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CASOS CLÍNICOS MEDICINA INTERNA 1.6 Tatiana Rodrigues 01 Afro-americano de 25 anos é internado com diagnóstico de crise de falcização. Ele foi hospitalizado seis vezes no último ano com o mesmo diagnóstico, sendo que a última alta ocorreu há dois meses. Novamente foi à emergência com queixa de dor no abdome e nas pernas, locais habituais de sua dor. Ao ser examinado, ele está febril, com 38,3°C, sua frequência respiratória é de 25 mpm e sua pressão arterial está normal, com leve taquicardia de 100 bpm. O exame dos pulmões mostra som pulmonar claro e egofonia na base direita. A saturação de oxigênio é de 92%, com oxigênio a 2 L/min através de cânula nasal. Além da dor habitual no abdome e nas pernas, ele agora sente dor torácica que piora com a inspiração. Qual é o diagnóstico mais provável? Qual deve ser o próximo passo? Quais são as complicações potenciais dessa doença? Embora a palpação seja dolorosa nas pernas, o restante do exame físico é normal. Os exames laboratoriais mostram aumento na contagem de leucócitos e reticulócitos, além de hemoglobina e hematócrito levemente abaixo do limite normal inferior. Eritrócitos falciformes e em alvo são vistos no esfregaço de sangue periférico. Diagnóstico mais provável: Síndrome torácica aguda. Próximos passos: Raio X de tórax e tratamento antibiótico empírico. Complicações: Insuficiência respiratória, possivelmente morte. Resumo: Afro-americano de 25 anos com história de numerosas crises dolorosas é internado por causa de dor no abdome e nas pernas. Está febril, com 38,8°C, tem frequência respiratória de 25 mpm e leve taquicardia de 100 bpm. O exame dos pulmões mostra som pulmonar claro e egofonia na base direita. A saturação de oxigênio é de 92% com oxigênio a 2 L/min através de cânula nasal. Queixa-se de dor torácica que piora com a inspiração. Tem contagens altas de leucócitos e reticulócitos, com hemoglobina e hematócrito levemente abaixo do limite normal inferior. Eritrócitos falciformes e em alvo são vistos no esfregaço de sangue periférico. RESPOSTA PARA O CASO 01 CONSIDERAÇÕES O paciente deste caso, um homem de 25 anos com anemia falciforme comprovada e história de numerosas crises dolorosas, é admitido com dor abdominal e dor bilateral na perna. Ele também apresenta dor torácica de aparecimento agudo, tosse, febre e achados anormais à ausculta pulmonar. Sua saturação de oxigênio, que está em 92% ao ar ambiente, é preocupante e deve ser acompanhada com determinação da concentração de gases no sangue arterial. Embolia pulmonar, pneumonia e síndrome torácica aguda devem ser consideradas como possíveis diagnósticos. A síndrome torácica aguda consiste numa constelação de sintomas, incluindo dor torácica e taquipneia. Pode ter causas infecciosas e não infecciosas (p. ex., infarto pulmonar). Manifesta-se normalmente como uma combinação de dor torácica, febre, hipoxia e presença de um novo infiltrado pulmonar na radiografia do tórax. Muitas vezes, inicialmente é impossível distinguir entre síndrome torácica aguda e pneumonia. Por esse motivo, é prudente tratar esses pacientes com antibióticos, obter uma coloração de Gram e uma cultura de escarro e encaminhar para internação. O tratamento da síndrome torácica aguda é suportivo e inclui a administração de oxigênio, hidratação com líquido intravenoso e analgesia. Esses pacientes devem ser avaliados detalhadamente devido à possibilidade de morbidade e mortalidade significativas. 02 Estudante universitário de 20 anos é seu próximo paciente na emergência. Quando você entra na sala, ele está deitado de lado na mesa de exame, cobrindo os olhos com o braço. A luz da sala está apagada. Você olha a ficha de atendimento e nota que a enfermeira registrou temperatura de 39°C, pulso de 110 bpm e pressão arterial de 120/80 mmHg. Quando você pergunta como ele se sente, ele diz que nos últimos três dias tem febre, dor pelo corpo e cefaleia com piora progressiva. A luz fere seus olhos; ele está nauseado, mas não vomitou. Tem alguma rinorreia, mas não tem diarreia, tosse ou congestão nasal. Não teve contato com pessoas sabidamente doentes. Verifica-se no exame que não há exantema, mas suas pupilas são difíceis de ser avaliadas por causa da fotofobia. As orelhas e a orofaringe estão normais. Com que doença você está preocupado? Como confirmar o diagnóstico? Coração, pulmões e abdome estão normais. O exame neurológico não mostra sinais focais, mas a flexão do pescoço piora a cefaleia, e ele é incapaz de tocar o queixo no próprio tórax. Diagnóstico mais provável: Meningite. Próximo passo: Punção lombar para avaliação do líquido cerebrospinal (LCS), possivelmente precedida de tomografia computadorizada (TC) de crânio. Resumo: Estudante universitário de 20 anos está com febre, cefaleia, mialgia e náusea há três dias. Ele não tem sintomas respiratórios e gastrintestinais, mas apresenta fotofobia. Está febril, taquicárdico e normotenso. O exame físico é normal, e o neurológico não apresenta sinais focais, mas mostra alguma rigidez de nuca, sugerindo irritação meníngea. Não há lesões cutâneas, como poderiam ser vistas na meningococcemia. RESPOSTA PARA O CASO 02 CONSIDERAÇÕES Esse estudante universitário de 20 anos tem cefaleia, náusea, fotofobia, febre e dor com rigidez no pescoço – todos os sintomas sugestivos de meningite, que poderia ser bacteriana ou viral. Uma punção lombar imediata com análise do LCS é essencial para estabelecer o diagnóstico. Em um paciente sem sinais neurológicos focais e com nível normal de consciência, a TC pode ser desnecessária antes da punção lombar. Se ele tivesse exantema roxo-avermelhado, haveria suspeita de meningite por Neisseria, e antibióticos apropriados deveriam ser administrados imediatamente. Em casos de suspeita de infecção meningocócica, a administração de antibióticos não deve esperar a realização de qualquer exame diagnóstico, pois a evolução da doença é rápida, e a mortalidade e a morbidade são extremamente altas quando os antibióticos não são administrados de imediato. 03 Homem com 28 anos vai à emergência queixando-se de ter febre com calafrios e tremores há seis dias. Nos últimos dois dias também teve tosse produtiva com escarro esverdeado, e às vezes também com raias de sangue. Não refere dispneia, mas algumas vezes apresenta dor torácica à inspiração profunda. Não apresenta cefaleia, dor abdominal, sintomas urinários, vômitos ou diarreia, nem história médica significativa. O paciente fuma cigarro e maconha regularmente, bebe várias cervejas por dia, mas nega uso de drogas intravenosas. Ao exame, a temperatura é de 39,1°C, a frequência cardíaca é de 109 bpm, a pressão arterial é de 128/76 mmHg, e a frequência respiratória é de 23 mpm. Está alerta e falante. Não possui lesões orais, e o fundo de olho é normal. As veias jugulares mostram ondas V proeminentes, e está taquicárdico, porém com ritmo regular e com sopro holossistólico rude na borda esternal esquerda baixa, que aumenta com a inspiração. O Qual é o diagnóstico mais provável? Qual deve ser o próximo passo? exame do tórax revela estertores inspiratórios bilateralmente. Em ambos os antebraços, há linhas de induração e de hiperpigmentação e alguns nódulos pequenos sobre as veias superficiais, mas sem eritema, calor ou dor. Os exames laboratoriais mostram contagem de leucócitos em 17.500/mm3, com 84% de leucócitos polimorfonucleares (PMNs), 7% de bastonetes, 9% de linfócitos, concentração de hemoglobina de 14 g/dL, hematócrito de 42% e contagem de plaquetas de 189.000/mm3. As provas de função hepática e o exame de urina estão normais. O raio X de tórax mostra múltiplos nódulos periféricos maldefinidos, alguns com cavitação. Diagnóstico mais provável: Endocardite infecciosa envolvendo a válvula tricúspide e provável embolia pulmonar séptica. Próximo passo mais apropriado: Obter hemoculturas seriadas e instituir o tratamento com antibioticoterapia empírica de amplo espectro. Resumo: Homem de 28 anos queixa-se de calafrios, tremores e febre. Também tem tosse produtiva e nega uso dedrogas intravenosas. Sua temperatura é de 39,1°C, a frequência cardíaca é de 109 bpm, e há um sopro holossistólico, na borda inferior esquerda do esterno, que aumenta com a inspiração. Ele tem linhas de induração em ambos os antebraços, e o raio X de tórax mostra múltiplos nódulos mal definidos. RESPOSTA PARA O CASO 03 CONSIDERAÇÕES Embora esse paciente tenha negado uso de drogas parenterais, as marcas nos antebraços são muito suspeitas de abuso de drogas intravenosas. Ele apresenta febre e sopro típico de insuficiência tricúspide, e o raio X de tórax é sugestivo de embolia pulmonar séptica. Hemoculturas seriadas, preferencialmente obtidas antes do início dos antibióticos, são essenciais para o estabelecimento do diagnóstico de endocardite infecciosa. A rapidez do início dos antibióticos depende do quadro clínico: um paciente séptico e criticamente enfermo necessita de antibióticos imediatamente; já um paciente com quadro subagudo pode esperar muitas horas enquanto as culturas são obtidas. 04 Homem de 62 anos é levado à consulta com história de perda espontânea de 6 kg em três meses. Seu apetite diminuiu, mas ele não relata vômito ou diarreia. Ele adverte que tem alguns sintomas depressivos desde a morte da sua esposa há 1 ano, quando mudou-se de Hong Kong para os Estados Unidos para viver com sua filha. Nega tabagismo. Queixa-se de tosse produtiva com escarro esverdeado há três meses. Não toma medicamentos regularmente. Ao exame, a temperatura é de 38°C, e a frequência respiratória é de 16 mpm. A glândula tireoide está normal e não há linfadenopatia cervical ou supraclavicular. O pulmão apresenta estertores esparsos nos campos médios e sibilos expiratórios fracos à direita. O ritmo cardíaco é regular e não apresenta sopros ou ritmo de galope. Qual é o diagnóstico mais provável? Qual deve ser o próximo passo? O exame abdominal é normal, o toque retal não mostra massas, e as fezes são negativas para sangue oculto. O raio X de tórax é mostrado na figura abaixo. Diagnóstico mais provável: Tuberculose (TB) pulmonar. Próximos passos: Encaminhá-lo para internação de modo que possam ser coletadas amostras seriadas de escarro para identificação do microrganismo, bem como para cultura e teste de sensibilidade, que guiarão o tratamento antimicrobiano. Resumo: Homem de 62 anos, que veio de Hong Kong, perdeu 6 kg de forma espontânea. Seu apetite diminuiu, mas nega vômito ou diarreia. Durante o exame, tem febre baixa, e há estertores esparsos nos campos médios à esquerda e fracos sibilos à direita. O raio X de tórax mostra lesão cavitária (lobo inferior esquerdo). RESPOSTA PARA O CASO 04 CONSIDERAÇÕES Esse senhor asiático idoso tem sintomas sugestivos de TB, como perda de peso e tosse produtiva. O raio X de tórax é essencial no estabelecimento do diagnóstico e, nesse caso, é altamente sugestivo de TB, mas muitas outras doenças podem causar lesões cavitárias pulmonares, incluindo outras infecções ou tumor maligno. Se as amostras de escarro não mostrarem bacilos álcool-ácido resistentes, outros exames, como a broncoscopia, podem ser necessários para excluir tumor maligno.
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