipoxemia. Após o metabolismo do mercúrio elementar ingerido ou injetado em sais inorgânicos, os pacientes também podem desenvolver sinais de toxicidade, incluindo tremores e insuficiência renal usualmente por necrose tubular aguda. A aspiração de mercúrio metálico é frequentemente associada a pneumonite aspirativa e síndrome de desconforto respiratória agudo. Os sais inorgânicos de mercúrio são cáusticos, e uma ingestão aguda produz uma grave gastroenterite hemorrágica com dor abdominal, muitas vezes associada a sabor metálico. Os pacientes podem apresentar sensação de queimação na boca, lesões dentárias e salivação excessiva. A desidratação e perda de volume para terceiro espaço pode cursar com choque e colapso cardiovascular. A lesão renal aguda resulta tanto da toxicidade direta dos íons de mercúrio quanto da diminuição da perfusãorenal causada por choque. Os pacientes podem ainda cursar com proteinúria que poderia ser reversível ou síndrome nefrótica. Os sinais de toxicidade neurológica crônica incluem tremores, cefaleia, sensação de fadiga, depressão e dificuldade de concentração. Alterações comportamentais incluem timidez, labilidade emocional, irritabilidade, insônia e delirium. Um sintoma característico são parestesias orofaciais. Em casos graves, os pacientes podem desenvolver ataxia, rigidez muscular e espasticidade, cegueira, déficits auditivos e demência. Uma importante síndrome clínica neurológica associada a intoxicação por mercúrio é o eretismo, que é uma síndrome que cursa com ansiedade, irritabilidade, perda de memória, cansaço, desânimo, labilidade emocional, baixa autoestima, depressão, delírios e alucinações. Os achados de ressonância magnética na intoxicação por mercúrio incluem atrofia acentuada do córtex visual, verme cerebelar e hemisférios cerebelares e córtex pós-central. Uma outra alteração característica é a chamada acrodinia. Os pacientes apresentam eritema de palmas de mãos e solas dos pés, podendo se estender para tórax e nariz, sudorese generalizada, fotofobia, febre, taquicardia, irritabilidade e esplenomegalia. Em crianças, pode ocorrer hipotonia generalizada com fraqueza particular dos músculos pélvico e peitoral. ↳ Manejo O tratamento inicial é de suporte, não sendo recomendado o uso de carvão ativado ou descontaminação gastrointestinal. Os pacientes devem ser removidos da sua exposição. A hemodiálise não aumenta a depuração do mercúrio, mas pode ser indicada para o tratamento da lesão renal aguda. Exposição inalatória pode necessitar de suporte ventilatório com pressão positiva. O tratamento sintomático pode ser realizado com medicações antidiarreicas como salicilato de bismuto; em pacientes hipoxêmicos deve-se administrar oxigênio suplementar, assim como hidratação endovenosa em pacientes com perda volêmica significativa. A neostigmina pode melhorar a função motora em pacientes intoxicados com metil mercúrio, melhorando os níveis de acetilcolina na junção neuromuscular. A terapia com quelação é indicada em pacientes com intoxicações clinicamente significativas. O dimercaprol e o succímero são os quelantes preferidos para o envenenamento por mercúrio. O regime de quelação é ajustado de acordo com a resposta clínica e o desenvolvimento de reações adversas. As reações adversas com dimercaprol aumentam com a dose e incluem náuseas, vômitos, cefaleia, parestesias e diaforese. O dimercaprol aumenta o transporte de mercúrio para o cérebro, e a medicação é contraindicada em intoxicações por sais orgânicos de mercúrio. As reações adversas com dimercaprol aumentam com a dose e incluem náuseas, vômitos, cefaleia, parestesias e diaforese. Na intoxicação por sais inorgânicos devem receber dimercaprol, 5 mg/kg IM a cada 4 h por 2 dias, seguido por 2,5 mg/kg IM a cada 6 h por 2 dias, seguidos por 2,5 mg/kg IM a cada 12 a 24 h até que ocorra melhora clínica. Após essa melhora clínica, pode-se passar o tratamento para via oral com succimer na dose de 10 mg/kg VO a cada 8 horas por 5 dias, então cada 12 horas por 14 dias. A plasmaférese tem benefício relatado em um caso de ingestão de cloreto mercúrico. A internação hospitalar é recomendada para as seguintes situações: • Pacientes com suspeita de ingestão de sais de mercúrio. • Pacientes com suspeita de inalação de vapor de mercúrio elementar com lesão pulmonar. • Pacientes que necessitam de terapia com dimercaprol. Casos leves de envenenamento por sal elementar e mercúrio e casos muito leves de toxicidade do mercúrio orgânico podem ter recuperação completa. A maioria dos pacientes com intoxicação orgânica por mercúrio sintomático mantém déficits neurológicos residuais. A descontaminação ambiental e a remoção do paciente, membros da família e colegas de trabalho de um local de contaminação contínua é fundamental. ↳ Epidemiologia Estima-se que na região mineradora da Amazônia cerca de 1,7% (17 a cada 1000) nascidos em regiões pescadoras sofrem problemas cognitivos por intoxicação de mercúrio.[13] Rios de água negra, como o Rio Negro, já apresentam naturalmente elevados valores de mercúrio em suas águas que são somados aos dejetos industriais e aumentam o risco da população local.[14] Na baía de Sepetiba (RJ), onde despejam mais de 200kg/ano de mercúrio, concentrações elevadas de mercúrio foram encontradas em peixes coletadas nas suas regiões distantes como a baía de Ilha Grande. [15] Bebês são especialmente vulneráveis podendo já nascer com retardo mental e problemas de visão, audição e fala se a mãe consome frutos do mar com muito mercúrio durante a gravidez ou lactância. ⟶ BENZENO O benzeno, um líquido claro volátil de odor aromático acre, é um dos agentes químicos industriais mais amplamente utilizados. Ele é um subproduto da gasolina e é usado como solvente industrial e como intermediário químico na síntese de vários materiais. O benzeno pode ser encontrado em corantes, plásticos, inseticidas e em muitos outros materiais e produtos. Em geral, não está presente em produtos de uso doméstico. ↳ Mecanismo de toxicidade. Como outros hidrocarbonetos, o benzeno pode causar uma pneumonia química se for aspirado. A. Uma vez absorvido, o benzeno causa depressão do SNC e poderá sensibilizar o miocárdio aos efeitos arritmogênicos de catecolaminas. B. O benzeno também é conhecido pelos seus efeitos crônicos sobre o sistema hematopoiético, que se acredita serem mediados por um metabólito intermediário tóxico reativo. C. O benzeno é um carcinógeno humano conhecido. ↳ Dose tóxica O benzeno é absorvido rapidamente por inalação e ingestão e, em uma extensão limitada, por via percutânea. A. A ingestão aguda de 2 mL poderá produzir neurotoxicidade, e uma ingestão de apenas 15 mL levou ao óbito. B. O limite recomendado para o local de trabalho para o vapor do benzeno é de 0,5 ppm (1,6 mg/m3) em uma média de 8 horas. O limite de exposição a curto prazo é de 2,5 ppm. O nível considerado como imediatamente perigoso à vida e à saúde (IDLH) é de 500 ppm. Uma única exposição a 7.500 até 20.000 ppm poderá ser fatal. A exposição crônica a concentrações aéreas bem inferiores ao ponto de percepção do odor (2 ppm) está associada à toxicidade hematopoiética. C. O nível máximo de contaminante (MCL, do inglês maximum contaminant level) em água definido pela EPA é de 5 ppb. Apresentação clínica A. A exposição (intoxicação) aguda pode causar efeitos imediatos sobre o SNC, incluindo dor de cabeça, náuseas, tontura, tremor, convulsões e coma. Os sintomas de toxicidade ao SNC deverão estar aparentes imediatamente após a inalação ou em 30 a 60 minutos após a ingestão. A inalação grave poderá advir da sensibilidade aumentada do miocárdio às catecolaminas. O benzeno pode causar queimaduras químicas na pele no caso de exposição intensa ou prolongada. B. Após exposição (intoxicação) crônica, poderão ocorrer distúrbios hematológicos, como pancitopenia, anemia aplástica e leucemia mieloide aguda e suas variantes. Ele é suspeito como causa de leucemia mieloide crônica, leucemia linfoide crônica, mieloma múltiplo, doença de Hodgkin e hemoglobinúria paroxística noturna. Existe uma associação não comprovada entre a exposição ao benzeno e a leucemia linfoblástica aguda, a mielofibrose e os linfomas. Foram registradas anormalidades cromossômicas, embora não tenham sido descritos efeitos sobre a fertilidade em mulheres após a exposição ocupacional. ↳ Tratamento A. Emergência e medidas de apoio • Manter uma via aérea aberta e fornecer ventilação quando necessário (p. 1-7). • Tratar coma (p. 18), choque (p. 22), arritmias (p. 10-15)e outras complicações caso ocorram. • Ser cauteloso com o uso de qualquer agente _- adrenérgico (p. ex., epinefrina, albuterol) pela possibilidade de ocorrência de disrritmias devidas à sensibilização do miocárdio. • Monitorar os sinais vitais e o ECG por 12 a 24 horas após exposição significativa. B. Fármacos e antídotos específicos. Não existe antídoto específico. C. Descontaminação • Inalação. Deslocar imediatamente a vítima para local de ar puro e fornecer oxigênio quando disponível. • Pele e olhos. Remover as roupas e lavar a pele; irrigar os olhos expostos com quantidades copiosas de água ou soro fisiológico. • Ingestão (p. 47). Administrar carvão ativado VO caso as condições sejam apropriadas. Considerar aspiração gástrica com um tubo pequeno flexível em caso de ingestão ampla (p. ex., 150 a 200 mL) e ocorrida nos 30 a 60 minutos anteriores. D. Eliminação aumentada. Diálise e hemoperfusão não são eficientes. ↳ Epidemiologia Com dados do Censo 2010, aos quais se aplicaram os parâmetros da FINJEM, estima-se que do total de 86.353.839 trabalhadores ativos, formais e informais no Brasil, 7.376.761 (8,5%) estavam envolvidos em atividades ocupacionais com exposição potencial ao benzeno (Figura 1). Dentre esses, pode-se projetar que 770.212 (10,5%) trabalhadores estavam, certamente, expostos ao benzeno no ambiente de trabalho. Do total de expostos ao benzeno (n=770.211), o maior número (n=474.116) foi de Operadores e Mecânicos de Máquinas e Motores, mais da metade (61,6%) dos trabalhadores. Suas atividades envolvem o manuseio do benzeno ao utilizá-lo como solvente, diluente, lubrificante ou desengordurante, na limpeza de peças e equipamentos ou reparo de máquinas e veículos. O 2º maior grupo de expostos foi de Frentistas de Postos de Combustíveis (n=129.313) com 16,8% do total de expostos. A maioria dos trabalhadores expostos ao benzeno (n= 552.146, 71,7%) era do sexo masculino, ficando as mulheres com 218.065 (28,3%) do total de expostos. Para ambos os sexos, o grupo ocupacional mais prevalente foi o de Operadores e Mecânicos de Máquinas e Motores, 318.313 homens (57,7%) e 155.803 mulheres (71.4%), estas com muito maior concentração dentre as expostas ao benzeno, nesta ocupação. No sexo masculino, frentistas de Postos de Combustíveis (n=112.244) compreendem 20,3% dos expostos, e Pintores e afins (n=33.134) apenas 6,0%, seguidos por proporções muito pequenas. Entre as mulheres, Frentistas de Postos de Combustíveis também ficam com a segunda posição entre as prevalentes entre os expostos (n=17.069), mas representam apenas 7,8%. Em seguida aparecem as trabalhadoras de Instalações de Processos Químicos (n=12.820) que compõem 5,9% dos expostos. Estes achados revelam diferenças na distribuição de homens e mulheres entre os diversos grupos ocupacionais, que por sua vez demonstram o perfil produtivo do país. Importante notar a expressividade da participação de mulheres na produção manufatureira e serviços que se associam a este cancerígeno, apontando para a necessidade de proteção para ambos os sexos. ⟶ AGENTES NEUROTÓXICOS Os agentes neurotóxicos são substâncias químicas altamente capazes de induzir alteração na integridade do SN, seja nas membranas celulares, nos sistemas neurotransmissores, na atividade sináptica, na bainha de mielina, nas células gliais ou outro componente qualquer. Eles são de ação rápida. Exposta a altas doses, a vítima pode sofrer convulsões imediatas, sufocamento ou morte decorrente de parada cardíaca. Eles podem ser empregados em forma de gás, aerossol ou líquido. Eles podem ser liberados através do uso de bombas, explosivos, tanques de spray e foguetes — ou até mesmo usando a própria mão. Exemplos: tolueno, estireno, n-hexano, mercúrio orgânico, chumbo, tricloroetano, aromáticos mistos, acetonas, etc. São muito comuns em indústrias de petróleo. Nas intoxicações ocupacionais, as exposições às substâncias neurotóxicas causam sinais e sintomas iniciais ambíguos e imprecisos, vagos e pouco objetivos: cefaleia, vertigens, náuseas, astenia, fadiga, depressão, frequentemente reversíveis, que podem ser encontrados em outras alterações fisiológicas ou patológicas. ⟶ SOLVENTES Em geral, o relato de indivíduos que fizeram uso abusivo de solventes envolve a descrição de sensações semelhantes àquelas provocadas pelo consumo de álcool, ou seja: euforia inicial, perda de coordenação motora e da fala, seguidas de diminuição da consciência. Tais efeitos também podem, de forma geral, ser comparados àqueles produzidos por fármacos depressores do sistema nervoso central (SNC), como os barbitúricos. Os solventes não apresentam apenas uma grande variedade em termos estruturais: seus efeitos tóxicos são amplos e podem atingir diferentes órgãos e sistemas. Assim, hepatotoxicidade, perda de sensibilidade da face, distúrbios hematopoiéticos como anemia, aplasia e leucemia são algumas das diversas manifestações da ação tóxica dessa classe de compostos. Além desses, outro risco é a morte súbita induzida pelo uso abusivo de solventes, conhecida genericamente como "morte súbita por inalação de solventes" (sudden snijfing death syndrome, SSDS), que pode ser definido como um problema cardíaco decorrente do uso abusivo dessas substâncias, seguido da execução de uma atividade estressante ou desgastante, situação na qual a musculatura cardíaca passa a ter maior sensibilidade aos efeitos da adrenalina. Hidrocarbonetos são compostos químicos que contêm apenas moléculas de carbono e hidrogênio. Esses compostos são encontrados em produtos como gasolina, querosene, fluido de isqueiro, removedores de tinta, clorofórmio e em algumas substâncias utilizadas como drogas de abuso, como cola de sapateiro, lança-perfume, cheirinho de loló e antirrespingo de solda. Pode-se dividir os hidrocarbonetos em quatro tipos: aromáticos (contêm pelo menos 1 anel de benzeno; p. ex., removedores de tinta), alifáticos (derivados do petróleo; p. ex., gasolina), halogenados (presença de uma ou mais moléculas de flúor, cloro ou bromo; p. ex., clorofórmio) e terpenos (substância natural derivado de plantas). Os hidrocarbonetos possuem um amplo espectro de potencial tóxico, desde baixa toxicidade e lesão no órgão com que entrou em contato até alterações sistêmicas graves. O risco de toxicidade sistêmica por aspiração é diretamente proporcional à volatilidade e inversamente proporcional a tensão superficial e viscosidade da substância, e o risco de pneumonite química segue o inverso. A toxicidade sistêmica é mais comum nos compostos aromáticos e halogenados – o início e a duração da ação costumam ser rápidos. Esses compostos são altamente lipossolúveis, penetrando no sistema nervoso central e alterando a permeabilidade das membranas neuronais, potencializando a atividade GABAérgica (inibitória) e inibindo a atividade do glutamato (excitatória) agudamente. Sua cardiotoxicidade remete à capacidade de sensibilização do músculo cardíaco à ação de catecolaminas, o que predispõe a arritmias. Além disso, podem substituir o ar alveolar com consequente hipoxemia. Na inspiração, todos os compostos podem causar uma pneumonite química devido à lesão direta da mucosa e a solubilização do surfactante pulmonar, levando a uma resposta em inflamatória local e sistêmica. O uso crônico ocasiona atrofia cerebral e neuropatia periférica. A ingestão culmina nos mesmos efeitos da inalação, a depender da quantidade absorvida pelo trato gastrointestinal, porém não causa lesão pulmonar direta. ↳ Manifestações clínicas A ingestão de pequenas quantidades costuma ser assintomática ou causar sintomas gastrointestinais leves como odinofagia, náuseas e vômitos. A toxicidade sistêmica é reconhecidapela presença de febre, tosse, taquipneia, sibilância, alteração do nível de consciência, ataxia, convulsões, arritmias. As principais manifestações clínicas são resumidas na Tabela 4. Os sinais e sintomas de pneumonite química costumam surgir após 12 horas da exposição e são semelhantes às manifestações pulmonares da exposição aguda. Febre após 48 horas deve levantar a hipótese de infecção bacteriana associada ao quadro. Há o risco de morte súbita após a inalação de hidrocarbonetos, principalmente os compostos halogenados, conhecido como sudden sniffing death. É um evento raro e ocorre por colapso cardiovascular, mais comum em pessoas que utilizam a substância pela primeira vez. O uso inalatório como droga de abuso costuma apresentar quatro fases (Tabela 5). Além dos sinais e sintomas citados, a intoxicação pode levar a necrose hepática e necrose tubular renal aguda em 1 a 2 dias após a exposição. ↳ Manejo A equipe médica deve estar paramentada para evitar a própria exposição tópica ao químico, assim como idealmente proceder o atendimento em ambiente ventilado. A prioridade inicial do atendimento é a estabilização. Deve-se realizar a intubação orotraqueal em caso de insuficiência respiratória refratária a oxigênio ou rebaixamento do nível de consciência. Se convulsões, utilizar benzodiazepínicos e, na refratariedade, considerar o uso de fenobarbital. Recomenda-se cautela na administração de noradrenalina ou adrenalina no choque pelo risco de arritmias cardíacas. A realização de lavagem gástrica e o uso de carvão ativado estão contraindicados nos casos de ingestão de hidrocarboneto. Orienta-se, se houver contato da substância com pele e mucosas, lavar com água corrente e sabão. Em caso de contato com olho, everte-se a pálpebra e lavase abundantemente com solução fisiológica. Na vigência de broncoespasmo, administra-se beta-2- agonista inalatório. Pneumonite ocorre após 12 horas e deve ser manejada com oxigênio suplementar, se necessário, e com vigilância respiratória. Em caso de insuficiência respiratória, procede-se à intubação orotraqueal e à ventilação mecânica. O uso de corticoides não se mostrou benéfico nessa situação e é contraindicado. Um estudo com 19 crianças demonstrou benefício do uso de ECMO, porém mais estudos são necessários para confirmar esse dado. O uso de antibiótico está indicado apenas se suspeita de infecção bacteriana concomitante (Tabela 6). Todo paciente sintomático, com intoxicação maciça ou tentativa de suicídio, deve ser internado para observação. Os demais são observados por pelo menos 6 horas no Departamento de Emergência com monitorização eletrocardiográfica contínua devido ao risco de arritmias. Deve-se realizar pelo menos uma radiografia de tórax na admissão e uma imediatamente antes da alta. As indicações de internação e alta estão descritas na Tabela 7. Toda suspeita de intoxicação ou intoxicação confirmada por hidrocarbonetos deve ser notificada 2) CARACTERIZAR A IMPORTÂNCIA E AS FORMAS DE MANEJO DO LIXO INDUSTRIAL, EXPLICANDO AS INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS NA PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO AMBIENTAL E OS INSTRUMENTOS APLICÁVEIS PARA SUA FISCALIZAÇÃO. (EXPLICAR RESÍDUO DE LOGÍSTICA REVERSA OBRIGATÓRIA.) ⟶ LIXO INDUSTRIAL Uma das grandes preocupações da humanidade é a crescente geração de resíduos sólidos que necessitam de um destino final sustentável, técnico e ambientalmente adequado. Nos últimos anos, esses resíduos apresentam-se como um dos principais problemas nas áreas urbanas, pois sua geração, descarte e disposição inadequados provocam diversos impactos ambientais, sociais, e econômico e de saúde pública. A minimização de resíduos sólidos consiste em uma estratégia importante no processo de gerenciamento de resíduos, pois baseIa-se na adoção de técnicas que possibilitam a redução do volume ou toxicidade dos resíduos. Essas técnicas são vantajosas economicamente, pois oferecem uma redução de custos de destinação e geram receitas através da comercialização dos produtos decorrentes do tratamento ou separação dos resíduos. Os resíduos sólidos podem ser classificados quanto à estrutura e composição química, ao seu aproveitamento para transformação, aos riscos potenciais ao meio ambiente e, ainda, quanto à origem. ↳ QUANTO À ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO QUÍMICA Resíduos orgânicos: são aqueles que possuem origem animal ou vegetal. A maioria pode ser utilizada na compostagem sendo transformados em fertilizantes ou corretivos do solo, contribuindo para o aumento da taxa de nutrientes e melhorando a qualidade da produção agrícola. Resíduos inorgânicos: todo material que não possui origem biológica ou que foi transformado pelo homem. Geralmente estes resíduos, quando lançados diretamente no meio ambiente, levam mais tempo para serem degradados. ↳ QUANTO AO APROVEITAMENTO PARA TRANSFORMAÇÃO Resíduos recicláveis: aqueles resíduos que constituem interesse de transformação, que tem mercado ou operação que viabilize sua transformação industrial. Resíduos não recicláveis: resíduos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos acessíveis e disponíveis, não apresentem outra possibilidade além de aterros industriais ou sanitários. ↳ QUANTO AOS RISCOS POTENCIAIS AO MEIO AMBIENTE Resíduo perigoso – Classe I: aqueles que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente, apresentando uma ou mais das seguintes características: periculosidade, inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Resíduo não perigoso não inerte – Classe IIA: aqueles que, em contato com a água, tiverem algum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuandose aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. Resíduo não perigoso inerte – Classe IIB: aqueles que em contato com a água não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. ↳ QUANTO À ORIGEM Resíduos domiciliares: gerados a partir das atividades diárias nas residências com 50% a 60% de composição orgânica e o restante formado por embalagens em geral e rejeitos. Resíduos de limpeza urbana: resíduos provenientes dos serviços de varrição de vias públicas, limpeza de praias, galerias, córregos e terrenos, restos de podas de árvores e limpeza de feiras livres. Resíduos de estabelecimentos comerciais e de serviços: variam de acordo com a atividade dos estabelecimentos. No caso de restaurantes, bares e hotéis predominam os resíduos orgânicos; já em escritórios, bancos e lojas predominam os resíduos de papel e plástico. Os resíduos comerciais podem ser divididos em dois grupos dependendo da sua quantidade gerada por dia. O pequeno gerador pode ser considerado como o estabelecimento que gera até 120 litros por dia e o grande gerador é o estabelecimento que gera um volume superior a esse limite. ↳ RESÍDUOS INDUSTRIAIS: Resíduos gerados pelas atividades industriais, tais como metalúrgica, química, petroquímica, papelaria, alimentícia, entre outras. São resíduos muito variados que apresentam características diversificadas. Exemplos de resíduos industriais: • Cinzas. • Lodos. • Óleos. • Fibras. • Borracha. • Metal. O princípio do “poluidor-pagador” encontra-se estabelecido na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938, de 31/8/1981). Isso significa dizer que “cada gerador é responsável pela manipulação e destino final de seu resíduo”. Mas isso nem sempre acontece, muitas vezes as indústrias armazenam seus resíduos em locais inapropriados criando graves passivos ambientais, contaminando o solo, a água e o ar.Os resíduos sólidos industriais são todos os resíduos no estado sólido ou semissólido resultantes das atividades industriais, incluindo lodos e determinados líquidos, cujas características tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água. O resíduo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, inclui-se grande quantidade de resíduo tóxico, que necessita de tratamento especial pelo seu potencial de envenenamento (SILVA, 2008). Muitas substâncias produzidas devido ao processo industrial, ou sobras de insumos industriais, podem provocar diversos problemas ambientais e à saúde pública. Os resíduos sólidos industriais devem ser classificados antes de serem levados ao tratamento e à disposição final. Para Flohr, a classificação dos resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem e de seus constituintes e características e a comparação com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. De maneira geral, esta classificação se dá a partir das análises físico-químicas sobre o extrato lixiviado obtido a partir da amostra bruta do resíduo. As concentrações dos elementos detectados nos extratos lixiviados são comparadas com os limites máximos estabelecidos nas listagens constantes da NBR 10.004/04. Importante Um resíduo é classificado por apresentar periculosidade, inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade, características estas definidas pela norma supracitada. Resíduos que apresentem pelo menos uma destas características são classificados como resíduos classe I. Aqueles que não apresentam nenhuma destas características são classificados como classe II ↳ TRATAMENTO É necessário proceder ao tratamento de resíduos industriais com vistas à sua reutilização ou à sua inertização. Dada a diversidade desses resíduos, não existe um processo de tratamento pré-estabelecido, havendo sempre a necessidade de realizar pesquisas e desenvolvimento de processos economicamente viáveis. As principais formas de tratamento e destinação dos resíduos industriais são: reaproveitamento do resíduo no próprio processo de fabricação, reciclagem, aterros industriais, coprocessamento, incineração, landfarming e encapsulamento. O Aterro Industrial é uma alternativa de destinação de resíduos industriais que se utiliza de técnicas que permitem a disposição controlada desses resíduos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e minimizando os impactos ambientais. Essa técnica consiste em confinar os resíduos industriais na menor área e volume possíveis, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho ou intervalos menores, caso necessário. Os aterros industriais são classificados nas classes I, II ou III, conforme a periculosidade dos resíduos a serem dispostos. Os aterros Classe I podem receber resíduos industriais perigosos; os Classe II, resíduos não inertes; e os Classe III, somente resíduos inertes. O coprocessamento é o aproveitamento do resíduo na própria planta da indústria, seja através de sua fonte energética (queima), ou sua mistura com outros insumos ou matérias primas. A incineração é um processo de queima controlada na presença de oxigênio, no qual os materiais à base de carbono são reduzidos a gases e materiais inertes (cinzas e escórias de metal) com geração de calor. Landfarming pode ser definido como um sistema de tratamento de resíduos através de um processo biotecnológico, que utiliza a população microbiana do solo para a degradação. Muito utilizado para resíduos de petróleo. Encapsulamento, ou técnica de solidificação/estabilização, é um processo a partir do qual se procura fixar em uma matriz (cimento, por exemplo) os contaminantes presentes no resíduo visando transformá-los em materiais com melhores características de manuseio, transporte e destinação final. Existe ainda a gaseificação que é um processo onde os resíduos se transformam em gases e esses podem ser utilizados para a geração de energia e também o plasma que é uma excelente, porém cara, alternativa de disposição final. Nesse processo o resíduo é aquecido por uma chama a alta temperatura (plasma) que chega a cristalizar os resíduos insalubres. Lembre-se! Os aterros sanitários Classe I podem receber resíduos industriais perigosos; os Classe II, resíduos não inertes; e os Classe III, somente resíduos inertes. ↳ IMPORTÂNCIA O manejo adequado dos resíduos é uma importante estratégia de preservação do meio ambiente, assim como de promoção e proteção da saúde. Uma vez acondicionados em aterros, os resíduos sólidos podem comprometer a qualidade do solo, da água e do ar, por serem fontes de compostos orgânicos voláteis, pesticidas, solventes e metais pesados, entre outros. A decomposição da matéria orgânica presente no lixo resulta na formação de um líquido de cor escura, o chorume, que pode contaminar o solo e as águas superficiais ou subterrâneas pela contaminação do lençol freático. Pode ocorrer também a formação de gases tóxicos, asfixiantes e explosivos que se acumulam no subsolo ou são lançados na atmosfera. Os locais de armazenamento e de disposição final tornam-se ambientes propícios para a proliferação de vetores e de outros agentes transmissores de doenças. Pode haver também a emissão de partículas e outros poluentes atmosféricos, diretamente pela queima de lixo ao ar livre ou pela incineração de dejetos sem o uso de equipamentos de controle adequados. De modo geral, os impactos dessa degradação estendem-se para além das áreas de disposição final dos resíduos, afetando toda a população. Além desses impactos mais imediatos no ambiente, a disposição de resíduos sólidos pode contribuir de maneira significativa com o processo de mudanças climáticas. A decomposição anaeróbica da matéria orgânica presente nos resíduos gera grandes quantidades de GEE, principalmente o metano (CH4), segundo gás em importância dentre os considerados responsáveis pelo aquecimento global. O potencial de emissão de metano aumenta com a melhora das condições de controle dos aterros e da profundidade dos lixões. decorrentes das diferentes formas de disposição de resíduos sólidos oferecem também riscos importantes à saúde humana. Sua disposição no solo, em lixões ou aterros, por exemplo, constitui uma importante fonte de exposição humana a várias substâncias tóxicas. As principais rotas de exposição a esses contaminantes são a dispersão do solo e do ar contaminado, a Os vários impactos ambientais lixiviação e a percolagem do chorume. O último pode ocorrer não apenas enquanto o lixão ou o aterro está em funcionamento, mas também depois de sua desativação, uma vez que os produtos orgânicos continuam a degradar. Como a questão ambiental vem ganhando apoio de várias entidades, o reaproveitamento de resíduos tornou-se, nos últimos anos, fonte de pesquisa constante. Segundo Tchobanoglous et al. (2002), o gerenciamento de resíduos sólidos pode ser definido como a disciplina associada ao controle da geração, estocagem, coleta, transferência, transporte, processamento e disposição dos resíduos sólidos, de acordo com princípios de saúde pública, econômicos, de engenharia, de conservação, estéticos e de proteção ao meio ambiente, sendo também responsável pelas atitudes públicas. Dessa forma, o gerenciamento exige o emprego das melhores técnicas para o enfrentamento da questão. A solução do problema dos resíduos sólidos pode envolver uma complexa relação interdisciplinar, abrangendo, por exemplo, os aspectos políticose geográficos, o planejamento local e regional e elemento de sociologia e demografia. Gerenciar os resíduos de forma integrada é articular ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento, apoiadas em critérios sanitários, ambientais e econômicos, para coletar, tratar e dispor o lixo de uma cidade, ou seja, significa acompanhar de forma criteriosa todo o ciclo dos resíduos, da geração à disposição final (“do berço ao túmulo”), empregando as técnicas e tecnologias mais compatíveis com a realidade local. ⟶ INSTITUIÇÕES ↳ SISNAMA O Sisnama foi instituído pela Lei 6.938/1981, regulamentada pelo Decreto 99.274/1990, sendo constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas fundações instituídas pelo poder público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. A atuação do SISNAMA se dará mediante articulação coordenada dos órgãos e entidades que o constituem, observado o acesso da opinião pública às informações relativas às agressões ao meio ambiente e às ações de proteção ambiental, na forma estabelecida pelo Conama. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a regionalização das medidas emanadas do Sisnama, elaborando normas e padrões supletivos e complementares. Os órgãos seccionais prestarão informações sobre os seus planos de ação e programas em execução, consubstanciadas em relatórios anuais, que serão consolidados pelo Ministério do Meio Ambiente, em um relatório anual sobre a situação do meio ambiente no país, a ser publicado e submetido à consideração do Conama, em sua segunda reunião do ano subsequente. De acordo com a Lei nº 6.938/81, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente, o SISNAMA é composto de: Conselho de Governo – Órgão superior do sistema, reúne todos os ministérios e a Casa Civil da Presidência da República na função de formular a política nacional de desenvolvimento do País, levando em conta as diretrizes para o meio ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) – é o órgão consultivo e deliberativo, formado por representantes dos diferentes setores do governo (em âmbitos federal, estadual e municipal), do setor produtivo e da sociedade civil. Assessora o Conselho de Governo e tem a função de deliberar sobre normas e padrões ambientais. Ministério do Meio Ambiente (MMA) – órgão central, com a função de planejar, supervisionar e controlar as ações referentes ao meio ambiente em âmbito nacional. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) – encarrega-se de executar e fazer executar as políticas e as diretrizes nacionais para o meio ambiente. É o órgão executor. Órgãos Seccionais, entidades estaduais responsáveis pela execução ambiental nos estados, ou seja, as secretarias estaduais de meio ambiente, os institutos criados para defesa ambiental. Órgãos locais ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização ambiental nos municípios. ↳ IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis O Ibama é competente para lavrar auto de infração ambiental e instaurar o processo administrativo de apuração da infração na esfera federal, conforme a Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. O Ibama é competente para lavrar auto de infração ambiental e instaurar o processo administrativo de apuração da infração na esfera federal, conforme a Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. No entanto, para garantir a ampla defesa do meio ambiente, a competência de fiscalização ambiental é compartilhada com os demais entes da federação: estados, municípios e distrito federal, integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama). A fiscalização de atividades poluentes e contaminantes prevê ações relacionadas à poluição do ar, da água e do solo, resíduos sólidos e agrotóxicos, entre outras. Esses temas alcançam, continuamente, maior destaque e prioridade no país. São desenvolvidas operações de fiscalização de produtos e atividades potencialmente poluidoras e do uso adequado dos recursos naturais, como: • Exploração mineral ilegal, especialmente em Terras Indígenas e Unidades de Conservação Federais, de forma articulada com outros órgãos federais; • Entrada e comércio ilegal de mercúrio no país; • Produção, importação, exportação, disposição e uso de substâncias químicas perigosas reguladas pela Convenção de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm Roterdã e de poluentes orgânicos persistentes (POPS) regulados pela Convenção de Estocolmo, com ênfase nos agrotóxicos ilegais, em conjunto com órgãos parceiros; • Produção, importação, exportação, consumo de substâncias destruidoras da camada de ozônio, proibidas ou controladas pelo Protocolo de Montreal; • Importação ilegal e a destinação inadequada de pneumáticos, fiscalizando o cumprimento das cotas de destinação de importadoras e fabricantes; • Importação e exportação de resíduos contaminantes, fiscalizando o cumprimento da Convenção de Basileia; • Comércio e uso de dispositivos ilegais instalados em veículos automotores para burlar os programas de controle das emissões veiculares; • Registro de empreendimentos e atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos naturais no Cadastro Técnico Federal, com ênfase nas atividades de alto potencial poluidor e econômico; • Logística Reversa de Óleos Lubrificantes Usados e Contaminados (Oluc), verificando o cumprimento das metas de destinação de importadores e fabricantes. Os Núcleos de Fiscalização de Empreendimentos e Atividades Licenciadas (Nulic) atuam em ação conjunta e complementar à da Diretoria de Licenciamento Ambiental (Dilic) na apuração de infrações administrativas contra o meio ambiente relacionadas a empreendimentos e atividades licenciadas pelo Ibama, buscando garantir o correto processo de gestão do uso dos recursos naturais. Sua atuação se baseia, prioritariamente, na apuração de denúncias apresentadas pela Dilic, atendendo também a solicitações de diversos órgãos de controle e fiscalização, além da agenda própria de fiscalização dos empreendimentos. Dentre os ilícitos apurados, as principais infrações avaliadas pelo Nulic se relacionam ao descumprimento de condicionantes de licenças ambientais pelos empreendedores, descartes irregulares e vazamentos relacionados aos processos de exploração de petróleo e gás natural. ↳ CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). O conselho foi instituído pela Lei 6.938, de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. O CONAMA é um colegiado representativo de cinco setores: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil. Seus membros reúnem- se ordinariamente a cada três meses no Distrito Federal, podendo realizar Reuniões Extraordinárias em outros locais. Nesses casos, as reuniões sempre são convocadas pelo presidente do conselho, por iniciativa própria ou a requerimento de pelo menos 2/3 dos membros. Todos os encontros são públicos. O CONAMA é composto por Plenário, CIPAM (Comitê de Integração de Políticas Ambientais), Grupos Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O Conselho é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é exercida pelo Secretário- Executivo do Ministério do Meio Ambiente. É da competência do CONAMA: • Estabelecer, mediante proposta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, dos demais órgãos integrantes do SISNAMA e de Conselheiros do CONAMA, normase critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; • Determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, e às entidades privadas, informações, notadamente indispensáveis à apreciação de Estudos Prévios de Impacto Ambiental; • Determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; • Estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição causada por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes; ⟶ LOGÍSTICA REVERSA OBRIGATÓRIA A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei 12.305/2010) – apresenta princípios, objetivos e instrumentos visando à gestão integrada e ambientalmente adequada dos resíduos sólidos, considerando ainda o desenvolvimento socioeconômico. A PNRS define Logística Reversa como instrumento a ser instituído para viabilizar a coleta e a devolução de determinados resíduos sólidos ao setor produtivo/empresarial responsável. Dessa forma, resíduos anteriormente descartados poderão ser reaproveitados pelo próprio fabricante ou em outros ciclos produtivos. O instrumento aplica-se a todos os tipos de resíduos, principalmente aos produtos ou embalagens que representam riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Nesse sentido, para que o instrumento seja implementado, verifica- -se a necessidade de participação de diversos atores, estabelecendo-se a responsabilidade compartilhada pelos resíduos entre geradores, poder público, fabricantes e importadores. Os resíduos de sistema de logística reversa obrigatório são definidos nos termos da PNRS em seis grupos principais: pilhas e baterias, pneus, lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, produtos eletroeletrônicos e seus componentes e resíduos de embalagens de agrotóxicos. Outros tipos de resíduos, como medicamentos e embalagens em geral, também podem ser objeto da cadeia da logística reversa. Para tal, deve haver uma logística de recolhimento, independente do oferecimento de serviço público de limpeza urbana, de forma a garantir o retorno desses resíduos ao fabricante após o uso pelo consumidor final. Segundo a PNRS, para a implementação da logística reversa é necessário acordo setorial ou contrato entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes. Devem ser considerados aspectos de qualidade ambiental e de saúde pública, e todo o sistema deve ser avaliado sob os aspectos técnico e econômico. No período de maio a julho de 2011, pesquisadores do Ipea, em conjunto com especialistas temáticos, realizaram diagnósticos com o objetivo de traçar um panorama dos resíduos sólidos no Brasil, fornecendo subsídios à elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Entre esses diagnósticos, foi elaborado um que trata especificamente dos resíduos objeto da logística reversa. As principais fontes de dados foram o Sistema Nacional de Informações em Saneamento (SNIS) e a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), além de estudos feitos pelas Secretarias Estaduais de Meio Ambiente, Ministério do Meio Ambiente, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica. O estudo, buscou identificar as informações mais recentes sobre os resíduos de sistema de logística reversa obrigatória. Além disso, identificou os principais documentos legais dos âmbitos federal, estadual e municipal. A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico-2008 revelou que dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 2.937 (cerca de 53%) exercem controle sobre o manejo de resíduos especiais realizado por terceiros. Destes, apenas 11% exercem controle sobre pilhas e baterias e 10% sobre lâmpadas fluorescentes. O levantamento de informações possibilitou a identificação de dados oficiais sobre alguns dos resíduos, que se destacam por suas características de risco à saúde pública e ambiental. Também se verificou a dificuldade de estimar a geração dos resíduos, em termos quantitativos, em especial para resíduos eletroeletrônicos e lâmpadas fluorescentes. Atualmente, estão em andamento discussões sobre a cadeia de logística reversa para vários resíduos de sistema de logística reversa obrigatória. Em dezembro de 2011 foi lançado o primeiro chamamento para o acordo setorial para embalagens usadas de óleos lubrificantes. A execução dos sistemas de logística reversa apresenta, sem dúvida, desafios. Será necessário o planejamento de ações e o estabelecimento de metas específicas à logística reversa, por tipo de resíduo, garantindo sua integração aos objetivos gerais da PNRS, em articulação com outras políticas relacionadas ao tema. As pesquisas sobre resíduos sólidos, em especial a PNSB e outras, são importantes instrumentos para verificação do cumprimento de metas, após a implementação dos planos de resíduos, mediante adaptações para tal monitoramento. A Logística Reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. Para alguns produtos, devido ao grau e à extensão do impacto de seus resíduos à saúde e ao meio ambiente, deve-se implantar sistema de logística reversa específico. A Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), representa um marco para a sociedade brasileira em relação à sustentabilidade, pois apresenta uma visão avançada na forma como nos relacionamos com os resíduos sólidos que geramos. A PNRS introduz a Logística Reversa e o princípio da Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos Produtos. O cidadão, no papel de consumidor, é responsável por entregar os resíduos nas condições solicitadas e nos locais estabelecidos pelos sistemas de logística reversa. O setor privado, por sua vez, fica responsável pelo gerenciamento ambientalmente correto dos resíduos sólidos, pela sua reincorporação na cadeia produtiva, pelas inovações nos produtos que tragam benefícios socioambientais, pelo uso racional dos materiais e prevenção da poluição. Por fim, cabe ao Poder Público a fiscalização do processo e, de forma compartilhada com os demais responsáveis pelo sistema, conscientizar e educar o cidadão. OU SEJA Consumidores, importadores, fabricantes, distribuidores e comerciantes agindo juntos e coordenados para que esses resíduos sejam reaproveitados, reciclados e tenham uma destinação ambientalmente adequada; Beneficia a economia, gerando renda e recursos sustentáveis; Ganha o cidadão, vivendo em um ambiente mais limpo e saudável; Melhora o meio ambiente, reduzindo a necessidade de novas matérias-primas e evitando que resíduos sejam descartados inadequadamente. Para que serve? Incentivar o reuso, a reciclagem e a destinação ambientalmente adequada dos resíduos; Aumentar a vida útil dos aterros sanitários, desviando estes resíduos que podem ser reinseridos na cadeia produtiva; Compartilhar a responsabilidade pela gestão de resíduos (setor público, setor privado e sociedade civil); Aumentar a eficiência no uso de recursos naturais; Ampliar a oferta de produtos ambientalmenteamigáveis, gerando emprego e renda; Espaço para gerar novos negócios. 3) IDENTIFICAR A CONTAMINAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO POR AGENTES QUÍMICOS COMO POSSÍVEL CAUSA DE EFEITOS NOCIVOS À SAÚDE DAS PESSOAS, ELENCANDO AÇÕES QUE POSSIBILITEM A RECUPERAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS DEGRADADOS PELO HOMEM (EX.: RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS) Hoje, nossos rios e lagoas são o destino final dos efluentes industriais e do esgoto doméstico, e estão seriamente contaminados com metais pesados e esgotos, dizimando, com isso, muitos tipos de vida aquática benéfica ao homem e também gerando um ambiente propício a outras espécies aquáticas não desejáveis. Além de rios, lagos e os lençóis freáticos vêm sendo contaminados através de infiltração, fossas sépticas, sumidouros ou reservatórios de águas residuais industriais, ocasionando, com isso, contaminação de pessoas e animais que usam água subterrânea como, por exemplo, de poços, minas etc. A contaminação de águas subterrâneas e corpos aquáticos por agrotóxicos deve ser motivo de preocupação, pois esses produtos são potencialmente tóxicos e podem causar riscos ao meio ambiente e à saúde humana. As principais fontes potenciais de contaminação das águas subterrâneas são: Lixões e Aterros Sanitários Irregulares: Aterros sanitários irregulares (áreas que recebem lixo não fiscalizadas) contaminam o solo com fluidos (chorume) provenientes do lixo. Ao infiltrar-se no solo, esses fluidos alcançam os lençóis freáticos, contaminando- os com bactérias e resíduos contaminados diversos, inclusive com metais pesados. Agrotóxicos e Produtos Químicos: Caso sejam enterradas indevidamente, embalagens com restos dessas substâncias também contaminam o solo, poluindo o lençol freático, rios e mares. Além desses, ocorre também por atividades inadequadas de armazenamento, manuseio e descarte de matérias primas, produtos, efluentes e resíduos em atividades industriais, como indústrias químicas, petroquímicas, metalúrgicas, eletroeletrônicas, alimentícias, galvanoplastias, curtume, etc.; atividades minerárias que expõem o aquífero; sistemas de saneamento “in situ”; vazamento das redes coletoras de esgoto; o uso incorreto de agrotóxicos e fertilizantes; bem como a irrigação que pode provocar problemas de salinização ou aumentar a lixiviação de contaminantes para a água subterrânea; e outras fontes dispersas de poluição. ↳ NITRATO Um indicador de poluição difusa de água subterrânea é o nitrato. Sua origem está relacionada a atividades agrícolas e esgotos sanitários. Sendo o nitrato uma forma estável de nitrogênio em condições anaeróbias, esta substância pode ser considerada persistente e sua remoção da água para atender ao padrão de potabilidade que é de 10 mg/L, é onerosa e, por vezes, tecnicamente inviável, prejudicando o abastecimento público e privado. ↳ ARSÊNIO O aumento do seu teor nas águas é, em geral, devido a despejos industriais, atividades de mineração ou por lavagem do solo, quando são utilizados inseticidas e herbicidas à base desse elemento. A ingestão de 100 mg/l pode resultar em severa intoxicação e envenenamento graves nos rins, fígado e paredes do intestino, e a de 130 mg/l é letal. O arsênio é eliminado lentamente do organismo humano, daí o efeito cumulativo de pequenas doses. Além da ação tóxica, o arsênio pode exercer efeito cancerígeno, existindo registros de duas ocorrências em que a ingestão de água contendo arsênio resultou na produção do câncer de pele e, talvez, do fígado. ↳ CHUMBO Em geral, sua origem na água vem da poluição por efluentes industriais ou por mineração. É um veneno cumulativo e a intoxicação crônica por ele causada é denominada saturnismo, moléstia que pode levar à morte. A presença do chumbo no corpo humano pode ser prejudicial à saúde, mesmo quando as exposições são pequenas. A toxidez aguda do chumbo é caracterizada por queimaduras na boca, sede intensa, inflamação do trato intestinal, ocasionando diarréias e vômitos, dores abdominais diversas, confusão mental, distúrbios visuais, anemia e convulsões. Substitui o Cálcio afetando, dessa forma, toda a formação óssea, provocando a queda dos dentes e osteoporose. ↳ CIANETO As fontes industriais de cianeto são: galvanização, cimentação, banhos para clarificação de metais, refinação de ouro e prata, lavadores de gás para processos piréticos (coqueificação, refinação, alto- forno), borracha, fibras acrílicas, indústrias de plástico, intermediários de processos químicos. O organismo humano normalmente aceita pequenas quantidades de substâncias que contenham cianeto (palmito, alface, repolho etc.). Quando o ser humano inala ou ingere um composto cianetado, a hemoglobina forma substância altamente estável, o cianohemoglobina. Por ser estável, essa substância não permite que ocorra a troca descrita anteriormente, levando a vítima à redução de suas capacidades físicas, progressivamente, até o óbito. O processo de envenenamento pode ser relativamente lento, ou muito rápido, levando apenas dois minutos. ↳ COBRE O cobre que o sanitarista aplica constitui-se em um elemento altamente nocivo e poluidor nas águas de tratamento para controle de algas. No organismo humano, o cobre deposita-se na espinha, sendo responsável por inúmeros casos de doenças na coluna, não aparentes em radiografia, mas que podem levar a deformações permanentes em seus portadores, podendo causar também danos funcionais ao fígado e rins. ↳ SELÊNIO E utilizado na sua forma elementar e na de sais. Tem muitas aplicações industriais, tais como: pigmentos para pinturas, tinturaria, fabricação de vidros componentes de retificadores e semicondutores, células fotoelétricas e outros. A toxidez do selênio assemelha-se à do arsênio e, se a exposição for suficientemente demorada, pode causar a morte. Os sais de selênio são rápida e eficientemente absorvidos pelo trato intestinal e eliminados em grande quantidade pela urina. A retenção é alta no fígado e nos rins. Exposição crônica conduz a pronunciada palidez, manchas vermelhas nos dedos, dentes e cabelos, debilidade, depressão, hemorragia nasal, distúrbio gastrintestinal, dermatite e irritação no nariz e na garganta. Tanto a exposição aguda, como a crônica, pode provocar um hálito semelhante ao do alho. 4) IDENTIFICAR OS ASPECTOS SOCIAIS E LEGAIS QUE AMPARAM AS PESSOAS QUE DESENVOLVERAM AGRAVOS À SAÚDE POR VIA LABORAL. Tradicionalmente, a assistência ao trabalhador tem sido desenvolvida em diferentes espaços institucionais, com objetivos e práticas distintas: Pelas empresas, por meio dos Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e outras formas de organização de serviços de saúde; Pelas organizações de trabalhadores; Pelo Estado, ao implementar as políticas sociais públicas, em particular a de saúde, na rede pública de serviços de saúde; Pelos planos de saúde, seguros suplementares e outras formas de prestação de serviços, custeados pelos próprios trabalhadores; Pelos serviços especializados organizados no âmbito dos hospitais universitários. A execução das ações voltadas para a saúde do trabalhador é atribuição do Sistema Único de Saúde (SUS), prescritas na Constituição Federal de 1988 e regulamentadas pela Lei Orgânica da Saúde – LOS (BRASIL, 1990). O artigo 6.º dessa lei confere à direção nacional do Sistema a responsabilidade de coordenar a política de saúde do trabalhador. Segundo o parágrafo 3.º do artigo 6.º da LOS, a saúde do trabalhador é definida como: “um conjunto de atividades que se destina, por meio das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde do trabalhador, bem como visa à recuperação e à reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravosadvindos das condições de trabalho”. ⟶ Direitos do trabalhador nos acidentes de trabalho - JusBrasil LEI Nº 8.213/1991 Art. 1º A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos: I. Universalidade de participação nos planos previdenciários; II. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios; IV. Cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-contribuição corrigidos monetariamente; V. Irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo; VI. Valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário-de-contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado não inferior ao do salário mínimo; VII. Previdência complementar facultativa, custeada por contribuição adicional; VIII. Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação do governo e da comunidade, em especial de trabalhadores em atividade, empregadores e aposentados. ⟶ Os Principais Direitos do Empregado Perante o Empregador 1 – RESTITUIÇÃO DE GASTOS COM MEDICAMENTOS, PRÓTESES E TRATAMENTOS MÉDICOS – todas as despesas decorrentes do ACIDENTE DE TRABALHO ou de DOENÇA ADQUIRIDA NO TRABALHO podem ser cobradas do empregador, sendo importante guardar todos os documentos referentes às despesas (receitas e recibos médicos, notas fiscais de medicamentos etc.) 2 – RECOLHIMENTO DO FUNDO DE GARANTIA (FGTS) DURANTE O AFASTAMENTO PELO INSS – OS 15 (quinze) primeiros dias de afastamento do trabalhador, seja por ACIDENTE DO TRABALHO ou por DOENÇA ADQUIRIDA NO TRABALHO, são de responsabilidade da empresa, passando à responsabilidade do INSS, o afastamento superior a 15 (quinze) dias. No entanto, durante todo o período de afastamento o empregador tem a obrigação de continuar depositando o FGTS do empregado. O trabalhador pode saber se o empregador está cumprindo essa obrigação, dirigindo- se a uma agência da Caixa Econômica Federal, portando a sua Carteira de Trabalho e número do PIS e solicitar o “EXTRATO ANALÍTICO DO FGTS”, ou se preferir, consultar pela internet, acessando o link: Extrato FGTS CEF. 3 – ESTABILIDADE – Se o trabalhador passa 15 (quinze) dias ou mais afastado do trabalho em consequência de ACIDENTE ou DOENÇA ADQUIRIDA, tem garantida a ESTABILIDADE de 12 MESES no emprego, a partir do seu retorno, não podendo ser despedido nesse período, o que lhe é garantido pelo artigo 118, da Lei nº 8.213/91, dispositivo que tem a sua interpretação pacificada e consolidada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), através da Súmula nº 378. 4 – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – Seja por ACIDENTE DE TRABALHO ou por DOENÇA ADQUIRIDA NO TRABALHO, todo trabalhador pode pedir na JUSTIÇA que a empresa lhe pague uma indenização por DANOS MARAIS. 5 – INDENIZAÇÃO POR DANOS ESTÉTICOS – Se o trabalhador sofre acidente do trabalho que lhe cause algum defeito estético, a exemplo de cicatriz, ou perda de um membro, pode pleitear do empregador uma indenização por isso. ⟶ OS DIREITOS PERANTE O INSS Perante o INSS o trabalhador que tenha sofrido ACIDENTE DO TRABALHO ou DOENÇA ADQUIRIDA NO TRABALHO tem direito aos seguintes direitos: 1 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ACIDENTÁRIA – ocorre se o trabalhador sofre de uma incapacidade total e definitiva para qualquer trabalho, decorrente de ACIDENTE passa a ter o direito ao benefício de APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ACIDENTÁRIA. 2 – AUXÍLIO DOENÇA ACIDENTÁRIO – o trabalhador passa a ter direito ao benefício de auxílio doença acidentário e o acidente ou doença adquirida no trabalho se tiver como consequência uma incapacidade temporária superior a 15 (quinze) dias para o emprego do trabalhador ou para as suas atividades habituais. E esse benefício vale até que a perícia médica do INSS conclua que o trabalhador voltou a poder trabalhar. Na hipótese do trabalhador não concordar com o resultado da perícia do INSS que atesta a sua capacidade para o retorno ao trabalho, deve recorrer à Justiça para provar a sua incapacidade e obter o seu retorno ao benefício do pagamento do auxílio doença. 3 – AUXÍLIO ACIDENTE – Neste caso, o trabalhador retorna à sua atividade profissional, mas continua recebendo o benefício, além do salário que lhe paga a empresa. 4 – PENSÃO POR MORTE POR ACIDENTE DE TRABALHO – o benefício de PENSÃO POR MORTE POR ACIDENTE do trabalhador é pago aos seus dependentes. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103882/lei-de-criacao-do-pis-lei-complementar-7-70 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11342697/artigo-118-da-lei-n-8213-de-24-de-julho-de-1991 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104108/lei-de-benef%C3%ADcios-da-previd%C3%AAncia-social-lei-8213-91
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