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1 - REUMATOLOGIA Espondiloartrites Introdução Houve grande mudança nos critérios de classificação e tratamento nos últimos anos. 1974 -> artrites soronegativas (APs, EA, ARea, Atropatias enteropáticas). 2009 -> espondiloartrites (envolvimento periférico e axial, dentro de um contexto que também envolve pele, intestino e olhos). As espondiloartrites são divididas em axiais (coluna e articulações sacro-ilíacas) e periféricas (joelhos, punhos, tornozelos, etc). Espondilite anquilosante EpA predominantemente axial Também podem haver manifestações periféricas, intestinais, oculares e cutâneas (além de complicações sistêmicas). EpA inicial/ early EpA (preenche os critérios ASAS). EA (quadro avançado – preenche critérios de New York) Diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para modificar o prognóstico – janela de oportunidades! A incidência e prevalência parecida com os EUA. Prefere homens jovens e costuma começar antes dos 45 anos de idade. A não radiográfica também começa cedo, porém se aproxima mais a prevalência entre homens e mulheres Etiopatogenia Envolve um paciente geneticamente predisposto associada a fatores ambientais e orgânicos. Predisposição genética : o marcador mais importante é a presença do HLA-B27. O paciente que tem esse antígeno tem o maior risco de desenvolver a espondiloartrite. Teoria dos desdobramentos falhos: O paciente que tem o HLA-B27, na hora da apresentação que o macrófago é exposto a antígenos ambientais ocorre um desdobramento falho (falha no processamento do antígeno) com liberação excessiva de certas ILs inflamatórias (p.ex IL-23). A IL-23 em excesso faz uma sinalização que quando o macrófago faz uma apresentação para o linfócito Th0, a via para diferenciação em Th17 é estimulada e com isso há uma hiperestimulação via Th17 com liberação importante de IL-17, IL-6, TNF-a e IL-1 que vão fazer quimiotaxia para as células que terão tropismo por entenses (entesite) e provocar o processo inflamatório Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce 2 - REUMATOLOGIA A IL-23 vai estimular a diferenciação em Th17, que vai produzir muitas citocinas, sendo que IL-17 e TNF são responsáveis pela inflamação e erosão e a IL-22 associada a essas outras citocinas vai levar a osteoproliferação. Os vários processos de osteoproliferação vai causar a fusão das articulações (anquilosando). As espondiloartrites começam nas enteses (entesite) e depois evoluem para uma inflamação de toda a estrutura As espondiloartrites começam nas enteses (entesite) e depois evoluem para uma inflamação de toda a estrutura. Alteração da microbiota intestinal. HOMEOSTASE (NORMAL): Quando você é exposto a algum fator agressor sua célula apresentadora de antígenos local faz um estímulo, mas que bloqueia o processo inflamatório (estimula a céula T, mas é controlado, autolimitado e local) =tolerância imunológica. PRÓ-INFLAMATÓRIO: pré-disposição genética associado a uma disbiose intestinal, há um aumento excessivo da permeabilidade da membrana do epitélio intestinal e translocação de bactérias que ocorre por fazer um hiperestímulo de células locais com liberação de muitas ILs (desdobramento falho), causando um quadro inflamatório = perda da tolerância. Essas células T vão ter tropismo pelas enteses e causar a espondiloartrite axial ou periférica, dependendo da via de ILs que seguir. Teoria do estresse biomecânico articular: Na pessoa normal quando acontece uma inflamação é restaurado pela homeostase. No paciente que tem uma predisposição genética, quando ocorre microtraumas a inflamação aguda tende a uma inflamação crônica e não ocorre a homeostase. Manifestações axiais Lombalgia de ritmo inflamatório: - rigidez matinal espinhal > 30 min; - início insidioso; - melhora com movimento; - sem melhora e/ou piora com repouso; - dor noturna; Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce 3 - REUMATOLOGIA - pode estar associada a “buttock pain” (dor em nádegas). OBS.: as espondiloartrites costumam inflamar primeiro as articulações sacro-ilíacas e vai subindo para coluna. Manifestações articulares periféricas Quando a doença é mais avançada a tendência é o paciente chegar além da dor lombar com manifestações periféricas também. Inflamação aguda no joelho direito (gonartrite), entesite - calcanhar direito (inflamação na inserção do tendão de Aquiles), entensite da fáscia plantar, dactilite (dedo em salsicha), Oligoartrite, grandes articulações e assimétricas. Manifestações extra-articulares Doença inflamatória intestinal (19%) Psoríase (20%) Uveíte anterior (51%) = apresenta início agudo, unilateral, anterior, remissão espontânea, recorrente e relacionada ao HLA-B27. Tem que tratar!!! Combinação (10%) OBS.: 58% não apresentam manifestações e em 42% alguma vez podem estar presentes Evolução “natural” EpA predominantemente axial (inicial) -> espondilite anquilosante Papel da atenção primária! Diagnóstico precoce não realizado → ausência de tratamento precoce + acompanhamento rigoroso → perda da janela de oportunidade → anquilose. Apresenta: desaparecimento da lordose da coluna lombar, sem mobilidade da coluna lombar em flexão, contratura em flexão do quadril e dos joelhos, cifose grave da coluna torácica e cervical (estágio final). Achados radiográficos Esclerose, algumas erosões, sacroiliíte grau II e III Fusão completa da sacroilíca (sacroilíite grau IV) Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce 4 - REUMATOLOGIA Mais precocemente as vértebras começam a ficar mais quadradas e começam a aparecer sindesmófitos (vão se ligar e fundir uma vértebra a outra). Começa com uma sacroiliíte e vai subindo para coluna. OBS.: podem aparecer sindesmófitos anteriores também! Os sindesmófitos geram limitações irreversíveis Coluna em bambu = fusão completa Exame Físico Teste de Shober (faz uma marcação entre L5 e S1, o paciente em pé e de costas para o examinador, palpa a região posterior da crista ilíaca, marca 10 cm acima e pede para o paciente fazer um alongamento, e faz uma nova medida que tem que ser maior que 14 cm, se der menor o sinal é positivo) Teste de Patrick- FABERE (paciente em decúbito dorsal, faz uma abdução forçada do quadril e rotação externa). Manobra de compressão das sacroilíacas BASDAI (avalia o nível de atividade da doença e o alvo terapêutico) ASDAS Faz uma média entre 5 e 6, o resultado faz outra médica com 1, 2, 3 e 4 e divide o valor por 5. Se tiver menor que 4 tá controlada e acima de 4 doença ativa. Diagnóstico Precoce: critérios ASAS (não radiográfica) Tardia: critérios modificados de new York Lembre-se: são critérios CLASSIFICATÓRIOS! Diagnóstico: raciocínio clínico – entender os parâmetros característicos da doença. Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce 5 - REUMATOLOGIA Exame de imagem Ressonância da coluna T1: bom para ver anatomia das vértebras T2: possui líquido e gordura clara, então o que brilha pode ser gordura ou líquido. STIR: deixa o líquido brilhando e apaga gordura. Ângulos brilhantes (entesite de coluna lombar) = sinal de Romanus É o melhor para avaliar OBS.: preferência por pedir ressonância da sacroilíaca, se o paciente não tiver condições de realizar as duas. Ressonância da sacroilíaca Edema medular ósseo = sacroiliíte bilateral Tratamento RecomendaçõesASAS/EULAR para tratamento da EA: princípios gerais 1. A EA é uma doença potencialmente grave com manifestações diversas, geralmente requerendo tratamento multidisciplinar coordenado pelo reumatologista. 2. O objetivo primário do tratamento a longo prazo do paciente com EA é maximizar a qualidade de vida relacionada à doença através do controle dos sintomas e da inflamação, prevenção do dono estrutural progressivo, preservação/normalização da função e participação social. 3. O tratamento da EA deve visar o melhor cuidado possível e deve estar baseado numa decisão compartilhada entre o paciente e o reumatologista. 4. A melhor condução do paciente com EA requer a combinação de modalidades terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas. Tratamento não medicamentoso Reabilitação: é essencial e deve ser sempre considerado. Tem efeito adicional e sinérgico Tratamento medicamentoso Independente de ser radiográfica ou não: » 1ª linha: AINES, se tiver boa resposta mantém. » Se falhar, usar o biológico (bloqueadores de TNF-a e IL-17) » O tratamento biológico só vai funcionar onde o paciente não tiver osteoproliferado ainda Se já tiver osteoproliferado, vai usar para que não continue a fusão das vértebras. Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce 6 - REUMATOLOGIA PCDT MS 2018: No diagnóstico, se escore ASDAS ≤ 2,1 ou BASDAI < 4, deve-se prescrever considerar tratamento medicamentoso sintomático (ANE) e implementar medidas não medicamentosas No diagnóstico, se o escore ASDAS ≥ 2,1 ou BASDAI ≥ 4, deve-se prescrever AINE conforme esquemas de administração (contínuo) OBS.: A escolha do AINE conforme perfil do paciente Se houver falha com AINE em dose adequada por 1 mês, deve-se substitui-lo por outro AINE. Considerar a infiltração da entesite, se possível, ao longo do acompanhamento do paciente. Se houver falha com o segundo AINE diferentes em doses adequadas por 3 meses no total, deve-se considerar o uso de anti-TNF. Se houver falha ou hipersensibilidade com anti-TNF em dose adequada por 6 meses, deve-se considerar sua substituição por outro anti-TNF ou secuquinumabe. Objetivos e resultados do tratamento: Sinais e sintomas: - atividade da doença - dor - rigidez matinal - fadiga Função: - mobilidade espinhal - atividade e participação - produtividade Danos estruturais: - alterações osteoproliferativas e osteodestrutivas no esqueleto axial e nas articulações periféricas Qualidade de vida Fatores socio-econômicos: - remuneração do trabalho, licenças por doenças, presenteísmo e absenteísmo, aposentadoria. Cristiane Realce Cristiane Realce Cristiane Realce
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