Buscar

SP2 - DRAMA (INTOXICAÇÕES CRÔNICAS POR SOLVENTES E METAIS, AGENTES NEUROTÓXICOS, MANEJO DO LIXO INDUSTRIAL, INSTRUMENTOS APLICÁVEIS PARA SUA FISCALIZAÇÃO, CONTAMINAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO POR AGENTES Q

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1) DEFINIR INTOXICAÇÃO CRÔNICA, IDENTIFICANDO A EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, AS MANIFESTAÇÕES 
CLÍNICAS E O TRATAMENTO DAS INTOXICAÇÕES 
CRÔNICAS POR SOLVENTES E METAIS (CHUMBO, 
MERCÚRIO E BENZENO), ALÉM DE ANALISAR OS 
AGENTES NEUROTÓXICOS ENCONTRADOS NO 
AMBIENTE DE TRABALHO E SEUS EFEITOS. 
 
⟶ INTOXICAÇÃO CRÔNICA 
A intoxicação crônica resulta de exposições repetidas 
com o agente tóxico, num período de tempo 
prolongado, de meses ou anos. Muitos compostos não 
chegam a causar danos após algumas exposições, 
porém, em casos de exposições prolongadas, podem 
promover efeitos lentos e graves, como são os casos de 
mutagenidade e carcinogenicidade. 
Nas intoxicações crônicas, os sinais clínicos podem 
advir de dois mecanismos: 
1. Somatória ou acúmulo do agente tóxico no 
organismo: a velocidade de eliminação é menor que a 
de absorção, assim, ao longo da exposição a substância 
vai sendo somado no organismo, até alcançar um nível 
tóxico. 
2. Somatória de efeitos: ocorre quando o dano causado 
é irreversível e, portanto, vai sendo aumentado a cada 
exposição, até atingir um nível detectável ou, então, 
quando o dano é reversível, mas o tempo entre cada 
exposição é insuficiente para que o organismo se 
recupere totalmente. 
 
Os efeitos danosos sobre a saúde humana, incluindo a 
acumulação de danos genéticos, surgem no decorrer 
de repetidas exposições ao toxicante, que 
normalmente ocorrem durante longos períodos de 
tempo. Nestas condições os quadros clínicos são 
indefinidos, confusos e muitas vezes irreversíveis. Os 
diagnósticos são difíceis de serem estabelecidos e há 
uma maior dificuldade na associação causa/efeito, 
principalmente quando há exposição a múltiplos 
produtos, situação muito comum na agricultura 
brasileira. 
A intoxicação crônica manifesta-se através de 
inúmeras patologias, que atingem vários órgãos e 
sistemas, com destaque para os problemas 
imunológicos, hematológicos, hepáticos, neurológicos, 
malformações congênitas e tumores. 
As características clínicas das intoxicações por 
agrotóxicos dependem, além dos aspectos supra 
citados, do fato de ter ocorrido contato/exposição a 
um único tipo de produto ou a vários deles. Nas 
intoxicações agudas decorrentes do contato/exposição 
a apenas um produto, os sinais e sintomas clínico-
laboratoriais são bem conhecidos, o diagnóstico é claro 
e o tratamento definido. Em relação às intoxicações 
crônicas, o mesmo não pode ser dito. 
 
⟶ CHUMBO 
O chumbo é a causa mais comum de envenenamento 
crônico por metais e continua sendo um importante 
contaminante ambiental, especialmente nos países em 
desenvolvimento. A exposição ao chumbo pode 
ocorrer por inalação ou ingestão, e tanto formas 
inorgânicas como orgânicas de chumbo produzem 
toxicidade clínica. A absorção por via cutânea de 
chumbo, uma vez absorvido o chumbo se liga aos 
eritrócitos e se distribui para os tecidos corporais. 
Outras fontes potenciais de chumbo incluem 
medicamentos, suplementos fitoterápicos e dietéticos, 
remédios tradicionais, objetos metálicos e cosméticos. 
A absorção de chumbo inorgânico ocorre geralmente 
via trato respiratório e gastrointestinal com a absorção 
cutânea insignificante. As deficiências nutricionais de 
cálcio, ferro, cobre e zinco podem contribuir para o 
aumento da absorção gastrointestinal em crianças. A 
exposição ao chumbo orgânico pode ocorrer pela 
inalação de gasolina na forma de chumbo tetraetila 
(“gasolina com chumbo”). Após a absorção, o chumbo 
tetraetila é metabolizado em chumbo inorgânico e 
trietil-chumbo; este último é responsável pela 
neurotoxicidade da gasolina com chumbo. 
Mais de 90% do total de chumbo no corpo é 
armazenado no osso, onde facilmente troca com o 
sangue. O chumbo pode ser transferido através da 
placenta. A excreção do chumbo ocorre lentamente 
com a meia-vida biológica do chumbo no osso 
estimada em 30 anos. 
SP2 “De Júpiter ou Saturno?” 
A toxicidade do chumbo afeta principalmente os 
sistemas nervoso, cardiovascular, hematopoiético e 
renal. No SNC, os efeitos tóxicos do chumbo incluem: 
 Lesões nos astrócitos, com dano secundário à 
microvasculatura e rompimento da barreira 
hematoencefálica, edema cerebral e aumento 
da pressão intracraniana. 
 Reduções na concentração de adenosina 
monofosfato cíclico e fosforilação de 
proteínas, que contribuem para déficits de 
memória e aprendizado. 
 O chumbo é estruturalmente similar, assim ele 
pode alterar a homeostase do cálcio, que leva 
à liberação espontânea e descontrolada de 
neurotransmissores. 
No sistema nervoso periférico, o chumbo causa 
desmielinização segmentar primária, seguida de 
degeneração axonal secundária, principalmente dos 
nervos motores. No sistema cardiovascular, ocorrem 
pequenos aumentos na prevalência de hipertensão e 
doença vascular aterosclerótica com níveis elevados de 
chumbo no sangue. 
No sistema hematopoiético, o chumbo interfere no 
metabolismo da porfirina, o que pode contribuir para a 
anemia induzida pelo chumbo. A anemia hemolítica 
também ocorre como resultado da inibição da 
pirimidina 5’-nucleotidase das células vermelhas do 
sangue, uma enzima responsável pela limpeza dos 
produtos de degradação do RNA celular. 
No rim, o chumbo afeta o túbulo proximal, produzindo 
a síndrome de Fanconi com aminoacidúria, glicosúria, 
fosfatúria e acidose tubular renal. A nefrite intersticial 
crônica e o aumento dos níveis de ácido úrico ocorrem 
devido ao aumento da reabsorção tubular de urato. 
O chumbo afeta adversamente a função dos 
osteoblastos e dos osteoclastos no osso. Com a 
exposição crônica ao chumbo, o aumento da deposição 
de cálcio nas placas de crescimento pode ser visto 
como “linhas de chumbo” nas radiografias de ossos 
longos. O chumbo ainda afeta o sistema reprodutivo, 
aumentando perdas fetais e ruptura prematura das 
membranas, além da motilidade de espermatozoides. 
 
↳ Manifestações clínicas 
Os sinais e sintomas de intoxicação por chumbo são 
amplos, inespecíficos e variam de acordo com o tipo de 
exposição (aguda versus crônica). As crianças 
pequenas são mais suscetíveis que os adultos aos 
efeitos do chumbo. 
A encefalopatia é uma das principais causas de 
morbidade e mortalidade, podendo o quadro ter 
apresentação inicial de forma dramática com 
convulsões e coma ou desenvolver-se indolentemente 
ao longo de semanas a meses, com diminuição do 
estado de alerta e memória, progredindo para mania e 
delírio. Encefalopatia por intoxicação por chumbo 
ocorre tipicamente em 15 a 30 meses de idade com 
níveis de chumbo no sangue > 100 mcg/dL, mas tem 
sido relatado com níveis de chumbo no sangue de 70 
mcg/dL ou inferior. Outros sintomas neurológicos 
incluem alterações comportamentais, com 
irritabilidade, insônia, inquietação, náusea e vômito, 
tremor, coreia, convulsões, mania, papiledema, 
neurite óptica e ataxia. A toxicidade crônica pelo 
chumbo cursa com cefaleia, irritabilidade, depressão, 
fadiga, alterações de humor e de comportamento, 
déficit de memória e distúrbios do sono. 
Os sintomas do sistema nervoso periférico são 
caracteristicamente motores com perda de força em 
extremidades, mas também incluem parestesias, 
reflexos tendinosos deprimidos ou ausentes. 
Manifestações gastrointestinais e hematológicas 
ocorrem mais frequentemente com intoxicações 
agudas do que com intoxicações crônicas. A principal 
manifestação gastrointestinal são dores abdominais 
em cólica, além de sensação de gosto metálico e 
manchas azuladas em gengivas. Podem ainda ocorrer 
diarreia e hepatites. 
As manifestações hematológicas são frequentemente 
concomitantes às gastrointestinais e incluem hemólise 
e anemia. A toxicidade do chumbo também causa 
sintomas constitucionais, incluindo artralgias, fraqueza 
generalizada e perda de peso. 
Manifestações renais podem ser agudas e incluem a 
síndrome de Fanconi (acidosetubular renal com 
aminoacidúria, glicosúria e fosfatúria). Manifestações 
crônicas incluem nefrite intersticial, lesão renal, 
hipertensão, gota (raro e inespecífico). 
Crianças e lactentes com níveis de chumbo no sangue 
> 10 mcg/dL apresentam retardo desenvolvimento 
cognitivo. 
 
↳ Manejo 
A primeira medida nesses pacientes é removê-los do 
contato com a fonte de intoxicação. O uso de carvão 
ativado não é indicado, pois o carvão não se liga ao 
chumbo. Se os exames de imagem abdominais 
demonstrarem manchas radiopacas consistentes com 
o chumbo, deve-se instituir a irrigação do intestino 
completo com solução eletrolítica de polietilenoglicol. 
O tratamento de suporte é importante e realizado com 
as medidas padrão, com uso de benzodiazepínicos para 
convulsões e se necessário com propofol ou 
barbitúricos. 
Pacientes com sinais e sintomas de intoxicação e um 
nível elevado de chumbo no sangue devem receber 
tratamento específico, mas esse tratamento é 
raramente iniciado no Departamento de Emergência. 
Se houver suspeita de encefalopatia por chumbo, 
deve-se iniciar a terapia de quelação, não sendo 
necessário esperar resultado de exames laboratoriais. 
Opções para quelação incluem dimercaprol em dose de 
75 mg/m2 4/4 horas por 5 dias. Pacientes sem 
encefalopatia, mas com níveis de chumbo > 70 mcg/dL 
também têm indicação de quelação. Outra opção é o 
edetato de cálcio dissódico, 1.500 mg/m2 por dia por 
infusão contínua ou em 2-4 doses fracionadas IV por 5 
dias com as mesmas indicações que o dimercaprol. 
O succímero é indicado se os níveis de chumbo 
estiverem entre 45 e 69 mcg/dL (se níveis > 70 mcg/dL 
se indica o dimercaprol); a dose é de 10 mg/kg oral a 
cada 8 por 5 dias. 
Outro agente quelante, a penicilamina, não recebeu 
aprovação para tratamento da toxicidade por chumbo 
pelo FDA, mas há experiência publicada demonstrando 
benefícios, e a penicilamina é usada na Europa para 
envenenamento por chumbo. 
A internação hospitalar é recomendada nas seguintes 
situações: 
• Pacientes com sintomas ou com nível de 
chumbo no sangue > 70 mcg/dL. 
• Pacientes com sintomas neurológicos centrais. 
• Aproximadamente 85% dos pacientes que 
sofrem de encefalopatia tóxica por chumbo 
desenvolvem danos neurológicos centrais 
permanentes, incluindo convulsões, retardo 
mental em crianças e déficits cognitivos em 
adultos. A dor em cólica abdominal geralmente 
desaparece dentro de alguns dias após o início 
da terapia de quelação, e outras manifestações 
agudas desaparecem dentro de 1 a 16 semanas 
com a terapia. A nefropatia induzida por 
chumbo pode ser parcialmente reversível com 
a terapia de quelação. 
↳ Epidemiologia 
Estima-se que o chumbo seja utilizado em mais de 200 
processos industriais diferentes com destaque para a 
produção de acumuladores elétricos. Este segmento 
abriga além de grandes empresas com melhor controle 
das condições ambientais de trabalho, pequenas 
empresas, muitas das quais instaladas em regiões 
residenciais, e funcionando à margem da legislação 
trabalhista, ambiental e de saúde. No nosso meio, os 
homens constituem a maior parte dos atingidos pela 
intoxicação pelo chumbo dada a natureza das 
atividades que utilizam o metal (empregam 
predominantemente o sexo masculino). 
No Brasil, além dos casos relacionados à produção e 
reforma de baterias automotivas tem sido relatados 
casos entre trabalhadores da indústria de plástico, 
entre trabalhadores que usam rebolos contendo 
chumbo para lapidação de pedras preciosas, instrução 
e aprendizado de tiro, reparação de radiadores de 
carro, reciclagem de baterias automotivas, redução de 
minérios ricos em ouro para obtenção deste, entre 
outros. 
Principais atividades ocupacionais que expõem os 
trabalhadores ao risco de intoxicação: 
• Exposições ocupacionais a poeiras e fumos de 
chumbo 
• Extração, concentração e refino de minérios 
contendo chumbo 
• Fundição de chumbo 
• Produção, reforma e reciclagem de 
acumuladores elétricos 
• Fabricação e têmpera de aço chumbo 
• Fundições de latão e bronze 
• Reparo de radiadores de carro 
• Manuseio de sucatas de chumbo 
• Instrução e prática de tiro 
• Produção de cerâmicas 
• Jateamento de tintas antigas à base de 
chumbo 
• Soldas à base de chumbo 
• Produção de cristais 
 
⟶ MERCÚRIO 
O mercúrio é um metal líquido, podendo ocorrer em 
formas inorgânicas e orgânicas. Os compostos de 
mercúrio inorgânicos são subdivididos em sais de 
mercúrio elementar (mercúrio), mercúrio (Hg+) (p. ex., 
cloreto de mercúrio) e mercúrico (Hg2+) (p. ex., 
cinábrio ou sulfureto mercúrico). As formas orgânicas 
de mercúrio podem ser divididas em formas com 
cadeias curtas (alquilas) e cadeias longas (arilas). As 
formas orgânicas de mercúrio têm neurotoxicidade 
tardia. 
O mercúrio tem uso médico como antiparasitário, 
diurético, agente catártico, antisséptico e preservativo. 
Todas as formas de mercúrio são potencialmente 
tóxicas, mas diferem quanto aos meios de exposição, 
vias de absorção, constelações de achados clínicos e 
respostas à terapia. 
O mercúrio elementar é absorvido principalmente pela 
inalação de vapor. O mercúrio elementar, a partir de 
um termômetro quebrado ou de uma lâmpada 
fluorescente é altamente volátil devido ao calor e ao 
fluxo de ar. A absorção pelo trato gastrointestinal é 
geralmente insignificante, de modo que a deglutição 
de mercúrio contida em um termômetro de vidro 
(mercúrio elementar) não produz efeitos adversos, a 
menos que a mucosa esteja danificada. O mercúrio 
elementar pode ser absorvido por via dérmica. 
Injeções de mercúrio intravenosa podem produzir 
êmbolos pulmonares e sistêmicos de mercúrio. O 
mercúrio elementar atravessa a barreira 
hematoencefálica, onde é ionizado e mantido no SNC. 
Os sais de mercúrio inorgânicos são absorvidos 
principalmente pelo trato gastrointestinal, mas 
também podem ser absorvidos pela pele intacta. Os 
sais mercúricos se depositam na forma ionizada 
principalmente no rim, seguidos pelo fígado e baço. Os 
sais de mercúrio não entram no SNC em quantidades 
significativas nem atravessam a placenta. 
O mercúrio se liga a grupos sulfidrila, afetando um 
número significativo de sistemas enzimáticos e 
proteicos. O metilmercúrio também inibe a 
acetilcolinatransferase, que catalisa a etapa final na 
produção de acetilcolina e pode produzir sintomas de 
deficiência de acetilcolina. Os sais de mercúrio 
produzem necrose tubular renal proximal. 
 
↳ Manifestações clínicas 
Os efeitos clínicos da intoxicação por mercúrio 
dependem da forma e, em alguns casos, da via de 
administração. Em geral, os sistemas neurológico, 
gastrointestinal e renal são predominantemente 
afetados. 
Os sintomas agudos após a inalação de vapor de 
mercúrio elementar incluem dispneia, febre/calafrios, 
tosse, náusea, vômito, diarreia, paladar metálico, 
dores de cabeça, fraqueza e visão embaçada. 
Em casos graves, os pacientes podem desenvolver 
lesão pulmonar aguda e desconforto respiratório grave 
com hipoxemia. Após o metabolismo do mercúrio 
elementar ingerido ou injetado em sais inorgânicos, os 
pacientes também podem desenvolver sinais de 
toxicidade, incluindo tremores e insuficiência renal 
usualmente por necrose tubular aguda. A aspiração de 
mercúrio metálico é frequentemente associada a 
pneumonite aspirativa e síndrome de desconforto 
respiratória agudo. 
Os sais inorgânicos de mercúrio são cáusticos, e uma 
ingestão aguda produz uma grave gastroenterite 
hemorrágica com dor abdominal, muitas vezes 
associada a sabor metálico. Os pacientes podem 
apresentar sensação de queimação na boca, lesões 
dentárias e salivação excessiva. A desidratação e perda 
de volume para terceiro espaço pode cursar com 
choque e colapso cardiovascular. A lesão renal aguda 
resulta tanto da toxicidade direta dos íons de mercúrio 
quanto da diminuição da perfusãorenal causada por 
choque. Os pacientes podem ainda cursar com 
proteinúria que poderia ser reversível ou síndrome 
nefrótica. 
Os sinais de toxicidade neurológica crônica incluem 
tremores, cefaleia, sensação de fadiga, depressão e 
dificuldade de concentração. Alterações 
comportamentais incluem timidez, labilidade 
emocional, irritabilidade, insônia e delirium. Um 
sintoma característico são parestesias orofaciais. Em 
casos graves, os pacientes podem desenvolver ataxia, 
rigidez muscular e espasticidade, cegueira, déficits 
auditivos e demência. Uma importante síndrome 
clínica neurológica associada a intoxicação por 
mercúrio é o eretismo, que é uma síndrome que cursa 
com ansiedade, irritabilidade, perda de memória, 
cansaço, desânimo, labilidade emocional, baixa 
autoestima, depressão, delírios e alucinações. Os 
achados de ressonância magnética na intoxicação por 
mercúrio incluem atrofia acentuada do córtex visual, 
verme cerebelar e hemisférios cerebelares e córtex 
pós-central. 
Uma outra alteração característica é a chamada 
acrodinia. Os pacientes apresentam eritema de palmas 
de mãos e solas dos pés, podendo se estender para 
tórax e nariz, sudorese generalizada, fotofobia, febre, 
taquicardia, irritabilidade e esplenomegalia. Em 
crianças, pode ocorrer hipotonia generalizada com 
fraqueza particular dos músculos pélvico e peitoral. 
↳ Manejo 
O tratamento inicial é de suporte, não sendo 
recomendado o uso de carvão ativado ou 
descontaminação gastrointestinal. Os pacientes devem 
ser removidos da sua exposição. A hemodiálise não 
aumenta a depuração do mercúrio, mas pode ser 
indicada para o tratamento da lesão renal aguda. 
Exposição inalatória pode necessitar de suporte 
ventilatório com pressão positiva. 
O tratamento sintomático pode ser realizado com 
medicações antidiarreicas como salicilato de bismuto; 
em pacientes hipoxêmicos deve-se administrar 
oxigênio suplementar, assim como hidratação 
endovenosa em pacientes com perda volêmica 
significativa. A neostigmina pode melhorar a função 
motora em pacientes intoxicados com metil mercúrio, 
melhorando os níveis de acetilcolina na junção 
neuromuscular. 
A terapia com quelação é indicada em pacientes com 
intoxicações clinicamente significativas. O dimercaprol 
e o succímero são os quelantes preferidos para o 
envenenamento por mercúrio. O regime de quelação é 
ajustado de acordo com a resposta clínica e o 
desenvolvimento de reações adversas. As reações 
adversas com dimercaprol aumentam com a dose e 
incluem náuseas, vômitos, cefaleia, parestesias e 
diaforese. 
O dimercaprol aumenta o transporte de mercúrio para 
o cérebro, e a medicação é contraindicada em 
intoxicações por sais orgânicos de mercúrio. As reações 
adversas com dimercaprol aumentam com a dose e 
incluem náuseas, vômitos, cefaleia, parestesias e 
diaforese. 
Na intoxicação por sais inorgânicos devem receber 
dimercaprol, 5 mg/kg IM a cada 4 h por 2 dias, seguido 
por 2,5 mg/kg IM a cada 6 h por 2 dias, seguidos por 
2,5 mg/kg IM a cada 12 a 24 h até que ocorra melhora 
clínica. Após essa melhora clínica, pode-se passar o 
tratamento para via oral com succimer na dose de 10 
mg/kg VO a cada 8 horas por 5 dias, então cada 12 
horas por 14 dias. A plasmaférese tem benefício 
relatado em um caso de ingestão de cloreto mercúrico. 
A internação hospitalar é recomendada para as 
seguintes situações: 
• Pacientes com suspeita de ingestão de sais de 
mercúrio. 
• Pacientes com suspeita de inalação de vapor 
de mercúrio elementar com lesão pulmonar. 
• Pacientes que necessitam de terapia com 
dimercaprol. Casos leves de envenenamento 
por sal elementar e mercúrio e casos muito 
leves de toxicidade do mercúrio orgânico 
podem ter recuperação completa. A maioria 
dos pacientes com intoxicação orgânica por 
mercúrio sintomático mantém déficits 
neurológicos residuais. A descontaminação 
ambiental e a remoção do paciente, membros 
da família e colegas de trabalho de um local de 
contaminação contínua é fundamental. 
 
↳ Epidemiologia 
Estima-se que na região mineradora da Amazônia cerca 
de 1,7% (17 a cada 1000) nascidos em regiões 
pescadoras sofrem problemas cognitivos por 
intoxicação de mercúrio.[13] Rios de água negra, como 
o Rio Negro, já apresentam naturalmente elevados 
valores de mercúrio em suas águas que são somados 
aos dejetos industriais e aumentam o risco da 
população local.[14] Na baía de Sepetiba (RJ), onde 
despejam mais de 200kg/ano de mercúrio, 
concentrações elevadas de mercúrio foram 
encontradas em peixes coletadas nas suas regiões 
distantes como a baía de Ilha Grande. [15] 
Bebês são especialmente vulneráveis podendo já 
nascer com retardo mental e problemas de visão, 
audição e fala se a mãe consome frutos do mar com 
muito mercúrio durante a gravidez ou lactância. 
 
⟶ BENZENO 
O benzeno, um líquido claro volátil de odor aromático 
acre, é um dos agentes químicos industriais mais 
amplamente utilizados. Ele é um subproduto da 
gasolina e é usado como solvente industrial e como 
intermediário químico na síntese de vários materiais. O 
benzeno pode ser encontrado em corantes, plásticos, 
inseticidas e em muitos outros materiais e produtos. 
Em geral, não está presente em produtos de uso 
doméstico. 
↳ Mecanismo de toxicidade. 
Como outros hidrocarbonetos, o benzeno pode causar 
uma pneumonia química se for aspirado. 
A. Uma vez absorvido, o benzeno causa depressão 
do SNC e poderá sensibilizar o miocárdio aos 
efeitos arritmogênicos de catecolaminas. 
B. O benzeno também é conhecido pelos seus efeitos 
crônicos sobre o sistema hematopoiético, que se 
acredita serem mediados por um metabólito 
intermediário tóxico reativo. 
C. O benzeno é um carcinógeno humano conhecido. 
 
↳ Dose tóxica 
O benzeno é absorvido rapidamente por inalação e 
ingestão e, em uma extensão limitada, por via 
percutânea. 
A. A ingestão aguda de 2 mL poderá produzir 
neurotoxicidade, e uma ingestão de apenas 15 mL 
levou ao óbito. 
B. O limite recomendado para o local de trabalho para 
o vapor do benzeno é de 0,5 ppm (1,6 mg/m3) em uma 
média de 8 horas. O limite de exposição a curto prazo 
é de 2,5 ppm. O nível considerado como 
imediatamente perigoso à vida e à saúde (IDLH) é de 
500 ppm. Uma única exposição a 7.500 até 20.000 ppm 
poderá ser fatal. A exposição crônica a concentrações 
aéreas bem inferiores ao ponto de percepção do odor 
(2 ppm) está associada à toxicidade hematopoiética. 
C. O nível máximo de contaminante (MCL, do inglês 
maximum contaminant level) em água definido pela 
EPA é de 5 ppb. 
 
Apresentação clínica 
A. A exposição (intoxicação) aguda pode causar efeitos 
imediatos sobre o SNC, incluindo dor de cabeça, 
náuseas, tontura, tremor, convulsões e coma. Os 
sintomas de toxicidade ao SNC deverão estar 
aparentes imediatamente após a inalação ou em 30 a 
60 minutos após a ingestão. A inalação grave poderá 
advir da sensibilidade aumentada do miocárdio às 
catecolaminas. O benzeno pode causar queimaduras 
químicas na pele no caso de exposição intensa ou 
prolongada. 
B. Após exposição (intoxicação) crônica, poderão 
ocorrer distúrbios hematológicos, como pancitopenia, 
anemia aplástica e leucemia mieloide aguda e suas 
variantes. Ele é suspeito como causa de leucemia 
mieloide crônica, leucemia linfoide crônica, mieloma 
múltiplo, doença de Hodgkin e hemoglobinúria 
paroxística noturna. Existe uma associação não 
comprovada entre a exposição ao benzeno e a 
leucemia linfoblástica aguda, a mielofibrose e os 
linfomas. Foram registradas anormalidades 
cromossômicas, embora não tenham sido descritos 
efeitos sobre a fertilidade em mulheres após a 
exposição ocupacional. 
 
↳ Tratamento 
A. Emergência e medidas de apoio 
• Manter uma via aérea aberta e fornecer 
ventilação quando necessário (p. 1-7). 
• Tratar coma (p. 18), choque (p. 22), arritmias 
(p. 10-15)e outras complicações caso ocorram. 
• Ser cauteloso com o uso de qualquer agente _-
adrenérgico (p. ex., epinefrina, albuterol) pela 
possibilidade de ocorrência de disrritmias 
devidas à sensibilização do miocárdio. 
• Monitorar os sinais vitais e o ECG por 12 a 24 
horas após exposição significativa. 
 
B. Fármacos e antídotos específicos. Não existe 
antídoto específico. 
 
C. Descontaminação 
• Inalação. Deslocar imediatamente a vítima 
para local de ar puro e fornecer oxigênio 
quando disponível. 
• Pele e olhos. Remover as roupas e lavar a pele; 
irrigar os olhos expostos com quantidades 
copiosas de água ou soro fisiológico. 
• Ingestão (p. 47). Administrar carvão ativado VO 
caso as condições sejam apropriadas. 
Considerar aspiração gástrica com um tubo 
pequeno flexível em caso de ingestão ampla (p. 
ex., 150 a 200 mL) e ocorrida nos 30 a 60 
minutos anteriores. 
 
D. Eliminação aumentada. Diálise e hemoperfusão não 
são eficientes. 
 
↳ Epidemiologia 
Com dados do Censo 2010, aos quais se aplicaram os 
parâmetros da FINJEM, estima-se que do total de 
86.353.839 trabalhadores ativos, formais e informais 
no Brasil, 7.376.761 (8,5%) estavam envolvidos em 
atividades ocupacionais com exposição potencial ao 
benzeno (Figura 1). Dentre esses, pode-se projetar que 
770.212 (10,5%) trabalhadores estavam, certamente, 
expostos ao benzeno no ambiente de trabalho. 
Do total de expostos ao benzeno (n=770.211), o maior 
número (n=474.116) foi de Operadores e Mecânicos de 
Máquinas e Motores, mais da metade (61,6%) dos 
trabalhadores. Suas atividades envolvem o manuseio 
do benzeno ao utilizá-lo como solvente, diluente, 
lubrificante ou desengordurante, na limpeza de peças 
e equipamentos ou reparo de máquinas e veículos. O 
2º maior grupo de expostos foi de Frentistas de Postos 
de Combustíveis (n=129.313) com 16,8% do total de 
expostos. 
A maioria dos trabalhadores expostos ao benzeno (n= 
552.146, 71,7%) era do sexo masculino, ficando as 
mulheres com 218.065 (28,3%) do total de expostos. 
Para ambos os sexos, o grupo ocupacional mais 
prevalente foi o de Operadores e Mecânicos de 
Máquinas e Motores, 318.313 homens (57,7%) e 
155.803 mulheres (71.4%), estas com muito maior 
concentração dentre as expostas ao benzeno, nesta 
ocupação. No sexo masculino, frentistas de Postos de 
Combustíveis (n=112.244) compreendem 20,3% dos 
expostos, e Pintores e afins (n=33.134) apenas 6,0%, 
seguidos por proporções muito pequenas. Entre as 
mulheres, Frentistas de Postos de Combustíveis 
também ficam com a segunda posição entre as 
prevalentes entre os expostos (n=17.069), mas 
representam apenas 7,8%. Em seguida aparecem as 
trabalhadoras de Instalações de Processos Químicos 
(n=12.820) que compõem 5,9% dos expostos. Estes 
achados revelam diferenças na distribuição de homens 
e mulheres entre os diversos grupos ocupacionais, que 
por sua vez demonstram o perfil produtivo do país. 
Importante notar a expressividade da participação de 
mulheres na produção manufatureira e serviços que se 
associam a este cancerígeno, apontando para a 
necessidade de proteção para ambos os sexos. 
 
⟶ AGENTES NEUROTÓXICOS 
Os agentes neurotóxicos são substâncias químicas 
altamente capazes de induzir alteração na integridade 
do SN, seja nas membranas celulares, nos sistemas 
neurotransmissores, na atividade sináptica, na bainha 
de mielina, nas células gliais ou outro componente 
qualquer. Eles são de ação rápida. Exposta a altas 
doses, a vítima pode sofrer convulsões imediatas, 
sufocamento ou morte decorrente de parada cardíaca. 
Eles podem ser empregados em forma de gás, aerossol 
ou líquido. Eles podem ser liberados através do uso de 
bombas, explosivos, tanques de spray e foguetes — ou 
até mesmo usando a própria mão. 
Exemplos: tolueno, estireno, n-hexano, mercúrio 
orgânico, chumbo, tricloroetano, aromáticos mistos, 
acetonas, etc. São muito comuns em indústrias de 
petróleo. 
Nas intoxicações ocupacionais, as exposições às 
substâncias neurotóxicas causam sinais e sintomas 
iniciais ambíguos e imprecisos, vagos e pouco 
objetivos: cefaleia, vertigens, náuseas, astenia, fadiga, 
depressão, frequentemente reversíveis, que podem 
ser encontrados em outras alterações fisiológicas ou 
patológicas. 
 
 
 
⟶ SOLVENTES 
Em geral, o relato de indivíduos que fizeram uso 
abusivo de solventes envolve a descrição de sensações 
semelhantes àquelas provocadas pelo consumo de 
álcool, ou seja: euforia inicial, perda de coordenação 
motora e da fala, seguidas de diminuição da 
consciência. 
Tais efeitos também podem, de forma geral, ser 
comparados àqueles produzidos por fármacos 
depressores do sistema nervoso central (SNC), como os 
barbitúricos. 
Os solventes não apresentam apenas uma grande 
variedade em termos estruturais: seus efeitos tóxicos 
são amplos e podem atingir diferentes órgãos e 
sistemas. 
Assim, hepatotoxicidade, perda de sensibilidade da 
face, distúrbios hematopoiéticos como anemia, aplasia 
e leucemia são algumas das diversas manifestações da 
ação tóxica dessa classe de compostos. 
Além desses, outro risco é a morte súbita induzida pelo 
uso abusivo de solventes, conhecida genericamente 
como "morte súbita por inalação de solventes" 
(sudden snijfing death syndrome, SSDS), que pode ser 
definido como um problema cardíaco decorrente do 
uso abusivo dessas substâncias, seguido da execução 
de uma atividade estressante ou desgastante, situação 
na qual a musculatura cardíaca passa a ter maior 
sensibilidade aos efeitos da adrenalina. 
 
 
 
Hidrocarbonetos são compostos químicos que contêm 
apenas moléculas de carbono e hidrogênio. Esses 
compostos são encontrados em produtos como 
gasolina, querosene, fluido de isqueiro, removedores 
de tinta, clorofórmio e em algumas substâncias 
utilizadas como drogas de abuso, como cola de 
sapateiro, lança-perfume, cheirinho de loló e 
antirrespingo de solda. Pode-se dividir os 
hidrocarbonetos em quatro tipos: aromáticos (contêm 
pelo menos 1 anel de benzeno; p. ex., removedores de 
tinta), alifáticos (derivados do petróleo; p. ex., 
gasolina), halogenados (presença de uma ou mais 
moléculas de flúor, cloro ou bromo; p. ex., clorofórmio) 
e terpenos (substância natural derivado de plantas). 
Os hidrocarbonetos possuem um amplo espectro de 
potencial tóxico, desde baixa toxicidade e lesão no 
órgão com que entrou em contato até alterações 
sistêmicas graves. O risco de toxicidade sistêmica por 
aspiração é diretamente proporcional à volatilidade e 
inversamente proporcional a tensão superficial e 
viscosidade da substância, e o risco de pneumonite 
química segue o inverso. A toxicidade sistêmica é mais 
comum nos compostos aromáticos e halogenados – o 
início e a duração da ação costumam ser rápidos. 
Esses compostos são altamente lipossolúveis, 
penetrando no sistema nervoso central e alterando a 
permeabilidade das membranas neuronais, 
potencializando a atividade GABAérgica (inibitória) e 
inibindo a atividade do glutamato (excitatória) 
agudamente. Sua cardiotoxicidade remete à 
capacidade de sensibilização do músculo cardíaco à 
ação de catecolaminas, o que predispõe a arritmias. 
Além disso, podem substituir o ar alveolar com 
consequente hipoxemia. Na inspiração, todos os 
compostos podem causar uma pneumonite química 
devido à lesão direta da mucosa e a solubilização do 
surfactante pulmonar, levando a uma resposta em 
inflamatória local e sistêmica. O uso crônico ocasiona 
atrofia cerebral e neuropatia periférica. 
 
A ingestão culmina nos mesmos efeitos da inalação, a 
depender da quantidade absorvida pelo trato 
gastrointestinal, porém não causa lesão pulmonar 
direta. 
 
↳ Manifestações clínicas 
A ingestão de pequenas quantidades costuma ser 
assintomática ou causar sintomas gastrointestinais 
leves como odinofagia, náuseas e vômitos. A toxicidade 
sistêmica é reconhecidapela presença de febre, tosse, 
taquipneia, sibilância, alteração do nível de 
consciência, ataxia, convulsões, arritmias. As principais 
manifestações clínicas são resumidas na Tabela 4. Os 
sinais e sintomas de pneumonite química costumam 
surgir após 12 horas da exposição e são semelhantes às 
manifestações pulmonares da exposição aguda. Febre 
após 48 horas deve levantar a hipótese de infecção 
bacteriana associada ao quadro. 
Há o risco de morte súbita após a inalação de 
hidrocarbonetos, principalmente os compostos 
halogenados, conhecido como sudden sniffing death. É 
um evento raro e ocorre por colapso cardiovascular, 
mais comum em pessoas que utilizam a substância pela 
primeira vez. 
O uso inalatório como droga de abuso costuma 
apresentar quatro fases (Tabela 5). Além dos sinais e 
sintomas citados, a intoxicação pode levar a necrose 
hepática e necrose tubular renal aguda em 1 a 2 dias 
após a exposição. 
 
 
↳ Manejo 
A equipe médica deve estar paramentada para evitar a 
própria exposição tópica ao químico, assim como 
idealmente proceder o atendimento em ambiente 
ventilado. 
A prioridade inicial do atendimento é a estabilização. 
Deve-se realizar a intubação orotraqueal em caso de 
insuficiência respiratória refratária a oxigênio ou 
rebaixamento do nível de consciência. Se convulsões, 
utilizar benzodiazepínicos e, na refratariedade, 
considerar o uso de fenobarbital. Recomenda-se 
cautela na administração de noradrenalina ou 
adrenalina no choque pelo risco de arritmias cardíacas. 
A realização de lavagem gástrica e o uso de carvão 
ativado estão contraindicados nos casos de ingestão de 
hidrocarboneto. Orienta-se, se houver contato da 
substância com pele e mucosas, lavar com água 
corrente e sabão. Em caso de contato com olho, 
everte-se a pálpebra e lavase abundantemente com 
solução fisiológica. 
Na vigência de broncoespasmo, administra-se beta-2-
agonista inalatório. Pneumonite ocorre após 12 horas 
e deve ser manejada com oxigênio suplementar, se 
necessário, e com vigilância respiratória. Em caso de 
insuficiência respiratória, procede-se à intubação 
orotraqueal e à ventilação mecânica. O uso de 
corticoides não se mostrou benéfico nessa situação e é 
contraindicado. Um estudo com 19 crianças 
demonstrou benefício do uso de ECMO, porém mais 
estudos são necessários para confirmar esse dado. O 
uso de antibiótico está indicado apenas se suspeita de 
infecção bacteriana concomitante (Tabela 6). 
Todo paciente sintomático, com intoxicação maciça ou 
tentativa de suicídio, deve ser internado para 
observação. Os demais são observados por pelo menos 
6 horas no Departamento de Emergência com 
monitorização eletrocardiográfica contínua devido ao 
risco de arritmias. Deve-se realizar pelo menos uma 
radiografia de tórax na admissão e uma imediatamente 
antes da alta. As indicações de internação e alta estão 
descritas na Tabela 7. 
Toda suspeita de intoxicação ou intoxicação 
confirmada por hidrocarbonetos deve ser notificada 
 
 
 
2) CARACTERIZAR A IMPORTÂNCIA E AS FORMAS DE 
MANEJO DO LIXO INDUSTRIAL, EXPLICANDO AS 
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS NA PREVENÇÃO DA 
POLUIÇÃO AMBIENTAL E OS INSTRUMENTOS 
APLICÁVEIS PARA SUA FISCALIZAÇÃO. (EXPLICAR 
RESÍDUO DE LOGÍSTICA REVERSA OBRIGATÓRIA.) 
 
⟶ LIXO INDUSTRIAL 
Uma das grandes preocupações da humanidade é a 
crescente geração de resíduos sólidos que necessitam 
de um destino final sustentável, técnico e 
ambientalmente adequado. 
Nos últimos anos, esses resíduos apresentam-se como 
um dos principais problemas nas áreas urbanas, pois 
sua geração, descarte e disposição inadequados 
provocam diversos impactos ambientais, sociais, e 
econômico e de saúde pública. 
A minimização de resíduos sólidos consiste em uma 
estratégia importante no processo de gerenciamento 
de resíduos, pois baseIa-se na adoção de técnicas que 
possibilitam a redução do volume ou toxicidade dos 
resíduos. Essas técnicas são vantajosas 
economicamente, pois oferecem uma redução de 
custos de destinação e geram receitas através da 
comercialização dos produtos decorrentes do 
tratamento ou separação dos resíduos. 
Os resíduos sólidos podem ser classificados quanto à 
estrutura e composição química, ao seu 
aproveitamento para transformação, aos riscos 
potenciais ao meio ambiente e, ainda, quanto à 
origem. 
 
↳ QUANTO À ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO 
QUÍMICA 
Resíduos orgânicos: são aqueles que possuem origem 
animal ou vegetal. A maioria pode ser utilizada na 
compostagem sendo transformados em fertilizantes 
ou corretivos do solo, contribuindo para o aumento da 
taxa de nutrientes e melhorando a qualidade da 
produção agrícola. 
Resíduos inorgânicos: todo material que não possui 
origem biológica ou que foi transformado pelo homem. 
Geralmente estes resíduos, quando lançados 
diretamente no meio ambiente, levam mais tempo 
para serem degradados. 
 
↳ QUANTO AO APROVEITAMENTO PARA 
TRANSFORMAÇÃO 
Resíduos recicláveis: aqueles resíduos que constituem 
interesse de transformação, que tem mercado ou 
operação que viabilize sua transformação industrial. 
Resíduos não recicláveis: resíduos que, depois de 
esgotadas todas as possibilidades de tratamento e 
recuperação por processos tecnológicos acessíveis e 
disponíveis, não apresentem outra possibilidade além 
de aterros industriais ou sanitários. 
 
↳ QUANTO AOS RISCOS POTENCIAIS AO MEIO 
AMBIENTE 
Resíduo perigoso – Classe I: aqueles que apresentam 
risco à saúde pública e ao meio ambiente, 
apresentando uma ou mais das seguintes 
características: periculosidade, inflamabilidade, 
corrosividade, reatividade, toxicidade e 
patogenicidade. 
Resíduo não perigoso não inerte – Classe IIA: aqueles 
que, em contato com a água, tiverem algum de seus 
constituintes solubilizados a concentrações superiores 
aos padrões de potabilidade de água, excetuandose 
aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. 
Resíduo não perigoso inerte – Classe IIB: aqueles que 
em contato com a água não tiverem nenhum de seus 
constituintes solubilizados a concentrações superiores 
aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se 
aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. 
 
↳ QUANTO À ORIGEM 
Resíduos domiciliares: gerados a partir das atividades 
diárias nas residências com 50% a 60% de composição 
orgânica e o restante formado por embalagens em 
geral e rejeitos. 
Resíduos de limpeza urbana: resíduos provenientes 
dos serviços de varrição de vias públicas, limpeza de 
praias, galerias, córregos e terrenos, restos de podas de 
árvores e limpeza de feiras livres. 
Resíduos de estabelecimentos comerciais e de 
serviços: variam de acordo com a atividade dos 
estabelecimentos. No caso de restaurantes, bares e 
hotéis predominam os resíduos orgânicos; já em 
escritórios, bancos e lojas predominam os resíduos de 
papel e plástico. 
Os resíduos comerciais podem ser divididos em dois 
grupos dependendo da sua quantidade gerada por dia. 
O pequeno gerador pode ser considerado como o 
estabelecimento que gera até 120 litros por dia e o 
grande gerador é o estabelecimento que gera um 
volume superior a esse limite. 
 
↳ RESÍDUOS INDUSTRIAIS: 
Resíduos gerados pelas atividades industriais, tais 
como metalúrgica, química, petroquímica, papelaria, 
alimentícia, entre outras. São resíduos muito variados 
que apresentam características diversificadas. 
Exemplos de resíduos industriais: 
• Cinzas. 
• Lodos. 
• Óleos. 
• Fibras. 
• Borracha. 
• Metal. 
O princípio do “poluidor-pagador” encontra-se 
estabelecido na Lei da Política Nacional do Meio 
Ambiente (Lei nº 6.938, de 31/8/1981). Isso significa 
dizer que “cada gerador é responsável pela 
manipulação e destino final de seu resíduo”. 
Mas isso nem sempre acontece, muitas vezes as 
indústrias armazenam seus resíduos em locais 
inapropriados criando graves passivos ambientais, 
contaminando o solo, a água e o ar.Os resíduos sólidos industriais são todos os resíduos no 
estado sólido ou semissólido resultantes das atividades 
industriais, incluindo lodos e determinados líquidos, 
cujas características tornem inviável seu lançamento 
na rede pública de esgotos ou corpos d’água. 
O resíduo industrial é bastante variado, podendo ser 
representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos 
alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, 
borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nesta 
categoria, inclui-se grande quantidade de resíduo 
tóxico, que necessita de tratamento especial pelo seu 
potencial de envenenamento (SILVA, 2008). 
Muitas substâncias produzidas devido ao processo 
industrial, ou sobras de insumos industriais, podem 
provocar diversos problemas ambientais e à saúde 
pública. 
 
Os resíduos sólidos industriais devem ser classificados 
antes de serem levados ao tratamento e à disposição 
final. Para Flohr, a classificação dos resíduos envolve a 
identificação do processo ou atividade que lhes deu 
origem e de seus constituintes e características e a 
comparação com listagens de resíduos e substâncias 
cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. 
De maneira geral, esta classificação se dá a partir das 
análises físico-químicas sobre o extrato lixiviado obtido 
a partir da amostra bruta do resíduo. As concentrações 
dos elementos detectados nos extratos lixiviados são 
comparadas com os limites máximos estabelecidos nas 
listagens constantes da NBR 10.004/04. 
Importante 
Um resíduo é classificado por apresentar 
periculosidade, inflamabilidade, corrosividade, 
reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade, 
características estas definidas pela norma supracitada. 
Resíduos que apresentem pelo menos uma destas 
características são classificados como resíduos classe I. 
Aqueles que não apresentam nenhuma destas 
características são classificados como classe II 
 
↳ TRATAMENTO 
É necessário proceder ao tratamento de resíduos 
industriais com vistas à sua reutilização ou à sua 
inertização. Dada a diversidade desses resíduos, não 
existe um processo de tratamento pré-estabelecido, 
havendo sempre a necessidade de realizar pesquisas e 
desenvolvimento de processos economicamente 
viáveis. 
As principais formas de tratamento e destinação dos 
resíduos industriais são: reaproveitamento do resíduo 
no próprio processo de fabricação, reciclagem, aterros 
industriais, coprocessamento, incineração, 
landfarming e encapsulamento. 
O Aterro Industrial é uma alternativa de destinação de 
resíduos industriais que se utiliza de técnicas que 
permitem a disposição controlada desses resíduos no 
solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e 
minimizando os impactos ambientais. Essa técnica 
consiste em confinar os resíduos industriais na menor 
área e volume possíveis, cobrindo-os com uma camada 
de material inerte na conclusão de cada jornada de 
trabalho ou intervalos menores, caso necessário. 
Os aterros industriais são classificados nas classes I, II 
ou III, conforme a periculosidade dos resíduos a serem 
dispostos. Os aterros Classe I podem receber resíduos 
industriais perigosos; os Classe II, resíduos não inertes; 
e os Classe III, somente resíduos inertes. 
O coprocessamento é o aproveitamento do resíduo na 
própria planta da indústria, seja através de sua fonte 
energética (queima), ou sua mistura com outros 
insumos ou matérias primas. 
A incineração é um processo de queima controlada na 
presença de oxigênio, no qual os materiais à base de 
carbono são reduzidos a gases e materiais inertes 
(cinzas e escórias de metal) com geração de calor. 
Landfarming pode ser definido como um sistema de 
tratamento de resíduos através de um processo 
biotecnológico, que utiliza a população microbiana do 
solo para a degradação. Muito utilizado para resíduos 
de petróleo. 
Encapsulamento, ou técnica de 
solidificação/estabilização, é um processo a partir do 
qual se procura fixar em uma matriz (cimento, por 
exemplo) os contaminantes presentes no resíduo 
visando transformá-los em materiais com melhores 
características de manuseio, transporte e destinação 
final. 
Existe ainda a gaseificação que é um processo onde os 
resíduos se transformam em gases e esses podem ser 
utilizados para a geração de energia e também o 
plasma que é uma excelente, porém cara, alternativa 
de disposição final. Nesse processo o resíduo é 
aquecido por uma chama a alta temperatura (plasma) 
que chega a cristalizar os resíduos insalubres. 
Lembre-se! 
Os aterros sanitários Classe I podem receber resíduos 
industriais perigosos; os Classe II, resíduos não inertes; 
e os Classe III, somente resíduos inertes. 
 
↳ IMPORTÂNCIA 
O manejo adequado dos resíduos é uma importante 
estratégia de preservação do meio ambiente, assim 
como de promoção e proteção da saúde. Uma vez 
acondicionados em aterros, os resíduos sólidos podem 
comprometer a qualidade do solo, da água e do ar, por 
serem fontes de compostos orgânicos voláteis, 
pesticidas, solventes e metais pesados, entre outros. A 
decomposição da matéria orgânica presente no lixo 
resulta na formação de um líquido de cor escura, o 
chorume, que pode contaminar o solo e as águas 
superficiais ou subterrâneas pela contaminação do 
lençol freático. Pode ocorrer também a formação de 
gases tóxicos, asfixiantes e explosivos que se 
acumulam no subsolo ou são lançados na atmosfera. 
Os locais de armazenamento e de disposição final 
tornam-se ambientes propícios para a proliferação de 
vetores e de outros agentes transmissores de doenças. 
Pode haver também a emissão de partículas e outros 
poluentes atmosféricos, diretamente pela queima de 
lixo ao ar livre ou pela incineração de dejetos sem o uso 
de equipamentos de controle adequados. De modo 
geral, os impactos dessa degradação estendem-se para 
além das áreas de disposição final dos resíduos, 
afetando toda a população. 
Além desses impactos mais imediatos no ambiente, a 
disposição de resíduos sólidos pode contribuir de 
maneira significativa com o processo de mudanças 
climáticas. A decomposição anaeróbica da matéria 
orgânica presente nos resíduos gera grandes 
quantidades de GEE, principalmente o metano (CH4), 
segundo gás em importância dentre os considerados 
responsáveis pelo aquecimento global. O potencial de 
emissão de metano aumenta com a melhora das 
condições de controle dos aterros e da profundidade 
dos lixões. decorrentes das diferentes formas de 
disposição de resíduos sólidos oferecem também 
riscos importantes à saúde humana. Sua disposição no 
solo, em lixões ou aterros, por exemplo, constitui uma 
importante fonte de exposição humana a várias 
substâncias tóxicas. As principais rotas de exposição a 
esses contaminantes são a dispersão do solo e do ar 
contaminado, a 
Os vários impactos ambientais lixiviação e a 
percolagem do chorume. O último pode ocorrer não 
apenas enquanto o lixão ou o aterro está em 
funcionamento, mas também depois de sua 
desativação, uma vez que os produtos orgânicos 
continuam a degradar. 
 
Como a questão ambiental vem ganhando apoio de 
várias entidades, o reaproveitamento de resíduos 
tornou-se, nos últimos anos, fonte de pesquisa 
constante. 
Segundo Tchobanoglous et al. (2002), o gerenciamento 
de resíduos sólidos pode ser definido como a disciplina 
associada ao controle da geração, estocagem, coleta, 
transferência, transporte, processamento e disposição 
dos resíduos sólidos, de acordo com princípios de 
saúde pública, econômicos, de engenharia, de 
conservação, estéticos e de proteção ao meio 
ambiente, sendo também responsável pelas atitudes 
públicas. 
Dessa forma, o gerenciamento exige o emprego das 
melhores técnicas para o enfrentamento da questão. A 
solução do problema dos resíduos sólidos pode 
envolver uma complexa relação interdisciplinar, 
abrangendo, por exemplo, os aspectos políticose 
geográficos, o planejamento local e regional e 
elemento de sociologia e demografia. 
Gerenciar os resíduos de forma integrada é articular 
ações normativas, operacionais, financeiras e de 
planejamento, apoiadas em critérios sanitários, 
ambientais e econômicos, para coletar, tratar e dispor 
o lixo de uma cidade, ou seja, significa acompanhar de 
forma criteriosa todo o ciclo dos resíduos, da geração à 
disposição final (“do berço ao túmulo”), empregando 
as técnicas e tecnologias mais compatíveis com a 
realidade local. 
⟶ INSTITUIÇÕES 
 
↳ SISNAMA 
O Sisnama foi instituído pela Lei 6.938/1981, 
regulamentada pelo Decreto 99.274/1990, sendo 
constituído pelos órgãos e entidades da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas 
fundações instituídas pelo poder público, responsáveis 
pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. 
A atuação do SISNAMA se dará mediante articulação 
coordenada dos órgãos e entidades que o constituem, 
observado o acesso da opinião pública às informações 
relativas às agressões ao meio ambiente e às ações de 
proteção ambiental, na forma estabelecida pelo 
Conama. 
Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 
a regionalização das medidas emanadas do Sisnama, 
elaborando normas e padrões supletivos e 
complementares. 
Os órgãos seccionais prestarão informações sobre os 
seus planos de ação e programas em execução, 
consubstanciadas em relatórios anuais, que serão 
consolidados pelo Ministério do Meio Ambiente, em 
um relatório anual sobre a situação do meio ambiente 
no país, a ser publicado e submetido à consideração do 
Conama, em sua segunda reunião do ano subsequente. 
De acordo com a Lei nº 6.938/81, que instituiu a 
Política Nacional de Meio Ambiente, o SISNAMA é 
composto de: 
 Conselho de Governo – Órgão superior do 
sistema, reúne todos os ministérios e a Casa 
Civil da Presidência da República na função de 
formular a política nacional de 
desenvolvimento do País, levando em conta as 
diretrizes para o meio ambiente. 
 Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(CONAMA) – é o órgão consultivo e 
deliberativo, formado por representantes dos 
diferentes setores do governo (em âmbitos 
federal, estadual e municipal), do setor 
produtivo e da sociedade civil. Assessora o 
Conselho de Governo e tem a função de 
deliberar sobre normas e padrões ambientais. 
 Ministério do Meio Ambiente (MMA) – órgão 
central, com a função de planejar, 
supervisionar e controlar as ações referentes 
ao meio ambiente em âmbito nacional. 
 Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) – 
encarrega-se de executar e fazer executar as 
políticas e as diretrizes nacionais para o meio 
ambiente. É o órgão executor. 
 Órgãos Seccionais, entidades estaduais 
responsáveis pela execução ambiental nos 
estados, ou seja, as secretarias estaduais de 
meio ambiente, os institutos criados para 
defesa ambiental. 
 Órgãos locais ou entidades 
municipais responsáveis pelo controle e 
fiscalização ambiental nos municípios. 
 
↳ IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente 
e dos Recursos Naturais Renováveis 
O Ibama é competente para lavrar auto de 
infração ambiental e instaurar o processo 
administrativo de apuração da infração na esfera 
federal, conforme a Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 
9.605, de 12 de fevereiro de 1998. 
O Ibama é competente para lavrar auto de infração 
ambiental e instaurar o processo administrativo de 
apuração da infração na esfera federal, conforme a Lei 
de Crimes Ambientais, Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro 
de 1998. No entanto, para garantir a ampla defesa do 
meio ambiente, a competência de fiscalização 
ambiental é compartilhada com os demais entes da 
federação: estados, municípios e distrito federal, 
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente 
(Sisnama). 
A fiscalização de atividades poluentes e contaminantes 
prevê ações relacionadas à poluição do ar, da água e do 
solo, resíduos sólidos e agrotóxicos, entre outras. Esses 
temas alcançam, continuamente, maior destaque e 
prioridade no país. 
São desenvolvidas operações de fiscalização de 
produtos e atividades potencialmente poluidoras e do 
uso adequado dos recursos naturais, como: 
• Exploração mineral ilegal, especialmente 
em Terras Indígenas e Unidades de 
Conservação Federais, de forma articulada 
com outros órgãos federais; 
• Entrada e comércio ilegal de mercúrio no 
país; 
• Produção, importação, exportação, 
disposição e uso de substâncias químicas 
perigosas reguladas pela Convenção de 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
Roterdã e de poluentes orgânicos 
persistentes (POPS) regulados pela 
Convenção de Estocolmo, com ênfase nos 
agrotóxicos ilegais, em conjunto com 
órgãos parceiros; 
• Produção, importação, exportação, 
consumo de substâncias destruidoras da 
camada de ozônio, proibidas ou 
controladas pelo Protocolo de Montreal; 
• Importação ilegal e a destinação 
inadequada de pneumáticos, fiscalizando o 
cumprimento das cotas de destinação de 
importadoras e fabricantes; 
• Importação e exportação de resíduos 
contaminantes, fiscalizando o 
cumprimento da Convenção de Basileia; 
• Comércio e uso de dispositivos ilegais 
instalados em veículos automotores para 
burlar os programas de controle das 
emissões veiculares; 
• Registro de empreendimentos e atividades 
potencialmente poluidoras ou utilizadoras 
de recursos naturais no Cadastro Técnico 
Federal, com ênfase nas atividades de alto 
potencial poluidor e econômico; 
• Logística Reversa de Óleos Lubrificantes 
Usados e Contaminados (Oluc), verificando 
o cumprimento das metas de destinação 
de importadores e fabricantes. 
Os Núcleos de Fiscalização de Empreendimentos e 
Atividades Licenciadas (Nulic) atuam em ação conjunta 
e complementar à da Diretoria de Licenciamento 
Ambiental (Dilic) na apuração de infrações 
administrativas contra o meio ambiente relacionadas a 
empreendimentos e atividades licenciadas pelo Ibama, 
buscando garantir o correto processo de gestão do uso 
dos recursos naturais. 
Sua atuação se baseia, prioritariamente, na apuração 
de denúncias apresentadas pela Dilic, atendendo 
também a solicitações de diversos órgãos de controle 
e fiscalização, além da agenda própria de fiscalização 
dos empreendimentos. Dentre os ilícitos apurados, as 
principais infrações avaliadas pelo Nulic se relacionam 
ao descumprimento de condicionantes de licenças 
ambientais pelos empreendedores, descartes 
irregulares e vazamentos relacionados aos processos 
de exploração de petróleo e gás natural. 
 
↳ CONAMA - Conselho Nacional do Meio 
Ambiente 
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é o 
órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do 
Meio Ambiente (SISNAMA). O conselho foi instituído 
pela Lei 6.938, de 1981, que dispõe sobre a Política 
Nacional do Meio Ambiente. 
 
O CONAMA é um colegiado representativo de cinco 
setores: órgãos federais, estaduais e municipais, setor 
empresarial e sociedade civil. Seus membros reúnem-
se ordinariamente a cada três meses no Distrito 
Federal, podendo realizar Reuniões Extraordinárias em 
outros locais. Nesses casos, as reuniões sempre são 
convocadas pelo presidente do conselho, por iniciativa 
própria ou a requerimento de pelo menos 2/3 dos 
membros. Todos os encontros são públicos. 
 
O CONAMA é composto por Plenário, CIPAM (Comitê 
de Integração de Políticas Ambientais), Grupos 
Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O 
Conselho é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente 
e sua Secretaria Executiva é exercida pelo Secretário-
Executivo do Ministério do Meio Ambiente. 
 
É da competência do CONAMA: 
• Estabelecer, mediante proposta do Instituto 
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
Naturais Renováveis-IBAMA, dos demais 
órgãos integrantes do SISNAMA e de 
Conselheiros do CONAMA, normase critérios 
para o licenciamento de atividades efetiva ou 
potencialmente poluidoras; 
 
• Determinar, quando julgar necessário, a 
realização de estudos das alternativas e 
possíveis consequências ambientais de 
projetos públicos ou privados, requisitando 
aos órgãos federais, estaduais e municipais, e 
às entidades privadas, informações, 
notadamente indispensáveis à apreciação de 
Estudos Prévios de Impacto Ambiental; 
 
• Determinar, mediante representação do 
IBAMA, a perda ou restrição de benefícios 
fiscais concedidos pelo Poder Público, em 
caráter geral ou condicional, e a perda ou 
suspensão de participação em linhas de 
financiamento em estabelecimentos oficiais de 
crédito; 
 
• Estabelecer, privativamente, normas e 
padrões nacionais de controle da poluição 
causada por veículos automotores, aeronaves 
e embarcações, mediante audiência dos 
Ministérios competentes; 
 
⟶ LOGÍSTICA REVERSA OBRIGATÓRIA 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei 
12.305/2010) – apresenta princípios, objetivos e 
instrumentos visando à gestão integrada e 
ambientalmente adequada dos resíduos sólidos, 
considerando ainda o desenvolvimento 
socioeconômico. 
A PNRS define Logística Reversa como instrumento a 
ser instituído para viabilizar a coleta e a devolução de 
determinados resíduos sólidos ao setor 
produtivo/empresarial responsável. Dessa forma, 
resíduos anteriormente descartados poderão ser 
reaproveitados pelo próprio fabricante ou em outros 
ciclos produtivos. O instrumento aplica-se a todos os 
tipos de resíduos, principalmente aos produtos ou 
embalagens que representam riscos à saúde pública e 
ao meio ambiente. Nesse sentido, para que o 
instrumento seja implementado, verifica- -se a 
necessidade de participação de diversos atores, 
estabelecendo-se a responsabilidade compartilhada 
pelos resíduos entre geradores, poder público, 
fabricantes e importadores. 
Os resíduos de sistema de logística reversa obrigatório 
são definidos nos termos da PNRS em seis grupos 
principais: pilhas e baterias, pneus, lâmpadas 
fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz 
mista, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, 
produtos eletroeletrônicos e seus componentes e 
resíduos de embalagens de agrotóxicos. Outros tipos 
de resíduos, como medicamentos e embalagens em 
geral, também podem ser objeto da cadeia da logística 
reversa. Para tal, deve haver uma logística de 
recolhimento, independente do oferecimento de 
serviço público de limpeza urbana, de forma a garantir 
o retorno desses resíduos ao fabricante após o uso pelo 
consumidor final. Segundo a PNRS, para a 
implementação da logística reversa é necessário 
acordo setorial ou contrato entre o poder público e 
fabricantes, importadores, distribuidores ou 
comerciantes. Devem ser considerados aspectos de 
qualidade ambiental e de saúde pública, e todo o 
sistema deve ser avaliado sob os aspectos técnico e 
econômico. 
No período de maio a julho de 2011, pesquisadores 
do Ipea, em conjunto com especialistas temáticos, 
realizaram diagnósticos com o objetivo de traçar um 
panorama dos resíduos sólidos no Brasil, fornecendo 
subsídios à elaboração do Plano Nacional de Resíduos 
Sólidos. Entre esses diagnósticos, foi elaborado um que 
trata especificamente dos resíduos objeto da logística 
reversa. As principais fontes de dados foram o Sistema 
Nacional de Informações em Saneamento (SNIS) e a 
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), além 
de estudos feitos pelas Secretarias Estaduais de Meio 
Ambiente, Ministério do Meio Ambiente, Instituto 
Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis e Associação Brasileira da Indústria Elétrica 
e Eletrônica. O estudo, buscou identificar as 
informações mais recentes sobre os resíduos de 
sistema de logística reversa obrigatória. Além disso, 
identificou os principais documentos legais dos 
âmbitos federal, estadual e municipal. 
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico-2008 
revelou que dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 
2.937 (cerca de 53%) exercem controle sobre o manejo 
de resíduos especiais realizado por terceiros. Destes, 
apenas 11% exercem controle sobre pilhas e baterias e 
10% sobre lâmpadas fluorescentes. O levantamento de 
informações possibilitou a identificação de dados 
oficiais sobre alguns dos resíduos, que se destacam por 
suas características de risco à saúde pública e 
ambiental. Também se verificou a dificuldade de 
estimar a geração dos resíduos, em termos 
quantitativos, em especial para resíduos 
eletroeletrônicos e lâmpadas fluorescentes. 
Atualmente, estão em andamento discussões sobre a 
cadeia de logística reversa para vários resíduos de 
sistema de logística reversa obrigatória. Em dezembro 
de 2011 foi lançado o primeiro chamamento para o 
acordo setorial para embalagens usadas de óleos 
lubrificantes. 
A execução dos sistemas de logística reversa 
apresenta, sem dúvida, desafios. Será necessário o 
planejamento de ações e o estabelecimento de metas 
específicas à logística reversa, por tipo de resíduo, 
garantindo sua integração aos objetivos gerais da 
PNRS, em articulação com outras políticas relacionadas 
ao tema. As pesquisas sobre resíduos sólidos, em 
especial a PNSB e outras, são importantes 
instrumentos para verificação do cumprimento de 
metas, após a implementação dos planos de resíduos, 
mediante adaptações para tal monitoramento. 
 
A Logística Reversa é um instrumento de 
desenvolvimento econômico e social caracterizado por 
um conjunto de ações, procedimentos e meios 
destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos 
resíduos sólidos ao setor empresarial, para 
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos 
produtivos, ou outra destinação final ambientalmente 
adequada. 
Para alguns produtos, devido ao grau e à extensão do 
impacto de seus resíduos à saúde e ao meio ambiente, 
deve-se implantar sistema de logística reversa 
específico. 
A Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional 
de Resíduos Sólidos (PNRS), representa um marco para 
a sociedade brasileira em relação à sustentabilidade, 
pois apresenta uma visão avançada na forma como nos 
relacionamos com os resíduos sólidos que geramos. 
A PNRS introduz a Logística Reversa e o princípio da 
Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos 
Produtos. 
O cidadão, no papel de consumidor, é responsável por 
entregar os resíduos nas condições solicitadas e nos 
locais estabelecidos pelos sistemas de logística reversa. 
O setor privado, por sua vez, fica responsável pelo 
gerenciamento ambientalmente correto dos resíduos 
sólidos, pela sua reincorporação na cadeia produtiva, 
pelas inovações nos produtos que tragam benefícios 
socioambientais, pelo uso racional dos materiais e 
prevenção da poluição. Por fim, cabe ao Poder Público 
a fiscalização do processo e, de forma compartilhada 
com os demais responsáveis pelo sistema, 
conscientizar e educar o cidadão. 
OU SEJA 
 Consumidores, importadores, fabricantes, 
distribuidores e comerciantes agindo juntos e 
coordenados para que esses resíduos sejam 
reaproveitados, reciclados e tenham uma 
destinação ambientalmente adequada; 
 Beneficia a economia, gerando renda e 
recursos sustentáveis; 
 Ganha o cidadão, vivendo em um ambiente 
mais limpo e saudável; 
 Melhora o meio ambiente, reduzindo a 
necessidade de novas matérias-primas e 
evitando que resíduos sejam descartados 
inadequadamente. 
 
Para que serve? 
 Incentivar o reuso, a reciclagem e a destinação 
ambientalmente adequada dos resíduos; 
 Aumentar a vida útil dos aterros sanitários, 
desviando estes resíduos que podem ser 
reinseridos na cadeia produtiva; 
 Compartilhar a responsabilidade pela gestão 
de resíduos (setor público, setor privado e 
sociedade civil); 
 Aumentar a eficiência no uso de recursos 
naturais; 
 Ampliar a oferta de produtos ambientalmenteamigáveis, gerando emprego e renda; 
 Espaço para gerar novos negócios. 
 
 
3) IDENTIFICAR A CONTAMINAÇÃO DO LENÇOL 
FREÁTICO POR AGENTES QUÍMICOS COMO POSSÍVEL 
CAUSA DE EFEITOS NOCIVOS À SAÚDE DAS PESSOAS, 
ELENCANDO AÇÕES QUE POSSIBILITEM A 
RECUPERAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS 
DEGRADADOS PELO HOMEM (EX.: RECUPERAÇÃO DE 
ÁREAS CONTAMINADAS) 
 
Hoje, nossos rios e lagoas são o destino final dos 
efluentes industriais e do esgoto doméstico, e estão 
seriamente contaminados com metais pesados e 
esgotos, dizimando, com isso, muitos tipos de vida 
aquática benéfica ao homem e também gerando um 
ambiente propício a outras espécies aquáticas não 
desejáveis. Além de rios, lagos e os lençóis freáticos 
vêm sendo contaminados através de infiltração, fossas 
sépticas, sumidouros ou reservatórios de águas 
residuais industriais, ocasionando, com isso, 
contaminação de pessoas e animais que usam água 
subterrânea como, por exemplo, de poços, minas etc. 
A contaminação de águas subterrâneas e corpos 
aquáticos por agrotóxicos deve ser motivo de 
preocupação, pois esses produtos são potencialmente 
tóxicos e podem causar riscos ao meio ambiente e à 
saúde humana. As principais fontes potenciais de 
contaminação das águas subterrâneas são: 
 Lixões e Aterros Sanitários Irregulares: 
Aterros sanitários irregulares (áreas que 
recebem lixo não fiscalizadas) contaminam o 
solo com fluidos (chorume) provenientes do 
lixo. Ao infiltrar-se no solo, esses fluidos 
alcançam os lençóis freáticos, contaminando-
os com bactérias e resíduos contaminados 
diversos, inclusive com metais pesados. 
 Agrotóxicos e Produtos Químicos: Caso sejam 
enterradas indevidamente, embalagens com 
restos dessas substâncias também 
contaminam o solo, poluindo o lençol freático, 
rios e mares. 
Além desses, ocorre também por atividades 
inadequadas de armazenamento, manuseio e descarte 
de matérias primas, produtos, efluentes e resíduos em 
atividades industriais, como indústrias químicas, 
petroquímicas, metalúrgicas, eletroeletrônicas, 
alimentícias, galvanoplastias, curtume, etc.; atividades 
minerárias que expõem o aquífero; sistemas de 
saneamento “in situ”; vazamento das redes coletoras 
de esgoto; o uso incorreto de agrotóxicos e 
fertilizantes; bem como a irrigação que pode provocar 
problemas de salinização ou aumentar a lixiviação de 
contaminantes para a água subterrânea; e outras 
fontes dispersas de poluição. 
↳ NITRATO 
Um indicador de poluição difusa de água subterrânea é 
o nitrato. Sua origem está relacionada a atividades 
agrícolas e esgotos sanitários. Sendo o nitrato uma 
forma estável de nitrogênio em condições anaeróbias, 
esta substância pode ser considerada persistente e sua 
remoção da água para atender ao padrão de 
potabilidade que é de 10 mg/L, é onerosa e, por vezes, 
tecnicamente inviável, prejudicando o abastecimento 
público e privado. 
↳ ARSÊNIO 
O aumento do seu teor nas águas é, em geral, devido a 
despejos industriais, atividades de mineração ou por 
lavagem do solo, quando são utilizados inseticidas e 
herbicidas à base desse elemento. A ingestão de 100 
mg/l pode resultar em severa intoxicação e 
envenenamento graves nos rins, fígado e paredes do 
intestino, e a de 130 mg/l é letal. O arsênio é eliminado 
lentamente do organismo humano, daí o efeito 
cumulativo de pequenas doses. Além da ação tóxica, o 
arsênio pode exercer efeito cancerígeno, existindo 
registros de duas ocorrências em que a ingestão de 
água contendo arsênio resultou na produção do câncer 
de pele e, talvez, do fígado. 
↳ CHUMBO 
Em geral, sua origem na água vem da poluição por 
efluentes industriais ou por mineração. É um veneno 
cumulativo e a intoxicação crônica por ele causada é 
denominada saturnismo, moléstia que pode levar à 
morte. A presença do chumbo no corpo humano pode 
ser prejudicial à saúde, mesmo quando as exposições 
são pequenas. A toxidez aguda do chumbo é 
caracterizada por queimaduras na boca, sede intensa, 
inflamação do trato intestinal, ocasionando diarréias e 
vômitos, dores abdominais diversas, confusão mental, 
distúrbios visuais, anemia e convulsões. Substitui o 
Cálcio afetando, dessa forma, toda a formação óssea, 
provocando a queda dos dentes e osteoporose. 
↳ CIANETO 
As fontes industriais de cianeto são: galvanização, 
cimentação, banhos para clarificação de metais, 
refinação de ouro e prata, lavadores de gás para 
processos piréticos (coqueificação, refinação, alto-
forno), borracha, fibras acrílicas, indústrias de plástico, 
intermediários de processos químicos. O organismo 
humano normalmente aceita pequenas quantidades 
de substâncias que contenham cianeto (palmito, 
alface, repolho etc.). Quando o ser humano inala ou 
ingere um composto cianetado, a hemoglobina forma 
substância altamente estável, o cianohemoglobina. Por 
ser estável, essa substância não permite que ocorra a 
troca descrita anteriormente, levando a vítima à 
redução de suas capacidades físicas, 
progressivamente, até o óbito. O processo de 
envenenamento pode ser relativamente lento, ou 
muito rápido, levando apenas dois minutos. 
↳ COBRE 
O cobre que o sanitarista aplica constitui-se em um 
elemento altamente nocivo e poluidor nas águas de 
tratamento para controle de algas. No organismo 
humano, o cobre deposita-se na espinha, sendo 
responsável por inúmeros casos de doenças na coluna, 
não aparentes em radiografia, mas que podem levar a 
deformações permanentes em seus portadores, 
podendo causar também danos funcionais ao fígado e 
rins. 
↳ SELÊNIO 
E utilizado na sua forma elementar e na de sais. Tem 
muitas aplicações industriais, tais como: pigmentos 
para pinturas, tinturaria, fabricação de vidros 
componentes de retificadores e semicondutores, 
células fotoelétricas e outros. A toxidez do selênio 
assemelha-se à do arsênio e, se a exposição for 
suficientemente demorada, pode causar a morte. Os 
sais de selênio são rápida e eficientemente absorvidos 
pelo trato intestinal e eliminados em grande 
quantidade pela urina. A retenção é alta no fígado e 
nos rins. Exposição crônica conduz a pronunciada 
palidez, manchas vermelhas nos dedos, dentes e 
cabelos, debilidade, depressão, hemorragia nasal, 
distúrbio gastrintestinal, dermatite e irritação no nariz 
e na garganta. Tanto a exposição aguda, como a 
crônica, pode provocar um hálito semelhante ao do 
alho. 
 
4) IDENTIFICAR OS ASPECTOS SOCIAIS E LEGAIS QUE 
AMPARAM AS PESSOAS QUE DESENVOLVERAM 
AGRAVOS À SAÚDE POR VIA LABORAL. 
 
Tradicionalmente, a assistência ao trabalhador tem 
sido desenvolvida em diferentes espaços institucionais, 
com objetivos e práticas distintas: 
 Pelas empresas, por meio dos Serviços 
Especializados em Segurança e Medicina do 
Trabalho (SESMT) e outras formas de 
organização de serviços de saúde; 
 Pelas organizações de trabalhadores; 
 Pelo Estado, ao implementar as políticas 
sociais públicas, em particular a de saúde, na 
rede pública de serviços de saúde; 
 Pelos planos de saúde, seguros suplementares 
e outras formas de prestação de serviços, 
custeados pelos próprios trabalhadores; 
 Pelos serviços especializados organizados no 
âmbito dos hospitais universitários. 
A execução das ações voltadas para a saúde do 
trabalhador é atribuição do Sistema Único de Saúde 
(SUS), prescritas na Constituição Federal de 1988 e 
regulamentadas pela Lei Orgânica da Saúde – LOS 
(BRASIL, 1990). O artigo 6.º dessa lei confere à direção 
nacional do Sistema a responsabilidade de coordenar a 
política de saúde do trabalhador. 
Segundo o parágrafo 3.º do artigo 6.º da LOS, a saúde 
do trabalhador é definida como: “um conjunto de 
atividades que se destina, por meio das ações de 
vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à 
promoção e proteção da saúde do trabalhador, bem 
como visa à recuperação e à reabilitação dos 
trabalhadores submetidos aos riscos e agravosadvindos das condições de trabalho”. 
⟶ Direitos do trabalhador nos acidentes de 
trabalho - JusBrasil  LEI Nº 8.213/1991 
Art. 1º A Previdência Social, mediante contribuição, 
tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios 
indispensáveis de manutenção, por motivo de 
incapacidade, desemprego involuntário, idade 
avançada, tempo de serviço, encargos familiares e 
prisão ou morte daqueles de quem dependiam 
economicamente. 
Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes 
princípios e objetivos: 
I. Universalidade de participação nos planos 
previdenciários; 
II. Uniformidade e equivalência dos benefícios e 
serviços às populações urbanas e rurais; 
III. Seletividade e distributividade na prestação 
dos benefícios; 
IV. Cálculo dos benefícios considerando-se os 
salários-de-contribuição corrigidos 
monetariamente; 
V. Irredutibilidade do valor dos benefícios de 
forma a preservar-lhes o poder aquisitivo; 
VI. Valor da renda mensal dos benefícios 
substitutos do salário-de-contribuição ou do 
rendimento do trabalho do segurado não 
inferior ao do salário mínimo; 
VII. Previdência complementar facultativa, 
custeada por contribuição adicional; 
VIII. Caráter democrático e descentralizado da 
gestão administrativa, com a participação do 
governo e da comunidade, em especial de 
trabalhadores em atividade, empregadores e 
aposentados. 
 
⟶ Os Principais Direitos do Empregado Perante o 
Empregador 
1 – RESTITUIÇÃO DE GASTOS COM MEDICAMENTOS, 
PRÓTESES E TRATAMENTOS MÉDICOS – todas as 
despesas decorrentes do ACIDENTE DE TRABALHO ou 
de DOENÇA ADQUIRIDA NO TRABALHO podem ser 
cobradas do empregador, sendo importante guardar 
todos os documentos referentes às despesas (receitas 
e recibos médicos, notas fiscais de medicamentos etc.) 
2 – RECOLHIMENTO DO FUNDO DE GARANTIA (FGTS) 
DURANTE O AFASTAMENTO PELO INSS – OS 15 
(quinze) primeiros dias de afastamento do trabalhador, 
seja por ACIDENTE DO TRABALHO ou por DOENÇA 
ADQUIRIDA NO TRABALHO, são de responsabilidade da 
empresa, passando à responsabilidade do INSS, o 
afastamento superior a 15 (quinze) dias. No entanto, 
durante todo o período de afastamento o empregador 
tem a obrigação de continuar depositando o FGTS do 
empregado. O trabalhador pode saber se o 
empregador está cumprindo essa obrigação, dirigindo-
se a uma agência da Caixa Econômica Federal, 
portando a sua Carteira de Trabalho e número do PIS e 
solicitar o “EXTRATO ANALÍTICO DO FGTS”, ou se 
preferir, consultar pela internet, acessando o link: 
Extrato FGTS CEF. 
3 – ESTABILIDADE – Se o trabalhador passa 15 (quinze) 
dias ou mais afastado do trabalho em consequência de 
ACIDENTE ou DOENÇA ADQUIRIDA, tem garantida a 
ESTABILIDADE de 12 MESES no emprego, a partir do 
seu retorno, não podendo ser despedido nesse 
período, o que lhe é garantido pelo artigo 118, da Lei 
nº 8.213/91, dispositivo que tem a sua interpretação 
pacificada e consolidada pelo STF (Supremo Tribunal 
Federal), através da Súmula nº 378. 
4 – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – Seja por 
ACIDENTE DE TRABALHO ou por DOENÇA ADQUIRIDA 
NO TRABALHO, todo trabalhador pode pedir na 
JUSTIÇA que a empresa lhe pague uma indenização por 
DANOS MARAIS. 
5 – INDENIZAÇÃO POR DANOS ESTÉTICOS – Se o 
trabalhador sofre acidente do trabalho que lhe cause 
algum defeito estético, a exemplo de cicatriz, ou perda 
de um membro, pode pleitear do empregador uma 
indenização por isso. 
 
⟶ OS DIREITOS PERANTE O INSS 
Perante o INSS o trabalhador que tenha sofrido 
ACIDENTE DO TRABALHO ou DOENÇA ADQUIRIDA NO 
TRABALHO tem direito aos seguintes direitos: 
1 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ACIDENTÁRIA – 
ocorre se o trabalhador sofre de uma incapacidade 
total e definitiva para qualquer trabalho, decorrente de 
ACIDENTE passa a ter o direito ao benefício de 
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ACIDENTÁRIA. 
2 – AUXÍLIO DOENÇA ACIDENTÁRIO – o trabalhador 
passa a ter direito ao benefício de auxílio doença 
acidentário e o acidente ou doença adquirida no 
trabalho se tiver como consequência uma 
incapacidade temporária superior a 15 (quinze) dias 
para o emprego do trabalhador ou para as suas 
atividades habituais. E esse benefício vale até que a 
perícia médica do INSS conclua que o trabalhador 
voltou a poder trabalhar. Na hipótese do trabalhador 
não concordar com o resultado da perícia do INSS que 
atesta a sua capacidade para o retorno ao trabalho, 
deve recorrer à Justiça para provar a sua incapacidade 
e obter o seu retorno ao benefício do pagamento do 
auxílio doença. 
3 – AUXÍLIO ACIDENTE – Neste caso, o trabalhador 
retorna à sua atividade profissional, mas continua 
recebendo o benefício, além do salário que lhe paga a 
empresa. 
4 – PENSÃO POR MORTE POR ACIDENTE DE 
TRABALHO – o benefício de PENSÃO POR MORTE POR 
ACIDENTE do trabalhador é pago aos seus 
dependentes. 
 
 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103882/lei-de-criacao-do-pis-lei-complementar-7-70
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11342697/artigo-118-da-lei-n-8213-de-24-de-julho-de-1991
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104108/lei-de-benef%C3%ADcios-da-previd%C3%AAncia-social-lei-8213-91

Continue navegando