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Trabalho de nutrição

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Alimentos Protéicos :
Farelo de soja
Farelo de Algodão
Farelo de Girasol
Soja extrussada
Farinha de Carne
 
 Alimentos Energéticos:
Milho
Sorgo
Trigo
Triticale
Cevada
FARELO DE SOJA: PROCESSAMENTO E QUALIDADE
...A soja é uma das mais importantes culturas agrícolas mundiais, sendo sua
produção destinada para a obtenção de óleo e farelo, pela indústria alimentícia.
...O farelo de soja é obtido a partir da moagem dos grãos de soja, para extração do
óleo, que é destinado para consumo humano, e representa um dos ingredientes de
maior importância utilizado em rações animais. ...A nutrição animal adequada visa
atender a todos os requerimentos nutricionais dos animais para que estes
expressem todo o seu potencial produtivo. Entretanto, somente o fato de
formularmos uma dieta com níveis nutricionais adequados a cada espécie animal,
não é suficiente para garantirmos que realmente todos os nutrientes estarão
disponíveis para os animais nas quantidades desejadas. Para isso, é fundamental
que tenhamos, além de outros fatores, um controle de qualidade das matériasprimas
que constituem as rações, afim de garantirmos que os ingredientes
realmente possuam nutrientes com a qualidade e quantidade, que queremos
fornecer.
...O controle da qualidade de todas as matérias-primas utilizadas nas rações é
fundamental para monitorarmos a qualidade dos nutrientes, que estão sendo
atribuídas à cada ingrediente. ...O farelo de soja, assim como todos os outros
ingredientes, deve sempre ser analisado para avaliarmos as suas características
nutricionais e também a qualidade de seu processamento.
...Por se tratar de um subproduto obtido após a extração do óleo de soja, o farelo
de soja, passa por uma série de processamentos que podem afetar a sua qualidade
nutricional. Além disso, a soja é uma planta leguminosa, que possui alguns fatores
antinutricionais para os monogástricos, como: inibidores de tripisina,
hemaglutininas, e outros, que devem ser destruídos pelo processamento térmico,
antes que o ingrediente seja incluído em rações de aves e suínos.
...A composição nutricional do farelo de soja deve ser avaliada através de análises
bromatológicas como: Umidade, Proteína Bruta, Fibra Bruta, Cálcio e Fósforo, que
têm o objetivo de monitorar o padrão nutricional do ingrediente. Para
monitorarmos a qualidade do processamento a qual submetemos o farelo de soja,
existem algumas análises específicas, como: Atividade Ureática e Proteína
Solúvel que determinam a qualidade e disponibilidade dos nutrientes no farelo de
soja, que podem ser afetados pelo processamento térmico inadequado do grão de
soja, influenciando diretamente em seu valor nutricional.
...Portanto, o monitoramento através de análises bromatológicas, tem o objetivo de
evitar que farelos de soja de baixa qualidade sejam utilizados nas rações, evitandose
com isso perdas no desempenho animal e em resultados econômicos na
produção. 
Análise de Atividade Ureática
...Esta análise tem como objetivo determinar a destruição dos fatores antinutricionais 
presentes no grão de soja. Sua metodologia consiste em
determinar a redução na atividade da enzima urease, presente no grão de soja, e
que é destruída pelo calor. Existe uma correlação direta entre os fatores
antinutricionais e a urease; ambos são termolábeis, destruídos pelo calor. Portanto
com a inativação da enzima urease teoricamente os fatores antinutricionais
estariam destruídos. De uma maneira geral essa análise determina se o farelo de
soja recebeu processamento térmico suficiente para inativar os fatores
antinutricionais presentes no grão de soja.
...A análise de atividade ureática é um bom indicativo de processamento térmico
adequado ou inadequado do farelo de soja ( Tabela:1 ), como resultado dessa
análise podemos observar que atividade ureática com valor de pH variando de 0.01
até no máximo de 0.15, indicam que o farelo passou por um adequado
processamento térmico, objetivando a destruição dos fatores antinutricionais.
...Existem no entanto, algumas limitações para os resultados encontrados na
análise. Trabalhos na literatura indicam que, em alguns casos, mesmo com a
análise de atividade ureática ao redor de zero, ainda assim poderemos encontrar
inibidores de tripisina no farelo. A estatística mostra que em algumas análises de
atividade ureática com valor próximo de zero, foi determinado ainda a presença de
4 a 8% dos fatores antinutricionais no farelo de soja.
Tabela-1: Padrão de Atividade Ureática do Farelo de Soja:
Classificação Atividade Ureática
Excelente 0.01 - 0.05
Boa 0.06 - 0.20
Regular 0.21 - 0.31
Deficiente >0.30
Solubilidade da Proteína em Hidróxido de Potássio ( KOH )
...Esta análise consiste em uma segunda metodologia para se avaliar a qualidade
do farelo de soja processado. Existe também um correlação direta da qualidade no
processamento do farelo de soja com a quantidade de proteína solúvel presente
neste farelo. A proteína solúvel é aquela disponível para a absorção pelo animal.
Sendo assim, quanto maior a quantidade de proteína solúvel, melhor a
disponibilidade da proteína e dos aminoácidos para o animal.
...O grão de soja pode apresentar até 100% de sua Proteína Bruta, solúvel em
KOH. Contudo, observamos que a medida que submetemos o grão de soja ao
processamento térmico, com o objetivo de destruirmos os fatores antinutricionais
presentes, verificamos uma queda na solubilidade da proteína e consequentemente
uma queda na disponibilidade da proteína e dos aminoácidos para os animais.
Para a classificação do farelo de soja em relação a quantidade de proteína solúvel
( tabela-2 ) encontrada em análises, podemos considerar que o farelo que
apresentar proteína solúvel acima de 80% passou por um adequado processamento
térmico, tendo mantido quase inalterada a qualidade de sua proteína, ou seja, com
um mínimo de desnaturação. Proteína solúvel abaixo de 80%, indicaria a ocorrência
de uma desnaturação significativa na proteína da soja, afetando diretamente a
disponibilidade da proteína e dos aminoácidos presentes no farelo.
Tabela-2: Padrão de Solubilidade da Proteína em KOH no Farelo de Soja:
Classificação Solubilidade em KOH
Excelente > 85%
Boa > 80%
Razoável > 75%
Deficiente < 75%
...Resultados destas análises mostram que amostras de diferentes farelos de soja
com solubilidade da proteína acima de 80%, ou seja, dentro do padrão mínimo para
o ingrediente, apresentaram respostas diferentes no desempenho dos animais.
...Como conclusão podemos verificar que tanto a Atividade Ureática como a análise
de Proteína Solúvel nos indicam sobre a qualidade de processamento recebido pelo
farelo de soja, e portanto sobre a qualidade nutricional deste ingrediente. E com
isso nos permite trabalhar com maior garantia de estarmos fornecendo nutrientes
em qualidade e quantidade bem próximas àquelas as quais estamos formulando.
Avaliação da Qualidade de Farelo de Soja
...Realizamos um estudo com o objetivo de avaliar a qualidade do processamento
de farelo de soja, oriundos de diversos fornecedores nacionais. Aproximadamente
1700 amostras, de farelo de soja, enviadas a nosso laboratório foram submetidas a
análises de Atividade Ureática e Proteína Solúvel. Podemos verificar que aproximadamente 93.5% das
amostras analisadas apresentam Proteína Solúvel acima de 80% de solubilidade,
evidenciando que a grande maioria das amostras encontram-se dentro do padrão
esperado para o ingrediente, e apenas 6.5% estão abaixo das especificações de
qualidade desejada para o farelo de soja Os resultados das análises de Atividade Ureática das amostras mostram que
aproximadamente 96.4% das amostras apresentam pH para urease entre 0.01 e
0.15, o que evidencia que apenas 3.6% das amostras estão fora do padrão
esperado para o ingrediente.
...Como conclusão do estudo podemos verificar que a maior parte das amostras
analisadas apresentaram resultados de Atividade Ureática e Proteína Solúvel dentro
do padrão mínimo esperado para o ingrediente; evidenciando que a qualidade
empregada no processamento do farelo de soja, na grande maioria dos
fornecedores, contribui para a obtenção de um ingrediente de alto valor nutricional
e de extrema importância para a manutenção dos resultados de desempenho e
viabilidade econômica das atividades ligadas a produção animal.
Autor: MSc Bruna Nunes Marsíglio. farelo de algodão na nutrição animal x gossipol
O custo com a alimentação do rebanho varia de acordo com os alimentos que compõem a dieta, por isso, a busca por alimentos alternativos de qualidade e menos onerosos é fundamental para a redução dos custos com alimentação. Entretanto, a redução dos custos não deve ser feita a “qualquer preço”, pois uma dieta que não atende as exigências de mantença e produção dos animais resultará em queda no desempenho animal e perdas econômicas. Por isso é fundamental avaliar princípios tóxicos e o gossipol é um exemplo.
A utilização de subprodutos de indústrias pode ser boa alternativa de alimentos menos onerosos. O uso de derivados do algodão na ração animal, como o farelo de algodão, é bastante difundido pela sua composição nutricional e por conter proteína de boa qualidade. O farelo de algodão é o terceiro farelo protéico mais produzido no mundo, perdendo apenas para o farelo de soja e de canola. Porém, a planta do algodão produz um pigmento tóxico, um aldeído polifenólico denominado gossipol. A semente do algodão pode conter quinze pigmentos diferentes do gossipol, sendo que no processamento das sementes, as glândulas se rompem e liberam o gossipol, assim, a concentração de gossipol nos derivados de algodão é em função do grau de extração do óleo e do método utilizado.
Outro processamento que contribui para diminuir o potencial de toxicidade do gossipol é a peletização, pois o calor úmido provoca modificação em suas propriedades. No entanto, este procedimento, abaixa significativamente o valor biológico das proteínas, principalmente a disponibilidade da lisina. Além disso, a peletização apenas reduz o potencial de toxicidade e não soluciona o problema por completo.
O gossipol é altamente tóxico para animais monogástricos e, apesar de ruminantes tolerarem níveis mais altos, esse composto também é tóxico para ruminantes. O gossipol não é metabolizado pelos microorganismos do rúmen e, por isso, é necessária atenção aos teores de gossipol nas dietas, principalmente, para animais com alta ingestão de matéria seca, como animais de alta produção.
Grande parte do gossipol é removido durante a manufatura da torta de sementes de algodão na fase de cozimento, no entanto, ainda assim podem ser encontradas as formas “livres” e “conjugadas” do gossipol. A forma “livre” é considerada tóxica, reduzindo a capacidade de transporte de oxigênio do sangue, resultando em respiração mais curta e edema pulmonar. Os sintomas de intoxicação são: anorexia, dispnéia, fraqueza, deficiência reprodutiva, edema cardíaco agudo, alterações nos glóbulos vermelhos e morte. O principal efeito tóxico do gossipol observado em ruminantes é a alteração dos glóbulos vermelhos.
O gossipol atua no metabolismo de aminoácidos, ligando-se às proteínas que contém aminoácidos livres. Além disso, o ferro forma complexos com o gossipol e estes complexos não são absorvidos pelo organismo. As ligações com proteínas, bem como os altos níveis de ferro na dieta podem inativar os pontos de ligação do gossipol, diminuindo sua toxicidade. Recomenda-se adicionar sulfato de ferro, óxido ou hidróxido de cálcio a dietas para ruminantes contendo subprodutos de algodão, no entanto, o uso de sulfato ferroso nas rações é pouco comum, pois onera o custo da produção.
Produtos derivados do algodão podem ser altamente tóxicos para animais monogástricos, mesmo quando tratados termicamente e utilizado juntamente com sais de ferro, portanto o nível de inclusão destes produtos nas dietas deve ser cuidadoso. O teor de gossipol, nos derivados de algodão, muda em função da variedade de algodão, do grau de extração do óleo e do método utilizado. Além disso, por ser um subproduto de indústrias possui variações não só no teor de gossipol, mas também na concentração dos nutrientes. Por isso, devem ser realizadas análises para determinação de gossipol livre no farelo de algodão, como ferramenta para calcular seu nível de inclusão na dieta.
Para suínos o nível máximo de gossipol livre no farelo de algodão sugerido por Ezequiel (2002) é de 400 ppm. Os valores de concentração do gossipol livre na dieta total que provocam toxicidade são de aproximadamente 100 ppm (Tanksley Jr., 1992). Com a adição de 12% de Farelo de algodão contendo 330 ppm de gossipol livre, a ração contém 40 ppm de gossipol livre, o que está bem abaixo dos 100 ppm indicados por esses autores. Assim, a inclusão de até 12% de farelo de algodão (36% de PB) em rações balanceadas para leitões (15 a 30 kg) não prejudica o desempenho desses animais, sendo desnecessária a inclusão de sulfato de ferro (Moreira et al., 2006).
O farelo de algodão pode ser usado nas rações de crescimento de frango de corte, se o gossipol livre não exceder a 0,03%, pois abaixo deste nível o ferro, na proporção 2:1 ferro:gossipol livre, pode completamente superar o efeito antinutricional. Segundo Butolo (2002) a formulação das rações para aves de postura deve conter níveis de gossipol abaixo de 0,015%, considerado como limite.
Para bezerros e cordeiros com menos de quatro meses de idade não é recomendado o fornecimento superior a 100ppm de gossipol livre. Quanto mais velho o animal, mais gossipol é capaz de tolerar, no entanto, 400-600 ppm é toxico para jovens ruminantes. Bezerros acima de quatro meses de idade toleram até 200 mg/kg (Morgan, 1989). Bovinos adultos podem tolerar quantidades muito maiores de gossipol livre, mas a toxicidade tem sido relatada com níveis de 800 ppm alimentado por um longo período de tempo (Morgan, 1989). O efeito tóxico do gossipol nos ruminantes parece ser cumulativo.
O gossipol tem efeito anticoncepcional em animais reprodutores e, por isso, alguns pesquisadores recomendam a não utilização de derivados de algodão em dietas de reprodutores machos. Dietas com até 30 mg de gossipol por quilo de peso vivo não causam efeito tóxico sobre a quantidade e qualidade do sêmen. Em fêmeas o consumo de mais de 36,0 mg de gossipol livre/kg de peso vivo resulta em redução na qualidade e desenvolvimento embrionário in vivo e in vitro. De fato, a ingestão de quantidades excessivas de gossipol aumenta a sua concentração plasmática e não só reduz a taxa de concepção em vacas de leite, mas também aumenta a perda de prenhez após os 45 dias de gestação (Santos et al., 2003). Além disso, embriões provenientes de novilhas alimentadas com gossipol reduzem a taxa de prenhez quando transferidos para vacas em lactação (Galvão et al., 2006).
Outro fator antinutricional presente no algodão são os ácidos graxos ciclopenóides encontrados no óleo contido na semente. Estes ácidos provocam a deposição de ácido esteárico e ácido palmítico na gordura do ovo e na carne de aves. Estes ácidos também são conhecidos por ser carcinogênico como a aflatoxina.
A utilização de derivados do algodão, como o farelo de algodão, em dietas de animais monogástricos ou ruminantes é uma boa alternativa para redução dos custos com alimentação, pois pode ser utilizado como fonte protéica e substituição do farelo de soja. Porém, o cuidado com seu nível de inclusão na dieta é imprescindível para obtenção de bons resultados de desempenho animal e produção.
Revista Eletrônica Nutritime, v.5, n° 5, p.638-647 Setembro/Outubro 2008.
 Revista Eletrônica Nutritime 638
Artigo Número 64
FARELO DE GIRASSOL: COMPOSIÇÃO E UTILIZAÇÃO NA ALIMENTAÇÃO DE
FRANGOS DE CORTE
Fernando de Castro Tavernari*1
, Luiz Fernando Teixeira Albino2
, Wilson Moreira Dutra
Júnior3
, Guilherme Rodrigues Lelis1
, Lidson Ramos Nery1
 e Rosana Cardoso Maia4
Introdução
A avicultura de corte é uma das atividades econômicas
mais importantes na
estrutura agropecuária brasileira e nos últimos anos tem vivido intenso desenvolvimento.
Dentre as áreas responsáveis pela evolução da indústria avícola pode-se destacar o
melhoramento genético, a nutrição e o manejo. Qualquer falha em uma destas áreas
pode afetar o desenvolvimento das aves, com conseqüente aumento no custo de
produção.
Em virtude da rápida evolução da avicultura os nutricionistas têm buscado
alternativas que tornem a formulação de rações mais eficientes, procurando reduzir a
poluição ambiental e os custos, uma vez que cerca de 70 a 80% dos custos estão
relacionados com a alimentação (Costa & Waquil, 1999, Teixeira et al., 2005).
Sabe-se que na formulação das rações para aves no Brasil utiliza-se basicamente
milho e soja, no entanto, a disponibilidade destes grãos é variável em função da região e
época do ano, levando assim a variações nos custos destas matérias primas, afetando
diretamente a lucratividade na avicultura. Desta maneira, uma alternativa para aumentar
a eficácia na produção animal é o uso de alimentos alternativos em substituição ao milho
e a soja.
Um alimento com grande potencial de disponibilidade é o farelo de girassol,
subproduto oriundo da extração do óleo da semente de girassol, considerado como fonte
protéica e já testado em substituição parcial do farelo de soja na alimentação das aves
(Petit et al., 1944, Furlan et al., 2001 e Oliveira et al., 2003).
O farelo de girassol tem seu uso pouco difundido no Brasil, mas está em franca
expansão devido ao aumento de consumo do óleo e ao incentivo ao plantio do girassol,
para ser usado como biocombustível. Conseqüentemente, haverá disponibilidade de
farelo que poderá ser utilizado para alimentação animal, em rações para todas as
espécies (Ferrari, 2004).
Em revisão sobre o uso de farelo de girassol na avicultura, Senkoylu & Dale (1999)
propuseram que para o uso em rações de aves o farelo de girassol deve ser pobre em
fibra, ser peletizado para facilitar a sua armazenagem pela baixa densidade, testado
quanto à solubilidade da proteína e, quando misturado nas dietas, suplementar com óleo
e com lisina. Além disso, faz-se necessário acrescentar enzimas, devido à alta quantidade
de polissacarídios não amiláceos.
Visto a possibilidade da utilização do farelo de girassol como substituição de fonte
protéica, esta revisão abordará alguns princípios sobre processamento, composição e a
utilização do farelo de girassol na avicultura de corte. 
O Girassol
Pertencente a família das compostas e ao gênero Helianthus, é a única planta nativa
das planícies norte americana que apresenta sementes oleaginosas. Possivelmente
originária do México, hoje está difundida por outros continentes e apresenta diversos
cultivares que variam em cor, tamanho e conformação (Silva, 1990).
Foi introduzida na América do Sul no século 19, inicialmente na Argentina, e logo
em seguida no Brasil (INFORMAVIPE, 2001). É uma planta de ampla capacidade de
adaptação às diversas condições de latitude, longitude e fotoperíodo. É resistente a seca
e ao frio, sendo uma boa alternativa de cultura de inverno (Silva, 1990).
Nos últimos anos, vem se apresentando como opção de rotação e sucessão de
culturas nas regiões brasileiras produtoras de grãos. A melhor tolerância à seca do que o
milho ou o sorgo, a baixa incidência de pragas e doenças, além dos benefícios que o
girassol proporciona às culturas subseqüentes são alguns dos fatores que vêm
conquistando os produtores brasileiros. Em áreas onde se faz rotação de culturas com o
girassol, observa-se um aumento de produtividade de 10% nas lavouras de soja e entre
15 e 20% nas lavouras de milho (EMBRAPA, 2007).
O ciclo da cultura dura cerca de 130 dias e a produtividade gira em torno de 40 mil
plantas por hectare, que rendem até duas toneladas de sementes e 40 toneladas de
massa verde. O girassol compete com plantas invasoras, sendo usado com sucesso na
rotação de culturas. A semente é pouco afetada por fungos e carunchos, desde que se
mantenha a umidade baixa (Ferrari, 2004).
O girassol se adapta facilmente a vários tipos de solos. Os mais indicados são os
solos profundos, férteis, planos e bem drenados, para que as raízes desenvolvam-se
normalmente (apresenta sistema radicular desenvolvido, atingindo as camadas mais
profundas do solo), possibilitando maior resistência a seca, maior absorção de nutrientes
e, como conseqüência, maior rendimento (INFORMAVIPE, 2001).
Processamento e Obtenção do Farelo de Girassol
A semente do girassol apresenta apenas regular qualidade de óleo devido ao seu
alto teor em fibra e conseqüente baixo valor energético. O óleo extraído das sementes
possui excelente valor nutricional com alto teor de vitamina E, ácidos graxos
poliinsaturados, principalmente os ácidos linoléico e oléico. Já as tortas obtidas de
semente descascadas apresentam proteína elevada e alta energia. A composição do
farelo de torta de girassol varia com a composição da semente e o método de
processamento (Andrigueto, 1988).
A semente de girassol é processada principalmente por três diferentes métodos
(Dorrel & Vick, 1997):
1) Extração de óleo por prensagem mecânica;
2) Extração de óleo por pré-prensagem e solvente;
3) Extração por solvente.
No primeiro método as sementes são quebradas seguidas da separação das cascas
já soltas por uma peneira vibratória e por sucção de ar. Após a separação das cascas
(processo parcial), o óleo é extraído da semente por uma prensa em forma de parafuso.
Este processo deixa cerca de 5 a 8% de óleo no farelo que é obtido pela secagem da
semente e das cascas não eliminadas.
No segundo método é realizada uma pré-limpeza das sementes por meio de um
separador magnético e aspiração pneumática. Quando a semente de girassol contém alta
umidade, a secagem torna-se necessária. A umidade da semente deve ser reduzida para 
valores entre 5 e 6% para uma retirada eficiente da casca e posteriormente uma pré-
secagem para produzir flocos. Após a retirada das impurezas e da casca, esses flocos são
cozidos a 85-90°C por 15 a 20 minutos para facilitar a separação do óleo da semente. Em
seguida há uma prensagem que remove o óleo das sementes já quebradas, reduzindo o
óleo para menos de 15 a 18% no bolo de óleo prensado, antes da extração com solvente
(Dorrel & Vick, 1997). O bolo prensado tem o restante de óleo extraído, utilizando-se
geralmente o hexano como solvente. A porcentagem de óleo que permanece no farelo de
girassol, obtido por este processo fica em torno de 0,5 a 1,5%. Após este processo, o
material restante é tostado em temperatura de 107°C para remover qualquer solvente
residual e então resfriado.
No terceiro método a extração de óleo é realizada por solvente, sendo este
processo uma extração continua por meio do uso de hexano que deixa de 2,0 a 3,5% de
óleo no farelo de girassol (Senkoylu & Dale, 1999).
O método utilizado comercialmente para a produção de farelo de girassol é a
extração com solvente. Esse processo utiliza calor e, do mesmo modo que tem sido
verificado com os farelos de soja e de canola, há um decréscimo da disponibilidade de
aminoácidos, particularmente da lisina (Hancock et al. 1990).
O conteúdo de energia e a concentração de proteína do girassol variam em função
da quantidade de casca presente. Novas variedades de girassol contendo menos casca e
também a remoção da casca (decorticação), antes do processo de separação e depois do
processo de extração, têm produzido farelos de melhor qualidade nutricional e com
elevados conteúdos de proteína.
Composição do Farelo de Girassol
De acordo com Villamide & San Juan (1998) existe grande variabilidade na
composição do farelo de girassol na literatura.
A composição percentual média de diferentes farelos de girassol pode ser observada
na Tabela 1.
A composição média do farelo obtido através de extração por solvente ou por
esmagamento está presente na Tabela 2 e o perfil aminoácidico na Tabela 3 de acordo
com Pond &
Maner (1984). O farelo obtido por esmagamento contém mais óleo e fibra e
menores quantidades de proteína bruta do que o farelo obtido através de extração por
solvente.
Segundo Vieira et al. (1992) e Villamide & San Juan (1998) a inclusão do farelo de
girassol na alimentação de aves tem como limitante o conteúdo de fibra bruta. Sabe-se
que o teor elevado de fibra presente no alimento diminui o valor de energia metabolizável
e o aproveitamento dos nutrientes pelos animais não-ruminantes (Café, 1993).
O teor de fibra bruta presente no farelo de girassol é variável, sendo encontrado de
acordo com a literatura, farelo de girassol com 15%, 25% e 26,10% segundo ANFAR
(1985), BUNGE (2007), EUROLYSINE (1995), respectivamente. Estas variações existem
devido ao tipo de processamento, com ou sem casca (Tabela 4), e às características dos
cultivares e do solo (Karunojeewa et al., 1989 e Pelegrini, 1989).
Segundo Butolo et al. (2002), os níveis de 36 a 40% de proteína bruta são para o
farelo sem casca, com 20 a 16% de fibra bruta, valores semelhantes ao encontrado por
Mantovani et al. (1999), com 34,07% de proteína bruta, 21,73% de fibra bruta, 4.229
kcal/kg de energia bruta e 1.569 kcal/kg de energia metabolizável aparente, para frangos
de corte com 20 dias de idade. Por outro lado, Stringhini et al., (2000), encontraram
nível de 27,36% de proteína, níveis altos de fibra (42,15% para FDN e 31,68% para
FDA), o que torna seu uso para aves bastante limitado; e os valores de energia
metabolizável aparente e aparente corrigida foram 1.777 kcal/kg e 1.524 kcal/kg,
respectivamente.
Tabela 1 - Composição percentual média dos diferentes farelos de girassol
Composição RHÔNE POULENC
(1993)
EUROLYSINE
(1995)
NRC (1998)
Matéria seca (%) 90,00 90,00 90,00 90,00 93,00
Proteína bruta
(%)
29,00 34,00 37,40 26,80 42,20
Gordura (%) 1,50 1,50 1,80 1,30 2,90
Fibra bruta (%) 25,00 23,00 26,10 - -
FDN (%) - - - 42,40 30,30
FDA (%) - - - 27,80 18,40
Cinzas (%) 6,00 6,00 7,80 - -
Cálcio (%) - - - 0,36 0,86
Fósforo (%) - - - 0,37 1,01
Aminoácidos
Arginina (%) 2,23 2,68 2,97 2,38 2,93
Fenilalanina (%) 1,28 1,50 1,50 1,23 1,66
Glicina (%) 1,65 1,92 - - -
Histidina (%) 0,70 0,82 0,92 0,66 0,92
Isoleucina (%) 1,25 1,47 1,42 1,29 1,44
Leucina (%) 1,78 2,12 2,08 1,86 2,31
Lisina (%) 1,01 1,18 1,20 1,01 1,20
Metionina (%) 0,62 0,72 0,84 0,59 0,82
Cisteína (%) 0,47 0,55 0,53 0,48 0,66
Serina (%) 1,18 1,40 - - -
Tirosina (%) 0,69 0,81 0,61 0,76 1,03
Treonina (%) 1,03 1,27 1,31 1,04 1,33
Triptofano (%) 0,38 0,45 0,47 0,38 0,44
Valina (%) 1,52 1,78 1,63 1,49 1,74
Tabela 2 - Composição bromatológica do farelo de girassol
Tipo de processamento Componentes
Esmagamento Solvente
Umidade, % 7,00 7,00
Proteína bruta, % 41,00 46,8
Fibra bruta, % 13,00 11,0
Extrato etéro, % 7,60 2,90
Matéria mineral, % 6,80 7,70
Ca, % 0,43 0,43
P total, % 1,08 1,08
Mg, % 1,00 1,00
K, % 1,08 1,08
Mn, ppm 13 13
Fonte: Pond & Maner (1984)
Tabela 3 - Conteúdo de aminoácidos do farelo de girassol (g/16g de N)
Extração por solvente
Baixa temperatura Alta temperatura
Extração por solvente
Arginina, % 9,40 8,70 8,20
Histidina, % 2,10 2,10 1,70
Isoleucina, % 4,00 3,90 5,20
Leucina, % 6,10 5,90 6,20
Lisina, % 3,30 2,80 3,80
Metionina, % 1,60 1,50 3,40
Fenilalanina, % 4,20 4,30 5,70
Treonina, % 3,20 3,20 4,00
Triptofano, % 1,00 1,00 1,30
Fonte: Pond & Maner (1984)
Tabela 4 - Composição do farelo de girassol com ou sem casca
Composições Sem casca (%) Com casca (%)
Umidade, % 7,00 10,00
Proteína bruta, % 45,40 32,00
Fibra, % 12,20 24,00
Energia metabolizável Aves (kcal/kg) 2.320 1.543
Fósforo disponível, % 0,16 0,14
Cálcio, % 0,37 0,31
Arginina, % 2,93 2,38
Fenilalanina, % 1,66 1,23
Isoleucina, % 1,44 1,29
Leucina, % 2,31 1,86
Lisina, % 1,20 1,01
Metionina, % 0,82 0,59
Cisteína, % 0,66 0,48
Tirosina, % 1,03 0,76
Treonina, % 1,33 1,04
Triptofano, % 0,44 0,38
Valina, % 1,74 1,49
Fonte: NRC 1994
Tendo em vista a grande variação nos valores de energia metabolizável dos
diferentes farelos de girassol encontrados na literatura, estudos foram realizados no
sentido de desenvolver equações de predição para encontrar valores de energia
metabolizável de modo mais simples, facilitando aos nutricionistas a estimarem a
composição química do alimento e formular as rações para aves. Na Tabela 5 é possível
observar diferentes equações de predição para as energias metabolizável aparente e
verdadeira corrigidas do farelo de girassol.
Utilização do Farelo de Girassol na Avicultura de Corte
Rad & Keshavarz (1976) relatam que 50% da proteína do farelo de soja pode ser
substituída pelo farelo de girassol, sem suplementação de lisina, sem efeito adverso no
crescimento e na conversão alimentar de frangos de corte. Portanto, 17,5% de farelo de
girassol podem ser adicionados à ração. Os autores encontraram diferença significativa
no crescimento e na conversão alimentar quando usaram 70 ou 100% de substituição de
proteína de farelo de soja por farelo de girassol, mas comentam que, com o uso de
suplementação de lisina esta diferença não existiu em relação à ração controle.
Recomendações diferentes de substituição são encontradas na literatura. Segundo
Waldroup et al. (1970) 20% é o nível máximo de farelo de girassol que pode ser utilizado
em rações de frango de corte, sem a adição de lisina sintética, sendo o mesmo resultado
encontrado por Costa (1974), Valdivie et al. (1982) e Zatari & Sell (1990). Contudo,
Ibrahim e EL Zubeir (1991), verificaram que o farelo de girassol pode ser utilizado nas
rações até o nível de 30%.
Furlan et al. (2001) concluíram como melhor nível, 15% de inclusão do farelo de
girassol nas rações para frangos de corte com suplementação de lisina, o que representa
30% a menos de farelo de soja na ração. Pinheiro et al. (2002) concluíram ser possível
incluir nível de 12% de farelo de girassol nas rações para frangos de corte com
suplementação de lisina, porém, 12% foi o nível máximo testado pelos autores.
Oliveira et al. (2003) testaram 3 níveis de inclusão de farelo de girassol (0, 15 e
30%) com ou sem suplementação de lisina e concluíram que 15% de farelo de girassol
sem correção de lisina pode ser usado sem afetar o desempenho geral e o rendimento de
carcaça dos animais.
Tavernari (2008) testando os níveis de 0, 5, 10, 15 e 20% de farelo de girassol em
dietas, suplementadas com lisina, para frangos de corte, observou-se que o nível de 
inclusão de 20% nas fases inicial (1-21 dias), final (22-42 dias) e período total (1-42
dias) não apresentou prejuízo para o desempenho produtivo e rendimento de carcaça dos
animais, porém, com exceção do nível de 5% na fase inicial, todos os níveis em todas as
fases foram inviáveis economicamente devido ao alto nível de inclusão de óleo.
A idade dos animais também é um fator extremamente importante para determinar
o nível de substituição da proteína de farelo de soja pela proteína do farelo de girassol.
Segundo Furlan et al. (2001) para frangos na fase inicial (1 a 21 dias) recomenda-se
28,21% e na fase de crescimento (22 a 42 dias) 31,16 e 28,48% (ponto de máximo e de
mínimo, respectivamente). No entanto, Pinheiro et al. (2002) observaram melhor
desempenho econômico quando os frangos foram alimentados com 0% de farelo de
girassol dos 3 até 35 dias e 4% de farelo de girassol de 36 a 42 dias de idade.
Senkoylu & Dale (1999) em revisão sobre o uso do farelo de girassol, propuseram
que para o uso em rações de aves o farelo de girassol deve ser pobre em fibra, ser
peletizado para facilitar a sua armazenagem pela baixa densidade, testado quanto à
solubilidade da proteína e, quando misturado nas dietas, suplementar com óleo e lisina.
Além disso, faz-se necessário acrescentar enzimas, devido à alta quantidade de
polissacarídios não amiláceos (PNAs).
Oliveira et al. (2007) seguindo a recomendação de 15% de inclusão de farelo de
girassol proposta por Furlan et al. (2001), testaram 2 níveis de farelo de girassol (0
e
15% de inclusão), com ou sem a suplementação enzimática (complexo enzimático a base
de celulase, protease e amilase) para frangos de corte de 21 a 42 dias de vida.
Concluíram que o uso do farelo de girassol prejudicou o desempenho dos animais, não
afetando o rendimento de carcaça, e que a inclusão do farelo de girassol com o complexo
enzimático diminuiu a viscosidade da digesta. Porém, em experimento de desempenho
semelhante, Tavernari (2008) testou os níveis de 0 e 20% de inclusão do farelo de
girassol, com ou sem suplementação de complexo enzimático (celulase, ß-glucanase,
xilanase e fitase) em dietas para frangos de corte nas fases inicial (1-21 dias) e final (22-
42 dias) e período total (1-42 dias) e observou que a inclusão de farelo de girassol não
prejudicou o desempenho e o rendimento de carcaça dos animais, e que houve aumento
significativo no ganho de peso com o uso do complexo enzimático na fase inicial.
Considerações finais
O farelo de girassol apresenta grande variação em sua composição em diversos
artigos científicos e tabelas de composição dos alimentos. É considerado uma alternativa
na alimentação de frangos de corte, porém, sua inclusão em rações é limitada devido ao
seu alto teor de fibra, baixa energia metabolizável e custo, uma vez que para incluir este
alimento em dietas é necessário a suplementação com óleo e lisina. 
Processo de Extrusão
Extrusão é um processo de cozimento à alta pressão, umidade e temperatura,
em curto espaço de tempo. Este conjunto de fatores distingue a extrusão de outros
tratamentos utilizados no processamento de dietas (O’Connor, 1987) tais como:
peletização, floculação ou tostagem. Segundo Andrigueto et al. (1981), as rações e
matérias-primas extrusadas promoveram aumento de peso e eficiência alimentar em
animais e, em alguns casos, melhoraram significativamente a palatabilidade dos
ingredientes ou rações. O amido é o principal componente energético dos grãos de
cereais (55 a 77%) e, no processo de extrusão, devido a suas características, contribui
na expansão e coesão do produto final, além de ser gelatinizado (Harmann e Harper,
1974) a uma temperatura de 50 a 80°C, quando o amido torna-se solúvel (tanto em
água fria como em água quente) absorvendo grande quantidade de água (Bataglia,
1990; Goelema, 1999), o que resulta em melhor digestão enzimática devido a maior 
facilidade para absorção das enzimas (Mello JR., 1991). A melhoria na utilização do
amido é dependente dos métodos de processamento, das fontes de amido utilizadas e
da espécie animal (Theurer, 1986).
As barreiras físicas para a digestão do amido incluem a cutícula da semente, a
matriz protéica que envolve os grânulos de amido e a baixa solubilidade do amido, por
si só.
Alguns processos como a trituração, por exemplo, rompem a Cutícula, mas
normalmente têm pouco efeito sobre a matriz protéica que envolve o amido ou sobre
sua solubilidade. A utilização mais completa do amido requer um maior grau de
rompimento do grânulo de amido, que pode ser obtido através do processamento a
vapor apropriado.
Os tratamentos que envolvem umidade, calor e pressão causam o rompimento
da matriz protéica que recobre e encapsula o grânulo de amido e aumentam a sua
eficiência de utilização (Owens, 1986). Segundo Thomas et al. (1998), o principal fator
que contribui para mudanças do amido é o vapor. Aumentando-se a pressão de vapor,
aumenta-se o grau de gelatinização do amido e, com tempo maior de permanência da
mistura no canhão, ocasiona-se melhor absorção da umidade e aumento no tamanho
da partícula do amido, devido à dilatação pela hidratação. Durante o processo de
extrusão ocorre desnaturação protéica; um conjunto de alterações na conformação
domes e Aguilera, 1984; Neto 1992; Araújo, 1999). A proteína desnaturada é mais
sensível à hidrólise pelas enzimas proteolíticas, e, em muitos casos a sua
digestibilidade e utilização aumentam (Araújo 1999). Esse processo é benéfico para os
alimentos, quando provoca uma desnaturação parcial na molécula protéica. A
utilização da pressão na extrusão faz com que este processo apresente algumas
vantagens em relação aos demais tipos de processos, tais como: inibição de fatores
antinutricionais; minimização das reações de Maillard devido ao brevíssimo tempo de
retenção dentro do extrusor (Bataglia, 1990); retardamento na rancificação das
gorduras (Pablos, 1986; Herkelman, 1990) aumento na digestibilidade do óleo por
tornar-se mais disponível para os animais (Sakomura, 1996) e diminuição nas perdas
de vitaminas, principalmente as lipossolúveis (Neto, 1992).
Complexos de lipídios com amilose podem ser formados durante o
processamento de alimentos, incluindo a extrusão (Bhatnagar e Hanna, 1994). A
formação do complexo amilose-lipídio reduz a extração de lipídios por éter de materiais
extrusados, e vários autores têm reportado decréscimo na extração de gordura após a
extrusão. Delort-Laval e Mecier (1976) encontraram que somente 40-55% dos lipídios
presentes em materiais fibrosos puderam ser extraídos com éter dietílico após a
extrusão. Nierle (1980), usando diferentes solventes, obteve em média 40% de
extração da gordura original do milho extrusado. Björck (1984) e Asp e Björck (1984)
reportaram baixo conteúdo de gordura aparente após extração com hexano, mas a
recuperação total em ingredientes fibrosos deu-se quando a hidrólise ácida precedeu a
extração de gordura. Maga (1978) por outro lado, recuperou 15% a menos em relação
ao conteúdo de gordura original do alimento extrusado, após a hidrólise ácida.
Composição Química, Energia e Digestibilidade
O valor energético da soja integral, processada para aves, depende do tipo de
processamento empregado. No entanto, em termos gerais, o conteúdo de energia
metabolizável (EM) oscila entre 3.300 e 4.273 kcal/kg. (Navarro, 1991).
Café et al. (2000) testou dois tipos de sojas integrais processadas, disponíveis
no mercado de matérias-primas de rações animais: soja integral extrusada (Nutremix
Premix e Rações Ltda. Monte Alto, SP), e a soja integral tostada (Agropastoril Ltda. -
Lapa, PR). O farelo de soja foi reconstituído com óleo, para comparação com as sojas
integrais. A reconstituição lipídica do farelo de soja foi feita para aproximar a 
composição das sojas integrais, na proporção de 17 partes de óleo de soja para 83
partes de farelo, com base na matéria natural. As composições químicas em energia
bruta, macro e microminerais e das sojas testadas.
A composição bromatológica dos alimentos pode ser influenciada por vários
fatores como solo, clima, variedade genética e segundo Albino et al. (1987) o
processamento. 
A composição bromatológica dos alimentos pode ser influenciada por vários
fatores como solo, clima, variedade genética e segundo Albino et al. (1987) o
processamento. 
pressão. Estes autores concluíram que as sojas testadas apresentaram composições
bromatológicas semelhantes e que os valores de energia metabolizável obtidos para a
soja extrusada foram superiores aos encontrados para a soja tostada pelo vapor e para
o farelo de soja com adição de óleo. 
Café et al. (2000) em outro experimento, determina a composição em
aminoácidos das sojas extrusada e tostada e do farelo de soja (tabela 6).
Os coeficientes de digestibilidade verdadeira dos aminoácidos encontrados por
este autor, obtidos para as sojas integrais e para o farelo de soja com incorporação de
óleo são apresentados na tabela 7. Estes autores concluem que o farelo de soja e a
soja extrusada apresentam digestibilidade dos aminoácidos semelhantes entre si.
De acordo com Bataglia (1990), as macromoléculas de proteína formam uma
estrutura globular tridimensional amorfa e organizada. Em temperaturas bastante
elevadas pode tornar-se uma massa plasticizada. Com o efeito da temperatura e
pressão do extrusor, as cadeias protéicas são desnaturadas. À medida que a
temperatura e o conteúdo de água aumentam, ocorre um desenrolamento da proteína
e perda de sua forma globular
tridimensional. Para que isso ocorra, as ligações iônicas,
dissulfídicas, de hidrogênio e as forças de Van der Waals, que mantêm a sua estrutura
são rompidas. A desnaturação da proteína facilita a atuação das enzimas proteolíticas,
favorecendo a digestão e absorção dos aminoácidos. Conforme Jackson & Dalibard
(1995), a digestibilidade da proteína e dos aminoácidos pode ser afetada pelos
processamentos da soja integral. Esses autores apresentam resultados publicados no
"Nutrition Guide" (Rhône-Poulene Animal Nutrition, 1993), que relacionam coeficientes
de digestibilidade da soja extrusada 10% superiores aos da soja tostada, tanto para
aves, como para suínos. 
FARINHA DE CARNE E OSSOS
 Evandro Campestrini 1
Introdução
A indústria de rações depara com a necessidade de grandes volumes de
ingredientes, havendo com freqüência a escassez de ingredientes alternativos ao milho e
ao farelo de soja. Mesmo não havendo falta de farelo de soja deve-se lembrar que seu
preço é regulado no mercado internacional. A formulação é dependente da qualidade,
bem como dos preços dos ingredientes, e por isso a competição entre as empresas
comprime a margem de lucro e põe mais pressão para redução de custos de produção
das rações. As boas fontes protéicas têm em geral altos custos e os ingredientes
alternativos podem ser usados, mas depende (na dependência) do conhecimento de sua
qualidade, preço, e do resultado no desempenho dos animais.
Evidentemente que se defende a melhoria da qualidade dos subprodutos de modo
a tratá-los como ingredientes e não como commodities, cujo comércio dispensa maiores
cuidados sobre qualidade nutricional e sanitária. Toda a indústria animal e o governo
deveriam estar atentos para a qualidade e a importância que as farinhas de origem
animal têm no cenário nacional, pois há muito a ser feito e com possibilidades de grandes
melhorias no setor (Bellaver, 2001).
A farinha de carne e ossos (FCO) é um dos alimentos alternativos que merece
estudos mais detalhados sobre sua composição química de modo a se obter o máximo
sucesso na utilização desta matéria-prima. É o principal subproduto de abatedouro
utilizado na nutrição animal, sendo uma excelente fonte protéica (apresenta teor de
proteína bruta entre 35 e 55%) e importante fonte de cálcio e fósforo (Vieites et
al.,1999).
Nos últimos anos, a utilização de produtos de origem animal em rações, tem sido
muito discutida mundialmente, devido aos vários problemas decorrentes principalmente
na União Européia com doenças como o “mal da vaca louca” e a febre aftosa.
Segundo Dale (2002), não há motivos para a suspensão do uso de subprodutos de
origem animal para aves, pois no continente americano não se tem notícia da ocorrência
de enfermidades como o “mal da vaca louca”, tendo em vista que esta síndrome também
nunca foi observada em aves, além do que, a utilização de farinhas de origem animal
causa efeito aditivo quando utilizada com proteínas de origem vegetal, principalmente em
relação a aditividade observada na utilização dos aminoácidos dietéticos pelas aves.
Outro fator de extrema importância é que as farinhas de carne e ossos são fontes de
cálcio e fósforo, sendo este o terceiro limitante em relação a custo na formulação de
rações.
Definição, Composição e Características da Farinha de Carne e Ossos
As definições dos produtos de origem animal são muito importantes para sua
padronização, permitindo que o produto seja classificado da mesma forma em diferentes
locais e por diferentes profissionais.
Na definição de ingredientes de origem animal está o inicio da variabilidade
encontrada nas tabelas, havendo muitas vezes dúvidas e enquadramento errôneo de
subprodutos.
 Farinha de carne e ossos
É produzida em graxarias e frigoríficos, a partir de ossos e tecidos de animais,
após a desossa completa da carcaça de bovinos e/ou suínos. Não deve conter cascos,
chifres, pêlos, conteúdo estomacal, sangue e outras matérias estranhas. Nos EUA a
definição de FCO implica em teor no mínimo 4% de fósforo. O cálcio não deve exceder
2,2 vezes o seu nível e a proteína deve ter solubilidade em pepsina superior a 86%. A
composição do material bruto terá significante efeito na qualidade do produto obtido
sendo que a gordura protege a lisina no processamento da FCO. O sobreaquecimento
influencia na palatabilidade e qualidade da FCO e cuidados especiais devem ser tomados
para eliminar os microrganismos prevenindo a contaminação da FCO após o
processamento. Sua cor é de dourada a marrom com densidade de 657 a 689 kg/m3
.
Farinha de carne
É o produto oriundo do processamento industrial de tecidos animais. São
especificados 5 tipos de FC com base na PB (35, 40, 50 e 55% de PB). A farinha de carne
é obtida semelhante a FCO, mas o nível de fósforo será não superior a 4% (Bellaver,
2001). Quando a farinha de carne apresentar mais de 26% de matéria mineral, deverá
ser considerada como farinha de carne e ossos. Segundo a American Feed Manufacture
Association, a farinha de carne que apresentar mais de 4,4% de fósforo (P) terá a palavra
“ossos” incluída em seu nome (Sartorelli, 1998).
Segundo ANFAR (1985) são especificados três tipos de farinhas de carne e ossos,
como demonstrado no Quadro 1. Porém, na Tabela Brasileira para Aves e Suínos, são
descritos seis tipos de farinhas de carne e ossos, como mostra o Quadro 2 (Rostagno et
al., 2000).
Quadro 1. Especificação para farinha de carne e ossos, segundo ANFAR (1985).
TIPO (%) Especificação Unidade 45 40 36
Umidade (Maximo) % 7,0 7,0 7,0
Proteína Bruta (mínimo) % 45,0 40,0 36,0
Dig. Pepsina (mínimo) % 85,0 85,0 85,0
Extrato etéreo (mínimo) % 8,0 8,0 8,0
Extrato etéreo (Maximo) % 12,0 12,0 12,0
Acidez (Maximo) Mileq 6,0 6,0 6,0
Fibra bruta % 1,0 1,0 1,0
Matéria mineral % 36,0 42,0 48,0
Cálcio (máximo) % 13,0 15,50 17,50
Fósforo (mínimo) % 5,50 6,50 7,50
Teste de EBER - Negativo Negativo Negativo
Salmonella - Negativo Negativo Negativo
Retido peneira 2,83 mm % 0,0 0,0 0,0
Retido peneira 2,00 mm % 5,0 5,0 5,0
ANFAR (1985)
Quadro 2. Especificações para farinha de carne e ossos segundo Rostagno, (2000).
TIPO (%) Especificações Unidade 36 40 45 50 55 60
Matéria seca % 92,34 92,50 92,20 91,83 92,71 92,14
Proteína % 35,96 40,69 45,37 50,11 54,50 61,28
PDA/ suínos % 24,45 31,74 36,26 40,61 46,00 52,28
Gordura % 12,00 11,82 11,10 11,15 10,44 7,88
Ac linoleico % 0,30 0,35 0,33 0,33 0,23 0,20
Fibra bruta % 0,93 1,24 1,28 1,24 1,50 0,94
Matéria mineral % 42,11 36,22 33,99 29,04 23,18 19,92
Cálcio % 15,05 14,31 11,29 9,98 8,46 7,98
Fósforo total % 7,50 6,20 5,91 5,12 4,18 3,90
Fósforo disp. % 7,50 6,20 5,91 5,12 4,18 3,90
Potássio % 0,70 0,70 0,67 0,59 0,56 0,40
Sódio % 0,57 0,71 0,70 0,53 0,69 0,50
Cloro % 0,50 0,60 0,60 0,46 0,50 0,45
Energia Bruta Kcal/kg 3.126 3.561 3.692 3.812 4.145 4.341
EMA/aves Kcal/kg 1.703 1.945 2.004 2.277 2.286 2.362
EMV/aves Kcal/kg 1.778 2.233 2.243 2.401 2.410 2.430
EDig/suínos Kcal/kg 1.794 2.348 2.377 2.409 2.846 2.926
EM/suínos Kcal/kg 1.588 2.137 2.247 2.277 2.619 2.693
O tipo de farinha quanto a sua origem: suína, bovina ou mista, tem influencia na
digestibilidade dos nutrientes, principalmente de aminoácidos, sendo que as farinhas
mistas de bovinos e suínos apresentam menor digestibilidade do que quando separadas
por espécies. Dale (1997) citado por Bellaver (2001), calculou a energia metabolizável da
farinha de carne e ossos, encontrando que à medida que há mais resíduos de ossos na
farinha, reduz a energia metabolizável estimada quando essa é obtida com níveis de
substituição altos em uma dieta de referencia (40% por exemplo).
Os resíduos que entram na composição das farinhas são importantes do ponto de
vista que, dependendo de suas proporções podem alterar a digestibilidade das farinhas.
Não se admite e são consideradas adulterações – a adição de pêlos, pó de chifre
ou cascos, conteúdo gastrintestinal, couro, excesso de sangue, etc (Lima, 1995; citado
por Sartorelli, 1998). O mesmo autor
salienta ainda, que os fabricantes usam proporções
variáveis de ossos nas misturas durante o processo de produção, o que gera diversos
tipos de farinhas de carne e ossos, que são diferentes entre si em valor nutricional e em
valores econômicos na formulação de rações animais.
Devido à falta de uma fiscalização rigorosa, verificam-se ainda fraudes e
adulterações nas farinhas de carne, tais como: aplicação de calcário para reduzir a
acidez, raspa de couro curtido para elevar a proteína bruta, e aplicação de uréia com a
mesma finalidade.
Por desconhecimento ou em decorrência de problemas no sistema de extração de
gordura, é razoavelmente comum o processamento a temperaturas muito elevadas
(acima de 120ºC) ou por tempo desnecessariamente longo, tornando o produto, de
qualidade inferior. Contudo um dos maiores problemas relacionados com proteínas de
origem animal é o fato de haver muita variação entre produtos. Isso significa que o
nutricionista não pode incluir o produto nas fórmulas sem uma análise cuidadosa dos
seus valores nutricionais (Sartorelli, 1998).
A farinha de carne e ossos (FCO) é um ingrediente largamente utilizado em dietas
para frangos de corte e poedeiras comerciais, atuando geralmente como redutor nos
custos de formulações (Faria Filhoet al., 2002). Segundo Lesson & Summers (1997), para
cada tonelada de carne preparada para o consumo humano, cerca de 300 kg são descartados como produtos não comestíveis, e desses, aproximadamente 200 kg se
transformam em farinha de carne. Trata-se de um ingrediente rico em proteína bruta
(PB), cálcio (Ca) e fósforo (P). Fundamentalmente a matéria inorgânica dos ossos está
formada em sua maior parte por fosfato tricálcico. O fosfato de magnésio, o carbonato e
fluoreto de cálcio, bem como traços de cloretos e sulfatos alcalinos complementam o teor
das cinzas dos mesmos. Ossos provenientes de animais jovens são mais moles e
elásticos do que aqueles oriundos de animais adultos e em conseqüência são menos ricos
em substâncias minerais (Andrigueto et al., 1988a).
 Características Macroscópicas
Farinha de carne e farinha de carne e ossos são de partículas em forma de
grânulos, de cor marrom claro a marrom escuro, cujo tamanho varia conforme a sua
granulometria. Sua cor, textura e uniformidade são bastante variadas. Partículas de
ossos estão presentes nas farinhas de carne e ossos, o que não ocorre com as farinhas
de carne, porém ambas são ligeiramente gordurosas devido ao seu alto teor de gordura.
O odor é de carne e gordura cozidos, mas não de ranço (Butolo, 2002).
Características Estereoscópicas
A parte fina é granular e as partículas maiores são grosseiras, ligeiramente
gordurosas com quantidades variáveis de partículas finas aderidas nelas Os fragmentos
de ossos são grosseiros, de cor branca, cinza ou marrom claro. Ossos de mamíferos são
densos e se quebram em partículas grossas e os de aves são menos densos e se
quebram em lascas com pontas afiadas, sendo considerada fraude. Pêlos estão sempre
presentes e as vezes passam por processo de hidrolise e voltam a fazer parte da farinha.
Sua característica quanto a forma é plana ou cilíndrica, apresentando cores que variam
do amarelo claro ao preto (Butolo, 2002).
 Características Histológicas
Partículas de músculo estriado estão presentes tanto na farinha de carne como na
farinha de carne e ossos. Ossos, casco, chifre, sangue e pêlos são as características mais
usuais para a identificação. Os ossos são compostos de espaços (lamelas), arranjadas em
forma anelar, circundando pequenos canais por onde fluem os vasos sanguíneos.
Aparecem também espaços de ar (lacunas), que são conectados a canalículos por onde
fluem os nutrientes que fazem parte da composição óssea. Usando aumento de 100x, as
lacunas apresentam-se negras contra superfície cinza, sendo a melhor característica
desse constituinte. Partículas de casco e chifre aparecem nas cores cinza escuro ou
partículas negras com inúmeras linhas paralelas na superfície (Butolo, 2002).
 A viabilidade de incorporação da FCO em dietas para frangos de corte depende
em grande parte do valor de energia metabolizável (EM) desse ingrediente. Vários
autores consideram que os valores de EM da FCO estão normalmente subestimados
quando obtidos com metodologias nas quais o nível de inclusão de FCO na dietareferência
varia de 40 a 50%, possivelmente porque os elevados níveis dietéticos de
cálcio e fósforo proporcionados pela alta inclusão da FCO comprometem a utilização dos
demais nutrientes (Faria Filho et al., 2002).
Processamento
 Das fontes protéicas alternativas, a soja tem qualidade mais variável e vai daí a
importância de conhecer a origem e o processamento do ingrediente em questão. Isso
fará com que se conheça de antemão a formulação, as limitações do ingrediente, o que
determinará o sucesso ou não sobre a redução dos custos da ração e o efeito no
desempenho animal com o ingrediente alternativo.
Consiste em retirar os excessos de água, picar e/ou triturar os resíduos não
comestíveis da matança, quando isso for necessário, devido ao tamanho das peças, levá-
los aos digestores para cocção com ou sem pressão, por tempo variável dependendo do
processo, sendo a gordura drenada, prensada ou centrifugada e o resíduo sólido moído
na forma de farinha com especificações de granulometria variáveis. Benati (S.n.t) citado
por Bellaver (2001), indicou vários pontos onde a qualidade da farinha pode ser
prejudicada.
Fatores Que Afetam A Qualidade
 Umidade
Sendo superior a 8% poderia facilitar a contaminação bacteriana e suas
conseqüências, e se com baixa umidade, indica a queima do ingrediente no processo. A
queima poderia estar associada ao desgaste do equipamento, excessivo tempo de
retenção e ou mau funcionamento de manômetros e termômetros (Butolo, 2002);
Textura
Na composição da farinha entram em quantidades variáveis os ossos que são de
difícil mensuração, mas que podem ser segregados pedaços maiores para remoagem e
manutenção da granulometria adequada. A textura ideal seria sem retenção em peneira
Tyler 6 (3,36 mm), no máximo 3% de retenção na Tyler 8 (2,38 mm) e máximo 10%
retenção na Tyler 10 (1,68 mm);
Altas temperaturas e tempo excessivo no digestor
Por desconhecimento ou por decorrência de problemas no sistema de extração de
gordura, é comum no processamento que a temperatura se eleve muito (acima de
120ºC) por tempo desnecessariamente longo, alterando a qualidade do produto,
reduzindo a digestibilidade de aminoácidos (Butolo, 2002);
Excesso de gordura
As farinhas de carne e ossos são classificadas pelo nível de proteína bruta e
usadas pelo nível de fósforo. A diversidade de tipos de equipamentos para extração de
gordura faz com que haja uma variação acentuada de níveis de gordura residual nas
farinhas e não é raro o uso de produtos em discordância com os valores considerados nas
formulações, causando em determinadas circunstâncias o desbalanceamento do cálcio e
fósforo (Butolo, 2002);
Contaminações do processo
(sangue, penas, resíduos de incubatório, cascos, chifres, pêlos, conteúdo
digestivo), as quais devem ser minimizadas em função da definição de cada produto
produzido e manutenção dos padrões de qualidade;
Contaminações com materiais estranhos ao processo
Em geral são associados à falta de equipamentos adequados ou fraude e visam produzir
subprodutos de baixo preço e sem qualidade. Deveriam aqui ser considerados a não
inclusão de materiais mortos, exceto aqueles originados no transporte e na plataforma de
recebimento de animais dos abatedouros;
Tempo entre o abate e o processamento
Está se tornando muito importante devido ao aparecimento de novos
processadores independentes. O processamento deve ser feito preferencialmente em
seguida ao abate ou sempre no mesmo dia do abate, evitando assim a putrefação
(Bellaver, 2001). O produto final deve ser ensacado em sacos de papel multifoliados e 
armazenado em ambiente amplo, seco e arejado. O período de armazenamento
depende
da umidade do produto e do teor de gordura (Butolo, 2002).
Limitações Para Uso Em Rações
Sem o conhecimento da origem do material é possível que esse item se torne um
problema. Embora os custos e as facilidades para analisar cada ingrediente, torne a
rotina de análises difícil de ser implementada. É preciso ter em mente que os fatores
antinutricionais: bactérias (Salmonelas, E.coli), príons, cheiro, cor, sabor, podem afetar a
qualidade final das rações produzidas. Está se tornando cada vez mais importante para o
comércio internacional a rastreabilidade de ingredientes usados no sistema produtivo, na
qual determina os ingredientes que podem e os que não podem ser utilizados. No caso
dos subprodutos de abatedouros entendemos que alguns pontos são importantes:
 Contaminação bacteriana
Na produção das farinhas grande parte da contaminação bacteriana é eliminada,
porém, deve-se fazer um monitoramento dessa farinha para evitar a recontaminação.
Para reduzir o risco de bactérias em farinhas, tem sido prática comum na graxarias o uso
de substâncias a base de formaldeído, o que impede o crescimento bacteriano, embora
seja um procedimento desejável, isso pode, em hipótese, reduzir a degestibilidade dos
aminoácidos e da energia das farinhas, havendo que se testar o efeito dessas substâncias
sobre o metabolismo digestivo dos animais (Bellaver, 2001).
Peroxidação das gorduras
As farinhas de origem animal são ricas em gorduras e, por conseguinte tem
facilidade em se auto-oxidarem pelo inicio da formação de radicais livres. A oxidação é
um processo autocatalítico e desenvolve-se em aceleração crescente, uma vez iniciada.
Fatores como temperatura, presença de enzimas, luz, e íons metálicos podem influenciar
a formação de radicais livres. Portanto, é importante impedir o inicio da formação de
radicais livres, que poderá ser feito pelo manejo adequado de produção e
armazenamento. Substâncias antioxidantes naturais e sintéticos podem ser incorporados
para diminuir a auto-oxidação dos ácidos graxos das farinhas (Bellaver, 2001).
Presença de poliaminas
As poliaminas (putrescina, espermidina e espemina) estão presentes em
diferentes concentrações nos alimentos vegetais e animais e parecem ser a fonte
principal de poliaminas para o homem e animais. Poliaminas têm sido apontadas como
substâncias que causam toxicose quando ingeridas pelos animais. A putrescina, que é a
mais simples das aminas biogênicas usada até 0,2%, foi considerada promotora de
crescimento de frangos e tóxica à medida que aumenta o consumo até 1% (Bellaver,
2001).
Encefalopatia Espongiforme Bovina
A instrução normativa do MAA (Ministérios da Agricultura Pecuária e
Abastecimento, Instrução Normativa nº 6 de 01 a 02 de fevereiro de 2001. DOU Seção 1
pagina 4), revogou as instruções normativas anteriores e impôs varias proibições para o
uso de fontes de proteína e gordura de mamíferos na alimentação de ruminantes,
enfatizando também que os processos industriais utilizados para obtenção dessas
matérias-primas, não garantem a inativação do agente causador da Encefalopatia
Espongiforme Bovina (EEB). A proibição é oportuna no aspecto geral, porém, algumas
considerações precisam ser feitas em nome da clareza sobre o assunto. Na União
Européia, o único material permitido reciclar é aquele declarado para atender ao consumo 
humano, mas por razões comerciais ou tecnológicas não é direcionado ao consumo
humano; devem respeitar os padrões de processamento de 133ºC/3 Bar (~3 Atm)
durante 20 minutos para toda transformação dos materiais de animais mamíferos e
proibição desde julho de 1994 de alimentação de ruminantes com proteínas animais de
origem mamífera (Bellaver, 2001).
Segundo Rostagno e Silva (1998), nas rações formuladas para aves, o
fornecimento de fósforo disponível (Pd) pelas fontes de origem vegetal não é o suficiente
para atender as exigências nutricionais a fim de proporcionar adequado desempenho e
mineralização óssea, havendo necessidade de suplementação com fontes de P inorgânico,
que geralmente é obtida pela utilização de fosfato bicálcico ou as farinhas de carne e
ossos.
A importância da farinha de carne e ossos advém, primariamente, de seu valor
como fonte de fósforo; portanto, seria mais racional classificá-la de acordo com o teor
desse nutriente; outra justificativa usada é o fato de se utilizarem tecidos animais como
matéria-prima para a produção dessas farinhas que contém proteína de baixo valor
nutritivo, ocorrendo uma melhora em função do processamento industrial com aplicação
de temperatura e pressão (Lima, 1995, citado por Sartorelli, 1998).
A suplementação de fósforo inorgânico às rações geralmente é realizada
utilizando-se o fosfato bicálcico ou as farinhas de carne e ossos. Nesse sentido, Lima
(1995), citado por Sartorelli (1998) determinou a biodisponibilidade relativa de diversas
fontes de fósforo, entre elas a farinha de carne e ossos, em relação ao fosfato bicálcico,
considerado como padrão. Os resultados mostraram que não houve diferença significativa
de biodisponibilidade de fósforo do fosfato bicálcico em relação à farinha de carne e
ossos.
Para as aves, a farinha de carne chegou a representar a principal fonte de
fornecimento de proteínas. É usada em níveis que permitam ajustar o equilíbrio e as
necessidades em aminoácidos limitantes, além do fósforo. Tanto para aves como para
suínos, as farinhas de carne podem ser utilizadas nas rações a níveis nos quais o teor em
cálcio das mesmas funciona como limitante, isto é, alcance o teor indicado na ração para
a fase e espécie em questão.
Em termos atuais a maior parcela da proteína das rações destinadas a suínos é
proveniente de sementes oleaginosas, entretanto, a farinha de carne e ossos ainda é
utilizada, particularmente para equilibrar os níveis de aminoácidos, bem como o fósforo. 
Análise Para Diferenciação De Componentes Da Farinha
Utiliza-se de “spot tests” pra diferenciar ossos de calcário, cartilagens de casco e
de chifre. Esses testes microquímicos podem ser efetuados da seguinte maneira:
Método I – Ossos x calcário x fosfato bicálcico
Reagente: ácido clorídrico
Procedimento:
a) Colocar uma amostra em 1 vidro de relógio;
b) Adicione ácido clorídrico;
c) Observe a efervescência. O calcário reage imediatamente, o fosfato bicálcico
reage leve e momentaneamente e os ossos reagem lentamente, mas de forma
constante.
Método II – Cartilagens x cascos ou chifres
Reagente: Ácido acético glacial – misture 1:1 ácido acético com água destilada
(V/V).
Procedimento:
a) Coloque a amostra no “spot plate” ou cadinho de porcelana e cubra-o
com reagente misturado;
b) Observe a amostra após 60 minutos;
c) As cartilagens ficarão inchadas e macias, enquanto que casco ou chifre
permanece resistente.
Método III – presença de sangue
Reagentes:
1. 3,3’,5’,5’ – tetramethylbenzidina, ácido acético glacial e água oxigenada
(peróxido de hidrogênio)
2. 3,3’,5’,5’ – tetramethylbenzidina (sigma T-2885), misture 1g com
100ml de ácido acético glacial. Dilua com 150ml de água destilada.
Procedimento: 
a) Antes do uso, misture 4 partes do reagente misturando (1) com
1 parte de água oxigenada a 3%.
b) Coloque um pouco das partículas do material analisado em uma
lâmina de microscópio;
c) Adicione 1 gota do reagente. Se o sangue estiver presente, uma
cor azul aparecerá em torno das partículas;
d) Use pequeno aumento para análise (Butolo, 2002) 
Milho
Foram conduzidos um ensaio de metabolismo para determinar o valor nutricional do milho termicamente
processado (MP) e não-processado (MNP) e outro de desempenho para comparar o uso desses alimentos
em dietas pré-iniciais para frangos de corte. Não foram observadas diferenças entre a digestibilidade da
matéria seca (MS), do extrato etéreo, da proteína bruta e do amido e valores de energia metabolizável
aparente dos tipos de milho avaliados. A energia metabolizável aparente corrigida do MP (3.537kcal/kg
de MS) foi maior (P<0,05) que a determinada
para o MNP (3.411kcal/kg de MS). No ensaio de
desempenho, os tratamentos foram: T1- dieta formulada com MNP; T2 - dieta formulada com MP; e T3 -
dieta T1, com substituição isométrica do MNP por MP. Na primeira semana, as aves alimentadas com MP
(T2) apresentaram maior consumo (P<0,05) e pior conversão (P<0,05) em relação às alimentadas com
MNP (T1). A substituição isométrica do MNP por MP não influenciou no desempenho das aves. No
período de 1 a 42 dias, os tratamentos não influenciaram o desempenho dos frangos. 
O milho é considerado o mais importante
componente energético das rações. Se
corretamente processado pelo calor, a
digestibilidade de seus nutrientes é melhorada,
principalmente a da energia (Moreira et al.,
1994). O tratamento térmico aumenta a
digestibilidade dos carboidratos porque a amilose
e a amilopectina, organizadas inicialmente em
grânulos, são expostas a uma maior ação
enzimática quando os grânulos são desfeitos pelo
calor. Processos que utilizam temperatura e
pressão com potencial para a gelatinização do
amido aumentam a digestibilidade que resulta em
maiores valores de energia metabolizável.
Também, melhoram a digestibilidade dos lipídios
presentes nos grãos, pelo rompimento das
estruturas celulares que os protegem (Leeson e
Summers, 1997).
Os valores de energia metabolizável dos
alimentos podem ser menores nos primeiros dias
de vida das aves em conseqüência das limitações
fisiológicas para o aproveitamento de nutrientes
nessa fase. Segundo Nir (1998), os valores de
energia metabolizável aparente corrigida
(EMAn) encontrados nas tabelas de composição
dos alimentos estão acima dos valores corretos
para pintos na primeira semana, e essa diferença
deve ser considerada na formulação das rações.
Os objetivos deste estudo foram determinar o
valor nutricional do milho termicamente
processado (MP) comparado ao do nãoprocessado
(MNP) para pintos de corte na
primeira semana de vida e comparar o uso do
MP em relação ao MNP em rações pré-iniciais
formuladas com os valores de EMAn
determinados sobre o desempenho de frangos de
corte.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram conduzidos um ensaio de metabolismo e
outro de desempenho utilizando-se milho
retirado de um mesmo lote, sendo uma parte
submetida ao processamento térmico. O
processamento do milho foi realizado pela
empresa que comercializa esse produto,
utilizando o sistema de pré-cozimento de cereais.
Durante o processamento, os grãos, limpos, são
encaminhados para o reator, para serem
submetidos ao vácuo (3min), para a retirada do
oxigênio, e ao aquecimento (63 a 107ºC), para
expô-los ao vapor direto (8 a 12 min). Após
atingir a temperatura máxima, o aquecimento é
mantido (cozimento) com vapor indireto (15 a 18
min). Depois do cozimento, ainda no reator,
inicia-se o resfriamento com aplicação de vácuo
(13 a 15 min). Os grãos, ao saírem do reator com
temperatura variando entre 65 e 70ºC, são
submetidos ao resfriamento final após o que
apresentam temperatura 5ºC acima da
temperatura ambiente com 12% de umidade.
Amostras dos alimentos foram levadas ao
laboratório para a determinação de matéria seca,
proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral e
fibra bruta (Silva, 1990) e de energia bruta e
amido. A energia bruta foi determinada em
bomba calorimétrica adiabática1
, e o amido de
acordo com a metodologia enzimática
modificada para leitura de glicose por
colorimetria2
, segundo Pereira e Rossi (1995). A
enzima utilizada para a hidrólise do amido foi a
amiloglicosidase, na concentração de
6.100unid/ml. O critério adotado para o
aproveitamento dos resultados das análises foi a
taxa de recuperação do amido, usando-se uma
reta-padrão. Quando a taxa de recuperação foi 
superior a 90%, os resultados foram
aproveitados, caso contrário, as amostras foram
submetidas à nova determinação.
Para o controle de qualidade do processamento
do milho, usou-se o índice de absorção de água,
obtido de acordo com a técnica proposta por
Holay e Harper (1982). Os coeficientes de
digestibilidade e os valores de energia
metabolizável aparente (EMA) e EMAn foram
determinados em ensaio de metabolismo, pelo
método da coleta total de excretas.
Foram utilizados 180 pintos de corte, machos de
um dia Cobb. As aves foram alojadas em baterias
com aquecimento e distribuídas ao acaso, em três
tratamentos e seis repetições de 10 aves por
repetição. Nas rações-teste, os alimentos
substituíram, com base na matéria natural, 40%
da ração de referência (Tab. 1).
Tabela 1. Composição percentual e calculada da ração de referência e das dietas experimentais para aves
de 1 a 7 dias
Ração experimental Ingrediente Ração-referência T1 T2 T3
Milho não-processado (comum) 61,755 54,982 -- --
Milho processado (gelatinizado) -- -- 56,250 54,982
Farelo de soja 34,139 36,363 36,118 36,363
Óleo de soja -- 4,533 3,507 4,533
Calcário 1,064 1,069 1,072 1,069
Fosfato bicálcico 1,815 1,854 1,851 1,854
Mistura mineral1 0,050 0,050 0,050 0,050
Mistura vitamínica2 0,300 0,300 0,300 0,300
L – lisina HCl 0,204 0,172 0,176 0,172
DL - metionina 99% 0,235 0,248 0,247 0,248
Sal comum 0,438 0,429 0,429 0,429
Total 100,00 100,00 100,00 100,00
Composição calculada
EMAn kcal/kg 2.875 2.900 2.900 2.900
Proteína bruta (%) 21,172 21,543 21,543 21,543
Lisina (%) 1,263 1,283 1,283 1,283
Metionina (%) 0,490 0,575 0,575 0,575
Metionina + cistina, (%) 0,895 0,911 0,911 0,911
Treonina, (%) 0,811 0,829 0,829 0,829
Triptofano, (%) 0,259 0,269 0,269 0,269
Cálcio, (%) 0,955 0,971 0,971 0,971
Fósforo disponível, (%) 0,450 0,456 0,456 0,456
Sódio (%) 0,216 0,212 0,212 0,212
1- Mistura mineral (quantidade/kg do produto): Mn - 150.000mg, Zn - 100.000mg, Fe 100.000mg, Cu - 16.000mg, I - 1.500mg.
2- Mistura vitamínica (quantidade/kg do produto): - vit. A - 2.666.000 UI, vit. B1 - 600mg, vit. B2 - 2.000mg, vit. B6 - 933,10mg,
vit. B12 - 4.000mcg, vit. D3 - 666,50mg, vit. E - 5.000 UI, vit. K - 600mg, ácido fólico - 333,25mg, ácido pantotênico - 5.000mg,
biotina - 20mg, colina - 133.330mg, niacina - 13.333mg, selênio - 100mg, antioxidante - 7,5g, coccidiostático - 33,332g, promotor
de crescimento - 20g, veículo QSP - 1000g.
T1= ração com milho não processado; T2= ração com milho processado; T3= ração T1 com substituição isométrica
EMAn = energia metabolizável aparente corrigida.
O período experimental foi de um a oito dias de
idade, sendo os três primeiros dias para
adaptação às rações experimentais e os cinco
últimos para coleta das excretas. Água e ração
foram oferecidas à vontade.
Foram instaladas bandejas de alumínio sob as
gaiolas para a realização de duas coletas de
excreta por dia, as quais foram congeladas. No
final do período experimental, após o
descongelamento à temperatura ambiente e
homogeneização das excretas de cada repetição,
retiraram-se amostras, que foram secas em estufa
de ventilação forçada a 55°C, por 72 horas. Em
seguida, foram moídas e levadas ao laboratório,
junto com amostras das rações experimentais,
para a determinação da matéria seca, do
nitrogênio, do extrato etéreo, da energia bruta e
do amido, utilizando-se as mesmas metodologias
descritas para as análises dos alimentos. 
Com base nos resultados de laboratório, foram
calculados os coeficientes de digestibilidade
aparente da matéria seca (CDMS), do extrato
etéreo (CDEE), da proteína bruta (CDPB) e do
amido (CDA) e os valores EMA e EMAn,
utilizando as equações propostas por Matterson
et al. (1965).
No ensaio de desempenho, foram utilizados 540
pintos de um dia, machos, linhagem Cobb,
alojados em um galpão experimental,
subdividido em boxes. As aves foram pesadas
individualmente e, com base no peso, foram
distribuídas entre os tratamentos, para que as
parcelas apresentassem peso médio semelhante.
O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente ao acaso, com três tratamentos e
seis repetições de 30 aves por repetição. Os
tratamentos foram: T1 - ração pré-inicial
formulada com MNP; T2 – ração
pré-inicial
formulada com MP; e T3 - ração T1, com
substituição isométrica do MNP por MP.
As rações para cada fase (Tab. 1 e 2) foram
formuladas segundo as exigências nutricionais e
a composição dos alimentos proposta por
Rostagno et al. (2000), com exceção da EMAn
dos milhos para os tratamentos T1 e T2. Nessas
rações, consideraram-se os valores de EMAn
determinados na primeira semana. Após a fase
pré-inicial, as aves de todos os tratamentos
receberam as mesmas rações até o final do
experimento. Durante todo o período
experimental, ração e água foram oferecidas à
vontade. Em cada fase, as características
avaliadas foram: ganho de peso (g/ave), consumo
de ração (g/ave) e conversão alimentar.
No interior do galpão registraram-se:
temperatura média das máximas igual a 31,4ºC e
das mínimas, 22,7ºC, e unidade relativa média
das máximas de 64,8% e das mínimas, 36,1%.
Registaram-se as mortes para correção dos
cálculos do índice de desempenho.
Tabela 2. Composição percentual e calculada das rações experimentais, após a fase pré-inicial, para aves,
segundo o período de criação
Ração
Ingrediente Inicial
 (8-21 dias)
Engorda
 (22-35 dias)
Final
 (35-42 dias)
Milho 59,393 61,426 62,045
Farelo de soja 34,298 31,336 29,501
Óleo de soja 2,314 3,432 4,817
Calcário 1,052 1,007 0,982
Fosfato bicálcico 1,780 1,650 1,553
Mistura mineral1 0,050 0,050 0,050
Mistura vitamínica2,3 0,300 0,300 0,300
L – lisina HCl 0,144 0,181 0,177
DL - metionina 99% 0,229 0,206 0,190
Sal comum 0,440 0,411 0,386
Total 100,00 100,00 100,00
Composição calculada
EMAn (kcal/kg) 3.000 3.100 3.200
Proteína bruta (%) 20,940 19,786 18,989
Lisina (%) 1,215 1,167 1,114
Metionina (%) 0,551 0,512 0,485
Metionina + cistina, (%) 0,882 0,829 0,792
Treonina, (%) 0,807 0,760 0,730
Triptofano, (%) 0,259 0,241 0,229
Cálcio, (%) 0,942 0,886 0,848
Fósforo disponível, (%) 0,442 0,414 0,393
Sódio (%) 0,216 0,203 0,192
1- Mistura mineral (quantidade/kg do produto): Mn - 150.000mg, Zn - 100.000mg, Fe - 100.000mg, Cu - 16.000mg, I - 1.500mg.
2- Mistura vitamínica (quantidade/kg do produto): vit. A – 2.666.000 UI, vit B1 - 600mg, vit. B2 -2.000mg, vit. B6 - 933,10mg,vit.
B12 - 4.000mcg, vit. D3 - 666,50mg, vit. E - 5.000 UI, vit. K - 600mg, ácido fólico - 333,25mg, ácido pantotênico - 5.000mg,
biotina - 20mg, colina - 133.330mg, niacina - 13.333mg, selênio - 100mg, antioxidante - 7,5g, coccidiostático - 33,332g, promotor
de crescimento - 20g, veículo QSP - 1000g.
3- Mistura vitamínica (quantidade/kg do produto): vit. A - 2.332.750, vit. B1 - 533,20mg, vit. B2 - 1.666,25mg, vit. B6 - 866,45mg,
vit. B12 - 3.332,50mcg, vit. D3 - 500mg, vit. E - 4.000 UI, vit. K - 500mg, ácido fólico - 233,275mg, ácido pantotênico -
4.332,250mg, colina - 99.975mg, niacina - 11.663,75mg, selênio - 100mg, antioxidante - 5,0g, coccidiostático - 20g, promotor de
crescimento - 13,33g, veículo - QSP - 1000g.
EMAn = energia metabolizável aparente corrigida. 
Os dados do ensaio de metabolismo foram
submetidos à análise de variância (User’s...
1996) segundo modelo inteiramente ao acaso.
Os dados de desempenho foram submetidos à
análise de variância, utilizando-se do
procedimento GLM (User’s..., 1996). As
comparações de médias, por contrastes
ortogonais, foram: T1 vs T2 para testar o efeito
da substituição do MNP por MP em rações
isonutritivas e T1 vs T3 para testar o efeito da
substituição isométrica do MNP por MP.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A composição química e os valores de energia
bruta, macro e microminerais dos milhos
avaliados, são apresentados nas Tab. 3 e 4,
respectivamente. A composição dos alimentos de
origem vegetal pode ser influenciada por fatores
como: solo, clima e variedade genética. Os tipos
de milho estudados apresentaram valores de
composição semelhantes aos encontrados na
literatura (Tabelas..., 1991; Nutrient..., 1994;
Rostagno et al., 2000) para o milho comum.
Tabela 3. Composição bromatológica do milho
não-processado e processado
Constituinte Milho
não-processado
Milho
processado
Matéria seca (%) 88,43 88,16
Proteína bruta (%) 9,30 9,42
Extrato etéreo (%) 3,54 3,68
Amido (%) 75,70 77,79
Energia bruta (kcal/kg) 4453 4374
Valores expressos com base na matéria seca.
Tabela 4. Composição de macro e microminerais
do milho não-processado e processado
Constituinte Milho
não-processado
Milho
processado
Cálcio (%) 0,12 0,12
Fósforo (%) 0,25 0,24
Potássio (%) 0,35 0,32
Magnésio (%) 0,12 0,10
Sódio (%) 0,02 0,02
Valores expressos com base na matéria seca.
Segundo Moreira et al. (1994 e 2001), o controle
de qualidade, isto é, da eficiência do
processamento térmico em promover a
gelatinização do amido do milho, tem sido
realizado pela absorção de água. Quanto maior o
índice de absorção de água, maior o grau de
gelatinização do amido promovido pelo
processamento térmico e melhores são os
resultados de utilização dos nutrientes. A
absorção média de água obtida para os tipos de
milho avaliados nesta pesquisa foi de 369% e
388% para o MNP e MP, respectivamente.
Observou-se que o MP absorveu mais água,
indicando que o amido deste milho apresentou
maior grau de gelatinização que o do MNP. A
gelatinização do amido, promovida pelo
processamento térmico, pode ser considerada
baixa em função do valor de absorção de água
obtido. De acordo com Moreira et al. (1994), o
grau de gelatinização do amido do milho
depende do processo utilizado e, para os
processos mais eficientes em promover essa
gelatinização, são obtidos índices de 500% para a
absorção de água.
O milho usado neste experimento foi processado
inteiro (grão inteiro), enquanto, nas avaliações de
Moreira et al. (1994), ele foi moído antes de ser
processado. Esse fato certamente influenciou no
grau de gelatinização do amido, indicando que o
processamento utilizado não foi eficiente.
No ensaio de metabolismo, não foram
observadas diferenças significativas (P>0,05)
entre os coeficientes de digestibilidade da
matéria seca, do extrato etéreo, da proteína bruta
e do amido determinados para MP e MNP. Dessa
forma, o processamento utilizado não melhorou
significativamente a digestibilidade do milho
(Tab. 5).
A análise dos dados de EMA (Tab. 5) mostrou
que os valores obtidos para os dois tipos de
milho não diferiram entre si (P>0,05).
Entretanto, observou-se que a energia EMAn do
MP foi significativamente (P<0,05) superior à
obtida para o MNP. Essa diferença foi da ordem
de 126kcal/kg de MS.
 
Sorgo
. Valor nutritivo
O sorgo é uma gramínea anual que tem um alto conteúdo de carboidratos não
estruturais, o que resulta em alta digestibilidade e energia comparado com outras forrageiras,
embora o conteúdo de proteína bruta seja baixo em relação a outras gramíneas, especialmente de clima temperado (Zago, 1999).
2.5. Conservação de grãos na forma de silagens
A ensilagem consiste no processo de conservação em que o alimento é fermentado
em condições anaeróbicas preservando o máximo de nutrientes nele contidos. A essência do
processo é promover rápida fermentação lática oriunda de bactérias predominantemente
homofermentativas sob condições anaeróbicas, as quais ocorrem naturalmente (Merry et al., 1993) citado por Morais (1999).
A produção de silagem se dá sob um processo bioquímico fermentativo em
condições anaeróbicas. No entanto, existem alguns cuidados no processo de ensilagem que, se não observados, podem provocar perdas quali-quantitativas podendo afetar a saúde dos
animais. Dentre os cuidados destacam-se:
2.5.1. Taxa de enchimento do silo
O ciclo fermentativo de uma silagem de sorgo completa em aproximadamente 21
dias (Zago, 1999).
Com isso, para se ter uma silagem de boa qualidade é necessário que o enchimento
do silo seja rápido, estabelecendo condições de anaerobiose o mais rápido possível. A taxa
de enchimento apresenta alta correlação com o valor nutritivo final da silagem, visto que o
enchimento sob altas taxas minimiza perdas por respiração e aquecimento (Nussio e
Manzano,

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