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Luana Gonçalves Ferreira - UPE - Gus - 09 Prova� hepática� Alterações nas provas hepáticas precedem os sintomas: diagnóstico precoce. Se feito em sintomáticos: parâmetro para terapia e gravidade Exames de baixa especificidade quando analisados isoladamente, deve-se inserir no contexto clínico ❖ Integridade celular São enzimas de localização intracelular que têm títulos aumentados no sangue quando há: *Aumento da permeabilidade celular ou lesão da membrana, como ALT, gama-GT e DHL *Necrose celular com destruição mitocondrial, como AST e gama-GT - Aminotransferases - mais sensível para avaliar lesão hepatocelular. ● AST (TGO) - Catalisa: ácido aspártico → grupo amino → cetoglutarato = glutamato + oxalacetato - T½ = 17h - Presente no citosol e na mitocôndria (no fígado: 80% mitocondrial) igualmente distribuída nas zonas acinares - Alcoolismo crônico e lesão miocárdica: eleva AST ● ALT (TGP) - Catalisa: alanina → piruvato → lactato - T½ = 47h - Mais sensível e específica para as lesões hepáticas. Presente apenas no citosol, maior concentração na zona periportal e menor na centrolobular do ácino. - Associação positiva com IMC → Mensuradas por espectrofotometria. → Valores de referência: AST (mulher: < 32U/L; homem: < 37U/L) ALT (mulher: <31U/L; homem: < 41U/L) → A magnitude das elevações → sugere etiologia *Hepatites B e C crônicas → até 2x VRN *Exacerbação da HB → até 10x VRN *Esteato-hepatite não alcoólica → até 4x VRN *Hepatite alcoólica → AST < 8x e ALT < 5x *Hepatites virais agudas e tóxicas → > 25x *Hepatites isquemias → > 50x (+ elevação DHL) Processos inflamatórios: ALT > AST Processos de necrose: AST > ALT °AST/ALT < 1 em esteato-hepatite não alcoólica °Se AST/ALT > 1 = lesão tecidual mais grave - Como em hepatites virais com evolução para cirrose °Se AST/ALT > 2 = hepatite alcoólica aguda grave (90%) ou neoplasias °Se AST/ALT > 3 = alcoólica em 96% dos casos → Álcool induz deficiência de vitamina B6 (piridoxal 5 fosfato) → (-) atv da ALT → Também elevadas por algumas medicações (AINES, ATB, estatinas) e por ervas/drogas ilícitas (cocaína/ecstasy) Luana Gonçalves Ferreira - UPE - Gus - 09 → Elevações persistentes (> 2x VRN) em pacientes assintomáticos com principais causas descartadas: biópsia hepática - Desidrogenase lática (DHL) → Distribuída amplamente no citosol de todas as células do corpo humano, participando da via glicolítica → Tem duas subunidades (H - coração, e M - músculo) que formam 5 isoenzimas: sendo a LD5 a mais encontrada no fígado Os valores de referência variam segundo a idade: • Para recém-nascido: 290 a 2.000 U/L • De 10 dias: 180 a 430 U/L • Crianças de 2 a 12 anos: 11 O a 295 U/L • Dos 12 aos 60 anos: 100 a 190 U/L. • Acima de 60 anos: 110 a 210 U/L → Aumento de DHL não é específico de dano em nenhum órgão. Depende de associação com outras enzimas alteradas: *DHL (+) com CK, ALT e AST normais ou levemente elevadas: danos nos leucócitos, eritrócitos, rins, pulmão, linfonodos ou tumores. *CK e DHL (+) e AST > ALT: lesão de músculo cardíaco ou esquelético. *DHL, ALT e AST (+) no fígado: lesão isquêmica ou tóxica, mas também pode estar associado a metástases para o fígado ou icterícia obstrutiva. - Marcadores de colestase - Fosfatase alcalina (FA) → Grupo de metaloenzimas de zinco → calisam hidrólise de ésteres de fosfato orgânico → É uma exoenzima ancorada por glicosilfosfa- tidilinositol e tem associação com transporte celular → No fígado: maior concentração no polo biliar. T½ ~ 7 dias e tem degradação independente da patência das vias biliares → Isoenzimas: FA tecidual não específica, intestinal, placentária e das células germinais. → Maior abundância: fígado/ossos* e + rins = FA tecidual não específica → Durante a primeira década, os níveis elevam-se gradualmente, até 3-4x maior que os adultos: atividade osteoblástica. Maior estabilidade na idade adulta e aumento após 60 anos: calcificação → Valores de referência • Adultos: - Homens: 40 a 129 UfL - Mulheres: 35 a 104 U/L. • Adolescentes: - 13 a 17 anos (sexo masculino): inferior a 390 U/L. - 13 a 17 anos (sexo feminino): inferior a 187 U/L → Elevações da FA - doenças hepática e óssea¹ ● Tem atividade aumentada pelos ácidos biliares² ● Aumento > 2x VRN = colestase → há menor excreção canalicular e maior secreção sinusoidal ¹Crescimento, fraturas ósseas, cicatrização, no último trimestre de gestação ²Marcadores mais sensíveis e precoces de colestase (antes da FA) → Diminuição da FA - hipofosfatemia congênita hipotireoidismo, caquexia, hemólise, hepatite fulminante por doença de Wilson, deficiência de Zn e Mg. A diminuição no tratamento de cirrose biliar primária é um fator prognóstico. - Gamaglutamiltransferase (gama-GT) → Tem aparente função no transporte transmembrana de aminoácidos na hidrólise do glutation: permanece ligada à membrana plasmáticas de células com capacidades de secreção ou absorção: hepatócitos, túbulos renais, epitélio intestinal e próstata → Tem maior atividade nos rins, mas não resulta em elevação dos níveis séricos → No fígado: está na membrana dos hepatócitos e no epitélio do ducto biliar → provoca a sua elevação sérica → O valor de referência para mulheres é de 5 a 36 U/L e para homens de 8 a 61 U/L. → Elevação de gama-GT: ● Síntese de novo aumentada Uso de medicações ou substâncias químicas, colestase e regeneração celular (após hepatite viral aguda ou cirrose por ex). Também eleva-se em lesões metastáticas para o fígado ou no carcinoma hepatocelular (+) gama-GT com ALT normal → indução aumentada ou regeneração Aumentos > 3x VRN, geralmente, não são atribuídos apenas à síntese de novo Luana Gonçalves Ferreira - UPE - Gus - 09 ● Dano à membrana do hepatócito → Dano hepático discreto → suficiente para aumentar gama-GT e ALT sem aumentar AST → É um marcador sensível para dano hepático e para colestase (até 6x mais que a FA) pois também está nos colangiócitos → Tem níveis elevados com dano hepático induzido por álcool e desaparecem com a abstinência → Medicamentos, como, fenitoína, barbitúrico, carbamazepina e ácido valproico → (+) gama-GT → O aumento no IMC também aumenta gama-GT, como ocorre na doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) - Leucina aminopeptidase → Presente no fígado (microssomos) e ductos biliares (altas atividades), além do pâncreas, mamas, intestino e rins → Elevam-se especialmente nas colestases, bem como na doença alcoólica, mononucleose infecciosa, pancreatite, câncer de mama e nas colagenoses do tipo vascular → O valor de referência: homens = 20-35 U/L, mulheres = 16-32 U/L. Não é muito utilizada na prática clínica. - 5-nucleotidase (5-NU) → Encontrada no fígado, cérebro, coração, vasos, pâncreas e intestino. Está ligada à membrana canalicular e sinusoidal e eleva-se em colestases, doença biliar e tumores hepáticos → Utilidade: confirmar origem hepática do aumento da FA (+ especificidade) → VR = 3-26 U/L ❖ Função hepática → A lesão ao parênquima hepático afeta a capacidade de síntese de proteínas essenciais, a homeostase, como os fatores de coagulação, albumina e lipoproteínas. → Fazem parte dos escores prognósticos para hepatopatas - Fatores de coagulação I, II, V, VII e IX a XIII I: sintetizado em menor quantidade no sistema reticuloencotelial VIII: sintetizado exclusivamente no sistema reticuloendotelial e eleva-se em reações de fase aguda. Está normal ou elevado em doenças hep XI e XII: diminuem apenas em estágio avançado, pois tem maior T½ Esses fatores mantém o tempo de tromboplastina parcial ativado normal na fase inicial da hepatopatia II, VII, IX, X e proteínas S e C são dependentes de vitamina K Mensuração dos fatores pelo tempo de protrombina (TP): avalia a taxa de conversão da protrombina em trombina, que converte fibrinogênio em fibrina na presença de tromboplastina (fator tissular), cálcio e fatores I, II, V, VII, X ● Resultado em segundos (VR = 12-15s) ou pela razão com um plasma controle: INR (VR = 0,9-1,1) ● Avalia a via direta da coagulação: mais afetada nas hepatopatias peladiminuição precoce do VII (baixa T½) Embora seja importante fator prognóstico de doenças hepáticas, a análise isolada do INR não é um bom preditor de sangramento ou do estado de coagulação do cirrótico: não leva em consideração a diminuição concomitante dos fatores pró-coagulantes (proteínas C e S) Mais fidedigno: tromboelastograma (teste viscoclástico da hemostasia), que avalia a formação e a lise do coágulo de uma maneira mais abrangente, levando em consideração outras variáveis não mensuradas no TP Alargamento de TP pode ser provocado por anticoagulantes cumarínicos e deficiência de vitamina K (como em colestases: menor absorção) e por déficit de função hepática, bem como pelas raras deficiências hereditárias ● Diferenciação: pode ser feita a reposição parenteral de vitamina K por três dias (teste de Koller). Se a melhora for maior que 30% é provável que a deficiência de vitamina K estivesse envolvida na alteração do TP - Albumina sérica →Proteína extracelular sintetizada pelo fígado e liberada para a circulação sem prévio Luana Gonçalves Ferreira - UPE - Gus - 09 armazenamento, representando a proteína plasmática mais importante → T ½ ~ 19 dias e VR = 3,5-4,5 g/dL → Aminoácidos específicos, corticosteróides e hormônios tireoidianos aumentam sua síntese → Hipoalbuminemia: ocorre em doenças crônicas hepáticas (pode estar mais baixo se houver ascite: perde ptn para o líquido, bem como mais água: aumenta a ascite). A cirrose e a diabetes diminui o T½ de albumina e sua funcionalidade - oxidação precoce dos sítios de ligação. Diminui também na desnutrição, etilistas crônicos, processos inflamatórios (TNF, IL-1/6), síndrome nefrótica, enteropatia perdedora de proteína - Globulinas alfa e beta → Sintetizadas no fígado, logo, hepatopatas tem diminuição e fusão das alfa e betaglobulinas e aumento da fração gama (LB) → Ig também se eleva em doenças hepáticas crônicas ou agudas tardias: hiperreatividade global do sistema imunológico (inespecífico) - Ferro e ferritina → Hepatócito sintetiza transferrina e armazena ferro como ferritina ou hemossiderina → Ferritina: proteína de fase aguda, com elevação em vários processos inflamatórios → A elevação do ferro (liberado por lesão estrutural do hepatócito) que geralmente corresponde a aumento na ferritina é encontrada primariamente na hemocromatose hereditária e secundariamente na hepatite viral, necrose hepática, doença hepática por álcool etc → A diminuição do ferro aparece em infecções, inflamação crônica, neoplasias, dieta deficiente em ferro, síntese diminuída de transferrina e perda sanguínea - Colesterol → Eleva-se em colestases intra e extra-hepáticas pelo aumento da síntese no hepatócito e parede intestinal e pela retenção dos lipídios biliares → Aumento importante é detectado na cirrose biliar primária. → Diminuição observada em dano hepático grave, tal como ocorre na cirrose - Alfafetoproteína → Glicoproteína oncofetal de função desconhecida e produzida apenas por precursores de hepatócitos e células tumorais (VR< 15ng/mL) → Embora possa estar discretamente elevada nos processos inflamatórios ou regenerativos do fígado, até mesmo na cirrose, a elevação acentuada levanta a suspeita de carcinoma hepatocelular (CHC) → Usada para rastreio de CHC junto à USG e como fator prognóstico e de controle de tratamento ❖ Alterações na excreção → Diminuição na capacidade de excreção hepática pode ser considerada critério de dano parenquimatoso - Bilirrubina → Maior produto do metabolismo do heme (da Hb, Mb e citocromos) e a maior parte de sua produção diária é resultante do turnover de hemácias senis Baço: Meta-hemoglobina → globina + heme Anel de porfirina (heme) → biliverdina → bilirrubina não conjugada ou indireta (pela albumina e pequena fração livre) → fígado → espaço de Disse → retículo endoplasmático → conjugação → mono e diglucoronatos de bilirrubina (conjugada ou direta) → excretada no íleo distal e cólon → bactérias: urobilinogênio → fezes ou reabsorção (fígado e fração mínima: urina) Mutações na UDP-glucuronil-transferase 1 estão envolvidas nas síndromes de Gilbert e de Crigler-Najjar Defeitos no gene que codifica enzima do sistema transportador de ânion orgânico multiespecífico canalicular causam a síndrome de Dubin-Johnson Defeito desconhecido na excreção da bilirrubina é responsável pela síndrome de Rotor → VR: bilirrubina total = até 1 mg/dL; BD = 0,1 a 0,5 mg/dL; BI = 0,5 mg/dL → Hiperbilirrubinemias por aumento da produção, incapacidade de conjugação ou lesão dos hepatócitos ou canalículos biliares ● Pré-hepática: hemólise → (+) BI ● Intra-hepática: lesão hepatocelular → (+) BD, AST e ALT; gama-GT e FA normais ou pouco elevadas Luana Gonçalves Ferreira - UPE - Gus - 09 ● Pós-hepática: colestase → (+) BD, FA e gama-GT; AST e ALT normais ou pouco elevadas ● Padrão misto - hepatite colestática e obstrução extra-hepática precoce: padrão enzimático pode se sobrepor → Colestase intra ou extra-hepática? Necessários exames de imagem com biópsia → Bilirrubina tem elevação tardia nas hepatopatias, tendo em vista a ampla capacidade de excreção da bilirrubina. Baixa sensibilidade. → Bilirrubina conjugada pode ser detectada na urina na doença hepatobiliar. Mas, como a BD se liga à albumina, pode não ser excretada na urina (BD tem diminuição tardia nas colestases - albumina tem T½ longa) → Urobilinogênio excretado na urina aparece em alterações importantes do sistema hepatobiliar → Icterícia sem bilirrubinúria sugere aumento de bilirrubina indireta. - Ácidos biliares → Sintetizados nos hepatócitos a partir do colesterol e secretados na bile → Servem para avaliar a capacidade de excreção biliar e estimar a função hepática → Não aumentam com hemólise: específico para doenças hepáticas, sendo muito sensível para colestases - Cobre → Secretado pela bile e pode estar elevado em colestases, icterícia obstrutiva, colangite biliar primária, tumores malignos, Kwashiorkor, insuficiência do pâncreas exócrino, uso de estrógeno e no último trimestre de gestação. Está diminuído na doença de Wilson ❖ Marcadores de fibrose hepática → Tentam substituir a biópsia hepática, um exame invasivo, com riscos de complicações e representativo de apenas uma microscópica parte do fígado Isoladamente, o hialuronato é o mais validado e possui o valor preditivo negativo de 98% e pode ser usado para excluir o diagnóstico de fibrose avançada. Dos testes combinados, APRI (AST to platelets ratio índex) e Fibrotest• (Fibrosure, nos Estados Unidos) são os mais utilizados
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