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Gemelogênese e Gemelidade Conceitos e epidemiologia • Gemelidade: o produto é oriundo de um coito, ou seja, gêmeos de um mesmo pai. • Superfecundação: ocorre quando a mulher tem uma segunda ovulação dentro de um mesmo ciclo, logo, tendo uma segunda fertilização, que pode ser feita pelo mesmo parceiro ou um parceiro diferente. • Superfetação: Quando a mulher, já grávida, engravida uma se- gunda vez, durante a gestação anterior. Incidência • Prenhez dupla − 1/80 a 1/90 de todos os partos − Monozigótica: incidência fixa regional • Demais gemelidades: lei de Hellin (1985) Gemelidade espontânea 1 80(𝑛−1) n = n° de conceptos Revisão de embriologia • Fecundação → 4 células (48h) → 8 células (72h) → mórula • Trofoblasto: população de células externas do blasto cisto. Tem a função de contribuir para a formação da placenta no local de implantação do feto. • Epiblasto: camada mais externa do embrião antes de diferen- ciar-se em ectoderme e mesoderme. Camada que origina o saco amniótico. ETIOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DA ZIGOTIA Monozigótica • Gêmeos idênticos ou univitelinos, mesmo genótipo, sexo e grupo sanguíneo (não há rejeição na doação de órgãos • Fecundação de um ou mais corpúsculos polares (Shetter, 1960) → improvável ou impossível de acontecer • Teoria embriológica (duplicação do ovo na fase embrionária) Dizigótica • Gêmeos fraternos, genótipo diferentes (poderia só um deles sofrer isoimunização Rh ou infecção perinatal, etc • Poliovulação (fatores associados) − Folículo com vários óocitos − Uso de drogas indutoras de ovulação − Hereditariedade − Idade − Multiparidade: − Etnia (negra → 1,35%; branca → 1,02%; amarela → 0,25%) Sesquizigótica • Gêmeos semi-idênticos (EUA, 2007 e Austrália, 2014) • Fertilização de 1 ovulo por 2 espermatozoides • 3 conjuntos cromossômicos → 2 do pai e 1 da mãe • Tem células com cromossomos de 1 espermatozoide e outras com os do óvulo • Só é possível quando gêmeos monozigóticos Caracterização do ovo gemelar • Pelo número de placentas − Monocoriônica − Dicoriônica • Pelo número de bolsas amnióticas − Monoamniótica − Diaminiótica: nutrição independente e desenvolvimento fetal desigual, isso porque é dependente da massa pla- centária correspondente a cada um dos gêmeos. Tipos de gemelidade Monozigótica • Diferentes tipos que são determinados na dependência do pe- ríodo crítico em que ocorreu a duplicação • O período crítico em que ocorre a duplicação determina: − O número de placentas (mono ou dicoriônica) − O n° de bolsas amnióticas (mono ou diamnióticas) • Períodos crítícos: 1. Segmentação (fase pré-blastocística) → MDD − Primeiras 72h − Dicoriônica: placentas justapostas ou fundidas 2. Blastulação (fase blastocística precoce) → MMD − 4° ao 8° dia pós fecundação − Monocorinônica − Diamniótica 3. Gastrulação (fase blastocística tardia) → MMM − 9° ao 13° dia − Monocoriônica − Monoamniótica • Gemelidade imperfeita: quando a duplicação ocorre após o 13° dia, levando a gêmeos acoplados. • Na formação do ovo gemelar, apenas estruturas ainda não di- ferenciadas se duplicam. As partes já formadas, ainda que par- cialmente, não se duplicam. Dicoriônica diamniótica (MDD) • Duplicação na fase de segmentação • 2 placentas • 2 bolsas amnióticas Monocoriônica Diamniótica (MMD) • 1 placenta • 2 bolsas amnióticas • Duplicação na fase de blastulação Monocoriônica Monoamniótica (MMM) • 1 placenta • 1 bolsa amniótica • Duplicação na fase de Gastrulação Dicoriônica Diamniótica (DDD) • Dizigótica • Dicoriônica − Placentas individualizadas → implantação distante − Placentas justapostas ou acoladas, aparentando ser única (se contíguas) Relações interfetais Ambos longitudinais • Cefálico-cefálico (45%) • Cefálico-pélvico (38%) • Pélvico-pélvico (10%) Dispostos perpendicularmente • Cefálico-córmico (5%) • Pélvico-córmico (1,55%) Ambos transversos • Córmicos (0,5%) Síndrome de transfusão fetal • A Síndrome de transfusão fetal só ocorre quando a placenta é única, seja monocoriônica diamoniótica ou monoamniótica (MD/MM). • 3ª circulação, interfetal ou de Schatz (1884) • Somente 16% desenvolvem síndrome de transfusão fetal. Feto doador • Menor • Menor compartimento vascular • Desidratado • Diminuição da diurese (oligoâmnio) Feto receptor • Maior • Maior débito cardíaco • Pletórico • Maior diurese (polidrâmnio) Acardia fetal • Acardia fetal: quando a STF ocorre no início do desenvolvi- mento embrionário, ou seja, antes do sistema cardiovascular. A quantidade de sangue que o feto doador tem é insuficiente para estimular a formação do seu coração, levando a uma atrofia do sistema cardiovascular. TIPOS DE ACARDIA Acardius anceps Possui cabeça, tórax e abdome par- cialmente formados. Acardius acephalus Tipicamente, não há formação cardí- aca e encefálica no feto acárdico Acardius acormus O feto acárdico possui apenas for- mação encefálica, sem a formação de tórax e abdome Acardios amorphus não é possível diferenciar estruturas do corpo. Imagem 1 – ANCEPS Imagem 2 - ACEPHALUS Imagem 3 – ACORMUS Imagem 4 - AMORPHUS Patologias e complicações • Hiperêmesse: vômitos mais precoces e mais intensos, devido a quantidade maior de progesterona na gravidez gemelar • Polihidrâmnio: quando há um aumento exagerado de líquido amniótico (índice 25 vezes mais que na prenhez simples) • DHEG: massa placentária super distante e hidrâmnio (diminui- ção do fluxo útero-placentario) • Malformações: gemelidade imperfeita (70% em fetos do sexo feminino) • Morte unifetal: − STF / acidente funicular / artéria umbilical única − Morte na fase embrionária: síndrome do ovo evanes- cente − Morte antes do 3° mês: feto papiráceo (leva ao amorta- mento) − Morte do 3° ao 5° mês: litopédio / litoquelifopédio − Morte após o 5° mês: coagulopatia do feto remansceente ou materna • Placenta prévia e DDP • Crescimento intrauterino restrito (CIUR) • Parto prematuro: − Tamanho do fundo uterino → superdistensão uterina que desencadeia o trabalho de parto (AFU na 32° semana é correspondente a uma gravidez simples de termo) − Superdistensão: ▪ cérvico – dilatação precoce ▪ Maturação precoce da placenta − Termo da gestação: ▪ dupla: 36 – 37 semanas ▪ tripla: 35 semanas ▪ quadrupla: 34 semanas Feto papiráceo Diagnóstico clínico • Exagero do volume abdominal • Crescimento exagerado entre duas aferições Anamnese: • vômitos precoces e intensos • percepção de movimentos fetais independentes e distintos • Queixa precoce de fenômenos compressivos: varizes /dispneia Inspeção • Abdome mais globoso e mais distendido (eventual sulco lon- gitudinal) • Aumento de varizes e edema nos MMII • Sinal de Pinard: edema nos MMII, vulva e suprepúbico Palpação • Parede mais tensa (polidrâminio) • AFU > 40 cm • CA > 110 cm • 2 polos homônimos / 2 polos com mais de 30 cm de distância entre eles Ausculta • 2 focos distintos (10 – 15 bpm / zona silenciosa > 10 cm) • Sinal de Arnoux: superposição dos focos na sua transição (ritmo quádruplo, semelhante a um galope) Toque • Cérvico: dilatação precoce • 1° feto quase sempre insinuado Avaliação ultrassonográfica • Caracterização da idade gestacional no início da gravidez • Caracterização do ovo gemelar • Diagnosticar malformações • Avaliar o desenvolvimento e estática fetal Assistência pré-natal Medidas gerais • Consultas mais amiúde na 2ª metade da gravidez • Orientação dietética e suplemento vitamínico mineral (ane- mia) • Vigilância e medidas preventivas contra parto prematuro e DHEG: − Restrição ao coito e repouso relativo no 3° trimestre − Tocólitico quando indicado − Amniocentese eventual (drenar polidrâmnio) • US obstétrico: − Rastrear malformaçõesfetais (1° trimestre) − Antes de cesárea eletiva (confirmar idade gestacional e avaliar a necessidade de uso de corticoide) Morte unifetal • Modalidade de placentação (mono ou dicoriônica) − Se monocoriônica a tendência é que, ocorrendo a morte de um dos fetos, a tromboplastina do feto morto passe para o feto vivo pela 3ª circulação (circulação interfetal). Isso pode levar a coagulopatia de consumo no feto vivo, levando-o a morte também. materno ou fetal − Se dicoriônica, não há circulação interfetal, portanto, nesse caso, obrigatoriamente, quando morre um dos fe- tos, através do cordão umbilical, a troboplastina fetal do feto morto será transferida à mãe. Portanto, devem ser monitorados sinais de coagulopatia materna e, uma vez verificadas essas alterações imediatamente, deve ser re- tirado o outro feto. • Idade gestacional • Resolutividade do berçário Assistência no parto • Período de dilatação: amniotomia precoce / restringir analge- sia e sedação • Período expulsivo: evitar dessangramento no 2° feto − Ultimar o parto do 2°feto → amniotomia e após 5 – 10 min − Cefálico: versão interna e grande extração podálica − Pélvico: extração podálica + manobra de Bracht (ou cesá- ria) − Córmico: cesária ou g. versão e extração podálica • Secundamento: estar atento para eventual DPP • 4° período: alerta para eventual hemorragia por hipotonia Indicação de cesária • Estados hipertensivos (DHEG pura ou associada) • Placenta prévia e DPP • Monstruosidade dupla • Cesárias prévias • Situação transversa • Apresentação pélvica em primípara • Prolapso de cordão • Complicação no parto do 2° feto Complicações no trabalho de parto • DPP (2x mais frequente) • Rotura de vasa prévia • Apresentação pélvica • Prolapso de cordão (longo) • Anel de constricção (após parto do 1° feto) • Encravamento de cabeças • Colisão fetal Prognóstico • Materno: − Menos favorável do que na prenhez simples − Óbito por DHEG, DPP, hemorragia do 3° e 4° períodos • Fetal: − Maior incidência de apresentação pélvica − Risco de Sofrimento Fetal Agudo para 2° feto (2 a 3x maior) e subsequentes − Após 38 semanas, eleva-se a Mortalidade Perinatal (MPN) (3 - 5x) − ↑ MPN → devido a prematuridade, placenta prévia, pro- lapso de cordão, malformações fetais Se não tiver certeza de ovo diaminiótico, a cesária é a me- lhor opção para o parto.
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