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1 Gabrielle Nunes | P3 | 2020.2 MARCADORES DE FUNÇÃO HEPÁTICA INTRODUÇÃO O fígado está envolvido em três sistemas importantes: ▪ Hepatócito: processo bioquímico fundamental; REVISANDO: FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DO FÍGADO - Manutenção dos níveis de glicose sérico: gliconeogênese e armazenamento da glicose. - Síntese de colesterol, fosfolipídios e a maior parte das lipoproteínas. OBS: 80% do colesterol sintetizado é convertido em sais biliares; - Produção da maioria (90%) das proteínas plasmáticas com exceção de parte das gamaglobulinas; produz 100% da albumina; - Produção de fatores de coagulação: fibrinogênio, protrombina, globulina aceleradora, fator VII e muitos outros. OBS: para a produção de protrombina, fator VII, IX e X necessita da vitamina K. - Metabolização: responsável pela modificação química de várias substâncias, incluindo hormônios endógenos e medicamentos. - Desintoxicação: Transformação de amônia em ureia; OBS: Os hepatócitos são ricos em citocromo P450, o nome dado a uma família de enzimas que têm a capacidade de metabolizar, inativar e facilitar a eliminação pelos rins de diversas substâncias. ▪ Trato biliar: excreção de bilirrubinas REVISANDO: EXCREÇÃO - No fígado, a bilirrubina indireta produzida através da metabolização das hemácias é convertida em bilirrubina direta, através do processo de conjugação; OBS: a bilirrubina é responsável pela cor verde das fezes; - A bile é produzida pelo fígado, uma parte é armazenada na vesícula biliar e outra parte é liberada no intestino, para facilitar o processo de digestão das gorduras. ▪ Sistema reticuloendotelial: metabolismo da hemoglobina e das bilirrubinas OBS: Em pessoa com função hepática precária, a concentração da glicose sanguínea, após refeição rica em carboidratos, pode aumentar por duas a três vezes a mais do que em pessoa com a função hepática normal. AVALIAÇÃO DE LESÃO HEPÁTICA Os testes bioquímicos das condições hepáticas baseiam- se na medida de substâncias liberadas devido ao dano celular, como as enzimas endógenas, ou a análise de substâncias metabolizadas ou produzidas pelo fígado: bilirrubina, albumina e fatores de coagulação. ▪ INTEGRALIDADE DO FÍGADO: Solicitar a dosagem das enzimas (AST, ALT, GGT, ALP) ▪ FUNÇÃO SECRETORA: Bilirrubina e ALP ▪ CAPACIDADE DE SÍNTESE: Proteínas TP, albumina, A/G ratio ANÁLISE DA FUNÇÃO SECRETORA Desempenha papel na captação, conjugação e excreção da bilirrubina. A etapa limitante do processo é a fase 3 (excreção), pois para sua realização é necessária a utilização de ATP, sendo a fase mais suscetível e a primeira a sofrer quando ocorre dando nas células hepáticas. DOSAGEM DAS BILIRRUBINAS A bilirrubina tem origem de 70% no metabolismo dos eritrócitos, 15% nas fontes hepáticas e o restante dos rins e medula óssea. Solicita-se a dosagem das bilirrubinas conjugada (direta) e não conjugada (indireta) ▪ BILIRRUBINA TOTAL: < 1,2-1,5 MG/DL ▪ 70% é de bilirrubina indireta ICTERÍCIA PRÉ-HEPÁTICA Aumento na destruição eritrocitária, ou seja, há uma maior quantidade de hemácias sendo lisadas e a produção de bilirrubina é superior a capacidade do fígado de conjuga-la. Ocorre em: Eritroblastose fetal; anemias hemolíticas; transfusões sanguíneas. A taxa de bilirrubina indireta está maior que a taxa da bilirrubina direta. ICTERÍCIA HEPÁTICA A causa para o aumento da bilirrubina é uma lesão hepática em que há uma menor conjugação da bilirrubina. Indireta > Direta. A bilirrubina conjugada não é secretada na bile e sim no sangue (B. direta aumentada). Uma lesão hepática prejudica a disponibilidade de ATP que é necessária para a conclusão dessa etapa, então essa B. direta irá retornar para a corrente sanguínea. Ocorrem em: cirrose e hepatites. Todas as bilirrubinas estão aumentadas, bilirrubinas mistas com predomínio de BD. ICTERÍCIA PÓS-HEPÁTICA 2 Gabrielle Nunes | P3 | 2020.2 Ligada ao processo de obstrução do ducto biliar, impedindo que a bilirrubina conjugada siga para o intestino. B. direta voltará ao fígado a partir da circulação enterro-hepática. Ocorre em: Obstrução dos ductos biliares, câncer de pâncreas ou de vesícula biliar, cálculo biliar. B. direta > B. indireta DOSAGEM DA ALP A fosfatase alcalina é uma enzima presente nas células dos canais biliares. Seu aumento pode indicar lesão hepática canalicular (colestase, hepatite, obstrução das vias biliares por cálculo), carcinomas, metástases e durante o crescimento ósseo. Os valores normais variam de laboratório para laboratório, ficando, porém, o limite ao redor de 130 U/L. Em menores de 18 anos pode ser mais elevado. AVALIAÇÃO DA SÍNTESE HEPÁTICA Os testes mais comuns para avaliar a capacidade sintética do fígado são a albumina sérica e o tempo de protrombina (que requer a presença de fatores de coagulação produzidos no fígado). PROVAS DE COAGULAÇÃO A deficiência de fatores de coagulação ocorre frequentemente durante o curso da doença hepática. Dentre os fatores de coagulação, apenas o fator VIII e von Willenbrand não são sintetizados pelo fígado. A avaliação geralmente é feita de forma mais geral a partir da análise do TEMPO DE PROTROMBINA (TP OU TAP). é um teste para avaliar a via extrínseca e a via comum da cascata de coagulação, ou seja, os fatores VII, X, V, II e o fibrinogênio. O tempo de protrombina estará aumentado em casos de deficiência de fibrinogênio e de qualquer um dos fatores mencionados, como por exemplo, na doença hepática. ▪ O TP geralmente é normal ou levemente prolongado na maioria dos pacientes com hepatite aguda infecciosa ou tóxica ▪ Em pacientes com hepatites fulminantes de etiologia infecciosa ou tóxica, o TP é significadamente aumentado. VALOR DE REFERÊNCIA: 10 – 14 s OBS: Os fatores II, VII e X são dependentes da vitamina K. REVISANDO: A protrombina é um elemento proteico da coagulação sanguínea, também denominada de fator II, sintetizada no fígado onde a vitamina K atua como cofator. Esta proteína, sob ação do Ativador de Protrombina transforma-se em trombina, a qual catalisa a reação de transformação do fibrinogênio em fibrina, constituindo-se em elemento fundamental da chamada “cascata de coagulação”. DOSAGEM SÉRICOS DE PROTEÍNAS TOTAIS E ALBUMINAS Aproximadamente 300 a 500 g de albumina são distribuídos nos fluidos corporais, e o fígado adulto médio sintetiza aproximadamente 15 g por dia (200 mg / kg por dia). A meia-vida da albumina no soro é de aproximadamente 20 dias, com 4% do pool total de albumina sendo degradado diariamente. HIPOALBUMINEMIA Pode ou não ser um quadro relacionado à função hepática, inclusive pode ser provocado por inflamações sistêmicas, síndromes nefróticas e desnutrição. É comum em lesões hepáticas crônicas, como a cirrose. Reflete dano hepático grave, quando há queda na síntese dessas PTN. As concentrações séricas de albumina tendem a ser normais nas doenças hepáticas agudas, porém deve ser considerada a possibilidade de doença hepática crônica quando a concentração sérica de albumina estiver abaixo de 3 g/ dL (30 g / L) nesses pacientes. Lesão CRÔNICA: (-) Síntese e concentrações das PTN plasmáticas; diminui albumina, alfa 1, alfa 2, beta e imunoglobulinas; Lesão AGUDA: aumento de proteínas de fase aguda (citocinas); diminui albumina e aumenta alfa 1 e alfa 2; 3 Gabrielle Nunes | P3 | 2020.2 ELETROFORESE DE PROTEÍNAS AVALIAÇÃO DE LESÃO HEPÁTICA ALT E AST: TRANSAMINASES A lesão dos hepatócitos, leva a liberação na corrente sanguínea de enzimas intracelulares tais como as aminotransferases. As mais comumente utilizadas como exames laboratoriais na avaliação de lesão hepática são a alanina-aminotransferase (ALT) [ou transaminase glutâmico-pirúvica-T-GP] e a aspartato-aminotransferase(AST) [ou transaminase oxaloacética TGO]. DEFINIÇÃO: Enzimas intercelulares presentes em grandes quantidades nos hepatócitos. FUNÇÃO: Síntese e degradação dos aminoácidos; atuam como ponte entre o metabolismo dos aminoácidos e carboidratos; ▪ AST: Enzima mitocondrial presente no fígado e em outros órgãos, incluindo músculo cardíaco, músculo esquelético, rim e cérebro. ▪ ALT: é uma enzima citossólica, está presente principalmente no fígado e, portanto, é um marcador mais específico do que AST na lesão hepatocelular. Causas hepáticas p/ elevação das aminotransferases: hepatites virais, hepatite autoimune, doença hepática alcoólica, doença hepática gordurosa não alcoólica, medicamentos e drogas ilícitas e doenças metabólicas (doença de Wilson, hemocromatose, deficiência de 1- antitripsina.). HEPATITES VIRAIS AGUDA * Os níveis séricos elevam-se uma a duas semanas antes do início dos sintomas. Podem atingir até 100 vezes os limites superiores da referência. A atividade máxima ocorre entre o sétimo e o décimo segundo dia, declinando entre a terceira e quinta semana após o desaparecimento dos sintomas; - Na fase aguda a TGP é mais elevada que a TGO HEPATITES B e C Ocorrem pequenos aumentos das aminotransferases HEPATITE ISQUÊMICA (HEPATOPATIA ISQUÊMICA, FÍGADO DE CHOQUE, HEPATITE HIPÓXICA): * AST e ALT> 50 vezes o limite superior do normal, sendo as casas que mais aumentam tais enzimas. LDH também está bastante aumentado. CIRROSE Na doença hepática gordurosa alcoólica temos uma elevação de AST <8 vezes o limite superior do normal e ALT <5 vezes o limite superior do normal. ▪ TGO > TGP ESTEATOSE HEPÁTICA Aumento do AST e ALT é <4 vezes o limite superior do normal. MONONUCLEOSE INFECCIOSA Ocorrem elevações de até 20 vezes superiores aos valores de referências. IAM A TGO eleva-se depois de 6 á 8 horas após o IAM; atinge o pico máximo entre 18 á 24 horas e retorna ao normal depois de 4 á 5 dias; Possui baixa sensibilidade e especificidade que levaram a exclusão como diagnóstico laboratorial do IAM. PANCREATITE AGUDA Ocorre aumento da TGO entre 2 a 5 vezes o valor de referência *Maiores níveis das enzimas hepáticas 4 Gabrielle Nunes | P3 | 2020.2 Medicamentos como eritromicina e furosemida podem produzir aminotransferase falsamente elevada. VALORES DE REFERÊNCIA na maioria dos laboratórios: ▪ TGO: 5-34 U/L ▪ TGP/ ALT: 6-37 U/L RAZÃO DE RITS TGO/TGP ▪ < 1 (hepatopatias virais agudas) ▪ >1 (hepatopatias crônicas: cirrose alcóolica, hepatite crônica obstrutiva) GAMA-GT A gama-GT é uma enzima microsomal encontrada nos hepatócitos e nas células epiteliais biliares. Esta enzima constitui um marcador sensível de comprometimento da função hepatobiliar, mas a utilidade desse teste é limitada pela baixa especificidade. A gama GT pode ser usada para confirmar se a elevação da fosfatase alcalina é de origem hepática (e não óssea, por exemplo) e para apoiar uma suspeita de abuso de álcool em um paciente com AST elevada e uma razão AST/ALT maior que 2. • Melhor enzima que se encontra elevada em pacientes que fazem uso do álcool com frequência, visto que tem seletividade para o etanol. VALOR DE REFERÊNCIA: GGT normal 8-61 U/L em homens e 5-36 U/L em mulheres.
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