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Cirurgia Pediátrica

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Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
Cirurgia Pediátrica 
Definição: Especialidade médica responsável pelo 
tratamento cirúrgico de doenças congênitas ou 
adquiridas. Vai do período neonatal (24 semanas/500g) 
até o fim da puberdade (12 – 18 anos) 
Áreas de Atuação 
- Pré-natal 
- Neonatal (0-28 dias de vida) 
-Cirurgia pediátrica Geral (lactente até adolescência) 
- Urologia 
- Trauma 
- Videolaparoscopia 
Deformidades Crânio Faciais 
Fissuras Labiopalatinas 
- Conceitos e Embriologia 
É a anomalia craniofacial congênita mais frequente 
(1:650 nascidos vivos). A face humana é formada pelo 
crescimento e união de estruturas embrionárias que se 
formam a partir da quarta semana de vida intra-uterina. 
As fissuras são resultado da não coalescência de 
processos que podem ser devidos a desenvolvimento 
insuficiente ou assíncrono de um ou mais desses 
processos ou falha na desintegração da superfície 
epitelial, nas regiões de contato entre os processos. 
A falta de coalescência dos processos nasais mediais 
resultará em fissuras medianas. A não coalescência dos 
processos nasais mediais com os processos maxilares 
resulta na interrupção do crescimento do lábio superior 
e provoca as fissuras labiais. 
As fissuras palatais originam-se da falta de fusão do 
palato primário, também chamado de pré-maxila, 
originada do processo frontonasal e dos proceessos 
palatinos originados da face interna dos processos 
maxilares. 
- Etiologia 
As fissuras labiopalatais parecem ter, na maior parte 
das vezes, origem etiológica de causas multifatoriais, 
que consistem de vários fatores genéticos e ambientais, 
individualmente indistinguíveis. 
∘ Fatores genéticos 
As fissuras labiopalatinas parecem ter origem em uma 
base genética. Dos casos que se enquadram em 
modelos mendelianos, pelo menos 5% constituem 
síndromes causadas por mutações genéticas, sendo 
uma pequena porção causada por aberrações 
cromossômicas. 
∘ Fatores ambientais 
São os seguintes os principais fatores citados como 
possuídos de efeito teratogênico: Doenças maternas 
(epilepsia, rubéola, toxoplasmose, varíola, além do 
estresse emocional), radiação, tabagismo, alcoolismo, 
drogas (anticonvulsivantes e benzodiazepínicos), 
deficiências nutricionais. 
- Incidência 
A raça amarela parece ter a maior incidência 
comparada às demais. De uma maneira geral, observa-
se ainda que, aproximadamente, 60% das fissuras 
ocorrem no sexo masculino. 
As fissuras palatinais tem maior prevalência no sexo 
feminino, enquanto que as fissuras labiais ocorrem mais 
frequentemente no sexo masculino. As fissuras 
unilaterais acometem preferencialmente o lado 
esquerdo, numa proporção de 2:1. 
- Malformações Associadas 
As fissuras labiopalatais fazem parte de um grande 
número de síndrome congênitas descritas e 
frequentemente são acompanhadas de outras 
malformações. As malformações do SNC e do sistema 
esquelético são as mais comuns, seguidas das 
malformações urinárias e cardiovasculares. 
- Classificação 
As classificações mais nítidas são baseadas no forame 
incisivo, pois respeitam a base anatômica e embrionária 
das fissuras. Entre as formas de identificar o tipo de 
fissura labiopalatina, a classificação de Spina permite 
localizar as estruturas morfológicas atingidas 
identificando os tecidos embrionários envolvidos nas 
suas origens. As fissuras labiopalatinas têm como 
acidente anatômico de referência o forame incisivo e 
podem ser classificadas em: 
1. Fissura pré-forame incisivo: 
- Unilateral (FPIU) 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
- Bilateral (FPIB) 
2. Fissura transforame incisivo: 
- Unilateral (FTIU) 
- Bilateral (FTIB) 
3. Fissura pós-forame incisivo (FPI) 
As fissuras pré e pós-forame podem apresentar-se de 
forma completa e incompleta (atingem apenas o lábio). 
Existem ainda, dentro da classificação das fissuras, as 
submucosas ocultas e as fissuras raras da face. 
 
 
- Tratamento 
O tratamento do paciente fissurado deve ser orientado, 
levando-se em conta o paciente como um todo, visando 
sempre à reabilitação global do doente, não só pela 
estética, mas também funcional, com especial atenção 
aos aspectos foniátricos, ortodônticos e psicológicos. 
∘ Cuidados Iniciais 
Na primeira consulta, que preferencialmente deve ser 
realizada antes dos 3 meses de idade, o paciente 
portador de fissura deve ser examinado para 
eventualmente identificar-se outras mal formações, 
doenças concomitantes, desvios nutricionais e atrasos 
no desenvolvimento neuromotor. 
As fissuras desacompanhadas de outras malformações 
geralmente não impedem a amamentação e o seio 
materno pode ser mantido. Nos casos de substituição 
do leite, bicos ortodônticos podem facilitar a 
amamentação. 
Devem ser feito tratamento complementar com 
ortodontia e fonoaudiologia. 
∘ Época de intervenção 
De uma maneira geral, busca-se o fechamento precoce 
da fissura, visando-se ao fechamento do lábio até 1 ano 
de vida, e o do palato antes de 2 anos. É também 
importante que o palato esteja íntegro e reabilitado 
funcionalmente, antes da idade de aprendizado da fala, 
evitando-se a assumpção de vícios de fonética. Como 
regra geral, para os casos encaminhados 
precocemente, temos indicado o fechamento labial 
com 3 meses de vida e o fechamento cirúrgico do palato 
anterior (ósseo) aos 12 meses e a correção do palato 
posterior entre 18 e 24 meses. 
∘ Cirurgia 
São utilizadas preferencialmente as técnicas de Spina e 
de Millard, ficando as demais técnicas reservadas a 
casos especiais, com indicações específicas. 
A técnica de Spina e Ludovici consiste em adesão labial, 
a partir da criação de dois retalhos e o “arco de cupido”. 
A reconstrução labial é realizada em três planos 
distintos, seguida de plástica em Z, para evitar a 
retração cicatricial secundária. 
A técnica de Millard introduz o conceito de rotação e 
avanço da vertente fissurada sobre a vertente medial, 
proporcionando um adequado posicionamento da asa 
nasal, além de alongamento da vertente, oferecendo 
um resultado final bastante satisfatório. 
 
Cabeça e Pescoço 
Cisto Tireoglosso 
A glândula tireoide origina-se de um espessamento e 
evaginação do epitélio do assoalho da faringe primitiva 
(conduto tireoglosso). A persistência desse conduto 
após a oitava semana de vida intra-uterina pode 
originar cistos ou fístulas na linha média do pescoço, 
denominados cistos ou fístulas do conduto tireoglosso. 
O conduto tireoglosso se estende desde a base da 
língua, no nível do forame cego, até o istmo da glândula 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
tireóide, passando pelo osso hióide, com o qual 
estabelece íntima relação. Portanto, o cisto pode se 
localizar desde a base ela língua até a região tireoidiana, 
na linha média. Na maioria dos casos situa-se logo 
acima da cartilagem tireóide acompanha os 
movimentos da deglutição. Com frequência, pode ser 
sede de processos infecciosos com ruptura espontânea, 
saída ele secreção mucóicle purulenta e posterior 
formação de fístula. No diagnóstico diferencial, deve-se 
verificar a tireóide ectópica, que corresponde a um 
nódulo de consistência fibroelástica, na linha média, 
acima ela região da glândula tireóide. 
Nas crianças com cisto tireoglosso pode-se solicitar 
ultra-sonografia cervical para a verificação da presença 
da glândula tireóide normal. Em caso positivo, exclui-se 
o diagnóstico de tireóide ectópica. Outro exame é a 
cintilografia com iodo marcado com radioisótopo, cuja 
desvantagem é a eventual necessidade de anestesia 
geral, para que a criança permaneça imóvel durante sua 
realização. 
A fístula do conduto tireoglosso é representada por 
orifício na linha média, pelo qual ocorre drenagem de 
secreção mucóide purulenta. 
O tratamento do cisto ou fístula do conduto tireoglosso 
consiste na remoção cirúrgica, incluindo-sea porção 
mediana do osso hióide e todo o conduto até a base da 
língua, pelo perigo ele recidiva da afecção. 
 
Cistos e fístulas branquiais 
No embrião existem cinco arcos branquiais e, entre 
estes, quatro fendas responsáveis pela formação de 
várias estruturas na face e no pescoço. Os cistos e as 
fístulas laterais do pescoço em geral se derivam da 
segunda fenda branquial e localizam-se em uma linha 
que corresponde à borda anterior do músculo 
esternocleidomastóideo. Os cistos se apresentam como 
tumores de consistência elástica bem delimitados, 
móveis. As fístulas se exteriorizam como pequenos 
orifícios pelos quais ocorre drenagem de secreção 
mucóide ou purulenta. O tratamento consiste na 
remoção cirúrgica do cisto e de todo trajeto fistuloso 
até a base da hipofaringe. 
Cistos dermóides 
O cisto dermoide é uma alteração de desenvolvimento 
relativamente rara na região de cabeça e pescoço. 
Quando na boca, sua localização mais frequente é o 
assoalho bucal. Há ligeira predileção pelo gênero 
masculino e a maioria das lesões ocorre entre a segunda 
e terceira décadas de vida. As lesões congênitas e as 
originárias em crianças são extremamente raras. 
Apresenta-se comumente como uma tumefação 
flutuante na porção anterior do assoalho de boca, com 
crescimento lento, progressivo e indolor, podendo 
variar o tamanho. 
O tratamento dos cistos dermoides de soalho bucal é 
cirúrgico, através da enucleação. Até o momento, há 
poucos casos de transformação maligna e nenhuma 
recidiva relatada. 
Linfangiomas / Hemangiomas 
Os linfangiomas constituem os principais tumores 
congênitos cervicais na criança. Podem ocorrer em 
qualquer região do organismo onde existem vasos 
linfáticos, mas em três quartos dos casos localizam-se 
na região cervicofacial, na qual a circulação linfática é 
mais rica. Originam-se do desenvolvimento anômalo de 
vasos linfáticos periféricos ou da falha no sistema de 
drenagem dos sacos linfáticos em direção ao sistema 
venoso. 
Classicamente são divididos em quatro tipos de 
tumores: 
1. Linfangioma capilar: apresenta-se como lesão 
cutânea ou mucosa superficial (linfangioma capilar 
simples) ou ligeiramente mais profunda, atingindo 
o subcutâneo (lifangioma capilar circunscrito). São 
formados por pequenas pápulas ou vesículas com 
aspecto semelhante a verrugas e podem ser 
simples ou múltiplos. O primeiro tipo acomete 
principalmente a cavidade oral, língua e genitais, 
enquanto a segunda forma ocorre mais 
frequentemente na face, no tórax e nas 
extremidades. Os problemas decorrentes desses 
tumores são dores, infecção, sangramento, 
secreção local e alterações estéticas. O tratamento 
é baseado em ressecção cirúrgica ou cauterização 
com bisturi elétrico ou laser. 
2. Linfangioma cavernoso: é caracterizado pela 
dilatação dos canais linfáticos superficiais e 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
profundos, com presença de células musculares 
lisas em suas paredes. Pode existir em qualquer 
região do organismo onde a circulação linfática 
esteja presente, inclusive pele e mucosas, porém 
frequentemente invade os planos profundos. 
Acomete a língua, a face, o tórax, as extremidades 
e o retroperitônio. Em geral causa problemas 
funcionais, estéticos e, em alguns casos, ocorre 
formação de fístula linfática. Traumatismos locais e 
infecção podem causar aumento rápido do volume 
do tumor. Outra complicação, a hemorragia 
intratumoral, produz também aumento de volume 
do tumor e alterações na cor, provocando confusão 
diagnóstica com hemangioma. Nos tumores de 
maiores proporções é possível haver dificuldade de 
drenagem linfática e linfedema. O acometimento 
lingual produz macroglossia e nos casos mais graves 
pode haver insuficiência respiratória. 
A regressão espontânea de linfangiomas 
cavernosos pode ocorrer, motivo pelo qual em 
casos assintomáticos pode-se adotar a conduta 
expectante. No entanto, na maioria dos casos deve-
se indicar remoção cirúrgica, o que algumas vezes é 
impossível dado o caráter invasivo do tumor. 
Traqueostomia pode ser indicada nos casos de 
insuficiência respiratória em decorrência de 
macroglossia. 
 
3. Linfangioma cístico (higroma cístico): é o tipo de 
linfangioma mais importante, constituído por 
grandes cistos com conteúdo linfático, cujo 
tamanho significativamente maior os diferencia dos 
linfangiomas capilar e cavernoso. O termo higroma 
deriva do grego higros (água) dada a consistência 
do tumor, caracteristicamente mole. Os cistos são 
revestidos internamente por células endoteliais e 
entre eles existem septos formados por tecido 
fibroso e células musculares lisas. A incidência é de 
1:12.000 nascimentos e em mais da metade dos 
casos o tumor é diagnosticado no período neonatal. 
A consistência é característica, com delimitação pouco 
nítida, podendo existir áreas endurecidas 
correspondentes a zonas de fibrose ou gânglios 
linfáticos. Habitualmente ocorre invasão de planos 
profundos. Em recém-nascidos o tumor pode ser 
desproporcionalmente grande e causar distócia 
(qualquer perturbação no bom andamento do parto). 
Nos grandes higromas cervicais pode haver invasão do 
mediastino ou do assoalho da boca com acometimento 
associado da língua, hipofaringe e laringe, que 
eventualmente causa obstrução das vias aéreas 
superiores. A invasão mediastinal pode ser responsável 
por compressão respiratória ou vascular. O 
acometimento lingual em geral é difuso e acentuado, 
com presença de inúmeras vesículas com 1 a 2 mm de 
diâmetro, visíveis em toda superfície mucosa. A 
macroglossia piora a dificuldade respiratória e impede 
o fechamento da boca. O acometimento associado de 
linfangioma na hipofaringe ou laringe aumenta a 
gravidade do caso, dada a possibilidade de ocorrer 
obstrução respiratória. Nos higromas que atingem a 
região supraclavicular pode haver extensão até a região 
axilar correspondente. 
O crescimento dos higromas pode ser proporcional ao 
desenvolvimento normal da criança, porém o aumento 
exagerado de volume pode ocorrer por crescimento 
propriamente dito, infecção ou sangramento interno. A 
infecção do tumor é causada pelas bactérias existentes 
na superfície da pele e nas vias aéreas superiores, em 
geral do grupo dos estafilococos. 
A suspeita diagnóstica dos higromas cervicofaciais pode 
ser feita no período antenatal, através da ultra-
sonografia materna no último trimestre da gravidez. A 
confirmação do diagnóstico, no entanto, é feita pelo 
exame clínico após o nascimento. Nos casos em que não 
se consegue palpar o limite inferior da massa, 
radiografia simples de tórax ou TC são exames úteis 
para investigar invasão mediastinal. 
4. Linfangio-hemangiomas: quando há concomitante 
proliferação de vasos sanguíneos, os tumores 
apresentam-se com coloração mais avermelhada e 
presença de teleangiectasias em sua superfície. 
O tratamento para qualquer tipo de higroma é 
ressecção completa, em qualquer idade. Em alguns 
casos a remoção completa é impossível em um só 
tempo, dado o volume do tumor. Nos higromas que 
envolvem o nervo facial, a cirurgia deve ser feita após 6 
meses de idade, quando a dissecção dos ramos 
nervosos se torna tecnicamente menos dificultosa. 
Em razão da grande dificuldade no tratamento de 
alguns higromas muito infiltrativos, métodos 
alternativos têm sido descritos, com algum sucesso. 
1 º A punção esvaziadora dos cistos é seguida de injeção 
de substâncias esclerosantes, como o quimioterápico 
bleomicina e a substância OK-432. Esta última é um 
potente imunoestimulante utilizado no tratamento de 
neoplasias malignas, produzido a partir da incubação do 
Streptococcus pyogenes de origem humana com 
penicilina G potássica. 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
Hemangiomas são tumores benignos de vasos 
sanguíneos que se localizam na região cervicofacial e 
em outras partes do organismo.Nas primeiras semanas, 
são habitualmente pequenos, pouco perceptíveis, 
crescendo rapidamente nos primeiros meses de vida e 
em torno do segundo ano começam a sofrer regressão 
espontânea, até o sexto ano de vida, quando pratica 
mente desaparecem. Durante o processo de involução 
podem surgir ulcerações e sangramentos, que devem 
ser tratados com cuidados locais. Os hemangiomas 
localizados em torno de orifícios (ânus, vulva) podem 
sangrar com facilidade tornando-se necessária a 
remoção cirúrgica mais precoce. 
O tratamento deve ser conservador, desde que a 
regressão espontânea habitualmente ocorra. Em 
crianças com grandes hemangiomas, como medida 
terapêutica auxiliar pode-se administrar prednisolona 
(2 a 4 mg por dia por até 6 meses) ou interferon. 
Terapêuticas agressivas cirúrgicas e arteriografias 
constituem medidas pouco eficazes e arriscadas. 
Embolizações devem ser indicadas apenas em casos 
selecionados, de grandes repercussões funcionais, 
como hemangiomas retro-orbitários em que há risco de 
perda da visão. 
Finalmente vale lembrar que nos grandes hemangiomas 
pode haver consumo local de plaqueta, plaquetopenia 
e distúrbios hemorrágicos (síndrome de Kassa - bach-
Merritt). 
Tórax 
Atresia de Esôfago 
A atresia de esôfago é a malformação mais frequente e 
mais conhecida do aparelho digestivo do recém-
nascido. É considerada patologia-padrão cujos 
resultados de tratamento são considerados como 
parâmetros de aferição da qualidade dos serviços de 
cirurgia pediátrica. 
Anatomicamente apresenta-se sob as seguintes formas 
mais comuns: com fístula distal, sem fístula, fístula em 
H sem atresia e dupla fístula proximal e distal. 
 
O diagnóstico antenatal é suspeitado na presença de 
poli-hidrâmnio materno e pode até ser visualizada ao 
ultrassom. 
Deve ser idealmente diagnosticada na sala de parto, 
durante a reanimação, pela parada de progressão da 
sonda nasogástrica, prescindindo de exames 
contrastados. Em casos duvidosos realizar RX com 
mínima quantidade de contraste hidrossolúvel. O uso 
de contraste em quantidade maior é altamente 
prejudicial, pois habitualmente ocorre aspiração do 
contraste para a árvore brônquica. 
A atresia do esôfago não é uma emergência cirúrgica, 
devendo ser operada quando o recém-nascido estiver 
em boas condições, principalmente respiratórias, pois é 
frequente a aspiração de saliva e suco gástrico para o 
lobo superior direito com consequente pneumonia 
química. Enquanto aguarda a cirurgia o neonato deve 
permanecer na unidade de terapia intensiva neonatal, 
em incubadora, de bruços, decúbito elevado, com 
sonda oroesofagiana com aspiração contínua, em 
nutrição parenteral, com antibióticos e realizando 
fisioterapia pulmonar. 
São frequentes as malformações associadas que, junto 
com a prematuridade eventual e pneumonia, são 
responsáveis pela morbidade e mortalidade associadas. 
As anomalias mais frequentes são: ósseas, 
principalmente de coluna vertebral, geralmente no 
metâmero da atresia; cardíacas, atresia anorretal, 
atresia duodenal e mal formações urinárias. As mal 
formações podem estar associadas como na associação 
VACTERL (vertebral, anal, fístula traqueoesofágica, 
renal e extremidades). 
A prematuridade não é considerada contra-indicação 
absoluta para a cirurgia. 
As atresias com fístula são operadas no período 
neonatal, por toracotomia posterior extrapleural, sem 
secção dos músculos da parede. Aberta a cavidade 
torácica por via extrapleural, realiza-se a ligadura da 
veia ázigos, a individualização, ligadura e secção da 
fístula traqueoesofagiana distal e anastomose primária, 
esôfago-esofagiana término-terminal em plano único. 
Em aproximadamente 25% dos casos, não é possível 
realizar a anastomose pelo excesso de tensão, optando-
se pela realização de esofagostomia cervical esquerda, 
ressecção do esôfago distal e gastrostomia alimentar. 
Reconstrói-se o trânsito com cerca de um ano de idade 
mediante uma esofagogastro ou esofagocoloplastia. 
Dá-se preferência à esofagocoloplastia em crianças 
pequenas, deixando a esofagogastroplastia 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
(levantamento do estômago) para crianças maiores ou 
quando a esofagocoloplastia já foi anteriormente 
tentada, sem sucesso. 
Nas atresias sem fístula realiza-se uma gastrostomia 
alimentar e investiga-se radiologicamente a distância 
entre os cotos. Numa minoria, é possível a anastomose 
imediata ou após espera de semanas pois o coto 
esofagiano proximal habitualmente se alonga. O critério 
de operabilidade, ou melhor, de que será possível a 
anastomose primária, ocorrerá quando a distância 
entre os cotos for de, no máximo, dois corpos 
vertebrais. Quando a reconstrução não for possível, 
realiza-se esofagostomia e gastrostomia com a 
substituição esofágica, de preferência a 
esofagocoloplastia, postergada para em torno de um 
ano de idade. 
Em serviços de excelência os índices de sobrevida em 
pacientes com peso de nascimento acima de 2.500 
gramas, sem cardiopatia associada, devem atingir 
100%. 
Hérnia Diafragmática Congênita 
Apesar da detecção pré-natal precoce, a HDC continua 
sendo uma das condições mais desafiadoras tratadas 
pela cirurgia pediátrica. A HDC é uma causa 
relativamente comum de desconforto respiratório 
neonatal, com incidência geral de um em 2.000-5.000 
nascimentos vivos. A maioria (80%) das HDC ocorre no 
lado esquerdo; HDC bilateral é extremamente rara. Um 
saco herniário está presente em 20% dos casos. Apesar 
de estratégias inovadoras recentes de tratamento, 
como reparo fetal de hérnia ou oclusão traqueal, 
oxigenação por membrana extracorpórea, óxido nítrico 
inalado, ventilação líquida parcial e protocolo de 
manejo ventilatório por hipercapnia permissiva, as 
taxas gerais de sobrevida não mudaram 
significativamente e continuam na faixa de 70%-90%. 
Muitos bebês com HDC serem natimortos: muitos 
relatórios tendem a excluir bebês com anomalias 
complexas associadas dos cálculos de sobrevida. 
 
- Patogenia 
A causa específica de HDC é desconhecida, mas 
acredita-se que seja resultante de falha no fechamento 
do canal pleuroperitoneal no feto em desenvolvimento. 
Normalmente, as cavidades pleuroperitoneais se 
tornam separadas pelo diafragma em desenvolvimento 
entre a oitava e a décima semana de gestação. Quando 
esse processo falha, o fechamento do canal 
pleuroperitoneal é incompleto, resultando em defeito 
diafragmático posterolateral. As HDC posterolaterais 
são conhecidas como hérnias de Bochdalek. São 
distinguidas das HDC anteromediais, conhecidas como 
hérnias de Morgagni. Como resultado do defeito, os 
conteúdos abdominais herniam através do defeito 
posterolateral e comprimem o pulmão ipsilateral em 
desenvolvimento. Esses pulmões possuem brônquios 
menores, com menos ramificações bronquiais e menor 
área de superfície alveolar do que os pulmões em bebês 
normais. O pulmão ipsilateral é afetado mais 
gravemente, mas os pulmões de ambos os lados são 
afetados pela hipoplasia. Além do desenvolvimento 
anormal das vias aéreas, a vasculatura pulmonar 
também é significativamente afetada, mostrando 
aumento de espessura do músculo liso arteriolar: a 
vasculatura arteriolar se mostra extremamente sensível 
a vários fatores vasoativos sistêmicos e locais. Assim, o 
nível da gravidade da hipoplasia pulmonar e 
hipertensão pulmonar afetam significativamente a 
morbidade e mortalidade geral em bebês com HDC. 
- Apresentação Clínica 
A apresentação clínica mais frequente de HDC é o 
desconforto respiratório causado por hipoxemia 
severa. Os sintomas e sinais iniciais incluem respiração 
ruidosa (com “grunhido”), tiragem, dispneia e cianose, 
com abdome escafoide. Os ruídos pulmonares estão 
diminuídos, e pode ser ouvida peristalse no tórax. O 
diagnóstico de HDC é frequentemente realizado no 
estádio pré-natal, com até 15 semanas de gestação,pela ultrassonografia durante gestação até então 
tranquila. Bebês com diagnóstico tardio de HDC (após 
25 semanas de gestação) foram relatados como tendo 
melhor taxa de sobrevida geral. A herniação do 
estômago e fígado, juntamente com polidramnia, foi 
associada a resultados ruins. A presença de anomalias 
associadas também diminui significativamente a 
sobrevida geral. Com o diagnóstico pré-natal, o parto de 
um feto com HDC deve acontecer em instituição capaz 
de fornecer cuidado crítico neonatal avançado, 
incluindo suporte de oxigenação por membrana 
extracorporal (ECMO). 
- Diagnóstico 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
Ao nascimento, bebês com HDC demonstram sintomas 
de desconforto respiratório com aparência na 
radiografia torácica clássica de várias alças intestinais na 
cavidade torácica, juntamente com desvio mediastinal. 
Um tubo orogástrico aparece enrolado no tórax. Na 
hérnia de Morgagni, o diagnóstico é muitas vezes 
postergado até a infância, pois a maioria dos bebês é 
assintomática. Radiografias torácicas podem revelar 
nível hidroaéreo imediatamente retroesternal. 
Geralmente, o bebê fica bem durante várias horas após 
o parto, o chamado período de lua de mel, e depois 
começa a demonstrar piora na função respiratória. Em 
aproximadamente 10%-20% dos casos, a HDC é 
diagnosticada além das primeiras 24 horas de vida, 
quando os bebês apresentam vários sintomas de 
dificuldade de alimentação, desconforto respiratório e 
pneumonia. 
- Tratamento 
A cirurgia fetal aberta para HDC não mostra vantagem 
de sobrevida geral significativa. O manejo pós-natal de 
HDC é direcionado para a estabilização do estado 
cardiorrespiratório enquanto minimizando iatrogenias. 
Assegurar imediatamente as vias aéreas com a 
entubação endotraqueal é crítico. Ventilação com 
pressões médias excessivas de via aérea pode resultar 
em pneumotórax e comprometer o retorno do sangue 
venoso para o coração. Um tubo orogástrico é inserido 
para prevenir a distensão gástrica, que pode piorar a 
compressão pulmonar, o desvio mediastinal e a 
habilidade de ventilar. O uso de tolazolina, um agente 
bloqueador α-adrenérgico não seletivo, como 
vasodilatador pulmonar farmacológico não produziu 
resultados clinicamente significativos. Óxido nítrico 
inalado é usado pela maioria dos centros como 
vasodilatador pulmonar. A administração de 
surfactantes e ventilação de alta frequência também 
resultou em resultados gerais variáveis para bebês com 
HDC. Entretanto, o uso recente de ventilação cuidadosa 
com hipercapnia permissiva e hipoxemia estável 
resultou em taxa de sobrevida significativamente maior 
(≈75%) em bebês com HDC. 
Pectus Escavatum 
É uma deformidade da parede torácica normalmente 
conhecida entre os leigos como "peito de sapateiro", 
"peito escavado" e "tórax escavado". 
 
Caracterizada por uma depressão do osso esterno e das 
cartilagens costais levando a diversos graus de 
severidade. 
São classificados em Pectus Escavatum simétrico e 
assimétrico. Pode haver prejuízo nas funções cardíacas 
e/ou respiratórias. 
Pacientes não tratados, especialmente jovens, 
experimentam efeitos psicológico-sociais negativos 
através de suas vidas, evitando atividades nas quais se 
dispensa o uso de camisa. 
- Ocorrência 
A incidência de casos atinge 1:400 nascidos vivos, ou 
seja, aproximadamente 0,3% da população e é mais 
frequente no sexo masculino, numa proporção de 4:1 
em relação ao sexo feminino. 
Normalmente, em 86% dos casos, essa deformidade é 
identificada desde o nascimento e durante a 
adolescência, onde há um rápido crescimento dos ossos 
e cartilagens de crescimento, se acentua, chamando a 
atenção e levando o paciente e os pais a 
procurar avaliação especializada. 
O Pectus Excavatum é a deformidade torácica 
congênita mais comum, sendo doze vezes mais 
frequente que o Pectus Carinatum e pode estar 
relacionada à história familiar em até 41% dos casos. 
- Sintomas 
Os pacientes, na maioria das vezes, são assintomáticos, 
sendo a queixa principal de ordem estética. 
Por volta da adolescência podem se queixar de dor 
retroesternal, cansaço fácil, dispnéia e palpitações. 
Sintomas estes de difícil diferenciação com sintomas de 
ordem emocional. 
Por algumas vezes pode se tornar arredios, 
introvertidos, eventualmente com complexo de 
inferioridade, afastados do convívio social e de 
atividades físicas em que tenham de expor o tórax. 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
Além da depressão esternal, os pacientes também 
podem apresentar abdômen protuberante, má postura 
com deslocamento dos ombros para diante e em 
pacientes do sexo feminino habitualmente apresentam 
a hipoplasia mamária (volume mamário 
significadamente diminuído) e/ou mamas com desvio 
medial dos mamilos. 
Deformidades da coluna, principalmente cifose são de 
ocorrência comum e arritmias, principalmente atriais, 
podem ser atribuídas à compressão do coração ou 
fatores emocionais. 
- Diagnóstico 
O diagnóstico é clinico baseado na observação e exame 
físico. Para complementar a investigação pode-se 
associar exames de imagem, como raio-x de tórax e TC 
de tórax, onde nesta última consegue mensurar com 
melhor precisão a gravidade do pectus excavatum 
através do chamado Índice de Haller. 
 
- Tratamento 
1. Não Cirúrgico: 
a. Fisioterapia: Reeducação Postural Global (RPG) traz 
benefício para correção postural, porém não existe 
melhora no defeito da parede torácica. 
b. Atividades Físicas: principalmente a natação e 
musculação a partir dos 16 anos. 
c. Ortopédico conservador: Compressor Dinâmico do 
Tórax Modificado (CDTM). 
d. Vácuo: dispositivo “Vacuum Bell” – já utilizado fora 
do país, mas no Brasil está em estudos para avaliar sua 
eficácia. 
2. Cirúrgico: 
a. Cirurgia convencional (aberta): Esternocondroplastia 
b. Cirurgia minimamente invasiva (vídeo): Técnica de 
Nuss 
Pectus Carinatum 
É uma deformidade da parede torácica normalmente 
conhecida entre os leigos como "peito de pombo". 
 
Caracterizada por um crescimento excessivo das 
cartilagens costais, levando o osso esterno a se projetar 
para frente. 
São classificados em Pectus Carinatum inferior e 
superior. 
Como no Pectus Excavatum, pacientes não tratados, 
especialmente jovens, experimentam efeitos 
psicológico-sociais negativos através de suas vidas, 
evitando atividades nas quais se dispensa o uso de 
camisa. 
- Ocorrência: 
Trata-se de deformidade com incidência de 1:1000 
nascidos vivos e é mais frequente no sexo masculino. 
Diferente do Pectus Excavatum, habitualmente o 
Pectus Carinatum é notado somente na adolescência 
onde se acentua a deformidade devido o crescimento 
exacerbado das cartilagens costais. 
- Sintomas: 
A deformidade é, na maioria das vezes, de crescimento 
progressivo, e pode ou não ser acompanhada de 
sintomas cardiorrespiratórios. São relatadas 
palpitações, dispnéia, e sibilos, que se acentuam com o 
exercício, e desaparecem com a cirurgia, na ausência de 
doença associada. Os sintomas presentes são 
frequentemente decorrentes de doença associada, ou 
perturbações psicológicas, que podem levar estes 
pacientes a serem introvertidos, retraídos e com 
complexo de inferioridade. 
- Diagnóstico: 
O diagnóstico é clinico, baseado na observação e exame 
físico. 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
Para complementar a investigação pode-se associar 
exames de imagem, como Rx de Tórax e Tomografia 
Computadorizada de Tórax. 
- Tratamento: 
1. Não Cirúrgico: 
a. Fisioterapia: Reeducação Postural Global (RPG) traz 
benefício para correção postural, porém não existe 
melhora no defeito da parede torácica. 
b. Atividades Físicas: principalmente a natação e 
musculação a partir dos 16 anos. 
c. Ortopédico conservador: Compressor Dinâmico do 
Tórax (CDT). 
2. Cirúrgico: 
a. Cirurgia convencional (aberta): EsternocondroplastiaTumores Mediastinais 
Os tumores mediastinais na criança compreendem um 
grupo de lesões com origem em diversos tecidos 
embrionários. Eles podem apresentar-se como desde 
cistos benignos até lesões malignas de alta 
agressividade. Embora raros, esses tumores são 
responsáveis por grande morbi-mortalidade em 
crianças e adolescentes. 
As manifestações clínicas dessas lesões são 
inespecíficas e, geralmente, originadas do crescimento 
de uma massa em local limitado, ocasionando 
compressão das estruturas adjacentes. As 
manifestações respiratórias mais comuns são tosse, 
dispnéia, hemoptise e infecções respiratórias 
recorrentes. Outros sintomas que podem ocorrer são 
disfagia, dor torácica e febre. 
A cirurgia tem papel fundamental no manejo das 
massas mediastinais, como ressecção curativa da lesão, 
ou para realizar biópsia e diagnóstico etiológico do 
tumor, com a finalidade de definir a terapia posterior. 
Uma criança com neuroblastoma toracoabdominal 
realizou inicialmente laparotomia e biópsia de tumor 
irressecável. Após quimioterapia e redução significativa 
da massa tumoral, a mesma foi ressecada através de 
toracotomia póstero-lateral. A escolha do 
procedimento cirúrgico realizado dependeu do tipo e 
da localização do tumor. A definição do tratamento 
quimoterápico foi baseada no diagnóstico patológico da 
lesão, e seguindo os protocolos do Serviço de Oncologia 
Pediátrica. 
O tipo e a incidência dos tumores mediastinais na 
infância variam de acordo com a localização e a idade 
do paciente. Uma avaliação pré-operatória adequada 
permite a decisão sobre a necessidade de realização de 
biópsia ou ressecção da lesão. 
Nossa casuística confirmou os dados da literatura em 
que o linfoma é o tipo de tumor de mediastino mais 
comum na criança. Cerca de um terço de todos os LNH 
ocorrem primariamente no mediastino e cerca de dois 
terços dos pacientes com LH apresentarão adenopatia 
mediastinal. Nos pacientes com suspeita de linfoma, a 
biópsia do mediastino deve ser realizada quando não 
for possível a biópsia de linfonodos periféricos ou de 
qualquer outro local cuja abordagem cirúrgica seja 
menos invasiva. 
Nesta série, o diagnóstico dos tumores de mediastino 
anterior foi realizado a partir de sinais clínicos, 
associados a alterações de imagem em radiografias. 
Todos os nossos pacientes realizaram tomografia 
computadorizada para determinar a localização e a 
extensão da lesão, bem como para afastar outras 
causas de massas do mediastino. A indicação de 
tomografia computadorizada é indiscutível, devendo 
ser sempre realizada nesses pacientes. Como mostrado 
em nosso estudo, embora ocorrendo em proporção 
bem menor, deve-se lembrar que outros tipos de 
tumores podem surgir no mediastino anterior, 
especialmente teratoma, higroma cístico e neoplasias 
no timo. 
Lesões de mediastino posterior e sulco paravertebral 
compreendem um grupo heterogêneo de neoplasias. As 
mais comumente encontradas são provenientes de 
gânglio simpático, podendo ser neuroblastoma, 
ganglioneuroma ou ganglioneuroblastoma. 
A ressecção cirúrgica completa em pacientes com 
doença localizada está associada a índices de sobrevida 
elevados, sendo significativamente maior em crianças 
com lesões torácicas do que naquelas com lesões 
abdominais. Da mesma forma que para tumores de 
mediastino anterior, a tomografia computadorizada é 
necessária para determinar a extensão da lesão. A 
ressonância magnética, entretanto, pode ser útil, 
especialmente para avaliar invasão do canal medular. 
Cintilografia óssea e aspirado de medula óssea devem 
obrigatoriamente ser incluídos nos exames de 
estadiamento de tumores malignos, já que em 
pacientes com doença metastática, a quimioterapia 
deve ser realizada preferencialmente antes da 
ressecção da lesão principal. Dentre os demais tumores 
derivados do sistema nervoso central, observamos um 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
ganglioneuroma e um ganglioneuroblastoma. Ambos 
evoluíram favoravelmente e no momento encontram-
se sem evidência de doença, após quatro anos de 
seguimento. 
Na abordagem cirúrgica de crianças com tumor do 
mediastino é fundamental o cuidado com a anestesia e 
a intubação traqueal, especialmente em crianças com 
massas de mediastino anterior e importante 
sintomatologia respiratória. A posição de decúbito 
dorsal e a perda da respiração espontânea na anestesia 
podem desencadear a compressão do tumor sobre a via 
aérea, com obstrução completa da entrada do ar e 
colapso respiratório. É importante que o cirurgião, o 
anestesista e o oncologista estejam atentos para essa 
possibilidade e tenham maior cuidado na anestesia e 
manipulação desses pacientes. Muitas vezes deve-se 
procurar por tumores extratorácicos que, quando 
presentes, devem ser biopsiados preferencialmente 
sob anestesia local. Isso permite a confirmação 
diagnóstica, possibilitando início imediato do 
tratamento quimioterápico, sem necessidade de 
procedimentos cirúrgicos intratorácicos. 
Como observado em nosso estudo, o acesso cirúrgico 
do mediastino pode ser realizado por várias técnicas. As 
mais comumente descritas são a toracoscopia, a 
mediastinoscopia, e as toracotomias anterior (incisão 
de Chamberlain), ântero-lateral e póstero-lateral. 
A toracoscopia tem sido realizada tanto para 
diagnóstico quanto para tratamento das massas 
mediastinais. Sua utilização tem sido cada vez mais 
frequente à medida que o cirurgião se torna mais 
confiante com o procedimento. 
Apesar de a mediastinoscopia ser um método muito 
usado em adultos, ela é pouco utilizada em crianças. 
Dados da literatura mostram que a mediastinoscopia é 
usada somente em 2% dos lactentes com tumor de 
mediastino. 
Os tumores mediastinais ocorrem em crianças e são 
responsáveis por importante morbimortalidade. A 
cirurgia tem papel relevante no manejo desses 
tumores. Em alguns tipos de tumores, como os de 
origem neural, em mediastino posterior, a cirurgia tem 
papel fundamental no tratamento e ressecção das 
lesões. Já em casos de linfomas de mediastino anterior, 
a cirurgia tem maior importância para o diagnóstico, já 
que estas lesões respondem muito favoravelmente à 
quimioterapia e/ou radioterapia. 
 
Parede Abdominal 
Gastroquise/Onfalocele 
Embora os recém-nascidos portadores dessas 
malformações tenham em comum a presença das 
vísceras fora da cavidade abdominal, as diferenças 
entre as duas afecções são várias e devem ser 
identificadas ao nascimento, pois determinam as várias 
abordagens terapêuticas possíveis. 
- Etiologia 
Não há fatores etiológicos definidos. Os defeitos da 
parede anterior foram experimentalmente induzidos 
em ratos com deficiência de ácido fólico. Não são 
defeitos hereditários embora casos familiares já 
tenham sido descritos em ambas as mal formações. 
De forma geral, recém-nascidos portadores de defeito 
da parede anterior têm menor peso ao nascimento que 
recém-nascidos de mesma idade gestacional. 
- Diagnóstico 
O diagnóstico dessas malformações é feito pela 
inspeção do defeito logo após o nascimento, levando 
em consideração principalmente a localização deste e a 
presença ou ausência de membrana recobrindo as 
vísceras herniadas. 
 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
 
 
- Tratamento 
Após o nascimento, as crianças devem ser ressuscitadas 
seguindo os princípios básicos. Após isso, a atenção 
deve se voltar para: 1) Reposição adequada da volemia, 
2) Proteção das vísceras herniadas, 3) Sondagem 
nasogástrica descompressiva, 4) Antibioticoterapia e 5) 
Correção de eventual hipotermia. 
Nota-se que as perdas insensíveis são maiores nessas 
crianças, especialmente em portadoras de 
gastrosquise. A membrana da onfalocele confere certa 
proteção quanto a perdas. Em ambos os defeitos, 
recomenda-se que as vísceras sejam envoltas em 
compressas umedecidas e aquecidas e quea criança 
seja revestida com saco plástico estéril, incluindo o 
tórax. Isso minimiza a perda de fluidos e calor, 
especialmente nos casos que o paciente é 
transportado. Essa é uma medida simples que salva 
vidas. Após o transporte, esses recém-nascidos não- 
protegidos ficam hipotérmicos e em choque. 
O momento para correção do defeito deve ser 
individualizado. Não há evidências clínicas que 
demonstrem que crianças que tiveram o defeito 
corrigido imediatamente após o nascimento tiveram 
melhor evolução. Recomenda-se aguardar de seis ou 
mais horas para correção cirúrgica do defeito, mesmo 
nas crianças em melhores condições clínicas, o que 
permite melhor avaliação das condições 
cardiorrespiratórias pós-natais, bem como aguardar a 
eliminação de excesso de líquido pulmonar. 
Nos casos de onfalocele, o diagnóstico de outras 
malformações deve ser realizado antes da cirurgia. 
O procedimento mais habitual e recomendado é que as 
crianças sejam levadas ao centro cirúrgico para 
monitorização e para controle dos parâmetros 
hemodinâmicos, ventilatórios e temperatura corpórea. 
As crianças recebem anestesia geral, intubação 
orotraqueal e bloqueio epidural, o que permite um 
melhor relaxamento da cavidade abdominal. A 
sondagem gástrica e retal ajuda a descomprimir as alças 
anormalmente dilatadas. 
Deve-se sempre realizar o fechamento primário do 
defeito abdominal sem a ampliação deste, com 
aproximação das aponeuroses e da pele. Nos casos em 
que isso não é possível, uma ampliação do defeito, 
longitudinalmente, permite a dilatação digital e a 
melhor acomodação dos órgãos na cavidade 
abdominal. 
Nos casos em que o fechamento é realizado sob tensão, 
deve-se atentar para o aparecimento da síndrome 
compartimental abdominal. Nesses casos, as alças sob 
tensão comprimem os vasos abdominais provocando 
hipotensão, oligúria, dificuldade ventilatória e 
descoloramento dos membros inferiores. Essa é uma 
situação de extrema gravidade que pode levar ao óbito 
em horas. Não há parâmetros pressóricos definidos 
para eventuais medidas intragástricas ou intravesicais 
que permitam prever a síndrome compartimental; em 
razão disso, todos os procedimentos devem se basear 
em parâmetros clínicos e no bom senso. 
Em alguns casos, o fechamento primário não é possível 
após decorrido esse prazo. Nesses casos, a opção é a 
colocação de uma tela de polipropileno (Marlex) que 
pode ou não ser recoberta por pele. Pode permanecer 
exposta como uma peritoniostomia. Essas crianças 
recebem curativos diários com gazes umedecidas e, 
após alguns dias, pode-se notar que a tela fica 
completamente revestida por tecido de granulação. A 
epitelização ocorre a partir das margens do defeito, e a 
tela, com o tempo, acaba por ser progressivamente 
eliminada ou ser delicadamente retirada, deixando um 
tecido cicatricial firme. Essas crianças recebem alta tão 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
logo possível para continuar o cuidado com o curativo 
em casa e em ambulatório. 
 
Hérnia Umbilical 
Origina-se do fechamento incompleto do orifício de 
passagem do cordão umbilical ou da persistência de 
estruturas fetais, como ducto onfalomensentérico e 
úraco. A hérnia inguinal tem incidência maior em 
recém-nascidos pré-termos e negros, em especial no 
sexo feminino. Pode estar presente em doenças como 
síndrome de Down, mucopolissacaridoses e síndrome 
de Beckwith-Wiedmann. 
O diagnóstico é feito pela simples inspeção, 
observando-se abaulamento da região umbilical de 
várias proporções que aumenta com o choro ou aos 
esforços. A palpação revela o anel herniário que pode 
variar de menos de uma polpa digital até 3 a 4 cm. 
Nos casos de hérnias com anel pequeno, pode haver a 
regressão espontânea do defeito no primeiro ano de 
vida. A regressão torna-se menos provável após esse 
período. A cirurgia está indicada em caso em que o anel 
seja maior que 2 cm após o primeiro ano de vida, a 
parede do anel seja espessa, com presença de fibrose 
em sua borda ou pela existência de grandes sacos 
herniários com conteúdo ele alças intestinais. 
A cirurgia consiste em incisão semilunar na borda 
inferior da cicatriz umbilical. Esta é separada do saco 
herniário. O defeito da parede é suturado após redução 
do conteúdo, a cicatriz umbilical é fixada com pontos na 
aponeurose e pele e fechada com pontos 
subcuticulares. Realiza-se um curativo compressivo 
com gaze que pode ser retirado após um período de 
dois a quatro dias, expondo a incisão. 
Os episódios de encarceramento são raros em 
portadores de hérnia umbilical. 
 
Hérnia Inguinal 
A hérnia inguinal é a afecção cirúrgica mais frequente 
da criança. Sua incidência é de 10%, podendo surgir 
sistematicamente em qualquer fase da vida. A 
incidência pode chegar a 30% em prematuros. 
Predomina no sexo masculino (3:1), sendo o lado direito 
acometido em 60% dos casos, e o esquerdo em 30%. 
Em 10% dos casos, a hérnia é bilateral. Há uma maior 
incidência no primeiro ano de vida sendo o pico de 
incidência no primeiro mês. 
A hérnia inguinal tem origem explicada pelo 
desenvolvimento embrionário e descida do testículo 
para a bolsa escrotal. No embrião, o testículo se origina 
no retroperitônio junto ao pólo inferior do rim e assume 
trajeto descendente pelo espaço retroperitoneal, em 
direção ao anel inguinal profundo e superficial, 
alojando-se finalmente no escroto. Essa descida é 
guiada pelo gubernaculum testis e se realiza sob 
influência de hormônios androgênicos secretados 
localmente. Para permitir a passagem do testículo do 
abdome para ao escroto, é formada uma evaginação do 
peritônio denominada conduto peritônio-vaginal. Esse 
conduto acompanha toda descida testicular e é 
reabsorvido no sentido craniocaudal, permanecendo 
como uma membrana que envolve o testículo na bolsa, 
denominada túnica vaginal. Em meninas, essa descida 
ocorre acompanhando o ligamento redondo em sua 
fixação nos grandes lábios. 
A hérnia inguinal e outras doenças relacionadas, como 
hidrocele e cisto de cordão, ocorrem quando não há a 
reabsorção completa do conduto peritônio vaginal. O 
ducto patente permite a passagem do conteúdo da 
cavidade abdominal para a região inguinal ou 
inguinoescrotal. Portanto, a hérnia inguinal na criança 
é, na grande maioria das vezes, do tipo indireta ou 
oblíqua externa. A hérnia direta ou crural é 
extremamente rara na infância. 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
- Diagnóstico 
É essencialmente clínico e realizado pela simples 
observação e eventualmente pela palpação. Apresenta-
se como um abaulamento de diferentes tamanhos na 
região inguinal, podendo se estender até o escroto. 
Muitas vezes, o abaulamento é intermitente e a região 
pode se apresentar com aspecto normal ao exame. 
Nessa situação, uma história consistente de 
abaulamento da região relacionada com choro, 
defecação e posição ereta é forte indício da presença 
de hérnia. 
Quando a criança é maior, pode-se solicitar a 
colaboração desta para realização de manobras tipo 
Valsalva ou deixá-la em pé e realizar a compressão 
manual do abdome para tentar evidenciar o 
abaulamento inguinal. 
No recém-nascido ou lactente, o exame físico consiste 
na palpação digital da região inguinal, lateralmente ao 
púbis, visando avaliar a espessura do cordão 
espermático. A presença do conduto peritônio vaginal 
patente no cordão confere um espessamento e uma 
sensação palpatória de deslizamento característica na 
região (sinal do fio). Em crianças pequenas, a 
propedêutica utilizada no adulto de invaginação da pele 
do escroto em direção ao anel inguinal é impossível. 
Outros métodos de diagnóstico, tais como ultra-som ou 
peritoneografia, não devem ser indicados sob nenhuma 
hipótese. 
A hérnia inguinal não causa dor em crianças, a não ser 
em situações em que se apresenta encarcerada. O 
encarceramento pode sera primeira manifestação da 
hérnia no recém-nascido ou lactente em até 30% dos 
casos. A criança com hérnia encarcerada se apresenta 
irritada, chorosa, não aceita alimentação e pode 
apresentar sintomas de obstrução intestinal, como 
vômitos e parada de eliminação de gases e fezes. A 
região pode se apresentar avermelhada e dolorosa à 
palpação. A hérnia encarcerada é a causa mais 
frequente de obstrução intestinal no recém-nascido e 
no lactente. Portanto, a região deve ser sempre 
descoberta e examinada na consulta ele urgência. 
- Tratamento 
Uma vez diagnosticada, a hérnia inguinal deve ser 
corrigida cirurgicamente assim que as condições 
clínicas da criança permitirem e independentemente do 
peso desta. Prematuros, recém-nascidos e lactentes 
com diagnóstico de hérnia inguinal têm uma incidência 
maior de encarceramento. A incidência de 
estrangulamento também é maior. 
O tratamento clássico consiste na herniorrafia por via 
inguinal. Recomenda-se a exploração do lado 
contralateral, mesmo sem evidência clínica de hérnia 
em meninos abaixo de 3 anos e meninas abaixo de 4. 
Tal conduta se justifica pela maior incidência de 
bilateralidade nessas situações. Entretanto, essa 
conduta não é seguida por todos os centros. Uns 
praticam sistematicamente a exploração contralateral e 
outros apenas em crianças abaixo de 1 ano. 
Alguns centros propõem essa exploração em todas as 
crianças, com auxílio de videolaparoscopia pelo orifício 
da hérnia do lado acometido. 
Nos casos de hérnia encarcerada, deve-se sempre 
tentar a redução incruenta para realização eletiva de 
cirurgia. Essa manobra pode ser difícil em recém -
nascidos, mas quase sempre é possível. Deve-se realizar 
uma compressão contínua do conteúdo herniado em 
direção ao anel inguinal, para cima, com uma das mãos, 
enquanto a outra fixa o anel inguinal. Sedativos podem 
ser administrados. Quando não se consegue a redução 
incruenta, indica-se cirurgia de urgência. O 
procedimento segue as mesmas bases da cirurgia 
eletiva, porém apresenta índices maiores de infecção 
de ferida e lesão de estruturas do cordão. Em crianças 
pequenas, o encarceramento herniário pode provocar 
isquemia e necrose testicular por compressão dos 
vasos. Portanto, o testículo deve ser sempre observado 
diretamente nos caso de cirurgia de urgência. 
Os prematuros compõem um grupo especial de cri 
anças para correção das hérnias, pois neles o risco de 
complicações pré e pós-operatórias é maior, a cirurgia 
é mais deli cada, o risco de apresentarem apnéia tardia 
pós-anestesia é maior. 
Em meninas, é comum a presença do ovário ou da 
trompa como parte do saco herniário. Nesses casos, o 
saco deve ser sempre aberto e a ligadura feita sob visão 
direta. Caso essa ligadura seja realizada longe da base 
dosaco herniário, é necessário realizar manobras de 
invaginação seguida da manobra de Barker, ou seja, a 
fixação do saco sob o músculo oblíquo interno, 
mediaimente. 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
 
Hérnia Epigástrica 
A hérnia epigástrica é uma falha congênita da 
musculatura, localizada na linha média da barriga – na 
região entre o umbigo e o tórax. É nessa região que as 
fibras musculares do abdômen se fundem. 
Diferentemente da hérnia umbilical, a hérnia 
epigástrica não é visível logo depois do nascimento e 
não se cura sozinha. 
- Diagnóstico 
Geralmente, os pais reparam em uma “bolinha” na linha 
média da barriga do bebê. Ela aparece especialmente 
quando a criança está de pé ou faz algum esforço. A 
queixa é levada ao Pediatra, que pode realizar o 
diagnóstico de hérnia epigástrica no exame físico do 
bebê. 
- Tratamento da Hérnia Epigástrica 
A única forma de corrigir a hérnia epigástrica é com 
tratamento cirúrgico. O procedimento pode ser 
realizado assim que a hérnia for diagnosticada, não 
sendo necessário aguardar que a criança atinja 
determinada idade. 
 
Cirurgias Mais Frequentes 
🠖 Aparelho digestivo 
Estenose hipertrófica do piloro 
É uma das mais frequentes causas de indicação 
cirúrgica no período neonatal, ocorrendo em cerca de 
3:1.000 nascidos vivos, predomina no sexo masculino e 
tem caráter familiar. Principal causa de obstrução 
gastrointestinal superior no período neonatal. 
A musculatura circular do piloro se hipertrofia, 
determinando suboclusão e formação da clássica oliva 
pilórica de dimensões variáveis, a qual é palpável com 
maior ou menor facilidade. A palpação da oliva pilórica 
nem sempre é fácil. A identificação da oliva é suficiente 
para o diagnóstico, sendo desnecessário qualquer outro 
exame complementar. 
O quadro clínico é característico com início dos vômitos 
(não biliosos no lactente) alimentares de grande 
intensidade na segunda e terceira semanas de vida, 
distensão epigástrica com ondas peristálticas visíveis 
(ondas de Kussmaul) e a palpação da oliva pilórica. Com 
a evolução estabelecem-se constipação, desidratação, 
alcalose hipoclorêmica, desnutrição e, às vezes, icterícia 
por déficit de conjugação. A clínica é suficiente para o 
diagnóstico. Casos atípicos podem ser confirmados pela 
USG, que identifica a "oliva'. Raramente há indicação de 
radiografia contrastada. 
O tratamento é a piloroplastia (pilorotomia) a Fredet-
Ramstedt sem abertura da mucosa pilórica. Caso isso 
ocorra acidentalmente, roda-se um retalho de tecido 
muscular hipertrofiado para fechamento da perfuração. 
O procedimento é realizável por laparotomia no 
quadrante superior direito ou por via de acesso 
periumbilical, com melhor resultado estético. A cirugia 
laparoscópica não parece vantajosa pois a laparotomia 
é de muito pequena extensão. 
A criança pode ser alimentada e ter alta precocemente. 
Por vezes há vômito no pós-operatório imediato, que 
cessa com tratamento clínico. O vômito persistente 
pode significar abertura insuficiente do anel muscular 
ou existência de outra obstrução não diagnosticada. 
Megacólon congênito (Hirshprung) 
A moléstia de Hirschsprung é a suboclusão intestinal 
baixa decorrente da ausência de gânglios nervosos 
entéricos. Associa-se a hipertrofia de troncos nervosos 
nos plexos submucosos e mioentérico (Meisner e 
Auerback). A agenesia (ausência de algum órgão) de 
gânglios ocorre mais frequentemente na região do 
retossigmóide, podendo se estender para cima em 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
variáveis extensões. Há, associadamente, redução da 
defesa da mucosa contra as infecções, o que, junto à 
estase fecal, provoca enterocolite, por vezes fatais. 
A doença tem várias apresentações: clássica, 
comprometendo o retossigmóide; longa de maior 
extensão atingindo até todo o colo e parte do íleo 
terminal e a forma total, de todo tubo digestivo. 
Trata-se de malformação decorrente de mutações 
genéticas, sendo conhecidas diversas alterações de 
genes, como do protoncogene RET, o que explica o 
caráter familiar de muitos casos. 
O quadro clínico é de retardo de eliminação do 
mecônio, distensão abdominal acentuada e evacuação 
explosiva ao toque. A doença praticamente inexiste em 
prematuros e os sintomas, quase sempre, se iniciam no 
primeiro mês de vida, predominando no sexo 
masculino. 
O diagnóstico é feito pelo enema opaco que mostra 
colo proximal dilatado e terminal estreitado, formando 
o clássico cone de transição. A manometria anorretal 
mostra ausência do reflexo de abertura, mas a 
confirmação é dada pelo exame histológico da biópsia 
retal, pelo método da acetilcolinesterase, e pelo HE, os 
quais constatam hipertrofia dos troncos nervosos e 
ausência de neurônios nos plexos intestinais. 
O tratamento é cirúrgico e consiste na ressecção do 
segmento aganglionar e reconstrução do trânsito anal. 
Classicamente era feita colostomia no período neonatal 
e, após alguns meses, cirurgia reparadora de 
abaixamento do colo. Nos últimos anos passou-se a 
realizar cirurgia em um só tempo e em menoridade. 
Atualmente a cirurgia tem sido feita no berçário, sem 
colostomia e por via transanal, isto é, sem incisões 
abdominais, com bons resultados. Nas formas longas e 
nas crianças maiores realiza-se cirurgia de abaixamento 
abdômino-perineal tipo Duhamel ou Soave. 
O comprometimento de todo o colo e do íleo terminal 
constitui forma própria da doença, com igual 
distribuição sexual e maior frequência de casos 
familiares. No exame histológico não há hipertrofia de 
troncos nervosos. O enema opaco desses casos revela 
colo curto, sem austrações, de ângulos arredondados e 
dilatação do delgado, sendo denominada moléstia de 
Zuelzer-Wilson. A forma curta ou ultracurta, com 
alteração só da porção terminal do reto, também 
denominada acalasia retal, confunde-se com a 
constipação funcional e talvez não deva ser considerada 
forma da doença de Hirschsprung, sendo de tratamento 
clínico. 
As várias técnicas propostas para tratamento da 
moléstia proporcionam continência fecal adequada e 
resolvem a constipação, entretanto a enterocolite pré e 
pós-operatória continua sendo problema não resolvido. 
Má-rotação intestinal 
A má-rotação intestinal (MRI) é uma anomalia do 
intestino médio decorrente de defeitos nas suas etapas 
embriológicas de herniação, rotação e fixação. Ela pode 
se apresentar como não rotação, rotação incompleta, 
rotação reversa e hérnia mesocólica. 
Incide em 0,2-1% da população e é sintomática em 
1/2.500-6.000 dos casos. Em 30-60% dos casos, associa-
se a outras malformações e enfermidades como atresia 
intestinal, divertículo de Meckel, intussuscepção, 
doença de Hirschsprung, cisto mesentérico, anomalias 
das vias biliares extra-hepáticas, doença cardíaca 
congênita, hérnia diafragmática congênita e defeitos de 
parede abdominal (onfalocele e gastrosquise). 
 
A MRI decorre de falha na rotação intestinal 
extracelômica, comumente com a junção duodeno-
jejunal localizada no quadrante superior direito e o ceco 
no abdome superior. Essa fixação anômala se faz por 
bandas adesivas na vesícula biliar, duodeno e parede 
abdominal direita. Como resultado, tem-se uma base 
mesentérica estreita, o que predispõe ao volvo 
intestinal. 
Classicamente, a MRI se manifesta com vômitos biliosos 
em recém-nascidos. A continuidade da isquemia 
provoca sintomas como hematoquezia, irritabilidade, 
dor e distensão abdominais. O quadro pode evoluir com 
necrose intestinal, que se manifesta por eritema 
abdominal, sinais de peritonite, choque séptico e óbito. 
Crianças mais velhas podem apresentar volvo crônico, 
apresentando dor abdominal em cólica, distensão 
abdominal com vômitos intermitentes, diarreia, 
sangramento gastrointestinal e desnutrição. 
 
O diagnóstico pré-natal de MRI isolada é difícil e, 
geralmente, é feito por observação ultrassonográfica de 
complicações do volvo (distensão intestinal, peritonite 
meconial e ascite). Atualmente, o padrão-ouro para o 
diagnóstico de MRI é a radiografia contrastada 
gastrointestinal para avaliar a posição da JDJ. Nos casos 
de neonatos com história de vômitos biliosos e quadro 
de peritonite, após as medidas iniciais, uma 
laparotomia exploradora pode ser realizada para 
diagnóstico e tratamento, mesmo sem diagnóstico 
radiológico. 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
Ao diagnóstico, em geral, os pacientes necessitam de 
tratamento cirúrgico com urgência devido ao alto risco 
da doença. O procedimento se baseia na correção anti-
horária da rotação do volvo, divisão das faixas de Ladd, 
alargamento do feixe mesentérico e posicionamento do 
intestino delgado no quadrante inferior direito e do 
intestino grosso no superior esquerdo. A laparoscopia 
tem sido utilizada em pacientes estáveis, enquanto a 
técnica aberta é preferida quando há volvo e suas 
complicações. 
Atresias intestinais 
A atresia ocorre em cerca de 1:3.000 nascidos vivos e 
não se associa, com frequência, a outros defeitos 
congênitos, exceto a gastrosquise, sendo igual a 
distribuição sexual; é frequente no delgado e rara no 
colo. O defeito resulta da falta de permeabilização da 
luz intestinal, e o desenvolvimento embriológico 
estaciona na fase sólida. Outra explicação é que a 
atresia intestinal seja decorrente de fenômenos 
vasculares que levam à isquemia e necrose. 
O defeito apresenta-se sob diferentes formas, com 
continuidade ou separação dos cotos, falha de 
mesentério, atresias múltiplas ou intestino encurtado, 
em hélice em torno de eixo vascular com perfusão 
retrógrada. 
A clínica é de obstrução total na atresia e parcial na 
estenose (muito mais rara). A quantidade de alças 
dilatadas na radiografia abdominal indica o nível da 
lesão. 
O tratamento é cirúrgico, sendo obrigatória a avaliação 
macroscópica da permeabilidade de todo o intestino. O 
trânsito deve ser refeito procurando conservar a maior 
quantidade do intestino, para evitar a síndrome do 
intestino curto. 
 
Anomalias Anorretais 
As anomalias anorretais representam um conjunto de 
malformações da região anal e retal, de diferentes 
complexidades. Considerando que tais anomalias 
podem ocorrer em ambos os sexos, entende-se que as 
variações anatômicas dessas malformações sejam 
muito grandes, e cada uma delas exige um tipo especial 
e único de tratamento. A principal sequela e 
complicação pós-operatória é a incontinência fecal, 
com todos os problemas que essa grave sequela 
determina, sendo os principais: aspecto psicológico, 
segregação da sociedade e distúrbios da atividade 
sexual. 
A ocorrência das anomalias anorretais é de 1:4.000 a 
1:5.000 nascimentos. Pais com filho com anomalia 
anorretal têm, aproximadamente, apenas 1 % de 
chance de ter outro filho nascido com esse tipo de 
defeito congênito. 
Em meninos, a variação anatômica mais frequente é a 
fístula retouretral seguida da fístula perineal, e os 
defeitos altos. No sexo feminino, o tipo de anomalia 
mais comum é a fístula retovestibular, seguida por 
fístula perineal. 
- Classificação 
 
Quanto mais alta a fístula, mais alto o defeito, mais 
difícil é o tratamento cirúrgico e mais problemáticos os 
resultados finais. A dificuldade diagnóstica se dá pelo 
aspecto normal do ânus. A anamnese revelará ausência 
de eliminação de mecônio. A distensão abdominal e os 
vômitos biliosos, depois fecalóides, configuram um 
processo obstrutivo baixo. Por fim, no exame físico, é 
de importância fundamental para o diagnóstico avaliar 
a permeabilidade do canal anal. O estudo radiológico 
confirmará o diagnóstico clínico e orientará a conduta 
terapêutica mais adequada. 
Normalmente, a atresia anal exige cirurgia imediata 
para criar uma passagem para as fezes e fechar a fístula. 
Contudo, às vezes, o bebê primeiro passa por um 
procedimento cirúrgico denominado colostomia 
temporária. Nesse procedimento, o cirurgião faz um 
orifício na parede abdominal e o conecta ao cólon para 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
permitir a passagem das fezes para dentro de um saco 
plástico preso à parede abdominal. A colostomia 
permanece até o bebê ter um pouco mais de idade e 
até que as estruturas que precisam ser reparadas 
tenham crescido um pouco mais. A colostomia é 
fechada quando a cirurgia para reparo total do defeito 
for realizada. 
Duplicações intestinais 
Há duas formas de duplicação do tubo digestivo: 
1) Tubular. A forma tubular, conectada à luz intestinal 
normal, constitui forma de gemelaridade, acometendo 
principalmente o íleo e o colo esquerdo; pode ser 
assintomática ou determinar sangramento ou 
obstrução. 
2) Cística, também denominada cisto enterógeno. A 
forma cística ocorre em qualquer nível do tubo 
digestivo como um cisto de revestimento interno 
mucoso, que se desenvolve entre as camadas 
musculares. Não tendo comunicação, cresce 
progressivamente, tornando-se massa palpável e 
obstrutiva. A duplicação tem parede e irrigação em 
comumcom a alça contígua, não sendo possível 
ressecá-la. A alça vizinha é conservada. Assim, o 
tratamento cirúrgico pode ser a marsupialização 
interna ou derivação por alça de Roux. 
Doenças Biliares 
A atresia de vias biliares (AVB) é uma doença do fígado 
e ductos biliares que ocorre em recém-nascidos. Na 
AVB ocorre uma inflamação destes ductos, levando a 
uma obstrução progressiva dos mesmos. A bile fica 
retida no fígado, provocando rapidamente dano 
hepático, que pode evoluir para cirrose e óbito, caso 
não seja tratada precocemente. É a causa mais comum 
de transplante hepático em crianças. 
As causas ainda não são completamente conhecidas. Os 
recém-nascidos com AVB apresentam icterícia (pele e 
olhos amarelados), colúria e fezes esbranquiçadas ou 
acinzentadas (acolia) ou amarelo pálido (hipocolia 
fecal). Os sintomas podem surgir já nos primeiros dias 
de vida, entretanto as vezes a hipocolia demora para 
surgir. Se o diagnóstico não é realizado pode evoluir 
para falência hepática e morte precoce. 10 a 20% dos 
bebês podem ter malformações em outros órgãos, 
como coração, baço e intestinos. 
O primeiro passo diante de uma criança que permanece 
ictérica após os quatorze dias de vida é solicitar a 
dosagem das bilirrubinas (direta e indireta). A icterícia 
fisiológica, que comumente aparece nos recém-
nascidos na primeira semana de vida é à custa da 
bilirrubina indireta (BI). Se ao invés da BI, a bilirrubina 
direta (BD) estiver aumentada, sempre é doença 
hepática ou biliar. Como no início do quadro a criança 
encontra-se, habitualmente, em bom estado geral e 
com peso adequado, muitas vezes a icterícia leve é 
negligenciada e o diagnóstico feito tardiamente. 
Enfatiza-se a importância da observação da cor das 
fezes dos bebês e a identificação de acolia ou hipocolia 
fecal. Na caderneta de saúde da criança do ministério 
da saúde existe uma escala colorimétrica que pode 
ajudar na identificação. 
Uma série de exames devem ser solicitados para tentar 
identificar a causa. Dentre eles exames de sangue, 
urina, ultrassom de fígado e vias biliares (sempre com a 
criança em jejum) e biópsia hepática. Se houver 
suspeita de AVB o bebê deve ser rapidamente 
encaminhado para cirurgião pediátrico para cirurgia e 
realizar colangiografia transoperatória. É injetado um 
contraste na vesícula biliar para avaliar os ductos 
biliares. A AVB é um quadro que representa uma 
urgência e é fundamental a identificação precoce pelo 
pediatra. A investigação deve ser feita em serviço 
especializado. 
Através de uma cirurgia chamada portoenterostomia, 
também conhecida como “técnica de Kasai”. Deve ser 
realizada o mais precocemente possível, de preferência 
até seis a oito semanas de vida, antes de ocorrer à 
formação do tecido cicatricial no fígado. Se a cirurgia 
não for realizada, a doença é sempre fatal. Uma alça do 
intestino delgado é conectada ao fígado. Isso faz com 
que a bile passe diretamente do fígado para o intestino. 
A cirurgia não cura a atresia biliar, mas ajuda o fluxo de 
bile de volta ao intestino e reduz a sobrecarga hepática. 
Mesmo quando a operação é bem sucedida, cerca de 
metade dos bebês continuam a ter uma piora na 
doença hepática, desenvolvendo cirrose, precisando 
eventualmente de um transplante hepático. No caso de 
bebês que não podem passar por essa operação, eles 
em geral precisam de um transplante de fígado até os 
dois anos de idade. 
Divertículo de Meckel 
É a mais comum anomalia congênita do intestino 
delgado, o resultado da incompleta obliteração do 
ducto onfalomesentérico entre a 7 e 8º semana. O 
divertículo de Meckel localiza-se na borda 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
contramesenterial do íleo, a cerca de 30 cm da válvula 
ileocecal. Está presente em 2% da população. 
Embora o divertículo de Meckel seja frequentemente 
assintomático, por ser diagnosticado incidentalmente 
em cirurgias abdominais ou necropsias, pode causar 
sérias complicações como: sangramento, obstrução 
intestinal, infecção, perfuração, volvo e intussuscepção. 
Nas crianças abaixo de 2 anos de idade o risco de 
complicações é elevado, em torno de 60%. 
A hemorragia é frequente complicação na criança. 
Geralmente é aguda, intensa, podendo haver 
repercussão hemodinâmica. Isso se deve à presença ele 
revestimento do divertículo por mucosa gástrica 
ectópica produtora de ácido, responsável pela 
ulceração do intestino delgado adjacente. Nesse caso, 
haverá dor, hemorragia, inflamação ou perfuração 
Outra complicação do divertículo é a obstrução 
intestinal que pode se dar por dois mecanismos: 
quando o divertículo funciona como "cabeça de 
invaginação" ou ainda por volvo ou hérnias internas em 
torno de cordão fibroso remanescente entre a parede 
abdominal e o divertículo. 
A diverticulite é a inflamação do divertículo, que pode 
perfurar em peritônio livre. As manifestações clinicas da 
diverticulite são semelhantes à apendicite aguda. Deve-
se lembrar que o íleo terminal deve sempre ser 
explorado à procura ele divertículo ele Meckel, durante 
ato cirúrgico por apendicite, quando o apêndice é 
normal. 
Diagnóstico: USG, TC, RX de abdome 
O tratamento do divertículo de Meckel complicado é 
cirúrgico visando à ressecção do divertículo. Nos casos 
de necrose intestinal decorrente de complicação 
obstrutiva relacionada com o divertículo, deve-se 
proceder à ressecção do segmento intestinal lesado. 
 
Intussuscepção Intestinal 
A intussuscepção geralmente acontece entre as idades 
de 6 meses e 3 anos, com maior incidência 5º ao 9º mês 
de vida. É a causa mais comum de obstrução intestino 
delgado na infância. Oorre mais ou menos igualmente 
em crianças do sexo masculino e feminino < 4 anos de 
idade. E depois predomina o sexo masculino. 
O segmento da telescopagem provoca obstrução 
intestinal e, por fim, impede o fluxo sanguíneo para o 
segmento da intussuscepção, causando isquemia, 
gangrena e perfuração. 
Os sinais e sintomas iniciais da intussuscepção são 
cólicas abdominais súbitas e importantes que recorrem 
a cada 15 a 20 minutos, frequentemente 
acompanhadas de vômitos. Entre os episódios de dor, a 
criança parecer estar relativamente bem. A seguir, a 
isquemia intestinal evolui, a dor se torna constante, a 
criança se torna letárgica e a hemorragia da mucosa faz 
surgir fezes sanguinolentas ao exame retal e, às vezes, 
passagem espontânea de fezes com aspecto de “geleia 
de groselha”. Essa última situação, entretanto, é uma 
ocorrência tardia que o médico não deve esperar para 
só então suspeitar de intussuscepção. Por vezes, palpa-
se uma massa abdominal descrita com formato de 
salsicha. A perfuração resulta em sinais de peritonite, 
com defesa à palpação, dolorimento e rigidez. Palidez, 
taquicardia e diaforese são indicadores de choque. 
Tríade Clássica: dor abdominal aguda, vômito e 
eliminação de muco com sangue (geleia de morango) 
pelo reto. 
Localização mais frequente é a flexura. 
Deve-se suspeitar muito do diagnóstico, especialmente 
em crianças com apresentação atípica, e exames e 
intervenções devem ser executados com urgência, 
porque a sobrevivência e a possibilidade de redução 
não operatória reduzem-se de maneira significativa 
com o tempo. A abordagem depende do quadro clínico. 
Crianças enfermas com sinais de peritonite requerem 
reanimação volêmica, antibióticos de amplo espectro 
(p. ex., ampicilina, mais gentamicina e clindamicina; 
metronidazol mais cefotaxima ou piperacilina-
tazobactam), sucção nasogástrica e cirurgia. Crianças 
clinicamente estáveis exigem exames de imagem para 
confirmar o diagnóstico e o tratamento como a USG. 
Atualmente, a ultrassonografia é o meio diagnóstico de 
escolha, fácil de fazer, relativamente barata e segura; o 
achado patognomônico é denominado de sinal do alvo. 
Uma vez confirmado o diagnóstico de intussuscepção, 
faz-se um enema com ar para redução,o que diminui a 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
possibilidade e as consequências de perfuração. O 
intussusceptum pode ser reduzido com sucesso em 75 
a 95% dos casos. Se o enema aéreo é bem-sucedido, as 
crianças são observadas durante a noite para descartar 
perfuração oculta. Se a redução não for bem-sucedida 
ou se o intestino for perfurado, indica-se cirurgia 
imediata. 
Quando a redução é alcançada sem cirurgia, a taxa de 
recorrência é de 5 a 10%. 
Enterocolite Necrotizante 
A enterocolite necrosante trata-se de uma inflamação 
que acontece em partes da superfície interna do 
intestino, o que pode causar infecção por bactérias e 
leva a necrose de coagulação neste órgão dos recém-
nascidos (RN) prematuros, os principais pacientes com 
essa doença. Dos casos conhecidos, 70 a 90% 
ocorreram em bebes nascidos prematuros. Localizada 
no íleo terminal, colo ascendente e parte proximal do 
colo transverso. 
Embora a causa não seja completamente entendida 
pela comunidade médica, a ECN está relacionada 
parcialmente a uma baixa saturação de oxigênio no 
sangue dos RN, bem como a uma redução do fluxo de 
sangue ao intestino do bebê prematuro que teve algum 
tipo problema de saúde anterior ou tem peso muito 
reduzido, abaixo de 1,5kg (maior acometimento em 
bebês prematuros) 
É uma das emergências gastrointestinais adquiridas 
mais comuns entre aquelas que podem levar os RN à 
cirurgia, responsável por parte considerável das 
ocupações das Unidades de Terapia Intensiva neonatais 
nos hospitais. 
A ECN pode ocorrer já nas primeira duas semanas de 
vida do recém-nascido. Logo após o início da 
alimentação enteral dos prematuros é possível ver um 
comprometimento sistêmico do paciente, com necrose 
em segmentos da alça intestinal. Os principais sintomas 
incluem: Dificuldade de alimentação, inchaço no 
abdômen, sangue nas fezes, sangue no vômito, vômito 
com líquido esverdeado, amarelo ou da cor de ferrugem 
proveniente da bile, temperatura corporal baixa, 
apneia, aparência letárgica e de muito doente nos 
bebês. 
O diagnóstico é feito através da radiografia no abdômen 
do paciente e exame de sangue. A primeira pode 
demonstrar sinais de distensão, edema das alças 
intestinais e também a existência de gases na parede 
intestinal, condição conhecida como pneumatose 
intestinal. A ocorrência da pneumatose sugere que 
existe perfuração da parede intestinal do RN, condição 
bastante grave que necessita de cirurgia e que pode até 
mesmo levar o bebê à óbito. O exame de sangue pode 
determinar a presença de bactérias ou demais 
anomalias na corrente sanguínea. 
 
Outro importante exame diagnóstico é o Teste de Apt, 
utilizado para identificar se o sangramento do trato 
intestinal do recém-nascido ocorre no órgão ou por 
causa da deglutição do sangue materno no momento 
da amamentação, o que ocorre com frequência quando 
há uma fissura na mama da lactante. 
Nos anos 70, o médico e pesquisador Bell fez uma vasta 
avaliação de quadros da ENC que levava em conta os 
diagnósticos radiológicos e de exames de sangue em 
RN. Ele estabeleceu uma série de critérios de 
diagnóstico e tratamento em uma tabela conhecida 
como estadiamento de Bell. 
 
A incidência da ECN é de 3 a 4 casos por 1.000 
nascimentos. Os fatores de risco estão associados à 
própria característica de fragilidade de saúde do recém-
nascido, que pode ter sido acarretado por restrição do 
crescimento intrauterino e asfixia perinatal, por 
exemplo. Também a RN com doença cardíaca 
congênita, gastrosquise, policitemia, hipoglicemia, 
sepse, exsanguineotransfusão, que fazem uso de 
cateteres umbilicais, que possuem alergia ao leite, com 
Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes – 8º Semestre 
rotura prematura de membranas e até mesmo devido 
ao uso materno de drogas como a cocaína. 
A forma mais comum de tratar a doença é o 
estabelecimento imediato de jejum do recém-nascido, 
bem como a remoção de todo o conteúdo do seu 
estômago para a descompressão. O bebê passa então a 
se alimentar por meio de sonda. Deve ser feito um 
detalhado acompanhamento do débito urinário, 
balanço hídrico, manutenção de perfusão e débito 
cardíaco, fornecimento de suporte ventilatório, 
correção de anemia, plaquetopenia, distúrbio de 
coagulação. Há ainda administração de antibióticos 
para tratar possíveis infecções 
Embora a maioria dos recém-nascidos com enterocolite 
necrosante não precisem de cirurgia, ela pode ser 
realizada quando o médico identifica perfuração 
intestinal. A cirurgia também é indicada para casos em 
que o intestino está gravemente afetado. Taxa de 
mortalidade 18 e 45%. 
🠖 Aparelho Genito-Urinário 
Fimose 
A fimose é normal em crianças e geralmente se resolve 
por volta dos 5 anos de idade. O tratamento não é 
necessário na ausência de complicações como balanite 
e infecção urinária, obstrução urinária, doenças 
dermatológicas irresponsíveis, ou suspeita de 
carcinoma. 
Creme de betametasona a 0,05%, 2 a 3 vezes/dia, 
aplicado na ponta do prepúcio e na área em contato 
com a glande, por 3 meses, geralmente é eficaz. A 
tração gentil do prepúcio com 2 dedos sobre o pênis 
ereto por 2 a 3 semanas, com cuidado para não causar 
parafimose, também é bem-sucedida. Se as medidas 
conservadoras são ineficazes, circuncisão é a opção 
cirúrgica de escolha. 
Criptorquidia 
Criptorquidia é a falha de um ou ambos os testículos 
descerem para o escroto; em crianças mais jovens, 
geralmente é acompanhada por hérnia inguinal. 
Criptorquidismo afeta cerca de 3% dos bebês nascidos 
a termo e até 30% dos RN pré-termo; dois terços dos 
testículos descem espontaneamente nos primeiros 4 
meses de vida. Assim, cerca de 0,8% dos lactentes 
exigem tratamento. 
80% dos testículos que não descem são diagnosticados 
no nascimento. Os demais são diagnosticados durante 
a infância ou no início da adolescência; estes 
geralmente são causados por uma ligação do 
gubernáculo ectópico e tornam-se aparentes após um 
surto de crescimento somático. 
Normalmente, os testículos se desenvolvem na 7ª ou na 
8ª semana de gestação e o polo anterior permanece 
dirigido para o anel inguinal interno até a 28ª semana, 
quando iniciam sua migração para o escroto, guiados 
pelo mesênquima (gubernáculo). O início da migração 
se faz sob ação hormonal (andrógenos, fator inibidor 
mulleriano), fatores físicos (regressão do gubernáculo, 
pressão intra-abdominal) e fatores ambientais 
(exposição aos estrógenos maternos ou substâncias 
antiandrogênicas). 
Um verdadeiro testículo não descido permanece no 
canal inguinal ou mais raramente permanece na 
cavidade abdominal ou retroperitônio. Um testículo 
ectópico desce normalmente em direção ao anel 
externo, mas desvia-se para uma localização anormal e 
permanece fora do curso normal (suprapúbico, na bolsa 
inguinal superficial, dentro do peritônio ou face interna 
da coxa). 
Testículos não descidos podem causar infertilidade e 
são associados ao carcinoma testicular principalmente 
se localizados na cavidade intra-abdominal. Entretanto, 
em pacientes com apenas um testículo não descido, 
cerca de 10% dos carcinomas se desenvolvem no 
testículo do lado normal. Nos casos não tratados de 
testículos intra-abdominais, pode ocorrer torção 
testicular que se manifesta como abdome agudo. 
Quase todos os que apresentam, ao nascimento, 
testículo não descido também exibem hérnia inguinal. 
A maioria dos testículos não descidos é considerada 
idiopática. Cerca de 10% dos casos são bilaterais. 
Em cerca de 80% dos casos, o escroto no lado afetado 
está vazio ao nascimento; nos demais casos, um 
testículo é palpável no escroto ao nascimento, mas 
parece ascender com o crescimento linear por causa de 
uma ligação do gubernáculo ectópico que impede que 
o testículo “desça" normalmente para o escroto. Hérnia 
inguinal associada à criptorquia raramente é 
sintomática, mas o processo

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