Prévia do material em texto
Mariana Barreto Martinez 2016.1 Faculdade de Odontologia da UFBA Oclusão – Márcio Lisboa Material: Aula e Livro – Okeson (Cap. 3 e 6) Interpretação dos Fenômenos Oclusivos O estudo de oclusão só se tornou obrigatório em 1982 nos cursos de odontologia no Brasil. As atividades básicas desse sistema estomatognático, como mastigação, deglutição e fala dependem tanto da posição dos dentes no arco, quanto do relacionamento entre os dentes opostos quando eles ocluem. A oclusão pode ser estática (aquela que se caracteriza como oclusão de um dente para dois dentes) ou dinâmica (aquela que se caracteriza como oclusão fundamentada nas guias anteriores). Mastigação e deglutição dos alimentos são realizadas às custas de uma oclusão dinâmica, por exemplo. Logo no nascimento, a atm e os músculos são poucos desenvolvidos, a maxila tem pouca altura e o processo alveolar é quase inexistente, abrigando os germes dentários. Por isso, a lactação é importante, não somente nas necessidades nutritivas e anticorpos, mas também como matriz funcional. Essa matriz é baseada na sucção, que é um processo instintivo. Esse processo dá potência muscular a partir do movimento repetitivo (bucinador e masseter). Após nascimento dos dentes, os principais responsáveis pela distribuição das forças geradas são os contatos interoclusais. Obs.: O bebê e o paciente desdentado não exercem a função mastigatória, o que faz aumentar o ângulo goníaco. O movimento é retilíneo no sentido inferior-superior e antero-posterior. A articulação no nascimento é mais reta e rasa, e com o tempo e movimentos, há desorganização do tecido de proteção e reabsorção óssea. Começa a mudar a configuração com o nascimento dos incisivos. Se a criança for retrognata, pode ser pela falta de uso do sistema. Quando os dentes erupcionam, eles são direcionados para uma posição onde haja equilíbrio de forças opostas. Esse equilíbrio pode vir tanto da língua (que é para o sentido vestibular), ou da bochecha e lábios (sentido lingual), quanto do próprio contato entre dentes antagonistas. Existem outros fatores que estão relacionados a hábitos orais e que influenciam na posição dos dentes nas arcadas, como tabagismo, tocar instrumentos de sopro etc. Além disso, os contatos proximais também exercem forças. Os movimentos mastigatórios tendem a desgastar os contatos nas áreas proximais porém o periodonto e o osso alveolar tendem a deslocar os dentes para mesial, possibilitando que continue havendo o contato proximal entre os dentes adjacentes e o arco seja estabilizado. Outro contato importante para estabilização do arco, é o contato oclusal, que evita que o dente sofra extrusão ou sobre-erupção. Com o nascimento dos incisivos, começa a acontecer a modelação da ATM, pois acontece os primeiros contatos. Já com os primeiros molares decíduos, define as superfícies articulares (2 temporais e 2 condilares), diminui protusão e possibilita que os côndilos se estabilizem na ATM. Além disso, estabelece o 1º plano oclusão, a 1ª oclusão cêntrica e relação cêntrica (O.C. e R.C.) e 1ª dimensão vertical de oclusão (D.V.O.). Os caninos estabelecem lateralidade a partir dos sulcos (de balanceio e de trabalho – a favor do movimento) na guia canina e a partir daí modificam o padrão funcional (alteração na cinética condilar e do posicionamento dos discos). Com a erupção do 2º molar decíduo, ocorre o reestabelecimento da DVO, OC, RC e do espaço articular. Por fim, as superfícies articulares e espaço articular se definem com o nascimento de toda a dentição decídua. Obs.: Acreditava-se que a língua durante a deglutição era responsável pela vestibularização dos dentes anteriores, quando na verdade, a língua em repouso é mais decisiva nesse sentido. A língua durante a deglutição tem função de selar os lábios para que a deglutição aconteça. Existem dois tipos de alinhamento dentários, interarco e intraarco. O alinhamento intraarco se refere ao relacionamento dos dentes entre si no arco dentário. Compõem esse alinhamento o plano de oclusão, que se baseia na superfície imaginária relacionada anatomicamente com o crânio que toca nas bordas incisais e pontas de cúspides. Esse plano é ascendente e apesar do nome, é curvo, para permitir máxima utilização dos contatos dentários durante a função mandibular. Se sob a vista lateral, forem traçadas uma linha imaginária que acompanhe o plano oclusal, vão existir duas curvas importantes: no sentido antero-posterior, é chamada curva de Spee; e no sentido mesio-distal, curva de Wilson. Ambas as curvas são: convexa no arco superior e côncava no inferior. O alinhamento interarco se refere à relação de um arco com outro arco, entre maxila e mandíbula. O comprimento do arco é determinado por uma linha que parte da distal do 3º molar inferior direito à distal do 3º molar inferior esquerdo. A arcada mandibular, neste sentido, tem aproximadamente 126 mm, enquanto a maxilar tem 128 mm (essa diferença acontece O desgaste nas bordas incisais, vertentes dos caninos e cúspides dos 1os molares causa uma diminuição na DVO. devido à distância mesiodistal mais estreita nos incisivos inferiores). Já a largura do arco corresponde à distância através da arcada. A largura da arcada mandibular é ligeiramente menor que a maxilar. Obs.: Mordida Cruzada (cúspides vestibulares superiores contatam FC dos dentes inferiores)