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Prova 1 - Geohistória

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PROVA DE GEO-HISTÓRIA
ALUNO: ANGELO MEDEIROS AGUIRRE MARINS
MATRÍCULA: 120002131
1 -a) Apresente a distinção entre imaginação histórica e imaginação geográfica, segundo Wright Mills (1965) e David Harvey (1980).
R) A imaginação histórica de Mills apresenta a habilidade das pessoas em captar e compreender as informações do mundo e a partir dessa compreensão os indivíduos podem entender o cenário histórico mais amplo, seja para sua própria biografia ou para as inter-relações da sociedade. Em oposição a Mills, a imaginação geográfica de Harvey mostra a falta da articulação sobre o reconhecimento fundamental do espaço e do lugar na sua própria biografia. Nesse viés, Harvey salienta para a ‘’consciência espacial’’ que é o conhecimento do espaço visto que a forma como o espaço é encarado possui efeitos que mudam como os indivíduos e as organizações se relacionam e também como isso reflete no relacionamento entre os indivíduos da vizinhança, como por exemplo a linguagem utilizada. Dessa maneira, a forma como o espaço é encarado é percebida nas mudanças dos processos sociais.
1-b) Explique por que, de acordo com Yves Lacoste (1999), Fernand Braudel preteriu (deixou de lado) a palavra geopolítica em favor do neologismo geo-história.
R) De forma sintética Braudel deixou de lado a palavra geopolítica pois essa trazia a lembrança dos empreendimentos geopolíticos de Hitler e utiliza como substituto a palavra geo-história por mais que no sentido estrito das suas ideias sejam utilizadas problematizações geopolíticas, como questões geográficas e políticas. A partir disso, a geo-história abarca situações maiores que as geopolíticas e, com a substituição a geo-história tem amplitude e importância, principalmente quando tratado de temas como as civilizações, fluxos comercias ou monetários por possuir uma visão mais ampla das estruturas.
1-c) Explique a frase de Edward Soja (1993): “Vem emergindo uma teoria crítica mais flexível e equilibrada que reenlaça (estreita laços) a feitura(elabora) da história com a produção social do espaço”.
R) No contexto o olhar histórico e o tempo eram hegemônicos, apesar disso, a teoria crítica da pós modernidade tornaram a ótica mais flexível, isto é, valorizando também o espaço e estreitando os laços entre espaço e tempo, ou também a interação entre história e geografia, logo a formação da geo-história. Nessa perspectiva, o espaço não é mais algo parado, mas sim uma importante ferramenta, principalmente por estreitar os laços com o tempo e a vida social. Desse modo, a proximidade entre os laços fornece o diálogo e, consequentemente as mudanças na produção social do espaço, por exemplo com indivíduos mais conscientes do seu papel como cidadãos e que utilizam dessa aproximação para novas perspectivas do território urbano buscando menos desigualdade ou prezando pela valorização socioambiental.
2) Explique por que, segundo Yves Lacoste (1999), a obra de Fernand Braudel apresenta uma geograficidade maior do que a de Paul Vidal de La Blache, identificando rupturas entre as respectivas obras.
R) As ideias e obras mais conhecidas de Vidal de La Blache possuem uma visão mais voltada para os longos períodos então as suas análises estavam mais voltadas para o cenário rural, a ideia da cidade não era algo interessante para ele, além disso, La Blache se restringia a analisar somente pelo recorte da França. Em contraponto, Braudel valorizava muito a cidade, principalmente quando tratado do cenário do mediterrâneo, ademais Braudel não se limitava a tratar somente do mediterrâneo, ou seja, ele tratava o cenário do mundo ,tinha também um repertorio de análise mais amplo que La Blache, tratava também de questões como a politica e a guerra e , por último Braudel não concordava com a ideia de gênero de vida de La Blache, nesse viés, Braudel entendia que até os nômades em algum momento vão a cidade seja para vender ou trocar algo. Em síntese, para Ives Lacoste a geograficidade de Braudel é maior pois, esse possui mais repertório de problematização e também trata um cenário mais amplo. Continuamente também pela comparação feita se percebe as rupturas entre as ideias dos dois autores. Entretanto, vale ressaltar outro ponto analisado por Lacoste posteriormente em que é falado do último livro de La Blache denominado ‘A França do Leste’ este é para Lacoste a sua principal obra, aja visto que esse não possui a limitação de outras e principais obras de La Blache, ou seja, seu último livro continha não só as análises descritivas padrões de La Blache como também aprofundava por outras perspectivas, por exemplo, o processo de industrialização das cidades ou questões políticas. Nesse sentido, por mais que essa obra seja a obra vidaliana de menor prestigio de forma geral e menos lida, no entanto, essa é para Lacoste a obra prima dentre todos. Inclusive, Lacoste escreveu ‘’As concepções mais ou menos amplas da geograficidade. Um outro Vidal de La Blache’’ em que se propõe a repensar as suas convicções sobre La Blache após a leitura tardia da última obra de La Blache.
3) Explicite o que é a tripartição do tempo histórico proposta por Fernand Braudel, esclarecendo e justificando onde ele situa a geo-história dentre as durações identificadas.
R) A tripartição é a divisão da temporalidade, ou seja, a curta (eventos), média (conjunturas) e a longa (estruturas). De forma exemplificada a curta pode a grande depressão de 1929, a média o período colonial do Brasil e a longa os a geografia dos espaços físicos que demandam muito tempo para se alterar se forma significativa, portanto, cada uma se encaixa em um certo período de tempo e faz parte do ciclo de mudanças da sociedade. A partir do conhecimento dos termos, Braudel situa a geo-história na longa duração, isto é, um tempo mais lento que envolve o meio ambiente ou paisagens, em síntese, é a valorização dos espaços. A justificativa pode ser analisada pela crise em que à geografia e à história viviam sendo respectivamente uma crise descritiva e narrativa. Ademais, Braudel presava pelo diálogo entre ciências, nesse viés, o cenário de crise entre as duas ciências e pela inciativa de Braudel as duas ciências se integraram e, dessa forma, dentro da temporalidade da longa duração a geo-história busca na longa duração os efeitos históricos do espaço físico na sociedade. Em resumo, a justifica é que a geo-história se encaixa na longa duração, pois essa temporalidade foca nos espaços físicos e na mudança lenta, além disso, é a partir das problematizações dos espaços que a geo-história também busca compreender os efeitos do espaço na sociedade.
4) Explique a frase de François Dosse (1992): “É, portanto, na construção da geo-história que Fernand Braudel retomou a herança de Lucien Febvre para levá-la até seu paroxismo, ao naturalizar a história pela retomada dos axiomas de Vidal de La Blache”.
R) Na construção da geo-história Braudel foi um paradigma e foi revolucionário para o meio cientifico. Também define a geo-história como o estudo das repetições de forma parecida a La Blache com a geografia das permanências. Aliás, a chave de Braudel e La Blache é o espaço e como coadjuvante para Braudel a temporalidade em relação aos espaços. O foco de Braudel pelo espaço vem também pela herança de Febvre que escreveu o livro A terra e a evolução humana, que tem como ponto a analise do espaço que serviu como base para reflexões e estudos para Braudel.

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