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ARTRITE REUMATOIDE · Doença inflamatória, imunológica, crônica, sistêmica e progressiva · Elevada morbidade – grande impacto socioeconômico · É uma poliartrite, difusa, simétrica e deformante · Tem manifestações sistêmicas (extra-articulares) importantes (PIU, Doença coronariana e doença de olho: esclerite, pode evoluir com perda do globo ocular) EPIDEMIOLOGIA · Prevalência de 0,2-1% na população adulta Br · M2:F3 · 30-40 a 60 anos CASO CLÍNICO Mulher, 32 anos, branca, secretária. Há 6 meses, artrite simétrica, aditiva de punhos, MCFs, IFPs, com rigidez > 1h e leve inca- pacidade funcional; FR negativos (pois está em fase muito inicial da doença); VHS e PCR elevadas; Rx de mãos sem alterações (pois está em fase muito inicial da doença); USG com sinovite de punhos e DP+. Figura 1 – Na figura do canto superior esquerdo, a área preta é derrame; na inferior esquerda, a área acinzentada é o pannus (crescimento da sinóvia). Nas da direita, temos o power doppler mostrando que ela apresenta um processo inflamatório muito importante. CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS PARA AR 2010 ACR/EULAR · A paciente do caso anterior, por exemplo, pontua 6; · Por isso, tem grande probabilidade de ter artrite reumatoide; · Sobre esses critérios: · Este critério a classifica dentro do grupo da artrite reumatoide, mas não confirma que ela tem artrite reumatoide; · É um critério criado com o intuito de diagnosticar mais precocemente; · Por isso, tem boa sensibilidade e especificidades. CASO CLÍNICO 2 Mulher, 45 anos, branca, doméstica; Há 5 anos, artrite simétrica, aditiva de punhos, MCFs, IFPs com rigidez >1h; Com deformidades de mãos e importante incapacidade funcional; FR = 640; VHS e PCR positivas; Rx de mãos – redução do espaço, erosões, cistos e Subluxação; Esclerite nodular; Essa paciente não precisa usar os critérios de 2010 ACR/EULAR, pois eles são para as fases iniciais! Podemos, para ela, usar os critérios a seguir... Até 2010 só tínhamos este critério. Isso fazia com que perdêssemos o diagnóstico dos pacientes em fazer iniciais, visto que a sensibilidade e especificidade dos critérios de 1987 são extremamente variáveis. Artrite reumatoide precoce / early / indiferenciada: pode ainda não ter as características da artrite reumatoide. FATORES DE RISCO · Genéticos (extremamente importante, 60%) · Susceptibilidade genética · Modificação epigenética · Não genéticos (40%) · Tabagismo: muito prejudicial para AR · Microbiota · Sexo feminino · Dieta western · Fatores étnicos EVOLUÇÃO DA AR 1. Fatores genéticos 2. Auto anticorpos 3. Artralgia 4. Artrite indiferenciada 5. AR FATORES AMBIENTAIS · RISCO · Tabagismo · Baixo nível educacional · Disbiose a nível de boca ou mesmo a nível intestinal: Na boca, podemos ter a Porphyro- monas gingivalis que transforma arginina em citrulina, que passa a ser um peptídeo antigênico, com produção de Anti-CCP.O mesmo ocorre ao nível pulmonar e intestinal. · Exposição a sílica e solventes · Infecção chikungunya: pode ser fator gatilho p/ desenvolvimento de AR · Poluição · Obesidade · Luz UV · Deficiência de VIT D · Consumo de café · Consumo de refrigerante · PROTEÇÃO · Consumo de álcool? Pequenas quantidades Atividade física Consumo de peixe, frutas e vegetais (alimentação oriental) CELULAS T ATIVADAS LEVAM À INFLAMAÇÃO E DESTRUIÇÃO ARTICULAR Figura 2 – Provavelmente a proteína citrulina é apresentada pela APC (macrófago) à célula T, que se ativa e passa a produzir uma série de citocinas. Estas citocinas ativam outros macrófagos e cé- lulas B. A partir daí, teremos a produção de autoanticorpos FR e ACPA (marco da artrite reuma- toide) e as principais citocinas: IL-1, IL-6 e TNF-α. A partir daí também a ativação de outras célu- las representadas na figura, culminando na produção de colagenases, MMPs catepsinas etc., que levam a inflamação e a destruição da cartilagem do osso. FISIOPATOLOGIA 1. Sinovite exudativa 2. Sinovite proliferativa – pannus: o Pannus: toda articulação sinovial tem uma cápsula; revestindo esta cápsula internamente, temos a membrana sinovial, que é um órgão linfoide. Uma vez agredida, ela começa a proliferar e crescer em direção ao espaço articular e ao osso, como está representado na figura. O pannus é justamente essa proliferação. o O nosso objetivo com o tratamento é bloquear o pannus. o Ao exame físico, o pannus é percebido como uma junta “emborrachada”. . 3. Metaplasia fibrosa 4. Anquilose fibrótica 5. Anquilose óssea MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS · Poliarticular e simétrica com rigidez >1h marco muito importante · Insidiosa, aditiva e progressiva (70%) · Metacarpo, metatarso e interfalangeanas proximais a simetria não é necessária. As distais não fazem parte de AR, é muito rara. · Sinovite inicial se não reversível leva à danos estruturais com deformidades permanentes. · Doença sistêmica – sintomas gerais: · Fadiga, febre, astenia, mialgia, perda de peso. Figura 4 – Ficar atento à coluna cervical. Temos a articulação atlantoaxial, responsável pelo pro- cesso de rotação da cabeça. Essa ligação é estabilizada por um ligamento transverso, que impede subluxações. Quando juntamos a atlantoaxial, os processos transversos foram a articulação intera- pofisária (???), que é uma articulação sinovial. Se houver comprometimento desta articulação interapofisária, os ligamentos vão sendo também destruídos (afinando). O resultado disto é instabilidade cervical; até mesmo tetraplegias em casos extremos. Ficar bem atento a um paci- ente com AR e queixas cervicais. A coluna cervical também é muito acometida na artrite psoriásica. EXAME FÍSICO · Sinovite · Limitação dos movimentos · Atrofia muscular satélite · Deformidades · Dedo em botoeira: hiperflexão da proximal com extensão da distal; · Dedo em pescoço de cisne: hiperextensão da proximal com flexão da distal; · Dedo em martelo: deformidade bem característica da AR; · Desvio cubitais; · Punho em dorso de camelo; · Desvio dos pés. REUMATISMO DE JACCOUD · O paciente se apresenta com as deformidades exatamente como apresentadas acima; porém, ao pegar a mão do paciente, é possível reduzir as deformidades e a mão fica normal; · Ou seja, é uma condição fruto de frouxidão ligamentar, e não AR (inflamação); · Por isso, é importante checarmos se as deformidades são fixas ou não. · É uma condição comum em: LES e Febre Reumática. · ARTICULAÇÕES DOLOROSAS E EDEMACIADAS Avaliação da atividade da doença é importante de ser feita para acompanhar o tratamento, pois a cada 3 meses precisamos tomar decisões (e isso deve ser embasado em parâmetros objetivos) EVA: avaliação visual da dor · Contagem de articulações dolorosas Isso é feito contando o acometimento de 28 articulações (os pés, apesar de acometidos pela AR, não entram no cálculo, pois são sítios frequentes de traumas e acometimentos por outras causas que não a AR, podendo gerar confusão...); Questionar o quanto a atividade da doença compromete seu dia a dia e sua saúde global. · Traduzindo os parâmetros do slide: · VASp (0 – 10): avaliação global pelo paciente; · VASm (0 – 10): avaliação global pelo médico; · EVA (0 – 10): escala visual analógica de dor; · T → juntas doloridas; · S → juntas edemaciadas. · Esses dados são inseridos em calculadoras disponíveis no RheumaHelper e fornecem os parâmetros CDAI ou DAS28. · O cálculo da DAS28 é mais complicado e inclui exames laboratoriais no cálculo; · CDAI é mais simples: VASp + VASm + T + S. QUALIDADE DE VIDA Figura 5 – como interpretar: >1 = comprometimento importante da qualidade de vida. Para fazer o cálculo do HAQ, somo a pontuação dos 20 domínios e divido por 8???? Não entendi o cálculo. Vai de 0 a 3. Acima de 1 já indica comprometimento importante de qualidade de vida. · Parâmetros que guiam para objetivo de remissão ou baixa atividade. Resumindo: para acompanhar o paciente e a adequação do tratamento → usar CDAI e HAQ, ou também o DAS28. MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES (47,5%) · Olhos: · Mais comum: olho seco (S. Sicca); · Episclerite; · A Esclerite pode evoluir com escleromalácia e perfuração da córnea, com perdado olho. · Pulmões: · Pode haver vários tipos de acometimento. Hematológico: · Anemia de Doença Crônica: · Anemia ferropriva: na AR há elevação de hepcidina, que bloqueia a saída do heme do enterócito. Por isso, há importante anemia ferropriva. · Doença coronariana: · É o mais importante – devemos estar atento aos fatores de risco (Escore de Framingham); · É altíssimo o risco de pacientes com AR desenvolver DCV; · Esse risco está diretamente relacionado à atividade da AR. · Síndrome de Felty: AR + leucopenia (neutropenia) + esplenomegalia. Plaquetopenia. · Na AR “normal”, devido ao processo inflamatório, temos leucocitose e plaquetose. COMORBIDADES · São muito frequentes; · Impactam na escolha do tratamento (drogas, efeitos colaterais etc). FATORES DE PIOR PROGNÓSTICO · Preciso estar mais atento ao meu paciente? Preciso ser mais agressivo no tratamento? · Sexo feminino · Tabagismo · Baixo nível socioeconômico · Inicio da doença em idade mais precoce · FR e ou anti CCP em títulos elevados · Provas inflamatórias (VSH e ou PCR) persistentemente elevadas. · Grande número de articulações edemaciadas · Presença de manifestações extra-articulares · Atividade da doença elevada aferida por índices objetivos de atividade da doença como DAS28 e suas variações CDAI e SDAI · Presença de erosões na evolução da doença · Epítopo compartilhado EXAMES LABORATORIAIS · VHS e PCR · FR · Anti CCP Dois últimos relacionados não só com o diagnóstico como também para prognóstico. Quanto mais alto, pior prognóstico Critérios classificatórias: ICADs atividade (leve, moderada e alta) e remissão EXAMES DE IMAGEM · Doença estabelecida (ou seja, no início, não são identificadas alterações ao exame, podem levar 2 anos p/ serem flagradas, mesmo com a doença presente): redução do espaço, osteopenia, erosões, cistos, subluxação, anquilose (perda do espaço no “miolo” do carpo, perda de individualidade). RX · US: alta sensibilidade, fase precoce, procedimento na consulta. Identifica sinovite, derrame, erosões · RNM: alta sensibilidade, fase precoce, alto custo, edema e erosões. O que aparece em preto é líquido, fase aguda da doença. SOMA DA MAIOR PONTUCAÇÃO DE CADA DOMÍNIO 10 pontuação máxima. Mas o corte de 6 tem boa especificidade, de quase 90%. Para usar os critérios de AR de 2010 é importante que a artrite do paciente não tenha outra explicação. Ex: OA, gota... Não deve contar articulações distais, não pode contar a trapézio metacarpiana, não pode contar halux. DD · Diagnóstico correto o mais rápido possível – critérios classificatória p/ AR, idealmente <2 anos de doença · Várias condições mimetizam AR · Poliartrite intermitente: artropatia por cristal · Artrite, entesite e ou lombalgia: espondilopatias periferias · Envolvimento distal: Artrite psoriásica e OA · Pacientes idosos: AR do idosos, polimialgia reumática, síndromes paraneoplásicas · Poliartrite com <6semanas · Infecção viral (parvovirus, rubeola, HIV, HBV, HCV... doenças do tecido conjuntivo – LES e SS. TRATANDO AR O tratamento inicial é igual para todos os pacientes. Saindo da fase inicial, preciso decidir se farei os biológicos ou os alvo-específicos. · Estágio da AR: · Precoce: abaixo de 2 anos (idealmente abaixo de 1 ano ou mesmo 6 meses); · Tardia: acima de 2 anos. · PRO’s – Patient Reported Outcome. · Deve ser considerado! Não devemos levar em conta apenas a baixa atividade ou remissão, mas também aquilo que o paciente reporta. · Remissão ou baixa atividade: objetivo principal · Janela de oportunidade: evitar deformidade · Controle/tratamento rígido (2T2): T2T: Treat to Target – ver o paciente com mais frequência no inicio (mensal – trimestral) · Comorbidades e FR do paciente · Riscos relacionados à medicação · Decisão compartilhada · Tempo de tratamento: não há como saber · Medicamento ponte: CCt (deve ser feito em menor dose e menor intervalo de tempo) e Anti-inflamatóro. Fundamental p/ que o medicamentos comecem a fazer efeito. Drogas iniciais (servem de ponte para os medicamentos seguintes): · MTX é a terapia ouro inicial. Começa com esse medicamento, tem até 3 meses p/ escalonar a dose. Se atinge o alvo, não progride o tratamento. · Se intolerância, pode escolher levlonomida, cloroquina, sulfassalazina que é de margem sintética. · Pode fazer a junção dos dois, caso esse último não surta efeito. · Tem-se 6 meses ao total p/ resolver a adaptação. · Se não for possível: “biológicos”: “TS alvo específico”: Aqui, é a mesma lógica dos 3 meses para tentar se adaptar a droga; se isso ocorre, segui- mos com esta droga; caso contrário, vamos trocando até achar o melhor esquema. Escolhe-se em função de comorbidades tolerância, preferência... · Mesmo que responda inicialmente ou dentro dos 6 meses, precisa monitorar p/ que se possa atuar caso perda a eficácia. Não existe um marcador específico, sendo assim o tratamento passa por esses testes/trocas. Não tem como usar os medidores como parâmetros, já que não há somente um marcador alterado. que é difícil acertamos de primeira qual o melhor esquema de biológicos ou alvo-específicos ideal para cada paciente, pois são inúmeras vias, e não temos exames para detectar qual seria a melhor para receber a inter- venção. Iasmyn Paixão Referência: Aula Angela Luiza
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