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Alegações finais

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª CRIMINAL DA COMARCA DE 
GOIÂNIA - ESTADO DE GOIÁS. 
Autos Judiciais n°: 153372-73.2018.8.09.0175 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MM. Juiz, 
 
GUILHERME FELLYPE SANTANA DOS SANTOS, já devidamente 
qualificado nos autos do processo em epígrafe, por meio de seu advogado, Matheus Hummel 
Margon, inscrito na OAB/GO sob nº 53.883, com escritório profissional na Av. Eng. Eurico Viana, n° 
553, Ed. Concept Office, 14º andar, Alto da Glória, nesta Capital, vem, respeitosamente à presença 
de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 403, §3º do Código de Processo Penal, apresentar: 
 
ALEGAÇÕES FINAIS EM FORMA DE MEMORIAIS 
 
Pelas motivações fáticas e jurídicas a seguir expostas: 
 
1 – RELATÓRIO 
GUILHERME FELLYPE SANTANA DOS SANTOS, devidamente 
qualificado nos autos n° 0153372-73.2018.8.09.0175, foi denunciado pela prática do delito previsto 
no artigo 33, caput, da Lei Nº 11.343/2006, em tese, aos 24 de novembro de 2018, por volta das 
22:00hrs, na Rua Espírito Santo, Qd. 57, Lt. 11, Setor Urias Magalhães, nesta capital. 
 
 
A exordial acusatória narra, em suma, que “no dia dos fatos, o 
acusado guardava e mantinha em depósito, para difusão ilícita, uma porção de cannabis sativa, sem 
autorização e em desacordo com autorização legal ou regulamentar. Consta da denúncia que, neste 
mesmo dia, o acusado ofereceu para consumo uma porção da citada droga para o adolescente 
Leandro da Silva Amorim (nascido em 04/06/2002), pela quantia em dinheiro de R$ 20,00 (vinte 
reais), contudo, a Polícia Militar realizava patrulhamento na Praça dos Violeiros, no Setor Urias 
Magalhães, quando os militares avistaram o nominado adolescente e resolveram abordá-lo em 
atividade de rotina. No decorrer da intervenção, os militares apreenderam uma porção da droga 
fragmentada (com peso de 5,280g – vide laudo de constatação RG nº 56655/2018 – fls. 38/37, 
evento 3), localizada no bolso da bermuda do adolescente, e souberam que o acusado GUILHERME 
havia oferecido aquela droga para Leandro. Diante daquela confidência, os militares diligenciaram, 
localizaram e apreenderam na 1 residência do acusado (Rua Espírito Santo, Qd. 57, Lt. 11, Setor 
Urias Magalhães, nesta capital), escondidos dentro de um sofá da sala, uma balança de precisão e 
uma porção maior de maconha (massa bruta total de 400g), entorpecente este que ele guardava e 
mantinha em depósito, para venda no varejo, sem autorização e em desacordo com autorização 
legal ou regulamentar.” 
Citado para apresentar sua defesa, o denunciado apresentou sua 
resposta à acusação via defensor público, conforme fls. nº 87/88 dos autos físicos. 
Por entender que os devidos requisitos legais foram 
satisfatoriamente preenchidos, o MM. Juiz recebeu a denúncia no dia 01/04/2019 (fls. 89 dos autos 
físicos); 
Diante dos fatos, por entender não se tratar de absolvição sumária, 
o MM. Juiz designou a audiência de instrução e julgamento. 
Na ocasião da audiência de instrução e julgamento, se fizeram 
presentes as testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa (movimentação nº 83) 
Por fim, a Ilmo. Promotor de Justiça apresentou memoriais 
pleiteando a condenação do acusado, conforme mov. nº 87. 
Neste cenário, a defesa foi intimada para a apresentação de suas 
alegações finais em forma de memoriais. 
 É o relatório. 
 
 
 
2 – DO MÉRITO 
 
2.1) DA INEXISTÊNCIA DE PROVAS DA VERSÃO ACUSATÓRIA EM RELAÇÃO AO CRIME 
DESCRITO NO ART. 33 DA LEI DE DROGAS. 
 
Excelência, sempre partindo do estado de inocência (art. 5º da CF) 
e da atribuição do onus probandi ao autor da ação penal (art. 156, caput, CPP), cabe verificar 
se o órgão acusador produziu provas que corroborem a tese de que o ora defendente era 
responsável pela mercancia de drogas. 
Conforme informações dos autos, percebe-se a ausência de 
qualquer prova que o denunciado tinha a intenção de vender a droga apreendida no local do 
crime. Em seu interrogatório, o denunciado é categórico ao afirmar que é apenas usuário 
habitual e jamais se envolveu na mercancia de qualquer entorpecente. 
Não há nos depoimentos dos militares – ressalvados o achismo e 
futurologia – e de todos os outros, presença ou sequer indícios de mercancia da droga. É 
dizer: inexiste as figuras típicas previstas no art. 33, da Lei 11.343/06. 
Segundo o Promotor de Justiça, “O delito consumou-se, 
porquanto restou evidenciado que o acusado GUILHERME tinha em depósito e guardava 
uma quantidade significativa de substâncias entorpecentes, para fins de difusão ilícita.” 
Acontece que nos testemunhos, os militares deixam claro a falta de 
provas da mercancia. Ora, é imperiosa, nesta ETAPA FINAL, ao menos, a demonstração, ainda 
que mínima, da intenção do agente em comercializar o entorpecente. 
Ora, tais fatos demonstram que não há nenhuma circunstância que 
evidencie que ele é traficante de drogas. Nesse sentido, também é o entendimento do Tribunal 
de Justiça goiano: 
APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. 
ABSOLVIÇÃO. REVISÃO DA PENA. TESE 
PREJUDICADA. 1- Não comprovada à destinação 
mercantil da droga apreendida, e havendo dúvidas 
quanto à propriedade desta, imperiosa a 
absolvição, com base no princípio do in dubio pro 
reo, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código 
de Processo Penal. 2- Recurso conhecido e provido. 
 
 
 (TJ-GO - APR: 02358338420158090118, Relator: DES. J. 
PAGANUCCI JR., Data de Julgamento: 16/10/2018, 1A 
CAMARA CRIMINAL, Data de Publicação: DJ 2644 de 
10/12/2018) 
O nosso sistema penal não se baseia em probabilidades, 
conjecturas, notadamente no momento mais crucial do processo, que é o do julgamento. 
Condenação há que se firmar em provas robustas, fortes, produzidas em juízo, a determinar 
com clareza os fatos ocorridos, sua autoria e materialidade. 
Isto posto, é imprescindível a menção de que, para vingar um juízo 
de censura na esfera penal, é indispensável que a autoria e a culpabilidade resultem 
incontroversas. A dúvida, ainda que ínfima, autoriza a absolvição do réu, com base no princípio 
do in dubio pro reo, como ensinam alguns doutrinadores: 
‘A prova para a condenação deve ser robusta e estreme de 
dúvidas, visto o Direito Penal não operar com conjecturas” (TACrimSP, ap. 
205.507, Rel. GOULART SOBRINHO). 
“O Direito Penal não opera com conjecturas ou probabilidades. 
Sem certeza total e plena da autoria e da culpabilidade, não pode o Juiz 
criminal proferir condenação.” (Ap. 162.055. TACrimSP, Rel. GOULART 
SOBRINHO). 
“Sentença absolutória. Para a condenação do réu a prova há de 
ser plena e convincente, ao passo que para a absolvição basta a dúvida, 
consagrando-se o princípio do in dubio pro reo, contido no art. 386, VI, do 
CPP.” (JUTACRIM, 72:26, Rel. ÁLVARO CURY). 
Pela eventualidade, Excelência, no mínimo é preciso considerar que 
a acusação apresentou evidências frágeis de autoria delitiva, que apenas ganham sentido para 
atribuir culpa ao defendente com a complementação de inconstitucionais presunções 
incriminadoras, como exaustivamente e analiticamente demonstrado. 
Nesse sentido, em termos do Ministro Dias Toffoli, diante da 
fragilidade da prova de efetivo envolvimento do acusado no crime em questão, é o caso de 
incidência dos brocardos “in dubio pro reo” e “favor rei”, somente restando proclamar a 
improcedência da pretensão ministerial. (STF, AP 678/MA) 
Deste modo, o acusado deve ser ABSOLVIDO, com fundamento no 
art. 386, inciso V do Código de Processo Penal, por não haver qualquer prova de que 
GUILHERME, tenha concorrido para o tráfico de drogas. 
 
 
Se este não for o entendimento, que seja ABSOLVIDO nos termos 
do art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, devida inexistência de provas suficientes 
que ensejem sua condenação pela figura do art. 33, caput, da Lei 11.343/06. 
 
2.2) DA DESCLASSIFICAÇÃO PARA USUÁRIO 
 
No interrogatório, o acusado é claro em dizer que a droga se daria 
para consumo próprio, sendo-ousuário. Com essa narrativa, a acusação, a bem da verdade, 
tenta que não se caracterize o crime previsto artigo 28 da Lei de Drogas, que possui o mesmo 
verbo: 
“ART. 28. quem adquirir, guardar, tiver em depósito, 
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, 
drogas sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar” (...). 
 
Numa simples análise do art. 28 e do art. 33 da lei nº 11.343/06 é 
notório que a vontade do agente e a destinação para uso pessoal do denunciado, o simples 
indício de materialidade do crime de tráfico de drogas não é argumento suficiente para a 
condenação pelo delito do art. 33 da referida lei. Para iniciar a ação penal bastam indícios, mas, 
para condenar é necessário prova. 
Conforme se observa do exposto, resta por comprovada a situação 
do denunciado como usuário de drogas, conduta elencada no art. 28 da Lei de Drogas, e não a 
de traficante, conforme aduzido na denúncia. Não há prova nos autos que, de acordo com a 
análise dos depoimentos, do local do fato, das condições em que se desenvolveu a ação, das 
circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta e os antecedentes do réu, cheguem à 
certeza plena de que a prática do fato era realmente tráfico de drogas, razão que demonstra 
caso típico de desclassificação. 
Do exposto, caso Vossa Excelência não vislumbre a ideia da 
absolvição, requer que seja desclassificada a conduta prevista na denúncia para a conduta 
prevista no art. 28, da lei 11.343/06. 
 
3 – DOS PEDIDOS 
 
 
Por todo o exposto, requer: 
A) O acolhimento da tese elencada, ressaltando a necessária 
absolvição do acusado do crime tipificado no artigo 33 da Lei 
11.363/06, com fundamento no art. 386, inciso V do Código de 
Processo Penal, por não haver qualquer prova de que 
GUILHERME tenha concorrido para o tráfico de drogas. 
 
B) Caso Vossa Excelência não entenda pelo pleito anterior, pugna a 
defesa para que GUILHERME seja absolvido nos termos do 
art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, devida 
inexistência de provas suficientes que ensejem sua condenação 
pela figura do art. 33, caput, da Lei 11.343/06. 
 
C) Do exposto, caso Vossa Excelência não vislumbre a ideia da 
absolvição, requer que seja desclassificada a conduta prevista na 
denúncia para a conduta prevista no art. 28, da lei 11.343/06. 
 
D) Ainda, pugna, no caso de uma eventual e não esperada 
condenação, pela concessão de todas as benesses, causas de 
diminuição de pena e circunstâncias favoráveis ao acusado 
expostas nos presentes memoriais. 
 
 
 Nesses Termos, Pede Deferimento. 
 
Goiânia, dia 05 de dezembro de 2021 
 
 
 
__________________________________ 
Matheus Hummel Margon 
OAB/GO 53.883

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