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trabalho de nutrição

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Universidade Estadual do Maranhão 
Centro de Ciências Agrárias – CCA 
Curso de Medicina Veterinária 
Nutrição Animal 
 
Clarissa Sousa Costa Ferreira 
Natália Lima Smith Guimarães 
Valéria Christina Carvalho Tinoco 
Valéria Gadelha Moraes 
Vitória Almeida de Sousa 
 
Resenha do texto “PROCESSAMENTO DA SOJA E SUAS IMPLICAÇÕES 
NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS E AVES” 
 
As aves e os suínos são os grandes consumidores do farelo de soja (2/3) 
e juntando o que os animais consomem nas dietas, em média, tem-se um 
percentual de 20 % de farelo de soja, o que chega a 104 milhões de toneladas 
de farelo necessários à produção animal mundial, o que concorda com os valores 
referidos em Aves e Ovos. 
Em relação à soja crua, esta deve ser processada antes de sua utilização 
na alimentação de suínos e aves porque contém fatores tóxicos que podem 
causar efeitos deletérios sobre os animais. Os principais fatores antinutricionais 
que devem ser levados em consideração são: Inibidores de tripsina e 
quimiotripsina que inibem a digestão protéica; lecitinas, que tem como principal 
modo de ação, combinar-se com as células da parede intestinal e com isso 
causam interferência não específica na absorção de nutrientes; fatores alérgicos 
que reduzem a absorção de nutrientes e causam efeitos deletérios sobre as 
microvilosidades do intestino delgado; lipase e lipoxigenase que promovem a 
oxidação e rancificação da gordura da soja; existem também os polissacarídeos 
não-amídicos solúveis (PNAS), que causam diminuição no desempenho dos 
animais 
Já com relação ao estágio de processamento de soja, o material deve ser 
pressionado com vapor para tornar-se esponjoso. O material segue para o 
resfriador e em seguida para o extrator de óleo. Nessa fase a soja deve ter no 
máximo 12 % de umidade, o que permitirá uma boa armazenagem. Com isso, o 
farelo de soja (FS) que é obtido pela extração do óleo por solvente é então levada 
ao extrator de hexano onde são produzidas duas frações: a miscela e o farelo de 
soja (FS) antes de tostar. O farelo de soja (FS) é levado ao “toaster” que tem 
duas funções: recuperar parte do hexano ainda presente no farelo e desativar os 
fatores antinutricionais do FS não tostado. Quando processado adequadamente, 
é altamente palatável e digestível. Apresenta alto conteúdo de proteína bruta 
(entre 42 e 50%), um bom balanço de aminoácidos, baixa concentração de fibras 
e um elevado conteúdo de energia digestível. 
Para avaliar o grau de processamento térmico no FS existem vários 
métodos, como o índice de atividade ureática e a solubilidade da proteína em 
KOH, que são os mais relevantes devido a facilidade de execução e ao baixo 
custo laboratorial. 
O Índice de atividade ureática (IAU) tem sido usado há muitos anos, e é 
baseado no princípio de que o calor desnatura a urease e os inibidores de 
tripsina em mesma proporção. O IAU está baseado na liberação de amônia da 
uréia pela ação da enzima urease presente no soja, o que causa uma mudança 
no pH da solução, que é expresso como um índice. A Industria Americana do 
Soja recomendou IAU de 0,05 a 0,20, na tentativa de identificar os extremos do 
processamento. 
Já a solubilidade protéica (SP) é o método mais indicado e estudado de 
todos, e envolve a determinação da solubilidade com solução de KOH 0,20%. O 
principio do método está baseado que os grupos amino livres reagem com outros 
grupos para formar pontes peptídicas, que reduzem a solubilidade da proteína. 
Uma SP próximo a 100 %, indica a soja crua sem processamento. 
Com relação ao processamento da soja, a miscela é a mistura de óleo 
com solvente obtida após a extração com solvente. Ela passa por um conjunto 
de equipamentos para separar o óleo do solvente. O solvente é reutilizado e o 
óleo bruto segue para a separação da lecitina. A lecitina constitui 1,5 a 3,0% do 
óleo bruto e é separada por hidratação e centrifugação do óleo. 
O óleo de soja tem muitas aplicações, inclusive na alimentação animal. O óleo 
de soja atualmente é um ingrediente muito importante na alimentação de aves e 
de suínos, pois estas espécies nos últimos anos passaram por considerável 
melhoramento genético, o que resultou em animais de rápido crescimento e 
consequentemente muito exigentes em energia. Tem se mostrado uma fonte 
ideal de suplementação energética para aves e suínos. 
No que diz respeito ao processamento da soja integral, o grão de soja 
apresenta cerca de 18% de óleo, com uma composição de aminoácidos 
adequada para aves e suínos, sendo deficiente em metionina e treonina. Além 
de ter um teor relativamente alto de proteína, também tem um nível elevado de 
energia, o que é uma vantagem. O seu uso em misturas na propriedade é 
desejável já que apresenta facilidade de manejo quando comparado a uso de 
óleos vegetais e gordura animal. Em contrapartida, apresentam compostos que 
prejudicam o desempenho animal e o método mais comum para inativar estes 
fatores é através de tratamento com calor úmido ou seco, como por exemplo na 
tostagem, autoclavagem e extrusão. 
 A tostagem por calor seco em tambor rotativo é processo envolve o 
cozimento da soja com ar seco aquecido em temperaturas variando de 110Cº a 
170Cº e depende do tipo do equipamento. É muito comum entre os pequenos 
produtores, no entanto, existem dificuldades devido a variação com a 
quantidade, tamanho e umidade do grão, e fonte. Já a tostagem por calor úmido 
pode ser feita pela condução da soja em equipamento que contém uma ou mais 
tubulações com uma rosca transportadora em seu interior, sendo semelhante a 
autoclavagem. O processo Jet-Sploder, o grão de soja entra em um tubo onde é 
submetido a um jato de ar aquecido (315Cº). Ao sair do tubo o ar se encontra a 
120-200Cº e esse gradiente de temperatura provoca, em 1 minuto, a elevação 
da temperatura do grão, dessa forma, provoca a ruptura na estrutura do grão. 
 Outro método é a micronização no qual o grão de soja passa por um 
processo de limpeza, entra por uma moega dosadora e vai a uma esteira 
vibratória que produzem raios infravermelhos como fonte de calor e assim o grão 
fica inchado e com fissuras internas e posteriormente é moído. E o cozimento 
consiste em adicionar os grãos de soja à um volume de água, na proporção de 
1:2, quando esta se encontra em ebulição, por um período de 30 minuto, no 
entanto esse processamento é caro, demorado, pode ser feito apenas em 
bateladas e em geral é ineficiente. 
 A extrusão é um procedimento de cozimento sob pressão, umidade e 
alta temperatura, sendo que as principais funções deste processo são 
hidratação, mistura, tratamento térmico, gelatinização do amido, desnaturação 
das proteínas, destruição dos microorganismos e de alguns componentes 
tóxicos, também é um ótimo meio de eliminar os fatores antinutricionais. 
Atualmente, é sido usada para os subprodutos do abate, conferindo melhorias 
na qualidade e contribuído para a despoluição ambiental, podendo ser dividida 
em seca e úmida. A seca apresenta uma rosca sem fim empurra os ingredientes 
sobre uma série de obstáculos dentro de uma câmara cilíndrica desenhada para 
processar grãos de soja integral ou moída, o calor e pressão gerados na 
extrusora são suficientes para desnaturar fatores antinutricionais e romper as 
células de óleo. 
Já no processo de extrusão úmida, a soja é pré-condicionada com vapor 
de água e pressão a uma temperatura de 125 a 138°C, havendo achados 
recentes que demonstram maior eficácia neste processo com relação a extrusão 
seca, quais sejam: maior capacidade de processamento; redução no desgaste 
do cone e componentes; redução na energia consumida; melhora na inibição de 
fatores antinutricionais; melhora na qualidade proteica da soja integral extrusada; 
maior homogeneidade e texturização do produto extrusado, além de evitar 
secamento do farelode soja integral. 
 Estudos mostram que aves alimentadas com soja extrusada apresentam 
maior produção de ovos e melhor produção alimentar e leitões apresentaram 
crescimento mais rápido e maior ingestão de alimento do que aqueles animais 
que ingeriram farelo de soja. 
Acerca das lecitinas, estas são componentes naturais do grão de soja que 
podem variar em sua composição. São obtidas através do óleo de soja bruto pela 
hidratação do óleo através de vapor. A goma obtida deve ser aquecida a vácuo 
até que seja obtido 65% de fosfolipídios e, depois, deve ser filtrada. Esses 
compostos melhoram o nível nutricional das dietas pois permitem aumento na 
digestão e na absorção de gorduras. Além disso, as lecitinas também 
apresentam função antioxidante. 
 Já as farinhas de peixe, plasma suíno e subprodutos do leite apresentam 
melhor desempenho na alimentação de leitões, no entanto esses produtos são 
caros, o que obriga a adoção de outros ingredientes que tenham como suprir 
esses animais. A principal alternativa é o concentrado de soja (CPS) que 
demonstrou ser uma fonte viável de nutrientes devido a eliminação dos fatores 
antinutricionais e alergênos. 
 A anti alergenicidade do CPS foi demonstrada por Endres (1996) através 
da manutenção de da integridade das vilosidades intestinais dos leitões 
provando ser facilmente solúvel e não irritante ao trato gastrointestinal 
 O processamento da soja modificada geneticamente deve ser 
considerado já que não se conhece ao certo se existem mudanças na 
composição e digestibilidade dos nutrientes dessas variedades. Uma variedade 
de soja resistente ao glifosato foi desenvolvida e é comercializada sob o nome 
de soja Roundup Ready tm, o uso desta soja despertou o interesse em descobrir 
se esta soja possui a mesma composição nutricional das sojas convencionais. 
Foi então conduzido um estudo para comparar duas variedades de soja 
tolerantes ao glifosato com uma soja convencional. As análises feitas incluíram 
macronutrientes e micronutrientes. As análises foram feitas na soja crua, 
tostada, isolados de proteína e concentrados proteicos. 
 Foi possível observar que a composição das variedades resistentes ao 
glifosato é comparável a fração controle, exceto pela quantidade maior de 
inibidores de tripsina encontrada em uma das variedades resistentes ao 
glifosato, o que pode originar algumas mudanças no processamento para a 
inativação destes seja satisfatória, porém mais estudos devem ser realizados. O 
farelo de soja processado, oriundo destas variedades foi incorporado em 
quantidades comerciais à dieta dos animais para a comparação com as 
variedades tradicionais. Concluindo os estudos não foram observadas 
diferenças significativas entre as variedades resistente ao glifosato e as 
variedades convencionais em nenhuma das variedades estudadas. 
 Com base no trabalho de Woodworth et al., utilizando suínos na fase 
inicial e comparando vários produtos do soja com o soja extrusado foi possível 
construir uma matriz de preços máximos do farelo de soja em relação ao 
desempenho apresentado pelos suínos. A partir disso, foram formuladas dietas 
para suínos com base nos preços de janeiro de 1999 e tiveram como base a 
igualdade de fornecimento de proteína, energia metabolizável, cálcio e fósforo 
 Diante do exposto, pode se concluir. A soja integral sem processamento 
contém fatores antinutricionais que inibem enzimas como as proteases, 
provocam reações alérgicas e destroem células da mucosa intestinal em leitões 
e apresenta polissacarídeos que reduzem a energia metabolizável para frangos 
de corte onde técnicas que usam calor como extrusão e tostagem reduzem 
drasticamente esses fatores apesar do seu alto custo, além desses 
processamentos citados, a extração por solventes com separação de farelos e 
óleo de soja degomado e desodorizado, lecitina, ácidos graxos, casca, borra 
também são muito utilizadas e que a qualidade dos ingredientes podem ser 
asseguradas por meio do índice de atividade ureática e solubilidade da proteína 
em solução alcalina.

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