Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ELABORAÇÃO E GERENCIAMENTO DE PROJETOS Autores: Heraldo da Costa Reis Célio Arnulfo Castiglioni Galvão Dados Pessoais Nome: _________________________________________________________ Turma:____________ Matrícula:__________ Curso: __________________ Endereço: _____________________________________________________ Cidade: _____________________________________ UF: _______________ CEP: ________________ Telefone: _________________________________ E-mail: ________________________________________________________ CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito - Cx. P. 191 - 89.130-000 INDAIAL/SC - Fone Fax: (47) 3281-9000/3281- 9090 - www.uniasselvipos.com.br Programa de Pós-Graduação EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof: Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli Prof. Ivan Tesck Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa Revisão de Conteúdo: Prof.ª Mara Darcy Biasi Ferrari Pinto Revisão Gramatical: Prof.ª Sandra Pottmeier Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 658.404 R375e Reis, Heraldo da Costa Elaboração e Gerenciamento de Projetos/ Heraldo da Costa Reis; Célio Arnulfo Castiglioni Galvão. Indaial : UNIAS- SELVI, 2016. 286 p. : il. ISBN 978-85-69910-15-2 1. Administração de projetos. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Copyright © UNIASSELVI 2016 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. PARCERIA ENTRE IBAM E UNIASSELVI No momento atual, em todos os países, em qualquer instância de governo, observa-se um movimento de revisão do papel do Estado, somado à exigência das populações por atuação governamental de qualidade. Esta tendência conduz à demanda expressiva para que se consolide a existência e o funcionamento de um sistema qualificado de Gestão para a implementação de políticas públicas. A institucionalização dos processos de gestão e a profissionalização dos servidores públicos passam a ser instrumentos estratégicos para alavancar condições de melhor execução de atividades e projetos, bem como dos meios de controle necessários para avaliação de resultados da atuação governamental. Inúmeras iniciativas são implementadas para dar consistência a este modelo de gestão governamental que se apoia na valorização da transparência, da participação e do controle social, que não podem existir sem instrumentos adequados e pessoas qualificadas. É neste contexto que se forma a parceria do IBAM com a UNIASSELVI. Aprimorar o sistema de gestão pública, apoiar a formação de profissionais que queiram ser ou já são do quadro do setor público e ampliar a informação para o cidadão sobre como deve funcionar o governo são os propósitos iniciais do MBA em Gestão Pública que passa a integrar o programa de pós-graduação da UNIASSELVI. A equipe de Professores Autores que o compõe se destaca pelo desempenho profissional em projetos da Administração Pública e como docentes universitários. A experiência da UNIASSELVI em processos educacionais em nível superior, aliada à do IBAM, que há 60 anos atua, em nível nacional e internacional, para o aprimoramento da administração pública, é composição de excelência para enriquecer o cenário que se quer alcançar. O IBAM e a UNIASSELVI desejam a todos os participantes uma boa jornada de estudos. Aos que se dirigem ao setor público, que consolidem sua formação; e, aos demais, que ampliem o nível de informação sobre governo e aprendam a articular-se com ele como cidadãos. Paulo Timm Superintendente Geral do Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM Prof. Carlos Fabiano Fistarol Pró-Reitor de Pós-Graduação a Distância Grupo UNIASSELVI Heraldo da Costa Reis É contador formado pela UFRJ, Mestre em Ciências Contábeis pelo Instituto Superior de Estudos Contábeis, da Fundação Getúlio Vargas (ISEC/FGV), com área de Concentração em Contabilidade Gerencial. É professor de Graduação e Pós-Graduação nas disciplinas de Gestão Governamental e Controle; Contabilidade Governamental e de Auditoria Governamental; Contabilidade Pública; Auditoria Governamental; Orçamento Público; Administração Financeira; área de Finanças, Contabilidade; Orçamento, em instituições como: UFRJ, UFPE, UFPR, UFCE, UFRN, PUC-MG, PUC-GO, CESUPA e ENSUR/IBAM. Atua como Consultor Técnico e parecerista em diversas áreas; é Coordenador de Ensino, da Escola Nacional de Serviços Urbanos do IBAM; Coordenador do Centro de Estudos Interdisciplinares em Finanças Públicas - CEIF - da ENSUR/IBAM. Consultor em vários projetos internacionais. Coordenador técnico dos projetos da parceria IBAM/BNDES. Autor e coautor de livros e artigos, dentre os quais destaca-se os seguintes livros: O que os Gestores Municipais devem saber, 2ª Ed. IBAM, 2007. Contabilidade e Gestão Governamental, Estudos Especiais, 1ª Ed. IBAM, 2004. A Lei 4.320 Comentada, na 33a. Ed. Lúmen Juris- IBAM, com a introdução de comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal, 2010. Membro da Comissão de Contas Públicas do Conselho Federal de Contabilidade. Responsável pela Editoria Técnica da revista de Administração Municipal (IBAM). Engenheiro Mecânico-EE-UFRJ-1971- com mais de 40 anos de experiência, dos quais 25 anos em Consultoria e Instrutoria com ênfase em ações com foco na busca da excelência no desempenho, com diversos trabalhos em organizações tanto do Setor Público quanto Privado. É especialista em temas ligados à melhoria do desempenho institucional, como Implantação de Programas de Excelência, Planejamento Estratégico, Sistema de Indicadores de Desempenho, Gestão e Melhoria de Processos, Gestão do Atendimento, Elaboração, Planejamento e Gerenciamento de Projetos, Gestão de Equipes entre outros, sempre com foco na excelência no desempenho de resultados, de produtos, de processos e de pessoas. Possui diversos cursos de extensão e aperfeiçoamento nestes temas, tanto no Brasil (FGV; PUC-RJ; NTT-UFRJ; FNQ; HGB; UFF-LATEC; etc.) quanto no exterior (JUSE- Japan Union of Scientists and Engeneers- JAPÃO; ASQ- American Society for Quality-USA e JAHCO-Joint Commission on Accreditation of Health Care Organizations- USA; etc.). É instrutor credenciado pelas seguintes instituições: ENAP; ESAF; CBA; IBAM; INDE CREA-RJ, dentre outras. É Auditor Líder em Sistema de Gestão da Qualidade – ISO 9000:2008. É coautor do livro “Fazendo Acontecer na Qualidade Total - Análise e Melhoria de Processos”- Qualitymark-1997. Celio Galvão Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 Fundamentos em Gestão de Projetos ..................................9 CAPÍTULO 2 A Elaboração de um Projeto ...............................................49 CAPÍTULO 3 O Planejamento de um Projeto ..........................................79 CAPÍTULO 4 A Implantação de um Projeto ............................................161 CAPÍTULO 5 O Gerenciamento de um Projeto ......................................195 CAPÍTULO 6 Encerramento de um Projeto ...........................................243 CAPÍTULO 7 Complemento em Gestão de Projetos .............................271 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): A proposta deste caderno de estudos é desenvolver a competência dos participantes nas técnicas de gestão de projetos em geral, e, em particular, os aplicados ao Setor Público. O caderno aborda a Gestão de Projetos de uma forma bastante ampla, contemplando desde a concepção do projeto (identificação e caracterização do problema a ser resolvido e dos diversos vetores que concorrem para este problema, identificação das diversas ações requeridaspara uma solução consistente deste problema e a conjugação destas ações na composição final da solução a ser proposta), o embasamento para sua aprovação (quando for o caso), o desenvolvimento da “solução proposta”, transformando-a no ESCOPO DO PROJETO, o planejamento do projeto (incluindo os instrumentos necessários para seu monitoramento e controle), a implantação (execução do que foi planejado), o monitoramento e o gerenciamento (ajustes da “rota” do projeto), o encerramento do projeto (abordando aspectos técnicos, legais e gerenciais) e a avaliação dos resultados/impactos do projeto. O caderno é composto pelos seguintes capítulos: 1 - Fundamentos em Gestão de Projetos 2 - A Elaboração de um Projeto 3 - O Planejamento de um Projeto 4 - A Implantação de um Projeto 5 - O Gerenciamento de um Projeto 6 - O Encerramento de um Projeto 7 - Aspectos complementares em Gestão de Projetos A metodologia deste curso está baseada no Planejamento de Projetos Orientado por Objetivos (Método ZOPP- “Ziel Orientierte Projekt Planung“) nos aspectos fundamentais para a concepção do projeto feito de forma participativa (reforçando o conceito de partes interessadas) e utilizando ferramental para melhorar a consistência da solução proposta pelo projeto - Análise da Situação Atual- Árvore de Problemas e a Proposta de Solução-Árvore de Objetivos. Por fim, a metodologia aqui apresentada foi complementada pela “visão holística” do Gerenciamento de Projetos abordada pelo PMBoK- Project Management Body Of Knowlegement, refletindo os fundamentos e técnicas preconizados pelo PMI- Project Management Institute, que se tornou referência mundial em Gerenciamento de Projetos. Esta metodologia também está alinhada à norma da ISO - International Organization for Standardization que aborda a gestão da qualidade em projetos – ISO 10006:2006 - Sistemas de gestão da qualidade – Diretrizes para a gestão da qualidade em empreendimentos- (www.iso.org). Um aspecto importante a destacar na metodologia utilizada neste módulo é que ela passou por um longo processo de adaptação não só às peculiaridades de nossa cultura, mas também às carências de nossa maturidade operacional (dos métodos de gestão – o pouco uso de indicadores, a restrição/desperdício de recursos, os hiatos no trato da informação, a forma arcaica de se fazer a gestão de pessoas, a ausência de visão de longo prazo como um dos reflexos de falhas/ ausência de planejamento estratégico etc.). Dentre as características de nossa cultura, podemos citar as apontadas pelo Sr. Masao Umeda (em palestra proferida em set.1993 na JUSE- Japanese Union of Scientists and Engeneers- Set.1993 - Tóquio – Japão - durante a Missão de Estudos coordenados pela Fundação Christiano Ottoni), dentre as quais destacam-se: Positivas: alta criatividade, grande flexibilidade e capacidade de aprendizado rápido; Negativas: o brasileiro não gosta de planejar, não sabe trabalhar em equipe e se “acha doutor rapidinho”, isto é, é acomodado no que tange ao aprofundamento de seus conhecimentos. Reforçamos o nosso compromisso com uma metodologia abrangente (nos aspectos abordados de Gerenciamento de Projetos), simples (com ferramentas e técnicas de fácil compreensão e aplicação), objetiva (buscando trazer resultados efetivos na gestão dos projetos) e prática (buscando agregar soluções práticas e imediatas à realidade dos treinandos). Obs.: Orientação para a utilização do material complementar ao conteúdo deste capítulo: 1. O material de leitura, quando aqui referido, consta de um arquivo geral denominado MATERIAL DE LEITURA COMPLEMENTAR, sendo fornecidos em arquivo PDF. Este material tem uma numeração que faz referência ao capítulo e ao material específico; 2. As orientações relativas às ferramentas de uso na elaboração e gerenciamento de projetos, quando aqui referidas, constam de um arquivo geral denominado FERRAMENTAS PARA A ELABORAÇÃO E O GERENCIAMENTO DE PROJETOS, sendo fornecidas em arquivo PDF. Usar o número de referência da ferramenta; 3. Os formulários relativos às ferramentas de uso na elaboração e gerenciamento de projetos, quando aqui referidas, constam de um arquivo geral denominado FRM- FERRAMENTAS PARA A ELABORAÇÃO E O GERENCIAMENTO DE PROJETOS, sendo fornecidas em arquivo EXCEL. Usar o número de referência da ferramenta. 4. Todos esses arquivos estão disponibilizados na Trilha de Aprendizagem da Disciplina. Os autores. CAPÍTULO 1 Fundamentos em Gestão de Projetos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Desenvolver a percepção dos projetos nas organizações públicas. � Conhecer os fundamentos envolvidos no tema planejamento e gestão de um empreendimento no Setor Público. � Entender os mecanismos de gestão aplicáveis a um projeto e a importância da identificação das principais partes interessadas no projeto. 10 Elaboração e Gerenciamento de Projetos 11 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 1.1 Contextualização Este Capítulo abordará os principais fundamentos que nortearão o desenvolvimento e a aplicação dos conceitos e técnicas de Gestão de Projetos consonantes com o propósito de se trabalhar com uma metodologia objetiva, simples, prática e abrangente. Qual é a realidade em Gestão de Projetos? Segundo a opinião do Sr. Masao Umeda da JUSE - Japan Union os Scientists and Engeneers, em palestra proferida quando da Missão de Estudos coordenada pela Fundação Christiano Ottoni em setembro de 1993, nossa cultura não é uma cultura voltada ao planejamento. Mesmo nas sociedades onde o planejamento tem papel importante na gestão, estando profundamente enraizados na cultura gerencial, os resultados dos projetos ainda são preocupantes. Num estudo feito pelo PMI - Project Management Institute - em 2002, envolvendo projetos tanto nos Estados Unidos da América e no Canadá, constatou-se que: Quadro 1- Resultados do estudo do PMI - 2002 Fonte: Disponível em: <www.pmi.org>. Acesso em: 20 abr. 2016. Um estudo feito pela PUC-RJ - Estudo da Produtividade Nacional na Construção Civil (1998), constatou que o nível de desperdícios na construção civil na habitação, envolvendo erros de projeto, de especificação/qualidade dos materiais, de planejamento, de execução etc., chegava a 200%, isto é, para cada prédio construído, poderíamos ter construído mais dois, com os desperdícios incorridos. Num estudo mais recente, conduzido pelo Standish Group em 2014 (vide leitura recomendada 1.1), as taxas de sucesso de projetos de TI (Tecnologia da Informação) foram de: • 16% de sucesso total • 53% com sucesso parcial TIPO DE “ESTOURO” NO PROJETO AMPLITUDE DO “ESTOURO” % DE PROJETOS “ESTOURADOS” NO ORÇAMENTO MAIS DE 10% 56% DOS PROJETOS MAIS DE 25% 9% DOS PROJETOS NO PRAZO MAIS DE 10% 56% DOS PROJETOS MAIS DE 25% 12% DOS PROJETOS 12 Elaboração e Gerenciamento de Projetos • 31% falharam ou foram abortados Este capítulo contempla diversos fundamentos que norteiam a Gestão de Projetos e que, uma vez internalizados por você, pós-graduando(a), certamente contribuirá para um aprendizado mais consistente e abrangente do que seja a concepção, o planejamento, o monitoramento, o gerenciamento, o encerramento e a avaliação de projetos. O seu conteúdo é um balizador da aplicação das ferramentas e técnicas de gerenciamento de projetos abordadas nos capítulos subsequentes. 1.2 O que são Projetos e como eles Surgem nas Organizações Um projeto pode ser definido como sendo: “Um empreendimento temporário, com objetivo de criar um produto, serviço ou resultado único.” (PMBOK, 2004, p. 5). Ou ainda: “Um projeto social nada mais é do que a junção bem articulada das nossas ideias e propostas para melhorarmos uma realidade ou amenizarmos um problema.” (ENERCAN, [s.d.], p. 3). Na nossa visão, um projeto é um conjunto de atividades inter- relacionadas e interativas que transformam uma ideia em realidade, comprazo, recursos e resultados definidos. Basicamente existem dois tipos de projetos nos quais somos envolvidos: a) Projetos que “caem no nosso colo” - Neste caso não participamos da concepção do projeto e, portanto, não somos responsáveis pela adequabilidade da solução proposta. Às vezes, esta é uma “verdadeira Missão Impossível” para arredondar uma bola quadrada. O estresse é elevado, alto risco de se ter os prazos e custos extrapolados e o resultado insuficiente. b) Projetos em que somos responsáveis ou participamos de sua elaboração, planejamento, execução, controle e - Neste caso, apesar de termos mais trabalho no início (concepção), existem maiores chances de fazermos a coisa certa. Como surgem os projetos nas organizações Os projetos podem surgir de forma reativa ou de forma preventiva nas organizações. 13 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 Os projetos que “aparecem” de forma reativa acontecem para se enfrentar ou resolver algo que já aconteceu (um problema que precisa ser resolvido ou um fato/oportunidade que precisa ser aproveitada e demanda um projeto para tal). Os projetos que aparecem de forma preventiva “aparecem” por força de um planejamento que previu algo que ainda não aconteceu (tanto positivos- oportunidades - quanto negativos – Problemas potenciais). Desta forma, eles serão sempre uma resposta da organização para o enfrentamento de um problema real atual ou futuro, ou um problema potencial (que ainda não é certo de ocorrer) ou mesmo uma barreira no aproveitamento de uma possível oportunidade futura. Deste modo, podemos ter projetos surgindo: • De forma aleatória - São os projetos que surgem de demandas casuísticas, sem muita amarração com nenhum planejamento dentro da organização: Ex.: projeto para melhorar um processo que está apresentando problemas no seu desempenho ou no seu produto; • De forma planejada - São projetos que estão, de alguma forma, interligados a outros projetos ou ações da organização e visam contribuir para o alcance de objetivos que se complementam. Ex.: necessidade de relocação de áreas de trabalho para acomodar a ampliação do quadro de funcionários. • De forma estruturada institucionalmente - São os projetos constantes das chamadas iniciativas estratégicas da organização, isto é, fazem parte de um conjunto de ações de amplo espectro, interligados conforme uma orientação estratégica e que visam o alcance de um ou mais objetivos estratégicos da organização, tendo sido definidas no planejamento estratégico da mesma. Ex.: necessidade de se estabelecer uma nova especialidade médica no hospital, ou a disponibilização de uma nova linha de serviços prestados à população. Seguem alguns motivos que podem gerar projetos nas organizações: • Necessidade de atualização tecnológica; • Demanda social ou do mercado; • Necessidade organizacional (expansão operacional, novos produtos/serviços etc.); • Necessidade de atendimento a obrigações legais atuais e/ou a novas leis; • Necessidade de se resolver problemas (atuais e/ou futuros; reais e/ou potenciais); • Possibilidade/necessidade de se melhorar o desempenho dos processos na organização, racionalização de custos, melhoria da segurança no trabalho etc. 14 Elaboração e Gerenciamento de Projetos Se formos ver, a maioria das ações que desempenhamos no dia a dia em nossas organizações faz parte de projetos. A seguir, são dados alguns exemplos de projetos, nos quais podemos estar envolvidos: • O preparo de um novo modelo de relatório; • Pesquisa e desenvolvimento, p/ex.: uma nova vacina, um novo serviço/ produto; • Estabelecimento de um novo convênio; • A implantação de um novo serviço; • Melhorias nos processos de trabalho; • Modernização, realocação e/ou expansão; • Realização de um congresso/evento; • Preparo de um novo curso; • Realização de uma nova turma de um curso já existente etc. Um conjunto de atividades pode ser caracterizado como um projeto desde que o “produto” gerado por este conjunto de atividades seja inusitado (pelo menos em algum de seus aspectos), tenha um prazo estabelecido, tenha os custos previstos, utilize-se de recursos estipulados e tenha como consequência (resultados/impactos) efeitos bem definidos. Atividades de Estudos: 1) Dentre os tipos de projetos em que podemos trabalhar, em qual deles nós não estamos envolvidos em sua concepção: a) Os que “caem no nosso colo”. b) Os que só nos é apresentada uma situação problema a ser resolvida. 2) Como são chamados os projetos que surgem de uma demanda casuística: a) De forma planejada. b) De forma aleatória. c) De forma estruturada institucionalmente. 3) Os projetos que surgem de forma estruturada institucionalmente são relativos a: a) Necessidade de se corrigir um problema apresentado por um processo; 15 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 b) Parte das ações estabelecidas por um planejamento estratégico (as iniciativas estratégicas, que são as ações demandadas pelo planejamento estratégico podem ser: Projetos estratégicos - que são projetos estruturantes; projetos de melhoria da estrutura e dos processos existentes e gestão de processos críticos para o alcance dos objetivos estratégicos definidos pelo planejamento estratégico). c) Iniciativa de melhoria envolvendo algumas áreas da organização, com objetivos comuns. 4) Cite alguns motivos que podem gerar projetos nas organizações: __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 5) O fato de programarmos uma turma de um curso já existente pode ser considerado um projeto? Por quê (ligando corretamente os campos da tabela)?: a- Não X- Cada turma é diferente das outras já dadas-alunos novos, novo professor, novos horários, exemplos diferentes etc. b- Sim Y- O curso já existe montado. 6) Cite alguns exemplos de projetos nas organizações: __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 16 Elaboração e Gerenciamento de Projetos 1.3 As Peculiaridades de um Projeto no Setor Público As condições de um projeto no Setor Público são bem mais críticas e restritivas do que um projeto no Setor Privado, pois: a) Devem ter como foco as necessidades da Sociedade, isto é, o IMPACTO (resultados para a sociedade) e a TRANSPARÊNCIA. A seguir, apresentamos algumas características peculiares dos projetos no Setor Público: • Aspecto Social - Visa ao atendimento de uma demanda social, mesmo que eles não tenham explicitamente uma relação direta com a população, não tendo fins lucrativos; • Visão em prol do coletivo - Tem foco na solução de algum problema da população/ou de um de seus segmentos; • Racionalização do dinheiro público - Em alinhamento ao Princípio Constitucional da Eficiência (vide mais adiante); • Contratação pela Lei 8.666/93 - Todas as aquisições no Setor Público devem ser feitas com base na Lei 8.666/93 de 21/06/1993 e suas atualizações pelas Leis 8.883 de 08/06/1994, 9.032 de 28/04/1995 e 9.648 de 27/05/1998. Essas leisprocuram garantir licitude e padronização nos processos de contratação de obras e serviços pelos órgãos públicos, de maneira que não pairem dúvidas sobre a forma como eles são executados; • Cadenciamento com o processo orçamentário - Tanto para o planejamento da alocação de recursos no orçamento, quanto para os gastos efetuados, por período orçamentário. Uma das grandes dificuldades de um projeto no Setor Público é que ele deve estar estritamente aderente à dotação orçamentária e o período orçamentário do órgão ao qual pertença; • Impossibilidade de realocação dos gastos - Os gastos nos projetos públicos são “amarrados” às rubricas específicas do orçamento; • Peculiaridade na forma de contratação de pessoal – Muitas das vezes, temos que tocar um projeto sem ter os recursos adequados, (temos que ficar restritos aos recursos disponíveis na unidade organizacional) devido a limitações para a contratação de pessoal, o que normalmente só ocorre quando se deflagra um concurso público. Quando ocorre de não termos os recursos necessários deve-se proceder a uma contratação específica, que nem sempre atende às necessidades de competência e prazos; • Sujeito a pressões de natureza política - Grande influência do viés político nas decisões dos projetos no Setor Público. 17 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 b) Os projetos públicos devem estar imbuídos dos princípios constitucionais da Administração Pública, expressos no artigo 37 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), conforme descrito a seguir: • Princípio da Legalidade – O administrador público só pode atuar nos termos estabelecidos pela Lei, garantindo assim que sua atuação seja a concretização da vontade geral. • Princípio da Impessoalidade - Custeada com dinheiro público, a atividade da Administração Pública jamais poderá ser apropriada, para quaisquer fins, por aquele que, em decorrência do exercício funcional, se vê na condição de executá-la. • Princípio da Moralidade - Os atos da Administração Pública devam estar inteiramente conformados aos padrões éticos dominantes na sociedade para a gestão dos bens e interesses públicos. • Princípio da Publicidade – Preconiza a obrigatória divulgação dos atos da Administração Pública, com o objetivo de permitir seu conhecimento e controle pelos órgãos estatais competentes e por toda a sociedade. • Princípio da Eficiência - Todo agente público deve realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional, trazendo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros. Uma diferença fundamental entre a abrangência das ações no Setor Público e no Privado é que no Setor Público só se pode fazer o que a lei permite e no Setor Privado só não se pode fazer o que a lei proíbe. Desta forma, os reflexos positivos de um bom planejamento de projeto são potencializados no Setor Público, onde se enfrentam grandes desafios, função das características peculiares deste contexto, que pode ser caracterizado por: • Necessidade de se atingir a objetivos desafiantes; • Frequentes situações de imprevisibilidade de recursos; • Sistemáticos arrochos nos prazos; • Necessidade de se garantir a viabilidade do projeto e/ou a sobrevivência/ imagem da instituição; • Evitar sanções aos servidores públicos, face à ação de organismos regulatórios (ANP, ANVISA, ANAC etc.), organismos de controle (Câmaras Municipal, Estadual, Federal), organismos de fiscalização administrativa (TCM, TCE e TCU); • Enfrentamento de diversas condições adversas ao empreendimento: políticas, ambientais, climáticas, econômicas, orçamentárias, sociais etc. • Cumprimento com as exigências do SICONV/BNDES/BID/BIRD etc. Uma diferença fundamental entre a abrangência das ações no Setor Público e no Privado é que no Setor Público só se pode fazer o que a lei permite e no Setor Privado só não se pode fazer o que a lei proíbe. 18 Elaboração e Gerenciamento de Projetos Segundo a Associação Brasileira de Municípios (ABM) — entidade que em 2011 participou de um grupo de trabalho na Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência, sobre convênios entre municípios e a União —, de 30% a 40% dos projetos apresentados por prefeituras ao governo federal são rejeitados por falta de qualidade técnica. De acordo com a SRI, mais da metade dos municípios com até 20 mil habitantes — que equivalem a 70% das cidades — precisa recorrer a contadores terceirizados na hora de preparar projetos. Abaixo, apresentamos um sumário dos aspectos do SICONV (Sistema de Convênios) que são diretamente ligados a um esforço de planejamento consistente e objetivo dos projetos que pleiteiam firmar convênios com o Governo Federal: PORTARIA CGU/MF/MPOG Nº 507, DE 24 DE NOVEMBRO DE 2011 [...] Art. 6º Ao convenente compete: [...] II - definir por etapa/fase a forma de execução, direta ou indireta, do objeto conveniado; III - elaborar os projetos técnicos relacionados ao objeto pactuado... IV - executar e fiscalizar os trabalhos necessários à consecução do objeto pactuado no convênio, observando prazos e custos, ...; V - assegurar, na sua integralidade, a qualidade técnica dos projetos e da execução dos produtos e serviços conveniados ...; [...] Art. 10. É vedada a celebração de convênios: [...] IV - com órgão ou entidade, de direito público ou privado, que esteja em mora, inadimplente com outros convênios celebrados com órgãos ou entidades da Administração Pública Federal, ou irregular em qualquer das exigências desta Portaria; 19 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 [...] Art. 19. O proponente credenciado manifestará seu interesse em celebrar instrumentos regulados por esta Portaria mediante apresentação de proposta de trabalho no SICONV, em conformidade com o programa e com as diretrizes disponíveis no sistema, que conterá, no mínimo: I - descrição do objeto a ser executado; II - justificativa contendo a caracterização dos interesses recíprocos, a relação entre a proposta apresentada e os objetivos e diretrizes do programa federal e a indicação do público-alvo, do problema a ser resolvido e dos resultados esperados; III - estimativa dos recursos financeiros, discriminando o repasse a ser realizado pelo concedente e a contrapartida prevista para o proponente, especificando o valor de cada parcela e do montante de todos os recursos, na forma estabelecida em lei; IV - previsão de prazo para a execução; e V - informações relativas à capacidade técnica e gerencial do proponente para execução do objeto. [...] Art. 24. A contrapartida, quando houver, será calculada sobre o valor total do objeto e poderá ser atendida por meio de recursos financeiros e de bens ou serviços, se economicamente mensuráveis. Art. 25. O Plano de Trabalho, que será avaliado após a efetivação do cadastro do proponente, conterá, no mínimo: I - justificativa para a celebração do instrumento; II - descrição completa do objeto a ser executado; III - descrição das metas a serem atingidas; IV - definição das etapas ou fases da execução; V - cronograma de execução do objeto e cronograma de desembolso; e VI - plano de aplicação dos recursos a serem desembolsados pelo concedente e da contrapartida financeira do proponente, se for o caso. [...] Art. 27. O preço para a contratação de obras e serviços de engenharia executados com recursos do orçamento da União será obtido a partir do custo acrescido da parcela de Benefícios e Despesas Indiretas - BDI. Parágrafo único. O BDI deverá evidenciar em sua composição, exclusivamente: 20 Elaboração e Gerenciamento de Projetos I - taxa de rateio da administração central; II - percentuais de tributos incidentes sobre o preço do serviço, excluídos aqueles de natureza direta e personalística que oneram o contratado; III - taxa de risco, seguro e garantia do empreendimento;IV - taxa de lucro; e V - taxa das despesas financeiras. Fonte: Brasil (2011). A falta de um planejamento adequado de um projeto no Setor Público pode acarretar: • A recusa na aprovação de projetos públicos (convênios, agentes financiadores etc.). • Gera um ambiente “pesado” – conflitos, desinformação, estresse entre os “atores” do projeto. • Frequentes estouros de prazos, fazendo com que o projeto possa colocar em risco outros projetos que tenham compartilhamento de objetivos. • Elevado custo final do projeto, obrigando penosas revisões do orçamento dos projetos. • Vulnerabilidade na prestação de contas (TCU/TCE/BNDES/BID/BIRD...). • Sanções aos servidores públicos envolvidos em problemas advindos de falhas no gerenciamento dos projetos sob sua responsabilidade. Atividades de Estudos: 1) Cite seis características peculiares de um projeto no Setor Público: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Cite cinco desafios dos projetos no Setor Público: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 21 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Cite cinco problemas que podem ser gerados pela falta de um bom planejamento para projetos no Setor público: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 1.4 Conceitos Fundamentais em Gestão de Projetos Neste tópico abordaremos os principais conceitos que permeiam a moderna Gestão de Projetos: a) Plano Unidade de planejamento que contempla os programas e projetos necessários para o enfrentamento de uma situação adversa de grande abrangência. Normalmente, este enfrentamento vai se refletir na mudança de uma situação problema existente (real ou potencial), ou no aproveitamento de uma oportunidade que se apresenta. Um plano é estratégico quando reúne as decisões, objetivos e ações apontadas por titulares e equipe técnica de uma instituição para a mudança de uma determinada realidade tendo como base a 22 Elaboração e Gerenciamento de Projetos missão para a qual foi criada. O plano operacional organiza as ações de um projeto ou programa, detalhando prazos, responsabilidades, custo, os subprodutos a serem obtidos, como será acompanhado e os instrumentos necessários para tal. Fonte: Zimmermann (2010, p. 10). b) Programa Compreende um conjunto de ações e projetos que podem estar inter- relacionados ou não, e que são orientados para o alcance de um objetivo maior. Apesar de um programa ter uma expectativa de tempo para ocorrer, pode ter este tempo modificado em conformidade como alcance do objetivo pretendido. Um programa é um grupo de projetos gerenciados de forma coordenada, visando obter benefícios difíceis de serem obtidos quando gerenciados isoladamente. Fonte: PMBoK (2004, p. 8). A relação entre um programa e os projetos e as ações que o compõem é de uma certa inofensividade entre o fracasso de um dos projetos e/ou ações e o próprio sucesso do programa. Diferentemente, para o caso de um projeto e seus subprojetos, caso um dos subprojetos venha a falhar, ele coloca em sério risco todo o projeto. c) Projeto O detalhamento da definição de um projeto, em complemento da definição apresentada anteriormente no item 1.2, é dado a seguir: • Temporalidade - Todo projeto tem um início e um fim definidos. • Produto exclusivo - A característica do produto do projeto é que ele é inusitado. • Recursos - Contempla todo tipo de recurso como humano, material, máquinas, equipamentos, know-how etc.; • Todo projeto tem uma missão - Que é o POR QUE do projeto, e é contra ela que poderemos avaliar se o projeto foi efetivo, isto é, trouxe os resultados 23 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 esperados. Um projeto mal concebido dificilmente trará os resultados dele esperados. • Todo projeto tem Partes Interessadas - Que são todos aqueles cujas vidas são afetadas pelo projeto, tanto durante sua execução quanto pelos impactos por ele gerados e que, de alguma forma, devem ter seus anseios/opiniões e ou contribuições considerados pelo projeto. A desconsideração de algumas destas partes interessadas pode trazer sérios problemas para a execução do projeto. • Todo projeto é realizado através de atividades - Que se interagem e devem ser executadas de forma coordenada. Estas atividades têm durações próprias e se inter-relacionam com outras atividades do projeto e/ou com as atividades dos processos organizacionais, podendo ter recursos humanos/outros recursos compartilhados, com custos e com restrições. • Todo projeto deve ter responsabilidades claramente atribuídas. • Todo projeto tem um orçamento definido. • Todo projeto está sujeito a riscos - Com influências positivas ou negativas no seu desempenho. • Todo projeto tem condicionantes - São fatores, normalmente fora da alçada do pessoal do projeto, pelos quais eles não têm a mínima gerência ou domínio, e que podem ter substancial influência no desempenho do mesmo. • Todo projeto pode ser dividido em subprojetos - Dependendo de sua dimensão e características operacionais/gerenciais. Esta divisão serve para facilitar o gerenciamento do projeto. • Todo projeto tem seu desempenho afetado pela estrutura e/ ou pela cultura organizacional da instituição onde ele ocorre - Além disto, alguns processos da instituição vão afetar diretamente o projeto, tais como, aquisição, RH, contas a pagar, informática etc. • Todo projeto pode ter Efeitos Colaterais - Bons e/ou maus e que podem afetar uma ou mais das partes interessadas do projeto. d) Projetos x Subprojetos X Atividades Os projetos são frequentemente divididos em componentes mais facilmente gerenciáveis ou subprojetos, embora os subprojetos individuais possam ser chamados de projetos e gerenciados como tal. Os subprojetos são normalmente contratados de uma empresa externa ou de outra unidade funcional na organização executora. (PMBOK, 2004). Um projeto mal concebido dificilmente trará os resultados dele esperados. A desconsideração de algumas destas partes interessadas pode trazer sérios problemas para a execução do projeto. Estas atividades têm durações próprias e se inter- relacionam com outras atividades do projeto e/ou com as atividades dos processos organizacionais, podendo ter recursos humanos/ outros recursos compartilhados, com custos e com restrições. 24 Elaboração e Gerenciamento de Projetos A divisão de um projeto em seus subprojetos pode ser: • Relativos a um determinado executor (restringeresponsabilidade); • Função de logística da organização (por regiões); • Passíveis de serem “adquiridos” de terceiros (outsourcing); • Relativos a fases bem definidas do projeto; • Estabelecidos por afinidade de atividades (mesma função); • Definidos por período ou (competência orçamentária); • Caracterizados por “subprodutos” componentes do produto final. Os subprojetos podem ser subdivididos em seus próprios subprojetos (sub-subprojetos), até chegar ao elemento mais detalhado de um projeto que é a atividade/tarefa. e) Processo “Um processo é um conjunto de ações e atividades inter- relacionadas realizadas para obter um conjunto pré-especificado de produtos, resultados ou serviços.” (PMBOK, 2004, p. 38). “Processo: é um conjunto ordenado de atividades, inter-relacionadas ou interativas que possibilitam transformar as entradas, agregando-lhes valor, em saídas (produtos) desejadas por alguém.” (GALVÃO; MENDONÇA, 1997, p.10). No caso de projetos, existem três grandes grupos de processos: • Processos de Gerenciamento de Projetos - são processos que não geram produtos ou os produtos gerados não “contribuem para o andamento do projeto”, isto é, seus produtos não são consolidados/identificados no produto final do projeto (Objeto do Projeto); Basicamente, estes processos são comuns a todos os projetos, e correspondem às fases do Ciclo de Gestão - PDCA (PLAN (planejar); DO (executar e monitorar); CHECK (avaliar e analisar); ACT (agir corretivamente)). O objetivo deles é iniciar, planejar, executar, monitorar e controlar e encerrar um projeto (vide detalhamento no item 1.5 - Ciclo Básico de um Projeto - adiante). Na figura, a seguir, é dada uma visão do inter-relacionamento entre os processos de gerenciamento de um projeto: Os subprojetos podem ser subdivididos em seus próprios subprojetos (sub- subprojetos), até chegar ao elemento mais detalhado de um projeto que é a atividade/tarefa. 25 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 Figura 1 - Ligações entre os Grupos de Processos de Gerenciamento Fonte: Adaptado do PMBoK (2000, p. 28). Fonte: Adaptado do PMBoK (2000, p. 28). Nesta figura, podemos perceber, que o processo de planejamento “alimenta” de informações (Plano Baseline - Linha de Referência – será visto no Capítulo 3 - Planejamento de um Projeto) não só os Processos de Execução, mas também os Processos de Controle, dando-lhes os parâmetros de controle do projeto. Os Processos de Execução do projeto são, então, monitorados (mensurados) e alimentam os Processos de Controle, que “devolvem” para os Processos de Execução, as orientações necessárias para se manter o plano estabelecido pelos Processos de Planejamento (Baseline). Entretanto, pode ser que (e quase sempre ocorre) o projeto tenha tido algum problema sério na sua execução e, os Processos de Controle identificaram que não será possível manter o Plano Baseline traçado. Neste caso, faz-se necessário rever o planejamento feito, de modo que os processos de Controle realimentam os Processos de Planejamento, promovendo, assim, a revisão do Plano Baseline, e, com isso alterando-se aspectos como prazos, custos, escopo a ser implantado etc. Na figura a seguir é dada uma visão consolidada do nível de atividade (esforço em cada momento, Homem. Hora, pessoal envolvido etc.), do que é um Ciclo Básico de um Projeto contemplando os processos de Concepção/Iniciação, Planejamento, Execução e Conclusão do projeto. 26 Elaboração e Gerenciamento de Projetos Figura 2 – Nível de atividade ao longo do ciclo de um projeto Fonte: PMBoK (2004 p. 21). A seguir explicamos os processos de um projeto, correspondente ao ciclo de gestão: a) Processo de Concepção/Iniciação: Dá início formal ao projeto, é a institucionalização do projeto, compreendendo a fase de concepção do projeto (caracterização do “problema a ser resolvido” e o delineamento da solução proposta), e a primeira avaliação de recursos e custos, buscando a viabilidade técnico-econômica do projeto; b) Processo de Planejamento: Visa detalhar o escopo do projeto em produtos, atividades e/ou ações, estabelecendo a sequência adequada, alocando os recursos necessários de modo a alcançar os objetivos pretendidos de escopo, custos e prazos. c) Processo de Execução: Compreende a execução de todo o trabalho que foi planejado para o projeto, incluindo a eventual necessidade de capacitação da equipe, o trato da informação, o desenvolvimento das ações requeridas para o atendimento aos requisitos da qualidade do projeto, o monitoramento (medição) de todas as ações desenvolvidas no projeto bem como a administração dos contratos a ele referidos. d) Processo de Controle: Compreende a avaliação e análise da informação sobre a execução do projeto, a identificação e correção dos desvios, o controle das mudanças de escopo, o controle das ações visando à qualidade do projeto, o preparo dos relatórios de gestão. e) Processo de Encerramento: Contempla todas as ações para o registro das experiências adquiridas ao longo de todo o projeto (lições aprendidas) e 27 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 todas as ações administrativas necessárias para dar por encerrados todos os contratos firmados ao longo do projeto, com fornecedores e, principalmente, com o cliente do projeto, caso houver. Tem também o acerto das formalidades contábeis e fiscais. Na figura a seguir é mostrada uma distribuição típica do nível de atividade de cada um dos processos, combinados ao longo de todo o projeto. Nela, podemos perceber que os processos ocorrem de forma simultânea, havendo certa superposição entre eles. O eixo vertical se refere ao nível de atividade (ex. pessoas envolvidas, homens, hora alocadas etc.) de cada um dos processos que constituem os Processos Gerenciamento de um Projeto em cada momento (eixo horizontal) do projeto. Figura 3 – Interação de Grupos de Processos em um Projeto Fonte: PMBoK (2004, p. 68). No diagrama anterior, na interação entre os grupos de processos de um projeto, podemos ver que, apesar do processo de gerenciamento e controle ter seu início na fase de concepção (elaboração) do projeto, o foco da gestão, aqui abordada, é o da execução e do encerramento do projeto. De qualquer forma, quando abordarmos cada aspecto do gerenciamento vamos mencionar o que consta na definição do PMI (referentes às Áreas de Conhecimento em Gerência de Projetos, e cobertas por capítulos específicos do PMBOK-2004), mas focando no item de controle, apenas. • Processos Orientados ao Produto do Projeto - Estes processos especificam e contribuem para a obtenção do produto do projeto (Objeto do Projeto), podendo ser, de alguma forma, identificados no produto final do projeto. Eles “fazem o projeto andar”, e se constituem no Ciclo de Vida do Projeto. Estes processos 28 Elaboração e Gerenciamento de Projetos são compilados em fases do projeto para facilitar o planejamento e o controle gerencial e permitem ligações/interações com as operações da organização (processos organizacionais) executora. Vantagens da consideração de fases em um Projeto: – Facilitam o gerenciamento; – Possibilitam melhor interface com as operações do dia a dia; – Têm produtos definidos, cujo conjunto completa o escopo do projeto; – Podem determinar a paralisação do projeto – Estabelecem etapas intermediárias do projeto; – São caracterizadas pelos Marcos do Projeto ou (Milestones - vide adiante). Na figura a seguir foi selecionado um exemplo de Ciclo de Vida de um projeto de engenharia: Figura 4 – Ciclo de Vida Representativo de um Projeto de Construção Segundo Morris Fonte: PMBoK (2000, p.14). • Processos Organizacionais que Interagem com os Projetos - são os processos operacionais já normalmente executados para o desempenho de suas funções organizacionais, e têm uma forte interação, de diversas formas e ao longo de todo o projeto, com os dois outros grupos de processosverificados nos projetos. Seus desempenhos podem influenciar positiva ou negativamente o desempenho do projeto, daí termos muito cuidado com estes processos, pois, por exemplo, um processo de compras travado, certamente trará sérios problemas para as compras do projeto. – Exemplo de processos Organizacionais: 29 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 • Gestão institucional • Gestão da Informação • Contratação de pessoal • Compras/contratação de serviços • Contas a pagar • Contas a receber • Informática • Manutenção etc. f) Elementos Fundamentais de um Projeto Todo projeto tem basicamente 3 elementos fundamentais (também chamada de tripla restrição): • Escopo - é todo o trabalho que precisa ser feito tanto para gerar os produtos do projeto (Escopo do Produto) quanto para fazer o projeto “rodar”, ou seja, é o alvo, a meta (Escopo do Projeto). • Tempo - Aqui falamos de duração, isto é, o tempo líquido necessário para a realização do trabalho, para a execução de uma atividade, considerando-se o trabalho a ser executado e os recursos disponibilizados para tal. • Recursos – Consideramos, aqui, os recursos em uma abordagem mais ampla, não só orçamento ou custos, mas também recursos humanos, máquinas, equipamentos e recursos técnicos etc. g) O que é Planejamento? Planejar é tornar claro aonde se quer chegar, estabelecer as estratégias para se chegar lá, tomar as decisões com base nesta estratégia e definir as ações que acreditamos necessárias para alcançar o objetivo desejado. Planejar está associado à ideia de preparação e controle do futuro a partir do presente através da reflexão sistemática sobre a realidade a enfrentar e os objetivos a atingir. Planejamento de um projeto é o processo de desenvolvimento e manutenção de ações para orientar a execução e o controle das atividades de um projeto, de modo a alcançar os objetivos pretendidos de escopo, custos e prazos. O Planejamento de um Projeto tem as seguintes características: O tempo líquido necessário para a realização do trabalho, para a execução de uma atividade, considerando- se o trabalho a ser executado e os recursos disponibilizados para tal. 30 Elaboração e Gerenciamento de Projetos • É uma simulação - Previsão/Modelagem/Organização. • Visa estabelecer o equilíbrio entre os Elementos Fundamentais do projeto: – Escopo do projeto - O que precisa ser feito/Quanto fazer e com que requisitos de Qualidade; – Recursos - Quem/O que utilizar e quanto custa; – Tempo - Duração líquida/Quando fazer/Quando terminar. Obs.: Estes três elementos estabelecem o que o PMI define como Tríplice Restrição, uma vez que eles têm uma sólida relação entre si. • Facilita a comunicação e a Integração com as funções/áreas/ processos dentro da instituição. • Constitui-se no referencial para o gerenciamento e à tomada de decisões. No diagrama a seguir mostramos esta sólida relação entre Escopo, Recursos e Tempo, que é estabelecida para cada atividade do projeto: Figura 5 – O equilíbrio da Tríplice Restrição Fonte: Os autores. Alguns dos benefícios advindos com o planejamento de um projeto são: • Redução dos “incêndios” a apagar; • Integração e visão do todo; • Motivação e comprometimento; • Comunicação/informação; • Melhoria do “ambiente” do projeto; • Clareza de objetivos. Estes três elementos estabelecem o que o PMI define como Tríplice Restrição, uma vez que eles têm uma sólida relação entre si. 31 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 h) Escritório de Projeto O uso de um Escritório de Projetos é particularmente indicado quando a instituição tem por desafio a implementação de diversos projetos de cunho estratégico ou de grande abrangência na organização. “Um Escritório de Projetos (Project Management Office) é uma unidade organizacional que centraliza e coordena o gerenciamento de projetos sob seu domínio.” Um PMO também pode ser chamado de “escritório de gerenciamento de programas”, “escritório de gerenciamento de projetos” ou “escritório de programas.” (PMBOK, 2004, p. 17). i) O que é Gerenciamento de um Projeto “Gerência de Projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades do projeto com o objetivo de atender os requisitos do projeto.” (PMBOK, 2004, p. 6). Em outras palavras, o gerenciamento de um projeto é o estabelecimento e o restabelecimento do equilíbrio entre os elementos fundamentais do projeto (Escopo do Projeto, Tempo e Recursos), considerando-se também o foco na obtenção dos resultados esperados pelas principais partes interessadas, bem como o controle dos possíveis efeitos colaterais. A tríplice restrição, mostrada anteriormente, fornece parâmetros para o gerenciamento no restabelecimento do equilíbrio caso algum dos elementos tenha uma alteração, exemplo: Se não temos os recursos na quantidade originalmente planejada (a menos, por exemplo) e o escopo continua o mesmo (isto é, o trabalho a ser realizado continua o mesmo), então, temos que ajustar a duração da atividade, pois não tem “milagre”, isto é, não dá para fazer o mesmo trabalho (anteriormente previsto) com menos recursos (que os originalmente previstos) no mesmo tempo (anteriormente planejado). 32 Elaboração e Gerenciamento de Projetos Figura 6 – Ação do Gerenciamento na tríplice restrição Fonte: Os autores. j) Gestão participativa O uso do conceito de Gestão Participativa é de vital importância para o sucesso de empreendimentos que envolvam um elenco de partes interessadas e, em especial uma equipe para tocar o projeto. Em particular é fundamental para o sucesso de processos decisórios envolvendo a chefia e seus funcionários. A Gestão Participativa promove também o desenvolvimento da competência das pessoas envolvidas no processo, além de contribuir de forma decisiva para os processos de mudança comportamental. Fornece subsídios para uma gestão compartilhada. k) Áreas de conhecimento Relevantes em Gerenciamento de Projetos O PMI (PMBOK, 2004, p. 71) considera os seguintes assuntos como sendo de fundamental importância para o adequado gerenciamento de um projeto: • Gerenciamento de integração do projeto: Visa garantir que os vários elementos do projeto estejam adequadamente coordenados e integrados, dentro do projeto e entre o projeto e os outros projetos tocados pela instituição. • Gerenciamento do escopo do projeto: Visa garantir que o projeto inclua todo o trabalho requerido e apenas o trabalho requerido, para atingir com sucesso os objetivos do projeto. • Gerenciamento do tempo do projeto: Visa garantir que o projeto seja completado no prazo previsto. • Gerenciamento de custos do projeto: Visa garantir que o projeto seja completado dentro do orçamento previsto. 33 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 • Gerenciamento da qualidade do projeto: Visa garantir que o projeto consiga atender às necessidades (requisitos acordados) dos clientes do projeto e para as quais foi concebido. • Gerenciamento de recursos humanos do projeto: Visa garantir que o projeto empregue de forma mais eficiente e eficaz o pessoal envolvido com sua implantação. • Gerenciamento das comunicações do projeto: Visa garantir, em forma e tempo oportunos, a geração, a coleta, o processamento e análise, a disseminação, a armazenagem e a eliminação das informações do projeto. • Gerenciamento de riscos do projeto: Visa garantir que o projeto seja executado sempre com a preocupação de identificar, analisar, se preparar (para anular ou amenizar) para os riscos do projeto, tanto ao longo de sua implementação quanto como reflexo dos resultados do mesmo. • Gerenciamento de aquisições do projeto: Visa garantir que o suprimento de materiais, equipamentos, instalações e serviços e sistemas adquiridos de fontes extremas à organização, seja feita com economicidade, eficiência, eficácia e em prazo compatível com as necessidades do projeto.Atividades de Estudos: 1) Defina a relação entre Plano estratégico, Programa, Projetos: a) Programa é mais amplo que Projetos que são maiores que os Planos; b) Projetos são maiores que Planos e estes maiores que Programas; c) Planos são mais abrangentes do que Programas e estes contêm os Projetos 2) Cite os aspectos que caracterizam uma definição detalhada e completa de um projeto. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 3) Cite quatro motivos para dividir um projeto em seus subprojetos. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 34 Elaboração e Gerenciamento de Projetos __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 4) Como são chamados os processos de um projeto que corres- pondem ao Ciclo do PDCA? a) Processos de Gerenciamento de Projetos; b) Processos Organizacionais que Interagem com os Projetos; c) Processos Orientados ao Produto do Projeto. 5) Como é a sequência de etapas do Ciclo de Gestão - PDCA? a) Checar, Fazer, Planejar e Agir corretivamente; b) Fazer, Checar, Agir corretivamente e Planejar; c) Agir corretivamente, Fazer, Checar e Planejar; d) Planejar, Fazer, Checar e Agir corretivamente. 6) Quais são os processos que se constituem no Ciclo Básico de um Projeto? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 7) Dos itens abaixo, quais são os chamados Elementos Fundamentais de um projeto: a) Riscos do projeto; b) Recursos do projeto; c) Indicadores do projeto; d) Tempo de execução das atividades do projeto; e) Escopo (o que precisa ser feito); f) Marcos importantes do projeto; g) Escritório do projeto. 8) Quais são as características do planejamento de um projeto? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 35 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 9) O que o PMI considera como Tríplice Restrição de um projeto? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 10) Cite pelo menos quatro benefícios advindos com o planejamento de um projeto. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 11) Cite as Áreas de Conhecimento relevantes em gerenciamento de projetos. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 36 Elaboração e Gerenciamento de Projetos 1.5 Os Desafios na Gestão de Projetos Podemos dizer que um projeto é uma “concentração de um cem número de desafios”, e quem tem que enfrentar a situação é o gestor do projeto. Estes desafios vão desde a necessidade e evolução cultural dos envolvidos com o projeto até o domínio das técnicas e ferramentas mais adequadas ao gerenciamento do projeto. Os grandes desafios da Gerência de Projetos, com ênfase no Setor Público, são dados a seguir. Estes desafios serão detalhados nos próximos capítulos deste caderno: • 1o Desafio: Saber exatamente o que se quer do projeto - Concepção e os resultados esperados; • 2º Desafio: A Montagem da Equipe do Projeto - Restrições de recursos, disponibilidade de pessoal com a competência requerida (inclui motivação); • 3º Desafio: O Planejamento Físico de um Projeto - Escopo, tempo e recursos; • 4º Desafio: O Planejamento Financeiro do Projeto no Setor Público - Cadenciamento com o planejamento orçamentário; • 5º Desafio: A interação do Projeto com a estrutura formal da organização - Interface com os processos organizacionais, choque com a cultura organizacional etc. • 6º Desafio: O Monitoramento do Projeto, o controle, a gestão da implantação, avaliação dos resultados e dos impactos colaterais. O sucesso de um projeto Considere um projeto que tenha sido finalizado nas seguintes condições: • Gastando menos do que o orçado originalmente; • Terminando antes do prazo previsto no cronograma planejado; • Ter executado tudo o que tinha sido previsto a ser feito, cumprindo com todos os requisitos estabelecidos junto ao cliente do projeto (e alguns itens até a mais) e com uma qualidade acima do esperado pelo cliente. Em sua opinião, este projeto pode ser considerado um sucesso? Depende! Um projeto só é considerado um sucesso quando tiver sido realizado de acordo com o que foi planejado: 37 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 • Quanto ao Custo: tiver sido realizado dentro do orçamento previsto; • Quanto ao Prazo: tiver sido executado conforme o cronograma planejado; • Quanto ao Escopo: tiver sido completado com o mínimo de alterações (eficácia do projeto); • Quanto à Qualidade: tiver cumprido todos os requisitos com a qualidade desejada e aceito sem restrições pelo “cliente” do projeto; • Quanto aos Resultados: tiver cumprido com a missão para a qual foi planejado e • Quanto aos Efeitos colaterais: tiver mantido os demais efeitos colaterais do projeto conforme o planejado (contemplando as principais partes interessadas no projeto), dentro de um contexto de responsabilidadesocioambiental. Alguns paradigmas negativos sobre planejamento Existem alguns paradigmas que dificultam a implantação de uma cultura de planejamento no Brasil. Alguns deles são: • As mudanças no Brasil são muito rápidas e profundas; • Perde-se muito tempo para se fazer o planejamento; • Não dá tempo para planejar, é um incêndio atrás do outro; • Planejando ou não, vai dar errado mesmo; • Planejar é muito complicado, meu feeling é bem mais prático e objetivo; • A capacidade que temos de “safar a onça” na hora H etc. Além destes paradigmas, temos enraizados em nossa cultura, alguns comportamentos muito prejudiciais ao bom desempenho dos projetos. Alguns deles são mencionados a seguir: • Pouco compromisso com o prazo final do projeto; • “Transferência” de atrasos já verificados; • Não cobrança das “entregas” atrasadas; • Dificuldades em se atribuir responsabilidades; • Não definição com antecedência de Planos B, C, D... Atividades de Estudos: 1) Quais são os seis desafios de Gerência de Projetos? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 38 Elaboração e Gerenciamento de Projetos __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) Quais são os aspectos que caracterizam o sucesso de um projeto? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 3) Cite cinco dos paradigmas negativos que bloqueiam a difusão do planejamento em nossa cultura. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 1.6 Indicadores de um Projeto: Eficiência, Eficácia e Efetividade O sucesso na implantação de um projeto está intimamente ligado à adequação do uso dos indicadores no seu gerenciamento. Esta adequação do uso compreende: a propriedade do indicador (o que ele realmente vai medir, qual o foco da medição), a sua sistematização de apuração (onde, quando, quem, como, com que frequência), a forma de tratamento e análise (como processá-lo), os referenciais comparativos para o seu desempenho e a sistematização e seletividade de comunicação pelas partes interessadas. 39 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 Em Gestão de Projetos existem três objetivos de medição: a) Medição da execução do projeto: cuja finalidade é para sabermos se o projeto está sendo implantado conforme foi planejado/previsto. Esta medição contempla a realização do escopo com a qualidade requerida, os prazos (tempo), os custos, os esforços e o alcance das metas intermediárias do projeto. b) Medição dos Resultados almejados para o projeto: cuja finalidade é sabermos se o projeto alcançou os objetivos pretendidos de funcionamento (do produto entregue) e de impacto gerado. c) Comportamento dos “efeitos colaterais”: cuja finalidade é medir os impactos e/ou gravidade dos efeitos acessórios do projeto, positivos ou negativos, para algumas das partes interessadas no projeto. Em um projeto podemos definir os seguintes Indicadores de Desempenho típicos: a) Indicador da EFICÁCIA do projeto: é aquele que avalia a extensão em que foi feito aquilo que deveria ter sido feito (conforme o planejado). Em outras palavras: Indicador do que foi executado/Obtido Eficácia= ------------------------------------------------------------------------------------------- Indicador do que foi Previsto Executar ou Obter b) Indicador da EFICIÊNCIA do projeto: é aquele que avalia em que extensão o projeto foi executado em relação à forma (ao modo) como tinha sido prevista sua execução (conforme o planejado). Em outras palavras: Indicador da Forma como foi executado/Obtido Eficácia = ---------------------------------------------------------------------------------------- Indicador da Forma de Execução Padrão Desejada c) Indicador da EFETIVIDADE do projeto: é aquele que avalia em que extensão o projeto gerou o seu resultado em relação àquele previsto para o projeto (conforme o planejado): 40 Elaboração e Gerenciamento de Projetos Indicador do Resultado Obtido Efetividade = ----------------------------------------------------------------------------------- Indicador do Resultado Previsto a Obter Outras definições correlatas a de Indicadores são as de Objetivo e Metas, adaptadas de FNQ (Fundação Nacional da Qualidade) e PNQ (Prêmio Nacional da Qualidade): a) Objetivo - Situação a ser alcançada pelo projeto: Objetivos são conjuntos imaginados de eventos que se pretende alcançar em uma época futura. São resultados necessários ou desejados a serem alcançados em tempo especificado. Quando um projeto estiver sendo elaborado, estes objetivos devem ser claramente definidos e serão a base de todo o processo de gerenciamento. Os objetivos não envolvem quantificação, definem tendências e podem demandar uma ou mais metas. b) Meta – Dimensão da situação a ser alcançada pelo projeto em um determinado prazo: As Metas são os aspectos quantitativos que compõem os objetivos, e que devem ser mensuráveis, servindo como referencial de sucesso da implementação do projeto. Eles devem ser comparados com os indicadores para a verificação do desempenho do projeto. As Metas são valores particulares de indicadores, devidamente quantificados e aprazados, tendo total sintonia com os objetivos do projeto, definindo algo mensurável a ser realizado/alcançado. Obs.: Caso um projeto seja dividido em subprojetos, cada subprojeto também deverá ter seu próprio Objetivo e suas próprias Metas, sempre alinhados com o Objetivo e as Metas do projeto maior. c) Marcos Importantes de um projeto (MILESTONES): São metas intermediárias estabelecidas com a finalidade de facilitar o controle do andamento do projeto, de um subprojeto ou mesmo de uma atividade muito longa, principalmente por terem prazos de realização mais curtos que o prazo total do projeto, permitindo, assim, ações de correção mais efetivas e mais frequentes. 41 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 Finalidade: • Facilitar o gerenciamento da execução do projeto; • Motivar equipe (etapas já vencidas...); • Permite visualizar avanço “físico” do projeto; • Facilitar a ligação (relacionamento) entre o projeto em questão e outros projetos tocados simultaneamente na instituição; • Muito úteis para não se “perder o rumo” quando uma atividade é muito longa e • Adequar a forma de remuneração pelo projeto. Características dos Milestones: • São metas de alcance bem definidos; • Devem ser do conhecimento de todos os envolvidos em alcançá-los; • Normalmente são mensuráveis pelo seu alcance puro e simples, isto é, sim ou não (não existe “mais oumenos”); • Servem para definir a forma de progresso físico do projeto; • São base para o estabelecimento dos indicadores de implementação do projeto; • Muito úteis para não se “perder o rumo” quando uma atividade é muito longa; • São facilmente convertidos em eventos de pagamento. Atividades de Estudos: 1) Em Gestão de Projetos quais são os objetivos típicos de medição? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) Faça uma correlação entre os elementos abaixo, ligando corretamente os campos da tabela: a-:Eficácia X Saber a extensão em que o projeto seguiu os planos traçados de implantação. 42 Elaboração e Gerenciamento de Projetos b- Eficiência Y Saber a extensão em que os resultados gerados pelo projeto estão de acordo com os resultados previstos originalmente. c- Efetividade Z Saber a extensão em que foi executado aquilo que estava previsto ser executado pelo projeto. 3) Cite pelo menos quatro finalidades para o uso dos marcos importantes (MILESTONES) de um projeto: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 1.7 As Partes Interessadas no Projeto (Stakeholders) As partes interessadas no Projeto, são todos aqueles cujas vidas, de alguma forma, são afetadas pelo projeto, tanto durante sua implementação quanto pelos seus resultados e/ou efeitos colaterais. Os Stakeholders são indivíduos, grupos de indivíduos ou organizações que podem influenciar de maneira positiva ou negativa o projeto. Partes interessadas no projeto são pessoas e organizações ativamente envolvidas no projeto ou cujos interesses podem ser afetados como resultado da execução ou do término do projeto. Eles podem também exercer influência sobre os objetivos e resultados do projeto. A equipe de gerenciamento de projetos precisa identificar as partes interessadas, determinar suas necessidades e expectativas e, na medida do possível, gerenciar sua influência em relação aos requisitos para garantir um projeto bem-sucedido. Fonte: PMBoK (2004, p. 24). 43 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 O grande desafio do Gestor do Projeto é promover uma satisfação mais equilibrada das necessidades e expectativas das principais partes interessadas no projeto. Certamente, não vai dar para agradar a todos, mas cabe ao gerente e sua equipe estabelecer, estrategicamente, qual o grau de influência que cada parte interessada tem no projeto, identificar as suas necessidades e expectativas com o projeto e conduzi-lo de forma a buscar o seu atendimento. Outro desafio do gestor do projeto é que a influência das partes interessadas no projeto pode variar conforme a fase de implantação do mesmo, daí é necessária a permanente atenção na avaliação estratégica do atendimento a estas partes interessadas. As Partes Interessadas no projeto também são chamadas de Atores do projeto. Neste caso, as partes interessadas identificadas são: • Gestor do Projeto; • Equipe do Projeto e as pessoas que irão contribuir com a execução, monitoramento, controle e apoio ao projeto; • Organismos de Fiscalização Administrativa – TCU, TCE, entre outros; • Acionistas, Órgãos e Gestores da Contratante - (Instituição Pública) - é a Dona do Projeto, ou o Cliente do Projeto (caso de contratação de executor externo) - É o Patrocinador do projeto - Aquele que vai pagar pelo projeto; • Instituições de Financiamento e Fomento de Projetos; • Usuários e Beneficiários do Projeto (depois de pronto); • Organismos Regulatórios – ANVISA, ANAC, ANEEL, entre outros; • Donos, Acionistas, Gestores da Contratada para executar o Projeto; • Fornecedores, Parceiros, Comunidade (no entorno do projeto), Sociedade (diretamente afetada pelo projeto). • Sociedade em Geral – Indiretamente afetada pelo projeto - Está no topo da cadeia de gestão em função do princípio democrático em que “todo poder emana do povo e para o povo”. Atividade de Estudos: 1) Cite pelo menos seis partes interessadas típicas de um projeto no Setor Público. __________________________________________________ __________________________________________________ 44 Elaboração e Gerenciamento de Projetos __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 1.8 Uma Visão dos Riscos de um Projeto O Risco está relacionado com o grau de exposição do projeto a eventos negativos e/ou positivos e suas prováveis consequências, sempre se tratando de uma ocorrência futura. O conceito de risco está associado à probabilidade de ocorrência esperada de um evento e o impacto das possíveis consequências. “Um evento ou condição incerta que, se ocorrer, provocará um efeito positivo ou negativo nos objetivos de um projeto.” (PMBOK, 2004, p. 238). A Gestão de Riscos será abordada dentro do Capítulo 5 - A Gestão de um Projeto. Suposições importantes (premissas) São as condições externas que fogem ao controle direto do projeto e que são necessárias ao alcance dos resultados pretendidos. São aspectos considerados como balizadores da concepção e do planejamento do projeto. Estes condicionantes normalmente estão fora do alcance (autoridade/responsabilidade) da equipe do projeto, e pelos quais ela não tem a mínima gerência ou domínio. É muito importante identificar tais condicionantes e mencioná-los claramente em documento apropriado (RESUMO DO PROJETO ou PROJECT CHART - vide mais adiante no Capitulo 2 - Elaboração de um Projeto). É uma segurança da equipe do projeto caso algum destes condicionantes venha a prejudicar o projeto durante sua execução. 45 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) Se um fato é certo de ocorrer ele representará um risco para o projeto? Por quê? Ligue corretamente os campos da tabela abaixo: a- Sim X Tem um grau de incerteza para ocorrer (probabilidade) b- Não Y É certo de ocorrer. Já é fato que vamos ter que enfrentá-lo 1.9 Mapa das Ferramentas Aplicáveis à Gestão de Projetos A seguir é apresentado um Guia Básico de Aplicação das Ferramentas em Gerência de Projetos que serão abordadas neste caderno. Estas ferramentas serão referenciadas nos capítulos operacionais deste caderno e sua descrição detalhada e formulários (quando o caso) constarão de um arquivo digital a ser fornecido junto com este material. 46 Elaboração e Gerenciamento de Projetos Figura 7 – Guia Básico de Aplicação das Ferramentas de EGP Fonte: Os autores. 47 Fundamentos em Gestão de Projetos Capítulo 1 Algumas Considerações Um bom gerenciamento de projetos não é nenhum “bicho de sete cabeças”. Ele está baseado numa série de fundamentos,
Compartilhar